- Boa noite, ! - falou mais animada do que o normal assim que abriu a porta.
- Boa noite, ! - O garoto riu da animação da amiga e a abraçou, segurando seus cabelos . - Entre, entre...
E então o obedeceu, adentrando a sala perfeitamente enfeitada. Uma árvore de natal de quase dois metros de altura ficava em um canto. Na lareira, alguns pares de meias vermelhas, como se esperasse que o Papai Noel fosse enchê-las de doces. tirou seu cachecol e colocou sobre o braço do sofá de couro branco, em cima de sua bolsa. Se sentou e seu amigo então se posicionou ao seu lado.
- Feliz natal. - Ele tirou uma pequena caixinha vermelha enrolada em uma fita verde com pequenos detalhes dourados e amarrada profissionalmente de debaixo da árvore. - Eu sei como você adora o natal e... Aí eu pensei que talvez eu pudesse, sei lá, te agradar se eu te desse um presente.
- Ahh, , você é um amor. - Sorriu verdadeiramente e pegou a caixinha. Tirou a fita verde com muito cuidado para não estragá-la e abriu a tampinha vermelha. - ... É lindo. - Seus olhos se enxeram de lágrimas ao encarar um daqueles globinhos de neve, no qual encontrava-se um pequeno anjo, tocando uma flauta.
- Eu vi e pensei em você. Você toca flauta como ninguém, .
- Eu não posso aceitar, . Não posso. - Algumas lágrimas começaram a cair de seus olhos . - O ... Ele me deu um desse... Pouco antes... De tudo acabar.
- Eu sei. - Um sorriso apareceu no rosto do , mas sumiu ao ver o rosto de sua melhor amiga tomado pelas lágrimas. - Eu pensei que você fosse gostar. Você gosta tanto do . Alguma coisa que lembrasse dele seria bom, não? E também tem o pequeno fato que eu não tenho dinheiro pra comprar uma flauta pra você. É de uma de verdade que você precisa. Ninguém aperfeiçoa o talento só de treinar na flauta das amigas, né?
- Seu idiota. - riu entre lágrimas enquanto dava um leve tapa no braço de e secava as bochechas. - Você não precisa me dar uma flauta! É claro que eu adorei. E eu gosto do . Mas lembrar dele me faz sofrer... Ainda. Acabou tão rápido.
- Vocês são dois idiotas. Mais do que eu.
- Por falar nele... - A garota começou. - Você sabe onde ele está agora?
- Deve estar com a namorada nova.
- NAMORADA NOVA? - Berrou a . Não, definitivamente namorada nova não combinada com . Talvez... Namorada velha? Não, também não. O lugar que ele deveria estar naquele momento era com a noiva. E infelizmente, não tinha mais noiva. não era nada mais do que a ex-noiva de .
*Flashback*
- , , ! - A garota cantalorou enquanto traçava um caminho rápido com o dedo indicador e médio pelas costas do rapaz. Estavam sentados no sofá da sala assistindo televisão. - É o nosso primeiro natal oficialmente como noivos. O que você acha disso? - Sua voz deixava transparecer toda a felicidade que aquele momento lhe causava.
- Não sei o que você vê de mais no natal. É uma data como outra qualquer. E ainda falta três semanas. Não me enche por causa disso, ok? Eu já decidi que nós vamos passar o natal aqui em casa, dormindo.
- Mas... ... Eu falei pros meus pais que você ia passar a noite de natal lá em Essex, com a minha família. Eles querem tanto te ver de novo. Você sabe que é muito importante pra gente. Eu não posso simplesmente falar que eu não vou mais. Que você não vai mais.
- Você por acaso perguntou se eu ia, ? Não! Então pronto. Eu não vou em nenhuma "festinha familiar de natal". Você sabe que eu não gosto dessas coisas.
- Ahh! Agora você vai repetir pela milésima vez que você não gosta de natal porque sua mãe abandonou você e a sua irmã nessa época e você teve que ir morar com a sua avó, não é? - A voz de já estava se alterando e o volume da televisão parecia insignificante perto de seu timbre. - , nós vamos começar uma vida juntos! Não podemos nos basear em traumas de infância! Não tem como sua mãe te abandonar pela segunda vez, ! Por favor!
