Observação: Essa é a minha primeira
FanFiction relacionada à
Harry Potter e a história
se passa durante o livro 6.
Tentarei mantê-la
fiel ao livro na medida do
possível. Espero que
gostem!
Capítulo 1 – Novo Ano
Estação King’s Cross, primeiro de setembro, 10:40AM. Acabara de me despedir dos meus pais e atravessara o portal mágico, ao qual eles não poderiam atravessar por serem trouxas, e chegara à plataforma 9 ¾, onde pegaria o trem que me levaria ao início do meu sexto ano em Hogwarts.
Empurrei o carrinho de bagagem sem destino pela plataforma, procurando algum rosto conhecido para não ter que entrar no trem sozinha.
- GINA! – gritei ao avistar uma menina de longos cabelos cor de fogo, que ao ouvir seu nome virou o rosto abrindo um grande sorriso.
- ! – ela falou, enquanto eu deixava meu carrinho de lado e ia ao seu encontro, sendo recebida com um abraço – Como passou as férias?
- Bem. Viajei com meus pais para Miami... Foi divertido. – falei dando de ombros. Nunca gostei muito de viagens em família, sempre são monótonas, mas meus pais adoravam e as faziam pelo menos de dois em dois anos, o que me deixava com um ano de folga para aproveitar com os amigos.
- Agora entendo por que você não recebeu minhas cartas. – ela falou rindo.
- Ah, sinto muito. – falei e ela fez uma expressão como se dissesse “não se preocupe” – Mas e as suas férias? – perguntei, apoiando-me em uma das barras do carrinho de bagagem, me balançando para frente e para trás, o que fez , minha coruja, piar incomodada com o movimento contínuo.
- O de sempre... Passei o verão n’A Toca com minha família. Hermione veio no fim das férias. Harry também. – ela disse abrindo um pequeno sorriso ao mencionar o nome de Harry. Harry Potter, ou como agora o Profeta Diário supostamente o nomeava, ‘O Eleito’. Harry perdera os pais quando tinha apenas um ano por causa de você-sabe-quem, e sobrevivera misteriosamente herdando apenas uma cicatriz em forma de raio na testa. Agora era dito como o único que poderia salvar o mundo bruxo d'Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Mas a questão é que Gina sempre fora apaixonada por ele, desde que, segundo o que ela me disse, o viu pela primeira vez na estação King’s Cross, quando ele iniciaria seu primeiro ano em Hogwarts e, mesmo ela tendo “casos” com outros garotos, não conseguia esquecê-lo, o que o fazia ser assunto principal de nossos diálogos, vez ou outra.
- E então...? – perguntei com um pequeno sorriso maroto nos lábios.
- Ah... O de sempre. Mas é melhor do que nada, não é? – perguntou rindo.
- Com certeza.
- Ei Gina, se apresse, o trem já vai partir e... Er, oi? – nossas risadas cessaram quando notamos a presença de um garoto alto, branco e de cabelo ruivo. Era Rony, irmão de Gina.
- Rony, essa é a . Ela fez parte da Armada de Dumbledore no último ano e... Vocês estudam juntos.
- Ah sim, me lembro dela! Você costuma se isolar um pouco nas aulas, não é? – fiz uma expressão como se dissesse “um pouquinho”, fazendo-o rir – E quase quebrou a perna do Zacarias Smith ao estuporá-lo. Sou um grande fã. – rimos ao relembrar de tal cena na sala precisa – Mas é melhor irmos andando, o trem vai partir e eu tenho que encontrar Harry e Hermione. Até mais. – ele falou e seguimos para o trem, onde Gina e eu dividimos um compartimento com Luna e Neville.
- Bom dia. – sentei-me no banco ao lado de Neville, de frente para Luna e Gina – Belo óculos, Luna. – sorri.
- Ah, sim. Eles são feitos para detectar zonzóbulos. São bastante úteis. – ela falou, voltando a prestar atenção no seu exemplar d’O Pasquim.
- Com certeza... Mas e você, Neville, como passou as férias?
- Em casa com a minha avó. Ganhei um livro sobre plantas mágicas que pude estudar durante esse tempo, é fascinante. – ele falou abrindo um meio sorriso.
- Ah sim... Ganhei um “Excede Expectativas” nos N.O.M’s de Herbologia... Mas até que consegui um “Ótimo” em Poções! Me auto-surpreendi com essa capacidade. – falei e todos rimos, iniciando uma conversa sobre os N.O.M’s que Luna e Gina fariam esse ano, dando exemplos de como era de acordo com as experiências que Neville e eu tivéramos no ano passado.
Ao chegarmos à estação de Hogsmeade, seguimos para as carruagens que nos levariam a Hogwarts para assistirmos à cerimônia de seleção das casas com o velho, porém incrível, chapéu seletor, que a cada ano criava uma nova canção.
O chapéu cantara nos estimulando a nos unirmos para combater o inimigo e logo depois os alunos foram selecionados e se sentaram nas mesas de suas respectivas casas.
Após todos estarem sentados, Dumbledore levantou-se dando os cumprimentos de sempre e nos contou a novidade de que o Professor Slughorn havia interrompido sua aposentadoria e voltaria a lecionar em Hogwarts na disciplina de Poções, e que Snape assumiria o cargo de professor de Defesa contra as Artes das Trevas. Ótimo, pensei ironicamente.
A refeição foi servida e, como de costume, passei a observar as pessoas ao meu redor. Pude notar Hermione e Rony um pouco aflitos e também percebi que Harry estava ausente, o que talvez fosse a explicação da agitação dos dois.
Instantes depois, Harry apareceu pela porta do salão principal com roupas de trouxa e o nariz ensangüentado. Ele caminhava apressadamente, provavelmente para tentar passar despercebido, algo completamente impossível devido aos seguintes fatos: Ele chegara atrasado; Estava com roupas de trouxa e o nariz cheio de sangue; Ele é Harry Potter.
Depois de finalmente atravessar o Salão Principal inteiro, se aproximou da mesa Grifinória e sentou-se ao lado de Rony.
- Caramba! Que foi que fez no rosto? – Pude ouvir Rony perguntar, quase aos berros.
- Por que, tem alguma coisa errada? – Harry perguntou num tom mais sereno, porém ainda audível, pegando uma colher sobre a mesa para observar seu reflexo.
- Você está coberto de sangue! – disse Hermione – Vem cá... – ela ergueu a varinha e disse: - Tergeo! - e a varinha então aspirou todo o sangue do rosto de Harry.
- Obrigado. – agradeceu, apalpando o rosto agora limpo – Como é que está meu nariz?
- Normal. – respondeu Hermione ansiosa – Por que não estaria? Diga-nos o que aconteceu, ficamos apavorados!
Harry respondeu à pergunta num tom baixo, não me permitindo ouvir, o que me fez perceber que ele não queria bisbilhoteiros em sua conversa, então logo voltei a prestar atenção na comida que ocupava meu prato.
Quando o jantar foi encerrado, segui para o salão comunal acompanhada de Neville, que falava animadamente sobre algum tipo de planta, chamada Arapucoso, acho, ao qual eu tentava (ou ao menos fingia) prestar atenção para que não o magoasse.
- Chizácaro. – disse ao chegarmos ao quadro da Mulher Gorda, que logo se afastou abrindo a passagem à sala comunal da Grifinória.
- Bom, já vou indo, Neville, tenha uma boa noite. – sorri ao me despedir, seguindo em direção à escadaria que levava ao dormitório feminino, ouvindo Neville falar algo como “noite” em resposta.
Notei que havia sido a primeira a chegar no quarto, algo que acontecia continuamente desde meu primeiro ano. Minha meta para o primeiro dia era sempre a mesma: Entrar no trem, comer feijõezinhos, jantar, me jogar na cama e esperar pela morte lentamente. Certo, tirando a parte da morte, já que eu só sentira isso no primeiro ano, pois me achava uma aberração por ser a única com poderes mágicos na família, mas isso é um caso à parte.
