Amor De Carnaval
por Nanda


Challenge #06

Nota: 7,6

Colocação:




Oi, gente! Tudo bem com vocês? Que bom. Quer saber se está tudo bem comigo?
NÃO. MIL VEZES NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO.
Sabe por quê?
Eu moro em Salvador, onde o Carnaval bomba.
Provavelmente você irá pensar:
"Pô, que sorte, mano, você tá em Salvador! A sede do Carnaval."
NÃO. NÃO. NÃO.
Nada contra Salvador, mas é um estado quente, cheio de gente alegre, feliz e jovial que irritam com tanta animação. Ok, isso faz o tipo brasileiro, mas continua sendo chato.
Eu não sou rabugento, sério, mas pessoas animadas demais também dão no saco, right?
-Tira essa cara emburrada, dude, você mora em Salvador!- ok, como eu disse: pessoas animadas, que gostam de Carnaval. Isso resume meu melhor amigo , que por ANOS tenta me convencer que Carnaval é algo bom, divertido, ótimo para pegar mulheres.
PEEEEEEEEEN, ERRADO!
Sabe o que é pior que isso?
VOCÊ ESTAR QUEBRADO, FINANCEIRAMENTE FALANDO, E NÃO PODER IR PRA QUALQUER LUGAR NO RESTO DO PAÍS OU DO MUNDO QUE NÃO TENHA ESSA FESTA DO INFERNO.
- , vai se foder. Sabe que odeio Carnaval. Sabe que é uma festa que todos usam para poder se libertar e usar como desculpa para as babaquices que fazem.
- , esse ano vai ser diferente.
- E por que seria?- levantei a sobrancelha e usei meu melhor tom de desdém. Ele mexeu numa bolsa que trouxe e tirou dois panos amarelos fosforescentes, fazendo-me fechar os olhos de tão "cheguei" que elas eram.
- Que porra é essa, ?
- Dá uma olhadinha no que eu consegui com um amigo meeeeu. - disse totalmente gay e jogando o pano na minha cara.
Quer saber o que era o pano?
ERA UM ABADÁ, DUDE, UM ABADÁ!
É AQUELE PANO CHEIO DE NOMES DE PATROCINADORES DE UMA FESTA DEMONÍACA CHAMADA MICARETA.
me olhava com uma cara de quem esperava uma uma grande surpresa. E ele teria:
-NEM FODENDO EU VOU À UMA MICARETA, SEU ESTÚPIDO!
-Porra, , micaretas são fodas! Tem mulher gostosa para pegar a rodo, tem energia e música, cara. - acredite, depois dessas palavras, minha vontade era enforcar com aquele pedaço de pano inútil até ele morrer.
-, amigão, entenda uma coisa: micareta é tudo de horrivel e nojento que há nessa terra.
-Você tá falan...
-Deixe-me terminar, caralho! Micaretas são definidas por: gente feia, vômito, Itaipava*, gente feia, suor, música ruim, gente feia, esfregação, doenças, gente feia, cheiro de mijo por toda parte e gente feia.- é sério, eu já fui em algumas micaretas para ver se era realmente coisa da minha cabeça. Acredite, não é- Aliás, sabe o que eu penso quando você fala micareta? Penso em homens dos quais parecem uma casquinha de sorvete porque só malham os braços e os mesmos pesam mais que o resto do corpo; penso em mulheres que pegaram, tipo assim, 47 doenças diferentes, porque já pegaram 47 caras numa noite só.

