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Sick Sucks
por Luiza


Challenge #02

Nota: 6,9

Colocação:




olhou em volta de sua casa. Suas malas, com as ultimas peças de roupa suas que havia naquela casa, já estavam ao lado da porta e todas as suas coisas estavam embaladas em uma caixa que já estava no porta malas de sua Mercedes. Ele respirou fundo e começou a girar a chave na fechadura.
- Pai! – Amber falou olhando para que se virou para a filha com um sorriso. Ela estava ao pé da escada, observando o pai. – A mamãe não sabe o que estava fazendo quando se separou de você. – Ela balançou a cabeça levemente. – Faz dois meses que você saiu e nós já sentimos sua falta.
olhou nos olhos de sua filha, que eram como os dele. Ele deu três pequenos passos largos que os separavam e a envolveu em um abraço aconchegante. Amber o abraçou também, encostando a cabeça no ombro de seu pai e permitindo-se chorar um pouco. piscou os olhos, várias vezes, enquanto abraçava sua filha e fez uma careta.
- Fique tranqüila meu bem. – Ele se separou da filha por um instante. – Corry! – Ele chamou. fez uma mais uma careta involuntária e sorriu. Amber riu um pouco. Sempre achava engraçadas aquelas reações do pai. Um menino pequenino de olhos também apareceu no pé da escada. – Venha cá. – falou estendendo o braço para seu filho. Corry se aproximou e abraçou o pai. O loiro abraçou seus dois filhos e deu um beijo na testa de cada um. Levantou-se e foi em direção a porta. – Vejo vocês no sábado. – Ele sorriu para seus filhos e saiu de casa, e entrou em seu carro.

Pela quinta vez, ela arrumou todos os potes de remédios do armário de seu irmão. estava sentindo uma forte dor de cabeça e estava se preparando para tomar seu segundo comprimido. Ela pegou um remédio para dor de cabeça e, assim que o tomou, arrumou os potinhos que tinham se mexido quando ela pegou a caixa de comprimidos. Ela fechou a porta do armário de remédios e foi para a sala. Seu irmão estava sentado no sofá, vendo televisão.
- Vou ter que sair para trabalhar. – Ela anunciou. – Parece que vão querer que eu faça uma pequena viagem. – se sentou ao lado do irmão, que colocou um braço ao redor dos seus ombros. – Pode cuidar da Julie pra mim não é? – Ela perguntou sorrindo. Adorava pedir as coisas para seu irmão desde que era pequena.
- Claro. Não como eu não cuidar dela. – Ele deu de ombros e olhou para sua irmã, que sorriu e lhe deu um beijo na bochecha. – Dou graças a Deus por você, pelo menos, estar trabalhando e não carregando um filho sem pai com ajuda financeira de terceiros.
- Pelo menos isso. – Ela disse rindo e se levantando. A dor de cabeça bateu de novo. tinha certeza que morreria se aquela dor de cabeça não passasse. Ela andou até a mesinha ao lado da televisão e começou a arrumar os bonequinhos de cerâmica de seu irmão.
- Mãe. – Uma menininha apareceu na porta da sala. correu até ela e a segurou no colo. Julie tinha cinco anos, mas era muito pequena para sua idade. – Tive um pesadelo.
- Own, meu bebê. – Ela falou enquanto arrumava uma mecha do cabelo da menina. – Fique tranqüila que pesadelos nunca acontecem. – Disse para acalmar sua filha. – Mamãe vai passar a noite fora então você vai ficar o tio, tá bem? – Ela perguntou sorrindo.
- Tá bem mãe... – Ela disse dando um pequeno abraço em , que abraçou a filha fortemente também. Ela olhou no relógio e colocou a filha no chão, dando-lhe um beijo na testa. andou até seu irmão e lhe deu um abraço.
- Vejo vocês amanhã. – Ela disse acenando. pegou seu casaco, azul-marinho, do cabide que ficava ao lado da porta, as chaves de seu carro e foi para a estrada.
Ela entrou no carro calmamente, sentando-se e arrumando o retrovisor. Assim que acabou, passou para as moedas, no pequeno porta moedas. ligou o carro e saiu para seu trabalho. Como esperado, ela teria que fazer uma pequena viagem, para resolver algumas coisas para a empresa. Ela então pegou o carro mais uma vez, para sair de Liverpool.
