Apesar das Diferenças
por Mirian


Challenge #13

Nota: 9,7

Colocação:




O começo por ela
A Noite Estrelada – Van Gohg

Três anos, parece que foi ontem quando conheci sob um manto estrelado, sorri ao lembrar. Tudo naquela noite me remetia a obra de Van Gohg, o sorriso discreto, os cabelos bagunçados, o brilho nos olhos. Foi uma noite de pura descoberta.
Me chamo , sou estudante de história da arte, moro em Nova Iorque, apaixonada por Van Gohg, Matisse e Monet, por poesia e pela vida. Meus amigos me chamam de “romântica incurável” e concordo totalmente. Sempre acreditei que a vida se move com mais facilidade quando nos abrimos pras artes, independente de qual tipo, música, pinturas, poesias, isso a torna a existência mais leve.
já pensa de outra maneira, ele é cético, estuda física (tão chato), tem os pés firmes no chão, enquanto os meus vagueiam pelos sonhos, ele é lindo, perfeito, mesmo na sua loucura de “ a ciência pode provar”. Ele as vezes me deixa realmente chateada, querendo sempre encontrar um explicação lógica pra tudo. O máximo que sabe ou gosta de arte, vem da paixão pela coleção de vinil herdada de seu pai, ninguém chega perto sem a supervisão do futuro cientista da NASA, palavras dele, não minhas.
Totalmente opostos eu sei, mas como grandes pensadores já alardearam por ai, “os opostos se atraem” e mesmo com todas as diferenças, ele me faz feliz. Gosto de pensar que nesses três anos, coloquei um pouco de poesia e leveza em sua vida tão regrada, mesmo com aquele papo de força atrativa e repulsiva e blablablá.
Espero que a noite de hoje termine bem...

O começo por ele
Astronomia – Eugene J Delporte

Me chamo , costumam me descrever como sem graça, cético e sem sentimentos, mas cara, que culpa eu tenho em ser todo “pé no chão”, estudo física e moro na cidade que nunca dorme. Claro que gosto de coisas bonitas, mas quando conheci , apesar dela achar lindo ter me encontrado admirando as estrelas, na verdade eu estava procurando Cassiopéia, Ursa Maior e Adrômeda, maldito trabalho do professor Jonhson, me manteve tão concentrado nas constelações que levei alguns minutos pra perceber a menina morena ao meu lado. No principio seu olhar brilhante me assustou, mas logo a ideia de uma serial killer se mostrou absurda, ela estava linda e contra todas as probabilidades me encantou.
Léa é a prova viva de intensidade, tudo com ela é forte, abrasivo, ela realmente sente com o corpo, com a alma e apesar de eu tentar me manter lúcido em sua loucura, ela me encanta e traz uma felicidade que cálculo nenhum explica, mas ela não precisa saber o quanto, isso me mantém seguro.
Três anos e ainda me surpreendo com suas teorias absurdas, regadas a prosa, verso e frases feitas. “Os opostos se atraem, ” ela costuma explicar assim nossa relação, nunca deu ouvidos a minha explicação sobre a Lei de Coulomb sobre a atração dos corpos e estou ok com isso, ela me faz feliz.
Hoje ela me convidou pra jantar, achei estranho confesso, meio de semana, provas, deve ser algo importante.
Espero que a noite termine bem...

Eu estava nervosa, sabia que não seria fácil contar a sobre o intercâmbio em Paris, mesmo que já tivéssemos falado sobre isso, parecia irreal, até segunda feira, quando meu professor de história da arte VII, me deu a incrível noticia de que eu havia conseguido.
Um ano em Paris, eu estava surtando e ao mesmo tempo apreensiva de como ele reagiria, mas gente, 1 ano passa rápido. Não?