me encarava prendendo riso pelas minhas palavras. PORRA, EU NÃO TÔ FAZENDO PIADA, MANO! CARNAVAL É ISSO, BRO!
Mas ele prendeu o riso e inspirou fundo:
-Façamos o seguinte, : se você for, eu te pago cem. Cem reais, . Na mão. Basta você ir.
-Eu aceito- disse rapidamente. Tente entender: eu tô numa crise financeira tão grande, que por cem, eu vou até o inferno. - Caralho, nem acredito. Eu acabei de vender minha alma por cem reais. Eu não acredito que vou ao inferno. , SE EU FOR SAUDADO POR UM DEMÔNIO, EU COBRAREI MAIS!
-Deixe de ser um idiota, . Não é tão ruim.
-Não, , é pior!- eu cocei a nuca suspirando - Tá a fim de fazer algo, ?
-Vamos para a praia?- ele abriu mó sorriso e os olhos brilharam. Sim, meu amigo tem 22 anos, mas a capacidade mental dele é restringida aos sete anos de idade.
-Eu tenho escolha?
-Não- ele saiu correndo para pegar a prancha de bodyboard dele (frise: ele nunca usava aquilo, deixava na areia para ter onde colocar as bebidas, bolsa e qualquer merda que ele levava.), enquanto eu pegava minha carteira(vazia) e óculos escuros.

Xx.

-Vamos entrar na água, porra!- falei ao , que estava esticado numa cadeira embaixo de um guarda sol.
-Para de me molhar, cacete.- reclamou e logo depois bebeu sua caipirinha. Tirei aquilo da mão dele e terminei de beber -Hei, compra uma pra você.
- Isso já está sendo debitado dos cem reais que vai me dever, babaca.- ele riu e me tacou um potinho de protetor que estava ali- Passa isso aí, cara, vai se queimar de mais.
-Protetor é para bichinhas. Eu aguento. - dei uma piscadela a ele e peguei sua prancha de bodyboard, voltando a água, pois havia bastante onda hoje.

Duas horas depois.....

-, não tô me sentindo bem.- disse socando-o para que acordasse. Ele levantou assustado encarando-me e começou a ficar pálido.
-, vamos a um hospital.
-Hã?- sinceramente, acho que bebi muita caipirinha. E sei lá, tô sentindo meu corpo quente. Uma falta de ar também.
- , seu babaca, acho que você tá tendo uma insolação. Vamos- ele pagou ao cara lá do guarda sol e me deu uma garrafa de água gelada- Toma isso aí.
Após beber água, percebi meus lábios extremamente ressecados e senti tonturas conforme o carro andava.
Um barulho MUITO alto invadiu meus ouvidos: gente, música, sei lá.
-Oh, merda- buzinou e o som me deixou mais atordoado.
-Que foi?
-, esquecemos de um detalhe: essa semana começa os blocos carnavalescos.
-E?
-E que a gente vai ficar preso aqui porque está fecharam as ruas. O limite é aqui.
-Não dá para retornar?- ele balançou a cabeça. CARALHO, CARNAVAL SÓ ATRAPALHA MINHA VIDA. ESTOU A MORRER E ELES PENSAM EM DESFILAR. Descemos do carro e teríamos que ir andando até o hospital. NO MEIO DAQUELE POVO NOJENTO.
Caminhamos por entre as pessoas que dançavam e o ritmo de caminhada era lento, pois havia um carro alegórico na rua. UM CARRO ALEGÓRICO NA RUA.
Tudo bem, em versão bem bem bem menor, mas continuava sendo desperdício de espaço e dinheiro. Poxa, poderiam reverter o dinheiro daquela inutilidade para minha conta bancária.
-, cadê você? - perguntei inutilmente, sabendo que não seria ouvido naquela confusão. Senti minha visão ficar turva, mas rapidamente voltou ao normal. Olhei ao meu redor e o vi voltando na minha direção com um manto e uma latinha na mão:
-Cara, olha só, arranjei uma bandeira de escola de samba.
-, você não é "portelense". Você não é nem do Rio de Janeiro!
-Mas a gatinha que eu peguei era- disse dando um sorriso malicioso.
-Porra, , hospital, ok? Estou achando que vou desmaiar.- falei enquanto desviava de algumas pessoas. Ele colocou aquela bandeira nas minhas costas e disse:
-Olha, isso deve esfriar seu corpo.
-O quê?- questionei olhando na hora em que ele lançou algo que atingiu meus olhos.- AAAAAAH, AAAAAAAAAAAAAAAH! QUE PORRA É ESSA, ? TÁ QUEIMANDO MEUS OLHOS!
-MANO, É SPRAY DE ESPUMA, ACHEI QUE IRIA ESFRIAR SEU CORPO!
-EU NÃO ENXERGO, EU NÃO ENXERGO!- comecei a correr, empurrando as pessoas à minha frente para tentar chegar mais rápido ao hospital.
-, CUIDADO!- trombei com alguém e caí no chão, tamanha a força de nosso encontro. Bati as costas nuas no chão e voltei a berrar de dor pela ardência que havia ali. Fiquei me debatendo que nem aquele cara do filme "Se Beber, Não Case.", quando pula no amigo dele, após dois dias de exposição ao Sol. Sabe, o noivo. Eu estava parecendo um rato numa frigideira.
Senti alguém me levantando, mas que tinha bem mais força que :
-Tudo bem aí, cara?- era um negão de dois metros de altura, com uns 100Kg em músculos, me perguntando isso. Assenti morrendo de medo que ele me batesse por ter trombado com ele. - Você tá vermelho demais, cara.
-Ele tá com uma insolação e acho que ele vai desmaiar logo.- obrigado, , acabou de fazer com que eu parecesse uma bichinha que desmaia por um pouquinho de Sol.
-Pô, cara, te levo no hospital. Eu acho que você se machucou, enquanto rolava no chão.- disse olhando minha barriga que tinha alguns arranhões e sangravam um pouco.
-Não precisa, irmão. Valeu.
-Não, eu faço questão- falou dando uma piscadela e olhando-me de cima a baixo. TÁ DE SACANAGEM QUE ELE TÁ FLERTANDO COMIGO? UM CARA DESSE TAMANHO?!
Respira, , respira. Deve ser somente alguma alucinação causada pela insolação.
-Vou só avisar uma amiga, porque eu tô acompanhando ela e não posso deixá-la sozinha.- viu, , ele tá com uma garota. Ele não estava dando em cima de você. Fui obrigado a acompanhá-lo até uma rodinha que havia ali.
E NOSSA! Havia uma garota linda ali. Uma mulata clara de pouco mais de 1,70m de altura, com uma saia pregueada leve e um top, além de uma guarda chuva.
Ela remexia o corpo numa dança comum em Pernambuco, o frevo. Claro, alguns baianos dançavam frevo, mas ela fazia com certa graça no corpo.

