saiu do prédio atordoada. Sua cabeça girava, e o sorriso que se abria em seu rosto não mentia. A garota sentia-se a pessoa mais sortuda do mundo naquele momento, nunca pensara que pudesse ser tão feliz àquele ponto. O prédio da faculdade ia se distanciando à medida que dirigia para a casa do seu namorado. Claro que ele seria o primeiro a saber da novidade. A garota estava tão contente com a notícia que mal pensara que não veria o namorado por um ano. Mesmo sabendo que morreria de saudades, nunca deixaria de viver um sonho pelo garoto. Não que não o amasse, entretanto, acreditava que se fosse verdadeiro, ele iria entender.
- ! – gritou, antes mesmo de abrir a porta da casa do namorado.
- Você tem a chave, . – riu, abraçando a garota com carinho. Ambos namoravam há três anos, então praticamente viviam um na casa do outro.
morava há uma quadra da praia, então dormia lá frequentemente, assim os dois podiam ficar admirando o mar até tarde. Há três anos, quando os dois se conheceram, acharam extremamente irônico o fato de que ambos são londrinos e se encontraram do outro lado do mundo. fazia faculdade de história da arte na Austrália. , por sua vez, estudava física. Os dois haviam se conhecido de uma maneira bem alternativa. Havia uma exposição sobre o antigo Egito em Sidney, e decidira ir para admirar as belas obras de arte, enquanto achava interessante a parte da exposição que contava sobre a experiência do físico Arquimedes, feita no Egito para descobrir se a coroa de Hieren era feita realmente de ouro puro. Os objetivos eram totalmente diferentes, mas seus caminhos cruzaram-se quando pisou em um cactos que estava caído perto da exposição de Arquimedes. A garota ficara irritada, perguntando-se o porquê de tantos cactus para enfeitar o local, esquecendo-se de que era a planta característica do deserto por um segundo. reparara que a garota havia se machucado e correra para ajudá-la, assim ambos começaram a conversar. logo se encantara por , assim como ela por ele.
- , você se lembra da minha tese sobre Monet? – perguntou sorridente, ainda abraçada no garoto.
- Hm, olha, se eu soubesse o que é Monet ajudaria... – riu, fazendo sua namorada rolar os olhos. A garota sabia que era totalmente ignorante quando se tratava de arte, e que nem mesmo fazia questão de entender.
- Seu bobo, eu já te expliquei milhares de vezes. – mordeu o queijo de . – Isso não faz parte de ser um bom namorado, sabia? Você deveria saber as coisas que eu gosto...
- Mas eu sei! Sei que você gosta de Van Gogh. – sorriu maroto, fazendo a garota rir.
- Aí não vale, todo mundo o conhece. Aposto que você não sabe que também sou apaixonada por Matisse.
- Não fala assim que vou ficar com ciúmes. – beijou o pescoço da garota, fazendo-a infiltrar a mão entre seus cabelos.
- Você não tem jeito... – sorriu. – Mas enfim, o que eu queria te contar é que devido à tese sobre Monet, ganhei uma bolsa de estudos.
- Nossa, , isso é demais! – sorriu verdadeiramente.
- Mas tem um detalhe... – mordeu o lábio. – É em Paris.
O sorriso de desapareceu de repente.
encarou-o, com medo de sua resposta.
- Er, se é seu sonho, você deve ir. – a abraçou forte. – Não vou ficar no caminho.
- , você é o melhor! – pulou em seu colo, fazendo com que os dois caíssem no sofá.
- Mas com uma condição: você não pode se esquecer de mim, nem me trocar por algum francês viado.
- Foram duas. – riu, ajeitando-se em cima do garoto.
- Eu sei, sou exigente. – disse.
- Não tem como se esquecer de você. – disse, aproximando-se e beijando o garoto.
Logo inverteu as posições, deixando a garota embaixo dele e aproveitando cada segundo enquanto ainda a tinha ali em seus braços.
- , quando você falou em jantar romântico de despedida, nunca imaginei que seria com minha comida favorita, a melhor sobremesa do mundo e ao som do melhor disco de vinil de todos. – disse, admirando a organização do garoto e a tranquilidade do ambiente.
- Agora diz que sou o melhor namorado do mundo. – puxou a garota pela cintura, fazendo ambos ficarem extremamente próximos.
- Eu sempre digo isso. – ergueu a sobrancelha.
- Que mentira. – mordeu o pescoço da namorada, fazendo eliminar o espaço que sobrava entre os dois.
- Bem, talvez seja mentira mesmo. – sorria, enquanto beijava seu pescoço. – Você sempre soube, eu nunca precisei falar.
segurou o rosto de , beijando-a, em seguida.
- Vem, vamos comer, antes que minha comida maravilhosa fique fria.
puxou a garota pela mão, levando-a até sua cadeira. A janela da cozinha dava para o jardim, e amava ver como a iluminação das flores ficava linda à noite. Ao longo do jantar, os dois conversaram e se divertiram como sempre. Ambos adoravam a companhia do outro, e sabiam que esse ano que passaria no exterior seria complicado. Quando o jantar acabou, ofereceu-se para lavar a louça, já que sabia que a garota odiava. concordou, sentando-se ao lado da pia enquanto o garoto fazia todo o trabalho.
- Que horas é seu voo sexta? – perguntou.
- Hm, às oito da noite.
- Ótimo, vou te levar ao aeroporto, só tenho aulas pela manhã.
- Você ia me levar de qualquer jeito. – riu.
- Convencida. – acusou, jogando um pouco de água na garota.
- Idiota. – desceu de onde estava, molhando a mão na torneira e indo em direção ao garoto. – Só estou falando a verdade.
- Ei. – riu ao sentir passando a mão toda molhada em seu pescoço. – Você vai ver.
, então, agarrou a garota, girando-a no ar e molhando sua blusa com suas mãos cheias d’água.
não parava de rir, e, quando pensava que teria que aguentar um ano sem , sentia um aperto no coração, mas sabia que seria injusto com ela mesma se deixasse a oportunidade passar. Sentia medo de perder o garoto, medo de não se acostumar com sua nova vida, medo de não conseguir se comunicar direito... Eram tantas suas preocupações, que a garota decidira ignorar tudo até entrar no avião. Havia feito um ano de francês quando era mais jovem, isso a fazia se sentir mais segura. Mas não é fácil ir para outro país com costumes diferentes, expressões e gírias desconhecidas... era corajosa, mas mais importante, tinha confiança em si que conseguiria aproveitar ao máximo.
- , olha pra mim. – segurava o rosto da garota, que estava molhado devido às lágrimas. – Vai dar tudo certo, tenho que certeza de que você vai aproveitar ao máximo esse intercâmbio, e que vai voltar cheia de novidades e feliz por ter realizado um sonho. E o mais importante: eu vou estar aqui, esperando por você. Prometo.
- . – soluçou, abraçando o garoto. Ela não conseguia dizer nada, estava simplesmente chocada. Dizem que nunca “cai a ficha” até a pessoa se despedir das pessoas que mais importam, e bem, era verdade. havia tido um choque de realidade. Ela iria sim embora, iria morar um ano em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas. A garota teria que fazer as próprias amizades em uma língua diferente, aprender a se virar sozinha mais do que nunca. – Eu te amo, não quero te deixar.
- Calma, vai dar tudo certo. – fazia carinho em sua nuca. – Eu também te amo, e vou te ligar assim que você chegar a Paris.
O aeroporto estava lotado, e embora estivesse triste, não conseguia deixar de admirar a magia daquilo. Tantas pessoas diferentes, com vidas distintas, costumes específicos, unidas em um único local com o objetivo de conhecer o mundo. Aquilo era lindo.
- Eu tenho que ir. – limpou o rosto, inclinando-se para dar um último beijo de adeus em . A garota sentiu a língua de invadir sua boca, e deixou cair uma lágrima ao se lembrar de que não sentiria isso por um ano. Pressionou seu corpo forte contra o do garoto, sentindo tudo que podia, aproveitando cada segundo daquele momento.