Enquanto dirigia, ela não pôde deixar de reparar em como os outros carros estavam rápidos. Um súbito medo a invadiu. deslizou uma mão pelo volante, até chegar ao porta moedas. Assim que chegou, ela começou a organizá-las. Primeiro por valor. Depois por tamanho. Depois por cor. Depois por valor novamente.
Uma buzina fez levantar a cabeça, mas já era tarde. Os dois carros se chocaram e só foi possível ouvir os alarmes tocando. Com o impacto, bateu a cabeça no volante e acabou desmaiando.

levou alguns minutos para se situar. O espasmo muscular havia vindo em hora errada. Quando conseguiu ver o que tinha acontecido, saiu do carro correndo e foi até o carro que estava de frente para o seu, com o capô todo amassado.
- Moça! – Ele chamou batendo no vidro desesperado, mas ela não se mexeu. Logo ele ouviu sirenes de ambulância e se acalmou um pouco. Suas mãos estavam fechadas em punhos, encostadas no vidro do carro. deu um soco involuntário, rachando um pouco do vidro. O homem se afastou um pouco. Viu que a testa da moça estava sangrando e não queria machucá-la mais. Os médicos foram rápidos, a tiraram do carro e a colocaram em uma maca, imobilizando seu pescoço.
- Eu posso ir? - Ele perguntou um pouco inseguro para um dos paramédicos. - Fui responsável pelo acidente.
- Claro senhor. – O paramédico falou, permitindo que entrasse na parte de trás da ambulância.
Ele se sentou e observou a moça. Ela era bonita, e tinha os cabelos castanhos bagunçados de um jeito atraente. Enquanto a observava, a perna de se esticou, dando um chute na maca onde estava a menina. Os paramédicos olharam para ele nervosos.
- Desculpe. – Ele deu de ombros. – Tourette. – Ele apontou para a perna e os dois homens sorriram um pouco. Muitas pessoas achavam engraçada aquela Síndrome de Tourette, mas para era uma tortura. Ele voltou a olhar para a moça, que agora estava abrindo os olhos.
- Onde eu estou? – Ela perguntou depois de um tempo, atordoada.
- Está em uma ambulância, indo para o hospital. Sofreu um acidente de carro. – Ele falava calmamente.
- Ai meu Deus. – Ela falou se assustando. Tentou se mexer, mas não conseguiu por causa da tala. – O cara do outro carro? – Ela falou desesperada. levantou a mão.
- Desculpe, a culpa foi minha.
- Não... – Ela negou séria. – Eu estava distraída. Desculpe...
- Tudo bem. – Ele disse sorrindo um pouco. – Depois resolvemos o resto.
A menina sorriu e fechou os olhos. Não demorou muito para que chegassem ao hospital. acompanhou a mulher até o médico, que a examinou e colocou um curativo em sua testa. Ela logo recebeu alta.
- Bem... – Ela falou para enquanto passava a mão na testa. – Não são todos que acompanhariam a pessoa do acidente. Obrigada. – Ela sorriu. - Não tem de quer. – falou esticando o braço e fingindo que se espreguiçava. – Agora vou ter que voltar para meu carro, pegar minhas coisas e tudo o mais que eu deixei no meio da rua.
- Vou contigo. – Ela disse enquanto o acompanhava, saindo do hospital. – Tenho que pegar os papéis. Estava indo para Chinatown, para resolver umas coisas para minha empresa. – levantou uma sobrancelha e ela sorriu e canto. – Indústria alimentícia.
- Entendo... – Eles chegaram ao ponto de ônibus e acenaram para o primeiro ônibus que passou. – Qual o seu nome? – perguntou, dando espaço para que subisse no ônibus.
- . – Ela disse enquanto abria a carteira colocava a mão no bolso e tirava de lá uma nota. Ela a alisou e dobrou uma vez antes de entregar para o cobrador. Fez isso com mais três. – Pode cobrar para nós dois. – Ela falou sentando-se em uma cadeira. se sentou ao seu lado e bateu o braço na cabeça de com força.
- Ai! – Ela disse massageando a lateral da cabeça.
- Desculpe. – Ele pediu. – Foi sem querer.
- Como se acerta uma pessoa sem querer? – Ela perguntou um pouco nervosa. tendia a se descontrolar com facilidade. Idéias já começavam a passar por sua cabeça. Ela mexeu nos bolsos de seu casaco azul-marinho, até achar seu celular. Ela o olhou e o guardou.
- Hm... Acho que quando se tem algum problema. – falou enquanto observava a garota olhar o celular várias vezes seguidas.
