“we wish you merry Christmas, we wish you merry Christmas, we wish you merry Christmas, and a happy new year.” Ah o natal! Melhor época impossível. As músicas, o clima, até o ar parece mais respirável. Toda a cidade fica em festa e todos nós ficamos mais amáveis.
PRESIDIÁRIO MUNICIPAL ST LOUIS, 24 DE DEZEMBRO, 9:00 PM
- Martin, mais dois delinqüentes. – um homem de farda entrou com uma expressão cansada no rosto e dois garotos, os quais estavam sendo segurados pela barra da camisa, um em cada mão.
- Mas nem no natal nós conseguimos paz! – o outro homem, também de farda, passou a mão na testa para tirar um pouco de suor.
Apesar do frio que fazia do lado de fora, dentro do estabelecimento o calor era perceptível.
- O que eles fizeram?
- Bateram um fusca no muro da igreja. – balançou a cabeça de forma negativa – E este aqui – levantou a mão direita, que segurava um garoto ruivo – está completamente chapado.
Martin assentiu e mandou colocá-los na cela número um. Havia apenas três no local. Era um presidiário pequeno, daqueles para onde vão os presos por pequeno furto ou qualquer outro delito de baixa gravidade. Tudo estava decorado de acordo com o clima natalino: enfeites verdes, brancos e vermelhos tentavam deixá-lo mais alegre. Existia até um pequeno pinheiro enfeitado, simbolizando uma árvore de natal sobre a mesa do diretor, que ficava de frente para tais celas. Nela estava uma garota sentada.
- , você poderia dar uma olhada neles pra mim? Preciso ir ao banheiro – o policial dirigiu a palavra à garota que se limitou a responder um singelo “ok papai”. Então partiu, sendo seguido pelo outro homem que lá estava.
- Ele é seu pai? – um dos garotos recém-chegados perguntou chocado.
- Sim, por quê? – ela arqueou a sobrancelha e perguntou em tom de desinteresse.
- Que pai tem coragem de colocar a filha pra vigiar uma cela de prisão em plena véspera de natal? – sua expressão era de horror. Ela, por sua vez, começou a rir, deixando-o no mínimo confuso.
- Eu estou presa também. Devia é agradecer por não estar aí dentro com vocês. – riu novamente e ele fez o mesmo.
- OK, conta outra. – ironizou – O que você fez? Sentou no colo do Papai Noel e foi presa por assédio sexual? – continuou rindo. Desta vez ela o encarou inexpressiva.
- Quebrei a perna de uma garota com um taco de baseball. – olhou para ele novamente, em forma de desafio. – Pior foi você, senhor “bati meu carro na igreja porque não gosto de Jesus”.
- OK, você venceu. – soltou um suspiro fraco. – E quem disse que eu não gosto de Jesus? Não foi por isso que eu bati.
- Por que bateu então?
- Eu não sei dirigir.
Mal acabou de proferir as palavras e os dois já caíram na risada. Depois de ter quebrado o clima tenso, talvez pudessem ser amigos.
- . – esticou o braço para cumprimentá-la. Ela sorriu chegando mais perto e apertando sua mão.
- . – estavam frente a frente.
- Oliver Tyler, gatinha. – deu uma piscadinha e em seguida soluçou. Era o amigo ruivo de se pronunciando. Aquele que estava chapado.
- , Ron Weasley. – apertou sua mão. – É por isso que eu adoro o natal! – analisou a situação e então começou a rir. – Fui eu que decorei tudo isso aqui, sabia?
- Sério? – arqueou a sobrancelha. – Eu tenho pavor de natal. – balançou o corpo como se tivesse sentido um arrepio.
- Nossa, por quê?
- Quando eu tinha oito anos eu pedi um videogame pros meus pais. Na manhã de natal eu fui abrir meus presentes e lá estava a caixa do meu videogame – fez um suspense – com uma rapadura e uma meia furada dentro. – ele a encarou com um olhar de dó e ela se segurou para não rir. Mas não conseguiu se conter quando Oliver o encarou e disse “se fosse eu no seu lugar, jogaria a rapadura no pinto do meu pai pra ele parar de fazer gracinha”.
- Ah, qual é ! – ela falava aos poucos ao que recuperava o fôlego. – Eu já ganhei presentes piores!
- O que?
- Uma amiga minha já me deu um vibrador com pilhas recarregáveis. – os três se entreolharam e houve um silêncio dramático.
- Ah, uma vez eu dei um pinto de borracha pra um amigo achando que era uma nave espacial. – o ruivo disse e o silêncio dramático voltou.
- OOOOOOK. Tá frio aqui né? – esfregava as mãos nos braços para tentar se manter quente.
