Sick For You
por Maria Eduarda


Challenge #02

Nota: 8,4

Colocação:




Dia vinte e seis de Fevereiro de 2010.
Sexta-feira, seis horas e trinta e três minutos da manhã.
Acordei com o despertador. Demorei o mesmo tempo de sempre pra levantar da cama.
Era sexta e toda sexta era dia de ver Samantha.
Meu dia foi tão estranho como sempre fora, passei um tempo escrevendo e me adiantei bastante no trabalho. Limpei a cozinha pelo menos duas vezes e ás 5:30 eu já estava satisfeita.
Fui para o banho. Comecei pelas mãos; trinta e uma voltas com a esponja em cada parte do meu corpo e em 45 minutos meu banho havia terminado.
Arrumei minhas coisas para ir pra casa de Charlie, minha mala era exageradamente grande. Cinqüenta e seis passos exatos até a garagem. Mais doze passos cheguei a minha vaga.

No caminho para Manchester minha mente vagava por todas as maneiras que eu poderia estragar esse final de semana, era muito difícil ser uma estranha para sua própria filha. Eu não cansava de me culpar por tudo que aconteceu em nossas vidas, não adiantava me dizer que eu não tinha culpa, eu tinha. Uma grande parcela de culpa, e eu não me importava de carregar a culpa comigo, minha vida já era um fiasco á tempos, um pouco a mais ou um pouco a menos de culpa não faria mal.
Eu pensei em varias maneiras de me dar bem com Samantha, ela era tão difícil. Não me lembro de ser tão difícil quando eu tinha dez anos, já Samantha era um tanto precoce.

Eu já estava viajando fazia uma hora, o tempo não estava muito bom, eu odiava viajar com chuva, mas eu não voltaria para trás, não hoje.