- Nos vemos em julho. Do ano que vem. – sorriu, acariciando a bochecha da garota. – Eu vou estar bem aqui.
ia se distanciando, mas quando ouviu as palavras do garoto, abraçou-o forte uma última vez.
- Eu te amo, nunca se esqueça disso.
Assim, entrou na sala de embarque. Após entregar o bilhete ao segurança, virou para trás para ver o rosto de . O garoto sorria. Estava orgulhoso da namorada, mas, ao mesmo tempo, sabia que ficaria perdido sem ela. Seus olhares se encontraram, e abriu um sorriso. Queria que a última imagem que ele tivesse dela fosse a de uma garota que o faz feliz, que está sempre de bem com a vida, pois é assim que ela era. Assim que ela é. Ao ver parado ali, sentiu dificuldade ao virar seu rosto. Não queria parar de olhar para seu namorado, mas as pessoas simplesmente iam entrando, e ela não podia ficar parada ali. Então, a garota sorriu verdadeiramente, vendo acenar, e, assim, partiu para o portão C, onde pegaria o voo para Paris.
Seu estômago revirava. não conseguia decidir entre a ansiedade e o medo. Sabia que, mesmo sem , aquele ano seria o mais emocionante de sua vida. O fuso ia ser complicado, já que são 10 horas de diferença, mas o casal daria um jeito. Ambos se amavam, e era isso que importava. comprara um livro de conjugação verbal em francês e leria durante o voo. Seria complicado escrever em francês, por isso, a garota estava preparada para estudar muito lá. Embora achasse a língua linda, sabia que era complicada.
Além dos estudos, a garota já havia selecionado lugares que visitaria sem falta, como o Louvre, o musée D’orsay, a maison Monet – onde havia jardins maravilhosos na primavera -, o Quartier Montmartre... Ah, esse seria o mais lindo de todos. Bom, a lista era grande e a empolgação também.
Após sentir sua cabeça doer de tantas conjugações verbais, tomou um comprimido para dormir, era o único jeito de chegar viva no aeroporto pela manhã. Havia prometido a si mesma que não usaria de remédios antidepressivos durante o intercâmbio, mas hoje era essencial para que conseguisse dormir durante o voo. Afinal, amanhã teria um longo dia pela frente.
já sentia saudades de , mesmo sabendo que só se passara uma semana. Ambos se falavam todos os dias, mesmo com a diferença de horário. Não importava se tivesse que acordar de madrugada, ele faria tudo para ouvir a voz dela. Naquele momento, o garoto estava deitado em sua cama, admirando o retrato que se localizada em cima da cômoda. Era um retrato dos dois abraçados, enquanto sorriam. se lembrava muito bem de quando tiraram a foto. Fora no casamento de sua tia Meredith. e estavam namorando há um ano já, e a garota estava cansada de cumprimentar os parentes de , então ele a levou ao jardim, onde podiam finalmente ter um tempo a sós.
- Você é muito antissocial. – reclamara brincando.
- Idiota, eu só comentei, você que sugeriu que viéssemos para cá. – sorriu, dando-lhe um beijo em seguida. – Não minta, sei que você queria um tempo sozinho comigo.
mordeu o pescoço de , ao ver sua cara de safada, rindo abafado.
- Eu sempre quero um tempo sozinho com você. – ergueu a sobrancelha, encostando o nariz no dela.
- Foto! – Gritou o Jared, o primo de , em seguida. Após apertar no botão, ele segurou a câmera à sua frente para olhar o resultado. – Nossa, essa foto é a mais apaixonada que eu já vi, olhem!
sorriu bobo, puxando pela mão.
- Os modelos também não são nada mal... – O garoto comentou, fazendo Jared rir.
- Venham, vamos fazer o brinde aos recém-casados.
- Estaremos lá em cinco minutos. – riu, apertando a mão de . Merda, pensara. Ele era apaixonado por essa garota, só queria se desligar dela por um segundo... Não podia passar o ano inteiro nessa, hm, saudade.
acabara de chegar em casa. Estava totalmente cansada. A primeira semana havia passado, e tudo correra maravilhosamente bem. Estava morando em um apartamento em um dos prédios dentro da universidade, e durante seu primeiro dia de aula se sentira bem recebida. As pessoas haviam sido mais simpáticas do que pensara, afinal, todos sabem a fama que os franceses têm. Um coordenador a apresentara todo o complexo, e logo ela se situara. Estava morando sozinha, o que dificultava mais as coisas. No sentido de amizade, digamos. Era engraçado, porque as pessoas iam falar com ela, e queria conversar, queria contar o que achara da cidade, o que fazia aqui, mas simplesmente não sabia como. Isso a irritava profundamente, mas o que a consolava era que sabia que, com o tempo, aprenderia a se comunicar melhor. Sentia-se sozinha também. Afinal, estava acostumada com a presença de o tempo todo. Sua melhor amiga, , fazia muita falta também. Quando estava em sua sala de aula, lembrava-se de sua turma na Austrália, seus colegas os quais ela tanto gostava. Aqui ela simplesmente não tinha intimidade com ninguém, e isso era difícil. Nos dois primeiros dias, tudo era novidade. A língua, a paisagem, a cidade. Tudo. Agora as coisas começavam a virar uma rotina, e sentia a mudança. As pessoas a tratavam diferente por ser estrangeira, sentia isso. Aquilo não seria uma viagem, ela não fazia coisas novas todos os dias. Ela estava lá para morar, e, quando caíra na rotina, sentira-se estranha, como se faltassem muitas coisas. E faltavam. Mas ela superaria.
Hoje era um dos dias que tinha vontade de ficar em casa, sem fazer nada, lamentando-se pela falta que sentia de sua vida na Austrália... Entretanto, sabia que isso não ajudaria a melhorar seu humor, e que ela devia tentar ao máximo aproveitar seus dias aqui, mesmo sendo difícil. A garota juntou suas forças e saiu em direção à farmácia. Sua casa estava em plena desordem ainda, e ela precisava comprar as coisas de estoque, como sabonete, desodorante, xampu e condicionador.
Nada melhor para melhorar o humor do que a bela vista de Paris. A garota saiu andando pela rua, admirando cada pedaço daquela cidade maravilhosa. O problema era que Paris era a cidade do amor, ou seja, era impossível que ela ficasse um segundo sem imaginar ao seu lado no topo da Torre Eiffel. Falando na Torre, ainda não visitara nenhum ponto turístico, estava se adaptando ainda. Ao entrar na farmácia, pegara tudo o que precisava, e logo voltou para casa. Viu que tinha uma chamada perdida de , e estava ansiosa para ouvir sua voz.
- ? – A garota disse ao ligar para ele quando entrou em seu apartamento.
- , finalmente! Achei que você já tinha arranjado um francês por aí. – brincou.
- Idiota, você sabe que preciso de wifi para ligar, senão a conta fica cara. – riu.
- Só queria ouvir sua voz, não vou tomar muito do seu tempo. – retrucou.
-Está ouvindo. – riu, deitando-se no sofá. – Então, o que você anda fazendo por aí?
- Hm, nada de interessante... E você, já viu as pinturas de seus artistas favoritos?
- Ainda não, talvez eu vá ao Louvre no fim de semana que vem, por enquanto quero me organizar com as coisas da faculdade. O que você vai fazer hoje? É sábado, o imbecil do ainda não sugeriu que você saísse e se esquecesse de mim?
- Você sabe que não é assim... – disse, mesmo sabendo que era mentira.
- Ah, , por favor. – riu. – Aliás, ele ainda não comentou nada sobre minha ida?
- Hm, na verdade sim, mas nada que eu vá levar em consideração. – deu de ombros.
- O que ele disse? – quis saber. Era incrível como a irritava, mesmo praticamente do outro lado do mundo.
