Standing By My Side
por May Espadaro


Challenge: Interno #001
Nota: 10
Colocação:




Com o banheiro ainda cheio de vapor d'água do meu demorado banho, despi-me da toalha e me encarei no espelho embaçado. Minha barriga começara a aparecer, não tinha como negar aqueles quilos a mais. Por quanto tempo mais meu pai ainda acreditaria que era tudo culpa da minha dieta desregrada? Fechei os olhos, passando a mão pelo meu colo. Não demoraria muito mais. Talvez até eu chegar aos quatro meses. Isso me restava um mês mentindo, despistando e enganando a todos.
A única pessoa que eu não conseguia enganar era a mim mesma. Tinha algo dentro de mim. Segundo os vários panfletos que ganhei no posto de saúde, não era algo, era alguém que já tinha seus minúsculos dedinhos se formando, que me chamaria de mamãe algum dia, um ser que eu deveria amar. Mas eu só conseguia o reconhecer como um erro.
Vesti-me sem olhar para o espelho ou não agüentaria o meu reflexo por muito mais tempo sem chorar. Coloquei uma das poucas roupas minha que ainda serviam; um vestido preto estampado com pequeninas flores. Amarrei meu cabelo ainda molhado num rabo de cavalo mal feito e sai do banheiro.
Entrei no meu quarto e encostei a porta, ficando mais tranqüila por estar sozinha. Em cima da cabeceira da minha cama tinha uma foto minha com cinco meses. Sempre sentia uma sensação estranha olhando aquela foto. Distrai-me, tentando imaginar se o bebê ia se parecer comigo ou com . Uma lágrima silenciosa caiu dos meus olhos. Apesar de todos os problemas, era uma sensação boa. Por um segundo, eu me esqueci de tudo e me senti boba com o instinto maternal aflorado.
Mas eu não podia sustentar aquilo, não sozinha, não com 16 anos. Eu tinha sonhos, assim como . Ele ia sair em turnê com a banda dele na próxima semana, viajar por seis meses por todo o país. Eu sabia o quanto ele queria isso, era maior sonho da vida dele. Talvez quando ele voltasse, se estivesse famoso e estável com a carreira, nós pudéssemos ter um filho. Agora, pelo tanto que eu o amava, entendia o quanto a minha gravidez ia atrapalhar e estava disposta a deixá-la fora do caminho de . Por isso eu tinha mantido em segredo dele.
Aquilo dentro de mim era meu problema, não precisava ser o dele também. Afinal, eu que tinha concordado em transar com ele, mesmo conhecendo os riscos. Tinha sido o meu presente para ele pelos seis meses de namoro e de despedida pela turnê. Na hora pareceu tão bom... Era difícil acreditar no problema crescente que havia se tornado. Por outro lado, resolve-lo era fácil. Eu sabia o que tinha de fazer.
Peguei minha bolsa jogada no canto do quarto e procurei pelo panfleto sobre aborto. Sentei-me na cama, analisando-o. “Uma operação rápida e segura, em menos de um dia você estará recuperada.” Parecia mesmo simples, mas a verdade é que me faltava coragem. No fundo eu estava aterrorizada de passar por isso sozinha, queria ter alguma ajuda, alguém para conversar, pra segurar a minha mão.
- , o jantar está pronto! – ouvi meu pai gritando da cozinha, não dei ouvidos. Já fazia um tempo que não participava mais das refeições em família, estava sempre enjoada demais para elas. Por isso continuei no meu quarto, quieta, pensando na minha alternativa.
Era isso ou adoção. Porém para colocar o bebê para adoção, eu teria de esperar até ele nascer. Até lá eu teria de contar ao meu pai, e inevitavelmente ficaria sabendo, mesmo que não fosse por mim, tínhamos muitos amigos em comum. De repente a dor do aborto parecia muito pequena.
Eu chorava, mesmo assim decidi pegar meu celular para ligar para a clínica e agendar a operação para o mais rápido possível.
- , o pai está te chamando para comer. É melhor você vir logo, ele não está de bom humor. – Meg, minha irmã menor, entrou no quarto falando alto.
Logo que a ouvi sua voz, virei de costas para a porta o mais rápido possível para ela não me ver chorando. Foi tarde demais.
- Você está chorando? O que você tem na mão? – Meg veio chegando mais perto, até que se sentou do meu lado na cama.
- Nada, Meg. Vai falar para o papai que eu já estou indo. – Falei, limpando meu rosto.
- Seus olhos estão vermelhos. Sério, , você não me engana. Ser sua irmã há 12 anos me deu bastante prática. – Dessa vez não abri minha boca, deixei que ela continuasse insistindo. – Você brigou com o ? É isso?
A simples menção do nome dele me fez voltar a chorar, acabei descuidando do panfleto em minhas mãos. Meg viu, eu vi quando ela entendeu o que estava acontecendo porque eu vi o choque no rosto dela. Eu não tinha nem palavras para desmentir a história, era tarde demais...
