As time goes by
por Bruna Freire


Challenge #13

Nota: 9,8

Colocação:




“It's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die.
The world will always welcome lovers
As time goes by.


Começo

Os alunos pareciam andar em sincronia no primeiro dia de aula do semestre de outono. Como em uma dança, eles procuravam suas salas em perfeita harmonia. A única fora de tom era . Felizmente sua falta de sintonia chegaria ao fim em breve.
Ao achar o prédio de Artes da gigante faculdade da Florida, sentiu-se ainda mais apreensiva. Ela tomou o último gole de seu café gelado e seguiu seu caminho até sua primeira aula na faculdade.
As aulas pareciam muito assustadoras e ela não estava muito empolgada em ter uma aula de Oratória em seu primeiro dia de aula. Mas ela tomou coragem, entrou em sua sala e fingiu ser confiante. Ela segurou forte sua pequena pulseira de ouro com um pingente da Torre Eiffel, um presente de sua avó Judy, enquanto esperava a aula começar.
A professora, uma pequena senhora de cabelos ruivos e olhos azuis, estava pronta para começar a aula. se sentou na primeira fileira, como qualquer estudante assustada se fingindo passar por confiante faria. Logo a senhorita Meyers começou seu discurso, com sua voz engraçada e jeito divertido de ser. estava encantada com ela – até quando a professora começou a formar duplas para o primeiro trabalho do semestre, fazendo-a entrar em desespero precoce. Os alunos teriam dez minutos para se conhecerem bem o suficiente e apresentarem um rápido discurso sobre o novo colega. Realmente a vida da faculdade era mais complicada do que ela esperava ser.
O parceiro de era – um garoto aparentemente quieto, usando uma blusa com um enorme cactus com um sombreiro mexicano e que não sorria muito. Porém, de cara, os dois se deram bem. era divertido, ironico, completamente diferente de . Rapidamente os dois se uniram numa dupla cheia de química e carisma.
Os minutos voaram. Boa parte da turma se apresentou, sem muita empolgação, até que os dois foram a frente da sala com sorrisos confiantes e um pequeno discurso divertido, sem medo do que estava para acontecer.
- Eu gostaria de apresentar a todos vocês a jovem . Esse é seu primeiro semestre na faculdade e ela se formou há apenas três meses no ensino médio. A garota ao meu lado disse que a frase de sua vida é “Criatividade precisa de coragem”, dita por um de seus favoritos, Henri Matisse. Seu ídolos são Van Gogh e Victor Hugo, mas mesmo parecendo tão culta, sua série de TV preferida é Glee. diz que seu sonho é se mudar para Paris, se formar em História da Arte e viver um amor como em Moulin Rouge. Essa, meus amigos, é a incrivelmente doce .
Um mar de aplausos explodiu pela sala. A professora parecia orgulhosa, incrivelmente motivada e cativada pela apresentaçāo de . teve que se controlar para não corar loucamente.
- Ao meu lado está , senhoras e senhores. Vocês podem não saber ainda mas é um gênio da Física. Sua vida pode ser definida pela segunda Lei de Newton e seu maior sonho é ter um laboratorio de Dexter no seu porão. Apesar de não ter a menor ideía de quem Monet é, se descreve como um jovem aspirante a dominar o mundo e parece ser genuínamente um cara legal. Ah, ele está no terceiro semestre da faculdade. Em mais três anos será um professor de Física e possivelmente o Rei do Mundo Livre. Esse é , pessoal.
A professora elogiou os dois imensamente pela química que os dois dividiam. Eles trocaram contatos e antes que percebessem três anos haviam passado e muita coisa havia mudado.
e começaram a namorar na metade daquele semestre e foram morar juntos depois do natal. foi o primeiro cara que teve relaçōes e ela esperava que ele fosse o último. foi a primeira garota que se apaixonou e ele esperava que ela fosse a última.