Sentei-me na beirada da cama que normalmente ocupava, tirando alguns pertences de meu malão como livros não-escolares, deixando-os em uma mesinha ao lado da cama, um conjunto de pijamas, para poder me arrumar para dormir e um troféu em forma de estrela, o qual ganhara quando tinha sete anos em uma competição na minha antiga escola trouxa e não conseguia viver sem, por isso sempre trazia para servir de enfeite no quarto.
Tirei as vestes da escola, colocando o pijama, e me endireitei sobre a cama para aproveitar a longa noite de sono que teria pela frente.
Capítulo 2 – Ataque Silencioso
A luz que aos poucos invadia meus olhos me deixava zonza. Apoiei minhas mãos, uma de cada lado de meu corpo, e fiz força para me erguer sobre a cama, ficando sentada com os joelhos dobrados.
Olhei ao redor do quarto, notando que alguém acabara de sair, provavelmente Hermione, e que Lilá e Parvati já estavam acordadas e vestidas com o uniforme. Pude ouvir Lilá comentar algo como “Viu como o Rony está ainda mais bonito do que no último ano?” e algo como “Pois é, pena que Padma não teve sorte com ele no quarto ano” acompanhada de risadinhas.
Revirei meus olhos antes de levantar de uma vez, murmurando um ‘bom dia’ aos seres presentes no cômodo e ouvi um ‘dia’ em uníssono como resposta. Mas afinal, por que todo mundo tem essa mania de falar pela metade? É preguiça ou medo de gastar saliva em excesso? Pelas calças de Merlim!
Não demorei mais que dez minutos para ficar pronta. Arrumei meu cabelo em um alto rabo-de-cavalo durante o caminho ao salão principal, prendendo-o com um elástico vermelho, para não sair do clima grifinório.
O teto do Salão Principal possuía uma cor azul clara, com um fraco brilho de sol que surgia por trás de algumas nuvens espalhadas pelo céu. Andei calmamente até a mesa da Grifinória, tentando localizar Gina que, provavelmente, já havia descido para o café.
- Bom dia. – disse sorrindo, sentando-me ao lado de Gina e de frente para Neville, que tinha Dino Thomas ao seu lado, junto de Simas.
- Bom dia, . Como passou a noite? – perguntou Gina, com um sorriso meigo.
- Ah... Bem, muito bem. – disse, servindo-me com um pouco de suco. – Creio que Lilá está tendo um surto de paixão pelo seu irmão. – sussurrei para que só ela me ouvisse
- A Lilá está afim do Rony? – ela perguntou e eu apenas confirmei com um breve aceno de cabeça, passando a fitar o outro lado da mesa, onde o ser louro fofocava entre risadas com Parvati.
- Bom... Acho que ela está com sorte. – Gina falou sussurrando – No estado de desespero que meu irmão se encontra, ele fica com a primeira que aparecer. – ela concluiu e nós rimos, até notar que o próprio Rony, assim como Hermione e Harry haviam acabado de chegar ao salão principal.
Comi um pedaço de ovo, deixando o bacon de lado, por nunca ter sido muito fã de carne suína, enquanto Hermione sentava-se ao meu lado, de frente para Rony e Harry, que haviam sentado no outro lado da mesa.
- Bom dia. – Hermione disse, com o pequeno, porém simpático sorriso de sempre, e eu correspondi com um leve aceno de cabeça, também sorrindo.
Ela logo voltou a conversar com Harry e Rony. Algum tempo depois, a Professora McGonagall se aproximou, distribuindo os horários dos alunos do 6º ano, que eram programados de acordo com as notas obtidas nas N.O.M’s.
- Tenho que lhe dar meus cumprimentos, srt.ª . De acordo com suas expectativas para o futuro, almejando ser aurora, fico feliz de que sua menor nota tenha sido um “Excede Expectativas” em Herbologia. – ela falou com um pequeno e meigo sorriso no rosto – Aqui está seu horário. Sua primeira aula será de Defesa contra as Artes das Trevas com o Professor Snape. Não se atrase.
- Certo. Obrigada, Professora McGonagall. – sorri agradecida e me despedi de Gina, me direcionando à saída do Salão Principal.
Voltei para a Sala Comunal, vendo que havia poucos alunos na mesma. Acomodei-me em uma das cadeiras perto da lareira que, no momento, estava apagada, e peguei um livro abandonado em cima do sofá, começando a folheá-lo, tentando achar uma maneira de me distrair.
Algum tempo depois, ouvi a passagem da mulher gorda sendo aberta e pude observar Harry e Rony entrando. Ambos começaram uma conversa com Cátia Bell e voltei a prestar atenção no livro que era sobre um romance, aparentemente de autor trouxa.
O tempo se passou e, quando me dei conta, faltavam apenas dez minutos para o início da aula de Defesa contra as Artes das Trevas. Esse sempre fora meu problema com livros, quando começava a ler, sempre me desligava do mundo ao meu redor.
Saí correndo da sala comunal, podendo observar que alguns se assustaram com minha atitude brusca e me direcionei o mais rápido possível a sala onde haveria a aula e, quando estava quase chegando, meu pé decidiu me fazer tropeçar, fazendo com que eu esbarrasse em três inocentes que se encontravam mais à frente no corredor.
- ! Você está bem? – pude reconhecer a voz de Hermione, já que não conseguia enxergar devido à tontura que senti.
- Atrasada... Aula... Snape... – falei desordenadamente e pude ouvir uma risada seguida de um barulho de tapa.
- Vem, levanta. – ouvi uma voz masculina, a qual supus ser de Harry, e vi uma mão estendida à frente, que segurei para conseguir apoio.
- Obrigada. – sorri – Mas, se eu não conseguir entrar no próximo minuto, mato vocês. – rimos e andamos apressadamente em direção à sala.
Instantes depois de entrarmos, houve um estrondo de porta batendo e um Snape, com sua capa preta esvoaçante, apareceu na sala, pondo-se em frente à escrivaninha e passando a encarar todos os presentes na sala.
- Quero conversar com os senhores e exijo sua total e absoluta atenção. – ele falou, ainda a nos encarar – Creio que já tiveram cinco professores nesta matéria. – Ah, sério? Nem percebi. – Naturalmente, cada um teve seu método... – E depois tudo o que eu ouvi foi blá, blá, blá.
Nunca gostei de ouvir discursos iniciais dos professores, minha sorte era que eu sempre fora boa em fingir prestar atenção em algo que eu nem sabia do que se tratava.
Ele andava em volta dos alunos, falando de forma inexpressiva, como sempre, mirando cada aluno com total atenção ao passar e, aos poucos, retornou à sua escrivaninha.
Pelo que pude perceber, perguntara alguma coisa, que, como de costume, Hermione prontamente respondera e, pelo riso debochado de Malfoy, notei que Snape esnobara, como de costume, a resposta da mesma.
Observei alunos começarem a se levantar, dividindo-se em pares e uma voz sem emoção surgiu atrás de mim dizendo:
- Creio que deve se achar superior ao ignorar minhas ordens e continuar imóvel, estou correto, srt.ª ?
Assustada, me virei observando os olhos frios de Snape sobre mim.
- Ah, Professor, me desculpe. – disse e me levantei, formando par com a primeira pessoa que vira na minha frente; um sonserino, que era bem alto, possuía cabelos negros, dentes tortos e pele pálida.
Demorei um pouco para descobrir o que devíamos fazer até ouvir alguém murmurar “Fazer feitiços mudos, como se isso fosse possível!”
O garoto com qual fazia dupla, como todos, parecia já ter desistido de realizar tal proeza e começara a sussurrar os feitiços, os quais eu repelia igualmente sussurrando.
Já haviam se passado alguns minutos e a aula continuava nesse estado ridículo, até Snape se pronunciar pela primeira vez durante todo o exercício.
- Patético, Weasley. – ele falou com seu costume tom de desprezo, direcionando seu olhar a Rony, que possua um tom levemente púrpura no rosto – Deixe-me mostrar...
Snape virou a varinha rapidamente na direção de Harry, que instintivamente apontou a varinha de volta ordenando o feitiço Protego em alto e bom som. Depois disso, tudo o que se pôde ouvir foi o estrondo que Snape produziu ao se desequilibrar e bater em uma carteira.
