A Audição
by: GiuR
beta: Daniee


Grupo Dancing With Myself está à procura de um novo(a) dançarino(a). Os interessados deverão comparecer ao local indicado na lista abaixo.


“Okay, isso pode não ser exatamente o que eu sonhei em fazer pelo resto da minha vida, mas não custa tentar, né? Afinal, dinheiro é o que eu preciso para poder continuar morando aqui...” eu pensava enquanto lia o anúncio nos classificados.
Fazia uns 5 meses que eu tinha decidido me mudar para a Inglaterra. Em princípio, minha família foi um pouco contra a decisão, mas como se tratava do futuro da filhinha, logo se conformaram. “Se é isso que você quer, não podemos fazer nada. Será uma ótima experiência conviver com pessoas de culturas diferentes, e ainda para o seu futuro profissional será excelente ter cursado na London Business School”.
É, realmente estava sendo ótimo, tirando o fato de que começava a sentir falta das mordomias que tinha em casa. Era difícil administrar seu próprio dinheiro naquele país, olhe que ironia! Cursando administração e seu dinheiro ia com o piscar dos olhos... Mas nada disso importa agora que eu tinha finalmente decidido que arranjaria uma forma de me virar naquele canto do mundo, e as palavras da mãe pareciam ecoar cada vez mais em minha cabeça: “Você vai, nós iremos lhe oferecer todo o suporte que pudermos, mas que esteja bem decidida do que está prestes a fazer! Não quero você me ligando daqui uma semana pedindo para voltar. A senhorita bem sabe o que lhe aguarda, não é mesmo?”. É mãe, eu sei, ou melhor, sabia, na teoria. Mas nada disso importa já que é hoje que eu arranjo meu emprego!
Já fazia um tempinho que eu tinha acordado. Se o tempo passou como eu esperava, devia ser por volta das 11h, ou seja, tinha exatamente uma hora para me arrumar e almoçar. Levantei, fui até a cozinha, e pelo silêncio em que se encontrava o apartamento, minhas roomies estavam dormindo. Também pudera né? Aquelas meninas chegam tarde, berrando, acordam Deus e o mundo... Pelo menos me deixam na santa paz pela manhã. PLAFT. Meus pensamentos foram interrompidos por uma vasilha cheia de caindo sobre mim quando abri a geladeira. Mas será o Benedito?
Antes de limpar toda aquela sujeira, eu resolvi que tinha que tomar meu café, aliás, para que limpar? Logo mais a empregada chegaria... E dá licença aquelas meninas fazem da nossa casa um chiqueiro, então que não ousem reclamar! E foi o que eu fiz: peguei uma tigela com sucrilhos e fui para meu quarto deixando toda aquela sujeira no chão.
Eca! Estava cheirando ! Dude, e ainda por cima acho que é um daqueles com ! Uma mistura nojenta que costumavam fazer por aqui, e que deixava um cheirinho boooom! Okay, não posso começar com as minhas ironias a essa hora da manhã, porque se não ninguém agüenta no final do dia. Vou é logo tomar banho!
Entrei no banho, e uns 5 minutos depois já estava saindo. “Oh Holly shit! Hoje meu dia tá que tá...” pensei meio alto quando um jato de água fria congelante atingiu minhas costas. Eu entendo que o país seja super civilizado e com uma enorme preocupação ambiental... Mas dude, meu banho! Quero dizer, normalmente o cronômetro é de uns 15 minutos pelo menos, e hoje em cinco eu já era atacada pelo chuveiro maluco!
- Tudo bem já que o mundo conspira contra mim, contra meu cheiro agradável e limpeza, eu desisto! – gritei para o vizinho mais próximo que passava na frente da janela.
Pera! Janela? Vizinho? AH NÃO, AGORA QUE EU VOU PARA A CAMA E NÃO SAIO MAIS! Eu esqueci legal de fechar a cortina, e agora estou mostrando minhas belezuras para quem quiser ver. Uhu! O mais legal vai ser se o coitado achar que eu estou assediando ele e a polícia aparecer aqui! Tudo porque o que eu realmente queria hoje era um dia normal para eu me dar bem na audição.