- , se isso é tão importante pra você, então vai. - O ficou de pé e ficou andando em círculos pelo tapete felpudo. - Vai, mas me deixa! Eu não quero saber de natal. Eu não gosto do natal e eu nunca vou gostar! Se você acha que essa comemoração idiota é mais importante do que eu, então eu te libero pra ir.
- Ahh! Agora é você que "me libera"?! - Jogou seus cabelos para trás do ombro e também se levantou. - Eu sou livre pra ir onde eu quiser. E eu realmente acho que o natal é importante. Se você não acha, ótimo. Eu acho e eu não vou mudar por sua causa. Eu vou pra minha "festinha familiar de natal"! Mas pode ter certeza de uma coisa, : a partir de hoje, eu sou sua ex-noiva.
E, com olhos mareados, virou as costas para o rapaz que não demonstrava nenhum sentimento em seu rosto, pegou sua bolsa sobre a poltrona e caminhou a passos largos até a saída e a última coisa vista pelos olhos de foi aquele cabelo tão marcante esvoaçando enquanto a porta era batida com toda a força por aquela garota.
*Fim de Flashback*
- ? ? ! , você tá acordada?! - passava a mão na frente dos olhos da amiga, que estava afogada em seus pensamentos.
- Hãn? To, . Tá tudo bem... Eu só... Estava pensando. - Piscou os olhos como se estivesse terminando de acordar.
- , você acha que ele tem uma namorada nova? - O garoto gargalhou. - Cara, você é muito ingênua!
- E você tem problemas, sabia? Não se brinca com coisas assim. - O abraçou com uma gargalhada forçada e, em seguida, caminhou até a grande parede de vidro, que dava a visão para a rua.
A neve cobria a maior parte das calçadas londrinas e todas as luzes do natal estavam ligadas, do jeito que gostava. O natal, para ela, era definitivamente a melhor época do ano. Todo aquele clima natalino de felicidade e fraternidade conseguia mexer com ela. Observou a rua ainda cheia, algumas famílias se abraçando, tirando fotos e curtindo a iluminação perto da enorme árvore de natal que estava na praça, algumas pessoas tentando comprar seus presentes de última hora e isso a fez lembrar dos presentes que carregava na bolsa.
- , querido... - Se virou subitamente para ele, que estava alguns passos atrás. - Eu tenho uma coisinha pra você.
A caminhou até sua bolsa, tirando seu cachecol de cima. Pegou lá um embrulho branco, nada muito grande, mas elegante. Quando puxou, caiu de dentro da bolsa um cartão, acompanhado de um umbrulho estampado de motivos natalinos retangular, um pouco maior que o embrulho branco que tirara para dar para . Seus olhos se arregalaram e, depois de colocar o presente branco sob a árvore de natal, suas mãos voaram ao encontro do pacote caído na tábua corrida, mas foi mais rápido.
- O que é isso? - Começou a observar atentamente o embrulho e depois abriu o cartão.
- Por favor, ... - A garota pediu chorosa, mas já era tarde demais.
- Querido ... - O realizava a leitura do cartão. As palavras estavam escritas em uma caligrafia clara, mas por vezes borrada, como se pingos tivessem caído sobre a tinta fresca da caneta. - Apesar do seu trauma de natal, eu te conheço bem o suficiente pra saber que iria ficar chateado se não ganhasse nenhum presente. Eu ainda lembro do tanto que você brigou com a sua avó quando ela não te deu nada... Mas eu não estou escrevendo pra falar isso. Por mais que não estejamos juntos mais, quero que saiba que eu gosto muito mesmo de você, . E, de verdade, pra mim, você é mais importante que qualquer festa de natal. Infelizmente é tarde demais pra falar isso. Eu estava tão nervosa na hora que você disse que não ia passar o natal com a minha família que eu nem pensei em te falar o contrário da sua afirmação ridícula. Então, , eu espero que você goste desse presente que eu comprei de todo o coração e que, sei lá, o clima de natal que envolveu Londres com todas essas luzes te envolva também e que, assim, o espírito natalino toque no seu coração e você possa me perdoar. Porque eu te amo. Com amor, . - Ele imitava uma voz feminina.