- Então acho que você tem um problema. – Ela olhou no celular mais uma vez e o guardou. – Estamos chegando. – Ela levantou desajeitadamente, enquanto tentava pegar o celular mais uma vez. fez uma careta e tentou ajudar a moça que desequilibrada. Antes de sair do ônibus, ele não pode deixar de olhar para as pessoas presentes, que olhavam para os dois com um jeito estranho.
Eles desceram do ônibus e somente viram um carro ali. A Mercedes de estava praticamente intacta. Ao lado da Mercedes, viram um guincho, que puxava o carro de , que tinha a frente totalmente amassada.
- Como eu vou chegar a Chinatown agora? – Ela suspirou enquanto olhava no celular mais uma vez.
- Bem... – falou, mas parou. Ela o acharia um louco, sendo que eles se conheciam a menos de duas horas.
- O que foi? – perguntou, levantando uma sobrancelha.
- Bem, eu não estou muito a fim de dirigir. – Ele fez uma careta involuntária e suspirou cansado. – Se quiser, eu te acompanho e você dirige meu carro. – Ele estendeu a chave para . Ela coçou o nariz e pegou o celular mais uma vez, porém para ver as horas. – Aceito, estou atrasada. – Ela disse pegando a chave e andando até o guincho. pegou as informações que precisava, para poder se acertar com o seguro depois. Pegou suas coisas dentro do carro e entrou no carro de .
estava dirigindo, mas não conseguia controlar os pensamentos em sua mente. Estava com medo de bater o carro mais uma vez. Ela começou a dedilhar os dedos no volante. E se eu bater? Agora eu vou acabar me matando e matando a ele, e acabo indo para o inferno. pensava enquanto dirigia. Ela então olhou para o retrovisor e esticou a mão para arrumá-lo. Minutos depois ela o arrumou de novo. continuou arrumando o retrovisor, até assustá-la com um chute.
- Desculpe. - Ele disse enquanto juntava suas mãos. – Disse que tenho problemas.
- Que tipo de problema é esse que você me assusta a toda hora? – Ela perguntou nervosa novamente, mas tentou se controlar. esticou a mão e arrumou o retrovisor do carro mais uma vez.
- Síndrome de Tourette. – Ele falou suspirando.
- Já ouvi falar. – Ela disse enquanto arrumava o retrovisor. –Deve ser horrível.
- E é. – Ele revirou os olhos. Eles ficaram em silêncio por um tempo. parou em frente à entrada de Chinatown. - Obrigada pelo carro. – Ela o desligou o carro e entregou a chave. – Sabe... Eu dirigi seu carro, mas não sei seu nome. – Ela sorriu, esticando a mão e arrumando o retrovisor mais uma vez.
- . – Ele falou sorrindo e sentindo a perna levantar. bateu o joelho no porta luvas. – Porra! – Ele falou massageando o joelho. não conseguiu segurar uma risada. olhou para ela intrigado.
- Desculpe. – Ela mordeu os lábios.
- Tudo bem. – Ele fez uma careta, voluntária desta vez. – Escuta... . Eu sinceramente estou querendo te acompanhar. – falou sério. – Se isso acontecer enquanto eu estiver dirigindo, provavelmente vai acontecer outro acidente e eu pretendo ver minha filha neste sábado.
esticou o braço, até o retrovisor e o arrumou mais uma vez.
- Está bem... – Ela deu de ombros e saiu do carro.
saiu do carro também. Os dois começaram a andar, enquanto olhava em um caderno e arrancava a ponta de cada página e colocava os papéis na bolsa.
- Por que está fazendo isso? – apontou para o caderno. olhou do caderno para ele.
- Hm... Compulsivo. – Ela disse arrancando outra ponta e colocando na bolsa. – Aqui! – Ela disse virando a direita e entrando no primeiro restaurante.

- Unagi, nori, zushi, sake, ikura, ebi, kappa. – Ela disse enquanto olhava para a enorme lista. – Por que os chineses têm nomes de comida tão complicados? – comentou enquanto anotava o pedido para o quinto restaurante. – Eu prefiro gelatina de morango! É tão mais fácil. – Ela arrancou a última ponta da parte superior do caderno.
- Concordo. – falou enquanto esticava o braço de forma brusca. – Sou muito mais fã de gelatina de morango do que de unagi. – Ele contorceu todo o corpo e parou.
-Você parece uma gelatina quando se mexe assim. – Ela comentou rindo enquanto começava a arrancar as pontas da parte de baixo do caderno.
- Não ria. – suspirou. – É horrível.
