- Não, não, não e não! – null dizia andando pela casa em direção ao seu quarto e null ia atrás.
- Por favor, cara! Não me faz entrar nessa sozinho, você sabe como eu odeio passar o fim de ano sozinho com a família do meu pai – O menino implorava enquanto null fingia não prestar atenção.
- E você sabe como eu odeio essa época de fim de ano – Respondeu continuando a mexer na sua guitarra nova.
- Uma hora você vai ter que superar esse trauma de Natal, null – null disse fazendo uma cara de sério, como se fosse dar uma bronca. O outro menino apenas o olhou com uma cara de tédio.
- Como se você não fosse o cara mais cheio de traumas do mundo – null zoou e null bufou.
- Eu sou cauteloso, é diferente – Se defendeu – Mas, cara. Vai passar o natal sozinho?
- Faço isso á três anos já – null disse o mais curto e grosso possível.
- Pois é... Isso é triste, está na hora de você mudar essa tradição besta. Você vai comigo pra casa dos meus tios no campo e passar o natal com a gente e acabou! – null decidiu e null fez sua melhor cara de gatinho do Shrek possível – Não adianta! Olha, e pode preparar suas meias pra por na lareira, minha prima adora essas coisas e... – O menino continuou dizendo quando pegou uma meia de null na mão, ali estava um furo imenso bem na parte do dedão – Pensando bem, compre umas novas, meia furada não dá.
- Minhas meias vão bem, obrigado e eu não vou! – null disse como se colocasse um ponto final.
- Ah, você vai, ou eu não me chamo null null! – O menino disse fazendo aquela pose típica do Peter Pan. Pernas abertas, uma mão na cintura e a outra apontada pro alto.
- Não vou, não vou e não vou! – null disse e meia hora depois já estava com sua mala pronta em direção a casa de campo dos tios de null. Ele se virou pro amigo que tinha um sorriso vitorioso na cara e disse – Eu te odeio, null null.
- Feliz Natal, null – null disse antes de por os fones no ouvido e se entregar a alguma canção natalina pra entrar no clima.
2.
- Deve ser o tio Albert, eu abro – null gritou da sala quando ouviu a campainha tocar e saiu correndo até o hall de entrada da casa por onde pôde ver a família de seu pai esperando – OLÁ FAMÍLIA!!! – Disse toda animada abrindo a porta.
- Olá querida! Como você cresceu – A Sra. null, conhecida como Meggie disse, apertando as bochechas da menina que sorria abertamente.
- Olá titia, minha mãe disse que assim que você chegasse era pra ir pra cozinha. Ela está tentando fazer aqueles bolinhos em forma de homenzinhos açucarados de novo e, acredite, não está nem um pouco bonito – null disse e a mulher riu entrando na casa, seguida pelo marido. Só então a menina notou a presença do primo e mais um menino – Ei, primo, porque será que eu tinha certeza que você ia arrastar alguém com você pra cá esse ano?
- Porque eu não quero correr o risco de virar seu cobaia nas suas maluquices natalinas de novo – null respondeu rindo e abraçando a menina – Esse é o null, meu amigo lá da cidade.
- Oi... – null disse simplesmente, sem graça. A menina sempre tinha aquele sorriso irritante no rosto? Ele não era do tipo de pessoa que se simpatizava com alegria em excesso, ainda mais no Natal.
- Oi! Eu sou a null, já que o null não diz, eu digo. Mas entrem, eu estava pensando em montar a árvore de Natal. Querem ajudar? – null falou puxando os dois pra sala e null pôde ver o brilho nos olhos da menina.
- Ah... Eu não sei montar uma árvore de Natal – null disse timidamente e null parou de andar o olhando espantada, null segurava a risada.
- Como alguém não sabe montar uma árvore de Natal? Todo mundo sabe montar uma árvore de Natal! É UMA TRADIÇÃO DE NATAL! – null se perdeu em quantas vezes a palavra “Natal” fora mencionada em uma mesma frase. Ele fez uma careta de leve, sem graça por parecer tão anormal assim.
- O null meio que não gosta do Natal, null – null explicou e a menina abriu a boca de novo, mais espantada ainda – É uma espécie de trauma.
