Por que mesmo eu deixei que a me convencesse a usar lentes hoje? Ah, sim, porque é "seu aniversario de um ano de namoro com e você tem que estar maravilhosa!", palavras dela não minhas. Veja bem, é minha melhor amiga e eu a amo, ou pelo menos tento me convencer disso enquanto procuro a porcaria do colírio na minha bolsa. Se tem uma coisa que eu odeio, essa coisa é ter que usar lentes de contato, por dois motivos:
elas incomodam;
a facilidade com que elas ressecam.
- Achei! - 1, lentes-0! - sim, eu sou infantil desse jeito.
- Brigando com as lentes outra vez? - perguntou enquanto eu pingava o colírio nos olhos - Não sei porque você sisma em usar isso se daqui a 20 minutos você vai cansar e tirar de qualquer jeito...
- Sua fé em mim me comove, baby.
- Mas é verdade, você sempre faz isso! Outh, não precisava me bater! - ele disse esfregando o braço aonde eu tinha o acertado, fiquei até com pena.
- Aí tadinho dele, não agüenta um tapinha da namorada! Que coisinha mais fraquinha gente! - falei usando aquela voz irritante que as pessoas usam pra falar com bebês- Quer um beijinho pra passar, quer?
- Eu quero!
E, com isso, ele me beijou. Algumas horas mais tarde estávamos saindo do Metropolitan, aonde o lindo do meu namorado havia me levado a uma exposição de algumas das obras de Monet. Aí vai mais algumas coisas que vocês deveriam saber sobre mim:
- Eu amo artes.
- Meus artistas preferidos são Van Gohg, Matisse e (obviamente) Monet.
- Meu sonho é estudar História da Arte em Paris.
Desde que eu me entendo por gente, essas são, foram e serão umas das poucas coisas que nunca mudaram, e nunca vão mudar, em minha vida. Meu pai e minha mãe se separaram, meu irmão cresceu, meu pai se casou novamente e minha mãe começou a namorar um cara aleatório da vida, mas a arte e eu sempre mantivemos uma relação saudável e estável de puro amor. E um dia, daqui a dois ou três anos quem sabe, eu vou estar em Paris, a cidade luz, e meu sonho terá virado realidade. Ou não.
Voltando ao encontro de aniversario.
e eu saímos do museu e ficamos andando sem rumo por New York, até que achamos uma loja retro numa das milhões de ruas próximas a uma das milhões de saídas do metro ( sim, eu não sei aonde estamos). Se eu sou apaixonada por artes, é apaixonado por música e por física.
- Quer entrar e dar uma olhada ? - a resposta era sim, eu podia ver na cara dele que ele queria. Estava escrito naqueles olhos azuis maravilhosos dele que, no momento, brilhavam tanto quanto as luzes néon do letreiro da loja.
Não esperei a resposta, sai arrastando pra dentro. A loja era maravilhosa, um lugar parado no tempo, serio mesmo. Quando entrei e olhei ao redor meu queixo caiu. Não tem lojas de discos que você vê nos filmes dos anos 80 ? Então, era um lugar mais ou menos assim. Parado no tempo. Estava esperando ver aquela menina de A garota de rosa choque atras do caixa, tamanha a semelhança . Mas se eu fiquei em um estado de choque ao entrar na loja, nada se compara a reação se . Ele parecia uma criança num parque de diversões, sai correndo de um lado pro outro e não sabia qual disco levar, era a coisa mais fofa e engraçada do mundo.
Foi no momento em que ele saiu para atender o telefone que eu comprei o disco.
Mal sabia que aquele vinil se tornaria uma parte importante da nossa estória.
Noite da formatura,2013
Formatura. Finalmente! Depois de dois anos estudando matemática, química, biologia e um monte de outras matérias que eu nunca mais vou usar eu vou, finalmente, me formar. Esse ano havia sido um sufoco, e eu terminamos e voltamos umas 20 vezes, a arranjou um namorado que era todo errado e o melhor amigo do decidiu de vez que não vai com a minha cara e que nos nunca vamos nos dar bem.