- Pensei que... Era somente com uma reação que isso se manifestava. – Ela continuou falando e arrancando as pontas inferiores do caderno.
- É diferente para cada pessoa. – Ele disse suspirando. - Para mim é assim.
- Entendo. – Ela disse enquanto olhava para um hotel, ainda arrancando as pontas do caderno.
andou até o hotel e entrou indo direto para a recepção. Hotéis chineses não eram os preferidos dela, mas ela teria que dormir ali. Ainda faltavam muitos lugares para verificar e, voltar para casa estava fora de seus planos. Era, significativamente, longe.
- Boa noite. – Ela disse enquanto arrancava mais uma ponta. – Eu gostaria de um quarto. – Ela falou sorrindo.
- Desculpe senhora. – A recepcionista falou olhando para o quadro de chaves. – Não temos vagas.
- Está brincando?! – começou a arrancar as pontas, mais rapidamente. Aquele era o seu quinto caderno da semana. – Em nenhum hotel?! - Ela perguntou indignada.
- Deixe-me verificar. – Ela disse, pegando uma agenda e o telefone. Levou uns dez minutos, até que ela colocou o telefone no gancho e olhou para . – Não temos vagas. Chinatown está lotada nesta sexta-feira.
- Droga! Vou ter que voltar para casa. – arrancou mais três pontas. fez um movimento brusco com o braço. já tinha se esquecido da presença dele ali.
- Olha. – Ele disse olhando para a menina. –Se você quiser, pode ficar no meu apartamento. Ele é grande e eu moro aqui perto.
engoliu em seco. Sua mente caótica já estava pensando em coisa horríveis que poderiam acontecer. Ela começou a arrancar os cantos das folhas até que elas acabaram. Ela então começou a destruir as folhas do caderno.
- Não acho uma boa idéia. - Ela disse por fim.
- Olha. – Ele sorriu um pouco. – Se você quiser, eu durmo no hall e deixo a chave com você. Aí você tranca dentro da casa e eu não entro para te incomodar.
- Olha... – Ela continuou arrancando pedaços da folha. Suspirou derrotada. – Eu aceito. Mas não precisa dormir no hall. É sua casa.
- Ótimo. – Ele disse sorrindo para ela.
Os dois saíram juntos do hotel. continuava arrancando pedaços do caderno, enquanto eles andavam pelas ruas iluminadas de Chinatown. não parava de observar a garota que parecia ansiosa enquanto destruía as páginas do caderno. Ela, por sua vez, tinha pensamentos cada vez mais terríveis e continuava rasgando seu caderno em uma tentativa de se acalmar. levou um pequeno susto quando seu celular tocou. Era sua filha.
- Oi meu bem. – falou assim que atendeu.
se sentiu um pouco envergonhado enquanto falava com, ele pensava ser, seu marido. Ele colocou as mãos nos bolsos e seu corpo inteiro se contorceu. Ela parou para esperá-lo e, quando ele conseguiu se controlar, eles voltaram a andar.
- Minha filha. – Ela disse sorrindo enquanto guardava o celular.
- Hm... Ela está com o pai? – perguntou um pouco curioso. ainda arrancava pedaços do caderno.
- O pai dela está em algum lugar do mundo, tentando fugir da responsabilidade. – falou arrancando uma página inteira, amassando-a e enfiando-a na bolsa (um jeito simples e prático de controlar a raiva.). – Ela está com meu irmão. Julie mora com ele. Eu não tenho muito tempo de ficar com ela. – Ela se acalmou um pouco e continuou a arrancar pedaços de folha.
- Sei como é. – falou suspirando. – Tenho dois filhos. Corry e Amber.
- Você e sua mulher devem ser felizes juntos. – disse sincera enquanto esperava na porta do carona. entregou a ela a chave. Ela olhou para o homem que sorriu um pouco.
- Me divorciei há dois meses. Hoje saí de lá com o que sobrou de minhas coisas. – Ele suspirou e entrou no banco do carona.
- Sinto muito. – fechou o caderno, arrancando um pedaço de folha antes e ligou o carro. – Onde é sua casa.
- Não muito longe. – Ele deu de ombros. – Vá em frente que eu falo o caminho enquanto isso.
- Ok... – Ela disse enquanto arrumava o retrovisor.
Eles ficaram em silêncio. o interrompia de vez em quando, para falar o caminho para . Ela por sua vez, estava sempre arrumando o retrovisor. Eles entraram no estacionamento do prédio e desceram do carro. Os dois entraram no elevador e apertou o primeiro andar. Eles chegaram rapidamente e o homem abriu a porta.