- E você traz o menino pra cá? O lugar com o maior clima natalino em todo o planeta? Você é realmente maléfico, null! – null falou e se virou para null dando um sorrisinho simpático – Mas por outro lado, montar a árvore pode te ajudar a superar esse trauma!
- Eu não teria tanta certeza... – null começou, mas fora puxado pela menina escada acima. Ela puxou uma escadinha de um pedaço do teto que dava acesso para um pequeno sótão – null, eu realmente não acho uma boa idéia.
- Qual é... Que mal vai te fazer me ajudar a montar uma árvore? – Ela falou botando a cabeça pra fora do buraco do sótão onde tinha entrado e sumiu logo em seguida, null não soube o que responder. Logo em seguida uma sacola gigante apareceu na porta do sótão e ele pegou o pacote. Em seguida, null apareceu com duas caixas de pisca-pisca na mão.
- null, sério, é melhor não – null disse com uma cara meio aterrorizada e ela rolou os olhos.
- Olha, você tenta, ta bom? Se começar a ficar assim tão insuportável, você pára e eu e o null terminamos sozinhos, tudo bem? – Ela disse e ele a olhou desconfiado – Vai null... Não custa nada tentar... – null fez sua melhor carinha de criancinha abandonada e null suspirou.
- Ok, ok... – Falou, convencido e null deu um pulinho de felicidade, voltando para o andar de baixo e para uma sala onde null viu uma lareira acesa e um pinheiro do lado. A sala tinha toda a decoração natalina que ele tanto odiava. O sofá maior no tom branco tinha um manto verde e o menor um vermelho. Assim como as meias penduradas na lareira, alternadas entre verde e vermelha e o tapete verde com vários Papais Noel bordados com suas roupas vermelhas. Era verde e vermelho por todos os lados. Duas cores quase insuportáveis pros olhos nada natalinos de null.
- Vem... A gente tem muito o que fazer. ! – A menina gritou e o primo apareceu na porta da sala – Faça algo útil e traga essa árvore pra cá – Ela apontou pra um suporte e null mais do que depressa levou a árvore até lá com uma certa dificuldade. Colocou a árvore no suporte e os três ficaram encarando aquele pinheiro majestoso com sua folhagem verde.
- E agora, madame? Enfeitamos? – null perguntou e null assentiu com a cabeça. null notou novamente aquele brilho nos olhos dela, se perguntava como alguém podia parecer gostar tanto assim do Natal.
- Vem null – Ela puxou o menino o tirando dos seus pensamentos e lentamente foram dando cor aquele pinheiro. Bolas azuis, vermelhas, douradas e prateadas, fitas e piscas-piscas todos distribuídos de maneira organizada pelas folhagens do pinheiro alto.
- Er... null, eu posso não saber muito sobre Natal, mas... Não tem uma estrela que vai na ponta? – null perguntou apontando pro único lugar não enfeitado na árvore, o topo.
- Ah, isso! É que aqui a gente faz diferente, todo ano é uma pessoa diferente que põem a estrela no topo da árvore na noite de Natal – Ela explicou e ele assentiu com a cabeça, olhando a árvore. Aquilo só lhe trazia lembranças ruins e angústia, mas já que estava fazendo aquilo por null, engoliu em seco e transformou a vontade de chorar e sair correndo em um sorriso fraco.
- null, null! Está nevando! – Uma menininha de uns cinco anos apareceu na sala e null a pegou no colo.
- Neve, Scarlet! – A mais velha disse, brincando com a criancinha e null e null olharam pela janela onde uma pequena camada de flocos caía lentamente – Vamos brincar de pegar os flocos com a boca? – null propôs animada e Scarlet deu um gritinho correndo porta a fora, null foi atrás e null apenas ficou as olhando da janela.
- Vem – null bateu no ombro do rapaz e os dois seguiram para a parte gelada do exterior da casa. Ficaram observando como null se divertia com a pequena irmã enquanto tentavam pegar alguns flocos de neve com a boca.
- null null, quem diria que eu te veria algum dia de novo – Uma voz feminina chegou ao ouvido dos meninos tirando a atenção deles de null e ambos olharam a loira que estava parada na varanda da casa.
- A-Amber? Uau! Oi... – null disse, meio abobado indo até a menina que tinha os braços abertos e a abraçou.
- Quanto tempo fofuxo... – Ela falou apertando o menino nos braços e null segurou a risada.