O que me lembra que ele e o vão chegar com a daqui a pouco, o que significa um silêncio constrangedor na hora de cumprimentar ele, que provavelmente vai estar agarrado com a minha melhor amiga que, por algum motivo que até o momento não faz sentido algum pra mim, começou a sair com ele por volta de dois ou três meses atrás.
Eu ainda não estava pronta quando ouvi a buzina do carro de Calleb se fez ouvir por todo o quarteirão e os gritos da também.
" , a idiota da sua amiga ta te gritando lá em baixo" joseph disse quando nada educadamente invadiu meu quarto.
" To sabendo. Eu ouvi. Diz pra eles que eu já vou descer, só preciso terminar de botar meu sapato."
"Tanto faz."
E essa é a qualidade do meu dialogo com o meu irmão, uma belezura não ? Não se passaram nem se quer dois minutos que tinha descido e a já estava na minha porta, me apresando enquanto eu tentava achar o outro pé do meu sapato. Encontrei o fugitivo em baixo da cama bem ao lado da minha caixa. A caixa aonde eu guardava todas as lembranças que eu vinha coletando desde que eu comecei a namorar com a três anos atras.
Quando os meninos apareceram no meu quarto eu sabia que realmente estava atrasada, mas não era minha culpa se tudo decidiu sumir hoje!
Paris, frist week
-, o telefone! Faz o favor de atender logo isso! Não agüento mais ouvir esse treco tocar! - gritei do quarto, aonde estava arrumando minhas coisas no armário. Fazia dois dias que me mudara pra Paris e tinha vindo comigo. Isso mesmo, minha melhor amiga irritante estava em Paris comigo, e o chato do namorado dela não parava de ligar.
Levantei, já irritada com o aparelho que não parava, só pra descobrir uma apagada no sofá, com o laptop no colo aonde se podia ver o namorado irritante dela, mais conhecido como e meu namorado.
- , por que você ta ligando pra quando da pra ver claramente que ela ta dormindo?- as vezes essas pessoas são tão burras que dói.
- Não era o que tava ligando.- disse, do outro lado da tela. Ah, agora você pensa em me ligar,né ?
- Ah, sim.
- Como esta Paris ?- ele perguntou, meio sem jeito.
- Paris vai bem , e Manhattam, como vai?
- Meio sem graça desde que você se mudou. Eu sei que só tem 72 horas mas sinto sua falta.
- Eu também sinto sua falta, mas você sabe que eu precisava fazer isso . Era minha chance, meu sonho...
- Eu sei.
- Olha , eu tenho que ir. Tenho que terminar de arrumar as coisas, depois a gente se fala.- e com isso eu desliguei. Fechei o computador, e fiquei olhando para a parede. Eu estou fugindo do meu namorado a aproximadamente um mês, que foi quando eu tive que contar a ele que estava vindo para Paris. Até aí sem problemas, eu iria para Paris,grande coisa, ele já sabia disso, o problema foi quando eu contei que estava vindo para ficar, durante um ano pelo menos, e que eu tinha ganhado a bolsa de estudos para a Universidade de Paris (para qual ele nem sabia que eu tinha me inscrito, nem ele nem ninguém por sinal). E então ele pirou.
Flashback
- , nos precisamos conversar.
Estávamos no apartamento dele, vendo um jogo qualquer na TV daquele time de basquete que ele gostava, e que eu nunca lembrava o nome, o cara alto com cabelo engraçado tinha acabado de fazer uma interrada e o tempo tinha acabado, o time pelo qual ele torcia tinha ganhado e eu achei que seria um bom momento pra contar. Eu já tinha adiado tempo demais.
- Fala , o que foi?
- É sobre a França...
- O que tem ela? Você mudou de idéia e não quer mais ir porque vai sentir muito a minha falta?
- Não é isso. - ele desligou a tv, sentou na cama e virou pra mim. Como se finalmente tivesse sacado que era algo serio, não uma brincadeira qualquer como a das ultimas vezes.- Eu vou ficar lá por mais tempo do que você estava pensando...
- Como assim ? Quanto tempo você vai ficar lá ?
- Um ano.
- E você pretendia me contar isso quando? Quando já estivesse lá ?
