Abandono Perfeito
Por: Jess Rios. × Beta-reader: Call


Capítulo 1.
Histórias perigosas nos fazem ter medo de relembrá-las. Medo talvez de que possa acontecer tudo de novo. Bom, meu nome é , mas não gosto do meu nome, prefiro . Sou inglesa e tenho dezesseis anos. Moro em Londres, com meu melhor amigo, . Por que eu moro com ele e não com meus pais? Simplesmente porque eles não me suportaram mais e fugiram para os Estados Unidos. Imagine a cena: pleno sábado de manhã e eu estava dormindo. Aliás, essa era a única coisa que eu fazia em casa, já que eu também não suportava mais olhar para a cara dos meus pais. Brigávamos todo dia. Acordei com um barulho de buzina vindo do lado de fora, e fui olhar o que era, e para minha surpresa era um táxi, o qual tinha saído com meus pais cheios de malas. Mais do que assustada desci as escadas para saber o que estava acontecendo, e encontro um bilhete deles, dizendo: , eu e seu pai já não agüentávamos mais nossa vida, sempre brigando com você, e você nos ignorando. Não tivemos outra escolha e fomos embora para os Estados Unidos. Isso não significa que não gostemos de você, só que precisávamos de um tempo. Deixamos bastante dinheiro em seu cofre. Quem sabe um dia nós nos reencontremos. Espero que não tenha ficado triste conosco, fizemos isso para o bem de todos. Beijos mamãe e papai.” Algumas brigas não são motivo para se largar a filha. Onde já se viu, abandonar uma garota de treze anos? Deixá-la sozinha no mundo. Então liguei para , precisava dele. Assim que ele chegou em casa, conversamos, e resolvemos que eu iria morar com ele.
Agora e eu estamos indo para uma casa para morarmos sozinhos. Não que a gente namore ou algo do tipo, mas é que já nos acostumamos com a presença cotidiana um do outro. Será legal morar com ele, e tenho certeza de que nosso amigo vai estar sempre aqui. e são do mesmo time de futebol. Desde que eu me entendo por gente, eu conheço esses seres anormais e nós três somos inseparáveis. Estudávamos todos no mesmo colégio, mas só a tchonga aqui trabalha depois da escola para se sustentar, já que eu não tenho pais, lembram?
- Ah pequena, você tem mesmo que ir para o trabalho hoje? – é muito manhoso.
- Claro que tenho . Você acha que eu vou me sustentar como? – Disse pegando meu celular e colocando na minha mochila.
- Eu já disse , eu vou virar um famoso jogador de futebol e te sustentar. – Ele disse com ar de superioridade.
- Bom então até lá eu vou continuar trabalhando no restaurante e ganhando meu mísero salário de ajudante de chefe. – Como se isso fosse grande coisa.
- Pense pelo lado bom, você já vai ter alguma experiência quando for fazer faculdade de gastronomia. – Ele sabe como me fazer sentir num “cargo” importante.
- Vou pensar nisso quando eu estiver me sentindo uma inútil na cozinha. Bom eu estou realmente atrasada, preciso ir. – Dei um beijo nele e fui para fora de casa.
“Já é uma e cinqüenta, o Paul vai me matar se eu chegar atrasada, e eu só tenho dez minutos. Não seria ruim se alguém passasse por aqui e me desse uma carona.” Como se alguém lesse meus pensamentos, eu vejo um conversível preto parando ao meu lado:
- E aí gata, quer carona? – Eu dou risada de uma besteira dessas?
- Parece que você leu meus pensamentos, . – Entrei em seu carro, dando um beijo estalado em sua bochecha.
- Eu sempre leio . – Disse piscando para mim. Eu já disse que ele é o ser mais idiota que eu já conheci? Pelo menos eu consegui chegar na hora ao trabalho, graças a ele.
- Muito obrigada, . - Ele me deu um beijo na testa, e eu desci do carro.
- Oi querido Paul. – Agradar o chefe é sempre bom, não?
- Olá, . Vá se arrumar que nós já vamos abrir. – Paul, sempre muito gracioso.
- Já ‘to indo. – Entrei no minúsculo ambiente onde o pessoal se troca, e coloquei minha “roupa de ajudante de chefe.”
Depois de oito horas de trabalho, finalmente eu estava voltando para casa. Estava louca para tomar um banho, comer algo que não fosse francês e me deitar. Aliás, deitar não, porque eu tenho umas lições para fazer. Droga, vida de estudante e trabalhadora não é fácil. Estou pensando seriamente em me aposentar e ir para o Brasil. Dizem que lá é um país super quente (e eu não estou falando só do clima). Ah, e eu não sou uma tarada, só sei ouvir atentamente as coisas que os outros dizem, reflita.
- CHEGUEI. – Gritei para chamar a atenção do meu queridíssimo amigo. Mas parece que foi em vão.
- , você ‘ta em casa? – Procurei em todo lugar, e ele não estava, que estranho... Opa, que barulho foi esse vindo do quarto dele?
- Dude, você ‘ta ai? – Abri a porta de seu quarto lentamente, e me deparo com ele beijando ferozmente uma menina que se encontrava em cima dele, na cama.
- Opa, me desculpem, eu devia ter batido na porta antes. – Preciso dizer que fiquei morrendo de vergonha? Fui correndo para o meu quarto, tentando apagar aquela cena da minha mente. Fui tomar banho, banho bom, aliás. Depois desci com os ouvidos tampados, para não ouvir nada. Abri a geladeira, mas nada me agradou. Pensei em pedir pizza, mas eu estava com muita fome para esperar, e muito cansada, também. Decidi, então, que ia comer pão com geléia, e estava bom demais. Depois de encher minha barriga, eu fui para meu quarto e fiz minhas lições. Dia super cansativo, mas finalmente amanhã é sábado, e eu não vou precisar ir para o colégio e nem para o trabalho. Quando estava quase dormindo, sinto alguém deitando do meu lado. Quem mais poderia ser?
- O que foi ?
- Desculpa pelo o que você viu. – Ele disse meio envergonhado.
- Eu que peço desculpas. Mas, cadê a garota?
- Ela já foi embora. – Se arrumou na cama e passou seu braço sobre mim.
- Ah entendo. Mas quem é ela? Você não me falou que estava saindo com alguém.
- É que eu a conheci hoje.
- Entendi. Mas sabe pelo menos o nome dela?
- Não. – Dei uma risada. – Esqueci de perguntar.
- E como vai falar com ela de novo? – Me virei para ele.
- Simplesmente não vou.
- E por que não?
- Sei lá, não gostei dela. Ela só é boa em... Você sabe, não é?
- Sei sim. Bom eu preciso dormir, estou muito cansada.
- Tudo bem, também estou. Boa noite, pequena – Me deu um beijo e fechou os olhos.
- Boa noite.
Pela manhã acordei ao som de Dance Dance, do Fall Out Boy. Sim, eu amo eles demais. Eles são muito bons! Bom, fui atender o celular e era o . Que estranho ele acordado a essa hora.
- , o que te fez acordar a essa hora? – Falei com a maior voz de sono.
- Bom dia para você também, . – Ele disse rindo.
- Bom dia, .
- Então, o já acordou?
- Ainda não. Aliás, por que você está acordado há essa hora?
- Sei lá, me deu vontade de sair.
- Para onde? – Me animei.
- Sei lá, que tal praia? – Ele vai ficar vermelho do Sol, e eu amo isso no , então eu acho que devo aceitar.
- Claro. Que horas? – Me sentei na cama.
- Que tal agora? Acorda o Belo adormecido.
- Pode deixar! Beijos, amo você.
- Beijos , amo você também.
Agora é a hora mais difícil do dia, acordar o .
- ! – Balancei ele, mas parece que ele não está aqui na terra.
- acorda. – Dei um soquinho em seu braço, mas nada. Ok, eu vou ter que apelar. Desci as escadas, peguei um monte de gelo. Isso ia ser muito divertido, apesar dos perigos. Coloquei os gelos dentro de sua calça, e encostar foi o suficiente para ele acordar gritando, assustado.
- O QUE ‘TA ACONTECENDO AQUI? , EU TE MATO. – Saí correndo, mas tropecei e rolei na escada, de tanto que ria. Mesmo bravo comigo, veio ver se estava tudo bem.
- Você ‘ta bem, pequena?
- ‘To sim! – Me levantei e fiquei de frente para ele.
- Bom dia. – Dei um beijo em sua testa. Tinha que ser agradável com ele.
- Bom dia, né. – Me olhou com uma expressão feia. - Por que você colocou gelo nos meus genitais, ?
- Porque eu estou te chamando faz tempo, e você não acorda. Aí eu tive que apelar para isso.
- E precisa colocar gelo justo ali? Porque você não me deu um tapa na cara, ou me beijou, sabe, isso dá certo nos contos de fada. – Ele não está bem.
- Pode dar certo nos contos de fada, mas não na vida real. Esse foi o único jeito. Me perdoa? – Fiz cara de cachorro sem dono.
- Tudo bem, ! Agora, por que você me acordou tão cedo?
- Porque o vai passar aqui daqui a pouco para gente ir para praia.
- E o que estamos esperando? Vamos logo nos arrumar. – Subiu correndo as escadas me puxando junto. Ele entrou no meu banheiro, enquanto eu arrumava minhas coisas.
- Pronto , pode tomar banho. – saiu só de toalha, e tenho que dizer que, mesmo já tendo visto tudo o que ele tem por debaixo daquela matéria sólida e branca, eu ainda fico sem fala para o físico dele. Com toda a certeza, é o cara mais gostoso de toda Londres, Inglaterra, mundo.
- Ok, já ‘to indo. – Entrei no boxe, liguei o chuveiro e senti aquela água quente caindo em meus ombros.
- eu posso colocar minhas coisas junto com as suas? – entrou no banheiro para escovar os dentes.
- Pode. – Desliguei o chuveiro, me enxuguei e saí do boxe.
- você sabe que não pode ficar assim na minha frente, sem antes eu me preparar. – Tapou os olhos.
- Você é besta? Não é mais novidade para você. – Isso é verdade, não temos mais vergonha um do outro.
- Verdade, e é por isso que eu não gosto que você saia sozinha de casa.
- E o que isso tem a ver? Qual o problema de eu sair sozinha de casa? – Que estranho.
- Ué, algum tarado pode querer te abusar. Ninguém resiste ao seu charme, pequena.
- Será que até Pete Wentz vai cair no meu charme barato? – Disso sonhando.
- Com certeza. Mas até parece que eu vou deixar um cara estranho daquele ficar dando em cima da minha pequena.
- Hey , não chame meu Pete de estranho, ok? – Fico brava quando falam mal dele.
- Você prefere aquele emo a mim, não é? Tudo bem, eu vou me jogar da sacada, agora. – Quando ele ia fazer isso, ouvimos a porta se abrindo, e passos fortes.
- HEY, ALGUÉM AÍ? – Ouvi gritando.
- AQUI EM CIMA. – Gritei de volta. saiu da janela e veio ao meu lado, e então ouvimos os passos deles subindo as escadas.
- Oi gente... Não vai se trocar ? – O é muito safado.
- Com você aqui me olhando é meio difícil, hãn? – Cara de decepção, há.
- Qual o problema? Eu sei que você se troca na frente do . – Coitado do , hãn?
- Mas é diferente, o é meu “irmão” – aspas – e eu sou garota de respeito.
- Respeito? Quer que eu de risada agora, ou depois? – O me ama, eu sei.
- Você é um chato. Agora saiam logo para eu me trocar, vai. – Fui empurrando os dois para fora. Assim pude me trocar. Coloquei um short jeans, uma regata branca básica por cima do meu biquíni verde limão (nem um pouco cheguei, mas eu amo) e um chinelo de dedo preto que eu odeio. Não porque ele seja feio ou algo do gênero, mas é que eu não gosto de coisas que deixam meus pés respirarem, para mim só existe minha amada coleção de all star.
Desci as escadas e os garotos já estavam na porta me esperando.
- Até que enfim, . – O é tão agradável.
- Besta. Vamos logo. – Ele me mostrou a língua e ficou brigando comigo porque queria ir na frente, mas eu não deixei, claro.
Estávamos entediados, já, então eu liguei o rádio, e começou a passar Sugar we’re going down. Na hora eu despertei, meus olhos brilharam e o fez menção de mudar de estação.
- ), VOCÊ NÃO SE ATREVA A FAZER ISSO! – Quase arranquei a mão dele.
- Ah ‘ta bom , não vou mudar. Só não arranque a minha mão, por favor. – Ele não é doido de mudar bem nessa música.
- We're going down, down in an earlier round, and Sugar, we're going down swinging I'll be your number one with a bullet, a loaded Gun complex, cock it and pull it… - cantei super feliz.
- Você canta bem, . – disse com a mão no queixo... Como se ele pensasse.
- Obrigada! – Disse um pouco envergonhada.
Assim que a música acabou, voltei a me deitar na janela e agora estava passando Michael Jackson, que fez o aumentar o volume do rádio.
Assim que chegamos, encontramos um lugar perfeito para ficar. Era um lugar mais afastado, porém perto do mar e vazio. Estendemos umas toalhas na areia, abrimos o guarda-sol e fomos passar protetor. Uma pena, já que eu quero ver logo o todo rosinha, é tão lindo.
- passa protetor nas minhas costas? – nada folgado.
- Claro . – Peguei o protetor de sua mão e comecei a passar em suas costas. Nesse exato momento, uma garota loira oxigenada com enormes elevações em cima e em baixo passou ao nosso lado. Olhou safadamente para , que retribuiu o olhar. Mas quando ela me viu passando protetor nele, logo saiu.
- Por que ela saiu? – Ingênuo, não?
- Porque ela olhou para seus genitais e não gostou. – Disse debochando da cara dele.
- Sério? Mas minhas partes de baixo são muito elevadas, ok? – Nem são.
