I know it makes no sense but what else can I do?
(Eu sei que isto não faz sentido, mas o que eu posso fazer?) How can I move on when I'm still in love with you?
(Como eu posso me mover quando eu ainda estou apaixonado por você?)
Um apartamento bagunçado, era impossível alguém em plena sanidade habitar ali por vontade própria, mas não tinha mais a sanidade no lugar, e talvez nem mais vontade própria. Haviam roupas jogadas por toda parte, muitos pratos empilhados na pia da cozinha e os porta-retratos estavam virados pra baixo, com as fotografias escondidas.
entrou no quarto escuro mal podendo enxergar um palmo a sua frente. Ele podia muito bem apertar o interruptor e clarear o lugar, mas não se importava com isso, sabia onde ficavam os móveis e não queria ter que encarar seu rosto no espelho. Ultimamente ele vivia assim, na escuridão, tanto a que o impossibilitava de ver quanto aquela que insistia habitar dentro de si. aproximou-se da cabeceira da cama e puxou a cordinha do abajur, fazendo com que o aparelho iluminasse o suficiente para pegar alguns objetos que faltavam. Quem o olhasse naquele momento, a meia luz, veria um rapaz claramente exausto trajando um casaco pesado, seus olhos castanhos estavam afundados pelas escuras olheiras e sua pele clara estava mais pálida que o natural.
O rapaz sentou-se na cama passando os dedos pelos cabelos negros, desarrumando os fios recém-cortados. Seus olhos caíram sobre uma gaveta da cômoda, ponderando por alguns momentos se deveria mesmo fazer aquilo. Ele tinha medo que as lembranças pudessem feri-lo mais do que ele já estava. Ele respirou pesado, abrindo por fim aquela gaveta que ele tanto encarava. Ali estavam algumas fotos, recortes e pequenos objetos que significavam tanto pra ele. retirou de lá algumas das fotos que eram unidas por uma presilha de cabelo dourada e acima delas estava uma pulseira de identificação juntamente com um crachá. Ele reparou nas letras gravadas naquele cartão, com as memórias já saltando em sua mente.
* * *
Era 31 de janeiro de 2011, o inverno já estava instalado em Paris mas a neve ainda não caia. O frio era intenso, mas não foi motivo o suficiente para diminuir o público daquele show. A Boulevard de Rochechouart era uma rua normalmente movimentada, principalmente em dia de shows no La Cigale, como naquela noite. O La Cigale era uma casa de shows relativamente grande, com arquitetura moderna comparada aos outros prédios e estabelecimentos daquela rua. O lugar ainda não estava aberto ao público, apesar de só faltarem duas horas para o início do show, o que deixava todos inquietos. A fila já ultrapassava a esquina da rua e um burburinho de xingamentos e reclamações já podia ser ouvido. Ali fora estava congelando!
– Você precisa fazer alguma coisa pra acalmar esse pessoal rapaz, ou a coisa pode ficar feia por aqui. – o segurança do lugar falou ao garoto da produção que apareceu na porta da frente. respirou fundo, olhando a fila de pessoas estendendo-se por toda Rochechouart. Ele mordeu o lábio, analisando as possibilidades do que fazer. era produtor de eventos, estava acostumado com contratempos e coisas que provavelmente dariam errado, mas dessa vez era diferente, ele estava visivelmente mais nervoso que o habitual. Quando soube que o The Script viria a Paris ele literalmente implorou ao dono da produtora para fazerem aquele evento.
era fanático pela banda irlandesa e a acompanhava desde o primeiro álbum lançado em 2008. Ele sabia que era difícil eles se apresentarem fora do Reino Unido e não podia deixar essa oportunidade escapar.
– Tudo bem, – ele respondeu ao segurança – comece a liberar a entrada de três em três, eu vou avisar pra todos se acalmarem. – o homem concordou, já verificando os ingressos dos primeiros da fila, enquanto deixou sua prancheta e o comunicador no balcão da bilheteria já começando a andar em paralelo a fila, se desculpando e avisando que a entrada seria liberada.
A rua estava realmente congelando, o inverno parisiense era assim, já era de se esperar. apertou mais a jaqueta de couro em seu corpo, tentando isolar-se do frio cortante. Apesar de tudo ele amava o inverno, o jeito que as pessoas se vestiam, como todos se reuniam para tomar um chá ou chocolate quente no fim do dia, não era algo que podia se fazer em um dia de verão. Era a magia do inverno, e só seria completa quando a neve se fizesse presente. Como ele amava a neve!
parou de repente quando chegava à esquina da rua. Logo em frente ao Bar Brasserie, uma garota dentre as várias outras da fila chamou sua atenção. Ela trajava botas de couro, meia-calça e saia pretas, com casaco e gorro de lã na cor vermelha. Os cabelos negros com as pontas avermelhadas estavam presos em um rabo-de-cavalo de lado meio frouxo, fazendo com que ele se moldasse dentre seu rosto e o gorro que ela usava. Ao contrário das outras pessoas a garota estava alheia a demora e ao frio que se instalava cada vez mais cruel. Seus olhos estavam fechados, com os lábios balbuciando provavelmente alguma canção que escutava ao fone de ouvido.
sorriu colocando as mãos nos bolsos do casaco, incapaz de desgrudar os olhos daquela garota. Ela mexia a cabeça de leve, marcando um compasso constante.
