Garota do Bar
por Letícia M.


Challenge #14

Nota: 9,5

Colocação:




- Gatinha, você gosta mais de Red Label ou Ice? Posso te pagar quantas quiser. – Era a quinquagésima vez que escutava a mesma cantada do homem a sua frente, ele estava muito bêbado – e talvez dizer que estava muito bêbado ainda era pouco. Não era a primeira vez que ficava sozinha no bar e tinha esses tipos do problema, apenas estava mais cansada que o normal, levando em conta que hoje era seu aniversário de 18 anos, ela se sentia cada vez mais velha, mesmo que sua idade nem chegasse aos vinte, ainda. Girou a cabeça num ângulo de 180 graus, vendo os corpos suados se mexerem dançando no ritmo de uma música qualquer na boate. Quase todas as noites eram assim, as pessoas entravam bêbadas e saiam mais ainda, mas às vezes, rolava umas gorjetas altas o que era melhor nesse emprego, além de ser apenas a noite, já que, durante o dia, ela se dedicava a seus estudos e sua faculdade de cinema, ainda seria uma grande atriz e tudo isso valeria a pena, já estava no rumo certo, fazia alguns bicos como coadjuvante em pequenos filmes do cinema.
Seu turno estava quase acabando, e consequentemente a madrugada também. Já se passavam das quatro horas quando ela finalmente pode deixar o bar, com apenas alguns clientes bêbados demais para conseguir levantar ou sair, foi em direção a pequena porta que levava a seu minúsculo banheiro/vestiário/área de descanso pronta para deitar em qualquer lugar que lhe parecesse aconchegante.
- Ei, você pode me alcançar uma cerveja? – Ouviu uma voz cansada lhe dizer. Virou-se na direção de quem ousava tira-la de seus devaneios de umas horas de sono.
- Estamos fechando, garoto. Aproveite para sair antes que os seguranças comessem a te expulsar daqui, acredite, não é legal. – Não se deu ao trabalho de continuar olhando, continuou seu caminho contando os segundos para pegar suas coisas.
- Eu preciso de uma cerveja – Ele resmungou, olhando para o nada. Sua voz não soou agressiva ou exigente.
- E eu de uma carona – respondeu no mesmo tom, pode ouvir uma pequena risada do garoto.
- Bom, a boate está fechando e eu não quero voltar para casa. Posso te acompanhar se quiser. – Ele disse com a voz serena, mas sem olha-la nos olhos. precisou pensar. Aquele estranho ali na sua frente, que lhe ofertava uma carona, não parecia oferecer nenhum perigo. Seu cabelo estava bem penteado para trás, com gel. A camisa perfeitamente abotoada e colocava para dentro das calças, sem deixar de notar o all star azul nos pés, talvez ele quem devesse ter medo de sair com ela. Sua blusa preta estava um pouco manchada, devido as bebidas que eram seguidamente derrubadas e seu cabelo completamente desgrenhado devido as horas de esforço. Não seria mal ter uma companhia essa hora, mesmo que o garoto pareça apenas querer alugar seus ouvidos, ela não tinha mais nada para fazer e passar seus 18 anos escrevendo sobre os irmãos lumière e a criação do cinema não estava nos seus planos para hoje.
- Espere um minuto aí - Disse, indo até seu apertado banheiro trocar de roupa - agora trocando a blusa preta manchada por uma regata azul marinho que estava em seu armário, aproveitando para roubar umas garrafas de absolut e colocar na mochila. Passou pelo garoto em direção a porta onde os seguranças jogavam para fora os tradicionais corpos adormecidos pós- noite em Las Vegas. - Você não vem? - Gritou olhando para trás a tempo de vê-lo acordar de um pequeno transe.
- Desculpe, eu estava pensando em…
- Tchau Jorge- cumprimentou o armário, também chamado de segurança. - Onde está seu carro?
- Eu… eu não… eu não tenho um carro. - ele murmurou um pouco envergonhado, estava claramente desconfortável com a situação.
- E como você pretendia me dar uma carona? - a garota riu levemente pelo garoto ter ficado corado.
- Eu me ofereci para te acompanhar, não dar uma carona - Ele levantou as sobrancelhas de forma presunçosa, fazendo soltar um riso abafado.
- Tudo bem, você venceu- Levantou as mãos em rendição.
- Então senhorita, para onde vamos? - Ele disse lhe oferecendo o braço, ela pareceu achar o gesto engraçado, mas aceitou.
- Acho que ainda está cedo para ir para casa - Piscou, mostrando as garrafas na mochila.
- Então vamos para qualquer lugar - Andaram alguns quarteirões até chegar a uma praça que ainda estava vazia, eram por volta das cinco horas quando sentarem-se num banco. abriu a garrafa e começou a tomar sem se importar com a forte ardência que sentia. O garoto soltou um pequeno gemido ao fazer o mesmo.
- Então, qual é seu nome? O meu é - Ele perguntou numa tentativa de iniciar algum assunto.
- Isso realmente importa? - Ela respondeu, mas se arrependeu com o silêncio que veio a seguir - Olha, não provavelmente não nos veremos novamente, eu sou a garota do bar que você foi e nós vamos passar uma noite legal e só. Combinado? - Ele pareceu avaliar a situação, mas acabou por pegar a garrafa e abrir um sorriso.
- Combinado, garota do bar.