- Já disse que nada importante, não vamos falar sobre isso... Quero saber o quanto minha namorada linda está aproveitando o intercâmbio. – sabia como fazer se esquecer de sua raiva. A garota corou, mesmo sabendo que o namorado não a veria.
- O máximo que posso. Mas sinto sua falta, sinto falta da Austrália...
- Vai passar rápido, você vai ver. – disse, na tentativa de consolar a garota, entretanto sem sucesso. Não era isso que ela queria. Ela não queria que passasse rápido. queria ter o melhor ano de sua vida, queria aproveitar cada segundo. Sentia raiva de si mesma por estar apaixonada. Isso seria muito mais fácil se não estivesse presente em seus pensamentos todos os dias.
- Vai. – respondeu, sem saber o que falar. – , eu preciso ir mesmo, tenho que estudar francês, preciso para acompanhar as aulas.
- Ah, claro. – disse. – Boa sorte, te amo. Nos falamos amanhã?
- Com certeza. E se você sair, comporte-se. – alertou-o.
- Pode deixar, mademoiselle. – riu, desligando o telefone em seguida.
- , não é? – virou-se para trás , vendo uma garota loira sorrir ao falar com ela.
- Er, isso. E você é? – a reconhecia de sua aula, mas não se lembrava do nome de todos ainda.
- Marie. – A loira sorriu. – Então, você está gostando das aulas?
- Hm, sim, to adorando. – sorriu, feliz por ter alguém falando com ela, para variar. – A língua que complica tudo.
Marie riu.
- Ah, mas com o tempo você melhora.
- Espero que sim. – sorriu. – E você sempre morou aqui?
- Na verdade, venho de Bretagne, é uma região no noroeste da França... Mas meu sonho sempre foi estudar em Paris.
- Marie, você esqueceu seu livro lá em casa. – Uma ruiva interrompeu a conversa, entregando o livro para Marie.
- Ah, obrigada. – Marie sorriu. – Valentine, esse é , ela fazia faculdade na Austrália.
- , muito prazer. Ai, que maravilha, e por que você veio para cá? – Valentine riu.
- Bem, as faculdades de História da Arte são melhores por aqui, e ganhei uma bolsa, então... – sorriu.
- Ah, espero que esteja gostando. – Valentine falou. – Vamos, temos que ir pra aula.
- Alors on y va. – Marie disse, pegando sua bolsa.
sorriu, seguindo as duas garotas.
- , sua vez. – Spencer disse ao garoto, que estava quase dormindo em sua classe durante a aula.
- Hã? Vez de que?
- Ir ao quadro, você tem que desenvolver a fórmula, lembra? Era sua parte do trabalho. – Spencer disse, um tanto irritado. – Cara, eu sei que sua namorada não ta mais aqui, mas a vida continua, você não pode dormir em todas as aulas, logo o período de testes vai começar e o que você vai fazer?
- Eu sei, dude, desculpa, eu... Fiquei falando com ela até tarde ontem, o problema é esse fuso de merda. – reclamou. – Cadê o giz?
- Lá perto do quadro, anda logo. – Spencer disse, encorajando , o qual se levantou com preguiça e foi até o quadro fazer seu trabalho. Merda de fuso, pensou ele. já estava na França há um mês, e o garoto ainda sentia tanto a sua falta que não conseguia ficar um dia sequer sem mandar uma mensagem. Ele sentia que estava se distanciando, tornando-se mais independente, enquanto ele não conseguia parar de pensar nela. Ele sabia que isso aconteceria, afinal, é o que dizem: o número de ligações vai diminuindo à medida que a pessoa vai se adaptando.
- , você não vai acreditar! – ligou para o namorado, pulando de alegria. Fazia uma semana que ela, Marie e Valentine se falavam todos os dias, e isso a distraía. Ela adorava ter colegas. Sabia que não as considerava amigas ainda, mas ninguém faz amizade do dia para a noite. Simplesmente se contentava com o fato de que duas garotas haviam gostado dela e que estavam dispostas a começar uma amizade.
- Oi, amor, como você está? – perguntou, sorrindo ao ouvir a voz da namorada.
- Estou ótima, e você? – quis saber, deitando no sofá de sua mini sala.
- Melhor se você tivesse aqui. – O garoto disse, soando triste.
- Ah, , não diga isso, por favor. – sentiu-se mal por ter deixado o garoto. Sentia-se egoísta, às vezes, mas sabia, no fundo, que fizera o certo.
- Só estou com saudades... – respirou fundo. – Mas, me diga, por que você está tão feliz?
- Sabe as garotas da minha aula, Marie e Valentine? – perguntou. – Então, elas me convidaram para ir ao bar com elas nesse sábado. , estou me enturmando, isso é maravilhoso, mesmo com meu francês meio ruim ainda, eu...
- Espera aí. – a interrompeu. – Não tem um lugar mais calmo, não, tipo uma cafeteria ou algo assim?
- , não começa, você tem saído direto com , e eu não digo nada. – falou, irritada com o namorado.
- Mas é diferente, eu confio em você, só não confio nesses franceses bêbados aí. – falou.
- Ta, e eu não confio no , você sabe, e nunca te proibi de ir a lugar algum. – argumentou.
-Ah, , por favor, você sabe que o é inofensivo. – bufou.
- Porra, inofensivo? Só falta ele fazer macumba para a gente terminar! – se irritou. – Quer saber, , eu vou sair com elas, e se você não confia em mim, o problema é seu.
desligou o telefone, sem ao menos esperar uma resposta. Ela estava extremamente irritada. Quando finalmente sentia-se enturmada, sentia-se bem morando naquela cidade, resolvia ter uma crise de ciúmes ridícula e estragar tudo. A garota queria deitar na cama e chorar, não queria pensar um segundo sequer em . Por que ele fazia isso com ela? Ele sabia que ela o amava, que nunca faria nada que o magoasse... Bom, isso não estragaria seu dia. Mais tarde iria ao bar com suas amigas e iria se divertir, mesmo não entendendo tudo que elas falavam, às vezes.
- Tu es prête? – Marie telefonou, perguntando se estava pronta.
- Sim, desço em cinco minutos. – respondeu, terminando de se arrumar. Havia posto uma saia de cintura alta com uma camisa. Quando ia trancar a porta, ouviu seu telefone tocar. Merda, era .
- Rápido, estou saindo. – atendeu, grossa e rápida.
- Desculpa, eu não queria que pensasse que não confio em você. – disse com a voz calma. – Eu só, você sabe.
-Não, eu não sei, . – respondeu. – Você não confia em mim, e eu deixo você fazer tudo o que quiser aí, ainda digo para você sair por que não quero que fique em casa com saudades, quero que você aproveite esse ano assim como eu estou aproveitando o meu.
- Caralho, , eu confio, eu só tenho medo de te perder. – falou, irritado.
sorriu ao ouvir aquilo.
- Você não deveria. – A garota disse docemente dessa vez.
- Eu te amo, te cuida hoje, por favor. – suspirou. – E vê se não usa nada muito curto, não quero que os franceses vejam como minha namorada é gostosa.
- ! – riu. – Vou lá, Marie já está chegando, tenho que descer. Boa noite, deve ser tarde aí.
- São oito da manhã. De um domingo. Só você para fazer eu me acordar essa hora. Vou dormir de novo agora, divirta-se. Mas não demais. – riu.
- Pode deixar, eu te amo. – sorriu apaixonada. Era incrível como uma ligação era o suficiente para ela se esquecer do quanto estava irritada com ele.
- Eu também. Boa noite, linda.
sorriu abobada ao desligar o telefone. Bem, ela não podia ficar sorrindo que nem uma retardada por aí, tinha que descer que logo ela iria a um bar em Paris! Então pegou sua carteira, trancou a porta, deu uma última olhada no retrato que colocara na parede, o qual mostrava ela e abraçados no Natal, e partiu.
- Coucou. – Valentine e Marie disseram ao ver entrar no carro.