Pelo retrovisor eu vi uma Mercedes preta, ela vinha em meu encalço fazia alguns minutos.
A chuva apertava cada vez mais, o céu estava coberto de nuvens cinzas os trovões me davam arrepios, minhas mãos começavam a suar frio.
Em um segundo eu vi uma luz branca vinda do céu, no outro um barulho ensurdecedor, no mesmo segundo um arvore caindo na minha frente. Eu freie, mas o carro não parou.
O carro foi derrapando, quando eu percebi que não pararia antes de chegar na arvore eu fechei meus olhos fortemente e fechei minhas mãos o mais forte possível em volta do votante. Senti a colisão e bati o rosto no volante. Abri meus olhos e vi a fumaça que saia do carro do lado de fora. A chuva continuava caindo, não conseguia me mexer.
Levei minha mão até minha testa, e encostei em algo quente que escorria pela mesma.
- Não pode ser sangue... – minha voz saiu chorosa.
Fechei os olhos e minhas mãos começaram a tremer. Sangue não.
Eu ouvi algumas batidas no vidro, olhei pro lado e tinha um homem gritando para eu abrir a porta, eu destravei e ele a abriu.
- Você está be-bem?
- ‘To sangrando. – eu continuava com os olhos fechados.
- Olha pra mim. – pediu.
Eu abri meus olhos de vagar, eu não queria abrir, mas sua voz me passou uma tranqüilidade e eu abri inconseqüentemente. E encarei um homem de olhos , com uma camisa azul-marinho encharcada.
- Você pode andar?
- Acho que não. – agora eu sentia minhas pernas formigaram.
Ele passou o braço pelo meu joelho e me tirou do carro.
- Não! Eu vou pegar uma gripe.
Ele riu, e me carregou até seu carro. Era o Mercedes preto que eu havia visto agora pouco. Eu me sentei no banco do carona e agora eu estava tão molhada quanto ele, ele pegou um casaco e deu pra mim. Enrolei-me e continuei a tremer.
- Minha bolsa. Eu preciso de um comprimido pra gripe.
- Moça, foi só uma chuvinha... – eu me levantei do carro para ir até o outro pegar minha bolsa.
– Eu pego. – ele me impediu, entortou as sobrancelhas e fez um careta.
Minha cabeça ainda latejava, e eu estava tremendo mais do que antes.
Ele voltou correndo, e entrou no carro batendo a porta.
Eu tomei alguns comprimidos para gripe e depois liguei para a companhia de seguro. Eles me disseram que iriam demorar no mínimo 7 horas para chegar ali.
- Acho que eu vou te levar pro hospital.
- Hospital?
- É você está tremendo e tem um corte na sua testa. – eu fiquei estática novamente, eu estava me sentindo tão suja, eu precisava de banho, e ainda estava sangrando eu podia pegar uma infecção naquele corte.
Eu concordei avidamente com a cabeça. Eu pedi para pegar minha mala que estava no meu carro e ele foi buscar, cavalheiro de novo.
- Obrigada. – sorri.
- A propósito, sou .
- . – eu olhei para ele, e pela primeira vez na noite eu prestei atenção nele, tinha lábios finos, seus olhos eram absurdamente e seu cabelo era e estava desarrumado e molhado. Sua boca se mexia para o lado direito, pareia ser um cacoete, mas não era nada muito exagerado, era até engraçado. Formava um quase um sorriso de lado.
Ele olhou pra mim e percebeu o que eu o estava olhando, eu desviei meu olhar rapidamente para a janela.
Ele sorriu e começou a dirigir. Passamos do lado do meu carro que estava praticamente dentro da arvore caída na estrada. Ele desviou da arvore e fomos para um hospital.
Foi tudo rápido, e em poucos minutos eu estava no hospital.
foi comigo, ele até me ajudou a preencher a fixa do convênio, eu continuava tremendo muito. Às vezes sua mão tremia, se mexia involuntariamente e eu achava que ele estragaria a fixa, mas ele não errou uma letra se quer.
- do que? – eu sorri quando vi seu quase-sorriso-de-lado aparecer depois dele gaguejar meu nome.
- Santos.