Finalmente estou aqui na sala de espera, esperando para ser chamada para um teste, que eu já nem imagino no que vai dar. E eu acho que não preciso nem comentar os azares que se seguiram até então, mas só para que não percam nenhum detalhe do dia em que as forças intergalácticas resolveram tirar uma com a minha cara eu resumo os outros acontecimentos. Primeiro me façam um favor, anotem para mim uma observação... , você deve pelo menos lavar roupas uma vez por semana! Sim, quando fui colocar minha calcinha para acabar com a sessão nudez-de-cortina-aberta eu abri a gaveta e voilà... A única na gaveta era uma que com certeza já devia ter ido para o lixo, tinha umas aberturas para refrigeração que só eu usaria, se é que me entende. Mas tudo bem, pelo menos era uma calcinha, certo? E cobria (quase) tudo. Depois sai correndo pela rua e a tal cena clássica do ônibus paradinho no ponto, mas que quando chegamos na porta, ela se fecha e ele parte deixando a gente com cara de bobo. Aí é óbvio que me perdi mil vezes até chegar a esse lugar no meio do nada. Mas algo me diz que no meio dessa onda de azares algo tem que dar certo!
Okay, agora estou calma. Realmente, nada mais pode dar errado! Nossa me sinto tão bem que tenho vontade de dançar. NEM PENSE NISSO! É, tenho que me conter para a audição, porque lá na hora sim, vou ter que baixar o santo e dançar como se fosse perder a perna amanhã! Eu realmente preciso entrar para o grupo Dancing With Myself! Não que eu seja tão fã assim, nem nada, mas sabe a única coisa que eu realmente sei fazer e que não exige muito de mim no momento é dançar, então juntemos o útil e ao agradável.
- Oi? – uma voz interrompeu meus pensamentos, e eu aflita olhei para o lado achando que era minha vez, mas que nada... Era apenas um menino que se sentara na cadeira ao lado da minha e puxava assunto.
- Oi! – sorri o mais sinceramente que pude. – Tudo bem?
- Yeah, e contigo? – os olhos azuis me fitavam, mas antes que eu pudesse responder. – Posso perguntar uma coisa?
- Sim e não! – eu respondi rindo para o menino, ainda bem que uma alma salvou minha vida do tédio que estava naquela sala.
- Sim e não, respectivamente?
Okay, agora ele me ganhou. Quero dizer, que outra alma, além da minha, viria sempre com essa brincadeira do respectivamente? Muito espertinho esse menino! Não disse que aquele azar todo já devia ter acabado com a cota da tarde e agora eu só teria sorte?
- Não! A sua resposta foi realmente esperta. Digo, quem mais pensaria dessa maneira a não ser eu? – eu sorria para ele, talvez até de forma assustadora.
- Eu? Ah, Danny Jones a seu dispor. – junto com essa resposta veio um sorriso encantador de brinde.
Preciso falar que eu morri? Tá, eu não morri, der! Porque se tivesse morrido, as palavras agora talvez fossem relacionadas a “estou indo para o céu”. Mas enfim, o que importa é que ele se chamava Danny e estava ao MEU dispor! Ai que menino mais encantador; ai que lindos olhos; ai que lindo cabelo; ai que lindo corpo; ai que linda camisa; ai que linda calça; ai que linda cueca. Ai, todo lindo! Até esse violãozinho ai do lado fica lindo... PERA AI! Violão? O que alguém viria fazer com um violão no teste para ser dançarina do DWM? Esse garoto deve ser um lunático! Que pena, tão bonitinho e tão louquinho. Ai, gamei!

- Qual é a do violão? – perguntei mudando completamente o assunto em questão mas seguindo a linha do meu pensamento.
- Qual é a sua de NÃO trazer um violão? – ele respondeu com uma cara meio confusa, só se dando conta agora de que ele tinha algo que eu não tinha.
- ? – apareceu uma mulher na porta indicando que era finalmente a minha vez. “Aimeudeusdocéu! É agora! E esse menino ai que ficou me atrapalhando, levando muito a sério o papo de acabar com a concorrência, mas deixa ele!” eu pensava enquanto me levantava e me dirigia à porta.