-Oxente!- falou , admirando a garota. Ela era toda gostosinha, bem distribuída e tal. Os passos que ela fazia eram exatos para o seu corpo. Ela exibia um sorriso enorme juntamente com os outros que dançavam ao seu redor.
- !- falou o gigante ao meu lado. Ela olhou e sorriu, se aproximando. - Vou "arrodear"* um pouco.
- Por que, Drigão? Oxi, você não "acompanhou farrancho"*, né?
- Esse "moderno"* aqui tá "lenhado."*
- Ele parece meio "azuretado"* mesmo. Hospital?- ele assentiu. Cara, vou falar uma coisa: eu nasci no Rio de Janeiro, sou carioca da figa, e metade das gírias que eles falaram ali, eu não entendi. O tal de "Drigão" me puxou leve e delicado demais para um cara do porte dele para me guiar, mas eu comecei a me sentir pior no meio da multidão e tudo o que vi depois foi o escuro.

Xx.

Acordei num lugar extremamente branco, de doer as vistas, e logo deduzi que estava num leito. Olhei para o lado e vi um equipo de soro percorrendo o circuito até uma agulha na minha mão.
-Finalmente acordou, manolo!- só o e suas gírias cariocas para me fazer sentir-me em casa em qualquer lugar.- Drigão está todo preocupado. Aliás, ele que te trouxe no colo.- esclareceu, gargalhando.
-Babaca.
-Está "zoró"*, é? Drigão te achou "porreta"*.
-Pare com essas porras de gírias baianas. Fale minha língua.
-Pra você ver como é chato. A garota e ele falam com esse palavreado e acaba contagiando.
-Então, o que o médico disse?
-Daqui umas três horas, pode voltar pra casa. Foi uma insolação leve, só está se reidratando.
-Oxi, já acordou?- entrou no quarto e vestia uma saia jeans e uma regata branca. Estava linda.- O doutor disse que não tá muito lenhado.
Por que, oh Deus, eu pergunto? Por que existe essas gírias complicadas?
-, pode falar na minha língua.- ela franziu o cenho.
-Estou falando em sua língua, menino.
- Sem gírias baianas. Eu sou carioca, nasci no Rio e desde meus sete anos moro aqui. Mas mesmo assim, não gravo suas gírias.
-Oxente, continua azuretado. Vou me esforçar para não falar assim. - ela sentou ao meu lado - Tá se sentindo melhor?
-Razoável. Para quem teve uma insolação.
-Que bom.- ela mordeu o lábio e seu rosto corou um pouco- Vai ter um churrasco lá em casa mais tarde e queria saber se você quer ir.
-Mais tarde?
-É, você passou o dia desmaiado. Hoje já é sábado, de manhã.
-Ah.
-Então, você vai?- abriu outro sorriso enorme.
-Vou.
-Ótimo. Drigão te busca mais tarde. Ele gostou de você.- falou, rindo baixinho. O riso era um som agradável de se ouvir.
-Espero que não só ele.- nossos olhares se encontraram e vi um brilho nos olhos dela.
-Nos vemos mais tarde.- ela foi beijar minha bochecha, mas virei o rosto e acabamos num selinho. Ela riu e saiu da sala rápido.

Xx.