- Ai meu Deus! Você está grávida – Meg disse baixo, não sabia se era uma pergunta ou se ela estava afirmando. De qualquer modo, senti que não precisava responder. – Eu vou ser titia. Eu vou poder brincar de boneca se for uma menina, e jogar vídeo-game se for menino. E já que você não tem paciência para músicas de criança, eu posso ficar vendo o DVD da Xuxa com meu sobrinho. Sabe, aquele a mamãe costumava meio nos obrigar a ouvir? Vai ser tão legal! Eu sempre soube que você e o formavam um casal perfeito. Quando a banda dele for famosa, a vida de vocês vai ser realmente demais! Imagina só...
- Meg, para com isso! – Eu a interrompi, um pouco grossa demais – Isso aqui é a vida real, não uma fanfic. Você deveria parar de ler essas coisas, estão deturpando seu cérebro. Então, é melhor eu te explicar que fora das fanfics ter 16 anos e estar grávida é muito, mais muito complicado.
- Eu sei. Mas você acha que eu tenho quantos anos, ? Seis? Eu já tenho 12 anos, e parece muito mais do que você agora. Pelo menos eu tenho consciência de que aborto é matar uma criança. Você não deveria nem pensar nisso.
Encarei o tapete como se eu não estivesse ouvindo. Porém, na verdade, eu ouvi cada palavra. Fingir que eu não tinha ouvido não me livrava em nada da culpa de acreditar que aquilo era verdade.
- Sabe o que é pior, ? – Meg voltou a falar – Pode não ser do mesmo jeito, mas você está fazendo tudo igualzinho a mamãe. Abandonando uma criança quando ela mais precisa de você.
Não agüentei ouvir minha irmã me atingindo com aquelas verdades. Voltei a chorar, dessa vez alto, já não conseguia controlar. Eu não queria ser igual a minha mãe. Eu tinha sofrido por muitos anos para saber que o que ela tinha feito era errado. Ela nos abandonou para voltar ao Brasil com outro homem, uma nova família, nos deixando com nosso pai, quando eu tinha só seis anos e a Meg dois. Eu não tinha tido amor maternal, e o decretar a morte do feto dentro de mim era provar que eu também era incapaz de amar, que eu era fria igual a ela.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? , EXPLIQUE AGORA! – Ouvi meu pai gritando. Tentei responder, mas minha voz ficou presa na minha garganta junto com o choro. Meu pai caminhou até a cama, onde eu estava sentada, e levantou meu rosto com força.
- Pai, por favor, larga a... – Suplicou Meg, acho que minha irmã também estava chorando.
– Eu tentei ser um bom pai, eu tentei te impedir de ficar com esse garoto, mas você tinha que me contrariar. E agora cadê ele? CADÊ O SEU NAMORADO? – Ele chutou a porta do meu guarda-roupa. – Aspirante a músico imprestável... Sabe o que vai acontecer? Ele vai te chutar agora e eu não vou te estender a mão. Todo o trabalho para te criar e é isso que acontece? Você é burra o suficiente para ficar grávida. Devia ter visto que não tinha jeito mesmo, ser uma vadizinha igual a sua mãe está no seu sangue, não é mesmo? – Meu pai olhou para minha barriga, depois voltou a me encarar com desprezo. Ele levantou a mão, e deu tapa na minha cara. Doeu, porém não tanto quanto tudo o que ele tinha dito. - Já não bastava sua mãe de desgraça pra essa casa... Por isso eu quero que você saia.
Ele não me olhou mais, nem deve ter reparado que meu nariz sangrava. Saiu do quarto batendo a porta e puxando Meg pelo pulso com ele. Não ia ter como me despedir da minha irmã, ia sair o mais rápido possível. Só juntei minhas roupas numa mala, passei água gelada no rosto para limpar o sangue e sai de casa. Mesmo o ar cortante de fora era melhor do que mais um segundo lá dentro.
No começo, eu nem sabia para onde estava andando. Eu acreditava que estava sem direção, mas inconscientemente eu seguia sim um caminho, em direção a casa de . Por mais que todo o meu corpo gritasse não, a coisa dentro de minha me mandava para lá. Era a única chance de proteção que eu tinha, era o único lugar que eu desejava ir. Precisava do abraço dele para me sentir bem. Queria me aninhar em seus braços, sentindo o seu cheiro. Queria ouvir que tudo ia ficar bem com nós três. Queria que ele cantasse John Lennon ao pé do meu ouvido para me tranqüilizar como ele costumava fazer, até que eu sentisse que ele estava tão disposto a proteger o bebê quanto eu. Era um doce devaneio...
Só quando cheguei a porta da casa dele e vi o automóvel utilitário pertencente a que eu percebi que era sexta feira, noite dos meninos. , , e se reuniam na casa de algum deles para jogar pôquer e beber cerveja. Ou pelo menos era isso que me dizia, eu nunca fui convidada para comprovar. Ele costumava ficar irritadíssimo quando eu precisava interrompê-lo, qualquer fosse o motivo. Então eu me dei conta do tamanho do problema. Além de contar isso a , toda a banda ficaria sabendo de uma só vez. Se eu já não sabia o que falar antes, agora muito menos.
