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Autora do Mês - Maio

Lully

luciana-lmota@hotmail.com
@lullymaniac
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Fanfic Obsession: Como você se sentiu quando descobriu ser a Autora do Mês do FFOBS?
AUTORA: Eu quase caí pra trás HAUHAHAUHAUA a sorte é que estava sentada quando vi. Fiquei muito, muito feliz, não só pelo FFOBS fazer parte da minha vida há uns bons anos, como também admirar muito o trabalho e as histórias maravilhosas que encontro por lá. Fazer parte disso é incrível, e eu estou muito grata por isso! Só nos motiva a seguir escrevendo novas histórias que sejam maravilhosas como o FFOBS!

FFOBS: Quando você começou a escrever? Lembra como foi sua primeira história?
A: Eita, lembro! Eu comecei a escrever uma fic no falecido Orkut (alerta autora velha HAHAHAH) e ela se chamava My heart is the worst kind of weapon, uma música do Fall Out Boy, banda que amo até hoje hehe. E apesar disso, a fic era do Panic! At the disco, outra coisinha linda na minha vida hahaha. Eu tenho amigas que na época eram leitoras, e postávamos no fórum de uma comunidade sobre o P!ATD. Era maravilhoso, com muita gente talentosa. Mas enfim, minha primeira história envolvia bastante drama, um triângulo amoroso entre Brendon Urie, Ryan Ross e... eu! HAHAHAHA eu não lembro exatamente, mas acho que eu era uma pessoa da equipe de produção da banda, acabava me apaixonando pelo Brendon, nos envolvíamos mas não dava muito certo porque ele era perseguido pela ex, que fez parecer que ele tinha me traído e então terminamos. O Ryan se interessou por mim, e até chegou a rolar um caso com ele, mas eu ainda gostava do vocalista da banda. De alguma forma Brendon e eu conversamos e decidimos que tentaríamos novamente, porém eu precisava terminar as coisas com o Ryan. O problema foi que ele não aceitou bem e só sei que a fic acabava com um guitarrista obsessivo mantendo Brendon e eu em cativeiro, até que lutássemos até a morte e um Ryan morresse “por amor”. Muito intenso, não? Acho que é o ascendente em aquário, muitas aventuras HUAHAUHAUHAU!

FFOBS: O que você procura passar para os seus leitores?
A: Bom, a verdade é que durante muito tempo reprimi a vontade de escrever. Depois que entrei na faculdade, minha vida de escritora entrou em hiatos porque eu acreditava num conceito fixo de “estabilidade”, e escrever fics de alguma forma eram coisas que deveriam ficar na adolescência. E felizmente eu não segui com esse pensamento; voltei a escrever ano passado após um acidente que sofri, quase rompendo o ligamento do pé esquerdo. Isso me fez refletir nas coisas que realmente importam, nas coisas que nos movem, então escrever é uma delas. De certa forma, quero passar para os meus leitores que acima de tudo, não desistam de si e façam as coisas que realmente te chamam por dentro, sabe? Construam seu próprio conceito de felicidade, porque a vida não é estável. E apesar de não podermos ser felizes o tempo todo, podemos ser menos endurecidos por escolhas que nos dizem ser boas, ao invés de perguntarmos à nós mesmos o que de fato nos faz bem. E além disso tudo, quero começar a trabalhar a representatividade nas histórias, uma vez que se enxergar no enredo faz toda diferença, especialmente quando estamos refletindo e passando por processos de identidade/identificação na vida. Não garanto dar conta de tudo, mas é o começo de um bom exercício e espero alcançar muitas pessoas com minhas palavras.