- Salut. – sorriu.
As três foram conversando, e as duas perguntaram a como eram os garotos na Austrália, logo contou que havia várias surfistas, e que sua casa estava disponível se as duas quisessem ir visitá-la.
Ao chegarem ao bar, sentaram-se em uma mesa no fundo do local.
- Esse lugar é maravilhoso. – admirou o ambiente.
- Sim, é nosso favorito. – Val comentou.
- Bonsoir, mesdemoiselles, qu’est que vous voulez boir? – O garçom logo perguntou o que as garotas queriam, então Marie pediu Sexo on the Beach, Valentine optou por Vodka com energético, e quis um Cuba Libre.
As três garotas dançaram a noite toda, beberam, conversaram com uns garotos do local, mas manteve-se comportada, pois seu coração era de , e ela não tinha dúvidas disso. Embora os franceses sejam bem atraentes... achava extremamente fofo o jeito que eles falavam, queria um dia falar tão bem assim. As músicas eram diferentes das que estava acostumada, mas, particularmente, havia adorado Stromae.
É, finalmente parece que a garota estava começando a gostar daquele lugar.
Dois meses e ainda não havia ido ao Quartier de Montmartre. Era irônico aquilo, pois quando se está longe, todos pensam que é fácil visitar todos os pontos turísticos, quando, na verdade, não é. estava morando ali, tinha sua rotina, não podia simplesmente largar tudo e sair para passear. Bom, pelo menos já havia ido à Torre Eiffel.
estava arrumando suas coisas para ir ao tão esperado bairro da arte, quando escuta seu telefone tocar. . Bom, depois ela ligaria de volta. Ela não podia se atrasar, até porque tinha aula mais tarde, e aproveitaria o tempo livre para conhecer o Quartier.
Pegara o metrô, e logo estava lá. Aquilo era impressionante. A sensação de liberdade que a garota sentia ao caminhar por aquelas ruas, olhar as pinturas, os artistas, as obras maravilhosas que eles produziam... Era, com certeza, um dos melhores momentos de sua vida.
Havia trazido sua câmera, e todos os franceses haviam sido simpáticos quando ela pedira para tirarem fotos dela nos pontos turísticos. Todos dizem que franceses são antipáticos, mas agora sabia que não. Bem, ela fora educada ao pedir, e todos haviam sido educados e simpáticos com ela. Talvez fosse porque agora ela sabia falar francês. Claro que não era fluente, mas ela sabia se virar muito bem. Sentia-se estranha, pois não reparara a mudança. Simplesmente um dia se acordou e percebeu que estava falando.
- , não posso fazer isso, cara. – dizia pela milésima vez ao melhor amigo.
- Cara, ela não vai saber. Vai dizer que você não está sentindo falta? – insistiu.
- Não, sinto muito. – falou firme. – Se você quer sair com a Kristen, porque tem que levar a amiga dela junto?
- Não é a amiga, dude! É uma prima gostosa que tá passando o mês na casa dela.
-Foda-se, dá no mesmo. – deu de ombros.
-Bom, você que sabe. – bufou. – Nos vemos na praia em 10 minutos? To afim de surfar um pouco.
- Claro, 10 minutos na parada seis. – desligou o telefone.
Desde que se mudara para a Austrália, começara a surfar. Era prático e perto de sua casa. Afinal, aqui não tinha muitos amigos que jogavam futebol como na Inglaterra, então teria que achar outro esporte.
- , você quer um café? – Marie perguntou à amiga. As duas estavam na cafeteria do campus, e Valentine jogava sinuca com uns garotos.
- Não, obrigada, Marie. – sorriu. – Na verdade, eu queria jogar sinuca também.
- E por que não disse antes? Venha, esse são Vincent, Remi e Claude. – Marie a apresentou aos garotos que jogavam com Val. – Ela vai jogar com vocês, sejam simpáticos.
- Você é de onde? – Aparentemente Claude perguntou, enquanto a garota passava o giz em seu taco.
- Eu faço faculdade na Austrália, mas, na verdade, sou de Londres. – sorriu.
- E você veio para cá para aprender a língua?
- Também, mas ganhei uma bolsa de estudos depois de uma tese que fiz sobre Monet, então tive que vir, dizem que as faculdades francesas são as melhores no quesito de artes.
- É o que dizem. – Vincent sorriu. – Mas eu faço engenharia, então...
Val riu.
- Você sabe, eles dizem que nossa faculdade é inútil, , não dê ouvidos!
Então os três garotos riram, fazendo exclamar um “ei”.
Havia esquecido completamente de retonar as ligações de . Bem, ela ligaria para ele quando chegasse em casa à noite, agora estava se divertindo muito e não queria soar mal educada, saindo dali para falar no telefone.
- Merda, , faz quatro dias que você não me atende. – disse irritado. – O que você tem feito?
- Estudado, . – respondeu. – Passo o dia intero na faculdade, você sabe disso.
- Eu sei, mas você poderia ter um pouco de consideração, você mal responde minhas mensagens. – bufou. – Quer saber, vai lá com seus amigos franceses, não precisa falar comigo.
- , você não entende, é difícil pra mim, ok? Você pode parar um segundo com esse seu ciúme e me apoiar? Porra, eu passo o dia inteiro me esforçando para entender tudo, falar e escrever em aula, e quando chego em casa só quero falar de boa com você, e você tá sempre me xingando por n-a-d-a!
- Por nada? Você esquece completamente que eu existo e depois vem dizer que não é nada? – gritou.
- Nossa, você não tem noção. – rolou os olhos, irritada. – Quer saber, se você quer tanto brigar, vai brigar sozinho, porque eu não posso perder meu tempo e minha paciência com essas merdas de motivos que você arranja para ficar estressado comigo todas as semanas.
- ... – ia dizer algo, mas ela simplesmente não quis ouvir. Desligara o telefone e se deitara na cama. Por que tinha que ser tão difícil? A relação deles era perfeito na Austrália, mas, agora, ele não conseguia confiar nela, deixar que ela aproveitasse. Por que ele duvidava tanto de que ela sentia por ele? Ela sempre fora clara em relação a isso. não entendia, e, naquela noite, adormeceu sem entender.
- Brigamos ontem à noite. – disse a enquanto os dois caminhavam até o mar com suas respectivas pranchas.
- Merda, , quando você vai entender que o melhor a fazer é terminar? – ergueu a sobrancelha.
- Cara, eu a amo, isso não é a melhor coisa a se fazer, só estamos passando por um momento ruim. – deu de ombros.
- Um ano ruim, é isso que você quer dizer? – perguntou. – Cara, a não vale tudo isso.
- Não é porque você não gosta dela, que você pode falar isso. Porra, , eu preciso de ajuda, esquece isso por um segundo.
- Eu sei, cara, só acho que você tá desperdiçando um ano da tua vida nesse amor à distância louco.
logo entrou na água e tentou se esquecer dos problemas por um momento. Ele sabia que valia a pena, só não sabia se não tinha razão sobre terminar. Quer dizer, seria mais simples para ambos.
estava encantada com o museu do Louvre. Aquilo era simplesmente a coisa mais linda que já havia visto na vida. Quando a garota parou em frente à Monalisa, decepcionou-se. Bom, o quadro era muito menor do que esperava. Nunca havia visto nada de tão encantador naquela obra. Definitivamente os quadros de Van Gogh eram mais impressionantes.
- , acho que você deixou cair. – virou-se e se deparou com um rosto conhecido.
- Ah, obrigada, é minha carteira. Ainda bem que você achou... – sorriu.
- Louis. – A garoto sorriu. – Você ainda não sabe meu nome?
- Desculpa, Louis, eu...
- C’est pas grave, os nomes devem ser bem diferentes também, com o tempo você decora. – Louis sorriu simpático. – Lembra ao menos que estou na sua aula?
- Claro. – sorriu, ainda um tanto constrangida. – Então, o que faz aqui?
- Passeando, e você? – Louis sorriu.