- Quanto tempo mesmo, eu não te vejo desde... Desde o primário. Uau, você... Você ta linda – null estava sem jeito e a menina riu.
- Pois é, a gente cresce né... Mas e você? Cadê aquele menino gordinho dos suéteres de bichinhos? – Ela falou examinando o menino de cima abaixo.
- Pois é, a gente cresce né... – null repetiu a frase dela e os dois começaram a rir.
- Amber! – null falou, deitada no chão com Scarlet em sua barriga e acenou.
- Oi! – Amber acenou de volta e se virou para null – Deixa eu ir lá, te vejo na ceia de Natal? Minha família vai passar aqui com a sua – null assentiu com a cabeça e Amber deu um beijinho em sua bochecha indo até null e a irmã mais nova.
- E aí, fofuxo? – null brincou quando null chegou perto e ele riu.
- Eu era um pouco... Maior. Uau, Amber Johson... Eu era apaixonado por ela na escola – Ele disse, olhando a menina ao longe.
- É... Você já me falou dela! – null disse, se lembrando – Ela era a nerdzinha de aparelho, não?
- Ela mesmo – null disse – Nunca conheci menina mais linda que ela, até mesmo naquela época...
- Cara, cuidado pra baba não cair aí – null saiu de perto rindo e null mandou um dedo do meio, sem tirar os olhos de Amber – Chama ela pra sair, cara!
- Oi? Quem? Eu? Não, não, não... Meninas como ela não saem com caras como eu – null disse, falando rápido, como sempre faz quando está nervoso. null rolou os olhos rindo e voltou seu olhar pra onde null, Amber e Scarlet brincavam de fazer anjos de neve na fina camada de neve que já cobria toda a entrada da casa. O clima de Natal ali era intenso, e isso deixava null cada vez mais angustiado a procura de alguma desculpa para sumir dali.
3.
- null, querido, pode me fazer um favor? – A mãe de null, Ashlee, pediu e null apenas assentiu com a cabeça – Pede pra null fazer mais um desses pra mim? Obrigada – A mulher sorriu, já com o teor alcoólico um pouco alto e entregou a taça para null que saiu em direção à cozinha da casa.
- Sua mãe quer mais um Martini... – Ele disse entrando na cozinha e pondo a taça na pia, null riu.
- Meu Deus, minha mãe é uma alcoólatra! – Brincou, preparando mais uma bebida e olhou para null – Quer um também?
- Não, não... Só tava vendo... Você faz diferente... – Ele falou, observando a menina fazer o drinque e ela arqueou a sobrancelha, numa expressão confusa – Você põem primeiro o sal e o limão pra depois por a bebida...
- É... Eu acho que assim o sabor fica mais intenso, prova – Ela colocou a azeitona na taça e entregou pra null, dando uma chupadela no dedo sujo de sal. null bebericou a bebida e assentiu com a cabeça.
- Realmente, fica melhor – Ele disse e a menina sorriu.
- E então, ainda odiando o Natal? – Ela perguntou, organizando as coisas e preparando mais um Martini para sua mãe.
- É... É mais complexo que ódio... Como o null disse, é como uma espécie de trauma – null disse, dando mais um gole na bebida em sua mão.
- E porque disso? – null perguntou, espetando uma azeitona no palito e pondo no drinque.
- É que... – null começou a dizer, mas null entrou na cozinha de repente e os assustou.
- null, null... Meu amigo null – Ele disse, sem ar e nervoso. null riu e saiu da cozinha, indo levar a bebida para sua mãe.
- O que aconteceu, fofuxo? – null perguntou, ainda o zoando pelo apelido.
- É exatamente isso que aconteceu. Fofuxo! Esse é o ponto que eu quero chegar – null dizia rápido e null se esforçava pra acompanhar – É claro que eu quero chamar ela pra sair! Ela é linda, simplesmente perfeita! Aqueles cachinhos dourados aos ventos e aquele sorriso. Eu to completamente apaixonado. É, eu ainda gosta de Amber Johson. Caramba...
- Chama ela pra sair então, cara! – null incentivou e null negou com o dedo.
