A Filha dos Oceanos
Autora: Náthally | Beta: Sofia Queirós


Capítulo 1 – Um sonho perturbador

Se você está lendo isso, provavelmente estou morta. Para ser exata, você não deveria ler, pro seu próprio bem. Só um aviso, nós não estamos sozinhos. Eles estão vindo.
Meu nome é Diana Standford, tenho 13 anos, sou americana. Estava na mesma antes de tudo acontecer. Como vocês ainda não sabem de nada, vou contar do início.
Tudo começou com um sonho muito estranho. Primeiro, eu nunca sonho em cores, e segundo, eu estava caindo num abismo sem fim. Tentei gritar, mas não conseguia. Senti o ar escapando dos meus pulmões pouco a pouco. Não havia som, exceto o barulho do ar se cortando a minha volta. Cheguei ao fundo sem impacto, apenas com um estalo que ecoou por toda a… Caverna? Bem, acho que era sim uma caverna, com tochas, úmida e com um ar meio sombrio. No centro, havia uma mulher. Ela estava ajoelhada e presa por correntes, que pareciam se apertar cada vez mais. Seria uma mulher muito bonita, se não estivesse vestindo trapos e coberta de cortes e fuligem. Sua pele era acobreada, seus cabelos ruivos e compridos estavam soltos e bagunçados, caindo em seu rosto envolto nas sombras. Fui chegando mais perto, para saber o que estava acontecendo. Estava a meio metro da mulher, quando ela levantou os olhos, que eram cor de cereja, e num ato desesperado agarrou a barra do meu pijama (sim, isso mesmo! Pijama!) e me puxou para baixo. Caí de joelhos na sua frente, olhos nos olhos, mas escutei um rangido, como uma porta se abrindo. A mulher arregalou os olhos e me sacudiu, sussurrando numa voz um pouco esganiçada:
- Salve-me!
Acordei sobressaltada. O barulho do despertador soava mais alto essa manhã, um pouco desorientada, dei um soco frouxo no mesmo. Assim que me vi livre do barulho infernal, me levantei para poder me arrumar e ir ao inferno, mais conhecido como escola. Fui cambaleando até o banheiro, abri a torneira e joguei um pouco de água no rosto. Quando fui me secar, juro que vi a mulher do meu sonho refletida no espelho. Fechei os olhos com força, e quando abri, tudo tinha voltado ao normal. Perplexa e um pouco assustada, fiquei encarando meu reflexo. Praguejei alto. Acredite, eu não sou o que se chama de “referência de beleza”, pois sou magra, muito branca, com olhos castanhos escuros, sou também muito alta e com o rosto fino e pálido. A única coisa que me salvava eram os meus cabelos castanhos, lisos, compridos e repicados. Fiquei ali tentando estourar uma espinha enorme no meu nariz. Até que escutei minha mãe gritando lá embaixo:
- Diana, querida? Já levantou?
- Já – respondi – Já vou descer!
Entrei no banho.
Meia hora depois, já estava vestindo uma calça jeans rasgada (óbvio), uma blusa regata azul (porque não?), um casaco Hering listrado e colorido (uma cor não faz mal) e por fim, um all star com a bandeira da Inglaterra (lar do meu ídolo, Harry Potter). E eu não podia esquecer o meu colar especial, um que meu pai me deixou antes de morrer, pelo menos foi o que minha mãe dissera. Ele era muito simples, apenas uma corda fina e preta, com um pingente em cobre, com um garfo desenhado. Acordando pra vida e me salvando de um mar de lembranças, desci apressada, e fiz minha brincadeira preferida: escorregar pelo corrimão. Como de costume, caí no chão e comecei a rir. Minha mãe veio me acudir, me fazendo cocégas. Entenda: Minha mãe, Giselly Standford, me criou totalmente sozinha, desde os 25 anos, e nós sempre tivemos uma ligação. Ela é a única pessoa em quem eu confio e, com absoluta certeza, daria a minha vida por ela, assim como ela daria sua vida por mim. Toda vez que tenho problemas, não importa qual, ela sabe. Ela sempre me protegeu de tudo, e eu sempre contei minhas coisas pra ela, sem medo de nada:
- Estou bem! Estou bem! - falei entre risos – Para!
Ela deu um sorriso morno, e disse:
- Venha, minha princesinha de neve. O café está na mesa.
Levantei-me e fui até a mesa, me servindo de suco de acerola gelado (com a mania da minha mãe, cubos de gelo em formato de flores) e torradas amanteigadas. Mamãe se sentou ao meu lado, e sorrindo pra mim de forma amistosa. Ela se inclinou e me deu um beijo demorado na testa:
- Tenha um bom dia, minha querida.
Terminei o meu suco em um só gole, apanhei minha mochila e saí.