- Também. Gosta da Monalisa? – riu.
- Hm, não. Sou mais algo tipo Van Gogh, Picasso... – Louis comentou. – Você já foi a Madrid?
- Não, o que tem lá?
- Guernica. Um quadro que Picasso fez sobre a Guerra Civil Espanhola, é lindo. – Louis comentou.
- Ah, claro, já ouvi falar. – sorriu.
- Então, está gostando mais agora das aulas? Você fala quase como uma francesa já...
- Ah, que isso, ainda falta muito. – sorriu orgulhosa. – Está cada vez melhor.
- Que bom, então. – Louis disse. - Você quer tomar um café depois que sairmos daqui? Quero saber o que está achando da França.
- Claro, vai ser ótimo. – sorriu, e, assim, os dois continuaram a ver as obras de artes.
Dois dias depois, Louis estava na casa de . Os dois haviam começado uma amizade muito inesperada, e, ontem, quando o Monsieur Henri pediu para que se unissem em duplas para um trabalho sobre um artista à sua escolha, não hesitaram em se unir.
- Espera, seu café com leite está quase pronto. – disse, saindo da cozinha. Ela e Louis faziam uma pausa, após horas de trabalho duro. Estava quase tudo alinhavado, eles só precisavam escrever os textos, procurar imagens e curiosidades.
- , é seu telefone, eu acho. – Louis disse ao ouvir o som do toque de seu celular.
- Ah, é sim. – correu para sala para atender. – Oi, amor.
- ! Finalmente! Como você está? – perguntou, ao ver que a namorada havia atendido à ligação.
-Bem e você? Como foi a prova ontem? Acha que deu tudo certo?
- Acho que sim, terminei a tempo dessa vez. – riu. – E você? Como anda seu francês, mon amour?
- Cada dia melhor. – sorriu, sentando-se ao lado de Louis no sofá, enquanto o garoto lia uma revista que tinha diversas matérias sobre arte.
- Tu as vu ça? Regardes, c’est trop cool, on peut le mettre au debut du travail… - Louis disse, fazendo tirar o telefone do ouvido para ouvi-lo.
- ? – disse. – Quem tá aí?
- , ah, é um amigo. Estamos fazendo um trabalho pro...
- No seu apartamento? – elevou o tom de voz.
- , por favor, isso não é hora para... – já se levantou do sofá, ficando irritada com as constantes crises de ciúmes do namorado.
- , caralho, você levou um francês de merda pro seu apartamento?
- , primeiro, não fala assim comigo. Segundo: eu trago quem eu quero pro meu apartamento, e ele é meu amigo. Você pode, por favor, se controlar? Não quero brigar na frente dele!
- Claro, não quer se exaltar na frente do viado. Tudo bem. Talvez o tenha razão, quer saber...
- Ah, não me diga. – bufou, andando de um lado para o outro da sala, esquecendo-se completamente da presença de Louis. – deve ter digo algo tão coerente que...
- Disse. – respondeu gritando. – Ele disse para a gente terminar, e quer saber? É o melhor mesmo, você não consegue ficar sem sexo, tem que convidar um idiota...
- , você acha mesmo que eu te trairia? Nossa, você não tem a mínima noção do que eu sinto por você, e quer saber, eu também acho que é melhor terminar, você que não aguenta um ano sem me trair e já tá caindo nas pilhas do para sair com alguma vadia. Boa sorte, porque comigo acabou por aqui. – aguentou firme até a última palavra, e ao acabar de falar isso, desligou o telefone, deixando as lágrimas caírem, molhando todo seu rosto.
- , ça va? – Louis perguntou, ao ver que a garota chorava desesperadamente ao seu lado no sofá. Tinha o rosto coberto pelas mãos, e balançava a cabeça.
- Desculpa, eu... Meu namorado... A gente... – chorava, não conseguia nem explicar o que havia acontecido.
- Calma, agora você me explica com calma. – Louis disse, abraçando a garota.
Assim, quando terminou de chorar, ela e Louis conversaram e ela se sentiu melhor. Louis tinha razão, se não confiava nela, ela não deveria perder seu ano trancada chorando. Ela deveria aproveitar. estava muito feliz com o novo amigo, Louis era demais, e ele sentia apenas amizade por ela. Isso era maravilhoso. Ele gostava muito de estar na companhia dela, afinal, quando ele estava no ensino médio, havia feito um intercâmbio para os Estados Unidos, e sabia como as pessoas se sentiam quando mudavam de país. Quando Louis foi embora, sentiu-se magoada e sozinha de novo. Queria que a entendesse, apoiasse-a, mas, pelo visto, estava complicado. depositava toda a culpa no namorado, não ligava para as influências de . Se realmente a amasse, não iria terminar.
Naquela noite, saiu para um luau na praia com . O amigo obrigara-o a sair de casa, não ia deixar que ficasse deprimido todo o fim de semana por uma garota que estava em outro continente. queria aproveitar, mas simplesmente não saía de sua cabeça. Quando o amigo foi conversar com umas garotas, foi discretamente até o mar, sentindo a água molhar seus pés, e ligou para . Pediria para voltar. Sabia que estava sendo idiota, que deveria confiar mais nela, mesmo tendo que aguentar esses franceses filhos da puta na volta dela. Merda, ela não atendia. ligara mais de dez vezes, e sempre caía na caixa postal. Ela devia estar realmente irritada com ele.
- , o que você tá fazendo? A Carrie ficou interessada em você, vamos! – puxou o amigo pelo braço, o qual foi, sem ter certeza de que conseguiria voltar com a namorada de novo.
acordou com 10 chamadas perdidas de . Merda, por que ele fazia isso com ela? Quando ela finalmente havia conseguido passar uns minutos sem pensar nele... Bem, havia decidido esquecê-lo, e era o que iria fazer. Pelo menos até as coisas se acalmarem. Doía muito tomar essa decisão, mas se ela ligasse, só se magoaria mais.
Fazia uma semana que ignorava as ligações de . Sabia que talvez não aguentasse mais um dia, mas estava feliz que conseguira, ao menos, mostrar ao garoto o quanto estava magoada por meio desse ato. levantou-se, indo em direção à porta, pois havia ouvido duas batidas. Era o correio. Todos os dias o carteiro batia duas vezes e botava o jornal embaixo da porta. assinava ao jornal, pois achava que se lesse todos os dias em francês, melhoraria seu vocabulário. Quando olhou seu tapete, viu que havia algo a mais. Uma sacola.
pegou-a, abrindo-a, e se deparando com uma carta.
“Oi, amor. Já que não atende minhas ligações, sou obrigado a fazer outra coisa para chamar sua atenção. Não quero que se esqueça de mim, vou ligar até você atender, por que eu te amo, e sei que fiz errado em não confiar em você. Se você não quiser voltar, vou entender, mas queria que considerasse o fato de que eu não quero ficar sem você, e vou fazer qualquer coisa para te ter de volta, nem que eu tenha que pegar o avião até Paris para isso. Espero que quando eu ligar de novo, você já tenha lido isso e pensado no assunto. Eu te amo demais, e não consigo ficar sem você. Espero que goste do presente, e que tenha um significado tão feliz para você como tem para mim. Com amor, .”
sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto ao terminar de ler a carta. Limpou-as e pegou a pequena caixinha que estava anexada à carta. Quando a abriu, deparou-se com uma pulseira de ouro, a qual continha três pingentes: um cactos, uma estrela e um canguru.
não pode deixar de sorrir ao ver aquelas pingentes. O cactos significava o dia em que haviam se conhecido, o canguru lembrava a Austrália, e bem, a estrela... A estrela a lembrava da melhor noite de sua vida... Era um dia de verão, e havia acabado de voltar de sua viagem de duas semanas para a Inglaterra. Ambos estavam morrendo de saudades um do outro, então haviam combinado de passarem a noite juntos na praia.