- Não! , eu nem sabia disso até semana passada. Eu recebi uma carta, de um programa de bolsas que eu tinha me inscrito a um tempo, eu já nem lembrava mais disso mas, pelo visto, eu fui aceita. E essa é uma oportunidade incrível que nunca mais pode aparecer e...
Ele não ouviu o resto, só saiu do quarto.
Flashback off
Desde então nos mal nos falamos, eu estive muito ocupada arrumando tudo para a viajem e tinha as provas da faculdade de física e um exame pra NASA se aproximando. Eu vim para Paris e ele ficou em Mahattam. Ele não veio atras de mim, se eu esperava isso? Sim. Mas nada se comparou a dor que eu senti ao passar pelo portão do aeroporto e não ver ele indo atras de mim, como eu esperava que ele fízessee, num ato românticodesesperado para tentar me fazer ficar. Algum tempo depois voltei para o quarto, tomei um banho e fiquei deitada na cama, usando a camiseta dele que estava comigo a tanto tempo que já tinha virado minha, mas que mantinha o cheiro dele, já que eu passava dos desodorantes que ele usava nela todo dia, junto com o perfume dele. O que foi? O cheiro dele é bom! E assim se foi minha primeira sexta a noite em Paris.
Do outro lado do oceano ouvia o vinil que eu dera pra ele no nosso aniversario se um ano, junto com um esfomeado e rabugento, que não entendia o porque do amigo ficar assim por causa de uma garota que não era nem de perto assim tão legal.
-ACORDA FLOR DO DIA! O sol esta brilhando, os parisienses fedendo, sua amiga com fome e você dormindo! Vamos levantar que eu quero sair! nos temos coisas pra fazer, lugares pra conhecer e comida pra comer! Levanta logo! - e com isso eu sou obrigada a abrir meus olhos e tentar fazer algo para calar a boca dessa peste que vai morar comigo pelas semanas, em vez disso solto um sonoro gemido e me taco de volta no travesseiro. Uma hora depois, estamos sentadas numa mesa ao ar livre de um café que descobrimos no quarteirão do meu prédio, esperando a conta enquanto um casal na mesa ao lado esta conversando baixinho. Vejo o cara levantar e se ajoelhar ao lado dela, tirar uma caixa da tiffany's do bolso e mostrar o diamante enquanto a pede em casamento. Bem ali, na mesa ao lado. Todos o aplaudem quando ela diz sim e ele a beija. A conta chega e nos vamos embora, a cena do casal não para de passar na minha cabeça, a felicidade dos dois, o romance, tudo. Eu os invejo.
- Ok, agora que estamos na cidade Luz temos deveres a cumprir como turistas antes de fazermos qualquer outra coisa! - fala, enquanto tira um mapa da bolsa com todos os pontos turísticos de Paris marcados e com um etinerario ao lado.- Vem vamos lá!
O resto do meu dia é resumido em fotos, compras, mais fotos e nenhum museu. diz que eu vou ter tempo demais para eles quando ela tiver ido embora.
Algum tempo depois, Paris
A ida de foi seguida pelo fim do meu relacionamento a distancia e o inicio das minhas aulas. E foi quando elas começaram que eu conheci . Não pense que ele e eu tivemos alguma coisa, era só um cara do meu curso, que se tornou meu melhor amigo. Ele era francês e era um homem muito cheiroso, se vocês querem saber. Aqui vai uma informação chocante: nem todos os franceses fedem. Mas não é sobre o odor dos francêses que eu estava falando e sim de . me foi minha salvação em Paris, se não fosse por ele eu teria voltado pra casa na primeira semana depois que me deixou.
Não porque o curso não fosse bom, pelo contrario era maravilhoso, ou por eu estar tendo algu problema de adaptação, eu estava indo bem, mas sim porque eu senia falta do meu namorado, ou melhor ex. sempre fora um cara muito pratico e , como todo físico ou matemático que se prese, nunca foi de entender o que não era explicado pela ciência. E o coração sempre foi e sempre será guiado por forças que nenhum mortal será capaz de entender. Bem quando ele chegou a conclusão que, enquanto houvesse um oceano entre nós, "nós" não poderia dar certo, ele resolveu me chutar. E euquase voltei pra New York, só que um anjo caído dos céus chamado me impediu de fazer essa burrice. E foi assim que ele acabou na minha sala de estar num sábado a noite me fazendo Cubas Libres e Margueritas enquanto eu chorava em cima da camiseta com cheiro de desodorante e perfume do , após uma recaída e mais um surto de " eu quero meu namorado de volta", que resultou em bebedeira. Porque tudo é motivo para Cubas Libres e Margueritas para . Depois de muitas bebidas, um bocado de sorvete e ver O código Da Vinci, e eu apagamos no sofá.