Estava no portão da casa dela, com aquele cara ao meu lado e meu puxando pela mão, enquanto se acabava de gargalhar atrás de mim.
Juro estar com vontade de chutá-lo.
- está ocupada, chegamos cedo.
-Ela está fazendo o que?
-Ela dá aulas de frevo. Está com algumas pessoas na pseudo- sala de dança dela.
-Posso ir lá?- eu deveria estar fazendo uma cara tipo: *-*. Isso é gay.
-Você dança?-lanço um olhar malicioso e um sorriso torto. Isso me deu medo. Muito medo. Balancei a cabeça negativamente, morrendo de medo do que viria a seguir:
-Qualquer dia, posso te ensinar a dançar.-tive um arrepio de nervoso quando ele falou aquilo. Ele me levou até o lugar e aquela música do diabo estava tocando altíssima, enquanto umas dez garotas faziam os mesmos passos, seguindo a professora lá na frente.
-! Vem dançar!- não sei que porra passou pela minha cabeça neste momento, mas eu disse:
-Pode vir quente, que eu estou fervendo.- QUÊ? DE ONDE SAIU ISSO? FROM THE HELL.
Ela me puxou e eu totalmente desajeitado lá, tentando fazer qualquer passo cabível no frevo.
-, você dança muito mal.- ela gargalhou.
-Olha, eu não gosto de carnaval, não gosto de nada ligado a essa festa.
-Então você só está tentando por minha causa?- ela começou a fazer charminho. Deus, eu não resisto.- Garotas, vamos parar a aula aqui. Até a próxima, gente.
As garotas se despediram e nós fomos para os fundos da casa dela, onde tinha uma piscina e a churrasqueira.
-Fiquei feliz de ter vindo, .- ela me abraçou. Foi uma coisa meio inesperada, apesar de que eu já tinha decidido que iria me esforçar para ficar com ela.- , você por acaso usa desodorante Axe?
-Sim, aquele do comercial dos anjos e tal.-fiquei me sentindo né.- Acho que ele funciona, porque vejo um anjo aqui.
Cantada: FAIL!
Ela se afastou rápido de mim, tampando o nariz. Os olhos estavam vermelhos e rosto estava ficando da mesma cor. Ela começou a ter uma crise de espirros, um atrás do outro.
-, fique longe dela. Ela tem rinite alérgica. Cheiros muito forte desencadeiam uma crise de espirros nela.
-PORRA, DRIGÃO, ME FALA ISSO AGORA?- agora nem posso chegar perto dela pelo fator: eu queria ficar cheirosinho e usei Axe.- Desculpe, .
Ela foi ao banheiro, provavelmente lavar o rosto e se aproximou:
- Tentativa um: FAIL! Haha!
- Vai se ferrar, .
- Ferrado aqui já basta você, manolo!- ele resolveu tirar o dia para me zuar, né. Só pode. Sentei numa das espreguiçadeiras e fiquei esperando ela voltar.
Uns dez minutos depois, ela voltou e se sentou ao meu lado.
Fiz menção de me afastar, mas ela pôs a mão em meu braço e disse:
-Tomei meu remédio para alergia. Não vai irritar tanto.
E sorriu. Já disse que ela tem um sorriso lindo? Ela tem um sorriso lindo.
-Então, , por que você odeia o Carnaval? É um feriado tão divertido.
-No meu ponto de vista, é uma perda de tempo, dinheiro e fluidos corporais.