- Você está lembrado que eu disse para praticar feitiços não-verbais, Potter?
- Sim. – ele respondeu.
- Sim, senhor. – Snape retrucou, frisando a palavra ‘senhor’.
- Não é preciso me chamar de ‘senhor’, professor. – Harry respondeu e eu tive que me conter para não dar uma gargalhada como muitos na sala, com exceção de Rony, Dino e Simas, que riram abertamente.
- Detenção, sábado à noite, meu escritório. – disse Snape – Não admito atrevimento de ninguém, Potter... Nem mesmo do Eleito. – ele falou e os risos se cessaram – Agora, para demonstrar o uso correto de feitiços não-verbais, gostaria de chamar o Sr. Malfoy e... – disse, observando Draco se direcionar à frente da sala – Por que não a srt.ª , que pude observar estar muito à vontade com a aula?
Direcionei-me à frente da sala, me colocando na frente de Draco, que me fitava com um semi-sorriso sarcástico. Ele empunhou a varinha, e eu repeti o movimento, continuamente ordenando em pensamento, com os olhos fechados, o feitiço Protego e depois tudo o que ouvi foi um estrondo que, quando abri os olhos, pude notar que fora causado por carteiras, que agora jaziam caídas no chão com Draco, que possuía uma expressão de dor no rosto, sobre elas.
Alguns alunos tentavam segurar a vontade de rir da cena, enquanto Snape me olhava com uma expressão de surpresa e eu dividia os olhares em direção a Draco e Snape, com uma expressão perplexa.
- Impressionante, srt.ª . Tão impressionante que me vejo obrigado a dar 10 pontos para a Grifinória... Sem deixar, é claro, de tirar 20 pelo pequeno estrago que causou à minha sala de aula. – ele falou com um sorriso debochado nos lábios que me fez ter vontade de estuporá-lo ali mesmo – Estão liberados.
Aos poucos todos saíram da sala de aula para aproveitar o intervalo.
Capítulo 3 – Nova Companhia.
Fui uma das últimas a sair da sala de aula. Analisava atentamente o grande número de lição de casa que Snape havia passado, enquanto caminhava de volta à sala comunal. Afinal, por mais que estivesse no intervalo, era bem melhor que eu adiantasse a matéria que necessitaria para os N.I.E.M’s do que ficar gastando tempo passeando pelo castelo.
Ainda observando as anotações que havia pegado emprestadas de Anna, uma colega lufa-lufa que também pertencera à Armada de Dumbledore, acabei esbarrando em alguém sem querer.
- Sinto muito. – disse, virando-me para me desculpar.
- O que foi? Além de me derrubar no meio da sala de aula, humilhando-me na frente de todos, ainda quer arrancar meu braço fora? – Draco Malfoy, como sempre, respondera de modo arrogante.
- Eu já pedi desculpas. Agora, se me der licença, tenho que seguir meu caminho. – disse, voltando a caminhar, logo sendo interrompida por uma mão que envolvera fortemente meu braço.
- E se eu não der? – ele falou, sorrindo sarcasticamente, com uma das sobrancelhas erguidas, dando-lhe uma expressão sugestiva.
- Olha, Draco, se você não soltar meu braço...
- O que você vai fazer? Espirrar seu sangue imundo em mim? – disse, ainda debochado.
- Não, mas poderia facilmente quebrar sua cara com táticas trouxas. – falei e apertei seu braço, com o intuito de fazê-lo me soltar, o que ele rapidamente cumpriu, deixando um gemido de dor escapar de seus lábios, o que achei estranho. Afinal, desde quando eu tivera tanta força?
Deixando Draco com uma expressão amargurada para trás, segui meu caminho de volta à sala comunal, dando início às lições de casa.
Nota mental: Arquitetar um assassinato, que não deixe pistas, até o final do ano e executá-lo em Severo Snape. Sério, que tipo de professor doentio passaria um dever de casa tão complexo no primeiro dia de aula? Só um mal amado. O que eu não duvido que ele seja.
- Atrapalho? – alguém atrás de mim perguntou e eu soltei um pequeno berro, devido ao susto. Definitivamente, fazer lição me deixava atormentada.
- Ei, desculpa. – Rony, sem graça, disse.
- Ah, não, não foi sua culpa... Esses deveres que o Snape passou estão me deixando desorientada. – falei, desmanchando o rabo de cavalo e colocando o elástico no pulso.
- Muito difícil? – perguntou Harry, sentando-se ao meu lado, de frente para o sofá que estava servindo de mesa.
- Complexo e cansativo.
- Isso para mim soa como impossível. – Rony disse, sentando-se no sofá e fazendo algumas das minhas folhas de estudos ‘voarem’.
- É, quase. – falei, fazendo uma careta provavelmente engraçada, devido à maneira que eles riram.
- Ei... Bom... Você sabe... Hermione não está aqui... E você é inteligente, e... – Rony começou a falar.
- E vocês querem ajuda nos deveres. Estou certa? – ri quando eles balançaram a cabeça afirmativamente.
Peguei o pergaminho onde meu trabalho se encontrava praticamente completo e comecei a ajudá-los, explicando da maneira que havia entendido o conteúdo, e dando ideias de como expressar um mesmo trabalho de maneira diferente, para que Snape não notasse nenhum vestígio de cópia. Como se isso fosse necessário para ele prejudicar a Grifinória.
Algum tempo depois, Hermione apareceu e também começou a nos ajudar. Em pouco tempo, meu pergaminho ficou pronto e os dos meninos faltando menos da metade, que eles concluiriam mais tarde.
Seguimos juntos para o Salão Principal, todos me olhavam como se eu fosse algum tipo de alienígena e, quando ouvi um comentário de um corvinal dizendo algo como ‘Agora o trio virou quarteto?’, pude entender o súbito interesse sobre minha pessoa. Porque, bom, eu estudava aqui há mais de cinco anos e sempre fora vista como um fantasma... Na verdade, fantasmas tinham mais destaque do que eu nesse lugar.
- Ei, , esqueci de comentar sobre o que você fez com o Malfoy na aula... Aquilo foi simplesmente incrível! – Rony disse com uma cara divertida – Daria tudo para ser você naquele momento.
- A cara de raiva dele foi impagável! – Harry acrescentou e Hermione apenas revirou os olhos.
- Admiro-me que vocês tenham ficados surpresos com a ação dela... Caso você não se lembre, Harry, ela era uma das que melhores se desempenhavam ano passado nas suas aulas. – ela disse.
- É sim... Ela e Gina eram as melhores... – nota mental: contar à Gina do elogio que Harry fez – Assim como você, Hermione. – ele acrescentou e ela riu.
- Voltando a falar do Malfoy... – comecei – Aquele garoto tem problemas psicológicos.
- Ah... Isso não é novidade. – Rony disse – Mas por que está dizendo isso?
- Eu esbarrei nele depois da aula e pedi desculpa, mas ele agarrou meu braço e começou a me ofender... Parece não ter auto-estima, ou tem, em base de ofender os outros. Tanto faz.
- E o que você fez? – Hermione perguntou.
- Nada demais... Só respondi à altura e apertei o braço dele para que me soltasse, e ele soltou rapidinho... Parecia que eu tinha o queimado, ou algo do tipo... – disse, sem dar importância.
- O braço dele? Queimado? Viu, Hermione, mais uma prova! – Harry falou como se fosse o dono da razão e eu fiz uma cara de ‘hã?’ que logo foi respondida por Hermione.
- Harry está obcecado com a ideia de Draco ser um comensal da morte. Então, acha que o fato do braço dele ter doído quando você o apertou é por causa da marca recém-feita.
- Olha... Pode até fazer sentido...
- Viu? – Harry exclamou sorridente.
- Mas eu acho que Draco é muito incompetente para ser um seguidor de você-sabe-quem. – o sorriso que havia em seu rosto se desmanchou, se transformando em uma expressão de descrença.
- Independente da opinião de vocês, continuo a acreditar que Draco seja um comensal.
O assunto se encerrou ali e continuamos o nosso caminho com assuntos mais agradáveis e divertidos.