Alguns estantes depois eu estava esperando ser medicada.
Me senti um pouco desconfortável com o casaco de dentro do Hospital, já que estamos perto do climatizador, mas eu não o tirei. Eu estava me sentindo bem com o cheiro de perfume que emanava do casaco. Normalmente eu o jogaria longe, com medo de ter alergia do perfume ou medo de estar sujo. Mas hoje, eu não estava ligando muito pra isso.
Na sala de medicamento fizeram curativo na minha testa, mas antes eu pedi que o enfermeiro desinfetasse o corte duas vezes. Tomei uma vacina para dor e o médico receitou alguns medicamentos. Que eu comprei na farmácia do hospital mesmo, e já tomei alguns antes mesmo de sair de lá.
riu do meu desespero. Eu estava me sentindo bem ao lado dele.
- Obrigada por tudo, . – falei assim que chegamos no carro novamente, ele sorriu em resposta. Eu pensei por um momento se não fosse atrás do meu carro, como tudo estaria. Eu agradeci mentalmente ter aparecido na minha vida naquele momento.
- Onde eu deixo você?
- Pode me deixar em algum hotel, amanhã eu pego um táxi para Manchester.
Passamos pelo primeiro hotel e tinha uma placa “Não temos vagas”. Mas três hotéis se passaram e nenhum havia se quer uma vaga.
- Acho que você vai ter que ir pra minha casa.
Eu fiquei muito assustada, eu jamais dormia na casa de alguém. Eu precisava de lençóis limpos toda noite, não era fácil me hospedar em casa de estranhos com minha doença.
Eu já estava enlouquecendo por ter que dormir em um hotel.
- Não, ... Não precisa.
- Onde você vai passar a noite? Já é tarde.
- É porque eu sou...
- Sem papo, em uma hora chegamos na minha ca-casa. – sorriu.
Por mais estranho que isso seja, eu aceitei a oferta.
Quarenta e cinco minutos depois estávamos parados em frente a um edifício enorme, eu deduzi que estávamos em Sheffield pelo o tempo da viagem.
Descemos do carro e ele me ajudou a carregar minha mala até o elevador.
Podem me achar uma idiota, ele podia ser um assassino, ser do trafico de mulheres ou um maníaco e eu estava ali, naquele elevador indo direto para sua casa. Incrível era minha tranqüilidade naquele momento, eu não tinha medo dele, ele parecia ser a pessoa mais doce que eu já tinha visto.
Quando o elevador estava quase chegando ao décimo andar eu senti um friozinho na barriga. Era agora o nunca que eu saberia se era ou não um maníaco, mas algo me dizia que ele era mesmo um homem gentil que estava tentando me ajudar.
Saímos do elevador, chegamos até porta com o número 1.003, do elevador até a porta eu havia dado treze passos. olhou para mim e sorriu.
- Amber vai adorar você.
Então era isso, ele não era um maníaco, ele só era casado.
Ele era casado.
Eu estava indo pra casa de um cara casado, a mulher dele vai me achar uma vadia que se hospeda na casa de qualquer um. Eu estava muito ferrada.
Idiota, idiota, mil vezes idiota!
abriu a porta e carregou minha mala até o hall, eu continuei parada na porta em meu transe “ele é casado” e pensando quantos minutos Amber demoraria pra me expulsar da casa.
olhou pra mim interrogativamente.
- Papai? – uma voz de criança me acordou do meu transe e um menino de no máximo quatro anos veio correndo até e pulou em seu colo.
- Oi, você ta pesado.
Além de casado ele tinha um filho. Um filho lindo devo mencionar, que tinha os olhos tão quanto os do pai.
- Quem é ela? – ele perguntou apontando pra mim.
- . – respondeu. – Entra.
Eu dei dois passos e fechou a porta atrás de mim.
- Esse é Cory, meu filhão. – Cory sorriu quando o chamou de filhão, e eu achei isso muito fofo.
- Oi Cory.
Sorri um tanto sem graça.
- Venha vou te a-apresentar para Amber.
Andamos pelo grande apartamento de até a cozinha.