Notei que estava mais aérea que o normal durante todo o jantar e quando me ofereci pra lavar a louça e ela não emitiu sinais de surpresa eu tive certeza de que algo estava fora de sintonia. Esperei com calma aproveitando pra dar uma olhada pelo apartamento dela, a mistura de cores sempre me deixou meio tonto, pensei sorrindo, um retrato da Mona Lisa, várias gravuras em giz de cera e uma foto de casamento da sua irmã???? Isso me fez sorrir, Léa era única.
, ela disse, lembra sobre a bolsa que eu estava concorrendo?”
“Hmmm, sim, o que tem ela.” – respondi já sentindo um frio inexplicável.
“Então, eu consegui, tenho que ir pra Paris na próxima semana, mas 1 ano passa rápido e espero que você fique feliz por mim.”
1 ano, 12 meses, 365 dias, 8760 horas, maldita mente cientifica que cada vez aumentava o numero do tempo que ela estaria longe, 525600 minutos, 31536000 segundos, a noticia girava e girava, mesmo com tudo isso sendo processado aos poucos, consegui falar:
“Estou feliz por você, 1 ano passa rápido sim e temos telefone, vídeo chat, graças a ciência, não?” – falou, tentando soar engraçado, já pensando em quanto suas contas de chamadas pesariam na carteira e acima de tudo na falta do seu cheiro, seu sorriso, sua alegria contagiante, Deus ele havia se transformado em uma bixa sentimental. Foco , foco.
então se sentiu mais a vontade e começou a contar, os planos, o trabalho no Museu do Louvre. “Louvre, , você pode imaginar isso?” falava radiante.
Segunda feira finalmente chegou, de malas prontas aguardava que o namorado viesse busca-la para irem juntos ao aeroporto, a hora da tão temida despedida, eles passaram a semana toda grudados, como se para suprir a saudade que ainda não havia cobrado pedágio. “Um ano passa rápido”, essa frase um tanto quanto batida, se tornou um mantra na mente do casal e eles esperavam sinceramente que fosse verdadeiro.
Beijos, frases sussurradas, declarações de fidelidade, confirmação de sentimentos, tudo deixado no saguão do JFK, lágrimas no portão de embarque, mãos acenando e olhares grudados enquanto a visão foi permitida. Portas fechadas, decolagem e dois corações apertados.