-É bom dançar e soltar o corpo, .
-, carnaval é uma festa que eu espero que o demônio apareça.
-Não pode tá falando sério.
-Estou. Não há nada pior que isso.
-Ahn, , não é assim.
-Aaaah, tem coisa pior sim: micareta. Micareta é o inferno na Terra.
-Você só pode estar brincando!- ela me olhava sério.
-Não.- eu respondi em mesma seriedade.
-Eu sou fã de Micareta, cara. Sou micareteira da figa.
- Isso é sacanagem, certo? Você sabe que micareteiras não valem nada. Afirmar isso quer dizer que você é uma puta de plantão, doida para pegar 20 caras numa mesma noite.
-Eu não vou pela pegação, vou pela energia, a música e as pessoas animadas.
-Claro. Ficar no meio de várias pessoas suadas e fedidas, enquanto ouve uma música totalmente sem sentido tipo: "Bota pra ferver, no caldeirão do amor"? Isso não é música, são frases idiotas que só quem não tem cérebro compreende.
-Então você está dizendo quem, ALÉM DE PUTA, EU SOU BURRA?- ela se exasperou.
-É o que você está dizendo ao mundo quando diz ir para micareta.
-VÁ EMBORA DA MINHA CASA!
- NÃO TENHO CULPA SE, NO FUNDO, VOCÊ ACREDITA NO QUE EU DIGO!
-VOCÊ É UM BABACA. SOME DAQUI, NUNCA MAIS NOS VEREMOS.
-CLARO. EU FALO COM PESSOAS DECENTES, NÃO COM UMA RAÇA A PARTE DA HUMANIDADE!
PLAFT.
Ela me deu um tapa muito bem dado. E doeu mais pelo meu rosto ardido.
-VAI SE FODER, . SOME DAQUI.
Fui embora espumando de raiva.
-, vai com calma.
-Ir com calma? Eu acabei de levar um tapa, estou totalmente ardido e a garota que eu queria ficar me odeia agora.
-Te odeia porque você pegou pesado. , nós sabemos que micareteiras não valem muito, mas você não sabe como ela é. Ela parecia ser legal e, do jeito dela, inocente.
-Inocente no quinto, certo?- meu coração estava acelerado e não sei por que uma tristeza se apoderou de mim.
-, você está bem?
-Estou me sentindo triste, . Tipo um aperto no coração.- nós paramos num banco de praça. Eu passei minhas mãos por meus cabelos e suspirei.
-Você gosta dela, ?
-Como eu posso gostar de alguém que mal falei na minha vida, ?
-Love at first sight, dude. Amor à primeira vista.
-Isso não existe.
-Certeza? Então por que seu coração está acelerado, você está triste e quer ir lá se humilhar para pedir desculpas?
Analisei tudo que ele disse. PORRA, AMOR À PRIMEIRA VISTA NÃO EXISTE, MAS POR QUE ESTOU AGINDO ASSIM?
-Você tem razão.- sussurrei.
-Então, volte lá e se humilhe, oras!
-Não, , tem que ser mais especial. Eu vou pensar e amanhã te falo.
-Amanhã?
-Você me deve cem reais, amiguinho.- ele riu. Voltei para casa e fiquei o resto do em frente à TV, sem fazer nada e tentando armar um plano para tentar reconquistá-la.
Olhei aquele pessoal inútil do BBB numa festa e fiquei pensando em como as pessoas votavam para alguém sair? E como alguém se sujeitaria a ficar meses numa casa com gente burra e desagradável.
Foi aí que tive uma idéia.