- Claro que não, né ? Ela saiu porque a esta passando protetor em você. Ela deve ter pensado que é sua namorada, sei lá. – O sempre entende tudo.
- Ah. Viu ? Ela saiu por sua culpa. – Ué, ele que me pediu para passar protetor.
- Eu não estou passando protetor em você por que quero, reflita. – Será mesmo que ele vai refletir?
- É mesmo. Tudo bem , eu posso pegar você. Sabe eu prefiro as ruivas mesmo. – Que cara de tarado foi essa? Indireta, hein.
- , você está bem? – Coloquei a mão em sua testa.
- Que isso, ? Não de em cima da , ela é minha pequena, e eu tenho ciúmes. – Eu estou vendo que vou ficar para titia, com um amigo que nem o .
- Vocês sabem que eu não estou falando sério, não é? – Ele arregalou os olhos e correu para o mar. Muito estranho.
- Vou seguir o exemplo dele, e vou cair na água. – Eles são tão lindos. Se não fossem meus únicos amigos, juro que já teria ficado com os dois. E eu já disse, eu não sou tarada.
É incrível como os garotos atraem rápido as garotas. Não tem nem vinte minutos que estamos aqui no mar, e já veio várias dar em cima deles. Uma gordona até passou a mão na bunda do , olhou para ele com cara de “sedutora”, entre aspas, se vocês me entendem, e lhe deu um papelzinho com um número, dizendo para ele ligar para ela. Ele ficou morrendo de vergonha, e e eu ficamos debochando dele. Ah mas ninguém manda ser lindo, também.
- Vamos voltar para areia? Eu já estou ficando toda enrugada.
- Vamos , vamos. – O foi comprar sorvete lá no cú do mundo e não voltou mais.
- Fiquei sozinha com você. - Se eu acho isso ruim? Nem um pouco.
- Qual o problema. Eu sei que você me ama. – Eu já disse que ele é modesto? Ele ficou apoiado em seu cotovelo olhando para mim. Hey, por que eu nunca percebi que ele tem olhos tão profundos?
- Eu sei que você me ama. – Fiz cara de nojenta e joguei meus cabelos molhados para trás.
- Claro que sabe, porque eu te amo mesmo. – Ele sentou e me puxou para sentar entre suas pernas. Envolveu seus braços em minha cintura e apoiou seu queixo em meu ombro. Sou só eu o está meio quente demais aqui?
- Olha como o mar fica bonito de encontro com o céu.
- Fica mesmo. – Fechei meus olhos e fiquei sentindo os dedos de passear suavemente na minha barriga.
- Hey dudes.
- Hey .
- Galera, essa é a . – chegou com uma garota loira, cabelos enrolados e olhos azuis.
- Esse é o amigo de quem falei, e minha pequena, . – Que bom que ele se lembra disso.
- Prazer em conhecê-los. – Prazer é meu? Nem falei isso, apesar de que não a achei metida.
- Então, da onde é? – Tenho que parecer interessada.
- Sou de Londres. E por incrível que pareça estou indo para o mesmo colégio que vocês, segundo o . – Não sei por que, mas logo de cara gostei dela.
- Sério? Legal! – Disse animada mesmo, eae?
- Sim! – Depois de um tempo em silêncio, e começaram a se pegar lá.
Quando já estava escurecendo, nós resolvemos voltar. pegou o telefone dela e combinamos de sair amanhã. Dessa vez o foi na frente. Como estava morrendo de sono, fui deitada no banco.
- , leva a para a cama, por favor? – pediu, enquanto descia as malas. Ele ia dormir lá essa noite.
- Levo sim. – me pegou no colo, e com muito esforço subiu as escadas e me colocou na cama. Como estava cansado, deitou do meu lado, o que me fez acordar.
- Já estamos em casa? – Gente com sono é difícil.
- Você já está na sua cama. – E o que você faz aqui? Coitado, não vou falar isso.
- Você que me trouxe? – É meio óbvio, não?
- Uhum. Confesso que quase caímos na escada, mas eu sou demais. – Estufou o peito em sinal de superioridade.
- Uau , como você é forte. – Eu sei que minhas ironias são boas.
- Eu sei que você está falando sério. Posso dormir aqui com você?
- Pode sim. Só que nem vem querer dormir sem roupa, senão te jogo da janela.
- Ok. Vou dormir vestido. – Obediente! Fomos nos trocar para dormir. Assim que nos deitamos, alguém abre a porta.
- , o que você está fazendo aqui? – Eu já comentei que o é um pouco (lê-se: exageradamente) ciumento?
- Ué, eu vim dormir com a . – Isso também é meio óbvio.
- Tudo bem, e só vim desejar boa noite. – me deu um beijo na testa como adorava fazer, me disse boa noite no ouvido e saiu.
- Boa noite para você também, querido. – O não recebeu boa noite.
- Querido? Você não pode ter um caso com ele, .
- E por que não?
- Simplesmente porque ele já meu. – Hum?
- Sério? – Tão burro assim?
- Claro que não, né tonto! – Dei um tapa em sua cabeça.
- Outch, isso doeu. – lol?
- Era para doer mesmo. Bom, eu vou dormir. Boa noite .
- Boa noite . – Ok, senti a respiração dele em minha nuca, estava de costas para ele. A nossa aproximação não é algo que esteja me fazendo dormir melhor, pelo contrário.

Capítulo 2.
- Hey seus preguiçosos, acordem. – Sono, sono, sono.
- e , levantem. – Terremoto?
- O que está acontecendo?
- Até que enfim , estou te balançando aqui faz tempo.
- Ah então não era terremoto. – Isso me tranqüiliza.
- Eu ainda estou com sono. – Fui me espreguiçar e acabei batendo o braço na cara do .
- Outch! – Nariz sangrando?
- Ai, desculpa , foi sem querer. – Culpa? Aham.
- Tudo bem, , não foi nada. Não está saindo sangue. – Alívio.
- Uffa.
- Bom, mas por que nos acordou as... – olhar a hora no relógio – MEIO DIA? Já é tudo isso? – Não , o relógio que está três horas adiantado.
- São.
- Então, por que você nos acordou? – Ele não fala logo.
- Ué, porque a gente tinha combinado que ia sair com a , lembram? – Verdade, tinha esquecido.
- Nossa, é verdade . – Aê, o é mais lerdo que eu.
- Então vão se arrumar, porque a gente já esta saindo. – Se o fala, a gente obedece! E a propósito...
- OUN, O ‘TA ROSINHA! QUE COISA MAIS FOOOOOFA! – Corri e pulei em cima dele, que caiu e rolou no chão, me levando junto.
- , você é louca? DHIODSAIDSAH. – Ele disse dando um mega sorriso.
- Ah , que vontade de te morder. – O olhei com uma cara de criança.
- Nem vem , eu não vou te deixar me morder. – Nãããão.
- Por favor, - Boy! Eu faço o que você quiser. – Nem faço, mas tudo bem.
- Ah, esta bem , mas não morda com força, ok? – Droga.
- Ok! – Ele se virou, então eu fui e mordi aquela bochecha toda sardentinha e fofa.
- Tudo bem, agora que eu mordi o , estou mais feliz. Vou tomar banho, então, tchau gente. – Os empurrei de novo. Eu tomei um loooongo banho. Tudo bem vai, nem foi tão longo assim, mas às vezes eu gosto de exagerar. Ah, e isso não quer dizer que eu seja mentirosa, ou que aumento as coisas, mas ah, sei lá, vocês me entenderam... E mesmo que não tenham entendido, não ligo. Bom, eu fui me trocar. Coloquei uma calça jeans, uma camisa xadrez azul e um all star preto velho. Passei um lápis e desci. Se vocês acharam que eu era algum tipo de patricinha, estavam enganados.
- Hey , você está linda. – E você então, ?
- Perto de você? Coitada de mim. Bom, vamos logo. – Como o está lindo. Credo, eu ando reparando demais nele, que estranho.
- Vamos então
- A gente vai a pé? – Não, coitada de mim.
- Vamos, é aqui perto. – Nem aqui do lado é perto quando se vai a pé.
- E daí? Andar de carro descansa, relaxa, e isso já foi comprovado. – Do que eu estou falando mesmo?
- Ah já? Por quem? – O gosta de complicar as coisas.
- Por mim, oras. – Isso estava meio na cara.
- Grande coisa, . Você não é nenhuma cientista ou algo assim para comprovar essas coisas. – Também te amo, .
- Ah, como vocês são ruins comigo. O que tem uma garota querer andar de carro? – Problema algum, hãn?
- Todos. Você tem que ser menos sedentária. – Ou!
- Eu não sou sedentária, . Só que eu tenho uma perna mais curta que a outra, então eu me canso mais rápido. – Às vezes eu penso se eu nasci com alguma inteligência.
- Claro , com certeza. – Não zombe de mim, .
- Háháhá, você é tão fofo, . – Besta.
- Eu sei que sou. – Que mão foi essa esfregando o peito, ? Não se ache.
- Como eu fui virar amiga disso? – Fiz sinal de negação com a cabeça e olhei para meus pés, apontando para um feliz, sorrindo feito um idiota, achando que eu estava falando sério.
- DASHIODSAIDSA. Realmente . – Coitado .
Fomos a caminho do restaurante onde iríamos comer. Legal, só torço para que não seja francês, porque comida francesa, basta a do Paul.
- Será que ela já chegou? – Tão ansioso assim, ?
- Não sei, mas se aquela gata ali, olhando e acenando para gente não é ela, então você é realmente muito sortudo. – disse apontando para uma mesa, onde estava.
- Olá garotas. – Como o é charmoso, não?
- Oi baby. – Baby? Me desculpe , mas essa forçou.
- Ahn, eu vou até ali na loja da frente, já volto. – Eu não estava muito a fim de ficar ali, por enquanto.
- Espera aí, , você vai me deixar sozinho aqui, de vela? – me puxou pelo braço e me disse no ouvido.
- Pode vir comigo, se quiser. – Não ia deixar ele sozinho.
- Tudo bem. Galera, eu vou com a . – E deixamos o estabelecimento.
- E o que exatamente você quer em uma loja de CDs religiosos? – Nem tinha reparado que era esse tipo de loja.
- Nada. Eu só inventei uma desculpa para sair de lá. – Eu sei que sou demais.
- Esperta você. – Como eu disse, sei que sou demais.
- Bom e para onde vamos, então? – Grande pergunta.
- Ai já é demais para uma pessoa só. Escolha você. – Folgado.
- Ok. Vamos pensar... – difícil. – Que tal a gente ir comer uma pizza? Estou com fome.
- Pode ser. Vamos lá. – Opa, pensou.
- Bem que eu estou sentindo uns pingos em minha cabeça. – Olhei para cima para ver se estava chovendo.
- E por que isso de repente? – aiai.
- Ué, simplesmente porque você pensou. – Dã.
- Nossa , você é tão engraçada. – É eu vou virar palhaço. NÃO, TUDO MENOS ISSO! Sim, eu tenho pavor de palhaços.
- Eu sei. – Peguei em sua mão e sai correndo em direção à pizzaria, já que começou a chover realmente.
- Isso é tão broxante. – Que?
- Do que você está falando, ? – Louco.
- Que realmente está chovendo. – ADSHIODHSOIH.
- Ah sim. Eu disse que é raro você pensar, por isso chove. – Minhas teorias são sempre comprovadas.
- É, vou começar a te reverenciar. – se agachou na minha frente, e fez como os povos antigos faziam com sua alteza.
- Você é lindo, , mas é melhor a gente ir comer, porque meu estômago já está revirando. – Estava até fazendo barulho, e isso não é bom.
- Vamos então. – Nos sentamos em uma mesa, e pedimos uma pizza e duas bebidas. Eu não preciso dizer o que exatamente pedimos, porque isso não vai mudar nada em sua vida.
Depois de comermos a pizza inteira, meu celular tocou.
- O que foi, ? – Ele não me deixa.
- Onde vocês estão? – Nem avisamos eles, é verdade.
- A gente está na pizzaria da esquina, mas já estamos saindo. Vocês já comeram?
- Já sim! Não sei por que, mas sabia que vocês não iam voltar. – Vidente, hoho.
- Estava meio na cara, não? – Lógico.
- Um pouco. Mas a minha inteligência é melhor! – , não seja assim.
- Tudo bem, a gente já esta voltando, tchau.
- Ignorante. Tchau, e não demora. – Chato.
- Eles já comeram? – perguntou assim que desliguei o celular.
- Já sim, e só estão nos esperando para irem embora. – passou uma mão em meu ombro, o que me arrepiou. Mas espera um pouco, ele sempre fez isso, então, por que senti algo estranho em meu estômago?
- Então vamos. Apesar de que eu preferia ficar sozinho com você. – Entendi direito?
- É eu também. Ficar lá de vela é chato. – Não tinha algo melhor em mente, ?
- Não era esse o meu motivo, mas se você diz. – Do que ele está falando?
- Então qual era o seu motivo? – Preciso saber, oras.
- Nada, é só que...
- Até quem enfim chegaram.
- É. – Animada? Nem um pouco, já que o acaba de estragar um momento que nem eu sabia o que ia acontecer, mas algo me dizia que era bom.
- Vamos logo.
e eu fomos o caminho inteiro atrás, já que pelo o que parece, os dois não estão muito interessados na gente nesse momento. Às vezes eu acho que o está me trocando. Daqui a pouco ele vai me expulsar de casa e levar a para morar com ele. Não que eu esteja com ciúmes, porque eu gosto mesmo dela, mas é que ele também gosta muito dela.
- Eu ‘to com medo.
- Medo de que, fofa? – Sim, tem a mania de me chamar de fofa.
- Sei lá, medo de o me trocar. – Ele deve me achar uma idiota por ter ciúmes assim do , mas tudo bem.
- Que ciumenta. Até parece que o te trocaria. Ele pode gostar mesmo da , mas não te expulsaria de casa. – Mais uma vez, ele leu meus pensamentos?
- Como você sabe que eu estava pensando nisso? – Ele é estranho.