- Estamos numa audição para uma banda de rock, oras! – ouvi ele dizendo para mim, porém não processei direito aquelas palavras.


Já dentro da sala, eu permanecia em pé sobre um palco enquanto umas 10 pessoas sentadas discutiam sobre a pessoa que se apresentou antes de mim. Após chegarem a uma conclusão, que eu certamente não ouvi, viraram todos para mim com um olhar sério e desafiador.
- Bom, então vamos dar início à sua apresentação! – um homem magro em uma das pontas disse calmamente, com uma aparência cansada.
- Ah... claro... sim! Pois não... – eu estava perdida, confusa, nervosa; tudo que eu não deveria estar, mas como eu podia me controlar? Significava tanto para mim...
Fechei os olhos, dei as costas a todas aquelas pessoas sentadas que me analisavam minuciosamente. É agora ou nunca, pensei. E como se eu fosse uma mestra em dança, dancei! Misturei ballet, hiphop, até arrisquei um moonwalk, estilo Michael Jackson! Nunca me senti tão capacitada a fazer todos os movimentos que vinham em minha mente. “Bom, se não me aceitarem para o grupo, acho que me mandam para um hospício” eram meus pensamentos quando algo me interrompeu.
- Basta! – agora uma mulher loira, com seus 30 e poucos anos, disse para mim, olhando seriamente.
Fiquei um bom tempo parada olhando para eles, que me olhavam de volta como se analisando cada detalhe da minha pessoa. Já estava me sentindo bem constrangida quando os olhares se desviaram e começou uma discussão entre eles, que obviamente eu não entendia e nem ouvia. Achei que era o fim, que iriam vim com aquele papo de “a gente entra em contato”, então comecei a juntar minhas coisas, peguei minha blusa e caminhei na direção da porta.
- Onde a senhorita pensa que vai? ... É esse seu nome não? – ouvi uma voz atrás de mim.
- Perdão, achei que já tinha acabado minha parte. – respondi com um tom desapontado.
- Sim, a parte da dança já nos bastou; pode prosseguir agora com a música que preparou para a gente. – a mulher respondeu me olhando nos olhos.
- Música? Vocês querem que eu cante agora? – as palavras pulavam da minha boca, eu estava bem confusa... como assim querem que eu cante? Por acaso num grupo de dança, a própria dança não basta? Querem aprimorar e não me avisaram? Ah, talvez pode ser para um musical... Mas espera aí! De qualquer maneira, eu não sei cantar! Quero dizer, sempre que eu canto me mandam ficar quieta! E agora tem uns loucos pedindo pra eu cantar, vê se pode! Eu vou é aproveitar!... CALA BOCA, ! Você fez tudo certo até agora, não pode estragar cantando!
- Sim... música! Você preparou uma para nos apresentar não? – agora foi um homem mais baixinho que estava no meio da mesa que me respondeu.
- Então, é que assim... – comecei, e comecei bem mal, porque só com essas palavras já atrai uns olhares que pareciam ler a palavra “irresponsável” na minha testa. – Não vou mentir, não vou arranjar desculpas, e vou ser direta... Não, não sabia que eu precisava cantar também!
- Hm, interessante. – a mesma mulher que sempre me respondia disse me encarando. – Então você acha que é assim? Você está querendo nos insultar ou o que?
Insultar? Por que diabos eu ia querer insultar aqueles que vão decidir o rumo da minha vida?
- Perdão de novo, acho que realmente não sou a pessoa que procuram.
E foi com essa frase que eu fiz todos se olharem novamente, e voltarem a discutir. Ai que maravilha, meu dia de azar pelo visto não acabaria tão cedo! Queria tanto ir para casa logo, ou sei lá eu, ir comer, mas não tenho que ficar aqui vendo essas pessoas dizerem que eu estou insultando-as e ficarem toda hora discutindo! Dá licença! Ah, e quer saber mais? Eu até acho que tão começando a tirar com a minha cara! Devem ter achado minha dança ridícula, ai pensado, vamos ver se ela canta também para completar o circo! É, eu vou é embora.
Lá fui eu andando até a porta, quando novamente minha ação foi interrompida pela já conhecida voz da mulher.