havia se formado com honras na faculdade e logo conseguiu, ironicamente, um emprego na Universidade de Belas Artes em Winter Park, enquanto juntava dinheiro para pagar seu doutorado. Ele ensinava a física do cinema para grupos imensos de alunos completamente desinteressados. Era frustante mas ao mesmo tempo divertido.
, por outro lado, estava meio perdida. Ela vivia constantemente infeliz com sua localização geologica. Ela sonhava com a Europa, com os enormes castelos e antigas igrejas. Ela sonhava com a Paris que Victor Hugo era apaixonado, com as pontes solitárias que Judy Garland um dia cantou. Ela queria viver o que Christian e Satine viveram, algo empolgante e perigoso. Ela queria se tornar o livro, o filme, que ela havia sonhado.
Foi então que a garota encontrou sua chance num pequeno aviso no site da faculdade. Alunos que estivessem no nível avançado de Francês e estivessem estudando Artes, Cinema ou Turismo poderiam passar até dois semestres em Paris. A garota se inscreveu sem pensar duas vezes, sendo aprovada no programa e sendo a única do grupo que havia conseguido uma bolsa integral devido ao seu GPA de 4.0 e Francês perfeito.
Por isso o giz havia grudado nos dedos de , entranhado em suas unhas, enquanto ele calculava teorias que ele mesmo sabiam ser inválidas. As equaçōes gigantescas sobre preços, pagamentos, fuso-horarios, ficavam cada vez mais confusas, esmagadas entre si, esmagando o rapaz. No meio do gigante quadro negro um desenho extremamente bem feito da Torre Eiffel desenhado por fazia todas as contas parecerem racíonais.
O amor e a distância eram a perfeita definição de os opostos se atraem: Eles não combinavam, porêm, se atraiam constantemente.
nunca se imaginou nessa situação. Para ser sincero, nunca imaginava muitas coisas. Ele aceitava o que o universo o entregava com braços abertos, sem esperar ou ter expectativa de nada. Porém, ele estava apaixonado. Perdidamente apaixonado, melhor dizendo. Então deixa-la ir era mais dificíl do que ele havia anteriormente antecipado.
Quando se conheceram, há três anos atrás, na aula de Oratoria – mandatoria tanto em Física como em História da Arte– não esperava que o relacionamento fosse durar. Mas os dois funcionavam bem juntos ; a leveza e pureza de amenizavam a racionalidade de , como leite ameniza o gosto amargo de café. Os dois eram opostos perfeitos, positivo e negativo, luz e escuridão. Como o quadrado de Rembrant numa pintura, e eram a obra de arte mais bela. Infelizmente, agora, a obra de arte viraria uma equação sem respostas no quadro negro do garoto.
Ele olhou para as mãos mais uma vez, se perdendo na tristeza dos próprios pensamentos egocêntricos. Ele não queria viver sem , mesmo sabendo que essa era a chance da garota. Durante todo o processo a incentivou, garantindo que não ficaria chateado e que estaria a esperando. Porém, agora, com poucas horas faltando para o check-in, se arrependia. Ele não deveria ter retocado a redação que a garota escrevera, ou ajudado-a a vender seu carro, muito menos a fazer as contas sobre sua estadia. Ele devia ter mentido o tempo todo.
Mas agora era tarde demais. A sala já parecia mais vazia, mais pesada, mais fúnebre. Ele até pensou em fazer alguma macumba, qualquer coisa, para impedir que a garota partisse. Mas não era certo.
Ele andou até o quarto dos dois, a onde a garota ainda dormia calmamente. Ele sorriu para si mesmo, gravando em sua mente a imagem da garota em seu pijama engraçado e cabelos bagunçados.
E então ele percebeu que a amava de verdade. Por que o amor verdadeiro, aquele que como alguma Lei de Newton podia explicar mais ou menos, continua na mesma velocidade – ou força – mesmo quando os agentes percussores estivessem distantes.
a amava. E por isso ele a deixaria ir. Era só um ano, ele pensou, enquanto andava em direção a cama e se deitava ao lado da namorada. Ela resmungou alguma coisa e ele apenas riu, abraçando-a bem apertado enquanto ainda podia.