– Oi. – ele apenas disse, mesmo sabendo que ela não sairia daquele transe. Então o rapaz encostou de leve uma das mãos em seu ombro, fazendo com que ela abrisse os olhos.
– Ah, me desculpe. – A garota sorriu já enrubescendo, não se sabe de vergonha ou pelo frio.
– Tudo bem... – Ele esticou as palavras, como se a questionasse seu nome.
– , . – Os dois andaram alguns passos, movendo-se na fila. puxou mais o gorro de lã em sua cabeça, ajeitando os fios rebeldes que insistiam cair.
– Me chamo . – Os dois apertaram as mãos, cumprimentando-se. desculpe a pergunta, mas o que você estava ouvindo? – ele sorriu, fitando os olhos verdes da garota.
– Você ainda pergunta? – Ela riu, fazendo com que o ar que ela expirava virasse fumaça devido ao frio. – The Script, é obvio! – ela ergueu os braços de excitação. – Eles não são o máximo?! Estou tão ansiosa!
– Break Even? – tentou acertar qual era a música que ela ouvia e riu da animação da garota, mas não podia negar, estava tão ansioso quanto ela.
– Yep. – fez um barulho engraçado com a boca, notando que já estavam quase na porta do lugar. – Ela cantarolou desengonçada, olhando ao seu lado, ponderando se ele acompanharia a música ou não.
Ele continuou cantando o refrão e na estrofe seguinte os dois já cantavam juntos, enquanto entravam no La Cigale.
* * *
respirou fundo, devolvendo aqueles objetos na gaveta, de lá só colocou uma das fotos dentro de uma mochila surrada que ele levara consigo até o quarto. Se ele ainda tinha alguma dúvida se devia mesmo fazer aquilo, aquela lembrança o fez acordar pra realidade. Ele precisava fazer isso. O garoto já havia tentado de todas as formas sem obter nenhum sucesso, e aquela seria sua ultima instância, seu ultimo recurso. Ele só tinha uma certeza: não podia viver sem , não depois de saber como a vida era melhor ao seu lado.
O rapaz desligou o abajur colocando uma das alças da mochila sobre o ombro e deixou o quarto na mesma escuridão de quando entrou ali. Assim que colocou os pés na sala um cachorro de porte médio, branco com manchas pretas e amarelas, de orelhas longas se aproximou dele, apoiando as patas dianteiras em sua perna. lançou um sorriso triste para o beagle, que o olhava com o olhar piedoso.
– Eu não posso te levar Axl, não sei quanto isso vai durar. – Ele se abaixou para ficar mais próximo do cão, enquanto fazia um carinho em suas orelhas.
* * *
Um casal andava de mãos dadas entre a multidão. Era temporada de férias então as ruas estavam mais lotadas do que o costume.
– ... – A garota falou manhosa, chamando a atenção do garoto que andava ao seu lado. Ela vestia uma calça jeans, tênis e uma camiseta que exibia o logo dos “The Beatles”, por cima só tinha um moletom cinza leve. O tempo não estava tão frio quanto de costume.
– Diga . – Ele parou de caminhar, segurando as duas mãos da garota e apreciando seus olhos. Já sabia que quando ela o chamava daquela forma é porque queria algo.
– Você não está com fome? – perguntou, fazendo os dois rirem.
– Um pouco. – Respondeu sincero, colocando as mãos nos bolsos dos jeans. Além daquela peça vestia uma camisa xadrez branca e azul.
– Estou com tanta fome que poderia comer um leão. – fez uma careta tão fofa que ele não se conteve em selar os lábios aos dela por um momento.
– Então vamos comer alguma coisa. – virou-se pra rua voltando a caminhar. – Tem alguma coisa em mente?
– Que tal um wrap de salmão do Charcuterie? – Ela sugeriu já imaginando o gosto da especiaria, que apesar do nome, nada mais era do que salmão, cream cheese, alcaparras e rúcula enrolados em uma folha de tortilha, uma massa de pão bem fininha.
– Nossa, a gula é pecado sabia? – Ele brincou, vendo os olhos da garota brilhando só por falar o nome do lanche.
Algum tempo depois e saiam de mãos dadas da lanchonete. trazia consigo um copo grande de plástico no qual aspirava o Milk Shake de morango pelo canudo.
– Tem certeza de que não quer um pouco ? – Ele questionou quando os dois já caminhavam novamente pela calçada. Já estava entardecendo então as ruas começavam a esvaziar sob a luz amarelada do pôr-do-sol.
– Não! Quer me matar? – Ela respondeu resmungona.
– Como assim? – O garoto levantou as sobrancelhas surpreso com a reação da garota.
– Sou alérgica.
– A Milk Shake? – parou de andar, aspirando o restante do líquido do copo enquanto fazia aquele barulhinho chato, o que fez rolar os olhos.
– Não né, a morango. – Ela tirou por fim o copo da mão do garoto jogando-o na lixeira mais próxima. Ele soltou um “Hey!” em reprovação.