A casa era bem diferente. Não havia muitas paredes. O quarto era junto com a sala, a cozinha era separada da sala por um muro pequeno e o banheiro era o único que tinha paredes. olhou para ele com uma sobrancelha levantada.
- Disse que era grande, não que tinha muitos quartos. – revirou os olhos. – Se quiser aceitar a proposta de eu dormir no hall.
- Não. – Ela disse enquanto começava a puxar um fio de cabelo. – Tudo bem.
- Pode entrar. – Ele falou enquanto entrava. entrou e colocou sua bolsa em cima da mesa. foi até a cozinha e ficou interessada nas fotos que estavam ao lado da televisão. Ela começou a olhas as fotos dos filhos de . A menina, Amber, e o menino Corry. Eram, os dois, parecidos com ele. – Sinta-se em casa. – Ele falou da cozinha.
levou a mão aos cabelos e arrancou mais um fio. Ela andou pela sala até parar em frente à cama. Ela era uma cama estranha. O batente da cama era todo torto, de um tipo de arte moderna. Os lençóis eram de uma cor roxa com partes verdes e os travesseiros eram azuis.
- Você que escolheu a cama? – perguntou rindo.
- Não. – falou enquanto saía da cozinha com dois pratos. – Minha filha escolheu. – Ele estendeu um dos pratos com um lanche para . – Hm... Pensei que estaria com fome, apesar de só ter entrado em restaurantes, não comeu nada.
- Não gosto de comida chinesa. – Ela disse enquanto levava a mão aos cabelos e arrancava mais um. fez uma careta involuntária, que fez rir um pouco. – Irônico não? – Ela pegou o prato e sentou na cama.
- Um pouco. – Ele disse sentando ao seu lado. – Espero que goste de ketchup. – Ele falou rindo.
- Adoro. – Ela mordeu um pedaço do lanche de ovo, queijo e ketchup. – Você é um cozinheiro e tanto. – Ela riu enquanto limpava o canto da boca.
- Obrigado. – Ele riu enquanto comia também.
Eles terminaram de comer em silêncio. pegou o prato de e foi andando até a cozinha. Quando estava em frente a pia, seu corpo todo se mexeu e os pratos caíram no chão.
- Merda! – Ele gritou e começou a recolher os cacos.
- Precisa de ajuda? – Ela perguntou da cama. Enquanto levava a mão a cabeça e arrancava mais um fio.
- Só quebrei uns pratos. – Ele disse suspirando.
- Ok. – Ela suspirou. sentiu que estava ficando com calor. Ela deu um nó nos próprios cabelos, tirou o casaco e colocou em cima da cama. Ela começou a se abanar com uma mão e com a outra, começou a torcer sua jaqueta enquanto pensava em como poderia morrer desidratada se aquilo não passasse logo.
- Está com calor? – perguntou enquanto abria a geladeira e pegava uma garrafa de água gelada.
- Um pouco. – continuou torcendo seu casaco. – Ter cabelo grande tem suas desvantagens. – Ela disse rindo.
- Estava arrancando por causa disso? – levantou uma sobrancelha enquanto se aproximava de um climatizador ao lado da cama. Ele colocou a água gelada em um compartimento e ligou o aparelho.
- Não. – falou, dando de ombros. Viu o menino esticar o braço em um rompante e a garrafa de água parar na cozinha. Ela mordeu o próprio lábio, tentando controlar o riso. – Já fui a um psicólogo. Ele disse que eu sofro de TOC. – Ela continuou enrolando o casaco, cada vez mais desesperadamente. – Transtorno Obsessivo Compulsivo. – Ela disse enquanto senti o ar ficar mais fresco.
- Nossa. – Ele disse rindo.
- Não tem graça também. – Ela falou revirando os olhos. soltou um pequeno bocejo e se espreguiçou.
- Olha... Eu não tenho um pijama para te emprestar. – Ele disse rindo. – Se quiser, eu tenho camisas.
- Não precisa. – Ela sorriu um pouco. – Eu me viro. – Ela se levantou e andou até o sofá. – Posso dormir aqui? – apontou para o móvel.
- Não quer dormir na cama? Eu durmo no sofá. – falou calmo.
- Não... – pegou uma almofada. – Pode deixar, durmo aqui mesmo. – Boa noite.