Toquei a campainha, esperando que atendesse logo, estava frio do lado de fora. Mas não foi quem atendeu.
- ?! – disse surpreso ao me ver. Talvez meu rosto estivesse realmente horrível.
- Eu preciso falar com o . É meio urgente. – falei, sorriu, saindo da entrada para me dar passagem.
- ! A está aqui! – gritou , me levando para dentro.
Eles estavam jogando na sala de jantar. Em cima da mesa de jantar estavam todas as fichas de pôquer espalhadas e muitas garrafas de cerveja. Eu não fazia a menor idéia de como se jogava pôquer, mas reparei que o lado de na mesa era o que continha mais fichas. E mais garrafas vazias de cerveja também.
- Eu preciso falar com você, . – repeti, desta vez para . Ele estava tão concentrado no jogo que nem se deu o trabalho de tirar os olhos das cartas para me ver.
- Só mais essa rodada, amor. – Ele falou, parecia um pouco bêbado.
- Tudo bem. – Falei, baixo demais para ele ouvir. Continuei lá, de pé, esperando o que pareceu uma eternidade até o jogo acabar.
- Você viu só, meu amor, eu ganhei! – disse, finalmente largando as cartas e vindo até mim. Ele passou os braços, me agarrando pela cintura e deu-me um beijo no pescoço. – Vou desistir do McFLY para ir para Las Vegas jogar pôquer nos cassinos. Eu poderia ficar rico assim.
Sorri falsamente, não tinha como criar um bebê em Las Vegas.
- Para com isso, . Você só ganhou dessa vez. – falou, dando um soco fraco no braço de .
- Então, o que você queria falar, ? Fala logo, eu e os meninos queremos começar outra rodada. – me disse, beijando de novo meu pescoço. Ele não estava sóbrio mesmo. – Ei, você trouxe uma mala. Vai passar a noite aqui? – Ele deu um sorriso malicioso. – A gente podia aprontar uma. Você de cinta liga, que tal?
Eu não sabia qual era o melhor jeito de contar aquilo a ele, especialmente com a sala cheia. Mas tinha que ser de qualquer jeito agora antes que ele ficasse falando mais bobagens, então eu coloquei minha boca próximo ao ouvido dele e disse, de modo que só ele ouvisse:
- , eu estou grávida.
- PORRA, GRÁVIDA?! – Ele exclamou, me empurrando. Seus olhos estavam completamente arregalados e ele tinha levado as mãos à cabeça. Os outros meninos me olharam assustados também, sussurrando palavrões para si mesmos. O silêncio foi constrangedor, ninguém sabia o que falar. Fiquei observando , seu olhar estático sobre a janela. Eu sabia exatamente o que ele estava pensando, todas as dúvidas, os receios, a irritação. Tinha sentido a mesma coisa dois meses atrás quando descobri minha gravidez.
- Poxa, parabéns, cara. – disse, quebrando o silêncio.
- É, parabéns. – concordou .
- Parabéns. – disse por último, e com certo pesar na voz o , lançando-me um meio sorriso.
bagunçou o próprio cabelo, voltando a Terra. Ele voltou a me abraçar, dessa vez, mais apertado, e me deu beijo.
- Desculpa. Eu não queria estragar tudo, não mesmo. Eu nem queria te contar, . Eu não queria... Mas meu pai me expulsou de casa, eu não sabia para onde ir. Eu não sabia... , eu não sei o que fazer. – Voltei a chorar, minhas lágrimas deixando a camiseta dele molhada.
- Calma. Calma. Vai ficar tudo bem. – Ele falou, porém eu sentia que ele estava com mais medo do que eu. – Vai dar tudo certo, ok? A gente pode comprar uma casa grande com um quintal gigante para o nosso filho brincar. Quem sabe no interior, aí não vão ter vizinhos por perto para ele quebrar as janelas deles chutando bola. Espera, e se for uma menina? Você já sabe o sexo do bebê? - Fiz que não com a cabeça. – Mas vai ser um menino, eu tenho certeza disso. Assim eu vou poder ensiná-lo a jogar bola, pôquer e a tocar . Quem sabe ele até não vire um feito o pai? – estava hesitante ao por a mão sobre a minha barriga, mas foi ótimo sentir seu toque. – , depois dessa turnê o McFLY vai ficar famoso, e eu vou poder dar tudo ao nosso pequeno. Você vai ver.
- Como assim turnê, ? – perguntei confusa.
- Você sabe, , nós vamos fazer a turnê pelo Reino Unido. Seis meses de shows sem parar. Não posso abandonar minha carreira, em seis meses o McFLY estará tocando em todas as rádios.
- Em seis meses o bebê nasce. Eu preciso de você agora, . Eu nem tenho onde ficar... – comecei a me sentir mal. Não só o enjoou aumentando, era uma sensação de mal estar generalizada.
- Eu tenho que ir. – Ele disse firme.
- Por favor – tentei implorar. Não sabia o que ia fazer sem ele. Para onde eu ia ir? Se sozinha já era difícil, carregando uma criança ainda mais. O meu medo contribuiu para eu piorar.
- Eu vou... – ia dizendo até que eu apaguei.