- EU NÃO ACREDITO - berrou , tapando a boca com a mão - Então quer dizer que você não tem carro porque tem apenas dezesseis anos? Não, não, não! - Observou o garoto concordar com a cabeça e caiu em uma gargalhada.
- Eu sabia que não devia te contar! - Ele disse, também meio alterado devido a garrafa quase vazia.
- Cara, não, não! Desculpa, é só que eu… eu estava pensando que se eu te beijar agora, seria pedofilia.
- Não se eu também quisesse…- ele soltou, olhando-a nos olhos, com a súbita coragem de bebado abriu um sorriso, fazendo com que a garota também sorrisse.
- E você quer? - Ela perguntou, ridiculamente meio tímida.
- O que você acha? - Ele retrucou, chegando um pouco mais perto.
- Acho que devemos parar de fazer tantas perguntas - Ela disse, e em resposta recebeu um puxão no seu lábio, que começou um beijo envolvente. colocou as pernas no colo de e ele espalmou uma mão em sua cintura e outra apertando sua coxa, enquanto ela passava suas mãos pelo peitoral do garoto. Continuaram o beijo até que a vontade de rir fosse incontrolável.
- Agora, quando você me ver tocando guitarra na tv, poderá dizer que já embebedou e beijou aquele gostoso. - Ele disse, dando mais um beijo leve na garota, que riu.
- Vou anotar no meu bloquinho, pode deixar - Ela disse piscando e pegando um bloco pequeno e marrom dentro da mochila- Menos a parte do gostoso- Soltou uma risada, fazendo garoto fazer um bico.
- Você tem um bloco? - Perguntou olhando enquanto ela anotava.
- Sim - Ela respondeu como se fosse obvio. - Eu costumo escrever coisas importantes aqui, como lembrar do guitarrista não-gostoso que eu beijei. E o meu horoscopo toda manhã. Alias, qual é seu signo?
- Aries - ele disse, revirando os olhos.
- Aries e Leão combinam… - Ela disse sugestivamente. - Fazem loucuras entre quatro paredes.
- Acho que posso começar a me interessar por horoscopo - Ele disse fazendo a garota gargalhar.