Ela disse fechando os olhos e logo adormecendo. se levantou da cama e foi até um armário, abrindo-o e tirando de lá um lençol. Ele andou até o sofá e jogou o lençol em cima de . Ela se remexeu quando sentiu o gelado do lençol bater em seu braço. Ele voltou ao climatizador e o ajustou. sentiu o ar ficar mais frio e foi para o banheiro. Tomou um banho, trocou de roupa, escovou os dentes e colocou uma boxer. deitou na cama e adormeceu tão rápido quanto .

A menina acordou atordoada. O relógio em seu pulso apitava, falando que era a hora de acordar. Ela abriu os olhos e os seus cabelos atrapalharam sua visão. levantou cansada e olhou ao redor. Estava tudo muito claro, o que significava um dia de sol em Londres, ou que a luz estava acesa, ela não sabia. Seus olhos então caíram sobre o homem na cozinha. Ele estava sem camisa e com uma bermuda. Ela tirou os cabelos do rosto e se sentiu boba em ter vontade de olhar melhor. Por impulso, ela puxou um fio de cabelo.
- Bom dia. – disse enquanto estendia uma xícara de café para ela.
- Bom dia... – falou se aproximando e pegando a xícara. – Desculpa ter dormido de mais. – Ela olhou para a cama de , totalmente organizada. Passou a mão nos cabelos mais uma vez, para tentar organizá-los e puxou mais um fio. Ela então tomou um gole de café.
- Não tem problema. – Ele deu de ombros.
tomou mais um gole do café e olhou para o sofá. Havia almofadas em todos os cantos e o lençol estava no chão.
- Desculpe pela bagunça. – Ela disse, apontando para o sofá. – Meu irmão diz que eu pareço uma pulga. Não paro quieta quando eu durmo.
- Vai ver que aquilo foi culpa de uma pulga. – apontou para o sofá. – Semana passada meu filho mais novo trouxe um cachorrinho da rua. Ele estava todo imundo. Não tive tempo de limpar tudo ainda. Vivo me coçando quando sento naquele sofá.
riu e tomou mais um gole de café. Ela passou a mão pelos cabelos e arrancou um fio. Ela passou os olhos pelo apartamento até parar na grande parede de vidro. Realmente, eram as luzes que deixavam tudo claro. Do lado de fora era possível ver a chuva. Era forte e constante e não estava com cara de algo que passaria rápido.
- Você vai para Chinatown de novo que horas? – perguntou, visivelmente curioso.
- Onze horas. – Ela disse enquanto olhava para o relógio. Eram oito horas.
- Meus filhos vão chegar logo. Quer ir ao parque conosco? – Ele perguntou e fez uma careta involuntária.
- Claro. – Ela passou a mão nos cabelos e puxou um fio.
terminou o café e colocou a xícara na pia. lavou as duas xícaras e pegou dois pratos.
- Quer um lanche? – Ele perguntou sorrindo.
- Bastante ketchup, por favor. – Ela disse enquanto passava a mão pelos cabelos e arrancava mais um fio. – Posso usar seu banheiro?
- Claro. – Ele falou enquanto abria um pão.
foi até o banheiro, lavou o rosto, bochechou um pouco de água com pasta de dente e passou os dedos pelos cabelos, arrancando mais um fio. Estava muito ansiosa, pensamentos ruins percorriam sua mente rapidamente e ela não tinha tempo para, sequer analisá-los.

- Então... Nós vamos ao parque depois da chuva? – Amber perguntou rindo, enquanto desciam pelo elevador. A chuva já tinha parado e toda Londres estava encharcada.
- Claro. – deu de ombros enquanto ajeitava o cabelo de Corry. – Podemos comer um cachorro-quente, assim esquentamos o dia. – Ele sorriu da própria piada. - Entenderam? – Ele colocou Corry no chão e abriu a porta do elevador.
- Não vou nem falar nada. – passou a mão nos cabelos e arrancou outro fio. Ela estava se sentindo incomodada com o olhar fixo da filha de .
- Você é a namorada do meu pai? - Amber perguntou séria. sentiu-se vermelha e um calor subiu por todo seu corpo. Ela passou a mão pelos cabelos e puxou vários fios juntos. Era difícil de arrancar tantos fios. teve uma reação parecida, mas foi com o braço, que bateu na cabeça de , por causa do movimento brusco.
- Não. – disse sorrindo um pouco. – Somos, somente, colegas.
- Ah. - Amber virou para o irmão. – Viu Corry? Papai ainda gosta da mamãe.
e não sabiam onde enfiar a cara. Ela arrancou um fio de cabelo e o jogou no chão. Para o primeiro andar, aquele elevador estava demorando muito. Quando as portas do elevador se abriram, o celular de tocou.