xx


Acordei do meu desmaio deitada no sofá. Senti que tinha alguém perto de mim. Abri os olhos lentamente, imaginando que fosse . Era . Ele parecia incrivelmente mal humorado, mas ostentou um sorriso assim que me viu.
- Oi, - disse ele, colocando a mão na minha testa – você desmaiou. Como se sente?
- Na verdade, eu não sei... – Respondi, tentando me sentar. – Cadê o ?
- Ele foi contar aos pais dele a grande notícia. – Comprovamos isso ouvindo os gritos histéricos da Sra. vindos da cozinha. – Parece que ninguém fica muito contente com isso, não é? Mas vai dar tudo certo, . – sorriu para mim. Se aquele momento tivesse durado um segundo a mais, eu teria acreditado em . Porém, Sra. entrou de repente na sala berrando.
- Seu nome é , não é? – Fiz que sim com a cabeça – Querida, - acrescentou ela muito falsamente – eu sou mãe, eu sei o que você está sentindo. Mas é muito complicado ter um filho nessa idade. Muitas responsabilidades, muitas fraldas para trocar... Eu mesma queria ter tido o um pouco mais tarde. Só Deus sabe quantas oportunidade eu não perdi na minha juventude tendo de dar de mamar para ele. Você já pensou nisso? Querida, não vale a pena. Eu não gostaria de ver seus sonhos jogados no lixo. Só quero o melhor para você e para o meu filho. Talvez... se vocês pudessem desfazer isso...
- Não tem como voltar no tempo, Sra. . – disse eu, desconfiando de onde ela queria chegar.
- Oh, não, não, querida. – Perguntei-me como ela conseguia ser tão falsa. – Existe outro meio. Você já pensou em aborto?
Olhei para a mulher a minha frente sem acreditar naquilo. Vendo o filho dela, como ela tinha coragem de me pedir uma coisa dessas? Levei as minhas mãos à barriga, num instinto protetor, como se a Sra. vestida em um terninho Channel impecável pudesse arrancar meu bebê com suas próprias mãos. Aos meus olhos, aquela mulher era uma bruxa.
- Não! – eu gritei.
- Veja bem, querida, - ela disse, ligeiramente irritada – talvez se nós te déssemos dinheiro...
- Mãe, ela não vai querer. – falou, levantando a voz ao entrar no cômodo.
- Meu filho, você sabe o que vai acontecer se ela não fizer isso. É isso que você quer? Largar a turnê com a gravadora agora pra cuidar de uma criança? Veja bem, , é seu futuro!
caminhou até o sofá em que eu estava e se ajoelhou na minha frente, acarinhando suavemente minha bochecha.
- Minha mãe tem razão, amor. Não é a hora para isso acontecer. Eu te prometo que nós vamos ficar juntos para sempre. E daí, quando for o momento certo, nós podemos nos casar e termos nosso filho. Filhos, um milhão deles! Mas agora, amor, eu preciso pensar na minha carreira. Você deveria ficar do meu lado...
Minha visão ficou turva. Senti o lugar onde me tocara ficar gelado. Não sabia se ia desmaiar de novo ou apenas vomitar. Meu bebê por dinheiro? Quão fria a Sra. achava que eu era? Quão fria o achava que eu era? E, espera, não era supostamente ele quem deveria me apoiar agora? Por que eu não tinha percebido isso desde o começo? Ele tinha que estar comigo, ele tinha que ser meu suporte. A carreira dele era quem deveria esperar, não o bebê. Eu não era igual a minha mãe, eu ia provar isso. Tinha ido longe demais para proteger aquele ser, e ia muito mais.
- PORRA, JONES! Como você tem coragem de fazer isso com a ? – gritou. Ele estava me defendendo? – Tem metade de uma criança sua aí dentro.
- Eu estou fazendo isso pela banda, . Ou onde vocês iam conseguir alguém para me substituir? Ressuscitando o John Lenon? – respondeu, aumentando o tom de voz.
- A vai ficar sozinha carregando um filho seu. Isso é muito mais importante do que a banda, ou pelo menos deveria ser para você! – retrucou se levantando do lugar ao meu lado para encarar . – Você não honra o que tem no meio das pernas, literalmente.
- Você que sempre quis minha namorada, , mas nunca foi o suficiente para tê-la. Assuma isso. – soltou todo o ar do peito, e desviou o olhar para mim. Dessa vez ele demorou um pouco mais para responder.
- Você é muito prepotente. – abaixou a voz, mais calmo ou fragilizado porque tinha tocado no seu ponto fraco.
- E você é um filho da puta. – falou ainda alto, apontando o dedo na cara do . Antes que eu pudesse notar, já tinha atingido na cara com um soco. A Sra. soltou mais um grito histérico e correu para socorrer o filho.
- Quer saber, ? Eu estou fora! Fora do McFLY! Podem ir achar outro vocalista. – exclamou, vindo para perto de mim.
- A gente não precisa de você. – disse parecendo um garotinho mimado esnobando o brinquedo que não tem. Ele ainda segurava o nariz que jorrava sangue, manchando sua camiseta.
Eu estava horrorizada com a cena. Os dois estavam brigando, e eu tinha a ligeira impressão que era por minha causa. Não tinha nenhuma reação. Mas eu sei que eu deveria ter tido, deveria ter tentado evitar. Quando pôs a mão no meu ombro, era tarde demais.
- , eu quero que você fique comigo. Pelo resto da sua gravidez, eu não me importo. – Ele olhou profundamente nos meus olhos, estava tenso, eu podia sentir – Você merece mais do que isso. Você merece cuidado, e eu prometo cuidar de vocês. – A mão dele, que antes estava no meu ombro, segurou forte minha mão, enquanto a outra foi em direção a minha barriga.
- Obrigada, , de verdade... – Falei, prendendo a respiração. tinha sido muito legal comigo, mais do que eu merecia. O problema não era dele para ele ter se envolvido tanto. Como eu podia aceitar lhe causar mais confusão?
- Então por que você está hesitando? – Ele perguntou. viu que eu não tinha resposta, então, sorrindo, ele pegou minha mala e levantou-se – Vamos.
Eu estava pronta para recusar novamente, mas meu olhar cruzou com o da Sra. , me encarando com repugnância e com ainda sangrando. Eu não tinha muitas escolhas, tinha? O pai do meu filho me abandonara, a mãe dele me oferecera dinheiro por uma vida e meu próprio pai me expulsara de casa. Só tinha me estendido a mão. Decidi ir com ele, antes de vomitar por respirar o mesmo ar que aquelas pessoas. Não agüentava mais o lugar. Depois de descansar uma noite, de cabeça fria, eu pensaria num lugar para ir onde não causasse problemas ao .