Capítulo 2 - Cachorrinhos são tão fofinhos…Hum…Deixa pra lá

Corri para a sala da Sra. Genns, que odiava atrasos. Entrei e me sentei na última fileira, ignorando completamente o olhar maléfico da minha amada professora. Como de costume, durante a aula inteira fiquei desenhando no meu caderno, mesmo não tendo talento nenhum pra isso. Acredite, pra quem sofre de T.D.A e dislexia, é muito mais produtivo. Quando o sinal tocou, me apressei a sair daquela sala. Sabe como é, acho que todos os alunos do mundo (pelo menos os mais sensatos) tem certa fobia de salas de aula. Cheguei à aula do Sr. Natan, e repeti toda a minha rotina.
Na hora do intervalo, eu tentei comer aquele gato morto e apodrecido que eles chamam de comida de colégio. Estava lá de boa, até escutar uma voz irritante e conhecida:
- Então, querida, já confirmou a presença num programa de plástica da TV?
Olhei bem para Marie, uma menina mimada, com cabelos cor de banana podre, que me inferniza desde o inicio do ano:
- Tentei ligar pra lá, mas eles disseram que você ocupou a última vaga. Uma pena, né?
Ela fez cara feia, mas deu uma risadinha seca e fútil:
- Uma grande peninha. Ficar assim a vida toda, não sei como aguenta.
Respirei fundo para não afundar a cara dela no meu prato de “comida”:
- Com muita paciência e dedicação.
Nesse momento, eu escutei uma voz na minha cabeça. E essa voz não era minha, era mais encorpada e masculina. Só escutei: “Fuja!”
Não sei por que, mas me levantei bruscamente, derrubando meu suco na blusa da Marie:
- Opa – falei, rindo, embora ainda sentisse que tinha que correr – Foi mal!
Antes que ela me desse um soco ou algo do gênero, um tremor sacudiu o prédio, me fazendo tremer. Olhei para o portão, e em menos de 10 segundos, dois cachorros pretos e do tamanho de carros entraram pelo refeitório, fazendo alunos gritarem e correrem. Estava aturdida demais para correr, então me joguei atrás de uma mesa tombada, junto com Marie. Ela tentou me empurrar, mas antes de eu falar qualquer coisa, a voz falou novamente na minha cabeça: “Use o colar, querida! Use-o!”
Agarrei o meu colar e o apertei. O tridente delineado brilhou por um momento, e algo inesperado aconteceu. Meu colar se alongou e ficou mais pesado, transformando-se numa linda espada de bronze. Fiquei encarando-a, até que um barulho alto sacudiu novamente o prédio. No que estou pensando? Enfrentar esses bichos? Vou ser triturada! Antes de perder a coragem, olhei para Marie e disse:
- Fique aqui!
Ela assentiu abobalhada. Fazer o que, eu estava tão bonita naquela manhã, qualquer um ia ficar sem palavras. Apertei a espada contra o peito e corri. Assim que apareci, gritei:
- Ei, vocês! Cachorrinhos maus!
Eles olharam pra mim e rosnaram. Bem, acho que eles me entenderam. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, um deles pulou em cima de mim, jogando minha espada longe. Ele me encarou, como se estivesse esperando um sinal. Até que ele estremeceu, e me olhou de modo nada amigável com aqueles olhos pequenos e brilhantes e rosnou. Estava me preparando para morrer, quando uma bandeja bateu em sua cabeça. Olhei para o lado e me surpreendi. Marie estava de pé, com a minha espada na mão, ela jogou-a na minha direção, e eu, aproveitando a pequena distração, sai debaixo daquele bicho e corri para pega-la. Peguei-a e corri na direção do monstro ainda atordoado, e enfiei a espada na sua barriga, imediatamente, ele se desfez em um pó negro. Virei-me para o outro e disse:
- Nossa, achei que vocês seriam mais fortes. Esse aqui não deu pra nada.
Ele rosnou e correu na minha direção, mostrando os dentes. Eu me virei e o golpeei na pata esquerda. Ele uivou e me deu uma… Uma… Rabada? É assim que se fala? Continuando. Foi uma rabada muito forte, me fez voar uns dois metros até bater contra a parede. Fiquei zonza e vi que ele estava vindo novamente na minha direção (Claro, ele estava tentando me matar!). De repente, uma onda de adrenalina se apoderou do meu corpo, me fazendo levantar e apontar a espada para cima, no exato momento em que ele saltou. A espada atravessou o seu peito e ele também se transformou em cinzas.
Mas antes que eu pudesse comemorar, escutei sirenes altas ecoando por toda a escola. Se eles vissem a bagunça daquele lugar, quem seria a culpada? Eu! Como sempre! Então, eu peguei a minha mochila (que surpreendentemente sobreviveu ao ataque dos cachorrinhos maus) e corri para a saída. Peguei um metrô e fui direto para a minha casa.
Chegando lá, minha mãe viu o meu estado e gritou:
- Diana, mas o que…?
Ela ficou muda e subiu correndo as escadas. Eu fui atrás dela, que já estava fazendo as malas:
- Mãe, o que você está fazendo?
Ela estava pálida e me olhou, desesperada:
- As malas – ela disse - Não tem mais como eu adiar isso… Não tem mais…!
Ela escorregou até o chão e começou a soluçar:
- Mãe? Mãe! O que está acontecendo?
Ela secou as lágrimas e me disse:
- Minha filha, desça com as malas para carro. Vou levá-la para o acampamento meio-sangue.
Pronto. Agora eu estava realmente confusa:
- Como assim? Mas o que é…?
- Minha filha, você não é uma criança normal – ela disse - Você é uma semideusa. Você é filha de Poseidon.


Capitulo 3 - Quem será que come mais pimenta?

Eu estava desesperada. Imagina só, você vive a vida toda achando que seu pai estava morto, e de repente, dois monstros a atacam na escola, seu colar vira uma espada e seu pai é o deus dos oceanos da mitologia grega.
Minha mãe dirigia a uns 120 km, desviando de barracas, carros e buracos da estrada. Nós não nos falamos durante toda a viagem, que demorou um dia inteiro. Na manhã seguinte, eu acordei na beira de uma colina, com uma placa que dizia: Acampamento Meio-Sangue.
Minha mãe desceu do carro, pegou a minha mala e me deu um beijo na testa:
- Só posso vir até aqui, minha querida. Vá em frente, eu já conversei com o Quíron. Ele vai lhe explicar tudo.
- Quem é Quíron? Você vai me abandonar? É isso?
- Claro que não, minha querida! Acho que você vai ficar melhor aqui. Em breve nos veremos.
Com esse último comentário, ela se virou e entrou no carro, me deixando sozinha ali, nervosa, triste e confusa. Foi quando ouvi uma voz:
- Ei, você deve ser a Diana. Certo?
Virei-me e encontrei o menino mais lindo que já vira na vida, ele estava usando uma simples camisa laranja, uma calça jeans suja de graxa, mas mesmo assim era lindo. Os cabelos eram castanhos encaracolados, e ele tinha um sorriso branco e brincalhão no rosto, ao ver a minha expressão confusa:
- S-sou sim! E você é…?
- Ah, sim – ele respondeu - Meu nome é Léo Valdez. Sou filho de Hefesto. Você já sabe quem é o seu pai ou mãe?
- Sim – Falei aos tropeços – Acho que minha mãe falou algo sobre Poseidon.
Ele deu um sorriso travesso, me estudando de uma forma que parecia que estava seminua:
- Ah, então você é irmã do Percy. Estranho! Você não é feia como ele.
Fiquei vermelha como um tomate.
- Venha. Vou te mostrar o acampamento.
Eu andei até de tarde com ele. Às vezes, eu ficava olhando nos seus olhos, a boca, sentia o seu cheiro de molho de tabasco misturado com graxa… Epa! Onde eu estava? A sim, aí ele me encarava e sorria, e eu ficava vermelha. Estávamos muito bem, até que eu vi uma roda, uma pequena aglomeração de campistas:
-O que é aquilo? – perguntei – Alguma briga?
- Cecília – Disse ele sorrindo, e eu não gostei nada dessa tal de Cecília – Ela e os Stoll’s.
Ele correu até lá. Eu o segui, e me deparei com uma cena inesperada. Uma menina muito bonita, com cabelos cor de mel com as pontas roxas, olhos amarelados como um felino, um sorriso branco e roupas muito descoladas: Casaco de couro branco, all stars pretos com roxo, calça de couro preto e rasgada com correntes e uma camiseta laranja. Ela estava muito vermelha, mas estava rindo. Ao lado dela, havia dois gêmeos, eu acho. Perguntei ao Léo quem eram:
- Ah, essa é a Cecília, filha de Hécate, e esses são Travis e Connor, filhos de Hermes. Eles estão fazendo uma competição de quem come mais pimenta.
Olhei incrédula pra eles, a Tal de Cecília parecia estar ganhando, os meninos estavam muito vermelhos, e lágrimas saiam de seus olhos. A menina olhou pra mim e disse:
- Essa é a novata? Legal, mais uma boca pra nós alimentarmos.
Todos deram gargalhadas, como se estivessem compartilhando uma piada entre eles. Eu me limitei a sorrir:
- Ei, prazer, sou Cecília Kohler – Ela disse ainda sorrindo e muito vermelha – Você é a tal de Diana, certo? Quer apostar? Tipo… Acho melhor você apostar em mim, porque esses dois já perderam.
Ela falava rápido, rindo e brincando. Léo ficava encarando- a, com um sorriso largo. Decidi que não gostava nem um pouco dela. Talvez só um pouquinho. Tudo bem, eu gostava dela. Ela parecia ser bem legal. Mas com o Léo a olhando daquela forma. Antes de ela me fazer apostar, uma menina Loira com os olhos cinzentos, usando as roupas do acampamento apareceu, junto com um menino alto de olhos verdes:
- Dando as boas-vindas a novata, Cecília? – A menina disse – Deixe-me ver… Apostando quem come mais pimenta?
- É – disse Cecília, sorrindo – e esses dois estão perdendo!
Os Stoll’s fizeram cara feia. O menino dos olhos verdes riu e me cumprimentou:
- Prazer, Percy Jackson. Você é a minha nova irmã, certo?
- Sim – respondi – Sou filha de Poseidon.
Acho que falei com uma expressão bem engraçada, pois a menina riu e disse:
- Logo você se acostuma. Prazer, Annabeth Chase. Percy, leve a Diana para conhecer o chalé.
Despedi-me dos campistas com um aceno rápido. Percy me levou para conhecer nosso chalé, que era muito legal. Depois que coloquei minhas coisas na cama, perguntei a Percy:
- Quem era aquele Léo Valdez? – devo ter corado, pois Percy riu – Ele tem namorada?
- Ele é filho de Hefesto – Ele respondeu – Não, ele não tem namorada. Por que o interesse?
- Nada, nada! – respondi um pouco nervosa – Só queria saber.
Fui tomar um banho. Arrumei-me e me deitei pra ler. Depois de meia hora, Percy apareceu na porta:
- Venha – ele disse – Está na hora do jantar.