- Dá pra parar, ? - Deu uma risadinha nervosa.
- Você gosta muito do , né? - Seu rosto, diferente de sempre, agora estava sério.
- É óbvio... É obvio que não. Eu nunca ia gostar de um cara que é grosso comigo por causa que eu queria passar o natal com a minha família e com ele, que era o meu noivo! Ele já deve estar se esfregando em alguma putinha que odeia o natal tanto quanto ele.
- É verdade. - A expressão séria tinha desaparecido e tinha ficado a ironia.
- , eu já te falei hoje que você tem problemas? - não conseguia ficar séria na presença daquele garoto.
- Er... Acho que já. - E os dois gargalharam.
Enquanto isso...
- Droga! Droga! - tentava calçar suas meias enquanto dava um nó na gravata. - É por isso que eu nunca gostei de natal... , você me paga! Se você não valesse tanto a pena!
E então, com um puxão para subir a meia, ela furou bem onde ficava o polegar do seu pé.
- Droga! Só porque eu preciso chegar rápido na casa do ! - Jogou a meia furada pra longe e começou a procurar outra dentro de suas nada arrumadas gavetas. - E é bom que ele esteja em casa. Eu tenho que fazer ele me levar pra Essex. Se eu aparecer na festa de natal, a vai me perdoar. AHH! AÍ ESTÃO VOCÊS! - Pegou um par de meias brancas e, para evitar acidentes, se sentou na cama e as calçou.
Pegou os sapatos sociais e fechou os botões da manga da camisa social branca. Saiu do seu quarto e, chegando na sala, pegou o presente já embrulhado que estava em cima do sofá e foi em direção ao seu carro.
Desceu o elevador batendo os pés de ansiedade. Correu pelo saguão do seu prédio até a portaria. Onde estava o porteiro para abrir a porta na hora que ele mais precisava? Um homem velho, então, saiu do lado de dentro do edifício e, com toda a calma do mundo, entrou na guarita e apertou o botão que destravava o portão. Escorregou na neve enquanto descia o pequeno lance de escadas e caiu sentado em um dos degraus.
- Merda! - Ficou em pé e continuou seu caminho rápido até o carro. - Essa neve maldita molhou toda a minha bunda! - Ele gritou.
- Feliz natal pra você também, sr. ! - Uma mulher que morava em seu prédio falou com um olhar de desprezo enquanto passava com seus dois filhos pela calçada, ao lado do lugar onde estava estacionado o carro de .
- Que seja. - Murmurou. - Eu sabia que devia ter parado na garagem. Querer economizar tempo por causa de um andar nunca dá certo. - Resmungou.
Desativou o alarme de seu carro e entrou. Para , a diferença de temperatura não estava tão grande. Toda a agitação pela qual havia passado o fez se sentir aquecido, mas sabia que estava frio do lado de fora, então ligou o aquecedor. Arrancou com o automóvel e voou pelas ruas até chegar a algumas quadras de distância do apartamento de . O trânsito parou. Os carros não andavam. olhou ao redor, buscando uma viela que ele pudesse entrar, uma caminho alternativo. Qualquer coisa, menos ficar preso no meio da noite em um congestionamento no centro de Londres enquanto sua garota estava em Essex, comemorando o natal com a família e, com certeza, com algum primo encantador que adorava o natal tanto quanto ela.
Aqueles pensamentos não estavam dando para o nenhum tipo de tranquilidade. Pelo contrário, a gravata parecia estar apertada demais e o aquecedor do carro parecia estar sufocando-o. Todo aquele calor só podia significar uma coisa: ciúmes e insegurança. Deu um soco no volante por estar com raiva desses sentimentos torturantes que insistiam em invadí-lo. Se ele não tivesse sido tão cabeça dura... Desligou o aquecedor, afrouxou a gravata e abriu o vidro, colocando a cabeça pra fora. Não conseguiu ver o motivo do congestionamento.