- Não, é mais complicado que isso. Ela é complicada. Complicada não, complexa. Codificada, algo secreto que eu não tenho acesso. O que eu faço cara? – null parou seu raciocínio e fez sua melhor cara de sofredor pra null que tinha um sorriso divertido no rosto.
- Faz assim... Chega nela e elogia os cabelos dela e depois chama ela pra tomar um chocolate quente, pronto – null disse, como se fosse natural e simples e null riu.
- Claro, claro! Como eu não pensei nisso antes? Você é um gênio cara, eu já te disse isso? Eu te amo, eu te amo – null disse enquanto saía da cozinha, com uma expressão confiante no rosto, mas dois segundos depois ele voltou – E se ela não aceitar?
- Ela vai aceitar – null confirmou e null saiu da cozinha de novo repetindo pra si mesmo coisas como “Ela vai aceitar” ou “Você é o cara”. null continuara rindo e então resolvera voltar para a sala onde null estava sentada no chão com um pacote no colo.
- Nós íamos te dar só depois da ceia, mas não agüentamos de curiosidade e queremos ver sua reação ao ver seu presente – O pai de null dizia enquanto ela encarava o embrulho em seu colo, tinha a impressão que null sabia o que era, apenas pelo brilho em seus olhos – Abre, filha – Não foi preciso segunda ordem, em segundos o papel que cobria a caixa do presente havia sumido.
- Oh papai... Não precisava... – Ela dizia emocionada, os olhos lacrimejaram e o casal apenas sorriu.
- Você merece – O homem disse e null pegou a caixa e então null percebeu o que era: Uma flauta transversal prata e com detalhes entalhados nos cantos – Toca pra gente, filha.
- Está bem... – Ela disse, limpando as lágrimas e ficando em pé. As primeiras notas soaram suaves e então o silêncio predominava a sala cheia. Os pais de null, os de null, a família de Amber e a pequena Scarlet, null e null. Todos apenas assistindo a pequena apresentação da menina que tocava temas natalinos na sua nova flauta, de olhos fechados, deixando que o som doce do instrumento guiasse seus dedos pelas notas que tocava. Enquanto aquilo trazia uma certa paz para todos os presentes, um nó se formava na garganta de null a cada nota de “Noite Feliz” que saia do pedaço metálico nas mãos de null. Ele já tinha agüentado mais do que achou que fosse capaz, uma sala toda vermelha e verde, montar uma árvore, familiares reunidos... Isso era mais do que podia agüentar em apenas um ano de Natal. Ouvir aquelas notas só piorava a situação e sem que percebessem, ele saiu da sala, indo para a parte dos fundos da casa.
null terminou seu pequeno show recebendo os aplausos de todos os presentes, mas seus olhos procuraram pela única pessoa que não estava ali. Seus olhos pararam na janela onde viu null sentado na muretinha que dividia o terreno de sua casa com o vizinho e sorriu, pedindo licença para os presentes na sala e saindo do lugar. null se lembrava de sua infância enquanto olhava a paisagem branca a sua frente, a neve tinha coberto todos os campos, pintando o campo antes verde de branco. Um cachecol verde e prata aparecendo do nada o despertou e ele seguiu o braço que o segurava até seus olhos encontrarem os de null.
- Feliz Natal – Ela disse e ele pegou o cachecol onde leu a frase “A Christmas for you” em letras vermelhas, deu uma leve risadinha.
- Isso é maldade... – Ele falou, passando o cachecol pelo pescoço pra se proteger do frio e null deu de ombros.
- Se o null tivesse avisado que ia te trazer, eu teria descoberto alguma coisa melhor pra te dar de presente, mas como foi meio em cima da hora, eu tive que improvisar e peguei um dos cachecóis que eu e minha avó fazemos pra um orfanato aqui perto – null falou, olhando a paisagem ao longe e null riu novamente.
- Irônico – Ele disse e ela o olhou, confusa - Meus pais. É por causa deles que eu tenho esse trauma de Natal. Eu sou órfão, digamos assim...
- Oh, eu não sabia... – null disse sem graça e null sorriu, balançando a cabeça.
