Always Run (To Your Arms)
autora: Amanda S. || beta: Paah Souza.


Tudo o que eu queria era um suco de morango. Só isso, nada mais. Não queria ser descoberta por um olheiro de Hollywood, ou da Globo, me transformar numa estrela do rock, receber uma declaração de amor, nem mesmo queria os ingressos para o show do , ou do McFly, estes últimos que eu desejo intensamente a cada dois minutos, provavelmente. Não, não estava querendo nada disso. Eu só queria ir até a praça, comprar um suco de morango e voltar pra casa, dormir e acordar cedo amanhã pra ir à igreja. Mas nada nunca sai como eu espero.
Estava eu indo até a praça com meu casaco preto velho, porém confortável, meus tênis listrados, minha saia jeans de guerra – já meio curta, até - e sem meus fones de ouvido. Devia ter percebido que as coisas iam desandar a partir desse fato. Eu nunca saio sem meus fones de ouvido conectados ao meu celular, que tem um monte de músicas em mp3 e rádio. Mas, naquela noite, justamente, ele estava sem bateria e eu tive que deixá-lo em casa. Que droga. Já começou por aí.
Saí de casa andando o mais rápido que pude, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco e cantarolando na minha imaginação – é, eu faço isso - e venci a distância curta muito bem até, em menos de cinco minutos, já que não existem grandes distâncias na pequena cidade onde eu vivo. Se eu quisesse fugir daqui – algo que eu até quero, mas não faço, porque, sabe como é, partiria o coração da minha mãe que, por algum motivo, ama isso aqui – seria estupidamente fácil. Menos de dez minutos e já estaria num ônibus. Mas não estou. Droga.
Em vez disso estou chegando à praça, que está, naturalmente, cheia de gente desocupada vestida como se estivesse num grande evento, algo que repetem todas as noites (não tem nada pra fazer aqui). E estava indo até o quiosque que vende um suco de morango maravilhoso, que parece até um milkshake do Bob's, a razão dessa história toda, quando ouvi meu nome e parei. Estaquei, empaquei no meio da praça, com o som reverberando nos meus ouvidos, meu nome tão comum, dito numa voz muito mais baixa do que o volume das cinco caixas de som espalhadas pelas ruas adjacentes. Meus pêlos todos se eriçaram, eu ofeguei. Porque era ele quem estava me chamando. Ele, que eu nunca tinha visto. Não na vida real, pelo menos.
Virei-me para ele e ele estava lá. Realmente estava. O cara dos meus sonhos, que eu vi tantas vezes e com quem eu sonhei, dormindo e acordada, tantas vezes. Ele se aproximou, parou na minha frente, bem perto, de uma forma estranha, pelo menos pra mim. Parecia haver uma certa intimidade em sua mera postura em relação a mim. Estranho. Eu não respirava. - – ele repetiu e pude sentir seu hálito quente no meu rosto.
Ai, Deus.
- Estou aqui – respondi. As duas palavras que eu ouvia na minha cabeça, em minha própria voz, em momentos variados, nada especiais. Quando não havia motivo pra eu dizer "estou aqui" eu pensava "estou aqui". E agora eu percebia que era um treino. As únicas duas palavras tão comuns que sairiam no piloto automático num momento desses.
- Finalmente nos encontramos – ele disse, como se fosse muito normal chegar pra uma garota que ele nunca tinha visto e que nunca o tinha visto também, e falar como se tivéssemos sido apresentados por algum amigo ou algo assim. Eu, no entanto, concordei com a cabeça. Ele era exatamente como eu tinha sonhado. Que coisa! Olhei ao redor, para as pessoas passando que não prestavam a mínima atenção em nós.
- Espere – falei – Só eu consigo te ver, certo?