Xx.

-Preparado, manolo?
-Se Satã não vier pegar meu ingresso na entrada, tá tudo certo, .- ele riu e entramos. Eu estava desconfortável, tanto pela minha roupa, quanto pelo suor, e tanto quanto pelas pessoas a minha volta. Algumas garotas já haviam praticamente tentado me estuprar ali e já tinha pego umas 15.
-Manolo, a coisa aqui está boa. Tá bombando.- claro. Fazer isso ao som de Ivete Sangalo era tudo de bom.
PEEEEEEN, IRONIA MODE ON.
-E ai, gatinho, primeira vez aqui?- uma garota extremamente bêbada estava falando comigo. COMO ALGUÉM FICA BÊBADO COM UMA HORA DE MICARETA? Esse pessoal é foda, cara.
Fui me aproximando do trio e esbarrei numa coisa grande e estranha a minha frente. Usava um shortinho rosa colado, mas tinha uma coxa do tamanho da de um cavalo. Tinha dois metros de altura e usava um top feito com o abadá. Fora isso, usava uma peruca rosa e de longo comprimento.
-PORRA!- exclamei. Quando virou, eu juro que quase tive um enfarte- Oi, Drigão.
Ele estava usando uma make-up meio Lady Gaga, todo(a) enfeitado(a).
-Para você é Drica, .- não conseguir conter o repuxar dos meus lábios em nojo. Eeeerc.- Apesar de você ter ofendido totalmente minha amiga ontem e eu estar com vontade de esganá-lo.
-Eu queria falar sobre isso. Ela está aqui?
-Ela não perde uma nunca. Deve estar com alguém por aí.- facada nº 1.
-Eu preciso de ajuda, irmão.
-E por que eu faria isso, gato?
-Porque eu gosto muito da sua amiga e quero pedir desculpas.
-Qual seu plano?
-Bem, tenho que conseguir subir no trio.
-No trio? Vai fazer o que depois?
-Uma coisa de cada vez. Qual o sobrenome dela?
- .
-Ótimo. Consegue me colocar no trio?- ele receou um pouco, mas fomos bem pra perto do trio, desenrolamos com o cara e subi. Ao chegar lá em cima, Ivete sangalo estava pulando e cantando, então tinha que dar um jeito de falar com ela. Assim que ela deu um intervalo, eu a chamei, mas os seguranças não deixaram:
-Olhem, caras, eu tô fazendo isso por uma garota. Por favor, me deixem falar com a Ivete.
-E acha que a gente cai nessa ladainha, mano? Não. Fique feliz de estar aqui.
-IVETE. IVETE, PRECISO FALAR COM VOCÊ!
-Oxente, que foi, menino?- ela disse por trás dos seguranças.
-Eu preciso do microfone e que você me anuncie. É para recuperar uma garota que eu magoei muito.
-Então vem, menino. Se for por amor, eu topo. Qual seu nome?
-.
- Então, , vem cá.- ela se dirigiu pra frente do trio e disse- Gente, tem um garoto aqui que quer muito falar com uma garota. O nome dele é . Fale aqui, .
Eu suspirei e peguei o microfone que ela me oferecia:
-Oi, gente. Eu queria pedir a Ivete que cantasse uma música para . Eu a magoei e a ofendi muito ontem e queria pedir desculpas.
-E qual música você quer, gato?
-Me Abraça.
-Deixa comigo.
Ela começou:

Quando você passa eu sinto seu cheiro,
Aguça meu faro e disparo eu sua caça iáiá!
O tempo inteiro a te admirar,
Perco o tino paro de pensar,
Seguindo seus passos aonde quer que vá

As pessoas a acompanharam, mas eu esperava que dali onde eu estava, eu pudesse vê-la, pude fazê-la falar comigo. Vi um vulto de peruca rosa e ao lado dele(a), estava .