- Quando eu tinha 16 anos, eu estava em casa esperando meus pais chegarem da missa de Natal, eu nunca ia porque sempre fui um religioso meio lapso. Mas então, eu estava esperando eles chegarem em casa pra ceia, eu tinha preparado sozinho o peru, estava orgulhoso de mim, sabe? Eu lembro que eu estava cantando Noite Feliz enquanto colocava o peru na mesa e olhava pela janela, acompanhando o coral que tocava pra vizinha. Foi quando o telefone tocou e eu atendi, era o delegado – null fez uma pausa pra respirar e null o olhava sem dizer uma palavra – Meus pais foram abordados por um bandido ao saírem da igreja e tentaram o convencer a não fazer aquilo em uma noite tão linda como a de Natal. O cara, drogado até o último fio de cabelo, se irritou e disparou contra eles. Meu pai resistiu um pouco, sobreviveu até chegar ao hospital, mas minha mãe morreu na hora – Uma lágrima rolou pelo olho do menino que escondia a vontade de chorar desde que passara a odiar a celebração mais amada pelo mundo todo – Eles nunca chegaram a provar o peru que eu tinha feito e eu nunca mais tinha vontade de fazer um também. Toda vez que Dezembro começa a chegar, eu entro numa espécie de depressão, sei lá... Eu não posso sair de casa, não posso ver nada relacionado ao Natal que eu começo a ficar assim, fraco, me sinto sozinho sabe...
- Oh null... – null disse e o abraçou, ele pode perceber que ela tinha os olhos marejados e se sentiu mal por tê-la feito chorar.
- Não, null... Não chora, por favor... Não queria estragar seu Natal com a minha história triste, desculpa – Ele falou, limpando uma lágrima que descia solitária pelo rosto dela – Você gosta tanto do Natal, sempre tão animada...
- Quando eu tinha nove anos – null disse, o interrompendo – Eu estava animada porque ia ganhar uma boneca nova de Natal dos meus pais. A boneca só ia ser vendida na capital, então, meus pais me deixaram com os null e foram pra cidade grande pra comprar minha boneca. Na volta, estava chovendo muito e os pneus do carro do meu pai estavam gastos. O carro capotou e saiu da estrada, meu pai e minha mãe morreram naquele acidente, uma semana antes do Natal. E eu esperei por três dias eles virem me buscar na casa nos null, mas então, quando finalmente a campainha tocou, tudo o que eu recebera fora a notícia e a boneca encontrada no porta-malas do carro. Naquele dia, o Sr. null entrou na justiça com os processos de adoção e no dia 25 de Dezembro do ano seguinte, eu fui oficializada como null null – Ela disse, um sorriso na cara – E é esse o sentido do Natal, sabe? Não importa com quem você esteja, é pra comemorar a família, o amor... É por isso que eu amo o Natal, mesmo tendo a noção de que foi nessa época que eu perdi meus pais, foi nessa época que eu ganhei uma família linda e que me ama. null, você pode ter isso também! – Ela olhou para o menino e ele sorriu – Nunca é tarde demais, você não precisa ser adotado, ainda mais que você já é homem formado, mas... Você acha que seus pais iam querer que você transformasse uma das comemorações mais lindas do ano em um dia de lembranças tristes?
- Não... – Ele disse num sussurro e null sorriu.
- Vem... É Natal, é época de felicidade, vem comigo – null levantou da muretinha e estendeu a mão pra null – E tem um peru quentinho esperando por nós naquela sala de jantar.
- Eu não sei, null... – null disse, receoso, olhando a família de null se sentando na mesa grande cheia de coisas típicas de Natal e mordeu o lábio – Não sei se posso fazer isso...
- Pode sim! Só por você estar aqui agora já mostra que você é dessa família tanto quanto eu! Vai não faz essa desfeita... É hora de você acabar com esse seu trauma de Natal e deixar que um novo sentimento entre aí, o amor – null disse, limpando a última lágrima parada no rosto de null e ambos olharam pra sala de jantar. Todos os olhavam, null percebeu sorrisos sinceros no rosto de cada um naquela mesa, como se todos compartilhassem do assunto entre ele e null. Mesmo de longe, ele se sentiu bem, querido, amado.
- Ok... Mas você tem que me prometer uma coisa – Ele pediu antes que cruzassem o portal que dava acesso a parte interior da casa, null o olhou – Promete que vai ser minha família haja o que houver?