O sol já tinha nascido e algumas poucas pessoas se arriscavam a caminhar nessa manhã de sabado, Analise usava o casaco de e eles estavam abraçados observando o local a sua frente.
- - A garota chamou-o baixinho, ele então murmurou para que ela continuasse - Porque você estava triste quando foi a boate? Sabe, eu.. queria poder te ajudar…- Ela não continuou e pode ouvir o garoto suspirar. - Se não quiser contar eu vou entender e…
- Não, não. Eu só ‘tô’ começando a ficar com ressaca, o que acha de tomarmos um café pra conversar? - abriu um sorriso enorme e só então percebeu que sua ressaca também estava batendo. Caminharam lado a lado falando besteiras até a cafeteria mais próxima que estava praticamente lotada, teve correr puxando para conseguirem roubar a mesa de um grupo de garotas que os xingaram indo procurar outro lugar.
- Aaaai - ouvir sair de sua própria boca, só então notando um pequeno corte em seu joelho. - Merda, merda, merda.
-O que foi? - perguntou sentando a sua frente. apontou o joelho. - ‘Tá’ tudo bem?
- ‘Tá’, eu só devo ter arranhado em algum lugar, provavelmente naqueles arames do parque, sou muito desastrada - Deixou um pequeno sorriso escapar - Vou limpar ali no banheiro, pede um queijo quente pra mim, ‘tá’?
- Porque as pessoas gostam tanto de queijo? - Ouviu ele murmurar antes de deixar a mesa.



- Então, você ia me falar o que estava abalando seu maravilhoso mundo cor-de-rosa - disse enquanto mordia seu queijo quente, o garoto lhe mostrou a língua - Ok, senhor maturidade.
- Ninguém pode mudar o meu jeito moleque de ser - Ele disse, brincando - Eu conto, se você me contar sua história.
- Chantagista.
- Apenas uma troca de favores. Eu mato sua curiosidade e você mata a minha.
- E quem disse que eu estou curiosa? - Retrucou, ele apenas a olhou como se o que ela disse não fizesse sentido, ela então revirou os olhos. - Tudo bem, eu quero ser atriz de cinema, estrelar grandes filmes e tudo mais, mas morava no Brasil e isso era bem difícil lá, então trabalhei lá e com a ajuda da minha irmã, Ana Júlia, juntei um dinheiro e vim pra cá, fugindo de casa na cara e na coragem, com o dinheiro da passagem e mais algumas poucas notas na carteira. Eu tinha dezessete anos, lógico que a vida aqui não foi fácil, eu trabalhei nos piores empregos que você possa imaginar para trabalhar em Las Vegas - Ela abaixou o olhar, sem coragem de encarar , pois não sabia qual poderia ser sua reação - Mas com tudo, eu consegui entrar na faculdade e ganhar um bolsa, faço uns pequenos trabalhos no cinema e consegui esse emprego no bar. Então moro em Vegas, não falo com minha família desde que eles souberam da minha fuga, e na ultima carta que recebi da Ana, ela disse que meus pais me chamam de Ovelha Negra, pois eles não “devem ter” uma filha fugitiva e ainda por cima, atriz. Acho que eles não querem nem me ver pintada de ouro. Na verdade, uma vez que liguei para minha irmã, para avisar que tinha chegado aqui, ouvi meu pai dizer: “Eu dormi na praça, pensando nela, pensando o que ela poderia estar passando, fome, frio, medo, e então você me diz que ela fugiu?” acho que eles têm razão em dizer que sou uma decepção. Nem ser uma grande atriz eu consegui! Minha vida é uma merda mesmo.

- Eu queria que o mundo fosse melhor, mas esse mundo não existe. Eu sei que você ainda vai passar muito coisa, mas eu sei que você consegue. Você vai ganhar o mundo, garota do bar. - riu do apelido e acariciou a mão do menino que estava a incentivando.

- Mas então, qual é a sua história, ? - enxugou levemente a lágrima que ameaçava sair.