Na mesa tinha uma menininha que tinha a idade de Samantha, ela estava sentada e comia um grande pote de gelatina de morango. Quando ela percebeu a movimentação, ela olhou para onde estávamos parados e veio na direção de sorrindo.
Ele se abaixou e deu um beijo demorado no rosto da menina, a mesma olhou para mim séria e eu devia estar com minha melhor cara de boba com a situação.
- Amber essa é .
Então, Amber era a filha dele. Um alívio tomou conta de mim, eu não sabia ao certo porque eu estava aliviada em saber que não era casado, mas ele tinha dois filhos, então acredito que tenha uma mulher na história.
- Oi Amber, tudo bem?
- Tudo e você? – Amber me olhou de cima a baixo e respondeu cabisbaixa.
- Não muito. – suspirei.
- Porque? – ela levantou o olhar até mim.
- Eu bati meu carro.
- Sério? – seus olhos brilharam e sua pose cabisbaixa parecia ter ido embora.
- Sim, em uma árvore.
- Nossa você matou uma árvore?
riu, eu olhei para ele que observava-nos conversando.
- Na verdade, a árvore que quase me matou.
Ela sorriu e voltou para mesa e para seu grande pote de gelatina.
-E-Eu sabia que ela ia te adorar. – disse enquanto colocava Cory no chão que saiu correndo para sala onde uma imensa televisão passava desenho animado.
Uma senhora que veio de outro cômodo perto da cozinha se assustou quando nos viu.
- , meu filho onde você estava? – ela tinha olhos cansados e castanhos, seu cabelo era completamente branco e ela carregava uma bacia cheia de brinquedos.
- Desculpe o atraso, Ellen. Teve um acidente na estrada...
- Você se machucou?
- Não, na verdade ela que sofreu um acidente eu só ajudei. – ele apontou pra mim.
- Oh, querida você está bem?
- Sim, estou bem agora, graças a .
- Nossa essas estradas estão um perigo!
Depois de Ellen fazer um discurso sobre como as estradas estão perigosas, como a chuva atrapalha a dirigir e sobre sua vizinha que por coincidência também havia batido a carro em uma árvore, nós nos despedimos dela e ela foi embora.
me levou até o andar de cima de seu enorme apartamento. A escada tinha dezessete degraus, mas é claro que eu contei. Lá ele me mostrou o quarto e me disse que me levaria até Manchester de manhã. Eu recusei, recusei e recusei.
Ele me encarou por um tempo, seu quase-sorriso-de-lado estava lá de novo. Eu fiquei um pouco constrangida com o tempo que ele ficou me encarando.
Ele piscou algumas vezes e pareceu acordar.
- Me de-desculpe, vou deixar você so-sozinha. Fique à-vontade. E amanhã eu vou te levar. Sua mão que às vezes parecia ter vida própria fechou a porta e eu fiquei sozinha no grande quarto azul.
Fui até a cama e abri minha mala, tirei lençóis e uma fronha da mala, e forrei a cama.
Contei quantos passos eram dados da cama até a porta do banheiro. Sete Passos.
Contei quantos passos eram dados da cama até a porta do quarto. Oito Passos.
No banheiro, da porta até o Box do chuveiro eram cinco passos.
Peguei minha escova de dente, pasta, toalha e um pijama e fui até o banheiro.
Arrumei em cima do lavatório a pasta, um centímetro de distancia da escova.
Pendurei a toalha e meu pijama e abri meu sabonete e liguei o chuveiro.
Eu estava com a cabeça em outro lugar, eu pensei muito sobre o que me aconteceu hoje e me perguntava que diabos eu estava fazendo ali. Esses pensamentos me desconcentraram algumas vezes e eu tive que recontar as vezes que eu me ensaboava duas vezes a mais.
Sai do banho e meu celular dentro da bolsa apitava.
Três Ligações perdidas de Charlie.
Liguei para ele.
- Charlie?
- ? Meu Deus onde você está?
- Eu estou em Sheffield.
- Sheffield?
- Bati o carro...