Saiu do carro e sentiu o vento frio bater em suas costas, acompanhado de alguns flocos de neve e só então percebeu que esquecera uma das partes mais importantes do terno: o palitó. Sacudiu os cabelos e bateu a porta do seu veículo. não tinha mais tempo a perder. Ele precisava chegar rápido a casa do melhor amigo e seria mais rápido se fosse a pé. Foi correndo no meio da rua, entre as duas fileiras de carros completamente parados por causa de algum motivo desconhecido. Quando chegou mais perto da casa do , descobriu o que acontecera: a neve na pista fizera um carro escorregar e bater em outro. Resultado: os dois carros estavam bloqueando a rua e o trânsito só se movimentaria quando o reboque chegasse.
Logo a frente da batida, viu um homem estacionando seu fusca laranja. Ele não queria perder seu Astra preto último tipo, mas quem era mais importante? ou o carro? Definitivamente, era mais importante pra ele.
- Hey, moço! - gritou e o motorista do fusca laranja se virou para ele quando terminou se estacionar. - Posso levar seu carro?
- O quê? - Os olhos do homem se arregalaram.
- Eu realmente preciso. Eu já molhei minha bunda na neve quando ia sair de casa. Se eu for andando até a casa do meu amigo eu vou chegar com mais água do que o rio Tâmisa e minha noiva vai ver só trapos quando eu chegar em Essex. Por favor. Eu preciso do seu carro. - Disse afobado, sem se preocupar em explicar as coisas claramente.
- Meu jovem, eu não estou te entendendo. - Respondeu e bufou.
- Eu briguei com a minha noiva porque ela queria passar o natal em Essex com a família dela e só depois eu vi como fui burro em trocar ela por uma noite de natal quieta. Quando eu percebi isso, eu me arrumei correndo pra conseguir que um amigo fosse comigo pra Essex, porque eu não sei o caminho, aí eu fui descer as escadas e caí sentado na neve. Pra piorar, eu peguei um congestionamento. Aí eu decidi ir a pé pra chegar mais rápido, mas se eu continuar andando, eu vou chegar todo desarrumado e eu não quero isso. Eu só preciso do seu carro pra chegar um pouco menos molhado. Se você quiser, pode pegar meu Astra preto que tá parado no congestionamento. Ele é todo seu, mas deixa eu levar seu fusca, por favor? - O metralhou.
- Astra preto?- Os olhos verdes do homem aprovaram a ideia. - Claro, meu jovem. Pode levar. Boa sorte com a garota.
entrou no fusca e o acelerou. Não demorou mais que vinte minutos na velocidade do carro para que ele estivesse na portaria do apartamento de . Entrar não foi complicado e, pela primeira vez, enquanto andava pelo saguão do edifícil, sentiu que poderia relaxar um pouco. Ele estava muito perto de conseguir ter sua noiva de volta, mas então a paz foi embora.
- Só pode ser carma! - Berrou quando sentiu seu pé preso a uma coisa rosa e gosmenta no chão. - Um chiclete! - Choramingou. - E no meu sapato social novo!
Puxou o pé com força e se sentou em um banquinho próximo para tentar tirar a borracha grudenta de seu sapato. Ele queria estar apresentável diante a família de . Seus olhos passeavam do relógio para o chiclete. Onze horas. Ele chegaria em Essex meia noite e meia. Por mais que não fosse um horário maravilhoso, era bom o suficiente. Tirou o chiclete do sapato e pegou o elevador até a casa do . Já cansado de tanta correria, tocou a campainha lentamente.
- Quem será? - Ouviu a voz do amigo do lado de dentro.
- Pode deixar, . Eu atendo. - E então uma voz femina. Mas não uma voz feminina qualquer. Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. A porta se abriu. Uma garota com um vestido tubinho tomara-que-caia vermelho, sandálias de salto pretas e uma taça com um líquido transparente dentro se revelou. não parecia ter reação.
- Tudo bem? - Sua voz melodiosa soou nos ouvidos da garota como o tilintar de duzentos sinos afinados de natal.
- ... Você está todo molhado. Sem casaco. Seu cabelo... Meu Deus, você vai pegar um resfriado. E o que você está fazen...
- Eu que deveria perguntar o que você está fazendo aqui. Nós brigamos porque você ia passar o natal em Essex! - Fitou a taça. - E o que é isso que você está bebendo?