Entramos no Salão e Harry e eu seguimos indo nos sentar em um dos lados da mesa, enquanto Hermione e Rony iam juntamente para o outro. Acenei para Gina, sorrindo e dizendo um ‘oi’ enquanto me sentava ao seu lado, que me cumprimentou com um meio sorriso, voltando a prestar atenção em seu almoço. Estranhei a atitude dela e continuei a conversar com Harry.
Durante o tempo livre depois do almoço, fiquei conversando com Hermione assuntos aleatórios enquanto ela ajudava Harry e Rony a finalizarem seus trabalhos e finalizava o seu próprio. Não demorou muito e a hora da aula de Poções com o novo professor, Slughorn, havia chegado.
Seguimos para as masmorras e eu me apressei para sentar em alguma mesa quando vi Ernesto McMillan se aproximar do trio. Digamos que sou do tipo que evita contato social. Enfim.
Olhei ao meu redor, procurando ver alguém conhecido e me deparei com três dos quatro sonserinos que haviam sido aprovados, me observando. Teodoro Nott, Pansy Parkinson e Draco Malfoy me olhavam como se eu tivesse algum tipo de doença contagiosa que, olhando pelo lado de eu ser nascida trouxa, para eles era como eu realmente tivesse.
Slughorn logo entrou e cumprimentou a turma:
- Ora muito bem, ora muito bem, apanhem as balanças e os kits de poções e não se esqueçam do manual de Estudos avançados no preparo de poções.
Preparei tudo que era necessário sobre a mesa e Slughorn pôs-se novamente de frente a classe e começou a falar:
- Preparei algumas poções para vocês verem, apenas pelo interesse que encerram, entendem? São o tipo de coisa que deverão ser capazes de fazer ao fim dos N.I.E.M’s. Já devem ter ouvido falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las. Alguém pode me dizer qual é esta daqui? – O professor apontou para o primeiro caldeirão e pude ver a mão de Hermione se estender.
- É Veritaserum, uma poção sem cor nem odor que força quem a bebe a dizer a verdade. – ela respondeu.
- Muito bem! – elogiou Slughorn – Agora a seguinte, também é uma poção bem conhecida... E apareceu em alguns folhetos do Ministério ultimamente... Alguém sabe?
- É a Poção Polissuco, senhor. – Hermione, novamente, respondeu.
Encarei a poção que tinha uma aparência meio lamacenta, fazendo uma careta.
- Excelente! Agora esta outra aqui... Sim? – ele se viu interrompido ao ver a mão de Hermione estendida mais uma vez.
- É Amortentia! A poção de amor mais poderosa do mundo! – disse.
- Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?
- E o vapor subindo em aspirais características, – respondeu animada – e dizem que tem um cheiro diferente para cada um de nós, de acordo com o que nos atrai, e eu estou sentindo cheiro de grama recém-cortada, pergaminho e... – ela não completou a frase, e pude notar o tom avermelhado em seu rosto.
Concentrei-me no odor que a poção possuía e pude sentir o cheiro de rosas, páginas de livros novos e chocolate. Um pequeno sorriso se formou em meus lábios e eu fechei os olhos, apreciando mais o cheiro delicioso que a poção proporcionava.
Acordei de meu leve transe, voltando a prestar atenção na aula e vi que Slughorn falava algo sobre uma poção chamada Felix Felicis e, ao olhar para o lado, notei um grande interesse vindo de Draco sobre tal assunto.
- Essa é uma poção engraçada... – explicou – Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que seus esforços serão recompensados... Pelo menos até passar o efeito. E é essa poção que oferecerei de prêmio nesta aula.
Ele começou a explicar o que deveríamos fazer para ganhar o minúsculo pote de vidro com uma dosagem de porção da sorte de duração de doze horas. Ele disse que deveríamos tentar fazer uma Poção do Morto-Vivo no mínimo apresentável e, então, a melhor poção ganharia o frasco com o conteúdo de Felix Felicis.
Tentei ao máximo fazer a Poção do Morto-Vivo, mas no final parecia mais uma Poção Polissuco, de tão escura e lamacenta que ficara.
- Acho que deverá se esforçar mais na próxima vez, srt.ª . – dei um meio sorriso sem graça e instantes depois Harry foi anunciado como o vencedor por ter preparado a poção perfeitamente. Sorri para ele que retribuiu, voltando a conversar com Rony e Hermione, enquanto eu guardava minhas coisas para poder deixar a sala de aula.
Capítulo 4 – Briga Por Ciúmes
Estava no caminho para sala comunal da Grifinória quando algo suspeito me chamou a atenção. O que será que Draco fazia a essa hora da noite no sétimo andar, sendo que a sala comunal da Sonserina ficava nas masmorras?
Minha curiosidade falou mais alto que o bom senso e eu decidi segui-lo. Obviamente, de forma que não fosse percebida.
Sempre que ele olhava para trás, o que fez mais vezes do que eu pensava que faria, eu dava um jeito de me esconder atrás das colunas de mármore ou, quando não dava, usava o feitiço confundus, o que o fazia continuar a andar, atordoado, sem lembrar-se do que iria fazer naquele instante.
Ele virou o corredor e eu me escondi atrás de uma coluna de mármore, vendo que ele havia parado para conversar com duas garotas estranhas e depois começar a andar para lá e para cá, até uma porta aparecer na parede. A Sala Precisa, pensei.
Ele entrou e, seguidamente, a porta desapareceu. Fiquei intrigada com tal cena. Para que Draco iria precisar da Sala Precisa? Havíamos usado a mesma ano passado para poder combater o regime da Umbridge, mas Draco... “Harry está obcecado com a idéia de Draco ser um comensal da morte.” - As palavras de Hermione vieram à minha cabeça. Mas não, Draco não poderia ser um comensal. E mesmo que fosse, o que o uso da Sala Precisa teria a ver com isso? E foi com tal pensamento martelando na cabeça que cheguei à sala comunal da Grifinória, me sentando ao lado de Gina.
- Olá, Gina. Não te vi no jantar hoje. Aconteceu algo? – perguntei. Ela parecia extremamente concentrada em seu livro de Feitiços.
- Não. Só estava sem fome. – ela respondeu sem tirar os olhos do livro.
- Ei... – falei, mas ela continuou sem tirar os olhos do livro – Você pode, por favor, deixar esse livro de lado por um segundo e prestar atenção em mim?
- O que foi? – ela fechou o livro e me encarou com uma expressão que parecia de raiva.
- Eu te fiz alguma coisa para você estar com tanta raiva de mim? Só queria te contar o que o Harry...
- Desculpe, mas eu não estou interessada no que você e o Harry andam fazendo por aí. – ela não havia elevado o tom de voz, mas tais palavras soaram como trovões para meus ouvidos.
- Espera, Gina. Você não acha que o Harry...
- Como eu já disse, o que vocês fazem ou deixam de fazer não me interessa. Agora, se me der licença, eu preciso dormir. – ela se levantou e seguiu para o dormitório, enquanto eu continuava sentada e sem reação ao pequeno ataque de ciúmes que ela dera. Afinal, eu convivera os últimos dois anos lado a lado com Gina, como ela podia sequer pensar que eu teria algo com Harry? Isso é ridículo.
- O que houve? – acordei de meus pensamentos ao ouvir a voz de Harry. Algo que podemos dizer ser até irônico em tal situação.
- Hm... Nada... Ela disse que estava cansada e foi dormir.
- Ela parecia enérgica quando ficou reclamando, junto com Hermione, sobre o livro que eu usei na aula de poções hoje.
- O que tem seu livro?
- Hã... Eu não sabia que seria aceito nas aulas de poções, já que achava que Snape continuaria como professor e eu só tinha conseguido ‘Excede Expectativas’ nas N.O.M.’s, então não comprei material e Rony e eu tivemos que pegar emprestados livros usados que estavam guardados na sala do Slughorn. Sendo que, o qual eu peguei, tinha várias dicas, não citadas no livro, para a preparação das poções.
- Ah, por isso você conseguiu fazer a Poção do Morto-Vivo perfeitamente. – disse e ri da careta que ele fizera.
- Pois é... E elas acham que é perigoso. – concluiu.