Me abraça e me beija,
Me chama de meu amor,
Me abraça e deseja,
Vem mostrar pra mim o seu calor
Me abraça e me beija,
me chama de meu amor
me abraça e deseja
Vem mostrar pra mim o seu calor!

Deixaram ela subir no trio e logo depois, ela estava a minha frente. Ela estava com os longos cabelos presos num rabo de cavalo alto e usava uma bermuda jeans e o abadá fosforescente. Nela, aquilo parecia até Coco Chanel, bem diferente do marca texto que ficava no resto das pessoas.
-Ivete, posso cantar essa parte?- ela passou o microfone e eu terminei de cantar:

Eu vejo em seus braços
Um laço perfeito,
Me dá essa chance meu bem,
Me veste de beijos.
Me dá essa chance meu bem,
Me cobre de beijos.

Ela sorriu.
-, mil desculpas pelo que fiz ontem. Eu errei ao te obrigar a ouvir meu ponto de vista.
-Então eu não sou puta, nem burra?
-Nunca. Você é o ser mais lindo, inteligente e inocente da face da Terra.
-Gostei de você todo arrependidinho.
-Fica comigo?-ela mordeu o lábio.
-Vamos deixar que nosso público vote.- ela tirou o microfone da minha mão e falou.- E aí, gente, vamos fazer uma votação: eu fico com ele?
Ouviu-se um coro de 'SIM' bem alto.
-Nosso público decidiu, certo?- e puxei-a pela cintura, dando um beijo em sua boca. Os lábios eram macios e tinham gosto de halls de menta, o que me fez aprovar ainda mais o beijo. Sua língua brincava ferozmente com a minha, entre mordidas e selinhos.
Houve aplausos gerais do pessoal daquele buraco pelo beijo cinematográfico.
-Bom, já que estamos falando de amor, então vamos que vamos.- falou Ivete ao seu público, voltando a pular e animar o público.

Xx.

-Então, , preparado pra próxima?- questionou, enquanto ficávamos a beira da praia. estava com a cabeça em meu ombro, ouvindo a conversa.
-Próxima o que, Manolo?
-Micareta, oras.
-Nem que me paguem, - disse dando uma piscadela. Ele deu uma gargalhada gostosa e se voltou para a garota que estava no encalço dele desde aquele inferno. Beijei e ela quebrou o beijo sorrindo.
-Acha mesmo que não vai em outras micaretas?-disse mordendo o lábio e arqueando a sobrancelha. Extremamente sexy. Inclinei-me para beijá-la e a última palavra que ouvi foi:
-Tolinho.


FIM



Nota da autora: Arrodear: Dar uma volta. Tipo, andar por um quarteirão.
Moderno: Amigo, colega.
Lenhado: Em mau estado. Fudido.
Acompanhar farrancho:Meter-se em complicações.
Azuretado: Invocado, puto da vida.
Zoró: Danado da vida, puto.
Porreta:Legal, gente fina.

N/A: Oh, Deus, o que faço aqui enviando esse lixo? Eu juro que sempre tive vontade de enviar um challenge, mas nunca conseguia terminar a fic a tempo, então nem mandava. Admito: minha inspiração para escrever esse garoto odiador de micareta foi o Felipe Neto. A definição de micareta dele foi usada aqui e eu concordo totalmente. E acredite, eu já fui à micaretas. Só tem gente feia, bebida, vômito, gente feia, caras que o braço não fecha no corpo e por aí vai. Olha, pode até ter gente que gosta de Itaipava, mas eu não curto aquilo: fede a urina. Desculpem. Só uma Skol para me fazer feliz =). Mas tirando o momento cachaceira, espero que tenham gostado, porque eu ri fazendo essa fic. E isso é raro. Muito raro. Enfim, qualquer problema, ou se quiserem contato, basta enviar ou adicionar no MSN o seguinte email: nandinha1593@gmail.com. Beijinhos e comentem.



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