– Da ultima vez que comi morango inchei tanto que parecia aquela Tia Guida do Harry Potter. – retorceu o rosto só de se lembrar como tinha passado mal aquele dia.
– Aquela que Harry infla e ela sai voando pela janela? – não se conteve e começou a rir alto, imaginando a garota tão gorda quanto aquela mulher.
– Ei! Não tem graça ! – Ela o repreendeu mas riu junto com ele.
O garoto iria continuar a conversa, mas um latido o repreendeu. Os olhos dos dois correram até um amontoado de pessoas mais a frente então decidiram se aproximar. No fim da rua tinha montado uma espécie de feira aonde uma faixa indicava: Feira de Adoção de Filhotes.
Os olhos verdes de brilharam quando os dois se viram no meio de tantos cachorros. Se haviam uma coisa que eles amavam eram cachorros.
Perderam algum tempo ali brincando com alguns filhotes e conversando com outras pessoas a respeito da feira e dos cuidados com os animais.
– , veja isso. – chamou a atenção do garoto quando avistou um filhote que não podia ter mais do que cinco meses. Ele era branco com algumas manchas pretas e amarelas, seus olhos eram grandes e esbugalhados como quem estivesse prestando atenção em tudo ao seu redor.
– Ele é muito lindo. – O garoto pegou o cãozinho no colo que logo tratou de se embolar na camisa xadrez de . aproveitou pra fazer um carinho de leve nas orelhas do bichano. – Você gostou dele? – ela assentiu a cabeça afirmando.
– Então vamos adotá-lo. – Ele sorriu vendo a reação do cachorro, lambendo os dedos da garota. – Ele será nosso.
– ! – ela sorriu de uma forma que ele não se lembrava de ter visto antes. sorria não só com os lábios, mas também com os olhos.
– Eu te amo. – A garota sussurrou em seu ouvido, entrelaçando um dos braços em seu pescoço, enquanto unia os lábios de forma calma e carinhosa.
* * *
– Você também não quer ficar sem ela, quer? – Como quem entendesse o dono, o cachorro resmungou choroso. – Então nós temos que fazer isso. Não podemos deixá-la ir pra sempre Axl.
ergueu-se pegando uma coleira que repousava sobre a mesa, prendeu-a junto a que estava no pescoço de Axl e pegou o resto de seus pertences: Sua mochila junto ao ombro e seu case do violão. Deixaria o cachorro aos cuidados de seu vizinho, já que não sabia quanto tempo ficaria fora. Por fim ele saiu daquele apartamento escuro, obrigando seus olhos a encarar as luzes noturnas de sua conhecida Paris.
Longe dali, podemos dizer que habitando o céu sobre o Oceano Atlântico, dentre a França e os Estados Unidos, uma garota lia alguns das centenas de comentários que existiam em seu blog, a maioria pertencia ao post em que ela comentara sobre sua mudança de planos. O fato era que muitos de seus assíduos leitores estavam contra tudo aquilo e direcionavam um questionário a autora de porque dela ter tomado tais atitudes. fechou o notebook de forma brusca, não conseguindo ler mais daquelas palavras. Estava cansada de todos dizerem o que ela tinha que fazer, mas nem ela mesma conseguia decidir o que era o certo, então porque permitia os outros fazerem isso? Opinar nas suas decisões? Na sua vida?
A situação era que já estava exposta aquilo tudo e não tinha mais como voltar atrás. Desde que se mudou para Paris para ingressar na faculdade de Jornalismo, começou um blog de forma anônima na internet, no qual escrevia seus desabafos, angustias e visões do seu mundo. Tudo que ela queria inicialmente era um lugar no qual ela pudesse ser ela mesma, sem rótulos e sem ter medo de ser exposta, porque não tinha um lugar pra se chamar de lar.
A garota era de Londres, e foi na terra da rainha que ela teve sua graduação em Letras, mesmo com aquele vazio em si. Depois de perder seus pais ela não queria mais ter nenhuma ligação afetiva com ninguém, e só fazia isso para se poupar de sentir aquela dor da perda. Por esse motivo que assim que viu uma oportunidade saiu de Londres, porque lá ela tinha um lar. Tinha alguns parentes e amigos que se importavam com ela, pessoas que ela amava e não suportaria perdê-los também, então a única solução que ela tinha era se afastar por si própria, antes que a vida se encarregasse disso por ela.
Tudo que queria era ser ninguém, o qual era outro grande motivo de criar um blog no qual despejava seus sentimentos e assinava as postagens como Nobody.
conseguia muito bem ser ninguém, mas só até conhecer . A garota suspirou fundo lembrando-se dele enquanto olhava pela janela do avião. Tudo que ela podia ver ali era um céu cinzento recheado de nuvens brancas. era o único motivo que ela tinha para permanecer em Paris e ao mesmo tempo também era o motivo que uma parte de si – aquela que sofria, e tinha medo deste sofrimento – pedia para ela ir embora. Com ela era alguém, ela era uma sonhadora, que queria casar, ter filhos e ser feliz. Mas até quando? Ela se fazia aquela pergunta com frequência desde o dia em que a pediu para morarem juntos no teleférico de Montmartre. Naquela ocasião ela só queria conhecer a basílica de Sacré Coure e convidou para um simples passeio mas o garoto havia planejado cada detalhe.