- Prometo – Ela disse com um sorriso nos lábios e null sentiu novamente a felicidade que apenas a época de Natal com sua família trazia em si e aproximou seus lábios dos de null, os selando em um beijo quente e calmo. null sorriu assim que saíram do beijo e o guiou até a sala onde todos os esperavam.
- Finalmente! Achei que íamos ter que botar a mesa lá fora pra começarmos a ceia – Albert, o pai de null, disse e todos riram.
- Agora a família está completa – A mãe de null disse com um sorriso doce nos lábios e null e null se olharam sorrindo, a menina deu uma leve apertada em sua mão, reconfortando – Vamos comer.
- Minha parte preferida! – Jared, irmão de Amber, disse e todos começaram a se servir.
- Amber! – null disse de repente chamando a atenção de todos. A menina o olhou – É... Hm... Deixa pra lá – Ele disse, ficando vermelho e Amber sorriu.
- Eu adoraria sair com você sexta-feira – Ela disse e null a olhou, surpreso, abrindo um sorriso enorme.
- O DESENCALHOU! – Scarlet gritou e todos na mesa começaram a rir.
- Gente, eu queria agradecer, por terem me recebido aqui – null disse de repente e todos sorriram.
- Você sempre será bem vindo, null. Já é da família – A mãe de null disse e todos concordaram.
- PAPAI! QUEM VAI POR A ESTRELA NA ÁRVORE ESSE ANO? – Scarlet perguntou de repente e todos fizeram cara de mistério.
- Quem será? – O pai de null disse e olhou para a menina.
- Eu acho que sei... – null disse, levantando da mesa e indo buscar a estrela, todos se levantaram e foram para a sala. null chegou em pouco tempo e foi em direção a null – Todos da família tem direito de por a estrela na árvore – Ela entregou a estrela na mão dele e ele olhou para todos na sala, sorriu e colocou a estrela na árvore, voltou a olhar para todos os presentes na sala e sorriu, estava olhando para sua família.
4.8 anos depois
- Charlotte, sai de cima do seu pai – Amber gritou para a menininha de dois anos que pulava em cima de null sem o deixar ler o jornal.
- Hey, galera, carta do null e da null! – Scarlet, agora com treze anos, entrou correndo na sala da casa de campo onde toda a família estava reunida.
- Alguém viu a pilha recarregável? Vou por pra carregar pra tirar fotos da ceia – Antony, um dos irmãos de Amber entrou na sala.
- Shhhh, Ant, chegou carta da null e do null! – null disse e todos prestaram atenção em null que iria ler o postal.
“Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 2017.
Hey, família! Como estão aí?
Aqui vai tudo as mil maravilhas, estamos no Rio de Janeiro! Dá pra imaginar? Brasil!!! Idéia maluca do null. Por sinal, ele está agora limpando os sapatos de Papai Noel dele. Ontem estávamos indo para um evento aqui na Barra da Tijuca e ele resolveu ir de Papai Noel pra animar as criancinhas, só que pegamos um congestionamento enorme e ficamos presos numa das avenidas por quase uma hora. O que o null fez? Pegou as balas e chicletes e foi distribuindo pelos carros engarrafados. Agora ele está lá com chiclete no sapato inteiro graças aos bebês que pegavam os chicletes, não conseguiam chupar e jogavam nele. Foi uma cena engraçada. Eu não sei como ele consegue fazer isso, por sinal. Está uma temperatura de quase 40ºC aqui no Rio. Dá pra imaginar? NATAL SEM NEVE! NATAL COM CALOR!!! E que calor viu, principalmente o fogo de null que não fica um segundo sem mexer com as criancinhas quando ta vestido de Papai Noel, ele levou essa história a sério. Por sinal, agora ele inventou de inovar, não quer saber de aparecer de trenó mais, comprou um fusca aqui no Brasil, um fusca verde. Vai pra todo lugar com esse fusca dando balinhas pras crianças. E como estão as coisas por aí? Ano que vem acho que vamos passar o Natal aí, sabe como é... Com recém-nascidos não se pode ficar viajando sabe... Por sinal, mencionei que estou grávida? null pirou quando soube disso, ainda não sei o sexo, mas quando souber ligo avisando.
PS: Estou mandando pra vocês um doce brasileiro que o null amou, mas me dá enjôo, não sei se é a gravidez ou se é o doce mesmo. Chama rapadura, logo vocês vão descobrir porque...