- Er... - se pronunciou do lado de dentro. - Por que vocês não entram e conversam direito aqui dentro? Sentados?
- É, ... - A deu passagem.
Todos se sentaram, mas ninguém ousava quebrar o silêncio que tinha sido construído pelos próprios passos deles no assoalho de madeira.
- Minha mãe, ... Ela entendeu que eu tinha ficado muito mal quando nós terminamos. Eu contei pra ela o motivo da briga e ela disse que era melhor eu ficar aqui, que talvez eu me lembrasse menos de você se passasse o natal com meus amigos. O e o estão na casa dos pais. A foi passar o natal em Paris com o namorado... Só me sobrou o .
- Hey, , assim machuca! - O garoto levou as mãos ao coração como se doesse.
- Você sabe que eu te adoro, zinho. - A deu um beijo estalado na bochecha dele. só acentia com a cabeça. Seu olhar triste. - Mas... Agora é a sua vez de falar o que você tá fazendo aqui, .
- Não... Primeiro, o que você está bebendo, ? - Tirou a taça da garota, cheirou e depois deu uma bebericada. - Martini? , você não pode simplesmente sair pegando essas bebidas fortes que você não está acostumada! Se eu não chegasse, você e o iam enxer a cara de Martini e quem ia te levar pra casa depois? Ninguém, porque o carro ia bater no meio do caminho! Isso na melhor das opções... Pior seria se você e o ... Por causa do efeito da bebida...
- O martini não ia me fazer ir pra cama com o , fica tranquilo, . Eu posso não ser acostumada a beber, mas eu sei a hora de parar. - Sua voz estava arisca. Por mais que o amasse e quisesse fazer as pazes, não achava certo ele ficar a tratando como se fosse sua filha. - Dá pra devolver meu copo?
- Não. Se você quer que eu fale, tem que parar de beber. - Foi a condição imposta por . A bufou e relaxou seu corpo no encosto do sofá. - Bom... , eu fui burro o bastante pra só perceber que você é tudo pra mim depois de ter quase te perdido pra sempre. Eu fui um idiota. Você já renunciou tantas coisas pra estar comigo e eu não pude renunciar o meu ódio do natal pra agradar você. - Seus olhos se enchiam de lágrima de acordo com o que ele falava. - Mas eu percebi que não dá pra viver sem você hoje. Quando anoiteceu e eu não tinha seu corpo pra abraçar. Não tinha sua voz pra me desejar feliz natal... , você é tudo pra mim... E se pra ficar com você eu tiver que participar de festas de natal, eu não ligo. Eu participo e vou ficar feliz o tempo todo, porque ter você do meu lado já supera qualquer trauma que eu possa ter tido. É você que eu quero. Com ou sem natal. Me perdoa?
- Não.
- Mas o quê? - A voz da garota invadiu a sala subitamente. - ! Larga de ser problemático. A pergunta do foi pra mim! - Riu. - Tá perdoado, meu amor. Eu também fui muito estúpida. Você é mais importante do que ter uma festa de natal. - Se aproximou dele e afundou seu rosto na curva de seu pescoço. - Mas já que você está disposto, eu ficaria muito feliz em poder comemorar todos os anos, com você do meu lado, juntinho de mim.
- Como você quiser, . - As palavras de sairam abafadas pelos cabelos da garota. - Então você é minha noiva de novo?
- Eu nunca deixei de ser, deixei?
- Não pra mim.
- Er... Me desculpe interromper o casal, mas já são onze e meia. Seria uma boa ideia vocês me ajudarem a colocar a mesa pra ceia.
Com sorrisinhos envergonhados e mais felizes do que nunca, e se levantaram para ajudar com a comida que ele havia preparado. Não era muita coisa, mas tinha tudo que uma verdadeira ceia de natal deveria ter.
- , por que você não vai pegar as pilhas lá no meu quarto? - O pediu. - Não é sempre que eu tenho a oportunidade de passar o natal com dois dos meus melhores amigos e eu queria registrar esse momento. Elas estão carregando em uma tomada do lado do computador.