- Não sei. Eu apenas sabia. – Isso fez sentido?
- Hm. Bom eu vou acreditar em você, então. Eu também acho que ele não seria capaz de me trocar.
- Com certeza. – Oun, que sorrisinho lindo.
- Mas se ele me trocasse, você deixaria eu ficar com você? - *Carinha de cachorro sem dono*
- Claro né? Eu não deixaria você sozinha, disso você pode ter certeza. – Eu não sei por que, mas o está me causando sensações estranhas.
- Que lindo você. – O abracei. Dude, eu ‘to falando. Isso não é normal. Eu não sentia essas coisas por ele. O que esta acontecendo comigo?
Quando a gente se soltou, estávamos na frente de casa. Eu tive que abrir a porta, já que o nunca carrega a chave.
- Qualquer canto, menos meu quarto. – Já fui logo avisando, para depois eles não irem fazer coisas feias no meu quarto. Eu não ia conseguir dormir pensando no que aconteceu na minha cama.
- ‘Ta bom . Você é quem manda.
Por incrível que pareça, foi eu falar sobre meu quarto, que o entrou no banheiro com a . No banheiro deve ser emocionante.
- Ele deixou a gente sozinhos de novo, . Daqui a pouco eu vou dar descarga da minha pessoa.
- Qual o problema da gente ficar sozinhos, ? – Que cara de desapontado foi essa, ?
- Problema algum, só que... Ah, sei lá. Não é meio estranho a gente ficar sozinho toda hora? Antes éramos sempre três, e agora somos só dois.
- Até que é um pouco estranho sim, mas sabia que eu estou gostando? – Gostando?
- Como assim?
- Não sei. Parece que agora a gente é mais unido. Não que a gente não fosse, ah sei lá. Não me peça para explicar essas coisas.
- Tudo bem, não vou pedir. – Sorri de canto.
- Que tal se a gente fosse até a garagem tocar alguma coisa? Poderia passar o tempo.
- Boa idéia, . – Fomos até a garagem e ele pegou uma guitarra que tinha ali. Nós três gostávamos de tocar, então tínhamos uma bateria, dois baixos, três guitarras e três violões. Deixávamos aqui porque tinha mais espaço do que a casa do . Como eu gostava mais, sentei na bateria. Peguei as baquetas e puxei um Thanks for the memories, do Fall out Boy. Eu já disse que amo eles?
revirou os olhos e começou os acordes da música. Ele não sabe por que eu amo tanto, como ele mesmo diz, “um bando de emo que arranha os instrumentos”. Mas tudo bem, eu não tenho que me importar mesmo com o que ele fala.
- Pô , Fall out Boy? Você não cansa?
- Claro que não. Eles são demais. – Fingi não ver a cara de bunda que ele fez e comecei a bater, literalmente, nos pratos da bateria.
- , isso dói os ouvidos. – Senti parar os pratos com as mãos.
- Me desculpa, é que eu me empolguei um pouquinho.
- Só um pouco? – Ele deu aquela risada que só ele sabe dar.
- Tudo bem, eu me empolguei muito. Eu acho melhor pegar uma guitarra também, que eu ganho mais. – No meio da minha trajetória puxou meu braço.
- Hey , vamos fazer assim, eu toco e você canta comigo, pode ser?
- Pode sim. – guardou a guitarra e pegou um violão. Sentou ao meu lado no chão e começou a tocar uma música deles, Not Alone.
- Life is getting harder, day by day. – começou cantando e depois eu só o segui.
- I’m not alone. – Cantamos juntos a frase final.
- Ficou muito bom, fofa. – Ele disse com um sorriso bobo no rosto.
- Você gravou? – Oh meu Deus, que vergonha.
- Gravei.
- Por quê?
- Porque eu quis. Aliás, nós cantamos bem juntos. – Ele gargalhou.
- ? ? CADÊ VOCÊS? – Ouvimos .
- ESTAMOS AQUI NA GARAGEM. – gritou de volta.
- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou um receoso. Sabe eu acho que ele suspeita que eu e o tenhamos um caso.
- A gente só estava tocando. Qual o problema? – Acho que o também percebeu isso.
- Nenhum, só estou perguntando. Bom a já foi.
- Ah sim. Agora você lembra que tem amigos, não é? – Olhei para que concordou balançando a cabeça.
- Como assim? Eu esqueci algum momento que tinhas amigos? – Como o é ingênuo.
- Sim. Você deixou a gente de lado, sozinhos. – Dudes, como eu sou dramática.
- Não pequena, eu deixei você com o . – fez que sim com a cabeça e me olhou com aqueles lindos olhos azuis brilhantes que ele tem.
- Eu acho que já vou indo, galera. Amanhã tem aula. – fez cara de decepcionado.
Assim que ele foi embora, eu fui tomar banho. É impressão minha ou eu gosto de tomar banho? Tanto faz.
- Ainda acordada, pequena? – disse entrando na cozinha.
- Eu não estou com sono. Pensei em comer alguma coisa, sei lá. – Eu realmente não estava com sono. Tentei dormir, mas não consegui.
- Eu também estou sem sono. Vamos partilhar desse momento juntos. Quer comer o que? – pegou meu avental, escrito “ ” e colocou. – Hoje eu vou cozinhar para você.
- Esta bem. Então eu quero um enorme e saboroso hambúrguer. – Fazia tempo que eu não comia um.
- Pode deixar, eu vou preparar um para você. – Ele fez dois e nos sentamos para comer.
- Você serviria para trabalhar em lanchonete. O hambúrguer está realmente bom. – Disse com sinceridade.
- Obrigado. – Comemos e então me fez ir dormir, já que amanhã tem aula.

Capítulo 3.
- Acorda . – Eu já estava pronta e ele ainda na cama.
- O que? – Uau, ele me respondeu rápido.
- Acorda, maninho, a gente tem aula.
- É verdade. Você já está pronta? – Se levantou a caminho do banheiro.
- Já sim. Eu vou ficar te esperando lá em baixo para tomarmos café, está bem? – balançou a cabeça afirmando e eu desci para arrumar a mesa.
- Pronto, podemos tomar café. – chegou arrumado.
- Como você quer que as garotas prestem atenção na aula, se você vai assim tão lindo para a escola?
- Elas precisam se acostumar com a minha beleza, . – Incrível como ele se acha.
- Não te elogio mais. – Virei de lado.
- Ah pequena, você sabe que eu estou brincando, não é? – Ele levantou e veio me abraçar. Ele sabe que eu não resisto.
Depois do café nós fomos para a escola. Ao chegarmos encontramos na porta.
- Olá . – deu um selinho nela.
- Oi , oi . Eu acho que estou com um pouco de medo. – Ela disse.
- Medo de que? – Perguntei.
- Não sei. Colégio novo. – Concordamos e vimos chegar e nos acompanhar para dentro do colégio.
Nós entramos e foi falar com a secretária, para pegar o número do armário e essas coisas.
- Então, que aula você tem agora? – perguntou.
- Inglês. Comecei bem o dia, hein? – Ela fez cara de nojo.
- Eu também tenho inglês, agora! Vamos, eu vou mostrar onde é a sala. – Eu disse.
- Pronto, chegamos. Quem dá essa aula é o Mr. Thompson. Ele é velinho, mas é gente boa.
- Que bom. Pelo menos o professor não deve ser mal como era o meu antigo professor. – fez cara de dor.
Sentamos no fundo da sala. Ficamos conversando até o professor entrar e começar a falar, falar e falar. Preciso comentar que ela prestou muita atenção na aula, e pelo jeito ela é nerd. Não que eu não seja, porque eu acho que tenho um Q.I um pouco elevado para minha idade. E não, eu não estou me achando. É só que eu não preciso estudar e nem prestar muita atenção na aula, e mesmo assim vou bem nas provas. Como os meninos dizem, eu sou uma inteligente lerda. Infelizmente eu não penso assim tão rápido. Nada fora do normal, ainda mais se você é comparado com .
- O Mr. Thompson me fez gostar um pouco de inglês. – disse mais para ela mesma.
- Eu nunca gostei, e acho que também nunca vou gostar. Meu negócio mesmo é matemática. – Pensei alto.
- Matemática, química, física, biologia, e todas as disciplinas que você possa imaginar, a é boa. – disse se intrometendo na nossa conversa.
- Não é que eu seja boa, você é que não é muito bom, amorzinho. – Fiz voz de patty.
- Muito engraçada. – Fomos pegar os livros para próxima aula, que eu teria junto com o . Química, e pelo jeito, aula prática. Legal.
e eu fizemos dupla na aula, já que teríamos que fazer uns treco lá que o professor passou. Só espero que dessa vez o não exploda nossa “lição”. É ele fez isso da última vez.
- Toma muito cuidado, pequena. Isso pode ser total tóxico. – Como ele é medroso.
- Claro que não, . Isso é apenas água de cal. – Disse mostrando o conteúdo para ele.
- Mesmo assim. – Teimoso.
Assim que terminamos o nosso experimento, uma garota veio falar com , com segundas intenções, óbvio. Mas ela ficou com a moral lá em baixo, quando ele disse que preferia mil vezes a do que ela. Eu acho que nesse momento eu dei tanta risada, que nem vi quando cai e fui levada para a enfermaria. Eu sabia que dar tanta risada de um banco tão alto não é tão seguro assim.
- Você está bem, fofa? – perguntou realmente preocupado.
- Estou sim. Só um pouco tonta ainda, mas bem. – O mundo ainda girava um pouco, mas tudo bem.
- Tonta você já é né pequena? – Vi entrar e sentar ao lado de .
- Você é tão gracioso, maninho. – Riu debochado.
- Bom eu preciso ir para a sala. Alguém ainda precisa ficar aqui com você, e se comprometeu. Cuida dela, está bem? – Eu já disse que o poderia ser meu pai?
- Cuido sim, não se preocupe. – Ele se retirou, e foi só ai que percebi que estava na porta o esperando.
- Vai ser muito sacrifício ter que perder alguma aula entediante para cuidar de mim, não? – Disse olhando para janela. O dia estava bonito.
- Você sabe que mesmo tendo a melhor aula, ou até mesmo o show do Bruce Springsteen, eu deixaria só para cuidar de você. – Às vezes eu acho o um tanto romântico demais. Não sei, acho que qualquer garota adoraria isso, mas eu não sou do tipo carinhosa.
- Que lindo . – Olhei para ele e dei um enorme sorriso.
Passamos o tempo inteiro falando besteiras e dando risada. Eu acho o uma pessoa tão maravilhosa. Ele consegue me fazer rir em todos os momentos, sem exceções.
- O sinal. – Disse com uma expressão triste. Não queria que ele fosse embora.
- Eu vou ver com o diretor se eu posso ficar aqui com você até a enfermeira te deixar sair. Assim você não fica sozinha.
- Tudo bem, vai lá logo, então. – acenou e saiu apressado.
- Pelo que tenho visto, o gosta mesmo de você. – A enfermeira entrou me dando um baita susto.
- É que nós somos amigos desde que nos conhecemos por gente, Mrs. Stevens.
- Às vezes as amizades de longo tempo são as que vão durar para sempre, se é que você me entende. – Na verdade eu não entendi.
- Ah sim, claro. – Eu fingi entender, já que não estava a fim de ouvir explicações agora. Onde é que o está?
- Voltei fofa. – Falando nele. Eu estou dizendo, esse garoto lê meus pensamentos, só pode.
- E então, o que o diretor falou? – Eu queria tanto que ele ficasse comigo. E não, eu não sou uma pessoa carente, só não gosto de ficar sozinha em uma enfermaria.
- Ele deixou. Mas assim que você tiver “alta” – tempo para a expressão de dúvida – eu vou ter que voltar para a aula.
- E quando eu vou poder sair Mrs. Stevens? – Olhei para ela, que parecia bem atenta no olhar do . Hey, pedofilia não.
- Eu acho que só na hora da saída, mesmo. – Foi impressão minha, ou ela piscou para mim com cara de sapeca? Sapeca, ? Que palavra mais dã (?) – Bom eu vou deixar você sozinhos, mais tarde eu volto.
- Então, vamos fazer o que agora? – Parece que o não quer mesmo ficar sem fazer nada.
- Não sei. – Fiquei encarando aqueles olhos azuis únicos.
- O que foi ? – Ele percebeu? Também, eu estou parecendo uma idiota olhando para ele.
- Nada. É que seus olhos são tão bonitos. – Mais cara de idiota, ? Caramba, como eu sou patética.
- Ah. Sabe os seus olhos também são lindos. Eu queria ter olhos verdes, também. – O que? Eu só sou uma ruiva masculinizada com olhos verdes não sedutores.
- Que nada. Os seus são mais originais. – Tudo bem que aqui na Inglaterra muita gente tem olhos azuis, mas isso não importa.
- Originais? Você fala umas coisas meio sem noção às vezes. – E mais uma vez ficamos falando besteiras. Só que dessa vez foi até o sinal da saída. Entre uma troca de aula e outra, o e a Mrs. Stevens vinham me ver.
- Até que enfim, liberdade. – Eu sai me segurando nos ombros de , para não cair. Minhas pernas ainda estavam um pouco bambas.
- Eu vou te levar de carro. Porque o falou que vai com a não sei aonde. – Eu estou dizendo que ele esta me trocando, mas ninguém escuta a ruiva aqui.
- Tudo bem. Eu sei que qualquer dia ele nem vai mais saber meu nome, então nem ligo mais. – Mentira.
- Parece que você não gosta da minha companhia, fofa. – triste?
- É claro que eu gosto. Se eu não gostasse, não seria sua amiga há quinze anos. – Sim, nós nos conhecemos desde um ano de idade.
- Isso é verdade. Mas é que você fala no o tempo todo. Você sente alguma coisa por ele? – Como o pode pensar uma coisa dessas? Ah é, eu estou falando de .
- Claro que não. É só amizade mesmo. Mas falando nisso, e você, alguma garota nova? – Se ele me falar que sim, não vou ficar surpresa.