Flashback
- , é assim. – dizia pela milésima vez, enquanto ajudava a namorada a subir na prancha.
- Ai, , isso é muito complicado para mim. – A garota ria sem parar, enquanto segurava a prancha para ela.
- Vem, vamos sair um pouco, te ensinar é mais cansativo do que eu pensava. – riu.
- Idiota. – deu um soquinho em seu ombro, acompanhando-o para fora do mar.
- Aé? – riu, pegando a garota no colo, a qual começou a gritar e estapear o namorado.
- Solta, , eu vou cair!
ria e arrastava a namorada até a areia, deitando-a no chão e se posicionando em cima dela.
- Soltei. – O garoto sussurrou em seu ouvido, segurando na lateral do seu pescoço e beijando o mesmo.
reagiu apertando a cintura do garoto. Nem ligava que a areia estava grudando em seus cabelos, só estava feliz por ter por perto. Considerava-se a garota mais sortuda do mundo por ter o conhecido. Bem, dizem que é assim quando se está apaixonado. encostou o nariz no dela, e mordeu seu lábio inferior, fazendo puxá-lo pela nuca, juntando suas línguas finalmente. passou a mão de leve por baixo da blusa da namorada, passando os dedos por sua barriga, enquanto puxava ainda mais o corpo de contra o seu.
- . – disse baixinho, quando jogou a cabeça em seu pescoço, respirando fundo seu perfume. – Olha as estrelas...
- To olhando, e aí? – deitou-se ao lado dela, segurando sua mão e a ajeitando em seu peito.
- Eu sempre quis ver uma estrela cadente...
- Por quê?
- Hm, pra fazer um pedido... – sorriu.
- Ah, isso é bobagem, alguém já provou que um pedido à estrela cadente é realizado?
- Ah, , como você é sem graça. – riu. – Não tem como comprovar isso, é como mágica.
- Você é mesmo uma criança. – riu, puxando a garota para mais perto dele.
- E você um rabugento que não acredita em nada. – fez cócegas no garoto.
- Acredito sim. – argumentou. – Acredito no que é comprovado pela ciência. Eu estudo física, ... Às vezes acho que você se esquece disso.
- Vem cá. – puxou-o pela nuca, dando-o um beijo. – Então você não acredita no amor. Quer dizer, não é comprovado...
- Como não? – ergueu a sobrancelha. – Eu tenho você. Não preciso de mais provas que o amor existe.
sorriu, e logo deu um beijo no garoto.
- Eu te amo, .
olhou para as estrelas, e logo para a namorada.
- Eu também te amo, embora você acredite nessa bobagem de pedidos para estrelas. – riu, abraçando a namorada.
Assim, os dois dormiram na praia, e fora a melhor noite de suas vidas. sentia-se a garota mais feliz do mundo, e o não podia se sentir mais sortudo por tê-la em seus braços.
Fim do Flashback
Mesmo depois do presente, não ligou para , esperou até sua próxima ligação, que foi no dia seguinte, assim estaria pronta para conversar com ele e decidir seu destino. Infelizmente, a garota estava gripada. Já havia matado aula pela manhã, e também não iria à tarde, pois quando ela fica doente, fica tossindo e espirrando toda hora, além de ficar com os olhos supersensíveis, tendo que levar colírio para todos os lugares que vai.
- Alô? – disse. – ?
- , finalmente você atendeu, olha, eu, você recebeu a pulseira? Eu sei que...
- , calma. – riu. – Recebi sim, é linda, muito obrigada.
- Você...
- Entendi o significado, e eu amei. – sorriu.
- Desculpa por ter ficado com ciúmes, você sabe que eu não aguentaria te perder, foi tudo medo, eu não deveria...
- Tudo bem, , só... Se vamos voltar, eu preciso que você confie em mim. – A garota disse levemente.
- Eu sei, eu vou. – suspirou de alívio. Tivera muito medo de perdê-la.
- Então... – parou e deu um espirro.
- Você tá doente? – perguntou, preocupado.
- Um pouco, só uma gripe. – tossiu.
- Queria estar aí para cuidar de você. – disse carinhoso, fazendo sentir-se bem e se ajeitar na cama.
- Também queria que você estivesse. – sorriu sozinha, feliz por estar de volta com o namorado. Era incrível o quanto se sentia feliz ao ouvir sua voz.
- Putain, presta atenção, Marie! – ria, enquanto a amiga deixava várias roupas caírem na loja.
- Caiu sozinha, você viu! – Marie ria.
- Sei, você que inventou de puxar aquela blusa do meio. – Val disse, enquanto pegava uma calça para experimentar.
e suas amigas estavam fazendo compras, e a garota não podia se sentir melhor. As roupas de Paris eram lindas, porém caras. estava na frança há seis meses, já. Sua relação com continuava estável, graças ao namorado, que parara com suas crises de ciúmes.
chorava, às vezes, de saudades. Era normal. Mas isso acontecia á noite. Durante o dia, a garota estava bem consciente de que não adiantaria nada ficar em casa se lamentando. Afinal, agora tinha as amigas Marie e Valentine. Entretanto, Louis era seu melhor amigo. Ambos estavam sempre juntos nos intervalos, e agora conhecia seus amigos também. Seu francês estava perfeito, e ela sentia-se mais feliz do que nunca. A única coisa que faltava para sua felicidade estar completa era ter ali com ela.
começava a se acostumar com o relacionamento à distância. Nos fins de semana, quando saía, comportava-se. Nunca faria nada para magoar . Bom, exceto talvez aquela vez com a Carrie. Mas a namorada nunca saberia, e, afinal, eles haviam terminado. acabara de voltar da praia, estava surfando com uns amigos. Assim que chegou em casa, viu que tinha uma mensagem de em seu celular.
Como foi o surf? Acabei de acordar, to indo para a aula, boa noite pra você. Amo você! Xx
sorriu ao ver aquilo, respondendo-o logo em seguida.
Foi bom, as ondas estavam enormes hoje... Boa aula, amor, e boa sorte na apresentação do trabalho, vai dar tudo certo. Também te amo. Xx
Era incrível, mas não parecia que não via a namorada há 7 meses. Em breve, ela estaria do volta. sorria ao pensar no dia em que a veria chegando ao aeroporto. Lembrava-se das vezes que em ela ia para a Inglaterra visitar a família, e ele a recebia com um buquê de flores na volta. Ambos tinham tantas memórias lindas juntos, tantos bons momentos, que sorria sozinho ao lembrar-se deles.
O dia em que fizera uma festa surpresa para ele veio em sua mente. Ele chegara da faculdade, e lá estavam todos os seus amigos na casa da namorada. Ele nunca se sentira tão amado. fazia ele se sentir assim, fazia ele se sentir bem. Era o que mais admirava na garota. Ela tinha o poder de melhorar seu dia, de fazer tudo ficar bem. Merda, como ele sentia falta...
estava adorando sua nova vida em Paris. Bem, agora não tão nova assim. Ela estava adaptada, falava e entendia francês, mesmo as expressões mais bizarras. Nem mesmo o frio do inverno a deprimiu. Ela sabia que tinha sorte por ter essa experiência, e sabia que nada seria melhor para seu amadurecimento e suas referências de trabalho.
- Mais tu es un connard! – exclamou, dando um tapa em Louis e rindo da besteira que ele dissera.
- Não me chama assim! – Louis fez cara de ofendido.
- Vem, estamos atrasados. – disse, puxando o amigo para dentro do prédio.
- Certo, não queremos que o M.Bourgot nos mate. – Louis falou, lembrando-se do professor que odiava atrasos. riu, lembrando-se da vez que havia se atrasado para a aula dele, em seguida que chegara aqui. Fazia tanto tempo... Lembrou-se de ter ficado constrangida, não conhecia muito os alunos ainda, e, muito menos, falava francês direito. Mal pode se desculpar. Era engraçado pensar o quanto havia evoluído. Sentia-se orgulhosa de si mesma, e, bem, muito feliz.