xx


Eu não tinha percebido como estava cansada até entrar no carro de , um automóvel utilitário de luxo, possivelmente uma Hilux, não tinha certeza. Fechei os olhos e encostei a cabeça no vidro, quase pegando no sono. Nunca tinha andado em um automóvel daqueles, mas era certo que luxo comprava dinheiro. Com isso me lembrei de mais um fato aleatório. Os meninos pretendiam usar o carro de para fazer a turnê, já que o carro era grande o suficiente para levar todos os instrumentos. Eu não me importava nenhum pouquinho com eles. Talvez se importasse.
Ele tomou o cuidado de não ligar o som, nem de conversar comigo no trajeto, achando que eu tinha dormido de verdade. só me chamou, com uma voz suave, depois de estacionar o carro na garagem de um prédio.
- ? Chegamos. – Ele me avisou, como sempre muito fofo.
Ainda meio sonolenta, eu o acompanhei direto até o elevador. Só então eu me dei conta de uma coisa que deveria ter percebido há algum tempo. O que os pais dele iam achar dele cuidar de uma menina esperando um filho que nem sequer era dele? Eu já não tinha forças pra agüentar mais brigas e ter de sair de outra casa no mesmo dia.
- , espera. – Ele já estava com a chave na mão, pronta para colocá-la na fechadura, mas parou para me olhar. – O que seus pais vão achar disso? E se eles não me aceitarem?
Ele sorriu para mim, como se aquela fosse uma pergunta completamente boba.
- Meu pai me deu o carro de presente de formatura, e esse apartamento de presente de 18 anos. Meus pais não mandam mais na minha vida, e, sinceramente, eles nunca se importaram muito mesmo com quem eu levava para casa. Isso explica porque durante o ensino médio o passou mais tempo lá em casa do que na própria casa dele. – Ele riu.
Finalmente entramos no apartamento. Era enorme e bagunçado.
- Desculpe a bagunça. – passou as mãos pelo cabelo, meio envergonhado – Eu achei que ia ficar viajando, então nem me preocupei em arrumar o apartamento.
- Eu não ligo. – A minha frase foi interrompida por um bocejo.
- Aposto como tudo o que você quer é dormir agora, não é? – Ele foi me guiando por um caminho, com cuidado para desviar das caixas – Pode dormir na minha cama, eu durmo no sofá. – Eu ia abrir minha boca para responder, mas ele foi mais rápido – Nem pensar! Você sabe que se insistir, eu vou acabar te carregando para cama mesmo assim. O quarto é todo seu. Bom noite, .
Ele fechou a porta do quarto. Tentei abrir, mas estava a segurando do lado de fora. Não era hora de mais uma briga por causa de uma cama. Não hoje com esse dia longo. Eu só tirei a sandália e pulei na cama, demorando menos de um minuto para cair em sono profundo.