- Não. Eu acho que estou um pouco cansado de pegar, pegar e pegar. – Eu ouvi direito? Eu acho que o tombo afetou meu cérebro e minha capacidade de compreensão das coisas
- Como é que é?
- Eu estou falando sério. Mas então, você está com a chave ai?
- Aham. – Eu abri a porta e me ajudou a sentar no sofá.
- Quer assistir algum filme para passar o tempo, ? – Legal. O anda tendo umas boas idéias ultimamente. Não que ele fosse um tapado e não pensasse em nada, é só que ele demorava um pouquinho mais. Consciência: Você não pode falar nada, também não é muito rápida em formular idéias./ Eu já disse que odeio minha consciência? E não, eu não sou uma estranha por ouvir e falar com minha consciência, isso só mostra que eu tenho um lado responsável. Por quê? Não me pergunte, é só o que os outros dizem. [n.a: essa parte me lembrou a Lê, ela que costuma conversar com a própria consciência :P]
- Boa idéia. Qual filme? – Virei para ele, e o vi dando um enorme sorriso. Que medo dele.
- De volta para o futuro, que tal? – Eu sabia. Não sei por que ainda pergunto.
- Pode ser. Tudo bem que a gente já assistiu a esse filme umas vinte vezes, mas eu não me importo. – Que obsessão por esse filme. Tudo bem vai, é muito legal.
foi pegar o filme, que ele já sabia muito bem onde estava.
- , tem pipoca?
- Tem lá na dispensa. Você quer que eu faça?
- Não, pode deixar que eu faço. Só não dá play no DVD, ‘ta bom?
- Ok. Qualquer coisa me chama. – Ele se levantou e foi até a cozinha.
- Pronto. – Ele foi rápido. Apagou a luz, se sentou ao meu lado e demos play no filme.
- Esse filme é tão emocionante. – Ele fica tão fofo quando está emocionado desse jeito. CREDO , COMO VOCÊ ESTÁ SENDO GAY. Ok, eu exagerei um pouco, mas é que eu não falava essas coisas dele por nada. Uma pessoa não fica bonita só por estar emocionada.
- Está um pouco frio, não acha? – Só um pouco? Eu estava congelando.
- Coloca a minha blusa, eu não estou com frio. – me cobriu com a enorme blusa dele, e me abraçou. Só o abraço já me fez esquentar totalmente.
- Obrigada. – Eu estava realmente envergonhada. Parece que eu estou gostando mesmo do , ou é impressão minha? Não, só pode ser impressão, isso é meio impossível, não?
Depois que o filme acabou, foi ao banheiro e eu fiquei refletindo sobre o que anda acontecendo com a minha relação com o .
- Será que o vai demorar muito? – disse se sentando no sofá novamente.
- Eu não sei, mas se você quiser ir embora, pode ir. – Ele não gosta mais de mim *faz drama*
- Sabe, eu não perguntei isso porque quero ir embora.
- Ah sim, desculpa. Pensei que não agüentava mais ficar comigo. – Que alívio.
- Claro que não. Eu não me enxeria se tivesse que ficar com você para sempre. – Como?
- Ah que bom que você disse isso, porque eu estou achando que vai ter que ser assim daqui para frente. O arranjou outra “pequena”. – Eu já disse que sou dramática?
- Eu já te disse que isso não vai acontecer, e você sabe muito bem que eu ia adorar ficar com você mais do que costumamos ficar juntos. – Isso é possível?
- AMIGOS, CHEGUEI! – Bela hora para ele chegar.
- Nossa, finalmente . Não dê sinal de vida mesmo, que daqui a pouco você vai ter uma amiga morta aqui. – Falei mesmo.
- Calma pequena. Não fica assim. – Como ele não quer que eu fique nervosa?
- E você ser que eu esqueça que você nem me disse que ia chegar tarde? Olha, o teve que ficar aqui comigo até agora. – Eu já estou começando a ficar com pena do .
- Me desculpa . Eu não sabia que você ia ficar assim. – Peguei muito pesado com ele?
- Ahn, tudo bem. Eu não devia ficar assim, é só que... – Eu não vou falar para ele que estou com ciúmes.
- Só que o que, ? – Eu já disse que não vou falar.
- Ela ficou preocupada, . – O é demais, meu.
- Ah sim, entendo. Me desculpa pequena, eu não faço mais isso, prometo. – Me abraçou e ficou me olhando com cara de pidão.
- Tudo bem, . Eu te perdôo.
- Agora eu vou subir, tomar um banho e dormir. Boa noite pequena.
- Boa noite para você também, amor. – O nunca fala com o . Que amor.
- Que carência, . Boa noite, querido. – Eles são muito gays.
- Como vocês são estranhos. – (Y)
- Dois amigos não podem se gostar, mais?
- É claro que podem, mas desse jeito estranho, só se eles se amam mais do que deviam. – Eu sou bem direta.
- Tão engraçada. Bom eu vou para casa, porque a minha mãe deve estar tendo um parto, e eu não quero ter um irmão. Boa noite, fofa. – Beijo, abraço e aceno. Ele se foi. Quem vê pensa que ele saiu da cidade, do país, ou até mesmo que morreu. Eu já disse, sou exagerada.
Fui tomar banho e descansar, porque infelizmente eu tenho aula amanhã. Eu acho que quero férias.
- NÃO, EU ME ESQUECI DO PAUL. – entra correndo no meu quarto.
- O que aconteceu, pequena? – Opa, gritei muito alto?
- É que eu me esqueci de ir pro trabalho, . Mas, por que será que o Paul não me ligou? – Sempre que alguém se atrasa ele liga para saber o que aconteceu.
- Mas você não podia ir para o trabalho, mesmo. Eu não sabia que um tombo de uma cadeira seria tão prejudicial. – Posse de pensador.
- Tão prejudicial? Se você não percebeu, eu estou ótima. – Ri do exagero dele. E depois quem é a exagerada mesmo?
- É sim. Bom, então amanhã você descobre o que aconteceu... – TRIM TRIM (sim, isso é o meu telefone tocando... não sei fazer melhor, ok?)
- Alô? – Que estranho alguém ligar a essa hora. Deve ser para o .
- Ms. ? Aqui é o Paul. – Ele não morre hoje.
- Ah, oi Paul. Olha, me desculpa eu não ter ido hoje, é que... – Odeio interrupções, sabia?
- Tudo bem. O restaurante sofreu uma crítica e um inspetor foi até lá e infelizmente ele foi fechado. – Ahn?
- O QUE? Como assim o restaurante foi fechado? – Pausa para a cara assustada do . – O que aconteceu, Paul?
- Eu já disse, alguém dez uma crítica, um inspetor foi até lá hoje, e disse que teríamos que fechar. – Como ele fala isso nessa tranqüilidade? Da onde eu vou arranjar dinheiro?
- Então eu estou desempregada? – Não , você está trabalhando em um restaurante imaginário, comofaz?
- Infelizmente sim, . – Para de me chamar de , mas que coisa. – Bom eu vou ter que desligar. Já mandei por correio o dinheiro que lhe devo. E eu torço para que você tenha uma ótima carreira, você merece. Até mais. – Desligou na minha cara.
- Eu acho que o Paul não é assim tão seco quanto eu achava. – Opa, eu não desliguei o telefone.
- O que aconteceu? – O está assustado, ainda.
- É o que o restaurante fechou, e não me pergunta por que, já que eu também não entendi. Mas o Paul me mandou o dinheiro que faltava e ainda me disse que ele torce para que eu tenha uma ótima carreira, porque eu mereço. Estranho. - *Olhando para o nada*
- Ué, ele apenas reconhece um bom trabalho. Mas você está pensando em encontrar outro emprego? – Nem pensei nisso.
- Não sei. Talvez não. Trabalhar e estudar ao mesmo tempo é um pouco cansativo. Eu só preciso pensar em um jeito de te ajudar a manter a casa.
- Você sabe que não precisa. Você é como se fosse minha irmã, e meus pais pensam o mesmo. Se eles não quisessem, não teriam aceitado que você morasse lá em casa, e nem que a gente visse para cá juntos, e você sabe disso. – Eu amo tanto os s.
- Ah, tudo bem. Mas quando eu puder, eu vou ajudar, está bem? – Eu sou teimosa.
- Tudo bem pequena. Agora vai dormir porque amanhã temos aula. – Isso é uma coisa tão legal de se lembrar.
Me deitei e tentei dormir. Como eu disse, só tentei, porque a idéia de não ter mais um emprego e um jeito de ajudar e os s, nas contas da casa me faz parecer uma “moradora de favor”, mesmo sabendo que eu sou quase filha deles. Ah, eu acho que não quero ir para a escola amanhã. Boa idéia .

Capítulo 4.
- , acorda. – O que? O me acordando? O que deu nele?
- Eu não estou muito bem para ir para escola hoje, . Deixa eu ficar, vai?
- Tudo bem, vai. Só porque você é ótima aluna e sei que não presta atenção nas aulas, mesmo. – É isso ae.
- Obrigada! – Dei um abraço preguiçoso nele e voltei a dormir.
Levantei quando já era uma e meia e o ainda não tinha voltado. Tomei um banho, comi qualquer coisa que eu achei na geladeira e fui assistir televisão, já que eu não tinha nada mais interessante para fazer. E eu digo logo que, ninguém merece ter que ficar assistindo um programa de fofocas. Quem quer saber da vida das pessoas famosas? É tudo tão na mesma, sempre acontece a mesma coisa. Quem não cansa de ouvir: “Tal atriz ficou grávida de um cantor, foi espancada ela processou ele, ganhou e se separaram”. Ridículo. Mas tudo bem, as pessoas desse mundo são tão não-cultas, que eu nem me impressiono mais. Tudo bem que eu também não sou nenhuma “Ms. Cultilidade”(essa palavra existe? Ah, tanto faz), mas pelo menos eu me importo com coisas mais... Importantes? Eu já estou falando besteira.
- , ABRE AE, É O DANNY. – ? Por que ele está aqui? E por que ele não tocou a campainha? Que tchongo.
- Oi . – Dei um beijo em sua bochecha e dei espaço para ele entrar.
- Eu sei que você deve estar pensando o que eu estou fazendo aqui, mas é que eu preciso te contar o que aconteceu. – Pela cara de feliz, deve ser coisa muito boa.
- Então me conte, o que houve? – Eu já estava ficando curiosa.
- Adivinha quem está indo para Califórnia jogar contra um time de lá? – Que lindo, os olhos dele estão brilhando mais do que o normal.
- VOCÊ?! – Gritei e num impulso ele me abraçou tão forte que eu pensei que ia quebrar minha coluna vertebral.
- Eu nem acredito que finalmente eu vou jogar contra um adversário bom. – Ele está se achando um pouco, ou é impressão minha?
- E você vai quando? O também vai? – Credo, como eu sou curiosa. AH, é verdade, o ainda não voltou porque ele estava no treino. A convivência com o não está me fazendo muito bem. Há.
- Vai sim, e nós vamos na semana que vem. – Eu vou ficar sozinha, meu. Isso é tão estranho.
- Que bom. – Eu sei que devia estar feliz, quer dizer, eu estou, mas é que... Sei lá, ficar sozinha vai ser tão deprimente.
- E sabe, eu tenho uma surpresa para você, fofa. – De repente, fiquei mais feliz.
- Tem é? O que?
- VOCÊ VAI COM A GENTE! – O que?
- É SÉRIO ISSO? – Que lindo, eu vou para Califórnia.
- Sim. Nós conseguimos convencer o técnico e o diretor.
- E como vocês fizeram isso? – Eles são demais, hãn?
- A gente disse que se você não fosse junto, a gente também não ia. E sem a gente, o técnico sabe que o time não ia conseguir ganhar contra os caras, lá. – Eu já disse que tenho os melhores amigos?
- Que demais, ! – O abracei da mesma maneira que ele me abraçou há poucos minutos atrás, e depois ficamos nos encarando, com os rostos a milímetros de distância.
- PEQUENA, VOCÊ ESTÁ AI? – Ah, o sempre faz isso.
- Eu estou aqui na sala, . – e eu nos afastamos rapidamente.
- Ah, o já te contou as novidades? – Os olhos do também brilham mais do que de costume.
- Já sim, parabéns. – O abracei.
- A gente vai ter que voltar para a escola, .
- Por que, ? – Oush.
- Porque a gente precisa treinar mais, já que a gente já está indo na segunda.
- Uhn. E eu posso ir com vocês? – Ficar aqui no tédio não é legal.
- Claro. – Fui me arrumar e então nós fomos A PÉ para a escola. Eu mereço.
Quando chegamos os meninos foram para o vestiário se trocar e eu fiquei lá na arquibancada sozinha, esperando. Então eu resolvi soltar a voz. Comecei a cantar, e me empolguei tanto, que nem percebi que tinha alguém me olhando.
- Você canta bem. – Quem é esse cara lindo ae? Fiquei o olhando com expressão assustada e envergonhada. – Ah, me desculpe, eu sou James Bourne.
- Ah sim, . – Que lindo, que lindo. – Ahn, você não estuda aqui, estuda?
- Eu tenho muita cara de adolescente, não é? – Como assim? Ele não é adolescente?
- Eu acho que sim.
- Eu já acabei os estudos. Agora eu sou empresário. – AHN?
- Ah sim. Bom e, sem querer ser grossa, mas, o que você está fazendo aqui?
- Não foi grossa. É que eu estava passando e resolvi ver como está meu antigo colégio.
- Você já estudou aqui? – E eu não sabia disso.
- Já sim. Na verdade, estudei aqui minha vida toda. – Se eu fosse mais velha, ui.
- Entendi. Bom, eu acho que não deve ter mudado em nada, aqui. – Foi sempre a mesma coisa, esse colégio.
- Não mudou mesmo. Então, você está em que ano?
- No segundo. – Pirralha demais para você, não é?