FFOBS: Como você lida com críticas negativas e cobranças?
A: Lidar com críticas não é fácil, né? A gente vive numa sociedade que coloca uma aura ruim em torno da palavra “ERRO”. Como se não fizesse parte de todo e qualquer processo na vida... De toda forma, conforme vamos passando por várias situações, a gente entende que erro e acerto são muito mais pontos de vista do que coisas estáticas em si. E quando alguém me cobra ou critica, minha primeira reação é ficar mal, não adianta. Rola uma frustração, fica passando um filmezinho na cabeça do tempo investido naquela parte da história, talvez até ficando um pouco desapontada comigo mesmo. Mas felizmente é um momento de emoção, e quando começo a digerir e entender que isso faz parte, analiso a crítica com outro olhar. Se ela for construtiva – que nada mais é do que uma crítica seguida de explicações e talvez sugestões – eu a considero com carinho e penso sobre como agir de forma assertiva sobre ela, agradecendo pelo tempo e atenção que a pessoa tá tendo pra falar sobre isso. Agora, se for uma crítica pela crítica, aquela que não vem com o mínimo de afeto, que simplesmente joga a opinião no ar e vai embora, eu não ligo muito... Porque se não há cuidado para dizer algo que nos atravessa, me pergunto com que cuidado aquilo foi lido, sabe? Enfim, felizmente não recebo muitas críticas, geralmente rolam algumas sugestões e desejos de leitores que são muito carinhosos comigo! A galera fica divagando sobre o desenrolar da história, e não nego: me divirto horrores com isso, porque muitas vezes eu fico com um diabinho no ombro dizendo “ninguém espera o que está por vir MUAHAHAHA”. Eu sei, podre né?

FFOBS: Se você pudesse trazer a vida um personagem de qualquer de suas histórias, qual seria e por quê?
A: O coração chega a palpitar com uma pergunta dessas, gente! Hahahahaha, mas vamos lá. Eu com certeza traria o Tom de “Ironic lovers”, que é ninguém mais ninguém menos do que meu par romântico e primeira opção na fic – ela é interativa, então basicamente seria o meu “mcguy” – (fanfic McFly hehe). Tom é a materialização de um amor que eu nunca tive, e meu coração irremediavelmente romântico sofre ao pensar nisso! Mas mais do que qualquer coisa, não é apenas por ser um par romântico; Tom é gente, é um cara legal, tem seus defeitos, mas acima de tudo gosta e cuida de quem ama, fazendo de tudo para que as coisas fiquem bem. Apesar dos problemas que surgem, Tom pode até dar uma pirada e perder um pouco o controle das coisas, mas é muito amigo, muito leal no tocante ao colocar o bem estar de quem ama em primeiro lugar, e isso é ótimo. Além do fato de muitas vezes estar ali presente, sem que isso seja requisitado. Costumo dizer que ter pessoas ao nosso redor sem precisar dizer ou pedir o óbvio é um privilégio! E é claro que cada um se comunica de um jeito, expressa o amor e cuidado de um jeito, mas Tom é uma pessoa que demonstra de uma maneira que muito me agrada: com gestos, olhares, e não necessariamente apenas palavras, não restando dúvida de que somos importante pra ele. Como o coração fica até mais leve em pensar nisso, né? Hahahahahaha.

FFOBS: Quando você inicia uma nova fanfic, já sabe como ela terminará ou é um processo contínuo?
A: Entããão, tretas que chama né? Já disse pra mim mesma que não adianta, é um processo contínuo. Porque o sol é em virgem, mas a lua é em libra e eu passo muito tempo pensando nas possibilidades que podem acontecer ao longo da fic. Mas geralmente tenho uma ideia central que sofre adaptações no decorrer das coisas, e muitas vezes levo em considerações o que o público leitor está dizendo e achando, já tentando inserir a meta da representatividade da qual falei anteriormente. E hoje mais do que nunca eu mudo bastante o final quando sinto que o “a primeira ideia” já não é boa o suficiente para o enredo da história. E aí é quando entra a aflição e você fica encarando a tela do computador em desespero hehe, pensando muuuuito sobre um bom desfecho. Não sai nada. Aí um belo dia você tá fazendo xixi e a ideia surge. É de glorificar de pé! HAHAHAHAHAHA.

FFOBS: Se você fosse convidada a escrever uma série de TV, um filme e um livro, mas só pudesse escolher um, qual seria? Por quê?
A: Pode ser um livro que se tornaria filme? Hahahahahaha aquelas, querendo burlar as regras. Pois então, eu tenho uma queda para filmes, mas escolheria um livro. Na minha adolescência, vi uma comunidade de gente devorando livros, ebooks, e vi como isso foi crucial para construção de caráter, de identidade e tudo mais... E como eu gostaria de me ver naquela obra, na qual a protagonista teria cabelos crespos, pele amendoada ou chocolate, olhos castanhos escuros, traços grossos e bonitos, corpo largo, gordo ou simplesmente não padrão... E sabendo como ainda temos essa ausência na parte cinematográfica, eu acredito que no livro dê para garantir mais isso, sabe? Contando com a imaginação do público leitor... Além de poder inserir outros personagens fora da heteronormatividade, realmente ampliando o repertório da representatividade. Acho mais fácil garantir isso em livro do que em filme. E talvez eu possa estar dizendo uma tremenda bosta sobre a ‘garantia’, mas é isso que penso até então.