Durante

-Você deveria ter vindo – disse para o computador a sua frente. Ela estava na pequena cozinha de seu novo apartamento, preparando seu jantar, enquanto comia seu almoço do outro lado da tela.
A cidade brilhava do lado de fora do pequeno apartamento de . A noite estava caíndo, trazendo com ela a beleza das luzes e o silêncio de toda a confusão do dia a dia.
- Pra que? Não existe nada na França que me interesse além de você – Ele respondeu, fazendo a garota rir.
- E não é motivo suficiente?
não entendia Paris. Ele não entendia porque amava o cheiro, a comida, as ruas emburacadas e os mêtros nojentos. Ele nunca esteve la para entender.
- Sim, mas… Nem tem Netflix na França! Vamos mudar de assunto logo.
- Claro, monsieur – Ela falou, com seu francês quase perfeito e um biquinho que fez abrir um enorme sorriso.
- Quais são seus planos para a noite, madame? – Ele perguntou, tentando entrar na brincadeira, mesmo que não estivesse no melhor clima.
- Mademoiselle, – Ela corrigiu – Nenhum plano, na verdade. Eu vou comer meu delicioso macarrão e assistir alguma coisa na TV.
- Não vai receber nenhuma visita de algum Jean? Alias, só existem Jeans nesse país? Não existe ninguém chamado, sei la, Michael?
- Depende do seu ponto de vista. Definitivamente mais Jeans que John e Michaels juntos por aí.
- Fenomenal… Ah, eu queria te contar uma coisa! Um dos meus alunos… - começou a falar mas a batida na porta o fez ficar em silêncio. fez uma careta engraçada e pediu um minute, antes de sair correndo até a porta. pode ouvir a garota falando em francês e logo ouviu passos até a cozinha.
- Hey, babe – A garota disse, chegando até o computador com um rapaz de cabelos escuros e cacheados – Esse é o Taire – Ela falou e o garoto ao seu lado acenou. Aaron apenas acenou com sua cabeça, sem esconder seu ciúme – Eu já te ligo de volta!
- Eu tenho que voltar pro trabalho – informou e a garota assentiu, tristemente – Então eu te vejo amanhã. Boa noite.
Desde que se mudara para Paris há quatro meses havia mudado um pouco. Talvez mudado bastante. Conhecer uma cultura tão diferente havia despertado novos sentimentos na garota. Ela havia feito novos amigos, havia entendido mais as coisas de um jeito que ela não entendia antes.
Taire era um deles. Seu amigo de cabelos escuros e cacheados era um bohemio. bebado, apaixonado por cuba libre e pela fada verde – seu desodorante corporal provavelmente era vodka. Nascido e criado na velha Paris, Taire era o completo oposto de . Taire conhecia a liberdade enquanto conhecia as regras. Taire amava a arte, era um pintor maravilhoso, enquanto achava a Monalisa sem sal.
Taire havia despertado um novo amor na garota: Um amor pela vida, pela liberdade, pela França. O amor era tão enorme que mal cabia em seu peito.
A França estava em crise. Os governantes, mais uma vez, estavam tentando oprimir o povo e tirar os poucos direitos que eles tinham de si. A França, na verdade, nunca havia sido livre. E isso incomodava a garota mais do que ela poderia expressar.
Talvez os anos romantizando a França tivessem mexido um pouco com ela. As vezes, sendo uma fã de algo ou alguém, te faz compreender as coisas de um jeito diferente, amar de um jeito que outras pessoas nunca conseguiriam entender. Talvez esse fosse o grande motivo da garota ter mudado: Ela, finalmente, fazia parte dos contos que amava e o mundo real havia se tornado mais distante do que nunca.
Os meses foram se passando e a distância aumentando, ao mesmo tempo que diminuindo. ainda era perdidamente apaixonada por e nada superaria isso. Porém, as saídas constantes com Taire e seu grupo de amigos fazia suspeitar, criando um sentimento mais sombrio que o amor em seu peito.