- Legal. Então, você tem banda? – Até parece. Os meus dois únicos amigos são jogadores de futebol.
- Não.
- Você teria uma ótima carreira, sabia? Ahn, o que você acha de ir até o meu estúdio qualquer dia desses? – O que? Eu estou enfartando aqui.
- Não sei. Acho que como cantora eu não me sairia muito bem. – Nossa, nem tinha percebido que os meninos já entraram no campo.
- Mas você poderia ir sem compromisso. A gente podia conversar sobre isso. – Ele está falando sério mesmo. Eu acho que deveria tentar, não é?
- Então ‘ta. Que dia eu posso passar lá. – O cabelo dele é tão legal.
- Pode ser amanhã. – Os olhos dele também são tão bonitos.
- Tudo bem. – Ele me estendeu a mão e me deu um cartão, em que dizia o endereço do lugar.
- Dude, quem é aquele cara conversando com a ? – perguntou para .
- Nem sei. Mas eu acho melhor a gente ir até lá. – Eles aproveitaram o tempo de descanso e foram até lá.
- Oi pequena. – O me enche.
- Já acabou o treino? – Eu nem vi o tempo passar.
- Ainda não, o técnico deu um tempo. Quem é? – O também sabe ser inconveniente.
- Dudes, esse é James Bourne, ex-estudante daqui. – Caras de nojo para ele. – James, esses são meus amigos e . – Cara de feliz para eles.
- A amiga de vocês canta muito bem. – Como ele consegue ter um sorriso lindo desse jeito?
- É, a gente sabe. – Cara, como eles estão sendo chatos com o James.
- Então, eu a convidei para ir ao meu estúdio amanhã. Quem sabe ela não segue carreira?
- SÉRIO, FOFA? – De repente, a expressão deles mudou.
- Sim. Eu vou até lá amanhã. Eles podem ir comigo, não é? – Diz que sim!
- Claro. E os seus pais? – Droga.
- Na verdade, nós somos os pais da . – O que? O bebeu? – Eu sou pai, lógico e o a mãe. – É, ele bebeu.
- Desculpe, mas eu não entendi. – Também, nem eu entenderia.
- É que meus pais fugiram há uns três anos, e desde então eu moro com o . Aliás, o e o são meus únicos amigos.
- Ah sim, entendo. Me desculpe, então, pela pergunta.
- Não foi nada.
- , , voltem para a quadra... Bourne? – Eles se conhecem?
- Treinador. – James foi até ele e o cumprimentou. – Quanto tempo. Como anda o time?
- Nós vamos para a Califórnia jogar com contra o time da casa. Estamos indo muito bem. Pena que você desistiu da carreira para ser empresário. – Ele era jogador?
- Ah, o senhor sabe que eu me dava melhor com essas coisas.
- Sim. Bom, então fique e veja o treino. Agora vamos jogar. – Pelo jeito, o treinador gostava do James.
- Vou ficar. – Se sentou ao meu lado e os meninos foram jogar. É, o e o são os melhores mesmo, sem eles as chances do time ganhar seriam baixas. Ai que orgulho dos meus amigos.
- Seus amigos jogam bem, não é? – Viu, todo mundo percebe.
- Jogam sim. Para mim, eles são os melhores do time.
- Sabe, eu também acho isso. Não que os outros sejam ruins, mas eles são melhores ainda. – Que bom que eles são MEUS amigos. Ai, me acho.
Assim que acabou o jogo, James foi embora, me lembrando mais uma vez de comparecer amanhã no estúdio dele.
- Vamos, ?
- Vamos. – A pé, DE NOVO. Dudes, será que eles não estão cansados? Depois de um bom tempo de treino, ainda vão embora a pé. Como eles têm pique.
- AH, finalmente em casa. Um dia eu ainda mato vocês por me fazerem andar tanto. – Me joguei no sofá assim que pisei em casa.
- , o colégio fica a duas quadras daqui. Não andamos nem dez minutos.
- Mesmo assim, , muito longe.
- Eu estou com fome. – Tinha que ser o .
- Vamos ver o que tem para comer. – Ainda bem que o que foi, ou ia sobrar para mim.
- Você não sabe cozinhar, . JESS. – Ah não, que droga.
- O que? – Cheguei na cozinha e os dois estavam sujos de molho de macarrão, assim como a cozinha.
- Vocês não sabem fazer macarrão? Se matem. – Peguei as panelas e comecei a cozinhar. Pelo menos para isso eu servia.
- Não fala assim, . – O se faz muito de coitado, não? “Alguém batendo na porta”.
- Quem será? Vai atender a porta, . – Quem é agora? Nunca ninguém vem aqui, além do .
- Oi baby. – Ah, só pelo baby, já sei quem é. Dude, que ridículo chamar o outro de baby, mas fazer o que.
- Oi amor, entra. A está fazendo alguma coisa para gente comer.
- Oi , oi .
- Oi . – Dissemos juntos.
- Eu não sabia que você cozinhava, . – Tanta coisa que ela não sabe sobre mim, há.
- A trabalhava em um restaurante. A comida dela é a melhor que eu já comi. – Não se orgulhe de mim, , não se esqueça que eu perdi meu emprego.
- Como assim, “trabalhava”? – Nossa, nem contei nada para o .
- Ah, é que o Paul fechou o restaurante.
- Quando isso? Por que não me contou?
- Ele me avisou ontem de madrugada. Desculpa se não te avisei. – Abaixei a cabeça e continuei mexendo a panela.
- Tudo bem, fofa.
- Fofa? Eles são namorados? – Só por que ele me chamou de fofa? É só uma mania.
- Não. É só uma mania que o tem de chamar a assim. – Isso.
- Aham. – respondeu sorrindo.
Terminei o macarrão e fomos nos alimentar. Coitado dos garotos, estavam morrendo de fome. Também, treinaram tanto.
- Está ótimo. – Eu sei que cozinho bem. Nem me acho.
- Obrigada. – Mas na frente dos outros tenho que ser mais educado, não é?
- Que horas você vai no estúdio do James, amanhã, fofa? – Nossa, tinha até esquecido do gato.
- Ele disse para eu ir qualquer hora antes da uma. Vou ter que acordar cedo. – Já estou com sono de pensar.
- Então é melhor você subir e dormir. – Nossa, eles estão querendo se livrar de mim?
- E quem vai lavar essa louça toda?
- Eu lavo, agora sobe. – Quero só ver, o lavando louça.
- Mas você vai fazer isso sozinho? – Coitado, já se cansou tanto hoje.
- Eu o ajudo, pode subir. – A é legal.
- Está bem, então. Boa noite gatinhos. – Eu sei que isso é brega, mas eu não pude evitar.
- Eu vou subir com você, . Não quero ficar de vela aqui. – safadinho.
- Vamos lá. – O está cheiroso. Ele deve ter passado bastante perfume.
- Ahn... er... , posso te abraçar? – Desde quando eu peço uma coisa dessas para ele?
- E precisa pedir, fofa? É claro que pode. – O abracei e então senti meu estômago balançar. Que vontade de beijar ele.
- Matou a vontade?
- Claro... Agora, eu só não sei por que me deu vontade de te abraçar agora. Talvez porque você esteja muito cheiroso.
- É que eu passei bastante perfume, para ninguém reclamar do meu cheiro. Eu não tomei banho depois do treino.
- Ah, então vai tomar agora. Vai lá que eu te espero aqui no meu quarto. Você vai dormir aqui, não vai?
- Vou sim. Mas pode tomar banho primeiro. – Ele é teimoso.
- Vai logo, . – Não estou de brincadeira.
- Tudo bem, já estou indo. – Muito bem.
Depois de ambos tomarem banho, fomos dormir. E de novo, dormiu aqui comigo. Acho que até dormiu aqui em casa. Hãn, safado, também.

Capítulo 5.
Levantei, tomei um banho, coloquei uma roupa razoavelmente boa e desci para tomar café. levantou assim que eu sai do banho.
- Bom dia, pequena. – Eu disse que a havia dormido aqui.
- Bom dia , . – Sentei na mesa e comia enquanto percebi alguém descendo as escadas e sentando ao meu lado para tomar café.
- Bom dia, dudes. – Mesmo com o cabelo rebelde do jeito que está, o não deixa de ser perfeito. AH , SE MATA VAI.
Depois de tomarmos café, fomos para o estúdio. Dessa vez, de carro. Finalmente.
- Me fala o endereço de novo, pequena. – O já me perguntou isso umas vinte vezes, meu. – Ah, não precisa não, já achei.
- Nossa, tem certeza que é aqui? – O lugar é lindo, e enorme.
- Certeza. Vem, vamos entrar. – Uau, dentro é mais lindo ainda. O James deve ser muito bem de vida.
- . – Falando nele.
- Oi James.
- Tudo bem, pessoal? Que bom que vieram, entrem. – Ele nos encaminhou até um local onde o pessoal grava músicas, e essas coisas.
A gente conversou muito sobre uma carreira de cantora, para mim. Eu até cantei várias coisas para eles. Todos acharam uma ótima idéia, que eu ia me sair muito bem, e tal. Mas eu não sei se eu tenho vocação para isso, porque não basta só saber cantar. Eu não sei escrever músicas. Tudo bem que o James disse que existem letristas para isso mesmo. Mas não tem graça se são outras pessoas que escrevem suas músicas. Mas eu resolvi tentar. Assim que eu voltar da Califórnia eu vou voltar. E sabe o que mais? O James viu o tocando um violão ali do lado e cantando qualquer coisa enquanto eu estava no banheiro, e nos fez cantar juntos. Ele amou.
- Você toca alguma coisa, – O toca tudo, ok?
- Eu sei tocar qualquer coisa. – Mas também não se ache, tudo bem?
- E bateria? – O é melhor em bateria do que em qualquer outra coisa.
- Sei. Aliás, bateria é o meu ponto mor. – Ele é muito foda na bateria.
- E se vocês montassem uma banda? – Uma banda? Não seria má idéia. Mas o problema é que os meninos amam o futebol.
- Não sei. Eu ia adorar, mas é que nós estamos comprometidos com o futebol. – Eu disse.
- Entendo. Mas sabe, vocês poderiam tentar só como um hobby, que tal? – Seria uma boa.
- Tudo bem. – Aê .
- Só vai faltar um baixista. – É mesmo. Eu não acho que uma música fique tão legal sem um baixo.
- Ahn, eu sei tocar baixo. – A ? Dessa eu não sabia.
- Você sabe, ? – Pelo jeito, nem o .
- Sei. Eu toco desde os dez anos. – Nossa, ela deve ser boa, então.
- Ela é boa, acreditem. – O sabia, e nem me contou nada?
- Então está feito. Quando vocês voltarem da Califórnia, passem aqui novamente. – Isso está sendo emocionante.
- Tudo bem. Mas agora nós temos que voltar, porque ainda precisamos ir para escola. Obrigado James, até semana que vem. – O sabe ser tão formal, às vezes.
Nós fomos para a escola, mas a e eu ficamos no carro, porque só os meninos precisavam ir lá fazer não sei o que.
- Eu acho que vai ser legal ter uma banda como hobby. Quem sabe não dá certo?
- Eu também acho. Ainda mais porque nós quatro somos bons no que fazemos. E você e o têm vozes lindas, e que ficam lindas juntas. – A é tão simpática.
- Obrigada. Mas eu não sabia que você tocava baixo. Eu acho um instrumento tão legal.
- Você sabe tocar?
- Sei sim. Não muito, mas o básico. Mas eu prefiro a bateria, assim como o . Mas já que eu vou ter que cantar, é melhor eu ficar com o violão/guitarra, mesmo.
- É sim. – Os meninos chegaram e nós voltamos para casa. Almoçamos e depois fomos arrumar nossas malas, já que vamos amanhã. Eu estou um pouco ansiosa, já que eu nunca saí do país.
- Minhas malas já estão prontas. – Eu sou rápida.
- As minhas também. E já são oito horas. Será que o vai vir muito tarde? Por que amanhã a gente tem que acordar cedo. – voltou para casa para arrumar as coisas dele, assim como , só que ela já havia voltado.
- Eu acho melhor ligar para ele. – balançou a cabeça em sinal de afirmação e eu peguei o telefone.
- Alô?
- ? É a . – Como se ele não soubesse.
- Oi fofa. O que foi? – É que você ainda não está aqui, sabe?
- Onde você está? Já devia estar aqui. – Menino lerdo.
- É que a minha mãe resolveu ficar me mimando aqui, porque ela diz que vai ficar com saudades, mas é só uma semana, UMA. Eu já estou saindo daqui. – Coitada da Ms. , não quer ficar sozinha em casa. Ah sim, a Ms. é separada do marido. E a filha mais velha dela, a Vicky já se casou e está morando com o marido, então ela só tem o .
- Tudo bem. – Desliguei o telefone e contei a história para os dois.
Legal, agora eles estão se comendo ai, e eu tenho que ficar assistindo essa cena linda. Cadê o ?
*Ding Dong* (Eu já disse, minhas onomatopéias são horríveis.)
- Sempre que eu penso em você, você aparece. Incrível.
- É a nossa ligação, fofa. – Me deu um beijo na testa e entrou. Pelo jeito o casal ali não percebeu a presença de mais um ser no ambiente.
- Deve ser. – Do que ele está falando? – Mas que bom que você está aqui, porque eu não estou mais a fim de ver os dois se comendo. Vem, vamos para o meu quarto. – Subimos e o pegou um violão que estava encostado na parede e começou os acordes de Help – Beatles.
Ficamos cantando lá, até a hora em que ficamos com sono demais.
- Acho melhor a gente ir dormir, porque temos que acordar cedo amanhã. – Eu não estou neurótica por causa disso. Acho que é porque eu estou indo viajar... Isso é tão surreal. Tudo bem, eu pareço uma caipira falando, mas não posso fazer nada se nunca viajei.
- Está bem. – Nos deitamos e dormimos até as sete, dudes. Mas eu não acordei com preguiça. Legal isso.