Capitulo 4 - Minha amiga se dissolve numa nuvem de borboletas

Fomos para o refeitório, que estava cheio de campistas. Reconheci Léo, numa mesa no canto, com seus vários irmãos e irmãs. Cecília estava numa mesa mais distante, rindo com mais 7 campistas, fazendo a comida levitar e desaparecer. Segui meus irmãos, que eram Percy, Tyson, um ciclope, Gabi, uma menina bem legal, e Rafael, um menino de aproximadamente 14 anos com cabelos cor de fogo. Um senhor gordo, com roupas com estampa de zebra e roxas deu um discurso nada animador, algo sobre as harpias comerem mais campistas. Quíron, um centauro, estava conversando com Annabeth, no canto do refeitório, tenho que dizer que a cara deles não eram nem um pouco animadoras. Fomos até uma fogueira aonde jogávamos um pedaço de comida em nome dos deuses, achei estranho eles gostarem de comida queimada, mas quando joguei um pedaço do meu pernil, ele subiu com cheiro de algas marinhas com baunilha (Estranho, não?).
Logo depois, fomos para a fogueira, cantamos várias músicas. O chalé de Apolo liderou as canções, e eu flagrei Cecília olhando para um deles, um menino com cabelos loiros espetados, musculoso, com um bronzeado em um tom claro de cor de cobre, olhos cor de mel e um sorriso branco e largo no rosto. Encarei ela por um momento, até que ela se virou e percebeu meu olhar. Ela se levantou e sentou ao meu lado:

- Ele é bonito, não? – ela disse – Gosto dele desde o ano passado. Mas ele não parece notar minhas indiretas.
Ela deu um longo suspiro. Olhei pra ele e percebi que ele nos olhava, com uma carinha de cachorrinho confuso. Dei uma risadinha baixa e disse:
- Acho que ele gosta de você, só depende do ponto de vista.
Ela ficou um pouco mais animada, e eu gostei de estar ajudando ela, até que:
- E você gosta do Léo, certo? Eu vi você olhando pra ele.
Fiquei corada, e olhei pra ele, que estava do outro lado da fogueira, brincando com parafusos:
-Mais ou menos, sabe… É confuso… Muito. Eu nunca senti isso por ninguém… Mas quando o vi…
Ela sorriu e olhou pra ele também:
-É… Estamos mas perdidas do que eu na Disneylândia.
Eu olhei pra ela confusa, mas ela apenas sorriu, compartilhando uma piada própria. Nós ficamos em silêncio por uns minutos, até que (como sempre), eu estraguei tudo:
- Então? E a sua família?
A reação foi imediata. Ela enrubesceu e ficou quieta. Em apenas 10 segundos, ela estava com os olhos cheios de água. Antes que desabasse no choro, ela estalou os dedos e se desintegrou em milhares de borboletas roxas e brilhantes, que seguiram até o seu chalé. Seus companheiros se levantaram e a seguiram, me olhando de cara feia. Me encolhi no cantinho da fogueira, até que Percy e Annabeth vieram falar comigo:
- Não fique assim, Diana – disse Percy – Esse assunto é muito delicado pra ela.
- Por quê? – perguntei, confusa – É porque ela não tem…?
- Não, não – disse Annabeth – É muito pior que isso. Mas eu acho que não tenho o direito de contar essa história…Acho melhor esperar ela te contar.
Assenti, embora quisesse muito saber.
Depois de uma hora, todos os campistas foram para seus chalés. Deitei-me, dizendo que ainda não tinha sono, mas, em poucos minutos o cansaço me venceu. Você acha que eu tive uma noite tranquila? Mas é claro que não! Um semideus nunca tem noites tranquilas.