Enquanto isso em NY, e levavam pra casa, depois dele ter sido chutado pra fora de todos os bares de Mahattam e ter ligado para o apartamento, que agora eles dividiam, bêbado e um pouco choroso. Pelo visto, também estava se afundando na bebida pra fazer passar a saudade que sentia de .
Foi quando completava 5 meses de curso que chegou o convite.
Eu estava voltando da universidade quando passei pelo café, o mesmo em que fui na primeira semana com , aquele aonde o cara corajoso pediu a mão de mulher sorridente em casamento quando eles falavam bem baixinho, e vi uma mulher vendendo aqueles potes de flores em frente a ele. Algumas eram até que bonitinhas, comprei algumas pra enfeitar a janela do duplex e fazer companhia a minha coleção de cactus ( eles são fofos, não precisam de muito cuidado e diferentes) que eu havia começado quando senti falta de algo diferente naquele lugar. Todos no meu prédio tinha rosas na janela, eu tinha cactus.
"Olhem o que eu trouxe pra fazer companhia pra vocês" eu estou mesmo falando com os cactus?" Flores!"
Agora é oficial, eu pirei de vez. Sai da janela aonde tinha deixado as flores e desci para checar a correspondência, peguei tudo que estava na caixinha e voltei pro apartamento.
"Conta,conta, mais uma conta, outra conta, um convite de casamento, conta..." espera eu disse um convite de casamento? Não pode ser! Quem vai se casar?
Abri o convite desesperada e , imagine qual foi a minha surpresa quando eu vi o nome da e do lá, lado a lado, me convidando pro casamento deles! Eu sabia do noivado mas a me prometeu que não escolheria a data até que eu estivesse de volta, mas pelo visto ela mudara de idéia porque a data do casamento era dali a 1 semana. Junto com o convite, veio um bilhete e duas passagens de avião, pra daqui a 5 dias. Abri o bilhete e nele estava escrito o seguinte: " ,
Eu sei que você vai querer me matar por não ter cumprido minha promessa, mas você vai vir né?
Eu não posso ter um casamento sem minha madrinha!
Serio você vem, não vem?
Eu já comprei sua passagem, não tem como você não vir e eu sei que você vai estar de ferias então não tem desculpas! Eu preciso da minha melhor amiga aqui!
Ps: a segunda passagem é pro famoso , nem ouse não trazer ele!
Pss: Tem alguém aqui se mordendo de ciúmes do , por sinal.
Pss: Ele ta doido pra te ver, por mais que não adimita isso, e eu sei que você ta doida pra ver ele, por mais que também NÃO adimita isso.
Love ya,
. "
Pelo que parece, e eu estamos de viajem marcada e sem malas prontas. Quando acabo de ler a carta,ligo pra e conto a ele sobre o convite e as passagens. Depois entro no skype, na esperança de ver online. Mas em vez disso só vejo e . Fico na indecisão se falo ou não com eles, mas decide por mim. Atendo a chamada, surge na tela, ao seu lado e ao fundo vejo a silhueta de . E, pelo que parece ser a milésima vez, eu ouço a frase " Você vem, não vem?"
Manhattam, 5 dias depois.
Sai do avião com ao meu lado. Fazia um frio infernal no aeroporto, o que me levou a crer que estaria fazendo um frio maior ainda do lado de fora, o que era completamente normal nessa época do ano, outono. Minha estação preferida. Quando saímos para a sala desembarque eu vi e nos esperando, junto com meus pais, não havi percebido quanta falta eu sentia deles até agora.
- Mãe, pai! Que saudade! - falei enquanto abraçava os dois - Como esta todo mundo? E o ? Por que nao veio?