Quando ele fez a pergunta, em um primeiro momento tudo que fez foi seguir seu coração e aceitar, mas cada dia que se passava aquele fantasma continuava perseguindo seus pensamentos: era só dar tempo ao tempo e ela estragaria tudo mais uma vez, como fez com seus pais. Seus pais.
Foram estas duas palavras que fez aquela tão conhecida sensação de angústia se apossar em seu peito. Os olhos verdes da garota começaram a ser tomados por uma cortina de lágrimas enquanto a aquela dor latente era bombeada vagarosa no coração, espalhando-se em sua corrente sanguínea. correu os dedos sobre uma antiga cicatriz em seu braço esquerdo e então nada fazia sentido.
* * *
Seria uma manhã como qualquer outra naquela casa se não fosse véspera de natal. A enorme casa exibia enfeites por todos os lados, aonde quer que se olhasse estava decorada com os motivos natalinos, fossem pinhas, árvores, bolas coloridas ou imagens do bom velinho.
Um casal estava junto de uma grande árvore ao centro da sala. Eles não aparentavam mais que 35 anos, o homem com os cabelos castanhos rentes a cabeça, olhos verdes e um tanto alto ligava o pisca-pica na tomada, fazendo com que as pequenas lâmpadas brilhassem, dando o ar da graça mesmo a luz do dia. A mulher exibia cabelos castanhos lisos com grossos cachos caindo pelas pontas, olhos negros e pele clara. Ela ajeitava cuidadosamente uma última bola vermelha em um dos galhos da árvore, assim que terminou ela se afastou um pouco observando a obra prima. Estava linda!
Ouviam-se passos cuidadosos descendo a escada, uma garotinha que devia ter seus 7 anos trajava ainda seu pijama e pantufas de ursinho, logo apareceu ao lado da mulher, coçando os olhos e bocejando como quem acabava de acordar.
– Mamãe, vocês me prometeram que eu poderia ajudar a enfeitar a árvore esse ano! – A garota cruzou os braços, birrenta.
– Mas quem disse que já terminamos de arrumar querida? – A mulher passou a mão acariciando os cabelos da pequena e em seguida depositou um beijo no topo de sua cabeça.
– Não terminaram? – a criança abriu um sorriso com os olhos brilhando, já querendo ajudar.
– , não acha que está faltando nada? – O homem retirou de uma caixa um enfeite diferente de todos outros espalhados pela casa. Era uma estrela formada por pequenas conchas, daquela que se pode colher quando damos uma volta na praia. Elas eram unidas por um fio de palha e tinha um gancho na ponta, para ser pendurada.
A garotinha sorriu ainda mais correndo em direção ao pai e abraçando-o de forma carinhosa. Os dois haviam feito aquela estrela alguns dias atrás. John estava procurando alguns enfeites de natal e a filha o ajudava, quando viu aquelas conchas em uma caixa antiga. Ela havia achado elas tão lindas que implorou ao pai para usarem como enfeites de natal mesmo depois dele ter explicado que não tinha muito a ver com a data.
– Posso pendurar papai? – A garota perguntou, já com o enfeite nas mãos. O homem assentiu que sim colocando a pequena sobre os seus ombros para que ela pudesse alcançar o topo da árvore e colocar a estrela ali.
– O que achou Megan, não ficou linda? – John aproximou-se da esposa, passando um dos braços em volta de sua cintura, ainda com sobre os ombros.
– Está perfeita. – A mulher sorriu, abraçando o marido e pegando a filha em seus braços.
* * *
não segurava mais as lágrimas, elas caiam livremente enquanto ela ainda dedilhava aquela cicatriz com a angústia e a culpa já lhe tomando por inteira. Naquela mesma véspera de natal perdeu seus pais, pelo que ela chamava de um “capricho infantil”. Aquele dia Londres sofria uma das maiores nevascas da história, mas ainda era pequena demais para entender que as ruas estavam praticamente intransitáveis e que seria perigoso sair de casa. Ela era uma criança no auge de seus sete anos e tudo que ela dizia era que se não fosse ver o papai Noel naquele dia como ele saberia qual o presente que ela queria ganhar mais a noite?
Então John e Megan decidiram enfrentar a neve e levar a filha pra ver o bom velinho. Horas depois era tirada pelo corpo de bombeiros dentre os destroços do carro de seus pais. A nevasca deixou as ruas escorregadias e um caminhão não conseguiu frear na curva, chocando-se no carro e levando os pais dela pra sempre.
A garota fechou os olhos absorvendo aquela dor que a fazia sangrar por dentro. Se ela não estivesse no avião provavelmente estaria fumando para tentar relaxar, o cigarro era sua válvula de escape quando chegava ao fundo do poço. Desde aquele dia não havia ganhado só aquela cicatriz no braço, mas também um buraco que jamais cicatrizaria em seu peito. Ela já não acreditava mais em papai Noel, na magia da neve, odiava crianças c suas vontades sem sentidos e, principalmente, não se permitia mais amar. Era por isso que ela estava indo pra Boston.