- O que pode haver de perigoso? São apenas anotações de um aluno que estudou aqui antes da gente, que neura. – falei e ri, sendo acompanhada por Harry.
- É exatamente o que eu penso!
Continuamos conversando durante algum tempo e depois decidi me retirar para dormir.
Levantei-me, me despedindo de Harry, e segui para o dormitório.
Quando cheguei, o quarto se encontrava vazio. O que já era de se esperar, sendo que Hermione ainda estava na sala comunal e Lilá e Parvati sempre iam dormir mais tarde.
Deitei-me na cama, já com meus pijamas, e dei uma olhada no pequeno troféu em forma de estrela, que era a única coisa que me fazia me lembrar do ‘mundo real’ quando estava em Hogwarts.
Um pequeno sorriso escapou de meus lábios e eu fechei os olhos, adormecendo.
Duas semanas se passaram desde minha pequena briga com Gina na sala comunal e, desde então, ela havia parado de falar comigo e eu, obviamente, também deixara de falar com ela.
Minha amizade com Hermione se fortalecia aos poucos e ela tentava de todas as maneiras possíveis achar uma forma para que Gina e eu fizéssemos as pazes, mas nenhuma de nós queria ceder. Eu, claro, com razão.
Havia combinado de assistir os testes para o time de Quadribol com Hermione depois do café da manhã, mas como acordara tarde e Gina já estava sentada junto a ela, acabei decidindo por me sentar no final da mesa, ao lado de um garoto que, pelo que eu sabia, estava em seu sétimo ano e fazia certo sucesso com as garotas de todas as casas.
- Importa-se de eu me sentar aqui? – sorri, sendo amigável.
- Não... Sem problema. – ele deu um sorriso torto e voltou a observar o mingau de aveia que havia em sua tigela.
Eu nunca reparara muito, mas Robert, o garoto com quem acabara de falar, tinha belos olhos azuis que combinavam harmoniosamente com seus cabelos castanhos claros e... Certo, desde quando eu fico reparando em combinação de cor de cabelos, olhos e afins em garotos? Isso é tão coisa da Lilá.
Comecei a comer notando que, vez ou outra, Robert olhava para mim de soslaio, o que me fazia corar imediatamente. E, sempre que isso acontecia, ele soltava uma risada, o que me deixava ainda mais corada.
Quando me levantava para sair do Salão Principal, olhei para trás, procurando por Hermione, e notei que Lilá sorria abertamente para Rony, o qual retribuiu e saiu do Salão Principal parecendo um pavão desengonçado, fazendo-me rir.
Aproximei-me por trás de Hermione, que já se encontrava sozinha e com uma expressão fria no rosto, e cochichei em seu ouvido:
- Problemas com o Ronald?
- Mas o que... ! – ele gritou exaltada e eu comecei a rir da expressão de indignação que ela fizera.
- Que estresse, Mione. Então, vamos assistir os testes ou não?
- Hum, claro. Vamos. – ela disse e saímos do Salão Principal.
Os testes estavam indo bem. Harry liderava meio desajeitado, mas se ajustava de acordo com cada apresentação dos possíveis jogadores.
O teste para goleiro já havia começado há algum tempo e Córmaco McLaggen estava indo extremamente bem, até que, na quinta defesa, pareceu perder o foco e voou para direção contrária da goles. O estranho é que isso aconteceu ao mesmo tempo em que Hermione parecia ter tossido ou espirrado. Suspeito.
Depois de Córmaco, foi a vez de Rony e eu pude ouvir um alto grito dizendo ‘Boa sorte’ vindo de Lilá, notando também que Hermione fechara a cara. Mas não comentei nada, para não estressá-la ainda mais.
Rony defendeu todos os cinco lançamentos e logo ficou óbvio para todos que ele seria escolhido como goleiro oficial da Grifinória. Hermione possuía um sorriso no rosto devido ao resultado.
- Eu tenho deveres para concluir, é melhor eu ir... – falei me levantando, direcionando uma piscadela a ela, sugestionando, indiretamente, para que fosse falar com Rony. Ela apenas sorriu de volta e seguiu em direção à quadra, enquanto eu voltava para o castelo.
Capítulo 5 – Sonho Estranho
- Olá, . – Encostado ao lado de uma coluna de mármore, na entrada para o castelo, com um sorriso torto e sarcástico no rosto, estava Draco Malfoy.
- Hm, olá, Malfoy. – disse, entrando no castelo.
- O que foi, ? – ele perguntou, frisando meu sobrenome – Está me evitando? Está com medo de que seu namoradinho, ou melhor, namoradinhos, fiquem com ciúme?
- Namorado? Você bateu com a cabeça? Não que realmente precise disso para agir como um completo desequilibrado, mas...
- Você e Potter andam bem grudados ultimamente, e todo mundo viu a troca de olhares entre você e Colfer durante o café da manhã. Não se contenta com apenas um perdedor por vez? – ele perguntou risonho.
- Por acaso anda me espionando, Draco? – perguntei e ri da expressão de confusão que seu rosto possuía – Você deveria gastar seu tempo com coisas mais úteis e produtivas, sabia?
- Ah, claro. Você verá o resultado das coisas com que gasto tempo. – ele falou de um modo tão frio que até senti um arrepio subir pela espinha – Até mais, . – ele disse e saiu andando, enquanto eu retornava para dentro do castelo.
Passei o resto da tarde sozinha na sala comunal, me aprofundando mais na matéria de Transfiguração. Hermione estava em algum lugar dos terrenos de Hogwarts junto a Harry e Rony, o primeiro ao qual eu decidira me afastar aos poucos, para que ele não notasse que eu o evitava, para, então, a reconciliação com Gina ficar mais fácil. Algo que não estava progredindo muito.
Coloquei uma almofada sobre o braço do sofá e encostei minha cabeça na mesma. Suspirei, fechando meus olhos por alguns segundos, e decidi dar uma volta pelo castelo.
Draco estava novamente no sétimo andar. Seus olhos possuíam certa aflição ao olhar ao redor, provavelmente certificando-se se estava sozinho ou não, enquanto começava novamente a fazer o caminho em direção à Sala Precisa.
Segui-o silenciosamente e ele, diferentemente da última vez, não olhara nenhuma vez sequer para trás. Deu as três voltas seguidamente, dessa vez sem nenhuma das garotas estranhas por perto, e entrou na sala. Apressei-me em segui-lo e consegui chegar à porta antes que ela desaparecesse, conseguindo, então, entrar no local.
A sala parecia diferente da última vez que entrara nela. Estava lotada de móveis, livros, objetos de decoração, entre várias outras coisas, tudo de aparência velha e desgastada. Draco encontrava-se de frente para um móvel esquisito, a luz crepuscular que havia na sala criava um contraste em seu rosto, iluminando apenas um lado de suas feições, enquanto a outra se encontrava em completa escuridão.
Dei um passo à frente, silenciosamente, a fim de me aproximar do garoto, mas minhas pernas petrificaram ao ouvir a baixa e grave voz de Draco dizendo:
- O que faz aqui?
- Bem, eu...
- Como conseguiu entrar? – ele disse, mas já não se encontrava mais de costas para mim, e sim me fitando intensamente com seu par de olhos cinzentos e gélidos.
- Eu... Eu abri a porta. – disse, falando a única e mais estúpida coisa que me viera à mente.
- Isso era de se suspeitar. – ele falou, sarcasticamente.
- Mas e você? O que faz aqui? Não é a primeira vez que o encontro vindo pra cá.
Ele se aproximou mais, ficando perigosamente perto de meu corpo e, praticamente aos sussurros, falou:
- Você não gostaria de saber, . – pude sentir seu hálito quente bater contra meu rosto.
- Como pode ter tanta certeza disso? – perguntei igualmente aos sussurros e ele soltou uma leve e baixa risada.
- Há coisas tão óbvias no mundo que não há nem necessidade de se discutir sobre. – ele disse enquanto se afastava.
- Eu discordo. – disse, segurando-o pelo braço, impedindo de que se afastasse e, novamente, pude ouvir um pequeno gemido de dor escapar de seus lábios – O que você tem nesse braço?