Capitulo 5 – Sonho com o cara da motosserra

Cara... Meus sonhos não podiam ser mais esquisitos! Mas agora que eu sei que sou uma meio-sangue... Tá explicado! Na verdade, pra um semideus isso deve ser normal. Assim como ser expulsa todo ano e ser atacada por cachorros gigantes sedentos de sangue!
No meu sonho, eu estava no topo da colina meio-sangue, com o pinheiro mágico (que tem uma história um pouco confusa, que Percy me contou na fogueira), com o velocino de ouro brilhando no galho mais próximo. Eu estava me perguntando onde estava o tal dragão que guardava a árvore, quando escutei uma voz rouca e grossa:
- Tenho pouco tempo antes de ele voltar.
Olhei para trás e vi um homem que provavelmente era lutador de luta livre. Ele estava com uma roupa feita de couro e uns óculos escuros. Seus olhos faiscavam através dos óculos. Eu fiquei com vontade de acertar o nariz dele e outras coisas que se eu contar, vocês provavelmente me acharão uma psicopata. Ele estava segurando uma motosserra, e cortava a árvore mais próxima:
- Quem é você?
Ele deu um sorrisinho besta, parou de arrebentar a coitada da árvore - eu fiquei pensando na ninfa dela, senhor... Coitadinha - e colocou a motosserra nas costas:
- Ai, vocês, semideuses de hoje em dia não sabem de nada. Eu me pergunto o que vocês aprendem nesse acampamento! Eu sou Ares, criança! O melhor Deus do Olimpo!
Eu o olhei confusa:
- Aquele Ares? O Deus da guerra?
Ele me olhou como se quisesse me fazer em pedaços:
- Você é filha de Poseidon, certo? Percebi a semelhança entre você e aquele moleque irritante!
Cerrei os punhos, e percebi que ele tinha gostado de me deixar irritada:
- Está falando do meu irmão? O Percy? Não foi ele que te deu uma surra?
Seus olhos faiscaram com mais intensidade, mas ele deu um sorriso torto e forçado:
- Sim, vocês são bem parecidos! Mas isso não interessa agora, menina irritante! Eu vim aqui só para dar um recado!
Eu geralmente fico confusa, mas dessa vez ganhei um premio por minha lerdeza:
- Mas... Não é um tal de Hermes que entrega recados?
Ele riu alto:
- Você é mesmo filha de Poseidon, hein? Hermes está ocupado resolvendo uns assuntos pro Olimpo. Só vim alertá-la que estamos com problemas. E que você irá nos ajudar.
-Tipo, uma missão? Mas... Eu não tenho experiência e...
- Chega de ”mas”, menina! Agora, quando acordar, vá falar imediatamente com o Quíron! Peça pra ele permissão para falar com o oráculo.
Antes de perguntar qualquer coisa, uma espécie de névoa foi tomando conta do local. Minha voz não saía. E tudo ficou escuro.

Capitulo 6 – Dou salgadinhos a uma cabeça de leopardo

Acordei tão desorientada, que me levantei bruscamente e bati a cabeça no beliche. Fiquei zonza e escutei uma voz meio aguda e desesperada:

- Diana?! Diana! Mas o que...?
Olhei e vi Percy descendo do beliche. Comecei a rir. Acredite, o Percy não fica mais sexy quando acorda, pois seus cabelos parecem uma juba e tem um rastro de baba pelo seu rosto. Ele me olhou confuso:
- Mas porque você está rindo?
Olhei para ele, ainda rindo:
- Você baba enquanto dorme, sabia leão?

Ele rapidamente passou as mãos no cabelo e correu para o banheiro. Comecei a rir tanto, que acordei meus irmãos. Gabi se levantou e me levou até um dos filhos de Apolo que estava acordado àquela hora. Ele fez um curativo, mas eu nem ligava mais para a dor (Acredite, quando um filho de Apolo vem te ajudar, você não presta mais atenção em nada). Logo depois, eu contei a Percy sobre o meu sonho. Ele não gostou muito quando eu comentei sobre Ares, mas quando eu falei que eles estavam com problemas, ele foi direto chamar Annabeth (Oque eu acho bem sensato). Quando ela chegou, me fez logo a pergunta:

- Ele pediu para você ir ao oráculo?
Assenti e acrescentei:
- E falou para eu falar com o Quíron. Algo sobre uma missão importante.
Annabeth franziu a testa e cochichou com o Percy:
- Venha. Vamos falar com o Quíron.

Annabeth me levou na casa grande, e me mandou esperar. Enquanto ela e Percy falavam com o Quíron, eu jogava salgadinhos a Seymour, uma cabeça empalhada de leopardo no alto da lareira. Uma hora depois dos salgadinhos acabarem e eu ficar entediada, Quíron veio falar comigo:
- Diana, você tem certeza de que Ares disse isso mesmo?
Suspirei e falei novamente - Parecia que eles não acreditavam em mim! Poxa, eles me perguntaram isso umas cem vezes!:
- Sim, ele falou para eu ir ao oráculo o quanto antes!
Antes de Quíron falar qualquer coisa, Grover (um sátiro), entrou correndo na casa grande, comendo latas e falando rápido e aos tropeços:
- L-lá f-fora!? O-Olhem l-lá!

Ele apontava freneticamente para fora. Todos correram para a varanda. Eu corri o máximo que pude, e me deparei com a cara espantada de todos. Até mesmo Quíron estava boquiaberto. Eu olhei e vi todos correndo para seus chalés, fugindo da chuva. Olhei para Quíron e disse:

- Mas, espera! Disseram-me que aqui não chovia!
Quíron olhou pra mim, como se estivesse pensando em mil coisas diferentes:
- Normalmente aqui não chove, criança. A última vez que choveu, foi na época da guerra dos titãs. Isso quer dizer que tem algo mau acontecendo.
Ele cochichou algo com Annabeth. Ela assentiu, e o viu subir as escadas, relutante. Ela suspirou e me olhou:
Venha, Diana. Está na hora de você conhecer nossa amiga.

Capitulo 7 – Meu encontro com a garota com cabelos cor de fogo

Annabeth e Percy me levaram até uma gruta distante dos chalés. Eu me perguntava que tipo de ser morava nela. Um monstro talvez? Mas a resposta era muita mais horripilante que isso. Percy gritou para dentro da gruta:

- Rachel! Chel!
Annabeth o olhou com a testa franzida:
- Chel? – perguntou ela, um pouco aborrecida – Mas que apelido é esse, Perseu Jackson?
Quando ela falou o nome de Percy completo, percebi que ele estava em apuros. Então fiz uma pergunta (besta, mas eu estava com pressa de salvar a cabeça do meu irmão):
- A Rachel é o tal de Óraculo?
Annabeth parou de encarar o Percy, e se virou para mim. Sobre o ombro de Annabeth, pude ver Percy murmurando: Obrigado! Annabeth se apoiou em um pé e disse:
- Sim, ela é...
Antes de terminar a frase, uma menina de cabelos cor de fogo e com uma roupa toda suja de tinta saiu da gruta. Sorrindo, ela abraçou Percy e Annabeth. Depois, percebeu a minha presença, e se apresentou:
- Oi! Meu nome é Rachel Elizabeth Dare! Você deve ser a nova irmã de Percy, certo? Diana?
Assenti. Ela me lembrou a Cecilia, pois falava rápido e completamente a vontade. Lembrar de Cecilia formou um nó em minha garganta, pois eu lembrei do incidente que aconteceu na fogueira. Mas tentei esquecer aquilo. Por enquanto. Quando eu ia me apresentar direito, Rachel enrubesceu e começou a flutuar. Seus olhos brilharam em um amarelo brilhante, que fez meus olhos doerem. Ela abriu a boca e falou numa voz rouca e distorcida:

“Num futuro, a chama se apaga.
Os 5 meios-sangues em 3 dias buscarão
Perigos constantes também sofrerão
E pela terra mágica terão andado
Até que tudo mudará no eterno reinado”


Eu fiquei boquiaberta. Seus olhos perderam o brilho e ela caiu no chão. Percy e Annabeth a ajudaram a levantar, e eu, com a minha grande lerdeza, falei:
- Ela sempre faz isso?
Rachel deu um meio sorriso, e disse:
- Às vezes. Sabe... Isso não é muito legal para arranjar um namorado.
Percy e Annabeth sorriram, e eu, dei um sorriso meio forçado. Sim, ela me lembra muito a Cecilia! Percy virou-se e cochichou com Annabeth, que assentiu. Ela se virou e se despediu de Rachel, que entrou novamente na gruta (falando sobre estar perdendo uma parte de sua novela mexicana...Vai entender!)Percy virou-se pra mim e disse:
- Agora que temos a profecia, temos uma missão!

Capitulo 8 – Converso com o garoto ruim de mira

Eu segui sozinha para o meu chalé, já que Percy e Annabeth foram falar com o Quíron sobre a profecia. A chuva já havia parado, e todos já voltavam aos suas tarefas normais. Eu passei no meu chalé, tomei um banho e saí para espairecer um pouco. Percebi que não havia falado com a minha mãe desde que cheguei ao acampamento, mas estava tão cheia de coisas na cabeça, que fui pro meio da floresta e me sentei perto de uma árvore. Fechei os olhos e fiquei imaginando o porquê de estar ali naquele acampamento. Eu poderia estar junto com a minha mãe, no nosso apartamento, comendo pipoca e assistindo a um filme. Mas isso era um pensamento egoísta, principalmente quando você tem que salvar o mundo!
Eu estava observando as ninfas fugirem dos sátiros (acho que foi por uma aposta boba, algo envolvendo enchiladas e beijos), quando percebi que Léo Valdez estava treinando arco e flecha com uma árvore. Acredite: a mira dele era tão ruim, que ele quase acertou um sátiro que passava correndo atrás dele! Enquanto ele se desculpava com o sátiro (que resmungava algo sobre corvos e latas, oque eu acho que eram ofensas bem ruins), eu fui até uma árvore perto dele (Para ver se ele me notava? Imagina!) e me sentei. Em cinco minutos, ele me perguntou:

- Dia difícil?
Olhei para ele como quem não quer nada:
- Mais ou menos. Sabe como é... Ir ao oraculo não é tarefa fácil!
Ele me olhou surpreso. Sentou ao meu lado. É incrível como meninos nos deixam vermelhas sem nenhum esforço! Ele disse:
- Em apenas dois dias você já foi falar com o oraculo?
Suspirei e me recostei na árvore:
- Parece que já tenho até uma missão.
Léo riu e murmurou:
- Nós, semideuses, somos os “faz-tudo” do olimpo. Estamos sempre resolvendo os seus problemas.
No mesmo instante, houve um trovão e um raio bateu numa árvore próxima a nós, fazendo os sátiros e as ninfas correrem para todos os lados. Ao longe, nós escutamos um som ao, como um apito. Ele se levantou, bateu a mão e estendeu ela para mim:
- Vamos, está na hora do jantar.
Eu a segurei e me levantei. Nós seguimos correndo para os nossos chalés, onde nossos companheiros já nos esperavam.

Capitulo 9 – Escolho os meus companheiros para a missão

Seguimos para o refeitório em silêncio. Acho que todos estavam incomodados com a chuva que ocorrera mais cedo. Na hora jogarmos as oferendas na fogueira, eu fiz uma prece para o meu pai: Tomara que tudo de certo! Um cheiro suave de chocolate e algas marinhas subiu aos céus. Quando terminamos, fomos todos à fogueira, que crepitava baixo e sem intensidade. Estávamos escutando os filhos de Apolo tocar como de costume, até que Quíron os interrompeu para fazer o seu discurso. Ao seu lado, o Sr.D estava sendo servido por um sátiro, que parecia ter muito medo dele:

- Hã-hum... Como todos já sabem, tem algo de errado acontecendo.
Todos continuaram em silêncio, mas a fogueira crepitoualto e com muita mais intensidade:
- Bem... Ontem, a nova campista, Diana, teve um sonho no qual os deuses pediram a nossa ajuda. E por isso, a ela foi concedida uma missão.
Todos me olharam, uma mistura de surpresa e irritação. Encolhi-me ao lado de Percy, que olhava atentamente para Quíron. Fiquei encarando os meus pés, até que ouvi uma voz surgindo do nada:
- Como vocês podem ver, a Daiana já recebeu uma missão. Rafaela, você pode recitar novamente a profecia?
Olhei para o Sr.D, que me olhava como quem não quer nada. Rachel pareceu meio irritada por ser chamada de Rafaela, mas pigarreou e disse:

“Num futuro, a chama se apaga
Os 5 meios-sangues em 3 dias buscarão
Perigos constantes também sofrerão
E pela terra mágica terão andado
Até que tudo mudará no eterno reinado”


Todos os campistas começaram a cochichar e a se cutucarem. Quíron pigarreou, oque chamou a atenção de todos:
- Diana, já que á você foi concedida a missão, poderia escolher seus companheiros?
Fiquei com um pé atrás, pois fui pega de surpresa. Mas tentei me manter calma e disse em voz alta e clara:
- Escolho Percy... Annabeth... Léo e... Cecília.
Quíron assentiu, como se já soubesse quem eu iria escolher. Sr.D bateu palmas, e meia dúzia de sátiros e ninfas o acompanharam, sem ânimo. Quíron se aprumou e disse em voz alta:
- Então, heróis... Vocês terão três dias para realizar a sua missão! Partirão amanhã! Terão apenas esses dias, até o solstício de inverno! Agora vão para os seus chalés! Amanhã será um dia cheio!
Antes de Quíron se retirar, um campista de Ares levantou a mão. Quíron parou relutante, e o olhou:
- Diga, herói!
O campista se levantou e disse em voz alta:
- Mas... Quíron, você não nos disse qual é o objetivo da missão!
Todos os campistas entraram em concordância, assentindo e murmurando. Quíron fez uma pausa, acho que ele temia que essa pergunta fosse feita. Depois de um longo tempo, ele disse:
- O objetivo da missão é salvar uma pessoa que foi sequestrada –Ele fez uma pausa – E essa pessoa é a Deusa Héstia.