- Tudo bem. - Arqueou uma sobrancelha, achando aquele pedido estranho, mas foi.
- É agora, . Coloca seu presente embaixo da árvore. Aproveita e liga o pisca-pisca.
A garota mais do que rapidamente andou até sua bolsa e tiru de lá o embrulho e o cartão e o colocou embaixo da árvore de natal agora iluminada. O voltou, carregando as pilhas e a máquina fotográfica. As fotos foram tiradas enquanto eles comiam, não muito preparadas, coisas mais naturais, jeito de amigos, clima de natal. A ceia estava ótima e, por causa disso, pouca comida sobrou. Quando já dava mais de meia noite e a comida já tinha sido distribuída para alguns mendigos e dada para o porteiro, os três amigos sentaram no sofá, próximos a árvore de natal, para conversar.
- ... - A chamou. - Acho que o Papai Noel já passou por aqui. - Sussurrou em seu ouvido enquanto pegava o pacote com motivos natalinos. - Feliz natal, meu amor.
- E o meu, ? Eu não abri. Ele ficou embaixo da árvore. Eu quero uma entrega especial também!
- Seu bobo. - A riu e pegou o embrulho branco. - Feliz natal, zinho!
- ... - disse. - Obrigado. - E beijou o lóbulo de sua orelha. - Perfume só serve se for ganhado de você. Eu adorei. E espero que você também.
- Eu também adorei, . - Deu um selinho em seu noivo. - Gostou do seu presente, ?
- , você é demais! Como você sabia que eu precisava de uma carteira nova? - E então a abraçou. - Hey, , eu não sabia que você vinha. Eu não comprei nada, mas...
- Sem problemas, . Eu também não trouxe nada pra você. Claro, tem o... AI, MEU DEUS!
- Que foi, ? - se preocupou.
- Eu esqueci seu presente no carro.
- Tudo bem, depois eu pego. - Ela sorriu adoravelmente.
- Não, . Já era. Você não sabe o que eu fiz pra chegar até você. - Ele soltou um risinho nervoso. - Furei uma meia, caí de bunda na escada molhada de neve, peguei trânsito, deixei meu carro no congestionamento e andei um pedação a pé na neve e depois dei meu carro preso no congestionamento pra um cara que tinha um fusca laranja que tava na frente do congestionamento. Eu saí tão apressado que esqueci de pegar seu presente. E o presente da sua mãe. Que bom que você não foi pra Essex. Eu não iria querer chegar lá de mãos abanando.
- Um presente pra mim e outro pra minha mãe? - A estava espantada.
- E nenhum pra mim? - questionou com uma voz irônica.
- O que era, ?
- Bom, eu comprei... Uma flauta pra você.
- ! Você gastou uma dinherama em uma flauta pra mim? Eu não acredito. - Levou as mãos à cabeça. - E ainda perdeu a flauta? , você não se sente culpado por ter gastado dinheiro à toa?
- Tudo bem, meu amor. - Deu um selinho na . - Foi pra você. Eu não gastei à toa. Gostou do presente.
- Amei... - Ela estava chocada. - E pra minha mãe?
- E pra mim, você quer dizer, né, ? - a cutucou rindo.
- Eu ia levar a sobremesa. Você sabe que eu não sei preparar nada... Aí eu tinha comprado uma rapadura.
- Cara, você sabe que eu amo rapadura! - O deu um soco em seu joelho.
- Agora é tarde, cara. Meu carro já era. Eu sou o mais novo proprietário de um fusca laranja. E já está na hora de ir, né... Senão, daqui a pouco, a pede outro martini e eu não vou querer uma bêbada na minha casa.
- E quem disse que ela vai pra sua casa? - puxou a garota pela cintura. - Pede permissão. - Ela riu.
- , eu posso levar a pra minha casa?
- Pode. - Os outros dois riram.
- Então vamos, amor. - A se levantou do sofá, pegando seu cachecol e o enrolando no pescoço. Pendurou a bolsa no ombro direito e foi, junto com seu noivo, para a porta. - Tchau, zinho! - Deu um beijo no rosto dele. - Foi muito bom passar a noite com você.
- Com você também, . - O respondeu de um jeito malicioso.