- Você pode não ser a pessoa que estamos procurando, mas serviria. Em principio procurávamos um homem... Mas enfim!
E foi nessa hora que todos se levantaram, e meu coração já estava aos pulos. Eu tinha conseguido; eu ia entrar para o grupo! Dançar e ainda ganhar dinheiro para me sustentar! Yeah!
- Nós, então, damos as boas vindas...
Não acredito! Estão me dando as boas vindas! Nada pode ser melhor do que isso! Meu dia de azar não tava com nada! Se é que era azar aquilo... Acho até que era sinal de sorte!
- ... a mais nova integrante...
Nossa, me cai bem essas palavras, diz ai! Mais nova integrante. Eu sou, e todos vão logo saber! Vão ver meus passos Michael Jackson... Ah, anota ai para mim outra coisa: rever todos os clipes do Michael e decorar os passos!
-... da banda V!
Ah, isso ai! Sou eu!!! Pera, calma ai, eu sou lerda mas nem tanto! Será que eu ouvi direito? Banda V? Que bosta é essa? Ai meu deus do céu, vou desmaiar.
- Ban...ban...banda V? – eu gaguejei.
- Sim, não era isso que a senhorita queria? – alguém falou lá da mesa, e eu estava tão desnorteada que nem sei mais quem era quem.
CLARO QUE ERA O QUE EU QUERIA! EU SEMPRE QUIS SER DA BANDA V! Der, eu nem sei quem são esses, ou essas, ou qualquer coisa do gênero. Ai, em que confusão me meti agora?
- Não, acho que houve um engano... Eu vim aqui para tentar fazer parte do grupo Dancing With Myself. – eu disse respirando fundo.
- Não, não, não. Aqui são as audições para o V!
- Bom, perdoem-me então por fazerem perder o tempo de vocês, mas obrigada pela oportunidade... Só que meu sonho é entrar pra Dancing With Myself, então não posso aceitar a oferta de vocês. – eu disse tentando parecer o mais sincera possível. Afinal, MEU SONHO sempre foi entrar pra DWM, claro, quem vai duvidar disso?
- Então não nos faça mais perder tempo, pegue suas coisas e vá embora.
Eu nunca pensei que essas palavras fossem me fazer tão feliz. Eu fui a uma audição esperando que essas fossem as palavras que eu não ouviria, mas caiu tão bem. Sério, uma banda chamava V, dude? Isso não podia ser bom... E ainda me disseram que esperavam um homem; eu lá quero pegar vaga de homem? Aliás, tem um homem ai fora esperando para fazer esse teste e espero que ele se de bem, é tão bonitinho... Ah Danny!
Sai da sala e logo vi Danny em um canto sozinho com seu violão. Aproximei-me e ele subiu os lindos olhos até os meus e sorriu, mas sem parar de tocar. Ele começou então a brincar com a música colocando uma nova letra.
- She was looking kinda sad and lonely... and I was thinking to myself if only she give me a smile but, its not gonna happen that way!
- But it happened – eu respondi tentando manter o ritmo da música. – Tá, eu não sou boa cantando, e ainda mais uma música que eu nem conheço, então vamos conversar.
Coloquei minha mão sobre a dele que fazia o ritmo no violão, o fazendo parar. Por um momento a gente se olhou, aqueles lindos olhos azuis, oh meu Deus! Já estava ficando bastante sem graça quando resolvi desviar o olhar olhando para a janela. Gotas e mais gotas escorriam. “Oh maravilha, era só o que me faltava” pensei um pouco alto.
- And I wanna know, have you ever seen the rain? – ele começou a cantar sorrindo para mim. Ai meu Deus! Hoje pode ser o dia mais azarado que já tive, mas esse menino tá fazendo parecer o meu dia de sorte. Como é bonito, e como canta bem! O que diabos ele faz nessa audição? Talvez eu me enganei, essa banda V pode ser melhor do que imaginei.
- Você toca muito bem, e canta divinamente. – eu disse sorrindo.
Okay, agora ele me faz ser a pessoa mais tosca do mundo! DIVINAMENTE? Quem fala isso? Tipo, nossa esse dia está DIVINAMENTE bonito. Ou então, olha que novela DIVINAMENTE trágica.