- Sou brasileiro também, coincidência isso, não? Morava no bairro das laranjeiras.
- Sabia que não ia sair um “morava na rocinha”, mauricinho. - revirou os olhos para o comentário.
- Continuando, meus pais sempre me derem uma vida boa, sabe? Esse ano eu terminei o ensino médio e não passei na faculdade de direito, como meu pai queria, eu nem queria prestar vestibular para isso! - A garota prestava atenção em cada frase do menino e ele achava lindo o jeito com que ela balançava a cabeça levemente para que prosseguisse, ou abria a boca para respirar melhor quando ficava indignada. - Ele ficou louco quando soube que eu queria cursar música. Então ele abriu uma filial da sua empresa aqui e queria que eu viesse trabalhar, para aprender a me virar na vida e ver que ser músico não era carreira. Ele mandou eu e minha mãe pra cá e agendou uma reunião para mim, com seu sócio, ontem as 17:30, mas eu esqueci - Ele colocou as mãos na cabeça, puxando os cabelos - Eu sempre esqueço a porcaria das datas importantes! Mas que merda! Então eu resolvi beber para esquecer os problemas e encontrei esse garota maravilhosa que está sentada comigo. - segurou a mão do garoto e depositou um leve beijo ali.
- Você vai ser um grande guitarrista e eu vou espalhar para todas que já te peguei, não esqueça que eu tenho anotado isso no meu bloquinho - Ela disse, reconfortando-o e ele sorriu. - Sabe, eu não tenho nada para fazer hoje, e você? - Ela perguntou com um sorriso. notou que se não falasse nada poderia perdê-la ali, sem nem saber seu nome ou endereço.
- Bom, são oito e meia, temos um dia inteiro. - Ele disse, deixando algumas notas na mesa para pagar a conta.
- Primeiro temos que andar no World Class Driving, depois podemos ir no parque e… -Ela começou a tagarelar.
- E deixar o futuro para depois, menina - ele disse, rindo. Pegou sua mão e a dirigiu para fora.

- Sabe, eu não entendo porque eles escrevem isso nos carros - falou, apontando para a palavra “Vrum” escrita no vidro de um carro.
- Porque é a descrição do som da aceleração? - Ele perguntou, mas sua frase não teve lógico nem pra ele mesmo, talvez devesse estudar um pouco mais a sintaxe das frases.
- Todas são, mas essa onomatopeia em especifico, é bem estranha - Ela disse, a contragosto entrando no carro. - Ei, você não sabe dirigir. - Disse quando viu a porta do carona aberta.
- Eu disse que não posso, não que não sei. Relaxa que você tá segura, gatinha - Ele disse, fazendo arregalar os olhos, mas segurar um sorriso. Ela pegou seu Ipod e colocou uma musica brasileira, sabendo que a entenderia, como ela sentia falta de poder escutar e dividir essas musicas com alguém. Logo começou a tocar um pagode, não era muito ligada nesse ritmo, mas a saudade de casa a fazia escutar, ao contrário dela, parecia gostar até demais.
- Se estou com ela eu te desejo, eu sonho em cometer esse pecadoooooooooooooooooo - ele cantava junto com o grupo musical, apontando para eles dois ao se referir a sonho e pecado, a garota mordeu o lábio, rindo. - Se eu criei coragem para falar, pode crer que meu coração está apaixonadoooo - se assustou levemente ao ouvir essa parte, eles mal se conheciam, uma simples música não faria sentido nessa hora, não agora. seria seu amigo, ou talvez eles nem se vissem mais. Ela desligou o som e ele trouxe o silêncio constrangedor que só esperava o momento de se instalar, ele era tão estranho e desconfortável. E assim foi o caminho até o parque.
...
- Acho que deveríamos ir na montanha-russa, só falta ela e a roda gigante - a noite voltava a cair, o dia nunca passou tão rápido para ambos.
- Eu tenho medo de altura, . - confessou. foi pego de surpresa com a confissão.
- Ou você tem medo de cair? - Perguntou em tom divertido, cutuando-a na barriga.
- Eu não sei, só tenho medo.
-Eu vou estar com você- Ele lhe ofereceu a mão, e ela aceitou, meio receosa. Antes de entrarem no brinquedo, guardou no bolsa do casaco de um anel, com medo de perde-lo.
- Meu Deus, Meu Deus, eu vou morrer! - a menina gritava enquanto o brinquedo subia, arrancando pequenos risos de , que só não gargalhava pois sua mão estava a pouco de ser esmagada. - Ahhh, caralho…. que merda ...EU VOU MORRER PORRA.