- Frio? – não acreditou. – Eu estou suando aqui! Toma, pega meu cachecol. – tirou a peça do pescoço e entregou a ela, que assentiu se envolvendo com o cachecol de lá.
Era apenas impressão ou ele tinha um cheiro realmente bom? a observou com um sorriso bobo no rosto. Aquela garota era no mínimo atraente.
- ? ? – Oliver puxou a manga de seu casaco, despertando-o do transe. – Aquele cara tá segurando uma coisa estranha dentro da calça e... – olhou para trás e checou os fatos novamente – Ah, deixa pra lá, era só uma flauta.
Os outros dois o encararam perplexos. Como ainda não tinham se acostumado depois de toda a merda que escutaram durante a noite?
- Não acredito que ele vai colocar aquele troço na boca. – olhou para o cara da flauta com expressão de nojo.
Em seguida a calma melodia de Let It Snow invadiu o ambiente.
- Nossa, quase meia noite! – olhou para o relógio e se levantou em seguida. – Quer saber? Nós não vamos passar nosso natal numa prisão! – foi para algum lugar fora da vista dos meninos, que se encararam confusos.
- Will, por favor! – tentava fazer seu olhar de piedade mais convincente. – Eu juro que volto em menos de duas horas! Meu pai não vai aparecer antes disso. Pooooor Favoooooor!
Ficava sacudindo o policial. Aquele mesmo do início, o que trouxe os meninos. Ele era amigo de seu pai desde quando ela era... Bem, desde que ela era consideravelmente um feto. Por isso era tão fácil convencê-lo. Seu pai tinha saído para atender uma ocorrência de deslizamento de carros na neve e realmente não voltaria tão cedo.
E então conseguiu. Não apenas sair como também levar os meninos com ela. Em pouco tempo já estavam fora daquele lugar e pisando em neve fofinha.
- Mas é sério gente, duas horas, nada mais. – parou os dois garotos para que olhassem em seus olhos enquanto dizia – Duas horas.
- OK, duas horas. – Oliver mostrou três dedos. – Pelo menos nós não vamos passar nosso natal na cadeia e nem dentro de um carro.
A avenida estava completamente congestionada devido ao feriado. Seria realmente horrível ficar lá dentro enquanto meio mundo estava quentinho dentro de suas casas.
- Eis onde iremos cear. – entrou em uma lanchonete que ficava perto. Era limpinha e estaria vazia se não fosse por um espécie de travesti vestido de Papai Noel sentado em uma das mesas. Ou seria o contrário?
- Boa noite ! – uma garçonete loira a cumprimentou – O que vai querer?
- Três hambúrgueres de peru e um Martini. Será nossa ceia. – estava radiante. – Pode ser rapazes? – virou para os garotos, eles assentiram e em seguida foram para uma mesa.
- Ótimo, eu já volto. – a garçonete deu um sorriso e saiu.
- Pode não parecer, mas a comida daqui é maravilhosa. – garantiu.
- Não se preocupe, não estar na cadeia já é muito bom. – deu um sorriso tímido e fez o mesmo.
- Gente, aquele Papai Noel está olhando pra mim – Oliver disse com um toque de medo na voz.
- Ele é sempre retardado assim ou é só por causa das drogas mesmo? – ela franziu o cenho apontando pare ele.
- Acho que o quarto dele foi pintado com tinta de chumbo mesmo. – riu.
- Sério, eu acho que ele quer me mostrar a rena do nariz vermelho. – estava atônito ao ver o senhor Papai Noel chegando mais perto.
- Sabe , acho que eu tenho uma maldição do natal. – ela riu. – Não, sério! Olha só, só com base nesse dia, eu bati meu carro, provavelmente fui excomungado, fui preso, tenho que ver essa cena na minha ceia – apontou para Oliver - e olha! – apontou para baixo. – Tem um chiclete no meu sapato.
- Gente, socorro. – ele disse com uma voz baixa e aguda enquanto o travesti o puxava e conduzia pra algum lugar. Os outros dois riram com a cena.
- , eu sei de duas palavras que acabariam com seu trauma. – olhou desafiadora e deu uma risada.
- A ceia está pronta! – a garçonete trouxe o pedido em uma bandeja e deixou na mesa onde estavam, mas nenhum dos dois tiveram sua atenção atraída por aquilo.
- Sabe? E quais são?
Foi o tempo exato para ele acabar de falar e ela o puxar para mais perto em um beijo quente. Aquilo era realmente bom levando em conta o frio que fazia lá fora. O cheiro que ele tinha era o mesmo do cachecol e isso a agradou. Então quebrou o beijo e sorriu.
- Feliz natal.