xx


Acordei, mas não consegui me levantar. Uma onda de preguiça e cansaço percorreu meu corpo. Já era segunda feira e eu não fazia nada há dois dias. Essa coisa de carregar um bebê realmente acabava com a minha energia. Meus olhos ardiam por causa da luz do sol. Enfiei a cabeça no travesseiro para evitar a claridade. O travesseiro tinha um cheiro bom, muito bom. Perfume masculino, forte e quase doce ao mesmo tempo. Mesmo eu tendo dormido naquela cama por três dias, o cheiro de continuava lá sem ser afetado.
Ouvi um barulho de alguém chegando e virei em direção a porta para ver quem era. Estranhei, não deveria ser . Ele tinha dito que ia sair para trabalhar com o pai dele, na fábrica que o Sr. era dono.
- Desculpe, - disse – eu não queria te incomodar, mas eu já estava ficando preocupado, .
- Olha, eu vou me sentir realmente incomodada se você ficar me pedindo desculpas por tudo. – Sentei-me na cama. Senti meu estômago roncar de fome. – Que horas são?
- Mais de meio-dia. – Ele respondeu, conferindo no relógio.
- Caramba... Você não deveria estar trabalhando?
- Horário de almoço, meu pai me deixou sair. Eu comprei um bolo. Sei que isso não é exatamente um almoço, mas você está sempre tão enjoada que eu achei que pelo menos a um bolo de chocolate você não ia resistir. Não quer vir comer?
Pensei bem, e meu estômago parecia aceitar a idéia do bolo. Desci da cama e caminhei junto dele para a cozinha. Como estava de manhã, tive uma boa oportunidade de dar uma olhada na casa. Começando pelo quarto do , onde tudo estava espalhado em volta de uma mala ainda não terminada. A única parte organizada do quarto era a estante cheia de bonecos e CD’s, com certeza o que ele mais se importava dali. Além do quarto de , o apartamento tinha outros dois quartos vazios. A sala tinha um sofá preto de couro e uma TV gigante, o resto do espaço era preenchido por caixas de mudança. Já a cozinha estava completa, porém parecia que nunca tinha sido usada.
Sentei-me na mesa para comer ao lado de . Estava muito arrumada, acho que nunca tinha tido uma mesa de café tão cheia quanto aquela. Tinha suco de laranja, leite, pães, queijo e o bolo. Ele se serviu de um copo de leite puro e me deu um copo de suco.
- Quando minha mãe estava grávida da minha irmã, ela tomava muito suco de laranja, daí eu achei que ia ser bom para você. – Ele disse sorrindo.
- Obrigada mesmo, . Você nem deveria se preocupar tanto comigo. Olha só para isso. – Apontei para a mesa – Além disso, você pensa que eu não te escutei negando para sair com seus amigos no sábado a noite só porque eu não posso beber? Eu não quero ser um incomodo para você. Olha, prometo que assim que as coisas se ajeitarem eu vou embora, e hoje mesmo eu já vou atrás de um emprego. Enquanto isso eu quero ajudar, de algum jeito eu quero ajudar.
- Primeiro lugar, você não é um incomodo para mim. – Ele falou um pouco irritado. – Pare de falar como se fosse. Segundo, eu não vou deixar você trabalhar. Você está grávida, está esquecendo isso? E terceiro, se você está na minha casa, você tem que parar de querer contrariar as coisas que eu falo.
- Eu não vou aceitar ficar aqui sem contribuir. – Larguei o garfo e parei de comer o bolo naquela hora.
bufou.
- Você não desiste, não é? Já que é assim, você pode arrumar o apartamento enquanto eu estou fora. – se levantou, limpando o bigode de leite nas costas da mão – Alias, eu marquei uma consulta médica para acompanhar sua gravidez hoje. Quando você terminar de comer, eu vou te levar.

xx


Enquanto esperava do lado de fora do consultório, fiquei dando uma olhada nos panfletos e cartazes expostos na sala de espera. estava do meu lado, parecendo completamente relaxado comparado comigo. Bom, acho que era porque ele não estava prestes a levar uma bronca de um médico por ter engravidado aos 16 anos. Comparado com o que eu tinha ouvido do meu pai não poderia ser. Mas só de continuar olhando para todas aquelas informações, sentia-me ainda pior e cheia de dúvidas.
Peguei um panfleto sobre parto humanizado em minhas mãos e comecei a ler para me distrair. Parto humanizado era só umas das várias coisas que eu nem fazia idéia do que era. “O parto humanizado tem como objetivo dar maior liberdade à futura mamãe para escolher a melhor maneira de dar à luz ao seu bebê. Ao optar pelo parto normal você estará possibilitando um nascimento sem intervenções desnecessárias, mais natural e menos traumático para seu filho.”
- Parece ser legal. – disse esticando o pescoço para conseguir ler o resto.
- Parece que dói. – Eu disse, fazendo-o rir.
- . – Chamou o médico da porta do consultório. Ele aparentava ter 50 anos, já com cabelos brancos e barba.
- Eu te espero aqui fora. – apertou forte minha mão, me dando força, mas nem assim eu queria me levantar e ir até lá sozinha.
- Não. – Ele me olhou sem entender. – Vem comigo. Por favor.
- Calma... – afagou minha mão, se levantou e me guiou até dentro do consultório.
- Bom dia. – Disse o médico examinando minha ficha, por um momento eu achei que ele ia começar a gritar, porém a feição dele continuou serena. Era bom saber que pelo menos alguém no mundo não me julgaria pela minha idade. – Então a senhorita tem só 16 anos, certo? Vamos precisar de muito cuidado com essa gravidez. Como você se sente?
- Enjoada. – Respondi pensando no meu estômago. Ele anotou na minha ficha.
- Pronta para fazer os exames? – Ele perguntou sorrindo.
- Exames? – Arregalei os olhos. Não, eu não estava pronta para nada daquilo, mas ninguém me avisou nada disso enquanto eu transava com o . Ou, na verdade, avisaram antes...
- Não agora, . Mas sim, você vai ter que fazer vários exames, acompanhamento médico regular e se cuidar muito mais. Não se assuste, no fundo não é um grande problema assim. Se fosse, o mundo não teria sete bilhões de habitantes. Só que nesse período você não pode consumir bebidas alcoólicas e cigarros, e tem que tentar manter refeições ricas em vitaminas. Sabe aquela história de comer de três em três horas que todo mundo sabe, porém ninguém cumpre? Então, nessa hora é primordial que você siga essa regra. Fora cuidar da alimentação, você tem que evitar fazer muito esforço físico e se estressar demais. Parece tão complicado assim? – O Doutor sorriu.
- Não... Eu acho que eu consigo. – Falei quase sorrindo, apesar do medo. Até ali as coisas ainda estavam fáceis.
- Além disso, eu gostaria muito que você se inscrevesse no nosso programa “Dez aulas de como ter um bebê”. Ele é voltado especialmente para mães jovens e é muito importante que você, papai, acompanhe nossa gestante.
- Eu não sou... o pai – corou, muito constrangido. Nós nos olhamos, sem saber como explicar aquela longa história para o médico. – A é só minha amiga, eu vim para acompanhar.
- Entendo... Mesmo assim, seria muito bom se você pudesse continuar acompanhando-a nas aulas se o pai do bebê não puder comparecer, porque ela vai precisar de um acompanhante. Certo?
- Por mim tudo ótimo. Obrigado, Doutor. – Disse , estendendo a mão para pega os papéis da mão do médico.
- Não a de quê. Quero ver você daqui a uma semana já com todos os resultados dos exames que eu pedi no papel, e vocês dois nas aulas. Ela está em boas mãos, não é? – O médico levantou-se e veio abrir a porta para a gente.
- Com certeza. – respondeu sorridente para o médico.
Com certeza eram boas mãos.