Capitulo 10 – Sou transformada em um marreco

Todos voltaram para os seus chalés, em completo silêncio. Alguns campistas ainda me olhavam feio, por isso, fui andando quieta atrás dos meus irmãos. Percebi que Annabeth havia ficado para conversar com Quíron. Eu e Percy arrumamos nossas mochilas com umas roupas extras, ambrosia e néctar (e eu coloquei um pouco de flor de lótus que os Stoll’s contrabandearam), dracmas e dinheiro “ mortal ” e garrafas de água. Todos deitaram e as luzes foram apagadas. Eu fiquei mexendo no meu colar/espada, pensando em como meu pai poderia ser. Eu sempre imaginei como ele seria, mas nunca aparte de ser um Deus e controlar os mares! Eu não queria começar a chorar ali, então guardei meu colar, e fechei os olhos.

***


No outro dia, acordei bastante disposta. Tomei um banho, coloquei uma blusa limpa do acampamento, all stars e uma calça jeans escura. Peguei meu colar e minha mochila e fui me encontrar com Léo, Annabeth, Percy e Cecília. Fui até o topo da colina meio-sangue, e me encontrei com Léo (que estava muito lindo com sua blusa branca) e Cecília, que estava num canto, com o rosto escondido pelo capuz de seu casaco:

- Onde estão o Percy e a Annabeth? – perguntei para o Léo – Eles ainda não vieram?
- Eles foram falar com o Quíron e chamar o Argos – o guarda costas do acampamento, que possuía olhos por todo o corpo –para nos levar até o centro de Manhattan. Depois, vamos estar por nossa conta e risco.
Assenti, e olhei para Cecilia, que ainda estava quieta. Falei em um tom animador, para tentar alegrá-la:
- Legal, né, Cecilia? Essa vai ser a minha primeira missão! Eu estou um pouco animada!
Léo sorriu, mas Cecilia continuou fechada. Até que ela falou baixinho:
- Porque você me escolheu...?
Eu a olhei, confusa, e disse:
-Como assim?
Ela respirou fundo e explodiu:
- PORQUE VOCÊ ME COLOCOU NESSA PORCARIA DE MISSÃO?!
Pronto. Agora eu estava realmente confusa. Sem acreditar no que ela dizia, disse em tom calmo:
- Porque eu sou sua amiga! E queria que você estivesse comigo!
Ela riu de modo sarcástico e disse:
- Que bela amiga você é!
Agora ela conseguiu me irritar:
- Então tá! Se for assim, porque você aceitou?!
Ela me olhou, definitivamente querendo me matar:
- Porque eu não sou fraca a ponto de pensar que todos são meus amigos!

Uma onde de adrenalina e irritação apoderou-se de mim. Um pequeno lago que ali ficava explodiu em sua cara, encharcando-a toda. Ela me fitou com o olhar, e recitou um pequeno encanto, e eu me senti encolher. Tudo foi ficando apertado, meus músculos doíam por completo. E eu fui criando... PENAS! Sim, eu estava me tornando um pato! Léo correu na minha direção, e eu pulava para um lado e para o outro implorando ajuda. Cecilia ria alto. Percy e Annabeth chegaram exatamente nessa hora. Percy ficou me encarando, enquanto Annabeth disse em tom sério:

- Cecilia! Traga Diana ao normal! Agora!
Cecilia resmungou algo, e estalou os dedos. Meus músculos foram se tornando mais leves, e eu fui ganhando altura. Fiquei com tanta raiva, que as poças d’agua ( presente da chuva da madrugada) foram direto no rosto de Cecilia, a afogando por uns segundos. Ela me olhou, com a cara tomada pela raiva e recitou um novo encantamento. Em apenas alguns segundos, um tigre roxo brilhante apareceu do seu lado. Ela ia ordenar que ele me atacasse, quando Léo entrou na minha frente:
- Saia da frente, Léo! – disse Cecilia - Isso não tem nada a ver com você!
Léo continuou na minha frente, com os braços abertos. Eu teria corado, mas com aquele tigre me encarando...! Annabeth e Percy continuavam sem ação (Acho que Argos já estava dentro do carro, assistindo aquela cena pelas costas). Cecilia disse:
- Vai mesmo ficar do lado dela?
Léo assentiu, ainda sério. Cecilia riu alto:
- Tudo bem! Ela está tão caidinha por você mesmo!
É o quê!? Fiquei completamente vermelha. Léo me olhou, completamente confuso, e depois se virou pra ela:
- Hã? – Ele disse – Como assim...?
Cecilia se virou e entrou no carro. Fiquei ali, sem ação, até Annabeth dizer:
- Vamos logo! Ficar aqui não vai adiantar nada!
Eu ia protestar! Dizer que não iria para nenhum lugar com ela, mas não a daria esse gostinho. Todos entraram no carro, e Argos deu a partida.

Capitulo 11 – Uma viagem não tão divertida

O que eu posso eu posso dizer sobre nossa viagem ao centro de Manhattan? Foi um saco! Todos nós ficamos em silêncio absoluto. Enquanto Léo brincava com umas peças que ele havia trazido, Cecília escutava música, Annabeth e Percy encaravam os pés e eu olhava para fora da janela, para tentar fugir do clima pesado de dentro do carro. Tudo por culpa da Cecília! Porque ela fez isso, afinal?Será que é ainda sobre a história da família? Mas ela sabe que eu não fiz por mal! Por mais que eu estivesse com raiva dela, eu ainda não podia odiá-la. Alguma coisa aconteceu pra ela fazer isso, é impossível ela ter feito sem motivo!
Enquanto olhava alguns prédios em construção do outro lado da rua, percebi que Léo me encarava de testa franzida. Ele não deve ter entendido nada! Ela simplesmente falou aquilo, e ele nem tinha percebido. Fiquei pensando se ele não percebeu porque não quis ou porque era um menino (oque explicaria tudo). Decidi que faria de tudo para ele não perceber nada. Talvez, até esquecê-lo! Quem sabe eu não dou essa sorte? Peraí, eu sou uma semideusa! Não existe a palavra sorte no meu dicionário! Uma hora depois, Argos parou a minivan ao lado de uma loja de skates, e abriu a porta traseira, deixando nós descermos.
Enquanto Léo e Percy olhavam a vitrine, eu e Annabeth nos despedimos de Argos, que logo deu a partida. Começamos a andar em direção ao oeste:

-Acho melhor pegarmos um ônibus – disse Annabeth –Andaremos até a rodoviária mais próxima. Fica há uns dez minutos daqui.