- Muita coisa mudou enquanto você estava fora, filha. agora esta morando na California! Ele foi contratado por uma gravadora de la e esta gravando seu primeiro CD, infelizmente ele não vai poder vir pra casa te ver, pelo menos não essa até sábado... - minha mãe falou. Meu irmão? Um musico? Não acredito!
-Tio, tia eu sei que os dois estão morrendo de saudades da mas será que eu posso pelo menos dar um abraço nela?- falou, já me puxando pra um abraço de urso. - Que saudades de você, vadia. Se muda e se esquece das amigas, é isso mesmo?
- Claro que não! Eu nunca ia poder esquecer de você!- falei a abraçando mais um pouco.
- Eu sei que o papo ta bom, que vocês tão com saudades e tudo mais mas nos tempo que ir logo, se não vamos nos atrasar! - falou - Bom te ver Smith.
- Nos atrasar? Nos atrasar pra que?- perguntei, não me lembro deles terem me dito nada sobre qualquer lugar que devêssemos ir imediatamente após minha chegada, o jantar de ensaio só seria amanha.
-Você vai ver, é uma surpresa. Agora vamos logo que ainda temos que passar na sua casa pra deixar essas malas! - falou daquele jeito autoritário que me perseguia a tanto tempo que eu nem me lembro mais - Vem, vamos!
Depois de termos passado no meu velho apartamento e deixado as malas, fui arrastada até o carro de e seguimos a todas até o observatório aonde desceu e comprimentou o segurança do local, que interfonou para algum lugar e informou algo a , que voltou para o carro. Alguns minutos depois eu o vi. vinha na direção do carro, meio andando meio correndo, como se não conseguisse decidir se queria ou não chegar no carro, buzinou para o apresar e dessa vez ele realmente correu o resto do percurso.
- Cara nos estamos atrasados!- falou, pela milionésima vez na ultima hora - Se a gente perder a consulta por sua causa eu te mato!
Consulta? Que consulta?
Eu fui arrastada ao um obstreta. Sim, aquele medico que faz ultra-sonografia e todas aquelas coisas de gravides que as gravidas precisam. E foi aí que minha ficha caiu.
-VOCÊ TA GRAVIDA?- eu gritei, sim, gritei - COMO ASSIM? QUANDO ISSO ACONTECEU? POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ANTES?
- Eu queria que fosse uma supressa! E queria te contar cara-a-cara! - falou, com aquela carrinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança- Não fica com raiva de mim, por favor!
- Foi por isso que você marcou o casamento pra mais cedo? De quantos meses você ta? Já sabe o sexo do bebê?
-Sim. 3 meses e não, nem vou saber até o dia que o ele nascer. - ela falou
Nós estávamos naquela sala que é tipo um banheiro aonde ela trocava de roupa. Eu ainda não tinha trocado uma palavra com desde que ele entrou no carro, só um oi meio tímido e fim de papo. estava lá em casa, fazendo sabe-se lá Deus o que, espero que sejam algumas Cubas Libres e Margueritas, eu realmente podia fazer bom uso de uns drinks e muito álcool no momento.
- Vai ser uma menia. - eu disse
- Como você sabe?
- Eu vou fazer uma macumba, bater meu tambor e no dia do parto eu vou ganhar um sobrinha. - eu disse ao que riu, tainha achava que eu estava brincando, vai mesmo ser uma menina.
Quando cheguei no apartamento mais tarde com , e me deparei com a maior bagunça do universo na minha cozinha, como se alguém lá em cima tivesse ouvido minhas preces e mandado preparar seus brinques que já estavam famosos entre meus amigos. apareceu um segundo após nossa chegada com bandeiras cheias de drinks.
- Hora da festa!- ele bradou, fazendo uma dança engraçada enquanto equilibrava a bandeja numa das mãos - Margueritas, Cubas Libres ou Pinacoladas?
Cada um pegou um drink diferente, menos que não podia beber. A noite passou bem rápido e de um jeito até que divertido, era bom ter todos junto comigo outra vez. Alguns drinks depois e muita tontura, fui até a varanda pegar um ar fresco só não esperava encontrar lá, nem tinha reparado que ele tinha deixado o calor da sala de estar.