- Não. Esperava que você pensasse isso. Eu estou realmente aqui. Pode me tocar, eu sou real.
Ergui os olhos pra ele.
- Deus, é você mesmo? – perguntei repentinamente receosa. Ele não tinha sorrido sequer uma vez desde que eu me virara para ele.
- Sou . Acho que você já me viu, não?
- Já. E você?
- Eu te ouvi. Mas te reconheci aqui hoje. Fui mandado pra cá de muito longe. Você quis antecipar as coisas.
Era verdade. Eu queria encontrá-lo logo. Acho que enchi a paciência de Deus e, agora, percebi que tinha enchido a paciência dele também.
O negócio era que eu sonhei com ele, literalmente, dormindo. Tudo bem, não parece grande coisa, mas é, porque eu tinha cinco anos de idade e não tinha como eu conhecer um garoto inglês, nessa época realmente um garotinho. E aí eu cresci e vi o McFly. E lá estava ele, o cara dos meus sonhos – literalmente.
E eu sabia que havia algo mais nesse fato tão estranho, porque eu não podia ter inventado um ser na minha mente e encontrá-lo exatamente do jeito que eu imaginei anos depois. Tinha algo mais. E ele sabia disso tão bem quanto eu.
- Me desculpe. – falei.
Ele balançou a cabeça.
- Eu não deveria estar aqui agora – disse. – Não é minha hora na sua vida ainda. Percebe o que isso pode acarretar? Complicações. Estamos brincando com o tempo. Com o destino.
- Você é meu destino. Não tem nada complicado nisso.
- É claro que tem e você sabe muito bem disso. – Suspirou – Vamos dar uma volta.
Eu o segui – é claro. Não imaginava que meu primeiro encontro com o cara dos meus sonhos seria daquele jeito, com ele me dando uma bronca. Será que ele não queria ser quem era pra mim? O que será que estava acontecendo na vida dele nesse momento? O que ele tinha deixado pra estar aqui hoje? Ele tinha uma vida melhor do que a minha, provavelmente. Menos chata. Bem, é claro que menos chata, ele era um astro de rock. Era tão bonito. Devia ser o queridinho da mamãe, o galã do colégio. Do que será que ele gostava? Quer dizer, além de música? E além do que eu podia ver nas filmagens dos bastidores? Será que ele gostava de suco de morango?
- Você está me trazendo de um lugar muito distante – ele parou no meio de uma das ruas adjacentes à praça, onde não havia muita gente, e falava pra mim como se estivesse me acusando – Você me trouxe de dentro da sua mente.
- Você existe. – repliquei – Eu não o criei.
- É verdade, mas eu fui criado por causa de você. Assim como você por mim. Mas não devíamos estar aqui agora, entenda. Devíamos estar esperando o tempo certo.
- Que tempo certo é esse que nunca chega e que me dá vislumbres seus sem sentido algum? – eu indaguei, elevando a voz. Sentia as lágrimas chegando. Ai, droga. – E por que você fala como se fosse um viajante do tempo tentando manter a ordem das coisas? Você está aqui, é isso que importa! Ou será que tem algo mais importante? Se tiver, então pode ir, e até algum dia. Eu também não vim aqui por sua causa, estava com outros planos – falei, virando-me em direção ao quiosque do suco de morango. Ele agarrou a manga do meu casaco e fechou os dedos ao redor do meu braço, mantendo-me parada e, com um leve puxão, me virou de volta para ele.
- Nossa, , você é exatamente como eu imaginei – ele falou bem perto de mim de novo. Sua respiração fazia cócegas em meu lábio superior. Eu mantinha os olhos baixos, então não podia dizer se ele estava sorrindo ou reclamando. Sua voz era muito mansa pra qualquer das opções.
- Isso não é como eu imaginei – falei, referindo-me à situação.
- Porque você é uma impaciente – ele disse, afastando-se um pouco.