Todos nós assentimos. Começamos nossa caminhada em silêncio. Annabeth e Percy andavam na frente, liderando o grupo. Eu e Léo (que estava enrolando pedaços de barbante nos dedos) andávamos no meio, enquanto Cecília andava atrás. Depois de um tempo, chegamos à rodoviária, que ficava no subterrâneo de um grande prédio. Descemos pela escada rolante e continuamos a andar em frente. Annabeth foi comprar as passagens enquanto nós esperávamos sentados num banco. Eu fiquei observando Léo brincar com pequenas pecinhas. Eu não podia negar! Estava gostando de Léo, mas como eu poderia falar que gostava dele? Ah, Léo, esqueci-me de te dizer, oque a Cecilia disse é verdade! Eu estou apaixonada por você! Nem morta! Annabeth voltou e nos deu nossas passagens:

- Nosso ônibus sai daqui a vinte minutos – Ela disse – Vamos esperar, e talvez comer algo.
Ela nos deu algumas barrinhas de cereais, e uma garrafa de água. Estávamos todos comendo em silêncio, quando Cecília falou:
- Tem algo errado! Tem um cheiro estranho no ar!
Olhei para ela sem entender, enquanto Percy e Annabeth cheiravam o ar:
- Não estou sentindo nada – Disse Annabeth – Está sentindo alguma coisa, Percy?
Percy balançou a cabeça de forma negativa. Eu ia dizer que a Cecília estava maluca, mas senti um cheiro estranho. Era uma mistura de enxofre com carne podre. Tampei o nariz e falei:
- Não! Tem algo podre por aqui!
Annabeth ia argumentar, mas foi ai que nós vimos. Três meninas vinham em nossa direção. Elas eram muito maltratadas e machucadas, com várias cicatrizes pelo corpo. Usavam simples camisetas e shorts, todos arrebentados. Elas mantinham os olhos fixos em nós e sorrisos tortos nos lábios. Annabeth disse:
- Vamos agora!
Ninguém protestou. Todos nós levantamos e andamos rápido em direção aos ônibus estacionados. Elas continuaram a nos seguir. Percebi que estavam ficando mais altas, e estavam segurando bastões de beisebol. Corremos até os banheiros públicos que ali ficavam. Quando entramos, percebi que preferia o cheiro de monstros a o cheiro de banheiros sujos de rodoviárias:
- Estamos sem saída – eu disse – O que faremos?
Percy destampou sua caneta, que logo se alongou, tornando-se uma linda espada. Léo tirou do seu cinto mágico um martelo. Cecilia invocou seu tigre enquanto Annabeth pegava sua adaga e seu boné mágico, que a tornava invisível:
- Iremos lutar – respondeu Percy – Annabeth... Tente formar um plano!
Annabeth assentiu e colocou o seu boné. Foi quando elas entraram. No mínimo, tinham uns dois metros de altura. Eram musculosas e tinham olhos pretos. Á do meio (provavelmente a líder) sorriu e disse com sua voz rouca:
- Perseus Jackson! Finalmente vou ter a minha vingança!
Percy a olhou, completamente confuso. Foi quando ele franziu a testa e apontou para ela:
- Vai me dizer que você...
Ele perdeu a fala. Continuou a apontar para uma tatuagem que tinha no braço da do meio. Um coração onde estava escrito: ZM ama Fofinha

Capitulo 12 – Luto com uma fofinha do mal

Percy ainda a olhava, completamente estupefato. Ela o olhava, totalmente sedenta de sangue:
- Você matou o meu amado ZM – ela disse – Por isso, vou devorar você e seus amigos, filho de Poseidon!

Suas capangas sorriram. Eu peguei meu colar e apertei, ele cresceu e se alongou, transformando-se em uma espada. Fofinha riu, me olhou e investiu. Ela era lenta, mas tinha muita força. Desviei sua paulada com a minha espada, mas a pancada retiniu por todo o meu corpo, fazendo meus ossos amolecerem por um instante. Recuperei-me e pulei para trás, desviando de mais uma pancada. Ela gargalhou como uma retardada e se virou para Percy, golpeando na perna. Ele gritou de dor, mas parou a segunda pancada com seu relógio/escudo (Que nosso irmão Tyson, um ciclope, fez para ele nas forjas de nosso pai). Enquanto lutávamos contra fofinha, nossos amigos não estavam em melhores condições. Annabeth lutava sozinha contra uma, enquanto Léo e Cecilia lutavam contra a outra. Cecília tinha um corte no braço esquerdo, que sangrava. Nesse momento, Annabeth, conseguiu colocar seu boné, e sumiu. Estava prestando tanta atenção nos meus amigos, que quase fui completamente esmagada pelo bastão de beisebol de Fofinha. Graças a Percy, que havia desviado o golpe com contracorrente, não tinha virado purê:
- Preste atenção na batalha! – Disse Percy – Ou será esmagada!
Assenti abobalhada. Investi contra fofinha, fazendo um corte em seu rosto. Ela emitiu um grito rosnado, e me atacou. Percy me protegeu com o escudo, e lhe fez um corte no braço. Ela urrou e tentou acertá-lo na cabeça, mas eu o defendi com a espada. Enquanto Percy investia nela, olhei para os nossos amigos, e vi que Annabeth havia conseguido transformar em pó a terceira mostrenga (acho que o nome certo é lestrigão, mas eu acho muito estranho). Ela tirou o boné e foi em direção a Cecília e Léo, que estavam lutando com tudo o que tinham (Quando eu falo “ com tudo que tinham”, quero dizer com tudo mesmo, pois Léo tinha tirado um pacote de pastilhas de menta de seu cinto). Percy recebeu um empurrão de fofinha, e foi bater na parede do banheiro, estourando alguns canos que estavam lá. Água jorrava por todo o lugar. Foi aí que eu tive uma ideia. Concentrei-me na água, tentando usa-la em meu favor. De repente, senti um puxão forte no meu abdômen, e a água envolveu a segunda mostrenga, que caiu no chão. Percy aproveitou e cravou sua espada em sua barriga, e ela esfarelou em um pó negro:
- NÃO! – Gritou fofinha – Vocês vão pagar por isso, filhos de Poseidon!
Antes de ela investir no Percy, gritei:
- Percy! Cuidado!
Ele virou e defendeu-se da pancada com o escudo, mas perdeu o equilíbrio. Annabeth foi ajuda-lo, mas antes de fura-la com sua adaga, ela jogou seu bastão na minha direção com uma velocidade incrível! Ele me acertou na barriga. Caí no chão, zonza e cuspindo um pouco de sangue. Vi Léo correndo na minha direção e gritando o meu nome. Forcei-me a ficar desperta. Fofinha riu alto e disse:
- Isso é só o começo! Ele enviará mais de nós contra vocês! Esperem!
Léo chegou até mim, tentando me manter acordada. Ele ficava repetindo o meu nome histericamente, oque teria sido fofo, se não fosse tão assustador. Cuspi mais um pouco de sangue, e tombei completamente no chão. Minha visão estava embaçada e turva, praticamente cega. A voz de Léo estava ficando longe e indistinta. A última coisa que vi foiAnnabeth transformando fofinha em pó. Então tudo escureceu.