Enquanto se divertia com seus amigos e com o tal de não conseguia parar de pensar no quanto sentia sua falta e no quanto não gostava desse novo "amigo" dela. Como sempre o ciúme que sentia de falando mais alto que qualquer coisa, essa era uma das poucas coisas que ela não gostava nele e sempre fora uma dos problemas "insolucionaveis" da relação. Ele era ciumento e ela não vi razão para isso o que causava brigas desnecessárias e das quais ambos sempre saiam magoados. Quando o viu ali voltou para dentro, não querendo ficar muito próxima a ele com medo de reacender sentimentos que ela tentava sufocar ao máximo. Ele fizera a escolha dele quando decidiu que era melhor que ficassem separados enquanto ela estivesse no intercâmbio e ainda faltavam 5 meses até que o curso acabasse e ela pudesse, finalmente, voltar para casa.
O resto do fim de semana se reassumiu em preparações para o casamento e ajustes de ultima hora. A cerimonia foi linda e até chegou a gostar de poréns poucos momentos ao ver o quão feliz ele fazia sua amiga. Independente do quanto eles não se gostassem, e do quanto ela odiasse admitir, ele era uma boa pessoa e a pessoa perfeita para .
Com o fim do fim de semana, e voltaram para o Paris. deixando para trás, mais uma vez, sua ilusão de que viria atras dela. Mal sabia que, enquanto ela entrava no avião para partir, ele armava um plano para te-lá de volta. Nem que para isso ele mesmo tenha que voar até a França e ficar lá até que ela possa voltar com ele. Finalmente ele deixa de lado a razão e a lógica, o ceticismo na arte e no amor para embarcar nessa viagem as cegas na qual ele tentaria alcançar o amor.
Um mês depois, Paris
Eu estáva no Luvre numa "excursão" do curso aonde deveríamos ver alguns quadros de vários artistas e escolher 3 deles para fazer nossa disertação final de conclusão de curso. Estava ouvindo um dos professores falar sobre como a Monalisa revolucionou a história da Arte e porque ( por causa da técnica usada por Da Vinci, que fazia parecer que ela te observava de qualquer canto do recinto e blá blá blá) quando meu telefone vibrou no bolso, me afastei discretamente do grupo para ver quem me ligava. , dizia o visor. Estranho, não falo com desde que voltei, no dia seguinte ao casamento da e .
"Alo?"
", tudo bem?"
" Sim . O que houve? Aconteceu alguma coisa? É a ?"
"Não, relaxa ta tudo bem com a . Eu estou em Paris e queria saber se você pode me encontrar em algum lugar, queria falar com você.."
"Claro"
" Me encontra em frente a Torre Eiffel, em uma hora?"
"Ok."
E foi isso, eu desliguei. e eu mantivemos essa relação estranha aonde nos falávamos sem nos falar e agora ele vem a Paris e quer conversar, adimito que isso me deixou curiosa. Voltei a para perto do grupo que agora se separava em direção a vários quadros de diferentes artistas, parei em frente a Monalisa e a observei. Existem muitas teorias sobre ela, sobre o porque do Leo (como eu o chamo carinhosamente) ter a pintado. Uns dizem que ela era sua amante, outros que era um auto retrato (os que dizem que ele era gay e, se fosse uma mulher, era assim que gostaria de se parecer) e outros não dizem nada, há trilhões de teorias sobre cada obra, de cada pintor da história a minha é a seguinte: Alguém encomendou esse quadro. Alguém que amava essa mulher e Da Vinci a pintou. Simples, pratico. Aí surge a pergunta: Por que ele manteve o quadro consigo? O homem que o encomendou pode ter desistido da obra por algum motivo ou Da Vinci pode ter, simplesmente, se apaixonado tanto pela pintura que decidira guarda-lá consigo. Pelo menos é como eu imagino a história, não estava lá para poder dizer.