- Ei, calma. Pode abrir os olhos - sussurrava enquanto acariciava a mão da garota - Vai, já acabou, pode abrir. - Então ela abriu os olhos, viu que estava segura e no chão, começou então a estapear que começou a rir descontroladamente. - Ei, calma, calma, não é porque você que deve me matar - ele segurou suas mãos e roubou um pequeno beijo, que a garota cedeu, prolongando.
- Acho que temos uma noite para aproveitar, o parque deve estar fechando. - Ela disse separando o beijo.
- Preciso de um cerveja - Ele disse, encaixando sua mão na dela.
- E eu de uma companhia.
- Pensei que fosse uma carona. - Ele perguntou, confuso.
- Também, mas você não tem carro, esqueceu? - disse, com um sorriso vitorioso no rosto.

Foram caminhando e rindo de besteiras até chegar na porta da boate em que trabalhava, era sua noite de folga, por ser seu aniversário, então ambos estavam aproveitando o resto da noite. Tocava alguma música que não podia identificar, talvez pelo barulho, talvez por estar muito bêbado ou talvez porque o perfume daquela garota o embriagava bem mais que qualquer álcool. Mesmo eles ainda usando as mesmas roupas, mesmo podendo ver o suor e as caras de ressaca ele não poderia imaginar um momento mais perfeito, ela era linda, e estava com ele. Ele soube, de repente, que aquelas horas que passou ao lado daquela garota, seriam eternar e eternizadas em uma música. Puxou-a pela cintura, e começou um beijo em meio a risadas. Ele queria ter mais horas, mas quanto mais musicas passavam, o seu tempo com ela diminuía.

- Eu não queria que hoje acabasse - disse, enquanto caminhavam meio tortos pela rua - Sabe, quando eu for uma atriz famosa posso ir num show seu, dar o ar da minha graça… ou a graça da minha presença? Eu não sei, na verdade. - levantou a sobrancelha em sinal de desentendimento do que ela lhe disse. - Maaaas, não sei quando nos veremos novamente, Vegas é tão grande. Eu queria te ver , mas nós não podemos, não é? Somos tão diferentes. - Ele suspirou, estava sem saber o que falar, parecia que sua voz simplesmente não saía ou não tinha o que dizer. - Eu moro aqui- Ela apontou para o prédio amarelo de pintura descascada - Eu te convidaria para subir, mas vai chover e você devia chegar cedo, quer dizer, seco - ela se corrigiu com uma risada - em casa.
- Eu adoraria subir, mas acho que nos iriamos dormir e eu me sentiria um eterno gay se tivesse a chance de passar a noite com você e nós estivéssemos bêbados. Você é especial, garota do bar - o menino disse o mais sério que seu estado permitia - Mas sei que ainda nos veremos novamente. - depositou um beijo que acreditava ser de despedida, e então adentrou o prédio, voltando apenas para devolver o casaco do garoto.
- Vai chover, assim você se molha menos. - Ela disse, acariciando seu rosto. - Eu acho.
- Obrigada, eu não moro longe.. estou a duas quadras, no sétimo andar, quarto 706… - Disse com esperança no olhar e observou até a garota sumir pelas escadas.