- Nada. – ele disse rispidamente, logo desvencilhando seu braço do aperto de minha mão.
- Porque você é tão frio? Não vejo você agir diferente nem com seus amigos... Se é que você considera as pessoas com quem anda 'amigos'.
- Há certas coisas que você não pode contar às pessoas sem deixar de matá-las depois, ... ...
- ! – tudo o que conseguia ver à minha frente era um borrão vermelho que, aos poucos, se transformou em Gina Weasley – Está na hora do jantar. – ela falou com um sorriso sem jeito no rosto.
- Ah... Certo. Obrigada. – sorri e me levantei do sofá – Voltou a falar comigo? – perguntei sem jeito.
- Bom... É... Mas se você não quiser, eu vou... – não a deixei completar a frase e a abracei.
- Estava com saudades de você, ruivinha. – disse e rimos.
Seguimos juntas ao Salão Principal, conversando distraidamente, mas, mesmo assim, uma coisa não saía da minha cabeça: Eu havia tido um sonho estranho. Um sonho estranho envolvendo Draco Malfoy e, o pior, não era a primeira vez que isso acontecia.
Já havia tido sonhos envolvendo Draco pelo menos duas vezes durante as férias. Em um deles, ele estava acompanhado de uma mulher loura, que chorava desesperadamente em seu colo. E, no outro, estava sentado, aparentemente encostado a uma cama, passando os dedos levemente em seu braço, com uma expressão de dor. O significado? Sabia tanto quanto sabia do que tivera agora há pouco: Nada.
Assim que entrei no Salão Principal, a primeira coisa que vi foi um par de olhos azuis cinzentos e gélidos fixados em mim. Continuei andando até a mesa Grifinória, evitando notar o olhar de Malfoy e voltei a pensar sobre o sonho que tivera. Esse, de todos os sonhos que já havia tido com ele, havia sido o mais estranho e sem sentido. Afinal, o que ele estaria fazendo parado de frente para um armário de modo tão sombrio? O que teria de tão sombrio em um móvel velho? Eu provavelmente estava sofrendo de problemas psicológicos.
- Oi, . – Robert, que se sentava ao meu lado, falou. Estranho, já que eu nem me lembrava de ter sentado à mesa.
- Oi, Robert. O que faz aqui? Você costuma se sentar no final da mesa... – disse, sorrindo.
- Ah, eu... Bom, acho que... Acho que vale à pena mudar de vez em quando, não é? – ele possuía uma expressão de dúvida engraçada no rosto, a qual me fez rir.
- Com certeza, sim. Vai ser um prazer ter você como companhia. – disse e ele sorriu. E posso dizer que tinha um dos sorrisos mais bonitos que eu vira em toda minha vida.
Continuamos a jantar e todo mundo conversava animadamente. Gina, Harry, Rony, Hermione, Neville, Simas, Dino, Robert, eu e mais dois amigos de Robert, Jullian e Rodolph que, assim como ele, também estavam em seu sétimo ano.
A noite havia sido completamente perfeita, mas eu não tinha certeza se todo esse clima de felicidade iria durar.
Capítulo 6 – Hogsmeade
Era o dia da visita à Hogsmeade. Eu nem havia notado como o tempo havia passado rápido e acho que só havia percebido que o inverno havia chegado devido à neve que caia sobre o terreno de Hogwarts.
Quando acordei, notei que havia sido a última e segui para o banheiro, cuidando da minha higiene e depois me vestindo com uma calça jeans, camisa de manga comprida preta com um casaco branco por cima, botas de cor marrom, touca branca e um cachecol quadriculado em preto e cinza bem escuro.
Seguindo caminho para o Salão Principal, encontrei Gina, que possuía um rolo de pergaminho na mão.
- Bom dia, Gina. – sorri.
- Bom dia. – ela respondeu, também sorrindo.
- O que é isso na sua não? – perguntei curiosa.
- Algo que me pediram para entregar ao Harry. – ela falou, dando de ombros.
- Ah sim... Vai acompanhada para Hogsmeade?
- Vou com Dino. – o rosto dela expôs um meio sorriso – E você, vai com alguém?
- Acho que vou ter que me infiltrar no grupo de alguém. – falei e nós rimos, logo atravessando a porta para o Salão Principal.
Pude avistar Harry, Hermione e Rony mais adiante na mesa da Grifinória, conversando. Gina continuou caminhando até eles e eu a segui.
- Ei, Harry, me mandaram entregar isso. – ela estendeu o pergaminho, o qual Harry logo pegou.
- Obrigado, Gina... É a próxima aula de Dumbledore! – ele falou, seguidamente abrindo o pergaminho – Segunda à noite! – falou, com uma expressão de felicidade no rosto – Quer se encontrar com a gente em Hogsmeade, Gina?
- Estou indo com Dino, talvez a gente se veja lá – respondeu Gina, acenando ao se afastar.
- E você, , vai com alguém? – perguntou Rony, parecendo ser o único que notara a minha presença até aquele momento.
- Ah, bom... Na verdade... – fui interrompida por uma mão que tocara meu ombro, fazendo com que eu instantaneamente virasse meu rosto para ver a quem a mesma pertencia.
- Posso falar com você, ? – Robert perguntou. Ele usava uma touca azul marinho que deixava uma pequena parte da sua franja para fora, deixando-o ainda mais bonito, além de realçar a cor dos seus olhos.
- Claro que sim. – sorri meigamente – Até mais, vejo vocês em Hogsmeade. – disse me despedindo do trio e notei que Hermione possuía uma expressão sugestiva no olhar e um pequeno sorriso nos lábios. Ri da expressão dela e acenei, seguindo para a saída do Salão Principal, junto com Robert.
Estávamos perto da saída principal de Hogwarts, a grande porta de carvalho onde Filch verificava o nome dos alunos que tinham permissão para ir ao povoado, revistando-os rigorosamente.
- E então, ... Posso te chamar assim, não posso? – ele me olhou profundamente com aqueles olhos azuis, fazendo uma expressão de dúvida tão fofa que me deu vontade de apertar suas bochechas.
- Claro que pode Robert. – falei risonha.
- Então... Bom... Eu estava pensando se, você sabe, se você gostaria de ir para Hogsmeade comigo? Entendo se você preferir ir acompanhada de seus amigos, mas não custava perguntar e...
- Eu adoraria ir para Hogsmeade com você. – sorri e peguei em sua mão, o que o fez corar e expor um sorriso tímido.
Depois de uma longa e inútil inspeção feita pelo Filch, começamos a caminhada até o povoado de Hogsmeade. A propósito, bem desagradável por sinal. Estava ventando forte, o que fazia o tempo parecer mais frio do que realmente estava.
Robert segurava fortemente em minha cintura, deixando meu corpo próximo ao seu, no intuito de diminuir a sensação de frio em nossos corpos.
Ao chegarmos a Hogsmeade, vi que a Zonko’s estava fechada. Porém, felizmente, a Dedosdemel, o Três Vassouras e Madame Puddifoot estavam abertas.
- Então... Quer ir para Madame Puddifoot? – Robert perguntou enquanto tentava, inutilmente, proteger as orelhas com a touca. O frio o fazia ficar com um tom levemente corado no rosto e eu me perguntava se estava do mesmo jeito.
- Se não se importa, eu preferiria ir ao Três Vassouras. Os perfumes que usam na Madame Puddifoot são muito fortes e eu espirrei o tempo todo da última vez que estive lá. – corei ao lembrar-me do encontro desastroso que tivera no ultimo ano com Joseph, um garoto que estava no sétimo ano na lufa-lufa. O chato era que eu realmente estava gostando dele na época, mas, pelo menos, ele já havia concluído os estudos e eu não teria mais que vê-lo por Hogwarts.
- Sem problemas. – ele sorriu – Vamos então. – ele pegou minha mão e fomos caminhando até lá.
Ficamos conversando animadamente durante um bom tempo. O ambiente estava bem quente e aconchegante, e a cerveja amanteigada deliciosa como sempre. Robert era uma ótima companhia, engraçado, gentil, inteligente... Não era à toa que vez ou outra sempre se espalhava por Hogwarts várias histórias de garotas “afim” dele.