Parei de divagar sobre a obra-mais-famosa-da-história-da-arte e fui atras dos quadros que falaria na minha disertação, já os tinha escolhido a muito tempo, serião meus quadros favoritos de Monet,Van Gohg e Matisse: San Giorgio Maggiore at Dusk do Monet, Cafe Terrace at Night do Van Gohg e Luxe, Calme et Volupté do Matisse. Eu gosto de arte impressionista e esses são de longe meus quadros preferidos. Sai do Luvre e voltei ao meu prédio para trocar rapidamente de roupa, pegar minha carteira e aproveitar para buscar as contas que eu ainda tinha que pagar no banco.Ao entrar no apartamento vi os cactus da janela e lembrei que tinha que rega-los, as flores que eu comprei para fazercompanhia a eles não tinham sobrevivido ao inverno rigoroso de Paris, infelizmente. Após fazer tudo que eu tinha que fazer me dirigi ao carro que eu havia alugado para minha temporada em Paris e de lá segui para a torre Eiffel, aonde encontraria .
Muita coisa aconteceu durante esse encontro, e eu andamos por quase toda Paris (ou pelo menos os arredores da torre Eiffel) e conversamos sobre tudo o que tinha acontecido entre nós. No final estávamos sentados num banco na ponte dos cadeados. Ele tinha me pedido para o levar até lá, queria fazer um desejo e como manda a tradição, jogar a chave no rio Sena.
" Você sabe que essa tradição é de um casal apaixonado não sabe?" eu disse, com um sorrisinho bobo meio sonhador no rosto " O casal grava algo que represente os dois no cadeado, o pendura na ponte e joga a chave no rio. É um coisa linda de se fazer.."
" Eu sei, só pensei em deixar nossa marca em Paris. Essa cidade representa muita coisa do nosso relacionamento, muitos baixos e quem sabe, alguns altos.." ele olhos pra mim, com aquele ar de quem esta tentando insinuar alguma coisa e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos
" É... Quem sabe" foi a minha resposta, enquanto olhava pras nossas mãos entrelaçadas.
Quando chegamos a metade da ponte ele parou, o tempo não estava dos melhores hoje e parecia que em breve ia chover.
"Você trouxe um cadeado?" perguntei e ele tirou o dito cujo do bolso do sobretudo que usava, me mostrando-o. Nele estava gravado a letra de Hey There Delilah, do Planet White T's. A nossa musica. A musica principal do disco de vinil que eu dei para ele no nosso primeiro aniversario. Gravado no cadeado estava o pedaço da musica que mais parecia se encaixar na nossa situação seguido de nossas iniciais e o ano do meu intercâmbio:
"A thousand miles seems pretty far but they've got planes and trains and cars, and I'd walk to you if I had no other way. 2012-2013"
Foi a coisa mais linda que eu já vi, e a mais fofa, ele fazendo. Quando nos prendemos o cadeado a ponte e jogamos fora a chave ele sussurrou, virando pra mim no momento em que a chuva começou a cair
"Eu sei." e me beijou
Saímos correndo de volta para o carro quando paramos de nos beijar, com certeza estaríamos doentes no dia seguinte. acabou indo pro meu apartamento naquela noite, chegou espirando tanto que fiquei com pena dele e acabei por deixar que ele passasse a noite lá. Liguei rapidamente para a Farmacia e pedi alguns comprimidos para resfriado e fiz um chá para nós, após tomarmos um banho e nos aquecermos. acabou por encontrar a caixa aonde eu havia guardado algumas das coisas dele que ele havia deixado aqui na única vez que me visitara em Paris antes de terminarmos, e agora estava sentado em minha cama com outra caixa na mão, com um moletom velho dele e algumas coisas que eu não havia conseguido me livrar depois do rompimento entre elas, eu vi fora da caixa, a pulseira de ouro que ele me dera no nosso aniversario de três anos e o retrato que tirei de nos dois em Londres, numa viagem que fizemos quando completamos dois anos de namoro.
- Você guardou tudo isso? -ele perguntou com a cara de surpresa mais fofa do universo - Pensei que teria jogado fora depois que a gente se separou...
- Não, eu guardei. Sempre pensei que, se quando eu voltasse nós voltássemos ,eu iria me arrepender de ter jogado fora.