- Obrigado! – ele sorriu meio sem graça, mas com aquele sorriso que hipnotiza, de tão lindo.
- Daniel Jones? – a mesma mulher que anunciou meu nome reapareceu na porta.
- Minha vez! Deseje-me boa sorte! – ele sorriu esperando a resposta.
- Boa sorte, garanhão! – respondi.
PODE IR PARANDO! Chamou agora o menino de garanhão, assim, na maior! Só falta fazer aquele gesto meio GRRR com a mão como se fosse tigresa. Ou talvez não, já que ele o fez por você... Sim! Logo após ouvir a palavra garanhão e soltar uma gargalhada, ele fez o gesto e se levantou em direção a porta. E eu que já ia me levantando para ir embora, vi ele se virar subitamente.
- Você não estará aqui quando eu sair? – perguntou com uma cara preocupada.
- Era para eu estar? – perguntei escondendo minha felicidade; afinal, o menino parecia querer que eu ficasse lá, esperando ele.
- Hm... se você quiser... eu ia adorar! – Danny disse e sorriu meio envergonhado.
- Então, não se preocupe, vá logo que a mulher parece impaciente.
- Sim, senhora. Seu desejo é uma ordem. – ele disse rindo, se virou, e sumiu pela porta.


Enquanto eu esperava, resolvi pegar umas revistas que tinha por perto para passar o tempo. “Caraaaa! A Luciana Gimenez e o Mick Jagger!” eu folheava uma revista antiga tipo Caras. “Nossa, não pode ser! O cara que fazia o Barney morreu! Já era minha infância!”. E por aí ia correndo os minutos, e nada de Danny sair. Acabou a revista e resolvi pegar outra, agora Rolling Stones para variar um pouco. E eu folheava sem prestar muita atenção nas matérias; afinal, a maioria das bandas nessa versão internacional eu não conhecia. Foi então que... BANDA V! Parei meus olhos sobre o título. Vamos lá descobrir sobre essa banda... Logo abaixo tinha uma foto cinco meninos, todos bem estilo Backstreet Boys (Sim, eu conheço backstreet boys tá? Eles são da minha época!). Desci para o texto, e logo entendi que esse V era uma boyband bem estilo Backstreet Boys.
Agora pera, pausa, volta, não entendi! O que o Danny está fazendo numa audição para uma boyband? Quero dizer... Ele trouxe um violão, e toca músicas boas para uma banda que só pula para lá e para cá em cima do palco!
- AHHHHHHHHHHHHH! HAHAHAHAHHAHAHAHAHA.– soltei um berro seguido por uma terrível gargalhada que fez todos a minha volta me olharem como se eu fosse um E.T. – Er, desculpa pessoas!
Meu Deus, mas vai, isso foi engraçado! Entendeu, né? Lembra que o que ele me falou logo no começo? Teste para uma banda de rock...? Pois é, acho que não sou a única perdida aqui! Agora só queria saber como as coisas tão indo do outro lado dessa parede!
- Vocês são todos loucos, eu não quero ficar nem mais um minuto aqui. – gritava Danny saindo pela porta e vindo em minha direção.
E eu, não conseguia me segurar, estava rindo que nem louca. Imagina só aquele lindinho com roupas coladas e dançando para lá e para cá... HAHAHAHAHA. Ou então pega só a imagem dele fazendo aqueles clipes com caras e bocas de uma pessoa sedutora, e o pior, como se fosse sério... AHAHHAAHAH.
- Posso saber do que tanto a senhorita ri? – Danny arqueou a sobrancelha [isso foi como expressão mesmo, porque nem todos são que nem o Judd que conseguem].
- Nada não! E ai como foi lá? – E lá veio uma imagem na minha cabeça dele vestindo roupa toda branca tipo a capa do millenium do BSB, e claro, não me segurei. – HAHAHAHAHA.
- Ok, você está me assustando com toda essa felicidade, mas antes ver você rindo que chorando. – o menino respondeu com um sorriso.
- É, relaxa! É só ataque de retardada mesmo! Mas e aí, não respondeu como foi! – eu disse provocando, porque é obvio que algo aconteceu para ele sair gritando da sala.