FFOBS: Você tem algum autor ou história que considera uma inspiração pra você? Pode citar?
A: Falando de gente mais “acessível” e mais próxima à nós, a Lully de anos atrás diria Babi Dewet de “Sábado à noite”, que realmente foi muito amorzinho de ler. A Cah (Kerouls) também escrevia maravilhosidades! Tudo isso no FFOBS ou até mesmo na época do FanficAddiction (sim, eu to me explanando horrores aqui, bem velha HAHAHAHAH). Eu também amo um livro de contos chamado “Reveillón e outros dias” do Rafael Gallo, ganhador do prêmio Sesc de Literatura. Ele é de uma leveza, de uma sedução nas palavras que você simplesmente não para de ler. Você cata as histórias, as devora, chora, ri e enfim... É um livro maravilhoso! E atualmente estou lendo “Um defeito de cor”, da Ana Maria Gonçalves. Estou na página 115, já chorei litros, é um livro incrível, forte, e grande candidato a se tornar meu livro favorito. Volto aqui pra dizer quando terminar, hehehe.

FFOBS: Se você tivesse oportunidade, hoje mesmo, de transformar uma história sua em livro, qual seria? Por quê?
A: “Bless” ou “Bendição”. É uma one shot com mais de vinte mil palavras, o que dá cerca de cinquenta páginas, hehe. Eu ainda não postei no FFOBS, mas estou editando. Originalmente escrevi “Bless” com temática Naruto (otaku alert HAHAHA), mas a versão “Bendição” consegue me aquecer por dentro, por ser original e me encantar desde as escolhas de nomes até as reviravoltas. Além disso, foi uma história que escrevi em dois dias completos, logo após a partida de minha avó. Então ela fala de vida, morte, luto, amor, e o recomeçar das coisas. O continuar, sabe? Porque o difícil não é somente enterrar quem a gente ama. Mas o prato a menos na mesa no dia seguinte. O cheiro ausente, a falta do abraço, do olhar, da voz. Contudo, a história é, além de uma homenagem para minha avó, uma carta de mim para mim mesma, pois afirma exatamente o quanto dos nossos entes queridos ficam em nós quando se vão “materialmente”. O amor continua. A história continua, e eles permanecem em nós. Enfim, “Bendição” é uma história muito comovente, bonita, delicada, sensível, e eu arrisco a dizer que foi uma das melhores que já escrevi na vida. Espero que ela tenha um bom feedback quando postada no FFOBS hehehehe. (Olha o jabá! Hahahahah).

FFOBS: E se não fosse uma fanfic já existente? Se fosse uma história totalmente original, que sinopse ela teria?
A: Eu estou escrevendo uma história autoral, socorro!!! Spoiler alert hahaha, mas ela tem temática fantástica e muitos mistérios. O que dá pra dizer até então é: existe gente preta, gente lgbtqi+, gente branca, indígena, magia, tretas e um par romântico de tirar o fôlego! E eu preciso estudar muito para construir uma história concisa, além de registrar as ideias e os “conceitos” dentro dela. É brabeira, mas tá cada vez mais linda hehehehehe. Quem sabe daqui há alguns anos ela não vira livro de cabeceira do público new adult?