- Alors. – M.Bourgot começou a falar. – Estamos perto do fim do ano, e quero um trabalho voltado para um artista em particular. Cada um pode escolher sobre quem quer pesquisar, mas que esteja tudo pronto até o final do ano. Além disso, quero que ousem no estilo. Façam de maneira interessante, diferente. Vocês têm dois meses.
estava prestes a iniciar sua pesquisa, quando seu celular tocou. Era . sorriu ao ouvir a amiga dizer olá. Fazia muito tempo que as duas não conversavam realmente. Normalmente se falavam por mensagem, já que está bem ocupada com sua faculdade de medicina. As duas se conheceram na Austrália, e, desde então, tornaram-se muito próximas.
- , que saudade! – disse.
- Amiga, você tá bem? Como anda o francês?
- Melhor que nunca, chérie. – brincou. – E você?
- Também, finalmente estou começando a ter mais aulas no hospital. Tá tudo maravilhoso por aqui.
- Ah, que maravilha! E você nem sabe, eu e ainda estamos namorando.
- Pois é, sobre isso... – hesitou, causando um frio na barriga de . – Eu tenho que te contar uma coisa. Por isso liguei, na verdade, não queria falar por mensagem, mas...
- Aconteceu algo? – suspirou, nervosa.
- Er... Bem, em um luau aqui na praia, , ele... Bom, ele acabou dormindo com uma garota. Cassie, não sei se você conhece. Bem, ele estava com e...
- Quando? – O coração de parou, e suas lágrimas correram livremente por seu rosto.
- Não sei, faz uns meses, mas descobri essa semana, por que a prima dela, Loren, acabou me contando e...
- Tudo bem, não precisa dizer mais nada. – respirou fundo, perdida em pensamentos. – Talvez tenha sido na época que ele terminou comigo, esse filho da puta deve ter terminado por que queria se divertir um pouco, e acha que é só me enviar uma pulseira idiota que vou voltar. , o que eu faço? Você sabe que eu o amo e...
- , olha, você sabe que eu sempre apoiei você e ele, acho que foram feitos um para o outro, mas depois disso... Cara, aproveita seu intercâmbio, o não merece que você fique parada aí, trancada em casa estudando. Não depois do que ele fez.
- Você tá certa. – disse, tentando parar de soluçar. – Eu... , posso te ligar mais tarde?
- Claro, ligue quando quiser... Se quiser conversar. – A amiga disse, preocupada.
- Tudo bem, obrigada. Até mais. – logo desligou o telefone, deitando-se na cama e chorando até dormir.
Na manhã seguinte, a garota visualizou a tela de seu celular, e havia duas chamadas perdidas do namorado. simplesmente ignorou, até que pudesse estar mais calma para falar com ele. Se atendesse agora, iria jogar o telefone longe, de tanta raiva que sentia do garoto. Decidira escrever uma mensagem. Sabia que não conseguiria falar com ele, só doeria mais. Então ela escreveu:
“, não precisa mais me ligar. Já descobri tudo. Sei que quando terminamos você dormiu com a Cassie, e quer saber, para mim chega. Você teve crises de ciúmes durante todo o ano, e quem foi ‘traída’ fui eu. Tentei ser o mais legal possível, deixei você sair sempre, porque me sentia culpada por ter te deixado. Enquanto isso, você sempre dizia que eu não podia sair, e ficava com ciúmes até do meu melhor amigo. Você sabe que dói dizer isso, mas para mim acabou. Espero que você aproveite bem aí na Austrália, e pode ter certeza que vou estar muito bem aqui em Paris, também. Todo esse tempo que passamos juntos foi especial, e eu nunca me esquecerei de você. Sempre me lembrarei de você como uma coisa boa em minha vida, mas não dá para continuar. Eu te amo, mas parece que você não entende. Muito menos respeita. Adieu, .”
acordou cansado, virou-se para o lado e sentiu o mundo desabar ao ler a mensagem que estava em sua caixa de entrada. Merda.
não sabia o que responder. estava certa, ele havia sido um idiota, ele não deveria ter feito isso, muito menos ter tido ciúmes. Ele duvidara do que ela sentia por ele, e ele não merecia estar com ela. O garoto optou por não responder. Não sabia o que dizer, teria que pensar em algo. Teria que pensar no que faria. Sentia-se culpado por ter feito a namorada passar por tudo aquilo, deveria ter apoiado-a ao invés de ter ficado com ciúmes. Deveria ter ligado perguntando mais sobre sua vida, ao invés de ligar para contando suas coisas inúteis. não sabia o que fazer, estava perdido. Mas ele daria um jeito, nem que fosse para demonstrar o quanto estava arrependido.
estava arrumando suas malas para voltar para Austrália. Entregara sua pesquisa e M.Bourgot amara. Até a elogiara, devido ao seu vocabulário francês. Desde que terminou com , passou a se divertir muito mais na França. Sempre recebia flores do ex-namorado. Ele mandava flores, às vezes chocolate, e, às vezes, cartões postais da Austrália, nos quais estavam escrito “Forever yours, I know we are meant to be”. nunca respondera, embora suas lágrimas tivessem quase inundado o apartamento. Na verdade, nunca mandara uma resposta após sua mensagem, mas ela sabia que ele havia lido.
- Eu não quero ir, Louis. – dizia, abraçada no amigo. Ele estava em seu apartamento, assim como Marie e Valentine. Os três ajudavam a amiga a arrumar as coisas para ir embora, sentindo-se tristes como ela.
- Você volta. Meu apartamento está sempre de portas abertas. – O amigo disse.
- Ah, e vamos te visitar na Austrália. – Marie completou. – Você sabe, tenho muitos surfistas lindos para conhecer ainda.
- Putain, você só pensa nisso! – Louis exclamou, fazendo as garotas rirem.
- Tem surfistas para você, se quiser vir conosco. – Val disse, fazendo o garoto rir.
- Certo, pegamos o voo amanhã, então. – Louis concordou.
- Isso, vão comigo! – disse, desejando verdadeiramente.
Era estranho o quanto ela havia mudado desde que chegara na França. Agora, sentia-se mais forte, mais independente. Conquistara amigos em uma língua desconhecida, morara longe de todos que amava por muito tempo. Lembrava-se que havia sido mais fácil mudar-se para a Austrália, já que os tios moravam lá. Morar na França fora uma experiência completamente diferente, a qual não se arrependia de ter vivido. Pelo contrário, não conseguia imaginar sua vida sem essas emoções.
- Merde, tu as vu ça? – Val perguntou, apontando para uma caixa que ficara no apartamento.
- Ah, isso não vai. Vou deixar aqui. – deu de ombros.
- O que é? – Marie perguntou, recebendo um olhar feio de Louis.
- Você sabe... – deu de ombros. – Coisas que tenho que aprender a viver sem.
- Ah. – Marie sentiu-se culpada por ter perguntado, lembrando-se da história de com o ex-namorado.
- Bom, acho que terminamos. – suspirou cansada.
- Nonnnnnn. – Marie exclamou, abraçando a amiga.
- Verão que vem vocês vão me visitar, certo?
- Claro, em janeiro estamos lá. – Val sorriu.
- Inclusive eu. – Louis completou. – Aliás, temos que nos falar direto, você não vai querer esquecer o francês, não é mesmo?
- Nem pensar, foi tão difícil para aprender... – riu, lembrando-se dos seus primeiros meses.
- Ah, arrête. – Val riu. – Nem foi tanto assim.
- Idiota. – revirou os olhos.
No dia seguinte, se despedia de Paris com lágrimas nos olhos, mas ótimas memórias no coração. Aquele ano havia sido o melhor ano de sua vida, embora tenha ficado longe de . Agora ela sabia que podia viver sem ele, que podia fazer o que quisesse. Sentia-se satisfeita com sua experiência, porém triste por ir embora.