xx


- Papais, - Disse a Cath, a professora – abracem suas acompanhantes pelas costas e toquem as barrigas delas com as palmas das mãos bem abertas. Relaxem... Relaxem... Entrem em contato com o bebê, ele vai sentir a vibração do amor!
- Essa mulher é louca... – Disse , rindo, ao fazer o que Cath mandou. Eu ri também.
Eu e estávamos em uma das aulas “Dez aulas de como ter um bebê”. Parecia uma loucura da professora fazer-nos ter uma aula de ioga, mas na verdade era realmente bom. Não só porque eu me sentia muito mais relaxada, mas porque sempre teve medo de se aproximar demais de mim, e agora parecia que ele tinha perdido completamente a timidez. E eu gostei, gostei demais dele me tocando. Era tão quente, caloroso e carinhoso. Ele sempre tinha tido tanto cuidado comigo, agora aquele cuidado era muito mais próximo.
No começo nós ainda parávamos para corrigir quando o médico, ou a professora das aulas de como ter um bebê confundiam e chamavam o de futuro papai. Mas agora eu já estava com seis meses de gravidez, e isso não nos incomodava mais. Para falar a verdade, eu não fui notando como as coisas evoluíram comigo e . A cada semana da gestação nós ficávamos mais íntimos. Por um lado, não podia ser diferente, já que nós morávamos na mesma casa e vivíamos uma vida quase de casal. Pelo outro lado, isso ainda não mudava o fato de que os genes da criança continuavam sendo os de . Mas isso cada vez menos importava... tinha ganhado minha confiança, eu tinha certeza que ele era um pai melhor do que jamais poderia ter sido, e ele continuava se esforçando para isso.
Ele não me deixara ir embora do apartamento dele, então eu continuava lá, mas agora ocupando um dos outros quartos vazios que ele transformara em meu quarto. O outro seria o quarto do bebê. também fizera questão de me apresentar para seus pais, e apesar de todo o meu receio em relação a eles, o Senhor e a Senhora me tratavam como uma nora, mesmo eu não sendo. Ele estava sempre comigo nas consultas e exames, pouco a pouco, sem eu perceber, ele tinha assumido mesmo o posto de pai.
era tão incrível comigo, que o que eu sentia por ele já tinha superado a amizade. Mas uma parte de mim estava relutante em assumir isso, porque nossa relação era muito confusa. Nós praticamente começamos de trás para frente. Então, mesmo cuidando de mim na gravidez, ele ainda tinha medo de me tocar. E eu tinha medo de deixar isso acontecer. Até que a aula de ioga nos aproximou mais do que eu estava esperando, só para me deixar ainda mais atordoada.
- Espera, você sentiu isso? O bebê chutou! – disse, todo feliz. Ele me abraçou forte, e me deu um beijo na testa. – Será que ele vai fazer de novo?
- Tente falar com ele. – Encorajou Cath. pareceu um pouco receoso, mas mesmo assim colocou o ouvido colado na minha barriga.
- Oi, pequeno. – Ele falou, sussurrando. – Eu não sei como você vai querer me chamar ainda, de ou Tio , mas eu vou estar sempre aqui por você.
Ele beijou cuidadosamente a minha barriga. Comecei a chorar de felicidade. Levei minha mão tremendo até os cabelos de e ficamos um tempo daquele jeito, eu fazendo carinho nele. Era tão bom... Tão bom. tinha um poder incrível de fazer nos sentir protegidos. O bebê sabia disso também, tanto que eu o senti se mexendo dentro de mim. Não sabia se também tinha sentido aquilo, entretanto para mim só podia ser um sinal bom.
Agora eu sabia que aquela pessoinha dentro de mim quase nem tinha vida ainda, e mesmo assim já apoiava o que eu sentia pelo .