FFOBS: Alguma cena ou história é baseada em algum fato da vida real, algo que você ou alguém que conhece vivenciou?
A: Sim! Em Ironic Lovers, temos uma banda com ensaios. Os repertórios pensados e as músicas tocadas são baseadas na minha época de banda, na qual tocava guitarra e cantava. Atualmente sigo em carreira solo; canto e toco violão, mas em breve retornando para a guitarra, que eu adoro hahahahaha. Além disso, volta e meia aparece um tal de “balancinho” na história, e ele existe, no mesmo condomínio que a história acontece. Nesse balanço a personagem passava horas ouvindo música e sonhando acordada, adivinha quem fazia isso nos seus 15, 16 anos? Hehehehe, e por último, mas não menos importante: o início da história é real: eu era apaixonada por um melhor amigo, mas as coisas não se desenvolveram conforme em “Ironic Lovers”. (Felizmente, porque não ia dar bom não! HAHAHAHA)

FFOBS: De onde você tira inspiração para as características, manias e personalidade de suas personagens?
A: Antigamente eu tirava de pessoas reais e fazia um “mix” hahahaha. Hoje em dia isso acontece menos; parece que mergulho mais na construção de cada personagem, como se estivesse realmente conhecendo pela primeira vez... Quase como se fosse uma pessoa real, com autonomia, se apresentando para mim. E junto a isso, vou adicionando trejeitos e outros detalhes que acredito entrar em consonância com aquela personalidade. Eu sei, muito louco isso! Hahahahaha.

FFOBS: Qual foi o lugar mais estranho que você já teve um vislumbre de cena/momento para a sua história?
A: Eu diria meus xixis são momentos muito reflexivos, talvez os mais reflexivos dos meus dias HAHAHAHAHA e um pouco estranho, não é? Mas teve uma vez que eu estava dando aula (sou professora do ensino fundamental) e eu tive uma ideia no meio de uma explicação! Precisei terminar a explicação numa rapidez só para não perder a ideia e anotá-la em meu whatsapp, num grupo que tenho comigo mesma, rs.

FFOBS: Quais são os seus próximos projetos?
A: Terminar Ironic Lovers, terminar o livro autoral, e dar continuidade a outros enredos que estão se enveredando pela minha cabecinha acelerada! Além disso, quero continuar investindo em vídeos no instagram, no qual venho postando versões e covers de músicas que curto, mas gostaria de começar a colocar minhas canções autorais pra jogo também. Oremos! Hehe

FFOBS: Por fim, que tal citar um trecho de uma fic que você escreveu e sente orgulho?
A: Vou citar “Bendição”! Um trecho do início:
“Tudo aconteceu em câmera lenta, porém ele não conseguia reagir. Ele via o braço sem forças pendurar-se para fora da maca, assim como viu a paramédica berrar coisas incompreensíveis para seus companheiros, enquanto se colocava em cima de Yuna, iniciando massagem cardíaca.
A cada piscada que dava, o mundo parecia agir sem ele. Sem sua ação, ele apenas observava as coisas acontecendo, sem acreditar em tudo que acabava de presenciar.
E a única pessoa que poderia explicar, era uma médica desacordada, tentando ser ressuscitada por uma socorrista desesperada em meio aos aparelhos de luzes vermelhas piscantes.
A máquina já não apitava mais, apenas reproduzia um som agudo e contínuo, que fazia par com a linha reta evidenciada no monitor, representando a ausência de batimentos cardíacos. O som alucinante – o mesmo que ouviu há dois anos – estava de volta, deixando-o novamente sem chão. Ele despertou de seu devaneio e encarou o corpo imóvel de Yuna.
Ela estava... morta?”

FFOBS: A entrevista vai terminando por aqui, caso queira deixar algum recado final, fique à vontade!
A: Eu quero agradecer muito mesmo à todos que leram tudo isso, porque eu falo muito! HAHAHAHA e também queria agradecer à equipe FFOBS pelo convite, estou muito feliz de partilhar um momento tão gostoso e afetuoso como esse. Obrigada Renatik, minha fiel escudeira e leitora assídua de minhas fics, inclusive das quais não lancei HAHAHAHA e uma amiga incondicional! Te amo mulher! Agradeço também à Ana Ammon, minha queria beta-reader que é simplesmente tudo de bom e mais um pouco! Ô pessoinha atenciosa, de papo bom e dedicada ao seu cargo! Um presente muito grato que a vida deu nesse meu retorno à escrita. E por último, faço apelo às leituras e principalmente aos comentários, galeraaaaa! Eu quero muito saber o que estão achando das histórias, amo interagir com o povo que lê, sério! Dêem sinal de vida para eu saber que não tô sozinha nessa HUAHAUHAUH. E isso é tudo, pessoal!