Nos arrumamos, descemos para tomar café e fomos para o aeroporto. Que emoção.
- Eu vou sentar do lado do ? – Por que eu ainda pergunto?
- Sim. – Será um pouco perigoso isso?
Nos sentamos, e eu comecei a ficar com medo. Aviões não são meu forte.
- O que foi, fofa? – Ele percebeu.
- Eu só estou um pouco nervosa. – Só um pouco, mesmo?
- Fica tranqüila, vai dar tudo certo. – me deu a mão e ficamos uma boa parte da trajetória desse jeito.
Olhei para ele e dei um enorme sorriso. Eu estou começando a me conformar que eu gosto do . Sabe, ele é tão lindo, por que não gostar? Ele é o dude perfeito, não? Eu deveria ter percebido isso antes, eu acho.
- É que eu só andei de avião uma vez, só que foi para um lugar próximo. Não para outro país. E eu sempre tive medo de avião. – Como eu sou medrosa, credo.
- É assim mesmo. Você não é a única que tem medo de voar. Mas não precisa se preocupar, eu estou aqui com você, sempre. – Eu já disse que ele é lindo?
- Obrigada, . O que seria de mim sem você? – Sinceramente? Nada.
- Eu te pergunto o mesmo. – Me deu um beijo na ponta do nariz e deitou em meu ombro. Ele vai dormir mesmo?
- Está com sono, ? – Está cedo ainda.
- Estou sim. A gente teve que acordar cedo, e já estamos a um bom tempo nesse avião. Veja só, já escureceu. – Nem tinha reparado nisso. Quando eu estou com o , o tempo passa tão rápido.
- Eu preciso ir ao banheiro, fofa. Você fica ai? – Fazer o que? Não posso entrar no banheiro com você.
- Fico sim, vai lá. – Eu vou ter que ficar de olhos fechados.
Parece que o foi a uma eternidade, porque não volta nunca. Ou eu só estou um pouco apressada demais? Talvez.
- Voltei. – Nossa, até que enfim.
- Não faz mais isso. Quase tive um ataque de pânico aqui, sozinha. – Não chega nunca.
- Calma, você sabe que eu volto. – Não ria, isso não é engraçado.
- É, eu sei. Sabe, está demorando para chegar.
- Mas demora um pouco, mesmo. Nós temos que atravessar o oceano. – Grande ajuda.
- Tudo bem, acho que não vai demorar tanto assim para chegar. É melhor eu dormir.
- Também acho, fofa. Dorme, e quando nós chegarmos eu te acordo. – Deitei em seu ombro e peguei no sono bem rápido.
, aceita como seu legítimo esposo? – Aceito. – , aceita como sua legítima esposa? – Aceito. – Pode beijar a noiva. – Foi um beijo intenso e apaixonado. Eu realmente acho que a minha vida vai ser maravilhosa daqui para frente. Com o homem dos meus sonhos...”
- O que? – Acordei assustada.
- O que aconteceu? – Foi só um sonho.
- Nada, é que eu tive um sonho estranho.
- Me conte. – Que vergonha.
- Não sei se devo. Envolve você.
- Eu? Então agora eu quero saber. Me conta, por favor. – Com esses olhos eu não resisto.
- Tudo bem. Ahn... No sonho você e eu nos casávamos. – Bochechas vermelhas.
- Sério? Vamos fazer assim, se aos vinte e seis anos a gente não estiver comprometido com ninguém, eu vou te pedir em casamento, tudo bem? – Que lindo.
- Oun, é claro que sim. Amo você, . – Isso foi bem sincero, sabe?
- Eu amo você, também. – Como eu queria que isso fosse de verdade. Eu sei que ele só gosta de mim como amiga. E eu deveria gostar dele só assim, também, mas eu não sei o que acontece comigo... Eu sou tão estranha. Que vontade de dar uma alfinetada no meu cérebro, dudes.
- Eu não ouvi a voz do nem da desde que a gente saiu de Londres. – Eles estão muito quietos.
- Eles devem estar se pegando, ou dormindo. – Realmente.
- Será que o não vai pedir a em namoro? Ele me disse que gosta tanto dela, mas até agora eles só ficam.
- Ele me disse que estava esperando o momento certo. – Momento certo para que? Pedidos de namoro são tão especiais assim?
- Ah sim. Eu sou tão estranha assim? – Eu nunca namorei, meu. Só fiquei, fiquei e fiquei. Isso é tão triste.
- Você não é nem um pouco estranha, fofa. Por que essa pergunta?
- Porque eu nunca namorei com ninguém, e os meninos não chegam muito em mim. – Eu sou uma ogra.
- Não chegam porque são uns idiotas. Você é garota mais linda que eu conheço. – Ele mente tanto.
- Você só diz isso porque é meu amigo. – Com certeza.
- Não fala assim. Você sabe que eu estou dizendo isso com sinceridade. – Ficamos nos encarando por alguns minutos, e quando finalmente estávamos nos aproximando, ouvimos a voz do piloto dizendo para que colocássemos o cinto de segurança, porque estávamos em uma área de turbulência. Isso é tão broxante. Sabe, toda vez que vai acontecer algo entre nós, alguma coisa acontece. Será que isso é algum tipo de sinal?
- Colocou o cinto, ? – Não está indo.
- Não consigo, ele está com problemas. – O avião começou a tremer todo, e eu já estava ficando desesperada.
- Calma, fofa, fica quieta que eu vou tentar colocar para você. – Eu não consigo ficar calma. – Pronto, consegui. – Mas já?
- Como você conseguiu? – Que ninja.
- É que eu não estou nervoso, nem tremendo como você. – Ah!
- Agora fique tranqüila e tente esquecer o “tremor”. Tome, coloque esses fones de ouvido. – Ele me deu uns fones de ouvido que as aeromoças nos deram, e eu fiquei ouvindo alguma coisa, que nem me lembro o que era. Estava mais preocupada, pensando em , o que era um tanto quanto estranho, já que ele estava do meu lado.

Capítulo 6.
- ? Acorda. – O que? Eu peguei no sono?
- Nós já chegamos? – Eu realmente peguei no sono.
- Já sim. Vamos, porque o casal já desceu.
Descemos e os dois apressados já tinham pegado as malas. A minha não era muito difícil de achar, já que era verde-limão. Às vezes eu sei ser bem cheguei.
- Por que vocês estão tão apressados? E por que ficaram o vôo inteiro calados? – Eles estão estranhos.
- Não estamos apressados, vocês que ficaram enrolando lá dentro. E não ficamos calados, vocês que não pararam de falar. – Culpa nossa, então?
- Oush. Está bem então. – me olhou com expressão de dúvida, e colocou minha mala junto com a dele no carrinho. Cavalheirismo é bom de vez em quando.
- O ônibus ainda não chegou? – A escola conseguiu bastante verba para essa viagem.
- Já sim, olha ali na frente. – Eu acho que estou ficando um pouco distraída, porque não ver um ônibus amarelo bem na sua frente é duro.
Entramos no ônibus e e eu éramos as únicas garotas dali, já que ninguém podia levar acompanhante, a não ser os melhores do time, é.
Tenho que dizer que o hotel era muito luxuoso. Vai ser bem legal ficar uma semana aqui. De repente, me sinto melhor do que nunca.
- Eu vou ficar no mesmo quarto que a ? – Não que seja ruim, mas é que a gente não é assim tão intima, ainda.
- E qual o problema? Você achou que o treinador ia deixar vocês no mesmo quarto que a gente? Mesmo a gente sendo somente amigos, ele não faria isso. – O tem razão.
- Você está certo. Eu vou lá arrumar minhas coisas, então. – Fui para o quarto e encontro parada na porta, olhando para as camas.
- O que foi? – Ela se virou para mim, e colocou a mão no peito, porque eu lhe dei um susto. Juro que não foi intencional.
- Nada, só estava te esperando para escolher a cama em que quer ficar. Não achei justo escolher sem você estar aqui. – Que gentileza.
- Ah sim, obrigada. Mas pode ficar com qualquer uma, não me importo. – Realmente não.
- Então eu posso ficar com a do lado da janela? – Por que não? Claridade de manhã me incomoda mesmo.
- Claro que sim. – Ela é tão legal. – Bom, eu vou tomar um banho, porque eu quero conhecer isso aqui.
- Ah, eu posso ir com você?
- Claro. Eu tomo um banho rápido e você entra. – Vai ser legal passar um tempo com uma garota, eu acho.
Tomei um banho naquele banheiro super luxuoso e coloquei uma roupa de verão. Estava realmente quente, tanto que tive que usar short e regata, como faz? Só não troco meu all star por nada. E pelo jeito a não se importa muito com isso. Estava de saia, e salto. Me sinto um pouco moleque perto dela, mas é essa a graça, não?
Bom, descemos e fomos dar uma volta pela cidade. Os meninos tiveram que ir treinar desde já, então teríamos que ir sem eles.
- Aonde nós podemos ir primeiro? – Comer seria uma boa alternativa.
- Não sei. Que tal se a gente fosse almoçar? Estou com fome. – Isso !
- Pode ser, eu também estou morrendo de fome. – Fomos para um restaurante que achamos ser mais em conta e conversamos o almoço inteiro. Não sei da onde eu encontrei tanto assunto assim. Depois do almoço nós fomos fazer umas compras... Um pouco entediante para mim, mas a insistiu tanto que eu não pude dizer não.
Já estava quase escurecendo quando voltamos para o hotel. Os garotos tinham acabado de voltar, também.
- Eu vou lá ver como os garotos estão, quer ir comigo? – Estou tão cansada, mas a minha vontade de ver o é maior. Claro que também quero ver o , mas vocês me entendem, não é mesmo?
- Eu vou sim. – Batemos na porta deles e apareceu só de toalha. Ele não podia ter pelo menos se vestido? Ele sabe que ele é gostoso demais para sair assim.
- Oi garotas, entrem. – O quarto já estava uma bagunça.
- O está tomando banho. Aliás, deixa eu avisá-lo de que estão aqui, para ele não sair pelado.
entrou no banheiro e teve uma conversa um pouco longa com . Pelo jeito ele não estava ouvindo direito, devido ao barulho do chuveiro, que nem é assim tão alto.
- Pronto, já o avisei. Então, o que fizeram hoje? – já estava de boxers e sentada ao seu lado. Ê grude.
- Nós fomos almoçar e depois fomos comprar algumas coisas. Tem cada coisa linda por aqui. – Pelo brilho nos olhos dela, parece que tinha mesmo. Apesar de eu não ter reparado tanto assim. Não comprei muita coisa, aliás.
- Oi garotas. – saiu do banheiro somente de boxers, e tenho que dizer que meu coração disparou. Sabe, logo agora que eu estou me conformando que gosto dele, ele não precisa fazer isso comigo.
- Então garotos, como foi o treino? – sentou ao meu lado e ele estava muito cheiroso.
- Foi bem puxado, e pelo jeito vai ser assim até o jogo. O treinador quer mesmo que o time ganhe. Então nós só temos que nos esforçar.
- Ah sim. Mas vocês vão ganhar, eu sei disso. – Eu sinto, sabe?
- Tomara. – cruzou os dedos e começou uma conversa íntima com a . e eu ficamos nos encarando com expressões e nojo e começamos a dar risada. Quando eles perceberam, se pronunciou.
- Por que nós não jogamos alguma coisa para passar o tempo? – Boa idéia.
- Pode ser. Mas jogar o que? – respondeu.
- Bom, poderíamos jogar strip poker, o que acham? – Eu sou muito boa nesse jogo.
- Eu aceito. – Os meninos também concordaram e foi até o nosso quarto pegar as cartas. Embaralhou – as e depois as entregou.
Depois de várias rodadas, , e estavam somente e roupas íntimas, e eu ainda de camiseta. Nós combinamos que íamos parar nas roupas íntimas.
- Só falta a , dudes. Ela não perde. – Eu disse que sou boa.
- É mesmo, fofa. Perde ai. – É impressão minha, ou o me olhou com uma expressão tarada?
- Eu não vou perder... Vamos jogar até vocês cansarem, e ainda eu não vou ter perdido. – Eu me acho um pouco? Não.
E foi só eu falar isso, que eu perdi. Grande ironia, não?
- HÁ, PERDEU. – Às vezes o é meio infantil.
- Vai, tem que tirar a camiseta, fofa. – Parece até que o estava ansioso por isso.
- O QUE? NEM VEM, A NÃO VAI TIRAR A CAMISETA DELA. – Estava demorando um pouco para o dar seus ataques de ciúmes.
- É o jogo, . Não posso fazer nada. – Me levantei do chão e tirei a camiseta. Nesse trajeto pude perceber os olhos de em cima do meu corpo, e é claro que eu sorri com isso.
- Pronto. – Assim que joguei minha camiseta na cama, o veio na minha frente. Ele não tinha feito isso com a .
- Qual o problema, ? Eu sou amiga do , tanto quanto sua, e a é uma garota, então eu acho que não tem problema algum em eu ficar sem camiseta na frente deles.
- Eu concordo, baby. – Eu já disse que isso é irritante? Baby?
- Está bem, está bem. – saiu da minha frente e foi até o frigobar pegar umas cervejas. É, a idade não nos atrapalha de beber.
Eu sentei na cama de , e o casal sentou na outra. veio ao meu lado com uma cerveja e me entregou.
- Eu não sei se quero beber hoje. – Eu estou a fim de ficar sóbria.
- Só uma. – Talvez só uma não seja tão ruim.
- Tudo bem. – Peguei a cerveja de sua mão e bebemos em silêncio, enquanto na outra cama, o casal se beijava com tanta ferocidade... Deve ser por causa do álcool no sangue. A minha já acabou. Percebi o olhar de em cima dos meus seios. Que tarado.
- . – O repreendi.
- O que? – Ele olhou nos meus olhos. Eu juro que eu tinha um monte para falar, mas depois que encontrei seus olhos tão azuis, e tão profundos, eu não conseguia dizer mais nada.