- Larga de ser idiota, . - Sorriu. - Feliz natal.
- Feliz natal. - Respondeu com um sorriso. - Feliz natal pra você também, Grinch.
- Feliz natal, . - abraçou o amigo. - Até mais.
O casal esperou o elevador chegar e então entraram.
- Vestido vermelho, cachecol verde... Você realmente entra no clima, hein?
- Eu faço o que eu posso, . Vale a pena no fim. E você vai ver que é verdade nos nossos próximos natais.
Os dois se beijaram logo antes da porta do elevador se abrir.
- Pronta pra andar de fusca laranja? - O riu.
- É... Eu acho que sim.
Os dois caminharam para fora do edifícil e, para a surpresa de ambos, o carro não estava lá. No lugar, o Astra preto que tinha deixado no engarrafamento com uma pequena alteração: um bilhete pendurado na janela.
"Olha, meu jovem, eu fico feliz de poder ter ajudado, mas eu realmente não estou muito acostumado com carros modernos. Essa coisa de direção hidráulica e câmbio automático me irrita profundamente. Seu carro está intacto e eu fiquei com o meu Fusca, como deve ser. Eu tenho a chave reserva, então a usei pra abrir o carro. Não se preocupe por estar com a chave original, tenho certeza que com um carro desses, você não vai querer o meu fusca. As chaves do seu carro estão atrás do pneu frontal esquerdo. Espero que você esteja bem com a sua garota."
- ! Seu carro! - A berrava de felicidade. - Você não perdeu seu carro!
- Eu sei, ! Meu Deus! Isso é um milagre! - Tirou as chaves e abriu o carro. - A flauta, a rapadura! Tá tudo aqui! , leva a rapadura e pede pro porteiro entregar pro !
A garota rapidamente o fez e voltou para o carro.
- , você tem muita sorte. - Falou já do lado de dentro do veículo.
- Eu sei, eu sei... - Acariciou o volante. - Agora... Abre seu presente. - Entregou a caixa e rasgou o embrulho, revelando uma flauta transversal prateada. - Gostou?
- Amor... - Seus olhos diziam tudo. - Muito! Muito obrigada, !
Depois de um beijo caloroso, deu a partida no carro. O caminho até a casa foi tranquilo, como sempre deveria ter sido. Eles eram feitos um para o outro e em tudo se completavam, eles sabiam disso. Nada poderia separá-los, muito menos uma simples comemoração do natal.
Entraram no apartamento de conversando casualmente. A sensação que ambos tinham quando estavam juntos era magnífica e nada poderia se comparar àquilo.
- Sabe, , eu estou começando a achar que esse seu vertido vermelho e seu cachecol verde não são apenas pra entrar no clima... Você é a minha Mamãe Noel. Os melhores presentes, aqueles que eu nunca pensei que pudesse ter um dia, foi você que me deu. Eu te amo. - Caminhou até ela e a abraçou pela cintura, estalando um selinho no canto de sua boca.
- Eu também te amo, . Eu sempre soube que nosso amor era forte. Agora eu tenho a confirmação disso.
- É forte. E vai ficar mais forte a cada dia. Esse foi só o primeiro natal, . E eu tenho certeza que teremos muitos outros. - A soltou e caminhou até a poltrona, onde deixou as chaves do carro.
- Você se importa se não formos só nós dois?
- Por quê? Quer chamar o mais vezes? Eu digo, foi legal, mas uma hora ele vai querer passar com a namorada dele e... - Se voltou para a a .
- Tá, o também, mas eu estou falando de outra pessoa. - E então, sobre seu vestido vermelho, a levou as mãos até a barriga. , entendendo tudo que sua noiva tinha pra dizer, segurou o rosto dela selou seus lábios nos da mulher que ele mais amava no mundo e que, agora, esperava a criaturinha que, ele tinha certeza, ele mais iria amar no mundo.
FIM
Nota da autora: Primeira fic que eu escrevo pro Challenge e primeira também é a primeira fic que eu resolvo tornar pública. Espero que vocês gostem e, se ela chegar a ganhar alguma coisa, sei lá, não esqueçam de comentar ;D
Beijoos :*
Clarinha