Ele foi tirando outros itens de dentro da caixa, tudo lembranças de nosso tempo juntos. Os item foram:
- a nota fiscal do vinil que eu comprei pra ele
- a caixa da pulseira de ouro que ele me deu
- os restos mortais do cactus que compramos numa excursão a Vegas ( foi aí que nasceu meu amor por cactus, esse morreu porque, na época, eu não sabia que não se podia botar água neles todos os dias)
- o desodorante que ele sempre usou e que um dia eu catei dele pra perfumar a camiseta que era dele que eu também catei
- a supracitada camiseta
- o retrato que ele segurava e que antes ocupava a mesa de cabeceira
- um copo de café, da cafeteira que nos costumávamos ir e aonde foi o nosso primeiro encontro
- uma conta no meu nome mas no endereço dele do breve tempo em que moramos juntos em NY
- um pedaço de giz
-Qual. A. Estória. Do. Giz.- ele perguntou, entre espirros. A companhia tocou na hora em que eu ia explicar
-Já te conto - falei, pegando a carteira dele e indo atender a porta, devia ser a Farmacia com os comprimidos que pedi.
-Aqui toma logo isso, depois eu te conta a história do giz. Não acredito que você não lembre dele, já que você tem a foto do dia na sua carteira.
Pelo visto eu não era a única que guardava recordações. Na foto da carteira estávamos eu, , e na casa de campo do pai da ao lado de um celeiro aonde pudesse ler claramente nossos nomes escritos um ao lado do outro, dentro se um cor ação. Eram dois corações com os nomes dos casais dentro. Essa foto foi tirada no ultimo ano da escola, quando todos nos éramos felizes e estávamos indo pra faculdade juntos em NY, durante as ferias.
- Não acredito que você guardou o giz que usamos naquele dia! Meu eus, minha namorada é uma colecionadora maluca! - ele disse, exasperado, olhando pro teto.
- Então agora eu sou sua namorada de novo, é isso mesmo? - perguntei, me aproximando dele lentamente.
- Depende, você quer ser? - ele perguntou. Não respondi, simplesmente o beijei. E foi assim que nós fizemos as pazes.
Casa do e da , dias atuais
-E foi assim que seu pai voltou com a sua mãe - falava enquanto batia no nariz do e da - depois que ela foi para Paris e partiu o pobre coração dele, que quebrou o pobre coração dela.
- Mas a mamãe terminou o curso?- perguntou
- Sim, meu bem, eu terminei.
- E o papai se mudou pra Paris? - foi a vez de perguntar
- Não, eu voltei pra NY duas semanas depois desse dia, e a mamãe ficou lá, terminou o curso e voltou correndo pro papai - falou, da cozinha aonde estava pegando uma cerveja.
- Então quer dizer que eu nasci menina só porque a tia fez uma macumba? - perguntou Blair
- Não querida, isso não teve influenciou em nada- respondeu
- Mãe conta a história do pedido de casamento do papai? - pediu pra mim, que estava na cozinha lavando a louça do almoço e as xícaras para o chá.
- Outro dia, ok? - falei - Já contamos historias demais por hoje, vocês não acham?
-Concordo. - falou e me puxou pra um beijo, no que deixei a louça que lavava cair.
- ! Olha o que você fez! Era a louça de chá preferida da ! - deu uma bronca nele.
- Hey, não briga com o meu maridinho!
- Hey, não brigue com a minha esposinha!
- Hey parem com a melaço porque o esta na área! - falou, assustando a todos e nos fazendo rir logo em seguida. No fim, todos ficaram amigos dele e ele acabou por se mudar pra NY comigo. Bom, ele alugou meu apartamento quando eu me mudei de volta pro de , de onde não sai desde então. - Não façam essa cara de surpresa pra mim hoje é Terça e vocês sabem o que isso significa, não sabem?
-Terças das Cubas Libres e Margueritas! - todos gritamos em uniso, rindo em seguida
- Bem, pode ser pra vocês mas pelos próximos 8 meses minhas terças serão terças de suco natural e água - disse, acariciando a barriga.
- Não acredito que você esta gravida! E não me contou no instante que descobriu! De novo! - eu surtei na cozinha, causando uma crise de risos geral.
- Se eu tivesse, não seria eu. - falou, como se fosse a coisa mais normal e obvia do mundo, o que era, na verdade.