Paris- França
O Terraço do Café na Place du Forum, Arles, à Noite – Van Gogh

estava no céu, óbvio que se estivesse junto, viria com uma explicação cientifica pra essa afirmação, sorriu ao pensar no namorado. Já fazia quase 1 mês que havia desembarcado no Charles de Gaulle e pisado pela primeira vez em solo Frances, tudo estava acima das suas expectativas, o estágio, o alojamento, só a saudade ainda era insana. Mesmo com as várias ligações telefônicas durante o dia e as seções de skype à noite, era doloroso olhar nos olhos à distância, sem poder tocar. Sentia falta dos beijos, dos afagos, mesmo das discussões bobas, em função de personalidades tão diferentes faziam falta, principalmente pela maneira que essas rusgas terminavam, geralmente na cama, de forma intensa, como se tivessem que afirmar todo o amor que sentiam um pelo outro, apesar de opostos.
Mas tirando a saudade que doía, todo o restante estava em perfeita sintonia, trabalhar no prédio mais bonito do mundo, na visão dela pelo menos, com pessoas cordiais que lhe acolheram lindamente. Estava fazendo belas e sinceras amizades , isso a mantinha confiante e supria em parte a saudade de casa, dos amigos, do seu amor.
Pensando sobre isso, lembrou-se da última seção de skype com o garoto, que não tinha terminado tão bem, em função de um ciúme que nunca havia demonstrado sentir, em 3 anos de namoro nunca tinham tido esse tipo de problemas. Sabia que isso se devia a distância e até entendia um pouco, mas não deixava de ficar possessa com esse tipo de sentimento sem sentido. Não havia motivos.
Se havia algo que sempre fora perfeito no relacionamento deles, era a total sinceridade, mentiras não eram aceitas, falavam de tudo, sobre qualquer coisa, fosse sobre sentimentos, preocupações, tudo. Usavam a política de nunca irem dormir sem resolver o que quer que os tenham perturbando, por isso comentou sobre seu colega e amigo Pierre.
“Oi babe, bom dia.” – um sonolento apareceu na tela do computador.
“Boa tarde dorminhoco.” respondeu sorrindo
“Babe, esqueceu o fuso horário? Aqui ainda é manhã.” deu um suspiro, tonto de sono.
“Ops, desculpa amor, tava doida pra te falar que finalmente fui a Torre Eiffel. Ahhh você não imagina como é linda e mágica”
, o que uma torre feita de estrutura metálica pode ter de mágica?” retrucou sorrindo
“Eu sabia que você diria isso , até comentei com Pierre que suas palavras seriam exatamente essas” brincou
Essas palavras pareceram despertar de vez.
“Pierre? Quem é Pierre no mundo, ?
“Meu colega no museu babe, ele é um amor, está arrumando um tempo entre suas aulas e estágio pra me ciceronear pela cidade. Não é legal da parte dele?”
“Ohhhh, sim muito legal, só gostaria de saber o porquê ele se dispôs a isso.” falou irônico
, ele é só meu amigo, o que deu em você? Não confia em mim?”
“Desculpa babe, to cheio de provas e trabalhos, não to conseguindo dormir direito esses dias, sinto sua falta , muito. Claro que confio em você, mas a distância ta me matando, você é linda, inteligente, até meio ingênua, detesto imaginar que alguém possa estar tirando proveito disso.”
“Eu sei me cuidar amor, me de um voto de confiança. Também sinto sua falta e queria mais que tudo que você estivesse aqui, comigo”
“Eu sei, me desculpa mesmo, ok? Você sabe o quanto é importante pra mim.”
sorriu com a afirmação, sabia o quanto era difícil pra ele expor seus sentimentos em palavras, ele era o legitimo pé no chão, enquanto ela era das nuvens.
“Você também , você é a pessoa mais importante na minha vida, nunca esqueça isso, ok? Amanhã te ligo tá? Preciso ir pro museu, tenho um trabalho de catalogação com Pierre. Te amo, fique bem e se cuide.”
“Ok babe, bom trabalho, também amo você e se cuide...com Pierre” gargalhou e fechou a seção antes que ela pudesse retrucar.
A partir desse dia, o nome Pierre era motivo de novas discussões, mas se manteve firme, afinal era uma pessoa com ideias próprias, não iria se deixar influenciar e nem manipular pelas inseguranças infundadas de . Então a cada chamada, cada contato ela ia tentando aos poucos fazer perceber o quão bobo estava sendo. E os meses foram passando...