acordou com um sorriso no rosto, mas ele logo de esvaiu ao ouvir um estrondo da chuva e sua cabeça quase explodir em mil pedaços. Porque bebia tanto? Foi até o banheiro fazer sua higiene, tirar seus sapatos que apertavam seus pés desde o dia anterior, ela nem os tirou para dormir - e tomar um ducha fria, para que pudesse então voltar a dormir eternamente. Ao terminar todo o trabalho, pegou a escova e se deu a trabalho de escovar os dentes para tirar um pouco do bafo de álcool que estava, além de pegar a escova de cabelos e dar uma leve penteada na sua maçaroca. Foi retirar o anel que sempre usava de seu dedo, quando deu falta do mesmo. Lembrou-se o porque de acordar com um sorriso no rosto, ela tinha tido uma noite maravilhosa com alguém especial, algo em sabia que era especial, e ela tinha deixado seu anel no casaco dele, nada no mundo acontece por acaso e sabia que o destino iria um dia uni-los novamente, só não esperava que fosse tão cedo que iriam se reencontrar. Sabia que tinha lhe dado seu endereço, e forçou sua cabeça para lembrar. Sétimo andar. Duas, duas o que? Duas ruas? Duas casas? Não, não tão perto. Duas… duas quadras! Ela sabia o andar e a distancia, rezava para que ele se lembrasse dela. Correu na direção contraria que se lembra de ter vindo, até chegar ao prédio luxuoso de flats. Logo que entrou viu os funcionários e hospedes a olhando estranho, talvez por estar com roupa de estar em casa e um cabide na mão! Ela estava tão nervosa que nem se lembrou de deixa-lo em casa, e também não ligava, jogou-o na lixeira e foi caminhando segura até a recepção.
- Oi, eu preciso falar com o , ele mora no sétimo andar. - Disse calma, a recepcionista me olhou dos pés a cabeça.
- Não podemos importunar hospedes no domingo. - Respondeu, seca.
- Por favor, senhorita… Winsor, eu realmente preciso falar com . - Implorei, mas ela pareceu não se importar.
- Lamento senhorita, são ordens do gerente. - Bufei impaciente e dei as costas, estava com meu anel de estimação e ela tinha a desculpa perfeita para vê-lo, só não tinha como alcança-lo. Talvez o destino não fosse tão justo quanto ela pensava. Olhou a chuva caindo e aceitou seu destino, indo para as gotas grossas que caíam. Parou novamente e se permitiu olhar para trás mais uma vez, quem ela achava que era para achar que o veria novamente? era demais para uma garota comum. Escutou mais uma trovão. Olhou para o céu pronta para xingar até a oitava geração se jesus cristo quanto o viu. Ele estava lá parado no sétimo andar observando a paisagem a sua frente, ela abriu um sorriso de rasgar o rosco e quando se viu já havia gritado o nome dele.
- ! ! ! - berrava , atraindo a atenção de várias pessoas.
não acreditou quando a viu ali, gritando seu nome. Entrou em no apartamento, ignorando os chamados de sua mãe, indo até o elevador que nunca pareceu demorar tanto.
- Oi - ele ouviu aquela voz dizer. Tímida, calma, ofegante.
- Oi - Disse sorrindo. - O que você…
- Deixei meu anel no seu casaco ontem, eu vim… pegar ele de volta? - Disse incerta.
- Isso ficou estranho - ele comentou, rindo - Mas está aqui- entregou o casaco a garota, que foi logo procurar nos bolsos - Não olha agora, eu ia deixar na porta da sua casa, mas tem uma coisa pra você. - Ela o olhou curiosa - Eu preciso voltar, meu pai marcou outra reunião e dessa vez eu ainda não esqueci - disse, rindo fazendo a garota rir também. - Então… tchau. - A garota ficou na ponta dos pés e depositou um beijo casto em seus lábios.
- Até, - Ele não queria deixa-la ir, queria pedir para que ficasse, queria pedir seu número e poder dormir abraçado com ela todos os dias, sentir seu cheiro e abalar as noites de Las Vegas com a garota mais linda do mundo. Ele ser dela era uma questão de tempo, e dela aceitar.

saiu do flat sentindo o coração pesado, não sabia o que lhe esperava naquele casaco, mas sentiu uma folha dobrada. Agora, sentada na sua cama encarava a folha amarela com letra bonita na sua frente. Tomou coragem de finalmente abrir.