Estava distraída, olhando todos em volta, procurando por certo alguém em especial. Por mais que não quisesse admitir isso para mim mesma, eu estava procurando pelo rosto de Draco Malfoy.
Lembrei-me do meu primeiro ano em Hogwarts, quando estávamos em pé na escada esperando para sermos guiados ao Salão Principal, quando ele se apresentou para Harry... Naquele dia ele havia despertado certa paixonite por ele, a qual durou uns três anos, até eu perceber uma coisa que sempre fora óbvia para todos, menos para mim: Ele era um filhinho de papai arrogante e preconceituoso, ou seja, nunca teria nenhuma chance com ele. Sem falar que ele provavelmente nunca nem havia notado minha existência até esse ano, quando o “ataquei” na aula de Snape.
- O que você está olhando, ? – Robert perguntou, me fazendo perceber que estava há um bom tempo perdida em meus pensamentos, olhando para o nada.
- Eu? Para lugar nenhum. Só me distraí. – sorri, tendo um último flash do rosto de Draco em minha mente e voltando a conversa sobre o acidente que Robert tivera com a varinha de seu pai quando tinha apenas nove anos.
- Por que estão todos voltando para Hogwarts? – indaguei a Robert, quando saímos do Três Vassouras com intenção de ir à Dedosdemel, observando a longa e larga fila de pessoas saindo do povoado.
- Não sei... Mas não acha que é melhor acompanhá-los? – perguntou, enquanto tirava uma mecha de cabelo de meu rosto, colocando-a atrás de minha orelha.
Assenti com a cabeça e segurei forte em sua mão. Estava nervosa, não podia negar. Afinal, ninguém costumava voltar para Hogwarts antes do início do crepúsculo durante um passeio a Hogsmeade, nem mesmo nos invernos mais rigorosos, e passava pouco das duas horas da tarde.
Enquanto caminhávamos, prestava atenção nas conversas das pessoas ao redor. A maioria discutia algo como Cátia Bell ter sido atacada, alguma coisa do tipo, mas eu não conseguia compreender devido à intensa agitação ao redor.
Quando chegamos a Hogwarts, mandaram que cada um se direcionasse à sua respectiva sala comunal. Ao passar pelo quadro da Mulher Gorda, ainda junto de Robert, a primeira pessoa que vi foi Gina, junto com Dino, Simas, Neville, Lilá e Parvati.
- Gente! – disse, de certa forma, desesperada, me aproximando do grupo de amigos, sentando no chão de frente para Gina, que ocupava um lugar no sofá entre Dino e Lilá – O que foi que aconteceu? Onde está Cátia? Eu não estou entendendo nada! – terminei de falar sentindo um toque em minha cintura, seguido de um beijo no topo de minha cabeça, vindo de Robert.
- Acalme-se. – pude ouvi-lo sussurrar em meu ouvido, passando a acariciar levemente meus cabelos.
- Pelo que eu sei, ela foi atacada por um colar amaldiçoado... – Gina falou abatida – Ninguém sabe direito. Rony, Hermione e Harry viram tudo... Estão conversando com a McGonagall.
No exato momento em que ela disse isso, os três atravessaram a passagem para a sala comunal. Eles se aproximaram e sentaram conosco, cada um expondo um sorriso triste no rosto, fazendo todo mundo entender que eles não queriam tocar no assunto.
Peguei a mão de Rony, querendo demonstrar algum tipo de conforto, segurança. Ele apertou-a, correspondendo ao toque e expôs um pequeno, porém sincero, sorriso.
Simas, querendo quebrar um pouco do clima tenso, começou a contar uma história sobre um aluno que havia se acidentado no lago, com a Lula Gigante, na época em que sua mãe estudava em Hogwarts. Todos começaram a se distrair com a história e, aparentemente, deixavam o assunto sobre Cátia cair, aos poucos, no esquecimento. Também tentava relaxar e deixar o assunto de lado por um momento, mas não conseguia. Por mais que eu tentasse, não conseguia. Era como se algo me conectasse ao assunto, mais do que deveria.
Capítulo 7 – Beijo No Salão Principal.
Estava distraída lendo um livro, sentada em uma poltrona em frente a uma janela que tinha uma bela visão de Hogwarts sendo, cada vez mais, coberta pela neve, quando notei uma pessoa se sentando em uma das poltronas próximas a minha. Era Rony.
Fechei o livro em minhas mãos, marcando a página em que parara, e direcionei meu olhar a ele.
- Bom dia, Rony. – disse e coloquei o livro sobre um móvel.
- Bom dia, . – ele falou, fitando suas próprias mãos, que pousavam em seu colo.
- Aconteceu algo? – perguntei, preocupada com o modo como ele agia. Ele parecia frio, distante. Diferente do garoto animado e relaxado de sempre.
- Nada... Ainda estou incomodado com o que aconteceu com Cátia. – respondeu – Ela foi enviada para o St. Mungus hoje, sabia? – ele falou, agora, direcionando seu olhar para mim.
- Ah... Espero que ela melhore e volte logo para Hogwarts. – falei sincera. Nunca havia tido nenhuma intimidade com Cátia, mas saber que uma pessoa a qual eu via todos os dias se encontrava em uma situação dessas, não era nada confortável.
- Pois é... Bom... – ele pareceu pensar no que dizer – Como é que foi o resto do seu dia em Hogsmeade? Você saiu com o Colfer, não foi?
- Sim, nós saímos juntos. – respondi.
- E como é que foi? br>
- Foi bom. Robert é uma ótima companhia, é bem divertido. – sorri.
Ele apenas assentiu com a cabeça ao ouvir a resposta e, logo depois, Harry e Hermione apareceram, nos convidando para acompanhá-los no café da manhã.
- Eu gostaria de poder saber quem era o verdadeiro alvo do ataque de ontem. – Hermione comentou, enquanto descíamos as escadas.
- Como assim? – indaguei – Não era Cátia?
- Não. Ninguém sabe disso, apenas nós. – Rony falou como se pedisse segredo.
Assenti com a cabeça, como se dissesse “podem confiar em mim”, o que eles realmente podiam, e então ele prosseguiu: - Cátia só estava sendo usada como meio de chegar ao alvo principal – ele disse, aos sussurros, como se temesse que alguém se aproximasse de repente – Usaram a maldição Imperius nela, para que ela entregasse o colar para a pessoa certa. – ele fez uma pausa, suspirando – Só que, durante a discussão com Liane, ela, acidentalmente tocou no colar e... Bom, aconteceu o que aconteceu.
- Então Cátia foi usada apenas para chegar até outra pessoa, que ninguém sabe quem é? – perguntei perplexa.
- Não diria todo mundo. – Harry falou – Naturalmente, o Malfoy sabe. – pude ver Hermione revirar os olhos e Rony fitá-lo com descrença. Eu apenas passei a andar fitando o chão.
O resto do percurso foi feito em silêncio e eu não pude evitar em pensar sobre os sonhos que tivera com Draco. A dor e o medo explícitos em sua face em cada um deles... Doía só de pensar. “Harry está obcecado com a idéia de Draco ser um comensal da morte.”
As palavras de Hermione ecoaram novamente em minha cabeça. Voltei a pensar na expressão de dor que Draco fez ao sentir meu toque em seu braço e no sonho que tivera durante as férias com ele acariciando o próprio braço, levemente, parecendo conter as lágrimas que insistiam em querer cair e... Mas não, nada disso fazia sentido. Draco não era um comensal, não podia ser. Eu apenas havia apertado seu braço com força demais e precisava tomar remédios de nível psiquiátrico para controlar meus sonhos. Afinal, até parece que eles teriam alguma relação com a realidade.
Entramos no Salão Principal e meu olhar, meio que num ato involuntário, se direcionou para a mesa da Sonserina. Draco exibia um estado de espírito mais morto do que de costume e parecia estar bem alheio à conversa de seus amigos.
Seu olhar encontrou o meu e ele exibiu um fraco sorriso, o qual eu correspondi sem jeito, sendo interrompida por um par de mãos que me envolveu a cintura, me fazendo da uma volta de 180º de forma, digamos, graciosa.