-E ai ela simplesmente chegou e disse “ Ah, eu tenho que sair, o Taire e o Jehan vão me levar em Montmartre hoje a noite”. Montmartre é quase um bordel, Tam!
- Eu sempre te disse isso – Tam respondeu, com seu tom de voz semi-furioso.
- Ei, você não pode chamar a minha namorada de piranha!
- Você que chamou, cara, eu só concordei – Tam se defendeu – O que eu quis dizer é que ela nunca me pareceu muito confiável. E você demorou mais de três anos pra entender isso.
- Primeiro: Minha namorada é muito …
- Se você não quer a minha opnião não pergunte, .
- Eu sei…- falou, desistindo de defender . Ela havia criado asas, virado uma mulher livre. E isso era algo que ele não havia planejado.
- Ela está em Paris, . Você está na Florida. É muito bonitinho você continuar apaixonado, mas cara, ela está em outra. Eu sinto muito.
tentou ignorar o que o amigo havia falado mas não conseguiu. As palavras de Tam ficaram ecoando em sua mente como uma canção grudenta e ruim.
Nenhuma lei de Newton explicava o que ele estava sentindo.
Em Paris, uma alegre passeava pelas ruas estreitas de Montmartre. O chão de pedras no alto da cidade fazia o local ainda mais charmoso. As poucas luzes iluminavam os bares e os grandes poetas, cantores e contadores de história começavam a sair de suas tocas, ouvindo o doce som das músicas se entrelaçando.
Com Jehan e Taire ao seu lado, escoltando-a para os melhores bares e melhores galerias, se sentia viva. Completamente alegre, livre, feliz, como nunca havia se sentido antes. Ela finalmente havia alcançado a felicidade.
Milhares de barracas e tendas estavam esmagadas entre umas e outras, aproveitando cada espaço livre de uma forma engraçada de se ver. A maioria eram pintores desesperados e famintos se humilhando ao pintarem caricaturas dos turistas que passeavam pelo local.
Mas, ao passar por uma particular barraca de joias, parou para olhar as pulseiras de ouro e alianças. Ela parou o olhar numa pequena aliança em particular.
- Não me diga que você quer pedir o em casamento – Taire, já meio alto, falou. A garota apenas rolou os olhos.
- As vezes as mulheres tem que tomar a iniciativa quando os homens são medrosos demais – Jehan defendeu a amiga, que ainda estava analizando as joias.
- E o que você entende de mulheres, Jehan? – Taire provocou novamente. parou de olhar, começando a andar para outra barraca e deixando os dois garotos discutindo sobre amor para trás.
- Vamos logo, nos vamos chegar tarde na reunião – Jehan pediu, finalizando o assunto, mas continuava se sentindo infeliz.
Ela já estava em sua própria Guerra consigo mesma. Ela, literalmente, não queria participar em uma discussão de um assunto que ela apenas queria fugir.
Em lugares diferentes do mundo, tanto quanto estavam perdidos em seu próprio amor e nas dúvidas que um relacionamento trazia.
Porque o amor era tão complicado? Porque, as vezes, a vida pedia por escolhas que nenhum dos dois estavam prontos para tomar?
Enquanto e um dia foram Marius e Cosette, hoje eram Eponine e Grantaire – dois amantes, apaixonados, mas ao mesmo tempo esquecidos. A distância causava mais dor do que ambos jamais podiam prever.
Os doze meses estavam por fim chegando ao fim. estava angustiada, apavorada, com medo de voltar. Por outro lado ela estava tao ansiosa em ver seu novamente.
Numa noite fria de sábado, quando já havia tomado seus comprimidos para dormir e colocado colírios nos olhos, Taire entrou em seu apartamento.
Existiam coisas que não contava para .