Nossa conversa foi longa, eu ouvi um sermão sobre que eu deveria tomar cuidado na estrada e ele se xingou por não poder ir vir me buscar. Eu disse que estava tudo bem, e contei sobre o que fez ele dar alguns gritos e me chamar de louca e irresponsável, mas depois ele me pediu para agradecer por ele. Não consegui falar com Samantha, ela já estava dormindo.
Minha noite foi longa.
Acordei, me virei e peguei meu celular que estava do lado da cama.
Seis horas e trinta e três minutos da manhã.
Contei, antes de levantar. Esse era um de meus hábitos mais estranhos, eu não levantava da cama antes de contar até 31.
Me assustei quando olhei para a porta do quarto e Amber estava lá, com um pijama com estampa de palhaço.
- Nossa você me assustou Amber.
- Desculpe.
Ela entrou no quarto e se sentou ao meu lado na cama. Ficou em silencio por um tempo e depois olhou nos meus olhos.
- Você é namorada do papai?
Fiquei boquiaberta.
- Na-não, Amber.
- Ufa. – ela sorriu. – Não quero que o papai namore ninguém.
- Porque?
- Porque quando mamãe voltar ele tem que casar com ela de novo.
- Voltar de onde?
- Ela viajou, para Grécia por causa do trabalho. Papai ficou triste por ela deixar a gente e se separou dela. – Amber contou aquilo com muita mágoa.
- Você sente falta dela?
- Às vezes, eu não me lembro muito dela. Ela não passava muito tempo comigo e com Cory.
Meu coração foi esmagado, Amber era parecida com Samantha.
Eu pensei quantas mágoas Samantha guardava de mim, se fosse o tanto que Amber guardava de sua mãe eu estava perdida.
Eu desisti de Samantha, eu me afundei nas minhas mágoas quando o pai dela morreu, eu fiquei mais problemática do que eu já era. Eu sei que Charlie e Emma cuidam bem dela, mas ela precisa de mim. E eu não vou falhar dessa vez.
Samantha me chamou para tomar café da manhã. Eu me troquei e arrumei minhas coisas e desci minha mala até o andar de baixo.
Cory me puxou até a cozinha.
Sentei-me na mesa me sentindo uma intrusa, usava um avental rosa e preparava panquecas.
Foi muito agradável ouvir Cory tagarelar o tempo todo, e ver Amber rindo de qualquer graça que fazia. Eu percebi como ela era parecida com , ela tinha o cabelo como o dele.
Saímos de casa, treze passos até o elevador. As crianças vieram junto conosco, elas iria para Londres com o pai, eu descobri que era advogado e as crianças iriam ficar na casa dos pais de que moram em Londres.
Chegamos em Manchester muito rápido, me distraí conversando com Amber e Cory. Geralmente eu sou muito fechada, mas quando conversava com Amber eu me sentia bem, eu sentia que eu levava jeito com crianças.
Contei para Amber que eu tinha uma filha, ficou surpreso e Amber ficou feliz e pediu para que eu levasse Samantha para brincar com ela qualquer dia.
Paramos na porta da casa de Charlie, ajudei carregar minha mala e apertei a campainha.
Uma Emma sorridente atendeu a porta.
- ! – me abraçou.
- Oi Emma, esse é .
- O-oi Emma. – estava nervoso.
Samantha apareceu na porta e eu a abracei e a levei até o carro para conhecer as crianças, ela pareceu gostar deles.
E então, nos despedimos e antes de entrar no carro ele olhou para mim, seus olhos brilhavam.
- Se cuida. – e lá estava o quase-sorriso-de-lado. Eu sorri abertamente para ele. E ele se foi.
Os dias seguintes tudo correu bem, o seguro cobriu os danos do meu carro.
Samantha parecia estar feliz em me ver, eu coloquei meu plano em pratica e perguntei se ela não achava que era a hora de vir morar comigo.
O “Sim, Mamãe” que ela disse me fez a mulher mais feliz e mais chorona do mundo.
Meses haviam se passado desde que eu conheci , nunca mais o vi. Nem mesmo sabia seu telefone, isso me deixava triste. Eu queria ter tido mais tempo com ele.
De vez em quando eu sonho com o acidente e com os olhos que brilharam tão intensamente em minha direção.

