- Mamãe, levante! É Natal, vamos abrir logo os presentes! – um garoto entrou sorrindo e arrastando sua manta pelo quarto.
- , desce. – os pequenos olhos pararam no lado vazio da cama, provocando-lhe uma careta.
- Onde o papai foi? – voltou-se para a mulher, que permanecia de costas para a porta.
- , desce! – assustou-se com o tom grosso, dando um passo para trás.
- Mamãe...
- AGORA!
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- Ele foi embora, . Não sei o que fazer, não sei como vai ser... – as lágrimas escorriam livremente por sua face enquanto era abraçada pela irmã. – E o ?
- Vamos dar um jeito, querida. Às vezes, pode ter sido o melhor, não poderia crescer com um pai bêbado. – o garoto olhou pelo vão da porta que levava a sala, sumindo com o sorriso de antes.
- Mas não tenho como cuidar dele, . – as palavras soaram para ele como um baque, sentando no chão e encarando fixamente a porta de entrada.
- Se você quiser, posso tomar conta dele, . – seus olhos encheram de lágrimas, aproximando-se da mãe.
- Por que o papai nos abandonou, mamãe? – a voz chorosa tomou-lhes a atenção, abraçando a manta fortemente.
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- ! – a garota arfava, dando leves soluços. – O está no hospital!
- Como assim? Ele disse que iria pra uma festa e...
- Ele bateu o carro, ! – gritou com certo desespero, puxando um pouco de ar.
- O QUÊ? Como, ele ta, ?
- O médico disse que está com ferimentos graves em uma parte da cabeça e... , não sei o que fazer! Ele não está dizendo coisas lógicas e...
- Qual o hospital?
- Aquele no centro de Londres... – suspirou pesadamente, levantando em um impulso e colocando o casaco.
- Estou indo para aí.
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Sentou-se bruscamente na cama, sentindo o suor espalhado pelo corpo. Virou-se para a cômoda ao seu lado com um copo de frapuccino, suspirando. Ainda tinha tempo para dormir mais um pouco antes de ter que cuidar da gravadora e... Um copo de frapuccino?
- , ACORDA, ! – sentiu um peso ser jogado em cima de si, soltando um riso alto. – Tem panquecas prontas. – olhou de soslaio para o sorridente.
- Tem?
- Mas queimaram. – riu escandaloso, levantando-se e saindo rapidamente do quarto.
Sorriu fraco, segurando o copo firmemente e arrastando seus pés para a sacada, recebendo uma brisa gélida em seu rosto ao abrir a porta com extrema força. Sentou em uma das cadeiras, dando um gole em sua bebida e olhando para a casa ao lado, logo batendo os olhos na jovem que parecia atenta em abraçar o pequeno filhote de Old English Sheepdog.
- Não acha que está atrasada? – mexeu o indicador nervosamente pelo copo ao sentir o olhar dela sobre si.
- Não acho que meu vizinho tenha que saber da minha vida. – riu vendo-o abaixar a cabeça. – Mas acho que meu melhor amigo poderia... Pedi demissão da Starbucks.
- Como assim? Você endoidou? – ele encarou-a novamente, abismado.
- Não, apenas acho que preciso de algo melhor.
- , o que pensa que está fazendo? Sua família não pode te recolher sempre. - percebeu o sorriso dela sumir, levantando bruscamente e deixando-o, sem entender o que houve.
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- Então ela saiu irritada e não me explicou porquê ficou assim. – abriu o porta-malas, tirando alguns instrumentos de lá.
- Nós poderíamos adotar ela. – abriu um sorriso enorme, carregando algumas guitarras.
- Você tomou o remédio que o médico mandou, ? Se não, vou ligar pra sua enfermeira e contar como você tem sido um garoto mal.
- Talvez. – ergueu uma sobrancelha, correndo para dentro do estúdio. – Ainda pretendo adotá-la.
- , não quero ligar para a pra dizer que tenho que te internar novamente. – resmungou alcançando o amigo.