Arrisquei-me a olhar em seus olhos e estremeci. Ele não fazia sentido, minha vida não fazia sentido. Sonhar com alguém e encontrá-lo assim não fazia nenhum sentido. Eu devia estar delirando. Então levei minha mão até seu rosto e afaguei-o com a ponta dos dedos.
Era macio e ligeiramente frio. Perfeito para minha mão. Como eu podia saber algo assim? Sei lá, eu só sabia. Ele era meu.
- Me desculpe – repeti mais sinceramente dessa vez – Por que você não sorri?
- Porque estou nervoso. Acabei de encontrar a garota dos meus sonhos e de ser um chato com ela.
- Eu te perdôo por isso.
O canto esquerdo de seus lábios se levantou e seus olhos pareceram mais quentes.
- Mas eu já esperei tanto por você – falei, as lágrimas, agora, correndo vindas de algum lugar, ultra-rápidas.
- Eu também – ele falou, com a voz rouca. Talvez estivesse contendo algumas lágrimas também. – Mas eu tenho que ir embora rápido, então, talvez devêssemos nos beijar logo.
- Bem, já é tarde e eu tenho que ir pra casa dormir... Mas ainda assim, essas preliminares parecem mais interessantes do que o ato em si.
- Talvez viver seja melhor do que descrever.
Eu sorri pra ele.
- Acho que você já sabe e deve ser óbvio, mas eu te amo.
Ele riu abertamente.
- Eu sempre te amei. Até quando sentia você errar e me esquecer e se odiar. Estou sempre com você – ele estava sério agora.
- Está comigo?
- Sim. E sei também que você tem uma queda por aquele cara do , e fique sabendo que não gosto nada disso.
- Só porque eu já sonhei em casar com ele? Ah...
- Sabe, estou feliz por estar aqui. Agora pode parar de sonhar com outros caras e ficar comigo.
- Em pensamento? Como sempre...
- É, mas também em uma lembrança agora.
Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e se aproximou devagar, fez um carinho em meu nariz com o nariz perfeito dele antes de sorrir e me beijar. Nem mil linhas descreveriam aquele beijo e as borboletas no meu estômago, então saiam e beijem o amor de suas vidas e depois voltem, porque estou sem tempo.
- Siga em frente – ele me disse quando nos separamos.
Siga em frente? SIGA EM FRENTE? Que raio de conselho é esse?
- Pra onde eu vou? – perguntei, honestamente, perdida.
- Você vem pros meus braços. O mais rápido que conseguir. Não desista de mim. E não desista de você.
Eu o abracei tão forte que podia estar sufocando-o e fiquei assim por um bom tempo até que me convenci a largá-lo.
- Vem. – ele disse, pegando minha mão - Vou te pagar um suco de morango.



End.

nota da autora: Muito bem, agradecimentos!
Primeiro, a Deus, é claro, o provedor de todos os meus sonhos e inspirações e que colocou a Letícia no meu caminho, que foi quem me apresentou o mundo maravilhoso das fanfics. ^^ Espero que vc seja muito feliz com o Poynter, amiga!
Segundo, a minha beta, que eu tenho certeza que vai corrigir com muito carinho a minha historinha, até porque é bem curtinha, né?
Obviously, a vocês, leitoras – e leitores também, quem sabe? – que estão dedicando um tempinho ao meu delírio de uma noite de sábado. Espero que tenham gostado! Comentem, please, please.
E por fim às músicas que me inspiraram:
Always run (to your arms) – Bon Jovi
Thinking of you – Katy Perry
Say it isn't so – Bon Jovi
Born to be my baby – Bon Jovi
E às incontáveis do McFly, entre elas:
Star girl
Forget all you know
Don't wake me up
Good night

nota da beta: Heey, gente! Estou aqui apenas para dar um ooi, e pra dizer que se tem qualquer erro que vocês tenham percebido nessa fic, podem me avisar por aqui, e eu estarei disposta à corrigir o mais depressa possível.
Enjoy, everyone !
XOXO', Paah Souza.

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