Mesmo não sendo sua intenção, o blog de havia feito sucesso. As pessoas gostavam de ouvir aquelas crônicas que ela criava de si mesma, não demorando muito para aquilo chamar a atenção da mídia. Todos queriam saber quem era o autor daquelas histórias tão impactantes que transbordavam sentimento. não cedeu, mesmo sendo o seu objetivo tornar-se uma jornalista e ser uma profissional reconhecida, não era dessa forma que ela queria se mostrar, alguém frágil que se auto intitulava como ninguém.
Conforme a curiosidade dos leitores aumentava, a mídia começou a ferver em busca de quem era Nobody, e a três semanas recebeu um e-mail diferente dos demais na caixa de entrada do blog. Em seu conteúdo ela era imensamente elogiada e recebia uma proposta para ser colunista semanal no The Boston Globe, nos Estados Unidos.
no início ponderou muito se aceitaria ou não, mas aquela dor e o fantasma de seu passado somado com o amadurecimento de seu relacionamento com , o medo de perdê-lo como perdeu seus pais a fez aceitar a proposta. Ela lançou um sorriso triste em direção à aeromoça que anunciava que o avião já iria pousar. Guardou o notebook em sua mochila, fechando o cinto de segurança em seguida.
* * *
As pessoas andavam apressadas pelo espaço que ligava a estação de trem TGV e o aeroporto Saint Exupéry. Todos estavam decididos a viajar antes que o inverno rigoroso se apossasse da França e nenhum avião mais pudesse decolar até o tempo melhorar. Mais um trem chegava na estação e quando as portas abriram muitas pessoas se espremiam para sair rapidamente, mas esperou todos saírem.
A garota trajava uma meia calça preta, vestido azul marinho com pequenas flores vermelhas que se ajustava na cintura por um fino cinto de couro. Sobre seus ombros trazia um casaco de lã preto, combinado com um gorro da mesma cor, já os cabelos estavam soltos como de costume. arrastava uma mala de rodinhas e uma menor no ombro, trazia junto ao corpo uma versão em livro de seu filme preferido: The Notebook, que havia planejado ler durante o trajeto, mas mal conseguiu ler duas páginas.
caminhou alguns passos, sentando-se em um dos bancos ali da plataforma. Procurou em seus bolsos a passagem de avião: Portão 4 – Conexão Paris – Boston, às 21 horas. Já estava quase atrasada. Sem ter tempo para arrependimento pôs-se a caminhar o mais rápido que suas pernas suportavam. Após verificar a entrada de embarque que seria o seu voo, a garota avistou a fila na qual o funcionário já verificava o passaporte e a passagem dos demais.
Respirou fundo, seguindo a fila que andava depressa. Ela não se permitiria pensar em nada, seu coração estava pequeno e por instinto, como se alguém soprasse em seu ouvido para fazer aquilo, olhou para trás sobre seu ombro. A garota apertou mais o livro que ainda estava em seus braços quando imaginou ter avistado quem não saia de sua cabeça: . Uma cópia fiel do rapaz de cabelos castanhos bagunçados e olhos penetrantes atravessava o detector de metais alguns metros dali.
fechou os olhos com força proibindo seus pensamentos de criar esse tipo de ilusão de ótica, coisa que se tornou habito desde sua infância. Era comum a garota visualizar a imagem de seus pais sorrindo para ela como naquela véspera de natal.
– Senhorita, a passagem e o passaporte, por favor. – Forçou-se a abrir os olhos notando que já era sua vez de cruzar o portão de embarque. Ela entregou os papéis ao homem, que verificou autorizando que ela atravessagem o guichê.
– ! – A garota ouviu um grito naquela voz tão conhecida fazendo com que ela se virasse bruscamente em busca de olhos castanhos. Lá estava ele, era mesmo aquele rapaz no detector de metais, desta vez não era sua imaginação, era real. O garoto tentou passar pelo portão de embarque, mas foi barrado pelo mesmo funcionário que pegou os documentos de , alegando que só pessoas com bilhete podiam seguir caminho.
A garota não se mexeu. Os outros passageiros continuavam seguindo corredor a fora para embarcar na aeronave, mas não conseguia desgrudar os olhos de . Ele exibia o rosto cansado com os olhos castanhos marejados, o que fez prender a respiração.
Ele se aproximou da faixa de proteção tentando chegar um pouco mais perto da garota. notou que ele trazia nas mãos o bilhete amassado que ela havia deixado na cabeceira da cama. Ela era uma covarde. Mal teve coragem de explicar seus motivos, o porquê dela ir embora, ou ao menos dizer adeus. Mas ela sabia o porque disso. Olhando nos olhos castanhos de , a poucos centímetros de si, ela sabia que era esse o exato motivo de não ter se despedido: ele era sua fraqueza. Ali, tudo que ela sentia era um enorme desejo de deixar toda essa ideia de ir embora e ficar ali, pra sempre.
Esses pensamentos a amedrotravam, e antes mesmo que o rapaz pudesse formular algo a dizer ela secou algumas lágrimas e murmurou um “desculpe-me” enquanto ultrapassava o portão de embarque sem olhar pra trás.