xx


Era um sábado à noite e estava comigo deitado no sofá assistindo TV. Já tinha virado rotina ele não sair com os amigos para ficar assistindo os piores programas comigo em casa e me vendo chorar em comerciais estúpidos. Os hormônios quando se está de quase nove meses de gravidez ficam loucos.
Como eu estava quase no final da gestação, minha barriga estava imensa, e eu tinha problemas para achar a posição ideal. Então, a maior parte do tempo tinha que ficar sentado no sofá, e eu ficava meio deitada com a cabeça encostada no peito dele. Às vezes ele colocava a mão em cima da minha barriga para sentir o bebê se mexendo.
Nesse dia, os convidados especiais do programa era o McFLY. tinha trocado de canal bem quando eles estavam tocando. Senti ele ficar inquieto atrás de mim e uma onda de desconforto dominou a sala.
- Até que esse cara que colocaram no meu lugar não é tão ruim. – Ele deu uma risadinha sem graça. Queria que ele trocasse de canal para o clima voltar a ficar como antes, mas continuava olhando para TV se torturando. Até que a câmera deu um close no , sorrindo falso, e ele desligou a TV irritado. Eu me desencostei do peito dele, e o encarei, pensando no que dizer.
- , eu... – Ele deu um soco no braço do sofá, quase tão irritado quanto no dia em que ele dera um soco na cara de , não dando a mínima atenção para o que eu ia falar.
- Eu não agüento mais, . Eu tentei esperar momento certo para falar tudo o que eu sinto, mas parece que ele nunca chega. O sempre... sempre... Está presente para estragar tudo. Nesses últimos seis meses eu fiquei do seu lado esperando você esquecer tudo o que esse filho da puta te fez para me dar uma chance, mas agora eu não agüento mais esperar sem te falar que eu te amo. Eu te amo demais. – segurou meus ombros, se aproximou e abaixou o volume da voz – Eu sempre soube que eu ia te amar mais do que o jamais poderia. Você sabe que eu nunca ia te fazer o mal que ele fez. E agora tudo o que eu quero é ter você e cuidar dessa família. Eu provei que eu não ligo que o filho não é meu, mas eu o amo como se fosse.
Eu encostei minha cabeça no ombro do e comecei a chorar. Eu sentia dor, muita dor e um mal-estar tão forte a ponto de quase desmaiar.
- , casa comigo. – Pediu .
- O bebê vai nascer agora. – Respondi entre lágrimas.

xx


Acordei já na maternidade, ainda me sentido zonza de tantos sedativos. Lembrava pouca coisa da hora do parto, parecia tudo muito embaçado. Ao contrário do que eu tinha escolhido, não deu tempo de fazer um parto humanizado. Os médicos tiveram que recorrer a cesariana, por isso eu ainda estava tão debilitada. Queria saber onde estava minha menininha. Queria ela aqui comigo.
Ah, sim, era uma menina. Isso eu lembrava.
Abri os olhos lentamente, para reconhecer o lugar. O quarto da maternidade tinha aquele cheiro de hospital horrível, e era decorado em verde água. Ao lado da minha cama, tinham vários buquês de rosas lindos com certeza enviados por . E logo perto da porta eu vi uma sombra. Chamei-a pelo nome.
- ?
- Não, amor, sou eu. – Ouvi a voz de . Não podia ser. – Assim que a turnê acabou, eu soube que você tinha vindo para maternidade porque nosso filho ia nascer.
- Nosso filho? – Eu falei, incrédula as palavras dele. Se eu não tivesse debilitada por causa do corte do parto, eu poderia ter levantado e dado eu mesma um soco na cara do dessa vez.
- Eu trouxe um presente para ele. – Ele colocou em minhas mãos uma mamadeira azul, com o nome Junior gravado nela. Era realmente linda, se eu não tivesse tido uma menina.
- Em primeiro lugar, , é uma menina. – Eu devolvi a mamadeira nas mãos dele. Ele me olhou desapontado. – E em segundo lugar, a gente não precisa de você agora. Nós estamos bem com o .
- Com o ? – Ele riu debochado. – O não é o pai do nosso filho, . Isso você não pode negar.
- O pode não ser o pai biológico, , mas pelo menos não fez que nem você que agiu como se não fosse. – Nessa mesma hora, uma enfermeira entrou trazendo minha filha no seu colo e estava atrás dela.
Invés de bravo, como eu achei que estaria, ele estava sorrindo.
- Algum problema? – Ele perguntou para mim, beijando minha testa carinhosamente.
- Não, tudo bem. Tenho certeza que o vai ficar feliz com o nosso casamento, não vai, ? - Eu falei tão feliz que ele bufou nervoso.
deixou o meu quarto batendo a porta, mas eu simplesmente não vi porque estava contente demais enquanto me beijava.

FIM



Nota da autora: Correria! Socorro! Juro, nem deu tempo de reler e revisar a fic, que coisa feia... Mas o que vale é participar, não é?

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Outras fics:
Pizza! (mcfly/finalizada)
Time For Presents
Get Back - Crashed The Wedding (restritas/mcfly/finalizada)

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