O voo decolou, e deixou uma parte de si em Paris. Uma parte de si que estaria sempre com ela em seu coração. As memórias que havia construído, os momentos que havia vivido junto àquelas pessoas estariam sempre em seu coração.
Após muitas horas de viagem, chega à sua antiga casa na Austrália. Era irônico tudo aquilo. Há um ano, estava ali com , pensando em como seria sua aventura na França. Mal sabia que quando voltasse não o teria mais.
Abriu a porta da casa, arrastando as malas devagar até seu quarto. As lágrimas não paravam, não queria voltar. Logo quando estava gostando de lá, estava acostumada à sua nova vida...
Chegou em seu quarto, e viu uma carta em cima da cama, embaixo de um buquê de rosas.
Pegou a carta que estava embaixo. Sabia que era de . Não podia ler ali. Se a lesse em seu quarto, não se levantaria da cama. Ficaria chorando por horas, e se sentiria inútil. Já estava triste com sua volta, e aquilo... Bem, sempre tinha o poder de aumentar as coisas. Seja aumentar a tristeza ou a alegria.
pegou a carta e saiu pela porta dos fundos de sua casa. Caminhou pela pequena estradinha de areia que levava até a praia, e, lá, sentou de frente para o mar. Sentiu a água bater em seus pés e olhou para o céu. Sentia falta daquilo. Tudo tinha seu lado bom, percebera. Na Austrália, ela tinha contato direto com o mar, a areia... Ela amava aquilo quase tanto quanto a Torre Eiffel.
Bom, era hora de ler o que havia escrito.
- Não! – virou-se, ao ouvir a voz que menos que ouvir naquele momento.
- , o que você...
- Não leia. – Ele pediu. – Eu quero falar pessoalmente para você.
olhou para o garoto. Ele estava o mesmo. Lindo como sempre, com os pés descalços, a camisa meio aberta. Faltava uma coisa... Ah, sim. sentira falta do sorriso nos lábios do garoto. Ele a olhava com certa intensidade, como se tivesse medo de sua reação. Ele estava tão feliz por vê-la... queria abraçá-la, sentir que ela realmente havia voltado. Perguntou-se o porquê de sentir ainda um vazio, mesmo vendo-a ali, à sua frente. Então lembrou-se que ela não era mais sua.
- , eu... – limpou uma lágrima. Ela não queria vê-lo. Já fora difícil o suficiente para ela superá-lo longe. Perto seria impossível.
- Desculpa. – O garoto disse, surpreendendo-se com sua reação, e abraçou bem forte. não se aguentou ao sentir o perfume do garoto invadir suas narinas. Abraçou-o também, e, quando sentiu enterrar a cabeça em seu pescoço, como costumava fazer quando estava com saudades, deixou-se levar pelo momento. Segurou na nuca de , sentindo-se tão bem naqueles segundos...
- Eu sei que talvez não adiante nada, mas eu quero me desculpar contigo por tudo que eu fiz. Mesmo que a gente tivesse terminado, eu não deveria ter ido na onda do e dormido com a Cassie. Eu não deveria ter tido ciúmes, deveria ter te apoiado mais do qualquer coisa nesse um ano que você esteve longe. Eu fui o pior namorado do mundo, e tenho vergonha do que eu fiz, tenho vergonha de pedir você de volta, pois não sinto que eu mereço isso. Eu só to aqui hoje, porque, embora tudo que eu tenha feito tenha sido ridículo, tenha sido imaturo e egoísta, eu ainda te amo, e ainda acho que fomos feitos para ficar juntos. Se você quiser ler a carta, tá aí. Mas é basicamente tudo que eu te disse agora. Só que eu queria que você ouvisse de mim, ao vivo, assim talvez você me desse uma outra chance.
- , eu... – tentou falar algo, mas ainda olhava para o garoto estática. Não sabia o que fazer. – Não posso, desculpe.
Então, correu para casa, deixando parado na areia, com os olhos cheios de lágrimas, e um coração partido.
Dois anos haviam se passado desde que voltara de seu intercâmbio para a Austrália. agora morava em Londres, e começa um novo emprego. Havia aprendido a viver sem , assim como ele sem ela. Embora ambos ainda soubessem que foram o maior amor um do outro, nenhum tinha coragem de tentar voltar. estava morando na Austrália. Fazia um mestrado em física nuclear, e logo estaria pronto para trabalhar. Era muito inteligente, e com certeza se daria muito bem. Quando soube que voltaria para Londres, sentiu seu mundo desabar. Agora sim ficaria longe da garota para valer. Antes, ambos se encontravam, às vezes. Conversavam sobre coisas não importantes, e quando tentava algo, simplesmente não conseguia voltar para o garoto. Ela havia tido um namorado depois. Derek. havia enlouquecido, mas não o amava. Nunca amaria ninguém como amara . Duvidava que algum dia encontrasse alguém que a fizesse tão feliz, mas era teimosa. Não queria tentar de novo. Então apenas se concentrava em seu trabalho.
estava trabalhando como monitor do museu de Sidney, e, um dia, viu um casal de velhinhos visitando a exposição do Egito. A primeira imagem que veio em sua cabeço foi a de tropeçando no cactos no dia em que se conheceram. E foi naquele momento que soube que não poderia perdê-la.
estava concentrada em suas tarefas em casa. Havia arrumado tudo já para a chegada dos pais naquela noite. Ambos a visitariam, e queria que tudo estivesse em ordem. Logo, ouviu a campainha tocar, e apressou-se para abrir. Que horas são?, pensou ela. não sabia que chegaria tão... cedo.
abriu a boca ao ver quem se encontrava do outro lado da porta. O que ele estava fazendo ali? Depois de todos aqueles anos... Ele não havia desistido?
- Então... Posso entrar? – perguntou, fazendo acordar-se se seus pensamentos.
- Er, claro. – sacudiu a cabeça. – O que você...
- O que eu faço aqui, bem... – coçou a cabeça. – Eu estava numa exposição esses dias no museu em que nos conhecemos, e, bem, eu vi um casal de velhinhos, e a primeira pessoa que veio em minha cabeça foi você. Você é o amor da minha vida, , eu... Eu não consigo parar de pensar em você, não imagino meu futuro com outra pessoa, e quando vi aquele casal, tive certeza de que eu não poderia te deixar ir, porque você foi a melhor coisa que me aconteceu, e eu não quero mais viver sem você. Eu me mudo para Londres se for preciso, mas, por favor, me dá uma chance. Podemos voltar a ser como éramos antes, mas melhor. Muito melhor. Eu cresci, e estou disposto a tentar qualquer coisa para ficar do teu lado.
sorriu. Ela não sabia o que fazer. A verdade é que tentara amar novamente e nunca havia conseguido, e agora estava ali, implorando ela de volta. Ela não tinha como negar, sabia que o que ele dizia era verdade. E ela sentia o mesmo.
A garota não conseguiu dizer nada, simplesmente se aproximou de , segurou seu rosto delicadamente e o beijou, fazendo com que ele a puxasse pela cintura, pressionando-a contra seu corpo. Finalmente matando a saudade, depois de todo aquele tempo. sorriu para o garoto, o qual tinha os olhos brilhando.
- Eu também te amo, . E por mais que eu tenha tentando te esquecer, você sempre esteve certo. We are meant to be.
sorriu, aliviado por ter atravessado o mundo por um sim. Sentia-se novamente o homem mais sortudo do mundo, enquanto sentia-se novamente a mulher mais sortuda do mundo. O amor deles realmente venceria tudo. Venceria o medo, a distância, o ciúme. Eles estariam juntos, e, agora, mais fortes do que nunca. sabia que era a mulher a qual ele iria se casar e que nunca se sentiria tão feliz ao lado de outra pessoa. , naquele momento, viu que tudo valeu a pena.
FIM
Nota da autora: Acabouuuu, espero que tenham gostado!!! Se quiserem ler outra fic de minha autoria: Royal Trouble (One Direction/Em andamento). Obrigada por lerem!!! Beijos!