Depois daquele acidente eu me senti melhor, eu estava melhorando no aspecto do meu Transtorno Obsessivo Compulsivo, Samantha tem me ajudado nisso. Eu me preocupo mais com ela do que com a migalha em cima da mesa, mas no final do dia eu sempre vou lá e tiro a migalha e limpo a mesa.
Meu maior pesadelo se tornou realidade quando Charlie deu um cachorro para Samantha, eu fiquei maluca. A sujeira, a bagunça, mas a alegria de Samantha me ajudou a superar.

Cinco meses e três dias desde meu acidente.
Cinco meses e três dias sem ver .
Levantei na mesma hora de sempre, demorei o mesmo tempo de sempre para levantar. Acordei Samantha e a arrumei para escola e fui alimentar Alf. e dei um pulo quando achei uma pulga nele. Levei Samantha pra escola e fui direto para o veterinário.
O veterinário era muito lindo e ficou me cantando. Isso me irritou, eu estava com um animal cheio de pulgas, eu podia pegar m doença naquele consultório cheio de animais e ele estava mais interessado em me cantar.
Saí do consultório e passei no parque que ficava ali por perto e andei um pouco com Alf. Sentei-me em um dos banquinhos que ficavam no lugar e Alf sentou nos meus pés.
Eu fiquei ali durante um bom tempo, algumas crianças jogavam basquete, outras choravam e algumas riam e suas mães sempre estavam atrás.
Alguém sentou ao meu lado, eu nem fiz questão de olhar quem era.
Senti-me um pouco desconfortável, como se alguém estivesse me olhando, olhei para o lado e um homem de terno preto e camisa azul estava ao meu lado, comendo um cachorro-quente, eu pisquei algumas vezes para ter certeza que era aquilo mesmo que eu estava vendo.
- Oi. – estava ao meu lado.
- O-oi. – sorri.
Alf se levantou e ficou de olho em , ou em seu cachorro-quente.
- Co-como você está? – eu estava gaguejando, patético.
- Bem e você?
- Ah, bem também.
Ficamos em silêncio e continuou comendo seu cachorro-quente, sua mão se mexeu involuntariamente e ele derramou Ketchup em sua camisa azul.
Eu abri minha bolsa e tirei um lenço e limpei sua camisa.
- E-eu sou tão d-desastrado. – soltei um risinho.
- Eu devia ter pegado seu telefone. – foi inconseqüente e, infelizmente, irreversível. olhou para mim um pouco assustado.
- Eu devia ter pegado o seu. – ele estava sério, sua mão mexia involuntariamente e com mais freqüência agora e eu a segurei.
Conversamos muito, me contou sobre sua ex-mulher, sobre a síndrome que sofria. Torrette, Torett... Tourrette, isso. Síndrome de Tourette. Era por isso que ele tinha as falhas na fala, e os tiques na mão. Falou que até o quase-sorriso-de-lado era por causa da síndrome.
Eu não conseguia ver o seu quase-sorriso-de-lado como um defeito. Eu adorava quando ele aparecia nos momentos mais inesperados.
Contou-me que se mudara para Londres e estava feliz morando aqui.
Eu me senti à-vontade em contar sobre o pai de Samantha, sobre a morte dele, minha paranóia, meu Transtorno Obsessivo Compulsivo e minha falta de coragem.
O tempo passou rápido, quando percebi já era noite.
Dessa vez trocamos telefones.
Ele foi para a direita e eu fui para esquerda.
Alguns segundos depois eu ouvi me chamar e quando virei ele já estava tão perto de mim que eu acabei me assustando.
Mais assustada eu fiquei quando ele me beijou, quando seu lábio encostou no meu, quando meu coração palpitou, quando meu sangue esquentou e meus lábios se moldaram ao dele. - M-me d-desculpe, -. – eu ainda estava anestesiada pelo seu beijo, meus lábios estavam formigando.
Nada eu respondi, minha reação foi um sorriso bobo.
Ele me convidou para jantar em um restaurante em Chinatown, eu não ia muito para lá, mas eu aceitei no mesmo minuto.

Eu me sentia diferente, me sentia livre de problemas.
Não sei realmente se isso faz sentido, mas depois que entrou na minha vida eu me sinto totalmente imune a qualquer coisa ruim.
Naquele encontro, em Chinatown eu percebi que me fazia se sentir curada, de tudo.
E quaisquer problemas que aparecerem em minha vida sejam eles doenças, preocupações ou qualquer outra coisa, eu tenho meu remédio particular: Ele tem olhos , um sorriso encantador e meu coração é inteiramente dele.
Em outras palavras, .


FIM



Nota da autora: (08/02/2010) Oi gente, cara eu estou muito nervosa com esse challenge. Eu dei o meu máximo, eu espero que gostem.
Quando eu li as "exigencias" eu fiquei boba, eu até pensei em deixar pra lá e participar do challenge 003 HAHUSAHUSHAUHSA. Mas eu consegui, eu não sei se está bom, não mesmo.
Então é isso, obrigada. Espero meeesmo que gostem. beijos.
Qualquer coisa meu Twitter.


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