- Mas por que não, ? Ela merecia ter pais. – o barulho de alguns instrumentos se fez presente, fazendo com que virasse para o loiro.
- Ela não tem pais? – encarou-o sério, tentando recolher o material no chão.
- Não, como você pode ser tão idiota? Ela mora ao seu lado há anos e você não sabe nada sobre a vida dela? – negou com a cabeça, coçando a nuca. – Ela foi abandonada na porta de um orfanato com um pouco menos de um ano. Agora podemos adotá-la?
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Os passos se apressavam tentando segurar o filhote, arrancando risos ao lado de fora pelos berros que podiam ser ouvidos. Bufou, fechando a pequena cerca da cozinha ao vê-lo entrar ali e correu em direção a porta de entrada.
- ! – sorriu, pulando no garoto e abraçando-o forte, empurrando-o para dentro. – Ah... . – resmungou, dando-lhe passagem.
- Desculpa, eu... Não sa. – deu de ombros, fechando a porta. – Se quiser, preciso de uma ajuda na gravadora, e você seria a pessoa ideal pra trabalhar lá.
- Tanto faz. – virou-se, escondendo o sorriso do garoto. – , se meu sofá rasgar, juro que te faço pagar outro!
- Não sou gordo, ! – reclamou ainda pulando. – , ela está dizendo que preciso parar de comer!
- , vai caçar pulga onde não tem. – riu, sentando na poltrona e puxando a garota para sentar ao seu lado.
- ! Ele não falou sério. – gargalharam ao verem o rapaz começar a abaixar as calças. – Estava pensando... Você poderia montar minha árvore enquanto eu e vamos as compras de Natal amanhã?
- Er... – olhou para o lado. – Acho que não.
- Ah, , por favor?
- Não. – levantou-se apressado, indo até a cozinha.
- Mas assim vou ficar sem árvore esse ano e... E... – gaguejou com os olhos lacrimejados falsamente.
- Não deixe o sozinho na loja.
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- ... O quê o tocava na banda? – a garota perguntou, entrando na primeira loja que viram.
- Guitarra. – ele disse, afastando-se um pouco dela.
- , volte aqui! – imitou seus passos, mas parando ao vê-lo se aproximando com algo nas costas. – O que é? – perguntou temerosa, imaginando o que viesse das mãos do garoto.
- Poderíamos dar essa flauta. – sorriu de ponta a ponta em seu rosto, mostrando o instrumento.
- , mas o q...
- Tem quase o mesmo som que uma guitarra. – ela riu alto da afirmação, deixando-o assustado.
- Ah, sim, desculpe... Mas não acha melhor comprar uma guitarra para ele?
- Não, tenho certeza que o sempre sonhou em ter uma flauta, ele vai gostar tanto dela que vai tocar toda noite e...
- Ok, , nós podemos dar... Er... Uma flauta para ele, mas acho melhor levarmos outro presente também. – sorriu de um jeito materno. – Andou choramingando que seus cachecóis estão velhos. – virou-se, arrastando seus passos pelos corredores.
- O que estamos procurando mesmo? – apareceu ao seu lado com um cachecol vermelho e verde em seu pescoço.
- AH! Esse é ideal, obrigada, ! – sorriu, puxando o cachecol para si.
- Mas... – ele olhou-a confuso, dando de ombros.
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aumentou o som do carro ao máximo que pode, vendo o garoto fingir tocar algum instrumento enquanto se agitava no banco de passageiro.
- Você poderia se tornar um astro do rock. – secou uma lágrima que escorria pela bochecha vermelha e resmungou vendo que nenhum carro se mexia.
- Oh não, fama não é para mim, não mais. – sorriu fraco, fazendo-a perceber que pisou em falso sem querer, colocando uma das mãos em seu ombro.
- Não foi sua culpa, . – ele confirmou com a cabeça, arrancando um leve sorriso dela. Olharam para frente, percebendo que iria demorar para conseguirem sair daquela rua com o congestionamento.