Depois

estava no aeroporto, esperando com flores no portão de desembarque. O avião de havia acabado de aterrisar e era uma questão de tempo até que os dois estivessem juntos novamente.
Ele sentia falta da garota. Falta de tudo relacionado a ela – do seu cheiro, do sorriso em seu rosto toda vez que ela acordava, de sua voz – e a espera estava atormentando-o.
Porém não desembarcou. O garoto pegou seu telefone e não encontrou nenhuma mensagem da garota. Ele perguntou para os seguranças do aeroporto se eles haviam visto , mostrando um retrato antigo da garota que ele guardava em sua carteira. Um dos seguranças levou até um dos responsaveis pela companhia área que havia voado e descobriu que, na verdade, a garota nunca embarcou.
O desespero correu sua mente e depois sua alma. Ele não sabia para onde ir ou o que fazer até que se lembrou de Taire e Jehan, os amigos da namorada. Eles saberiam a onde ela estava.
Porém ele não tinha o telefone de nenhum deles, muito menos ideía de como se comunicar. Entrando no facebook da garota ele conseguiu encontrar os dois rapazes, bombardeando-os de mensagens, mas eles não responderam.

Durante

Todos os dias ela acordava as sete e quarenta e sete da manhã em ponto, quando seu despertador tocava a versão original, em francês, de One Day More. Primeiro ela colocava o pé direito no chão e em seguida o esquerdo. Ela olhava para a janela a sua frente, respirava fundo e começava seu dia. Não era sempre fácil levantar e manter a rotina sempre em dia, mas ela não havia desistido no ano que havia passado.
Depois de se levantar ela tomaria um banho rápido, que duraria sete minutos, e colocaria duas gotas de colírio em seu olho esquerdo assim que pisava fora do chuveiro. Ela passava sua maquiagem, que ficava escondida numa bolsa de vinil, e antes das oito e dezessete ela estaria devidamente maquiada, com seus famosos óculos de “gatinha” e batom vermelho, pronta para enfrentar mais um dia.
Ela passava pela cozinha com rapidez, só para pegar algum vestido recém lavado que ela deixara para secar na janela na noite anterior e tomar um gole do café gelado que ela tanto gostava. Ela não olharia para as louças sujas ou para as contas e logo voltava para o quarto, a onde colocaria seu vestido, pegaria sua carteira e sairia de casa.
Ela Morava no prédio de número quarenta da rua Crox Niverte, em Cambronne. O prédio tinha a porta vermelha pintada em verniz que quebrava o ar quase blasé da grande rua em que vivia.
Ela passava pelos bares e mercadinhos fechados antes das oito e meia. O céu ainda estaria meio escuro, mas ao mesmo tempo meio claro, e o frio era acolhedor e delicioso ao mesmo tempo.
As oito e trinta e quatro ela chegaria ao Maison Privat, em frente ao mêtro de Cambronne. Ela diria olá a Marie e logo estaria comendo seu croissant, junto a dois macaroons verdes e seu doce preferido por último: Duas bombas caramelizadas em cima de um quadrado de mil folhas, com chantily e um delicioso pedaço de manteiga queimada em cima. Depois de vinte e dois minutos comendo ela ia sair do Maison, pegar o mêtro em Cambronne e embarcar na linha 6 e trocaria para a quatro em Montparnasse. Ela receberia uma mensagem de bom dia em seu telefone, vinda de alguém num fuso horário bem distante, e entāo iria para sua aula de historia da arte europeia.
Seu professor começaria a aula com alguma caricatura feita por um de seus alunos da Monalisa – uma tradição que ela particularmente gostava. Ela passaria as próximas quatro horas fazendo anotaçoes e admirando cada pequeno pedaço de arte apresentado.
Após sua aula ela esbararia com Jehan, um garoto de longos cachos loiros e um sorriso sempre apaixonado. Ele recitaria uma pequena poesia, falaria de suas aventuras com seu colega de quarto hipocondriaco e seu medo de espirros. Logo os dois iriam para o enorme pátio, a onde conversariam sobre a revolução. Jehan, então, perguntaria sobre , daria algum conselho romântico e explicaria que o amor é mais forte que a distância, maior que a morte e mais belo que o por do Sol.
Mas não hoje. Não no dia em que voltaria para casa.
Ela ainda acordou cedo, mas não pegou o mêtro. Jehan e Taire estavam esperando-a na sala quando ela terminou de se arrumar.
Era, supostamente, para ser rápido. Era, também, para ser pacifico.
Mas não foi. Nunca era. Ela deveria saber melhor.
Ela não sabia direito o que estava acontecendo e ela, certamente, estava assustada. Os tiros eram altos, a fumaça era forte, os gritos eram desesperados. Ela viu um de seus amigos, o que tinha medo de espirro, ser baleado. Ela viu um Taire desesperado tentando proteger uma criança. Ela viu Jehan chorar.
Seria a liberdade de um pais que ela nem pertencia mais importante que a sua vida? Seria, a liberdade de um grupo de imigrantes africanos mais importante que o relacionamento de três anos que ela havia construido com ?
Ela estava morrendo e ele nem sabia que ela havia se juntado a um grupo de estudantes que lutavam para a liberdade e que, consequentemente, eram perseguidos pela polícia.
Seria a vida dela, o amor dela, apenas mais um?
Criatividade precisa de coragem, ela pensou. E ela teve coragem até o fim.