* * *
Eram 5:19 da manhã em Paris. O céu estava encoberto por algumas nuvens, mas dentre elas ainda podia ser notada uma lua, mesmo que já desaparecendo com o nascer do dia. caminhava sem pressa sabendo que mais alguns passos e ele chegaria em seu destino: a conhecida Boulevard de Rochechouart, mais precisamente na esquina próxima ao La Cigale, aonde ele viu pela primeira vez.
Por ser cedo a rua ainda estava deserta, então sentou em frente ao Royal Bar, deixando de lado sua case do violão e retirando alguns pertences de dentro de sua mochila. Ele entrou no saco de dormir tentando se manter aquecido. Mesmo sem a neve o inverno parisiense era muito cruel, e logo mais a neve cairia, não tinha dúvidas disso, tinha que ficar preparado. O garoto se ajeitou mais no saco fechando o zíper até o topo, em suas mãos estava àquela foto que ele havia retirado da gaveta mais cedo, nela sorria, feliz. observou aquela imagem até cair no sono, mas por pouco tempo. Logo o dia amanheceu e a claridade do sol fazia aquela rua encher de gente por toda parte.
Um garotinho de no máximo dez anos aproximou-se de dormindo ali na esquina e o cutucou algumas vezes até acordá-lo. Ele piscou tentando assimilar o que acontecia e se sentou quando notou que o menino oferecia uma nota de cinco euros.
– Não, não, eu não quero dinheiro. – falou, fazendo com que o menino fizesse uma cara confusa, ainda deixando o braço com o dinheiro esticado. sorriu doce para o garotinho, ele adorava crianças, e a atitude do menino, mesmo que desnecessária, só afirmava o motivo que ele gostava tanto delas: a ingenuidade.
– Tem certeza? – O garoto insistiu e só confirmou com a cabeça.
– Está tudo bem rapazinho? – Um policial se aproximou dos dois, colocando a mão no ombro do menino de forma protetora.
– Está sim senhor policial. – A criança respondeu e o policial recomendou para que o garoto fosse de encontro com sua mãe que segundo ele estava no Royal Bar. só os observava, trazendo o nylon do saco de dormir mais sobre si na tentativa de se esquentar, estava ficando cada vez mais frio!
– Qual o seu nome rapaz? – O policial se voltou para enquanto abaixava o volume do comunicador da polícia que agora soltava um chiado alto.
– senhor. – Ele simplesmente respondeu.
– , eu posso lhe arranjar um abrigo, eu sei que nesta época do ano eles ficam cheios, mas eu dou um jeito. – O policial o olhou com pena. Ele ostentava seu uniforme preto e um bigode grande sobre os lábios.
– Não precisa, obrigado. – O garoto respondeu enquanto apertava os dedos no papel gasto daquela foto a qual não havia desgrudado desde que chegara ali.
– Meu rapaz, a previsão é que a neve começa em poucos dias, você não pode ficar aqui na rua. – O homem de meia idade se mostrou preocupado, em seus pensamentos questionava até a sanidade do rapaz. Quem em sã consciência optaria por ficar na rua em um tempo daqueles?
– Eu sei disso, mas eu não vou sair daqui.
Alguns dias haviam se passado, Paris não se falava outra coisa a não ser sobre “O homem que não quer se mover”. Dois dias depois de ter conversado com o guarda ele já havia aparecido como notícia no jornal local então era comum aparecerem pessoas só para observá-lo, ainda mais em um dia como esse. Estava a ponto de completar uma semana que o garoto estava naquela esquina e a previsão de tempo dizia que começaria a nevar. A notícia fez com que as pessoas se sensibilizassem com e muitos apareciam ali para levar cobertores e roupas pesadas, consequentemente a imprensa o assediava com perguntas do porque ele querer ficar ali mas ele sempre se recusava a responder.
estava jogada na cama do hotel em Boston. A reunião com o jornal seria dali a algumas horas, mas ela não tinha vontade de se arrumar. Desde que chegou no hotel tudo que ela fez foi ficar jogada na cama assistindo televisão. A garota estava deprimida. Seu coração estava pequeno e ela sabia muito bem qual o motivo. Ela passava os canais distraidamente, sem realmente prestar atenção em algo que aparecesse na tela, até que seus olhos captaram a imagem de Paris. Ela aumentou o volume do aparelho, prestando atenção nas palavras do repórter.
A notícia era sobre um homem que não saia da calçada da Boulevard de Rochechouart. Segundo o repórter ele não saia por vontade própria dali já que houveram muitas propostas de abrigo e o rapaz tinha também casa própria, e tudo que ele fazia quando perguntavam o porque daquilo tudo ele simplesmente cantava, e sempre a mesma canção.
A tela foi tomada pela conhecida rua e assim que a câmera focalizou o homem sentado no chão não controlou as lágrimas, que pioraram quando ela escutou os primeiros acordes que dedilhou no violão. Ela levou as mãos até a boca, não acreditando no que seus olhos viam. conhecia aquela música e não podia acreditar que ele tinha feito uma coisa dessas.
(Coloque pra carregar esse cover, que é como eu imagino cantando. A música começa aos 18 segundos, espere eu avisar para colocar o play.)
