Um dia de cão


Challenge #02

Nota: 5,2

Colocação:




- Você tem certeza de que isto está bem colocado? Certeza?
- Senhorita, pela 4ª vez. Está bem colocado.
- Não está. Olhe seu cego abestalhado. A última vez que limparam estava a 30 cm pra cá. – “Por que essa mulher grita tanto?”
- Mas não tem problema que esteja um pouco mais para cá, senhorita. – “Eu preciso ver o que está acontecendo. Que cheiro de sangue é esse?”
- Isso vai cair em cima da minha cama. Mova, mova, mova, mova logo. – “Que mulher estressada.”
- Olha lá, Meredith. Seu paciente está acordado. RÁPIDO, MEREDITH. ELE ESTÁ TREMENDO! – “Droga, de novo.”
- Porra! Cacete de vida. – “Acho que falei algo de errado, a minha médica me olha com cara de espanto.”
- O que você disse? – “Sabia que tinha algo de errado. Que mãos macias.”
- Não disse porra nenhuma. Continue seu trabalho de merda.
- O senhor não precisa me insultar, eu estou fazendo. – “De novo! E agora eu realmente a aborreci.”
- Me desculpe. Eu não fiz com intenção. É a porra da síndrome de Tourette.
Toc, toc, toc, toc, toc...
- O que está fazendo, porra? – “A mulher ao meu lado, além de estressada, fica batendo na lateral da cama.”
- Olhe para mim, senhor White. Se concentre no seu corpo. O senhor está em um hospital e eu preciso testar seus reflexos e saber onde dói. – “Por que razão ela foi falar em dor? O difícil agora é dizer onde não dói.” – Não, de novo não. – “Meus ombros recomeçaram a tremer e eu não percebi até ela por suas mãos macias neles.”
- Doooi em tooodo o puuuuuto do meuuu cooorpo.- “Não consigo nem falar direito, droga.”
- Karev, nós vamos precisar de ajuda psiquiátrica aqui. Que coincidência não?! Duas pessoas com transtornos psicológicos em um acidente em comum. – “Oi, nós ainda estamos aqui.”
Toc, toc, toc, toc, toc...
- Pode parar, por favor, sua idiota? – “Agora que os médicos se foram posso pedir.”
- Não até eu chegar a 112 vezes. Acabei!
- Então o que você tem?
- Transtorno Obsessivo compulsivo. O TOC. E você a síndrome de Tourette, não é?! Ouvi você conversando com a médica.
- É. Tenho sim. – “Queria responder que não.”
- Então, casado, solteiro ou divorciado?
- Nossa! Já começa com essa conversa de puta! – “Droga, acho que falei besteira. Olha a cara que ela fez.” – Me desculpe.
- Sem problema. Deve ser difícil não poder segurar a língua.
- É. E piora quando eu estou nervoso. Sou divorciado. E você?
- Solteira. Filhos?
- Dois. Mas o que está fazendo? – “O que leva uma pessoa a abrir e fechar uma garrafa de Ketchup tantas vezes?”
- É porque eu vou colocá-lo no meu sanduiche. Sabe, eu tenho uma filha.
- E por que fechar e abrir tantas vezes?
- Mania. Não posso me livrar dela. Desculpe a pergunta, mas o que você estava fazendo quando BATEU no meu carro?
- Ah! Eu tive um dia ruim...

FLASHBACK

- Não temos vagas para loucos.
- Eu não sou louco, porra, digo, senhor. Eu tenho uma síndrome. E nesse trabalho eu não preciso falar com ninguém mesmo.
- Já disse. NÃO TEMOS VAGAS. – “Chefe preconceituoso, corta. Eu nunca vou achar um emprego dessa forma.” Eu caminhava pensando na vida e não vi o climatizador na minha... – AI!! - ...Frente. Todos riram. “Eu devia tentar o trabalho de palhaço. Fazer as pessoas rirem é minha especialidade.”
A caminho do meu carro eu encontrei um carrinho de cachorro-quente e comprei-me um.
Já estava no carro quando começou a chover. Não coloquei o cinto de segurança por causa do cachorro -quente. Perto do Chinatown desviei de uma Mercedes e Bati.

FLASHBACKOVER

Contei-lhe essa história do meu jeito, se é que me entende.
- E você? Por que estava com a porra do carro parado no meio do sinal aberto?
- Algum idiota de azul-marinho, que supus ser um policial, ligou a sirene. Eu só pude parar de contar quando cheguei a 88. Foi nesse momento que você bateu no meu carro.
- Tudo que eu queria em um dia filho de puta como este, era ver Amber e Cory, meus filhos. Eles são a alegria da minha vida.
- Eu vi minha filha hoje...
- Desculpem, mas os exames de vocês serão adiado, pois por causa da chuva estamos recebendo muitos casos mais graves que o de vocês. Perdoem-nos. – A doutora falou e foi embora.
- Eu a levei ao seu primeiro jogo de basquete. Ela nem jogou. – “Que sorriso magnífico, o que esse que estou vendo. Mães são a grande beleza da vida, junto com os filhos que elas geram.” – Para compensá-la tive que comprar dez pacotes de geléia de morango, levá-la para passear com o nosso cachorro, o Brusk. Uma pena que percebi que ele estava com pulga e, depois de levar minha filha a casa do meu irmão, onde ela mora, eu ... – “O que está acontecendo? Ela está arfando. Está ficando roxa também... Vamos enfermeiros ressuscitem-na. Para onde estão levando-a?”
Passei duas semanas no hospital, sem grandes perturbações. Meus filhos me visitaram todos os dias. Nunca mais vi a mulher estressada do sorriso sincero. Mas seu sorriso NUNCA mais saiu dos meus sonhos.


FIM





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