- Não vamos nem comentar sobre isso, vamos embora! Quer tomar um sorvete? – Danny disse de forma simpática.
- Of course, my horse. – repliquei olhando pela janela para ver se a chuva já tinha parado. - Tá com medo da chuva é?
- Não, né? Só que... Me molhar logo no primeiro encontro e ficar por ai com minha blusa transparente...? O que eu sempre sonhei!
- Eu também! – o menino respondeu com brilho nos olhos, mas logo levou um tapa na cabeça.
- Ei! Isso não foi legal! – fez uma cara de coitado.
- Desculpa... Mas vamos? – saltei da cadeira e fui em direção a porta da rua.
- Claro! – ele disse e veio atrás de mim.


As ruas estavam molhadas, mas a chuva parecia ter parado. Nós andávamos calmamente, um do lado do outro conversando sobre qualquer coisa, até que senti sua mão pegar a minha. OH MY GOD! Foi tão bom sabe? Quero dizer, está sendo, porque ele ainda está segurando minha mão! Continuamos andando normalmente, porém em silêncio. Percebia que ele estava meio confuso, e eu também estava! Afinal, fazia apenas umas horas que havíamos nos conhecido! Ok, tinha sido bom, mas... Eu ainda não acredito nessas de se apaixonar por uma pessoa sem conviver com ela. Só que era tão bom estar do lado dele! A voz dele era tão linda! Foi quando eu lembrei de uma coisa.
- Danny? –parei de andar e olhei para ele.
- Sim? – ele parou também e me olhou.
- Sim ou não?
Ele sorriu, como se tivesse entendido onde eu queria chegar... Olhou para o chão, fitou a poça que estava entre nós, subiu os olhos até mim novamente e ficou olhando dentro de meus olhos.
- Por que você não estava bem quando a gente conversou pela primeira vez? – ele disse cauteloso ainda olhando dentro de meus olhos.
- Ora, ora! Mas não é que eu finalmente encontrei alguém que parece me entender! – disse sorrindo de orelha a orelha.
- Você não me respondeu... – Danny disse sorrindo também.
- Por que eu tinha medo da audição do Dancing With Myself! Sei lá, de não me acharem boa o suficiente... – fui interrompida por gargalhadas do menino.
- HAHAHAHAHAHHA! Não acredito! Você também! Agora entendo porque tanto ria quando eu sai da sala!
- Pois é, e devo dizer que você com uma blusa branca aberta com todo seu peito a mostra e uma calça branca ficaria uma gracinha! – fiz uma cara sexy.
- Ei, nem brinca! Que pesadelo é esse? Bate três vezes na madeira! – ele olhava assustado.
- Relaxa, acho que você não faz o tipo deles. – e cai na gargalhada.
- É... Mas a questão que realmente importa é... Eu faço o seu? – ele disse baixo e desviou o olhar.
- Oi? Não ouvi Danny! Fala mais alto – coloquei a mão em seu rosto e virei para mim.
- Você deixou eu te fazer uma pergunta então não é? Quero dizer, se você realmente não estava bem, o sim era para a parte que eu perguntei se podia te fazer uma pergunta.
- É, eu autorizo – disse brincando.
- Se você ficasse presa em uma ilha deserta, quem ou o que você levaria contigo? – ele perguntou num tom sério, sem me deixar entender se estava brincando ou não.
- Ah Danny! Seu bobo! HAHHAHA. Era essa a pergunta que queria me fazer? Logo que conhece alguém, é essa a pergunta que pensa em fazer? – eu disse me divertindo com a pergunta.
- É, não pensei em nada melhor... E alguém tinha que puxar assunto né? – continuava sério. – Mas então, responda!
- A gente ainda precisa de assunto? Isso não era apenas para aquela hora que nos conhecemos, e não tínhamos sobre o que falar? – olhei pensando na resposta que daria.
- Não, eu realmente quero saber! Diz muito sobre a pessoa, sabe?
- Eu não acho! Não acho que me conheceria bem em um momento de desespero em que estou indo ficar presa em uma ilha deserta e tenho que escolher algo. – eu disse séria provocando risadas.