* * *
e estavam deitados em uma cama de casal no quarto do apartamento que dividiam. Era meio da madrugada e o clima no lugar estava agradável. The Man Who Can’t Be Moved do The Script tocava no aparelho de som e balbuciava as palavras, acompanhando a música. A garota estava deitada sobre o peitoral de , enrolada na coberta que escondia parte de seu corpo nu deixando somente seus seios a mostra. Ela esticou-se sobre o garoto, capturando o cigarro que ele tinha entre os dedos e tragou uma vez antes de devolvê-lo.
sorriu passando devagar os dedos da mão que tinha livre sobre o rosto da garota em um carinho compassado. Ela sorriu, sobrepondo sua mão na do garoto enquanto a música recomeçava. havia deixado a música no repeat.
– Você gosta mesmo desta música. – Ele sussurrou unindo os lábios aos dela de forma carinhosa.
– É a declaração de amor mais linda que eu poderia imaginar. – assentiu com a cabeça enquanto fazia desenhos sobre a pele quente do peito do rapaz.
– Um dia eu farei isso por você. – disse sério, mas a garota fez uma careta de reprovação.
– Você não vai precisar, eu não vou a lugar nenhum. – sorriu sincera, enterrando a cabeça no pescoço do garoto em um abraço desajeitado – Eu prometo.
* * *
Mas havia quebrado sua promessa, ela havia partido. Ela mal conseguia respirar ou mover algum músculo, sua expressão ainda era de surpresa não acreditando naquilo tudo. estava lá, cantando aquela música, fazendo uma loucura daquelas!
(Deem play no vídeo)
Going Back to the corner where I first saw you
(Voltando para a esquina onde eu te vi pela primeira vez) Gonna camp in my sleeping bag I'm not gonna move
(Irei acampar no meu saco de dormir, e não vou me mover) Got some words on cardboard, got your picture in my hand
(Pego algumas palavras no cardboard, pego sua foto em minhas mãos) saying, "if you see this girl can you tell her where I am"
(Dizendo: "se você ver esta garota, pode dizer onde estarei")
não era um cantor profissional, apesar de tocar muito bem violão ele não tinha muito talento com a voz e aquela tinha sido a primeira vez que o ouvia cantando. A música soava mais como uma declamação dos fatos, mas naquelas palavras, naquela melodia depositava toda sua emoção, tudo que ele queria era provar para que ele a amava, e que juntos eles passariam por qualquer coisa.
Some try to hand me money, they don't understand
(Alguns tentam me dar dinheiro, eles não entendem) I'm not broke I'm just a broken hearted man
(Eu não estou quebrado, eu sou apenas um homem de coração partido) I know it makes no sense but what else can I do
(Eu sei que isto não faz sentido, mas o que eu posso fazer?) How can I move on when I'm still in love with you
(Como eu posso me mover quando eu ainda estou apaixonado por você?)
O garoto cantava de olhos fechados, pra si mesmo, tentando justificar o porque tudo aquilo. Não tinham tantas pessoas a sua volta já que a neve já havia começado a cair, o inverno tinha chegado definitivamente e só conseguia pensar que ele iria congelar ali, e por sua culpa.
Cause If one day you wake up and find your missing me
(Porque se um dia você acordar e achar que sente minha falta) and your heart starts to wonder where on this earth I could be
(E seu coração começará a querer saber onde na Terra eu poderia estar) Thinking maybe you'll come back here to the place that we'd meet
(Pensando que talvez você voltará aqui para aquele lugar em que nos conhecemos) And you'll see me waiting for you on the corner of the street
(E você me veria esperando por você na nossa esquina) So I'm not moving, I'm not moving
(Então eu não estou me movendo. Eu não estou me movendo)
Policeman says, "son you can't stay here"
(O policial diz: "filho, você não pode ficar aqui") I said, "There’s someone I'm waiting for If it's a day, a month, a year"
(Eu disse: "há alguém que estou esperando, seja por um dia,um mês ou um ano") Gotta stand my ground even if it rains or snows
(Tenho que ficar "plantado" aqui, mesmo se chover ou nevar) If she changes her mind this is the first place she will go
(Se ela mudar de ideia esse é o primeiro lugar que ela irá)
estava abatido, isso era visível. As olheiras estavam presentes mais do que nunca sob seus olhos, os ossos do rosto saltados e a pele pálida se misturando com o fundo branco de neve. As pontas de seu nariz e dedos estavam arroxeadas pelo frio intenso.
People talk about the guy that's waiting on a girl
(Pessoas falam sobre o cara que está esperando pela garota) There are no holes in his shoes but a big hole in his world
(Não há buracos em seu tênis, mas há vazios em seu mundo)
Maybe I'll get famous as the man who can't be moved
(E talvez eu ficarei famoso como "o homem que não pode se mover") Maybe you wont mean to but you'll see me on the news
(E pode ser que você não gostará, mas me verá nos noticiários) And you'll come running to the corner
(E você voltará correndo para a esquina) ‘Cause you'll know it's just for you
(Porque você saberá que isto é apenas por você) I'm the man who can't be moved
(Eu sou o homem que não pode se mover)
Vendo daquela forma, tão frágil, machucado e indefeso, só fazia questionar se todos aquelas dúvidas e medos que ela carregava dentro de si valiam mesmo a pena.