Depois.

Seis meses se passaram desde que o bombardeio acontecera na praça da Bastille. ainda não havia aprendido a lidar com a ausência supostamente eterna de .
O pior, para ele, não era o fato dela ter omitido ou mentido para ele. O pior era que ele nunca pode se despedir. Nunca encontraram o corpo dela, nem o de Jehan e Taire, mas tanto a familia da garota como a policia a decretaram morta. Ninguém nunca realmente soube se ela estava apenas passando pela praça a caminho do aeroporto ou se ela era uma pseudo revolucionária. Ninguém sabia de nada e não saber era pior do a morte para o garoto.
Algo em continuava a dizer que não era verdade. Tam dizia que era seu psicologico lutando para negar a perda mas algo em dizia o contrario.
Quatro anos de sua vida foram entregues a e de repente ela havia partido, de verdade, e não voltaria. Não era um curso de doze meses em Paris, ou um verão em Londres. Era uma eternidade sem vida.
A morte não apagaria o amor dos dois, ele sabia disso. Mas ele nao sabia que ia ser tão dificil entender que a ausência era eterna e a distância não era apenas física. Era real.
Picasso uma vez disse que tudo que se imagina é real. Talvez o poder do pensamento realmente fosse algo verdadeiro. Deus, realmente, existia no fim das contas.
Era uma tarde de domingo quando o telefone de tocou. O retrato de uma sorridente que ficava ao seu lado, de um jeito engraçado, brilhou.
- Babe? – A voz que ele tanto amava e precisava ouvir disse – Será que você pode vir me buscar?
Sem explicaçoes. O destino deu suas voltas, seu jeito. No fim das contas o amor, realmente, venceu a distância.
tinha duas opçōes a sua frente: Ou ele podia analisar as opçōes ou podia pegar seu passaporte e encontrar a onde quer que ela esteja.
Ele escolheu a segunda.


FIM



Nota da autora: Ai meu Deus! Eu escrevi boa parte dessa fic voltando de Paris e a finalizei logo após assistir Les Mis pela segunda vez no teatro. Então você pode entender que meu amor pela França é algo surreal e imenso. Eu só escrevi essa fic – infelizmente, ruim – para amenizar a dor de deixar um lugar que se ama para trás e manter algumas mémorias acessas na minha mente – como os croissants, o vento gostoso, o cheiro engraçado, as pessoas amigaveis e toda a magia e romance que apenas Paris possuí. Enfim, eu sei que não vou ficar bem colocada por causa do meu português – não usar/falar português meio que matou meu conhecimento e agora eu não sei mais usar acentos e derivados. Enfim, obrigada por perderem o tempo com a fic e espero que, pelo menos um pouco, você tenha se sentido em Paris. Muito amor, @greysummersbruh




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