- , o carro fuma? – perguntou inocente ao ver a fumaça saindo do Fusca.
- Ah, não... Não, não, não! – saiu desesperada do carro, levantando seu capô e recebendo várias buzinadas por não andar os míseros metros que poderia. – Droga!
- Leva a lata velha para o museu! – alguém berrou, fazendo-a corar.
- Vamos ter que arrastá-lo para a próxima rua. – suspirou, ouvindo um grito de felicidade de , fuzilando-o.
Olhou a sua volta, percebendo que, algo em seu favor, a rua estava a poucos metros.
- O que vai fazer? Abandonar o pobre Fusquinha? – o garoto perguntou enquanto empurravam o carro com certo esforço.
- Ah, claro . Vou deixar ele largado aqui e fingir que nunca tive esse carro. – riu irônica, terminando de colocar o Fusca no começo da rua não congestionada. – Vou deixar aqui por um tempo e vender... Isso se alguém quiser um Fusca tão acabado. – reprimiu a careta, apanhando as sacolas dentro do carro.
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Andavam calmamente pela neve, apertando os casacos contra seus próprios corpos enquanto estava mais atrás, como se quisesse vigiar o garoto.
- ! - correu para alcançá-lo ao vê-lo tirar o casaco. - O quê está fazendo? Pode colocar de volta!
- Mas está calor! – ele resmungou, arrastando-o pela neve.
- O QUÊ? Está sabe-se lá quantos graus negativos!
- Mas ainda está calor. – vestiu o casaco a contra gosto, voltando a andar.
- Quer ter uma conversinha séria com a ? – cruzou os braços, acompanhado-o e tirando os flocos brancos de seus ombros.
- A quer conversar comigo? O que ela quer? Quer que eu volte para aquele lugar estranho cheio de loucos?
- Hospício?
- Isso!
- Não e... , você está me confundindo!
- Isso não muda que está calor... – reclamou o mais baixo que pode, soltando um riso abafado.
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- Feliz Natal... – bocejou, abrindo a porta e sorrindo para os dois garotos.
- Feliz Natal! – berrou, vestido de rena, abraçando-a fortemente.
- Deixei seus presentes embaixo da árvore. – riu baixinho vendo-o correr para a sala. – Feliz Natal, ! – voltou-se para o garoto.
- Er... Obrigado. – deu-lhe um fraco sorriso, mostrando algumas taças em uma das mãos e na outra uma garrafa de vermute e outra de gim. – Pensei que poderia animar a festa.
- O que está esperando? Dois Martinis, por favor, e olha o peru da ceia no forno, ok? – rindo, fechou a porta, logo tirando o sorriso do rosto ao ouvir um barulho estridente vir do cômodo ao lado. – ? – olhou pelo vão da porta, gargalhando ao ver o garoto caído no chão abraçado a árvore.
- A estrela disse que estava desconfortável... – sorriu inocente, sendo levantado pela garota. – Acho que amassei algo. – olharam para o embrulho rasgado e espalhado pelo chão.
- Ah, droga... – pegou o cachecol vermelho e verde e, virando-se bruscamente, chocou-se com o , derrubando as taças de Martini em cima do presente. – Outch!
- Er, desculpa , não era pra... – calou-se ao perceber a proximidade de seus rostos, arrancando um sorriso de e roçando seus lábios. – Feliz Natal.
- Podemos comer? A ceia vai esfriar... – reclamou emburrado. – E esse cheiro de queimado está me irritando.
- O PERU!
FIM
Nota da autora: Não foi uma das melhores histórias que escrevi, mas foi a que eu mais me esforcei em ficar ótima e em pouco tempo, então acho que dá pra ler. O que acharam? Comentários fazem bem e é uma ótima forma de recompensa por tudo (: e quero agradecer a todos que me aturaram reclamando que não conseguiria acabar e... Acho que é isso .__. Odeio finais, então vamos pensar que eu possa reescrever isso um dia e deixar mais completa. Xx