“Eu não entendendo essas coisas de destino, astrologia e coisas escritas nas estrelas, sei que você finge que entende, mas no fundo, está bem perdida. Mas confesso que, no fundo, você me fez acreditar nisso novamente. Eu não sei quando tempo levou, se foram 33 segundos ou 24 horas, mas eu me sinto pronto pra você, eu quero ser seu. Não sei seu nome, mas sei que ele deve ser tão lindo quanto você é. Você é perfeita e eu me sinto maravilhoso em ter passado esse dia ao seu lado, eu aprendi tanto com você.
Eu sei que você não acredita em relacionamentos e você nem precisou me dizer isso. Sei que você é estranha e muito complicada, sei que você deve ter mil e uma manias. Vejo o como somos diferentes e que entendo que você acredite que nunca dará certo, mas o destino gosto de pregar peças na gente e fugir de todo roteiro de nossas vidas e isso tudo estava escrito pra acontecer, eu precisava te conhecer para me conhecer melhor. Mas sabe, eu sei também que você quer isso tanto quanto eu, eu vejo nos seus olhos, então me ajuda a segurar essa barra que é gostar de você. Sim, eu digo com todas as letras: Eu gosto de você, eu gosto muito de você, eu estou louco por você sem nem saber seu nome e não sei como você fez isso. Só aconteceu. Talvez você ainda não sinta o mesmo e eu esteja me precipitando, mas quero dar uma chance pra nós, porque ele pode sim durar muito tempo.

p.s: Eu te prometi uma música e passei o resto do dia trabalhando nela, espero que goste.”

pegou o pen-drive e colocou no computador, indo para a pasta com o nome “Garota do bar” e apertou o play.

Dias de verão e noites de inverno
A cidade às vezes é um inferno
Criei então um universo onde tudo era perfeito
E feito para nós dois

A voz de era calma, tranquila, o que deixava louca de vontade de abraça-lo, de voltar no tempo e poder tê-lo ao seu lado.

Passamos muito tempo sentados na calçada
Falando sobre tudo e não dizendo nada
Seu sorriso vale mais de mil palavras
Deixa que o futuro fica pra depois

Era obvio que ela se identificava perfeitamente com a musica, tinha o dom de compor, de fazer uma simples noite virar a mais linda poesia e ela se sentia extremamente feliz em saber que aquilo era para ele. Ele havia escrito uma música para ela.

Depois da meia noite nós acendemos as luzes da cidade
Nos abraçamos e ficamos juntos até nascer o sol

Noites de verão e dias de inverno
Poucos minutos parecem eternos
Você sabe e eu não sei mentir
Esse mundo perfeito nunca vai existir

Não quero esquecer as noites viradas
Falando sobre o mundo até a madrugada
Nos seus olhos eu vejo a verdade
Faço o que você fizer, diga o que você quiser

Ela podia sim, se apaixonar por ele. A quem ela tentava enganar? Ela sabia que iria se apaixonar por ele, hoje, amanhã e todos os dias daqui para frente. O futuro ninguém sabe, mas sabia que estava em sua vida, presente no seu coração e memória.

Depois da meia noite nós acendemos as luzes da cidade
Nos abraçamos e ficamos juntos até nascer o sol

Por quanto tempo só nós dois?
Por quanto tempo só nós dois?
Por quanto tempo só nós dois?

Depois da meia noite nós acendemos as luzes da cidade
Nos abraçamos e ficamos juntos até nascer o sol

Sentiu um nó na garganta em pensar que a música havia acabado e já estava pronta para apertar o replay quando a voz de se fez novamente.

Oi, isso é meio constrangedor. Você já deve ter lido a carta, né? E se não leu, vá ler, mocinha! Enfim, acho que você não tem meu número, então aqui vai: xxxx-xxxx-xx

logo tratou de salvar e ligar, mas optou por simplesmente mandar uma mensagem.
Você é um perfeito idiota, que escreve bem pra caralho. Acho que vou ter que incluir o gostoso e muito mais quando te ver tocar na tv. xx.
Eu sabia que não iria acabar assim, quando podemos nos encontrar novamente, garota do bar?
É , , meu nome é .
Você sempre será minha garota do bar, .

N/a: Ual, nunca escrevi uma fic tão rápido. Cara. Essa fic foi inspirada num casal que eu criei para uma outra fanfic e eles são muito fofos, então, eu morro de ciúmes hahah. Quero agradecer a Julis, por me dar umas ajudinhas e aos meus pais por me colocarem no mundo hahah Obrigada também a quem leu a fanfic, vocês fizeram uma autora feliz! Beijos na bunda da todas.



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