Eu sabia que tinha sido só mais um dos vários ‘adeus’ que eu já tinha dito a . Mas eu tinha que tentar mais uma vez. Eu precisava.
Eu sabia que eu precisava dela também comigo, mas sabia que aquilo nunca dava certo. Talvez pelo fato de que ela nunca tivesse gostado mesmo de mim... Mas só a certeza de tê-la por perto, me acalmava. Mas a incerteza do amor sempre me machucava.
Eu tive várias chances de me afastar dela. Muitas delas geradas por mim mesmo. Mas eu não consegui. E tenho que admitir, é praticamente impossível eu viver sem a presença dela.
Hoje tenho as marcas que a me deixou. As marcas de quando se ama demais e não se é amado. As marcas de quando seu coração é totalmente despedaçado e você não pode fazer nada, porque quem o quebrou é a pessoa que você ama com todas as forças.
Hoje eu disse adeus mais uma vez pelo mesmo motivo de todas as outras. O cansaço. Eu cansei de sofrer, cansei de chorar, cansei de sentir raiva de mim mesmo. Canso dessas coisas freqüentemente, mas nunca consigo cansar-me dela. O cansaço que eu sempre peço é o que nunca me vêm.
Então é sempre assim que eu fujo. Fujo pra onde eu não possa vê-la, onde eu não a queira perto de mim, onde eu não precise dela para poder respirar... Um lugar onde eu possa me sentir como antes de tudo isso. Como antes dela, como antes do meu sentido de existência.
Ela insiste em dizer que me ama, mas eu posso sentir que não. Eu queria poder ignorar esse meu “sexto sentido”, mas não posso. Eu queria poder acreditar nessa mentira, a mentira que me deixaria o mais feliz possível... Se eu não soubesse que era mentira.
Mas são essas mentiras que me prendem cada vez mais à . Será que é tão difícil ela falar a verdade e dizer que não me ama? Será que ela não pode parar de me iludir? Por que diabos ela diz isso? Pra se convencer que me ama? Isso nunca vai acontecer! NUNCA.
Essa incerteza dela se me ama (ou até mesmo a certeza de que não me ama) me perturba cada vez mais. E ainda que ela chegasse pra mim e dissesse que me ama (como ela já fez milhares de vezes), isso não adiantaria... Porque eu sei que não é verdade.
E ainda assim, todas as vezes que ela fala isso, bate aquela pontada de incerteza misturada com felicidade. E ainda assim, ainda me restam esperanças. Esperanças que eu sei que nunca darão em nada. Esperanças vãs.
Eu não quero mais sentir isso. Não quero mais me encher de esperança sem sentido. Não quero mais sofrer. Não quero mais esperar pelo amor dela que nunca vai chegar.
E só me resta fugir. Fugir e me odiar. Odiar-me e querer voltar no tempo. Querer voltar para o tempo antes de eu confundir tudo. O tempo que nós éramos amigos, conhecidos, colegas e nada mais. O tempo em que eu não implorava pelo seu amor. O tempo antes de eu errar e me apaixonar por ela.
Todas as coisas que eu sempre odiei, agora estão à minha volta. Todas as coisas que eu sempre evitei agora me perseguem. Todas as coisas que eu sempre quis distância, agora me seguem como sombra. Todo o amor não correspondido, todo o sofrimento, toda a dor, toda lágrima, todo cicatriz em meu coração. Todas as coisas que eu odeio. Todas as coisas que me matam dia a dia. Todas as coisas que vão me matar. Todas as coisas que me afastam dela cada vez mais...