- Alô? – Ela falou enquanto se afastava um pouco de e das crianças.
Ele colocou as crianças no banco de trás do carro. Estava se sentindo bem para dirigir. Tinha fé que, dessa vez, não passariam de caretas.
- Bem... Meu irmão teve um imprevisto no trabalho. Ele está com minha filha em Chinatown. Falei para ele levar ela para o parque. – falou quando se aproximou do carro. fechou a porta do carro com mais força do que deveria. Seu braço se torceu de um jeito estranho e voltou ao normal.
- Desculpe crianças. – Ele falou sem jeito. – Acho que não tem problema. – Ele sorriu um pouco. – Hoje eu vou dirigindo.
- Muito bem. – deu a volta no carro e esperou que entrasse para abrir a porta para ela. entrou no carro e se acomodou no banco do carona. Ela passou a mão pelos cabelos e arrancou um fio. Desta vez, se irritou.
- Não é melhor arrancar pedaços de folha do que arrancar fios de cabelo? – Ele perguntou enquanto ligava o carro e fazia uma careta.
- O cabelo é o que está mais perto no momento. – falou enquanto suspirava. – Além disso, eu não escolho. – Ela cruzou os braços e suspirou. Amber e Corry começaram a brincar no banco de trás. Eles chegaram ao parque e logo viu o carro de seu irmão. Julie não esperou se aproximar para abrir a porta do banco de trás e sair correndo para os braços de sua mãe.
- Senti saudades mamãe! – Julie falou enquanto a segurava no colo.
- Senti também meu bem. – a abraçou e lhe deu um beijo na bochecha.
viu seu irmão acenar e o carro partir. Ela se virou para que já estava no chão molhado com Amber e Corry em cima dele.
- Nossa. – Ela falou rindo. – Alguém vai ficar com as costas muito molhadas. – colocou Julie no chão.
- Cale a boca. – disse rindo enquanto Amber começava a bagunçar seu cabelo. Ela então levantou os olhos e olhou para Julie, que estava se escondendo atrás das pernas de .
- Oi! – Ela disse sorrindo. – Quer brincar com a gente? – Amber estendeu a mão para Julie que sorriu e foi até Amber. – Vem Corry! – Amber chamou e eles correram para a pequena quadra, onde algumas crianças jogavam basquete.
se sentiu inquieta. Ela colocou as mãos dentro da bolsa, cheia de pedacinhos de papel, e começou a rasgar os pedacinhos em pedaços menores.
- Escuta... – falou se levantando. – Por que faz isso? – Ele apontou para a bolsa e para a mão da menina com os pedacinhos de papel.
- Bem... – Ela começou a picar mais rápida. – Estou com medo de que Julie se machuque. – Ela continuou a observar sua filha, que já começava a jogar basquete com Amber, Corry e outras crianças. – Ela só tem cinco anos. E se a bola acertar a cabeça dela, ela desmaiar e entrar em coma? E se ela sofrer um traumatismo craniano e nunca mais acordar? – Ela então começou a parar de rasgar os papéis e levou a mão aos olhos. se sentia triste quando pensava em coisas deste tipo.
- Fique tranqüila. – colocou a mão no ombro de , que olhou para seu rosto. Apesar de ele estar com o cabelo bagunçado, totalmente molhado e com algumas folhas grudadas na roupa, ela não teve vontade de rir. – Olha só como ela está se divertindo. – Ele apontou para as crianças, que agora corriam atrás da bola de basquete das outras crianças.
- Verdade. – disse por fim.
fez uma careta involuntária e teve vontade de rir, mas se controlou. As crianças logo voltaram correndo e molhadas. Ao ver sua filha totalmente encharcada e com o ombro ralado, colocou a mão na bolsa e começou a rasgar os papéis novamente. Ela pegou seu casaco e limpou a filha.
- Pai... – Corry falou enquanto se encolhia perto do pai.
- O que foi Corry? – Ele perguntou preocupado. A criança levantou o braço, apontando para um canto. Um palhaço estava ali, distribuindo balões.
- Tem medo de palhaços, Corry? – Julie perguntou rindo. segurou a mão da filha e se abaixou, até ficar na sua altura.
- Não ria Julie. – Ela disse baixinho só para a filha. – Isso é normal.
- ‘Tá... – Julie falou um pouco triste de estar recebendo uma bronca da mãe.
- Vamos lá pegar um balão? – Amber perguntou feliz, enquanto segurava a mão de Corry, que continuava agarrado às pernas de .