Nova Iorque
Teoria da Relatividade – Albert Einstein

estava cansado, mais que o normal, não era só as aulas cada vez mais puxadas, nem os trabalhos em grande demanda, seu maior problema estava na falta que fazia. Nunca, em tempo algum nos 3 anos que estavam juntos, imaginou que essa distância seria tão difícil de administrar. Nunca se considerou um cara inseguro, ciumento, sempre achou esses sentimentos atribuíveis a pessoas fracas, mas nos últimos meses, ou melhor desde que mencionou o amigo Pierre, vinha se sentindo meio perdido. Sabia que nunca havia tido motivos pra desconfiar dela, mas também sabia o quanto era sonhadora, emocional e apaixonada. Esse cara parecia a versão masculina dela e isso estava deixando-o maluco.
Bem que Einstein dizia: “ Você entende a relatividade, quando vê que 1 hora com a sua namorada parece 1 minuto e 1 minuto sentado em um formigueiro parece 1 hora”
“Isso faz um sentido do caralho Mr Einstein, isso explica o tamanho da falta que ela me faz” falou pra si mesmo e falou em alto e bom som.
“Falando sozinho cientista maluco?” disse Jacob entrando na sala.
Bom, como explicar Jacob, imagine um cara que não sabe se é gótico, punk ou metaleiro, então ele fez uma mistura e é isso. Ele se intitula o melhor amigo de e talvez realmente seja, ele é bacana, talvez seu único defeito seja não suportar , mas isso não atrapalha, porque nunca deu a mínima pras opiniões dele, pelo menos em relação a isso. O problema é que desde que viajou, ele fica inventando mil e uma maneiras de carregar pra baladas e sexparties , nunca se conforma com as negativas do amigo.
“To tentando estudar cara, mas hoje conversei com a e ela me deixa meio aéreo”
“Quando eu digo que essa garota fez macumba pra você, ninguém acredita. Tem um desodorante ai cara? Acho que o meu venceu”
teve que rir, tanto do absurdo da macumba, quanto da cara de pau do amigo.
“No banheiro, cara, não quer tomar um banho também?” respondeu aos risos
“Nah, to de boa, banho tomei ontem. Mas aceito um comprimido antigripal, não quero ser taxado de rei do espirro essa noite. Então, ta afim de dar umas voltas, refrescar a cabeça, pegar umas gatas, tomar um cuba libre?”
teve que gargalhar de mais uma tentativa.
“Ainda existe cuba libre? Meus avós tomavam isso cara.”
“Sei lá, deve existir, achei bacana variar a bebida. Mas me fala, o que ta pegando com a princesinha?”
“Nada cara, bobeira minha. arranjou um amigo no trabalho, um tal de Pierre, agora ta nessa de ‘Pierre, fez isso’, ‘Pierre fez aquilo’, ‘, imagina que Pierre disse que gostaria de conhecer os desertos do Arizona, não é louco isso?’, isso ta me deixando doido” bufou
“Arizona? Sério? Cara, manda vir que a gente leva ele lá e já enfia um cactus saguaro no rabo dele” Jacob falou sério, causando um acesso de risos em e ainda completou. “Nem esquenta cara, eu já ouvi dizer que os manés de lá nem são muito chegados em banho e fresca como tua gata é ela vai passar longe dele. E ai? Vamos dar uma banda?”
“O que tu bebeu cara? Cuba libre, banda, ta nos anos 80? Mas vamos que preciso respirar um pouco, a propósito você deveria ir pra França, esse lance de falta de banho combina com você.” brincou
“Cala boca cara, to tentando ser bacana aqui, tomara que tua mina goste de um fedorento” saiu rindo abaixo de tapas.
tentou muito se distrair, mas nem o bom humor do amigo desviava seus pensamentos de . Jacob estava sendo legal, dentro dos seus limites excêntricos, passou a noite inteira apontando as gatas da noite, as chamando de colírio para os olhos e outros adjetivos não tão elegantes ou bonitos. Foi bom no entanto e quando voltou pra casa, só queria sua cama e uma noite sem sonhos.
E os meses foram passando, a vida seguindo seu curso, as ligações foram ficando mais espaçadas, a dor da saudade foi sendo amortecida pelo tempo, pela correria e o medo de que os sentimentos estivessem se perdendo foi aumentando na mente e no coração dos dois. Quando se falavam, ambos tentavam se manter firmes, se mostrar felizes um pelas conquistas do outro, mas as coisas estavam mais frias, mais automáticas, como se fossem um casal de velhos seguindo uma rotina, uma obrigação. Então decidiram se falar quando realmente fosse necessário, pra não tumultuar e não prejudicar o desempenho de ambos.
Quando faltavam apenas 3 meses pro intercâmbio acabar, decidiram romper, não pelo fato de não se amarem, isso nunca foi o problema, mas acharam melhor ficar sem o vinculo, ou titulo de relacionamento, isso os estava atrapalhando. Assim ele não ficaria preocupado com o que estava acontecendo em Paris e nem ela com as saídas de pelas noites da Big Apple, poderiam focar em suas carreiras e depois talvez pudessem retomar de onde pararam.
Aquela noite em Paris, chorou até dormir, olhando as estrelas que lhe trouxe o amor. Aquela madrugada em Nova Iorque, rolou na cama e pela primeira vez enxergou as estrelas por outros olhos.

Mulher de branco no jardim – Claude Monet

Era bom estar de volta, 1 ano longe de seu apartamento, seus amigos, de , pensou assim que tocou o solo americano . Se deu conta de quanta falta sentiu de tudo no momento que chegou. Se entristeceu por não ter ninguém esperando por ela, no fundo tinha esperanças de ver aqueles olhos , o cabelo bagunçado com o sorriso lindo lhe desejando bom regresso a casa. Sorriu tristemente. Não se arrependeu de ter terminado o relacionamento, sabia que mais do que ela precisava estar ligado ao chão como sempre esteve, sabia que naquele namoro a distância ele tinha sido o mais afetado. Ela estava realizando um sonho, ele ficou perdido nas lembranças que o rodeavam. Ela viu gente e conheceu lugares novos. Ele seguiu a rotina. Ele precisava de paz e ela deu isso a ele. Mas no fundo do coração ela sabia que sempre o amaria e torcia pra que ele a amasse tanto quanto.