Going Back to the corner where I first saw you
(Voltando para a esquina onde eu te vi pela primeira vez) Gonna camp in my sleeping bag I'm not gonna move
(Irei acampar no meu saco de dormir, e não vou me mover)
Algumas semanas haviam se passado desde que viu na televisão. Naquele mesmo dia o garoto foi forçado a se retirar do lugar já que a nevasca começou a ficar intensa e ele estava com princípio de pneumonia, tudo que ele conseguia sentir desde então ela o fracasso. Ele estava jogado no sofá da sala, com Axl com a cabeça em seu colo e só pensava que todo o sacrifício para realizar sua ultima cartada para não perdê-la não tinha dado certo. não tinha aparecido, não tinha ao menos telefonado.
resmungou algo, fazendo o cachorro latir quando ouviu a campainha soar. Ele não tinha vontade de atender, na verdade ele não queria ter que falar sobre aquilo com ninguém. Ignorou a porta, mas depois da pessoa insistir várias vezes ele se obrigou a levantar e ir até a porta.
– ? – Sua voz saiu falhada quando a figura da garota se materializou atrás da porta assim que ele a abriu. Ela estava simples: calça jeans, uma blusa de lã e tênis nos pés. O cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo.
– Oi. – Foi tudo que ela conseguiu dizer quando olhou para os olhos do garoto. Ele estava péssimo. Olheiras, cabelo mais comprido que o normal e ainda vestia pijama. o conhecia o bastante para saber que ele só fazia isso quando ficava triste.
Eles se encararam em silêncio por alguns segundos, até Axl aproximar-se da garota para fazer festa. se abaixou e fez um carinho no cachorro.
Vendo que não falaria nada ela tomou coragem e se adiantou mesmo com medo da rejeição.
– Os aeroportos ficaram fechados por causa da tempestade de neve, se não eu teria voltado antes. – Ela comentou incerta, mas seu coração se aqueceu quando um sorriso brotou nos lábios do garoto.
Ela correu para entrelaçar os braços no pescoço de , inalando seu perfume característico enquanto sussurrava um “Por favor, me perdoe”.
– Eu disse que faria qualquer coisa pra te provar que valia a pena, não disse? – Ele se afastou um pouco seu corpo do dela, só o suficiente para fitar seus olhos.
– E eu fui tola em considerar mais o medo do que o que eu sinto por você. Que se foda o medo . – dedilhou devagar o rosto do garoto. – Eu te amo.
Enfim ele uniu os lábios aos dela de forma urgente, com a certeza de que tinha curado o lado negro do coração de . Ela não deixaria mais que os fantasmas de seu passado a impedisse de viver o presente e o futuro. Agora se permitiria ser feliz.
FIM
Nota da autora: Olá pessoas! Como estão? Bem, eu realmente espero que vocês tenham gostado da fanfic, apesar de já ter algumas fics no site, esta é a primeira vez que eu participo de um Challenge e não imaginava que fosse tão difícil! Mas eu gostei muito de escrever a fanfic e mesmo que eu não ganhe, estou feliz de ter participado, ter feito algo diferente do que eu já estava acostumada.
Agora falando um pouco da fanfic, eu preciso dizer que eu amo The Script? Acho que não, né! Eu estava no trabalho e na hora do café eu entrei rapidinho no FFOBS pra ver se tinha alguma atualização e vi o post sobre o Challenge, tudo que eu consegui ver era que o tema era inverno. Daí eu voltei a trabalhar e escutar The Script e pensar e pensar, daí me surgiu a ideia de escrever a fanfic baseada em The Man Who Can't Be Moved, porque é uma das minhas músicas preferidas deles. Quando cheguei em casa e li as regras do Challenge, vi que a banda era uma “exigência” quase surtei! Vocês já ouviram a música original? Se não ouviram vcs precisam fazer isso, é sério. O cover que eu coloquei como o principal cantando é fofinho, mas essa música é ainda mais perfeita na voz de Danny O'Donoghue. Depois de começar a escrever passei a ouvir a banda 24 horas por dia pra entrar no clima da fanfic. Passando por essa parte, como sempre, tive cuidado de fazer uma boa pesquisa sobre todos os assuntos que eu iria tratar. As ruas de Paris, as comidas, os lugares, pontos turísticos, faculdades, horas de voo e etc. Se quiserem podem ver como é a Boulevard de Rochechouart da fanfic aqui no Google maps.
Bem, por ultimo quero agradecer a todas as leitoras fofas que sempre me mandam recadinhos por e-mail ou por twitter, também a @izabelaschmidt minha melhor amiga por aqui por sempre me apoiar nas histórias, mesmo eu achando todas uma porcaria e clichês demais, também a @gikastro, autora de 500 days in London que eu comecei a ler a pouco tempo, e mesmo não curtindo 1D ela conseguiu fazer eu virar fã tanto da fic quando dela, viramos amiguinhas de twitter agora! Hiper indico a fanfic, caso você ainda não leia. Agradeço a você que leu a fanfic também por ter dedicado alguns minutos do seu tempo a dividir TMHCBM comigo. Agora já chega porque essa n/a ficou enorme. Qualquer coisa só falar comigo lá no twitter, só procurar por @ravfletcher. Xoxo, até a próxima!