- Vamos Corry. – segurou seu filho no colo. – Não vai acontecer nada.
Eles andaram em direção ao palhaço. amarrou seu casaco na cintura e segurou a mão se sua filha com uma mão, enquanto enrolava a ponta do casaco com a outra. comprou um balão para Corry que estendeu a mão para pegar o balão. Ele sorriu um pouco e o palhaço fez uma cara engraçada. Corry, Julie e Amber riram. olhou no relógio e suspirou.
- Tenho que ir. – Ela disse triste. – Mais quatro restaurantes para visitar e depois enviar um fax para a empresa.
- Vai pra onde? – Amber perguntou curiosa, fitando com seus olhos . Essa menina vai me matar. Ela pensou enquanto enrolava, cada vez mais rapidamente, a ponta do seu casaco.
- Chinatown. – Ela disse sorrindo.
- Nós vamos com você! – Amber falou rindo. – Pai! Vamos para Chinatown? – Amber perguntou, depois de já estar decidida.
- Vamos. – Ele fez uma careta involuntária, Amber, Corry e Julie riram. – Você está sem carro .
- Verdade. – Ela fez uma careta.
Eles começaram a andar em direção ao carro, mas Julie apertou a mão da mãe e a puxou na direção contrária. olhou para onde a filha a puxava e viu um carrinho de cachorro-quente.
- Filha, é muito cedo. – revirou os olhos.
- Estou com fome mamãe. – Ela disse rindo.
comprou um cachorro-quente, e, quando estava voltando para o carro, viu que se aproximava. Ele comprou um cachorro-quente para seus filhos e um para si. Os cinco sentaram em um banco para poder comer. ainda se sentia inquieta.
- Escuta... – Ela falou baixinho, somente para . – Por que você está me ajudando? Uma pessoa em sã consciência teria me deixado ir ao hospital, sozinha... Você me acompanhou, deu carona, um lugar para ficar a noite... – suspirou e passou a mão na testa, que ainda estava com o curativo. Tinha se imprecionado por Juile não ter perguntado nada. – E ainda está aqui. – Ela olhou para , que o encarava de boca cheia.
Ele engoliu e olhou para que ainda estava querendo saber o porquê daquilo e se sentia calma pela primeira vez em muito tempo.
- Minha mãe... – Ele começou a falar. – Tinha o mesmo problema que você. – Ele falou suspirando. – Sei como é estar pensando em coisas ruins o tempo inteiro e querer se distrair disso. Achei que precisaria de ajuda. – sorriu para , que sorriu de volta.
- Obrigada. – Ela disse sincera e se inclinou para lhe dar um beijo na bochecha.
ficou vermelho. Sentiu sua perna dar um tranco e todo seu corpo se contorceu. As crianças riram e as repreendeu. Os cinco foram para o carro e seguiram para Chinatown.

No final do dia, levou e Julie para a casa do irmão de . Amber e Corry dormiam no banco de trás. Julie estava com a cabeça deitada no ombro de e um dos braços estava no outro ombro. Ela já estava fora do carro e olhava para os olhos de , que estava dentro do carro.
- Obrigada por tudo . – Ela disse sorrindo.
- Pode me chamar de , . – Ele falou sorrindo também.
- E eu agradeceria se me chamasse de . – A menina sorriu. – E obrigada por tudo. – Ela sorriu mais uma vez.
- Não foi nada . – Ele disse sorrindo. – Hm... Vai fazer alguma coisa amanhã? – Ele perguntou sorrindo.
- Arrumar os bonequinhos de cerâmica do meu irmão. – Ela disse sorrindo. – Se quiser me ajudar... – Ela sorriu mais um pouco.
- Adoraria. – sorriu de volta.
- Tchau. – se inclinou para lhe dar um beijo na bochecha, mas virou o rosto. Ela se assustou um pouco ao sentir seus lábios com os dele, mas sorriu. – Até amanhã. – Ela disse com o rosto próximo ao do dele.
- Até. – Ele disse sorrindo e partiu com o carro.
entrou em casa, colocou Julie e na cama e desceu para a cozinha. Ela abriu o armário de remédios e viu que todas as caixas estavam os rótulos virados para trás. Ela começou a arrumá-los, compulsivamente.


FIM



Nota da autora: Desta vez eu salvei em html! kk' mas, talvez eu tenha feito alguma coisa errada no texto .-.' Well, espero que vocês tenham gostado *-*! se ya

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