- O que foi, fofa? – Ele fala como se não estivesse fazendo nada demais.
- Meus seios não são nenhuma televisão, ok? – Consegui me desprender daqueles olhos.
- Ahn? Ah, me desculpe. Eu não queria fazer isso, mas você sabe não é? Eu sou homem. – Olha a cara de culpado dele.
- Sei sim. – O olhei com cara de brava, e depois deitei em seu colo.
- Você é estranha. – E ele ainda me chama de estranha?
- Estranha por quê?
- Primeiro você fica brava comigo, e depois deita no meu colo como se não tivesse acontecido nada. – Eu estou cansada, oras.
- Só estou descansando. Hoje o dia foi longo. – Andei até.
- Uhn... – Ele me olhou deitada e depois ficou fazendo carinho na minha cabeça. Sabe, eu não sou do tipo carinhosa e nem romântica, mas com o a coisa está sendo diferente. Eu estou gostando do carinho dele.
- Que horas vocês vão treinar amanhã? – Perguntei de olhos fechados.
- Nove horas. – Eu percebi que ele me olhava.
- Então é melhor eu voltar para o meu quarto, para você dormir. – Já são onze horas.
- Não precisa, fofa. Pode ficar o tempo que quiser... E, aliás, eu gosto de ficar com você.
- Mesmo assim é melhor eu ir, para você descansar. – Me levantei, dei um beijo nele e fui até a porta.
- Hey, acha que vai aonde só de roupas íntimas?
- Opa, eu tinha esquecido desse detalhe. – Coloquei minhas roupas, e veio comigo.
- Boa noite, . – Deitei em minha cama.
- Boa noite, . – A cama é tão confortável, que eu dormi muito bem.
No longo dos dias que ficamos na Califórnia, e eu saiamos todos os dias, e preciso dizer que viramos muito amigas. Quando estava no nosso penúltimo dia, era o jogo dos meninos, e é claro que nós fomos apoiá-los.
- Vocês jogaram muito bem, parabéns pela vitória... Eu disse que iam ganhar. – Eu sabia que eles iam ganhar, e ainda foi de 4x1.
- Sua confiança me fez jogar melhor, fofa. – disse baixo no meu ouvido, para que só eu pudesse escutar. Sorri para ele, e fomos para o hotel... Os meninos tomaram um banho e depois iam sair com o time. Eu preferi não ir junto, apesar do e tentarem me convencer. A foi.
Deitei em minha cama, peguei um violão que eu havia levado e comecei a tocar o que vinha na cabeça. Já estava escurecendo, e eu resolvi tomar um banho e pedir alguma coisa para comer. Comi DOIS hambúrgueres e a MAIOR porção de batata frita, com um ENORME copo de refrigerante, e de sobremesa, uma taça GIGANTE de sorvete. É, dá para perceber o quanto eu sou saudável.
Depois dessa maravilhosa refeição, eu resolvi ir dormir, mesmo sem a , já que eu odiava ficar sozinha, e estava com medo de dormir. Deixei tudo ligado e me deitei.

Capítulo 7.
Levantei com a luz do sol batendo em meus olhos... A janela ainda estava aberta. Será que a não havia voltado?
- UMA HORA DA TARDE, COMO ASSIM? – Me levantei e fui até o quarto meninos, bati na porta e apareceu de camisola.
- Bom dia . – Bom dia? O que ela está fazendo aqui?
- Ahn, bom dia... Você dormiu aqui? – Não, ela estou aqui, de pijama, de idiota.
- Sim. Eu não queria te acordar. – Mal sabe ela que eu estava a esperando ansiosamente para não ter que ficar sozinha naquele quarto obscuro... Tudo bem, nem é obscuro, mas quando se está sozinha, e morre de medo do escuro, tudo se tornar ruim.
- Poderia ter entrado... – Antes que eu pudesse terminar de falar, aparece um ser com a cara toda amassada atrás dela, a envolvendo na cintura.
- Bom dia, pequena. Entre. – O casal me deu espaço para entrar. Entrei, e estava sentado na cama dele. Dei um beijo em seu rosto, e voltei a falar.
- Então , continuando... Você poderia, quer dizer, deveria ter ido dormir lá ontem. Eu tenho pavor de dormir sozinha. – Eu estou sendo sincera.
- Realmente, a tem pavor de escuro. Como eu pude esquecer? – veio e me abraçou como se eu fosse uma criança indefesa.
- Eu estou bem, . Bom, e o que vamos fazer hoje? – Estava ansiosa por poder fazer algo com os dois, também.
- Vamos sair para almoçar e depois curtir o dia quente da Califórnia. Vamos se arrumar. – Assim que disse, foram todos se arrumar. Quando eram duas horas, já estavam todos no hall, prontos para sair.
Fomos almoçar em um lugar lá perto. Algumas pessoas passavam e cumprimentavam e , por terem assistido o jogo de ontem.
- O que? – gritou. Estávamos no restaurante almoçando, ainda.
- O que foi, ? – Ele está com cara de assustado, e olhado para frente, que é na verdade, atrás de mim.
- NÃO VIRA. – segurou meu braço, se levantou e veio em minha direção. Deu para perceber o assombro no rosto de , também.
- Gente, o que está acontecendo? – Antes de eles me responderem, eu ouvi alguém dizendo algo longe.
- ? – Quem me chama por ? Aliás, quem me conhece? NÃO PODE SER QUEM EU ESTOU PENSANDO.
- Pai? – Eu não acredito. Eu esqueci completamente que eles estavam nos Estados Unidos.
- Filha, eu não acredito que é você. – Minha mãe veio me abraçar, mas o a impediu.
- ? Por que fez isso?
- Vocês acham que depois de terem abandonado a , eu ia deixar vocês chegarem nela tão fácil? – O está furioso.
- Mas ela é nossa filha. – Meu pai gritou em defesa.
- Filha? Deixou de ser, a partir do momento em que vocês a abandonaram, sem motivo algum. – Eu também estava com raiva, e a vontade de chorar era imensa.
- Não é você quem tem que dizer isso. Eu sei que a nos perdoou. – A minha mãe pode ser meio ingênua às vezes.
- Sabe, Mrs. , naquela época em vocês foram embora, nós estávamos passando por uma fase ruim. Pensem, antes disso, nós tínhamos uma ótima relação. Mas só por causa de uma fase, vocês fugiram. Eu não vou perdoá-los, como pensam. Mas eu não tenho raiva de vocês, e sim pena... Pena por serem tão covardes. – Eu disse isso com lágrimas nos olhos. Depois de tanto tempo, meus pais estavam ali, mas eu não podia simplesmente dizer “eu os perdôo”, abraçá-los, e depois ficar tudo bem, porque nunca ficaria tudo bem de novo.
- COMO ASSIM, ? – Eu não estou mais a fim de ouvi-los, de vê-los. Preciso sair daqui.
- NÃO GRITE COM ELA. – apontou o dedo na cara do meu pai, e todos pararam para ver a cena.
- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ASSIM COMIGO! VOCÊ NÃO É NADA DELA. – O é mais que qualquer um.
- EU SOU TUDO PARA ELA. AMIGO, FAMÍLIA...! – O estava para bater no meu pai, se eu não estivesse o segurando.
- Eu sabia que você não prestava, . E nem você ai, . – Ele não pode falar assim dos meus melhores amigos.
- Eu acho que quem não presta aqui é o senhor. Abandonar a garota mais maravilhosa do mundo, é ser muito burro. – disse e em uma fração de segundos, eu senti meu coração bater mais acelerado, mais feliz.
- A gente não precisa ficar ouvindo desaforos, vamos. – disse e nós fomos embora, deixando o dinheiro na mesa. Eu percebi que meus pais ficaram muito arrasados, mas eu não podia fazer nada. A culpa disso tudo foi somente deles.
Assim que saímos do restaurante, eu dei um abraço apertado em , e desabei em lágrimas.
- Não fique assim, pequena. – fazia carinho em meus cabelos. Não era como o do , mas me acalmava.
- Muito obrigada . Eu não sei o que eu teria feito se não fosse você. Eu te amo muito, e tenha certeza de que você é tudo para mim. Um pai, um amigo, um irmão. – Disse entre lágrimas.
- Não tem o que agradecer, pequena. Eu te amo muito, e você sabe disso. – Me soltei dos braços de , e ficamos nos encarando. – Quer voltar para o hotel?
- Lógico que não. Esse é meu último dia na Califórnia, e com vocês aqui. Eu não quero perder por causa de um incidente desse. – Dei um largo sorriso, e passou seu braço por cima do meu ombro, e eles me fizeram esquecer do que aconteceu.
Assim que escureceu, resolvemos voltar e dormir, já que teríamos que acordar bem cedo no dia seguinte.
- Você está tão pensativa, . – É claro, eu não conseguia parar de pensar no que houve hoje.
- Só não consigo esquecer o que aconteceu. – me abraçou e olhou para e , que saíram do quarto nos deixando sozinhos.
- Eu sei que deve ser muito difícil ter que fazer isso com os próprios pais. Mas pense bem , você não podia perdoá-los. Você fez a coisa certa. E mesmo que esteja magoada, sabe que eu sempre vou estar ao seu lado para te fazer rir. Eu nunca vou te abandonar, ouviu? Nunca. – Ele me abraçou muito forte, que eu pude sentir minhas costas estralarem. Mas ele me passa tanta confiança.
- O que eu seria sem você? – Olhei para ele com um sorriso de lado.
- Você não seria nada. – Ele piscou para mim, e depois chamou os dois, dizendo que já podiam entrar.
Depois de um tempo, eu voltei para o meu quarto. Arrumei minha mala, e fui dormir. Dessa vez eu não ficaria com medo de estar sozinha, mas talvez não consiga dormir tão facilmente.
- NÃO FAÇA ISSO COMIGO, POR FAVOR. – Gritei tão alto, que a veio ver se estava tudo bem.
- O que aconteceu, ? – Eu a abracei e comecei a chorar.
- O... ... Ele... Me... Abandonou... Disse que não... Gostava mais de mim... Que não me suportava mais... Ele simplesmente se encheu de mim. – me ouvia atentamente para poder entender o que eu dizia, pois soluçava muito.
- Calma . Não precisa chorar. Você sabe que o nunca faria isso com você.
- Eu também achava isso dos meus pais, e eles me decepcionaram. – Disse fazendo gestos exagerados com as mãos.
- Mas eles tinham um ao outro. Não tiveram que enfrentar tudo isso sozinhos.
- E o tem você. – Eu disse mais baixo.
- , mesmo eu amando o , e sabendo que ele também me ama, eu tenho certeza que ele faria mais por você do que por mim. Não que eu sinta ciúmes disso, mas ele gosta mais de você do que dele mesmo.
- É sério isso?
- Aham. – Sorri para ela, e então voltamos a dormir.
Acordei ao som de Spice Girls. Tem coisa melhor? Dã, claro que tem. Pena que a não acha isso.
- Wanna be? – Hilário.
- Eu adoro essa música. – Como ela consegue ser tão patty?
- Ah sim! Estranho...
- Para quem ama Fall Out Boy, é estranho mesmo. – Bom que ela sabe.
- Eu posso tomar banho primeiro? É que eu queria descer um pouco, enquanto todos se arrumam. – Ficar sozinha um pouco.
- Claro, pode ir lá. – Tomei um banho rápido, me arrumei, peguei minhas coisas e desci.
Eu nunca fui de ser pensativa, eu ficar sozinha. Isso é estranho.
- ?
- Oi...? – Acho que é do time de futebol da escola.
- Eu sou o Natan Collins, do time de futebol. – Sabia!
- Ah sim, desculpe a minha falta de atenção.
- Tudo bem. Ahn... Você está sozinha? – Não, eu estou acompanhada. Não reparou?
- Estou sim.
- Que estranho. Eu sempre te vejo com o ou o . Vocês são tão inseparáveis.
- Sim.
- Sabe, eles têm muito ciúmes de você.
- Têm?
- Sim. Quando os meninos te elogiam, ou perguntam de você, eles não respondem e olham feio. Parece até que você é propriedade deles, sei lá. – Ciúmes de mim? Disso eu não sabia.
- Eu não sabia disso.
- Eu acho que é porque desde sempre foram só os três. – Pode até ser.
- Deve ser. – Sorri para ele e... Senti alguém tocando meu ombro.
- ? – .
- Bom dia .
- O que faz aqui... Sozinha... Com o Natan? – Ele me olhou assustado.
- Só estamos conversando. Nada demais. E é melhor a gente ir, porque já estão entrando no ônibus.
- Está bem.
O caminho inteiro até o aeroporto, o quis saber o que eu estava falando com o Natan. Mas é claro que eu não ia dizer. Ele até perguntou para o próprio Natan, mas ele também não disse nada. Pobre .
Assim que chegamos ao aeroporto, milhares de garotas que estavam chegando da França começaram a dar em cima dos meninos. Afinal, havia vários. A logo cuidou do que era dela, e se agarrou com o e não soltou até a gente entrar no avião e se ver livre delas. Uma menina louca veio dar em cima do . Coitado, só arranja traste. Com medo, ele se agarrou em mim. Foi engraçado. Ela até pediu o telefone dele, e ele disse que era pobre demais para comprar um. Desculpa idiota, mas a tapada da menina ainda acreditou. Às vezes eu penso em como as pessoas são ingênuas.
Não preciso nem dizer como foi a minha viagem de volta, no avião. Fiquei afobada, com medo, mas eu tinha o para me ajudar. Eu acho que se não fosse ele, eu já teria parido aqui, o que seria muito estranho para uma garota virgem. Mas isso não vem ao caso. Pelo menos conseguimos chegar a salvos em Londres.

Capítulo 8.
Hoje a escola vai promover uma festa para parabenizar o time pela vitória. Vai ser como uma festa de gala. Tem que ir de vestido, terno e essas coisas. E sabe quem vai tocar lá? A McFLY. Ah sim, esse foi o nome que nós demos para a banda, já que adoramos o Marty McFLY, do filme, Back to the future. Nós já gravamos um single para o James, e sabe o que mais? Está nas rádios, e está fazendo muito sucesso.