- Está bem, acho que não importa mesmo. O que importa é, qual o seu telefone gatinha? – ele disse a última frase de uma forma engraçada.
- Bom, se é isso que importa... – peguei uma caneta em minha bolsa, peguei sua mão e escrevi o número, olhei para ele. – E agora você não pode lavar a mão até chegar em casa!
- Ou posso, e te perderei pelo mundo. – ele disse pensativo.
- Pois é, a escolha é sua! E que difícil escolha não? – ri.
- É, realmente, vai ser difícil ter que ficar com todos os micróbios na minha mão se eu resolver ir ao banheiro. – ele disse olhando para as mãos.
- Ew, Jones! Mas o futuro está em suas mãos, literalmente, e faça bom proveito! Ah, e pode deixar; grande parte dos homens não lavam as mão depois de ir no banheiro e continuam vivos! – dei uma piscadinha.
- Obrigado por falar isso! Me faz sentir melhor. – ele me abraçou.
Ai. Não! Me larga, não, não, não. Ele não podia me abraçar! Agora que eu desmaio não é? Nos braços do príncipe e a gente vive feliz para sempre, não é assim? NÃO ! ACORDA! Se solta desses braços, A-G-O-R-A.
Depois de uns segundos abraçados, comecei a me afastar. Olhei para o relógio no meu pulso e eram quase seis horas da tarde! Como passou rápido o tempo. Danny acompanhava meu olhar para o relógio.
- Nossa tá tarde, né? – ele disse esperando minha resposta.
- Nem tanto, mas é que eu tenho que conversar com minhas roomies antes delas irem para a balada! – eu disse meio chateada de ter que acabar logo com o nosso encontro.
- Ah, entendo, é difícil dividir casa... Mas é melhor que não arranje nenhum problema se não fica insuportável a convivência!
- Você mora com outras pessoas também? – perguntei esperando a resposta. Claro, não seria legal saber que ele divide quarto com uma loira aguada!
- Não! Ainda...Eu sou de Bolton... Só vim para Londres fazer essa audição! – olhou para longe.
- Essa? – eu disse provocando.
- Não; você entendeu... Acho que tenho azar mesmo! Todo esse caminho até Londres para nada. – ele falou naturalmente.
- Para nada? – me fiz de chateada. – Se você soubesse tudo que me aconteceu hoje, acho que não se acharia tão azarado... E ainda digo mais: não me acho tão azarada! Não depois que te encontrei. – senti minhas bochechas ficarem vermelhas, virei as costas e comecei a andar.
- E você acha que eu vou ficar agora todo o caminho de volta até Bolton sem lavar as mãos só para completar minha onda de azar? – ele disse me encarando.
- Nossa! Só existe papel e caneta em Bolton é? – falei brincando.
- Não, mas é só para te mostrar que você significa algo também.
Ok, eu segurei de novo a brincadeira do “mas homens não lavam as mãos”. Cara que saco! Aquele menino chamou minha atenção, e eu sei que sentiria falta dele cada dia mais. Eu não podia deixar isso acontecer comigo! Era hora de ir embora mesmo, antes que piorasse a situação... BOLTON? Lá do outro lado da Inglaterra? O azar o meu...
- Bom agora tenho que ir. – disse firmemente.
- Eu te entendo, a conversa com as roomies..
- Pois é, desculpa! – disse meio chateada.
- Que nada, e boa sorte! – ele sorriu DIVINAMENTE.
- Obrigada. – sorri de volta, me virei e comecei a andar. Mas de repente parei, virei para ele que me olhava com um olhar triste – E sabe? Eu não responderia isso se tivesse me perguntado logo de cara quando nos conhecemos, mas agora... Eu acho que levaria você a uma ilha deserta. – eu disse de longe e meio feliz por demonstrar a ele o que eu sentia.
Ele ficou uns segundos parado me olhando. Até que vi um sorriso mais bonito do que qualquer outro anterior despontar em seu rosto, e ele andou em minha direção.
- E se depender de mim você nunca mais precisa ficar aflita... Eu te acho boa o suficiente. – ele me olhou nos olhos, e eu morri, é claro.

Fim

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