Principio da inércia ou 1ª Lei de Newton – Isaac Newton

corria contra o tempo, mal dizendo o transito da cidade, sabia que chegaria hoje, em nenhum momento esqueceu a data ou a hora do desembarque. Em nenhum momento seus sentimentos haviam mudado. Talvez tivesses adormecidos ou machucados pela distância, mas nunca diminuíram, talvez tenham até aumentado se isso fosse possível. Ansiava ver seus olhos de perto, sentir seu calor, seu cheiro, seu gosto e agarra-la pra nunca mais soltar. Só esperava que ela ainda sentisse o mesmo. Ele seguiu os meses depois da ruptura como autômato, estudar, trabalhar, ir pra casa, dormir e repetir a sequencia contando os dias para vê-la novamente. Sendo bem honesto ele havia decidido não procurá-la, achava que essa decisão deveria ser dela, mas como um dos seus grandes ídolos já ensinara, ‘Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele’. Sua força foi , ou uma pulseira de ouro encontrada embaixo de sua cama em um raro dia de limpeza, foi o impulso final.
pegou suas malas, depois de vários minutos que mais pareceram horas, estava esgotada, queria sua casa, um banho, sua cama, queria , tanto que doía. Virou-se e espantada avisou um cartaz enorme com seu nome em letras garrafais nele. Foi andando em direção ao dito, imaginando que talvez tivesse outra sendo esperada, não imaginava quem poderia estar por trás disso, seus pais moravam em uma cidade do interior e jamais viajariam só pra vê-la. Quando chegou mais perto, seu coração disparou e seu corpo começou a tremer, o cartaz foi jogado pro lado e mãos fortes lhe puxaram pro melhor abraço do mundo, finalmente ela se sentiu em casa.
estava nervoso, assim que avistou a menina ao longe, se escondeu atrás de um cartaz, se sentiu absurdamente tonto, seu coração bombeava mais sangue que o normal, tinha certeza que poderia ter infartado, ali, no saguão do JFK. Foi quando seu perfume chegou até ele, sabia que ela estava perto, largou o cartaz pro lado, sem emitir uma palavra a puxou em seus braços e finalmente se sentiu no céu.
Entre beijos e lágrimas os opostos se encontraram, entre risos e juras, correram pro apartamento dela, entre suor e seda se amaram, deixaram a conversa, as desculpas, as decisões pra depois, a necessidade de saciar a fome que tinham um do outro foi muito mais forte, foi primitiva, foi êxtase total.
Muito mais tarde, depois de esgotados física e emocionalmente, depois de um sono dos anjos nos braços um do outro, acordaram ao mesmo tempo, como se seus corações tivessem sintonizados, os olhos diziam mais que milhares de palavras, ficaram se tocando, se acarinhando. Falaram então, uma enxurrada de palavras proferidas entre mais beijos apaixonados, mais toques sutis, mais carinho que nos 3 anos que estiveram juntos e o triplo de amor ativados pelo ano que ficaram separados. Sabiam que estavam juntos pra valer, que seria pra sempre, estavam felizes, realmente felizes. Depois de muita conversa e várias decisões tomadas, seus corpos se agitaram novamente e se roçaram, a carga elétrica era imensa, exatamente como dois polos opostos, aqueles que conforme a ciência são atrativos e sussurrou.
“Vou te mostrar que os poetas estavam errados, que o beijo não é a menor distância entre os apaixonados, como disse Amy Banglin”
“Andou estudando?” sorriu e também sussurrou “Vou te mostrar que Newton estava errado, quando disse que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo”
E assim provaram um ao outro que tudo era possível. Contra todas as probabilidades eles se amaram e foram felizes.


FIM



Nota da autora: To gostando disso, mas é cansativo, engraçado é que sempre digo que será a ultima e sempre volto a escrever, isso é literalmente viciante.


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