- Como eu estou, ? – me perguntou. Ela estava com um vestido rosa, tomara que caia, um pouco acima dos joelhos, um scarpin preto, os cabelos soltos, uma maquiagem básica. Ela estava realmente bonita.
- Você está muito bonita. – Disse sorrindo. Eu gosto de sorrir. Ainda mais porque depois de sofrer por três anos, usando aparelho, agora tenho que mostrar para o mundo como os dentes estão lindos.
- Você também está linda. – Nada demais. Estava usando um vestido roxo, meio curto, sem alças, e um scarpin amarelo. Eu sou bem colorida. Meus cabelos estavam soltos, e eu estava toda maquiada, porque a insistiu em passar pó, sombra e essas coisas. Só porque ela ficava bem, não quer dizer que eu também ficava. Ah, eu de salto alto? Não me imaginava. Mas fazer o que se era preciso?
- Vocês estão prontas? – perguntou, mas assim que nos viu, abriu a boca e ficou nos olhando com cara de abobado. Eu estava bem diferente do que de costume. – Uau!
- Podemos ir? – O teve a mesma reação que o . Mas, dudes, eles também estavam tão lindos. Os dois de terno preto, com a gravata roxa, e com uma rosa. Se fosse ao contrário, diriam que tínhamos combinado.
- Claro.
Fomos para o carro de , que foi dirigindo. Droga, dessa vez eu não ia poder brigar para sentar na frente. Tudo bem, eu estava com o , mesmo. AH QUE RAIVA, POR QUE EU TENHO QUE ME APAIXONAR POR ELE? Isso mesmo, apaixonar.
Chegamos à escola, e todos ficaram me olhando como se eu fosse um alienígena.
- ? Não acredito, que gata. – Rick, um garoto ridículo do terceiro ano disse e o só faltou matar ele com o olhar.
- Vamos lá checar o som, que daqui a pouco nós vamos tocar. – Fomos para trás do palco e checamos os instrumentos e tudo o mais. Eu estava ficando ansiosa.
- E agora, para alegrar o baile, a banda McFLY! – O diretor disse e todos começaram a gritar, afinal eles já haviam nos ouvido antes.
Entramos no palco, e tocamos uma música nossa, Five colours in her hair. Os garotos que escreveram. É uma música animada e todos dançavam. Eu mesma estava me divertindo muito, e tive que tirar meus sapatos, porque não ia agüentar o show com aquela coisa no meu pé.
Depois nós tocamos várias outras músicas nossas, Broccoli, That Girl, Friday Night, e depois tocamos Sugar we’re going down. Essa não podia faltar mesmo.
- Muito obrigado pessoal. Foi um prazer tocar para vocês aqui, hoje. – disse e saímos do palco.
- Parabéns galera! – nos cumprimentou e depois fomos beber alguma coisa. Todo mundo vinha nos parabenizar e dizer o quanto tínhamos ido bem. E um monte de garotos veio dar em cima de mim, e eu simplesmente os ignorava. E não fazia isso por ser metida ou algo assim, é só que eles sempre me ignoraram, e só porque eu estou indo bem na carreira musical, eles me notam? Tarde demais.
- A gente precisa conversar com o treinador, .
- Precisamos mesmo. Agora que estamos trabalhando com a banda, não só como um hobbie, não vamos ter tempo para o futebol.
- Aham. Eu estou até vendo com que cara o Mr. Williams vai ficar. – deu risada. Tem graça?
- Verdade. Mas a gente não ia poder ficar para sempre mesmo no time. – Ele balançou a cabeça em sinal de afirmação e o chamou para dançar. Mas antes ele disse no meu ouvido “não seja lerda, .” O que ele quis dizer com isso?
- Então... – É impressão minha ou o está um pouco tímido?
- O que foi, ?
- Nada. É só que... – Ele foi chegando perto de mim. Colocou uma mão no meu rosto e o acariciou. Ele fechou os olhos.
- O que...? – Antes de eu terminar a frase ele colocou o dedo na minha boca.
- Não estraga, só sente o momento. – Que momento? Só porque eu estou suando, com o coração batendo acelerado demais, morrendo de calor? – Não perde a respiração, fofa. – Ele diz como se fosse engraçado.
Depois de dizer isso, ele colocou suas mãos na minha cintura e disse bem perto dos meus lábios: “eu esperei a minha vida toda por isso”, e me beijou. Foi um beijo apaixonado, por ambas as partes, um beijo um pouco desesperado, acho que é porque nós dois queríamos isso a muito tempo. Passei minhas mãos pelo seu pescoço, e puxava delicadamente seus cabelos. Ficamos assim até que os dois perderam o fôlego.
- , eu... – Minha vez de interrompê-lo.
- Você não sabe o quanto eu queria isso.
- Eu ia dizer a mesma coisa. – Ficamos sorrindo um para o outro feito dois idiotas apaixonados. Mas afinal, é isso que somos.
- Sabia que eu gosto de você, desde a primeira vez que eu te vi? – Nos afastamos.
- Mas a gente se conhece desde bebê, .
- E qual o problema? Desde bebê eu gosto de você.
- Por que você nunca me disse isso, antes?
- Porque eu não queria estragar nossa amizade. Vai que você não gostasse de mim.
- Eu comecei a me apaixonar por você esse ano... Na verdade, eu acho que sempre gostei de você, e não sabia. – Era isso mesmo.
Ele riu e nos beijamos de novo. Até que o casal apareceu para nos atrapalhar, como sempre.
- Não foi lerda, . – Então era disso que ele estava falando.
- Agora entendi. – Pisquei para ele, que sorriu de volta.
- Como vocês dois são lerdos. – disse.
- Eu acho que foi na hora certa. – disse.
- Também acho. – Concordei.
- No começo eu não aceitei muito bem, mas depois que eu o confessou gostar de você, não pude fazer nada, não é mesmo? A não vai poder ficar solteira para sempre mesmo.
- Você sabe que eu gosto mais de você, não é ? – me olhou ofendido.
- Vamos embora? – disse. Ela estava caindo de sono.
- Vamos. – Nos levantamos e fomos para casa. Como sempre os dois iam dormir lá.
- Eu posso dormir com você? – sussurrou. Ele sempre dormia mesmo.
- Aonde pensa que vai, ? – ? .-.
- Eu vou dormir.
- Com a ? Na mesma cama?
- É, como sempre.
- Mas agora é diferente. Vocês... Ahn... Estão tendo um caso, sei lá. – disse alguma coisa baixa no ouvido de , que por incrível que pareça o fez mudar de opinião.
Assim que deitamos, me abraçou. Eu senti algo estranho no meu estômago, e um pouco de insegurança. Por que isso?
Eu virei de frente para ele, e o beijei. Isso foi ficando um pouco mais intenso, até que eu estava por cima dele.
- ...? – Eu levantei a cabeça e o olhei confusa.
- O que foi?
- Você está percebendo que isso está ficando um pouco... Ahn... – Ele não precisou terminar de falar, eu sabia do que ele estava falando.
- Eu sei. – Eu queria fazer isso. Ainda mais porque era com o .
- E você quer fazer isso?
- Eu... Quero. – Disse firme e com toda certeza.
Eu preciso dizer que foi perfeito? Eu não queria dizer isso, porque é meio clichê. Mas, AH, que se foda o clichê agora. Eu imaginava às vezes como seria, mas nunca imaginei desse jeito, e nem com o . Eu imaginava com o Pete, que idiota.
No dia seguinte, quando acordei, já não estava mais no quarto. Eu olhei para o chão, e as nossas roupas ainda estavam jogadas, e eu sorri lembrando da noite anterior. Coloquei uma camiseta dele que estava em cima do computador (como ela chegou ali eu não sei), e desci para tomar café. Meu estômago estava roncando.
- Bom dia gatinhos. – Eu sei que sou um pouco estranha, às vezes.
- Bom dia. – Eles responderam em uníssono, e me deu um selinho.
- Camiseta do ? – perguntou.
- É, eu fiquei com preguiça de colocar meu pijama. – Depois eu contaria para ele.
- Uhum. – Ele disse desconfiado, e eu fiz um gesto com a mão, como que dizendo que depois eu contaria. Mas acho que ele já deve saber o que aconteceu.
Mais tarde, e foram embora, e então me chamou para conversar.
- Agora você pode me dizer o que aconteceu. – Eu fiquei vermelha na hora, mas eu teria que dizer, não é mesmo?
- Sabe... É que... Oeeutransamos. – Eu disse um pouco rápido, mas ele entendeu.
- Eu não sei por que, mas sabia que isso ia acontecer.
- Mas fui eu quem quis. – Ele me olhou espantado.
- Foi?
- Aham. Mas eu não me arrependo. Eu acho que escolhi a pessoa certa.
- Apesar de tudo, também acho isso. Ele é a pessoa em que eu mais confio.
- VAMOS JOGAR VIDEO GAME? – Me deu uma vontade.
- Vamos. - Ficamos o resto do dia jogando e comendo besteiras.
Depois de uma semana, o veio até em casa me pedir em namoro para o . Foi muito engraçado, os dois davam muito risada, até eu. Tudo bem que não fazia muito sentido ele fazer esse pedido para o , mas ele falou que como o era o meu “pai”, “responsável”, ele deveria fazer isso. Está bem, então.
Eu acho que daqui para frente as coisas vão ser diferentes.

Epílogo.
.Um ano depois nós assinamos contrato com a Universal. O James nos ajudou muito. Ele foi a pessoa que mais acreditou na gente. Ele colocou toda a sua confiança na gente, e sabe, não o decepcionamos. E agora ele é somente nosso empresário, e eu preciso dizer que ele faz muito pela gente. Estávamos com 17 anos.
.Dois anos depois nós começamos a fazer shows fora da Inglaterra. Até para o Brasil a gente foi. E eu concretizo o que disse, o Brasil é um país quente, em TUDO. As fãs de lá são tão incrivelmente loucas, que eu pensei que iam me matar. Mas foi uma ótima experiência. Estávamos com 18 anos.
.Três anos depois fomos todos morar juntos, em outra casa, em um bairro bem melhor. E ainda contratamos uma empregada doméstica, para limpar a nossa bagunça. Coitada, ela era tão boazinha, e teve que nos agüentar. Agora ela trabalha na casa do casal. Estávamos com 19 anos.
.Quatro anos depois nós recebemos a proposta de um diretor, para fazermos um filme. Nós aceitamos. O filme ganhou o Oscar. Fiquei tão eletrizada. A história era sobre adolescentes. Tiveram que passar maquiagens para parecermos mais jovens, apesar de que não tínhamos envelhecido muito. Estávamos com 20 anos.
.Cinco anos depois ficamos mais surpresos ainda quando um autor nos disse que queria fazer um livro contando a nossa história. E a gente achou uma ótima idéia. O livro ficou entre os dez mais vendidos no país e no mundo. Eu não sabia que a nossa vida era tão interessante. Estávamos com 21 anos.
.Seis anos depois e se casaram. e eu fomos padrinhos de casamento de . Tinha tanta gente lá, e a Mrs. chorava tanto. Até eu chorei de vê-la chorar. A estava tentando se segurar, mas no final ela também não resistiu. A festa foi ótima. Estávamos com 22 anos.
.Sete anos depois quem me pediu em casamento foi o . Eu não acreditei na hora. Fiquei intacta olhando para ele feito uma retardada. Quem entrou na igreja comigo foi , claro. Meus padrinhos foram a Mrs. e o Mr. . Foi o melhor dia da minha vida, com certeza. Estávamos com 23 anos.
.Oito anos depois nós resolvemos morar cada casal em uma casa. Ter mais privacidade. e foram para uma casa enorme, no mesmo bairro que e eu, só que nós fomos morar em um apartamento. A gente preferiu, já que não pretendíamos ter filhos logo, como os dois. Estávamos com 24 anos.
.Nove anos depois a engravidou. Era uma menina. E quem seriam os padrinhos? e eu, claro. Fiquei tão feliz com a notícia, que já pensava nos mil presentes e coisas que eu ia fazer com a minha afilhada. Eu me sentia tão importante. Estávamos com 25 anos.
.Dez anos depois a pequena Lizza nasceu. Ela era tão fofa. Tinha os olhos azuis do pai, com os cabelos loiros da mãe. Eu me exibia tanto com ela. A gente se divertia tanto, eu sempre saia escondida com ela. A risada dela era a melhor. Estávamos com 26 anos.
E hoje, cinqüenta e quatro anos depois, estamos incapazes de tocar na McFLY. A Lizza está com 44 anos, o Dylan com 42. Ah sim, Dylan é meu filho com o . E por incrível que pareça, ele se apaixonou pela Lizza, dois anos mais velha, que correspondeu esse amor. Eles estão casados e com um casal de gêmeos.
Eu nem acredito que passei por tanta coisa boa e maluca na minha vida. Que eu tenho uma família linda e que o me fez feliz por todo esse tempo. Eu sou a pessoa mais sortuda que eu conheço. Para quem foi abandonada pelos pais... Sim, e falando neles, quando eles faleceram, minha tia me obrigou a ir ao enterro. Eles morreram juntos, os dois tinham uma mesma doença que os matou no mesmo dia. Os médicos disseram que eles estavam de mãos dadas. Eu acho que almas gêmeas existem mesmo. Apesar de tudo, eu chorei muito, fiquei triste mesmo. Não tanto quanto quando os ’s faleceram, mas afinal, eles são meus pais. E preciso colocar mais uma vez o nome do meu marido, , porque ele mudou minha vida, me fez descobrir o que é o amor, e o que é ser amada. E eu já disse que nessa hora, foda – se o clichê. O que realmente importa é que ele é o cara da minha vida!
História de vida da ex-vocalista e guitarrista da banda McFLY, .

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