Capitulo 13 – Encontro com uma coruja falante

Acordei em um ônibus, completamente tonta. Abri os olhos devagar, e dei de cara com Cecilia. Ela empurrou a minha testa, evitando que me levantasse:
- Não levante! – Ela disse – Quer vomitar em cima de mim, é?
Respondi com um sussurro:
- Não seria uma má ideia!
Ela riu baixinho, e fez uma careta. Ela estava diferente daquele dia em que me transformou num pato. Ela estava mais alegre, e não estava com o olhar triste. Ela parecia com a Cecilia que eu conheci no meu primeiro dia de acampamento. Levantei a cabeça e olhei ao redor. Annabeth estava cuidando da ferida de Percy, enquanto Léo estava dormindo e com um enorme galo na cabeça:
- O que aconteceu com ele? – Perguntei – Se machucou gravemente?
Cecilia se limitou a olhá-lo, e me disse como quem não quer nada:
- Ele estava tão histérico quando você desmaiou, que tive que apagar ele. Logo, logo ele acorda.
Olhei para ela, incrédula e completamente vermelha. Ela sorriu pra mim, mas logo depois ficou com o rosto triste. Ela me disse, sussurrando:
- D-Desculpe! Eu n-não queria dizer aquilo pra você, é só que...
Ela baixou os olhos, e então eu percebi que aquilo tinha á ver com a sua família. Disse, encorajando-a:
- Pode dizer, Cecilia! Sei que há algo errado com você!
Ela não me olhou nos olhos, mas disse com a voz fraca e baixa:
- Quando eu tinha 6 anos, meu pai me abandonou em um orfanato. Eu já sabia que isso ia acontecer, pois ele sempre se queixava dos meus “dons”. Depois disso, tive várias crises de personalidade. Nunca mais eu o encontrei, e também nunca falei com a minha mãe. Quando fiz 10 anos, um sátiro me encontrou e me levou pro acampamento. Foi quando eu descobri tudo sobre mim e sobre os Deuses. Por isso, me perdoe... Diana... me perdoe...
Ela começou a chorar e esconder o rosto. Eu sabia o que ela estava sentindo: abandono. Eu sempre senti isso. Achava que meu pai havia morrido ou nos abandonado. Sempre chorei por isso, mas nunca deixei minha mãe ver que eu sofria, pois ela também estava sofrendo, e eu tinha que ser forte, por ela. Annabeth e Percy conversavam no banco de trás, enquanto Léo continuava dormindo no banco ao lado. Coloquei a minha mão sobre o ombro de Cecilia, e disse:
- Não fique assim... Sei como se sente. Também me senti abandonada por meu pai. Se você aceitar... Eu posso ajudar você com o seu problema... Qualquer coisa que precisar...
Ela me olhou com uma gratidão óbvia, mas se levantou e disse com a voz tremida:
- V- vou ao banheiro para lavar o rosto.
Assenti, e ela se retirou. Olhei para trás e vi que Annabeth e Percy cochilavam, de mãos dadas. Olhei para o lado e vi que Léo estava despertando. Rapidamente passei as mãos no meu cabelo, mas lembrei que estava suja, arranhada e totalmente arrebentada...O cabelo era o de menos. Então fiquei quieta, fingindo que estava dormindo. Com os olhos um pingo abertos, percebi que ele me olhava. Ele levantou, cambaleando, e tirou do seu cinto um lençol. Ele me cobriu e foi para seu assento. Nunca me esforcei tanto para não corar! Até que Cecilia chegou e sentou ao meu lado. Antes dela perguntar de onde veio o lençol, um vulto entrou pela janela, e aterrissou em cima de Léo, que deu um grito. Annabeth e Percy acordaram com o susto e por pouco Percy não abriu a sua caneta e atravessou o banco (o que teria sido muito ruim, pois eu estava no banco da frente). Todos olharam para Léo e viram algo surpreendente: Uma coruja parda, com olhos completamente amarelos. Essa não foi a parte surpreendente. Acho que o que me deixou de cara foi ela ter falado:
- Olá, semideuses.
Todos a olhavam assustados. Eu, como uma verdadeira retardada, acenei para a coruja, que me ignorou completamente. Legal! Agora até corujas falantes me ignoram! Ela olhou diretamente para Annabeth e disse:
- Sou uma enviada de Atena para ajuda-los. Tenho um recado para dar.
Todos a olharam com interesse. Ela continuou:
- Como vocês sabem, Héstia foi sequestrada. E se não a resgatarem até o solstício de inverno, teremos sérios problemas.
Todos assentiram. Eu a olhei e perguntei:
- Quem a sequestrou?
Ela me olhou com aqueles enormes olhos e disse com a voz calma:
- Nem mesmo as parcas sabem deste enigma.
Uma coruja parda falante que usa palavras difíceis. Eu mereço:
- Qual é o seu recado? – perguntou Cecilia – É algo que realmente estamos precisando!
Ela piscou lentamente e disse:
- Vocês devem ir a Orlando. Precisamente, no parque conhecido como Disneylândia e...
Nesse momento Cecilia deu gritos e vivas. Todos olharam para ela, que se sentou e deu um risinho, dizendo:
- Desculpe, dona coruja, pode continuar.
A coruja semicerrou os olhos, mas continuou:
- Lá encontrarão uma pessoa, que lhe darão uma pista. Mas, atenção... Essa pessoa adora jogos, e irá adorar torturar vocês.
Todos nós assentimos. Tudo que eu menos precisava era de mais alguém pra me matar. A coruja estremeceu e disse com a voz distante:
- Meu tempo está acabando. Adeus, semideuses, e boa sorte em sua jornada.
Ela estremeceu e se desfez em uma nuvem dourada.

Continua...


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P.S: A opção "descontar na autora através dos comentários" foi desativada pela eminente injustiça que representa.


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