- Bom dia. – Robert disse com um sorriso tão bonito que faziam seus olhos brilharem – O que você estava fazendo aqui parada todo esse tempo?
Olhei, discretamente, de volta para mesa da Sonserina e vi que Draco agora brincava com a comida em seu prato.
- Eu... Nada demais. – disse enquanto ajeitava sua franja, que insistia em cair sobre seus olhos.
- Então vamos sentar e comer algo. – ele disse e selou nossos lábios em um rápido beijo, o que me surpreendeu, e pegou em uma das minhas mãos enquanto andávamos em direção a mesa da Grifinória. Assim que me sentei, comecei a me servir do delicioso café da manhã que os queridos elfos de Hogwarts proporcionavam. Não tinha notado o quanto estava com fome até ver aquela quantidade extravagante de comida na minha frente.
Peguei uma tigela com mingau de aveia e coloquei uma porção de ovos mexidos em meu prato, sem deixar de encher um copo com suco de abóbora e, então, comecei a comer.
- Está com fome, hein... – Gina, que estava sentada ao meu lado, falou.
- Han? – falei e, ao notar que a minha boca ainda estava cheia de mingau, corei, fazendo-a rir.
- Nada. – ela disse ainda risonha – Mas e você e o Robert? – ela falou aos sussurros – O que foi aquilo perto da entrada?
- Bom... Nem eu sei. – falei aos sussurros e ela riu ao ouvir a resposta.
- Só você mesmo, . – ela falou, ainda rindo, no que eu a acompanhei.
Direcionei meu olhar a Robert, que estava sentado no outro assento ao meu lado, e sorri ao vê-lo entretido em uma conversa com seus amigos.
Voltei a comer e me encaixei na conversa que Hermione e Gina estavam tendo, sem deixar de notar o momento em que certa pessoa deixou o Salão Principal.
Estava na biblioteca, procurando por livros que pudessem me ajudar a melhorar meu desempenho em poções e, após escolher três diferentes, me sentei em uma das mesas e comecei a estudá-los.
O local estava praticamente vazio, a não ser por Madame Pince, um menino da Corvinal que aparentava estar no quarto ano e, bom, eu mesma.
Estava tão concentrada nos estudos, que nem vira as horas passando. Só notei que já passavam das sete da noite quando ouvi um barulho de cadeira arrastando próximo a mim.
- Está tendo dificuldade em poções? – Draco perguntou, pela primeira vez, sem parecer nem frio ou arrogante, como de costume.
- Mais ou menos... Nunca fui extraordinária, sempre tive que estudar bastante para conseguir boas notas nesta matéria. – respondi.
- Hm... Entendo... – ele fez uma pausa, suspirando – Se eu fosse você, me aprofundaria mais no preparo desta poção... – ele falou, passando as páginas do livro que estudava no momento, parando na parte onde ensinava o preparo da Poção Polissuco – Meu pai disse que é uma das mais importantes para as N.I.E.M’s, isso se não for a mais importante de todas.
- Certo... Obrigada. – sorri para ele, voltando a prestar atenção no livro.
Algum tempo se passou e eu não conseguira aprender nada de fato. Só por saber que Draco estava perto de mim, me observando, eu ficava desconcentrada, por mais que sequer ouvisse o som de sua respiração.
Suspirei, fechando o livro, e me virei, passando a observá-lo.
- Terminou de estudar? – perguntou.
- Aparentemente, sim. – respondi, mordendo de leve meu lábio inferior. Tinha mania de repetir esse ato quando ficava desconfortável em alguma situação.
- Você está namorando o Colfer, não está? – ele perguntou, sem expressão nenhuma no rosto.
- Eu... Por que está perguntando isso?
- Você está ou não, ? – ele perguntou dessa vez com um tom ríspido em sua voz.
- E por que é que você quer saber? – perguntei, expondo um tom de raiva em minha voz, por mais que ainda falasse aos sussurros, por estar na biblioteca – Você não tem nada a ver com a minha vida e aposto que você nem sequer sabia da minha existência até eu derrotá-lo na aula de Defesa contra as Artes das Trevas – nesse momento eu já não me encontrava mais sentada, mas sim de pé, em frente a Draco, que continuava a me observar da cadeira – Tenho certeza que só fica atrás de mim, me perturbando, por causa da sua rivalidade inútil com o Harry e, como virei amiga dele, acha que sou mais um meio de ajudá-lo a perturbá-lo, assim como você faz com Hermione e todos os Weasley. Mas não, Draco, eu já cansei. – suspirei ofegante – Não quero mais você atrás de mim, entendeu? Se isso continuar acontecendo, eu não respondo mais por mim. – peguei minhas coisas, virando para ir embora quando o ouvi dizer:
- Você realmente acha que eu não me importo com você, não é? Você realmente pensa que acho que você é só mais uma sangue ruim qualquer, que você e lixo para mim são a mesma coisa, não pensa?
- E se eu não sou isso para você, Draco, o que é que eu sou? – perguntei ainda virada de costas para ele.
Ao apenas receber seu silêncio como resposta, saí andando o mais depressa possível da biblioteca, não me preocupando com nada além de chegar à sala comunal da maneira mais rápida que pudesse.
Capítulo 8 – Grifinória X Sonserina
Era o dia do primeiro jogo de Quadribol da Grifinória contra a Sonserina.
Já haviam se passado alguns dias desde o meu último ‘encontro’ com Draco na biblioteca e, desde então, eu agia como se ele não existisse. Durante as refeições no Salão Principal, eu não olhava uma vez sequer para a mesa da Sonserina, por mais que fosse um hábito observar todas as mesas ao entrar no salão, eu havia excluído a existência de tal na minha mente. Nas aulas que tínhamos juntos, eu me sentava o mais longe possível de seu grupo e sempre que o via pelo castelo, agia como se ele estivesse usando uma capa de invisibilidade.
Se isso tudo é infantil? Pode até ser, mas é melhor agir como se ele não existisse do que demonstrar ódio no olhar cada vez que o visse. Tudo bem que ele não fizera nada além de perguntar se Robert e eu estávamos namorando, porém, não havia sido a pergunta que me incomodara, mas sim o modo como ele a fizera. Estava cansada do modo arrogante que Draco tratava as pessoas e não iria deixá-lo fazer isso comigo ou com meus amigos sem reagir. Não mais.
Mas o que ele dissera antes de eu deixar a biblioteca havia me deixado intrigada. Tanto quanto o seu silêncio após minha pergunta.
Após tomar meu banho, me vesti com uma calça jeans azul escura, suéter preto, uma camisa de manga comprida vermelha com o brasão da Grifonória estampado por baixo, o cachecol do uniforme listrado em amarelo e vermelho e botas de neve pretas, para poder pisar na pouca neve que ainda cobria o terreno de Hogwarts sem preocupação.
Desci com Hermione para a sala comunal e encontramos Gina e Robert à nossa espera para tomar o café-da-manhã.
- Bom dia. – eu e Hermione dissemos ao mesmo tempo.
- Bom dia. – Gina respondeu.
- Bom dia, Hermione. – Robert disse, levantando-se do sofá e se aproximando – Bom dia, . – ele falou e me beijou.
Depois da “cena do beijo” no Salão Principal, Robert havia me pedido, formalmente, em namoro. Quando cheguei à sala comunal aquela noite, ele me esperava sentado junto com nossos amigos e, ali mesmo, no meio de todos os alunos, ele me fez a proposta e eu aceitei. Não podia negar que estava gostando dele. Apesar de tudo, ele era uma das únicas pessoas que conseguia me fazer sentir bem.
- Então... Vamos? – Hermione perguntou constrangida por interromper o nosso “momento de casal”.
- Vamos! – Robert disse – Preciso ver Rony antes que a partida comece. Apostei dez galeões na Grifinória, preciso pôr um pouco de pressão para ele não fazer besteira. – ele falou em tom de piada e Hermione e Gina fingiram um riso.
A verdade é que as duas estavam chateadas com Rony. Gina, pelo fato de ele ficar se metendo no seu namoro com Dino. Hermione, pela antipatia com que ele ultimamente estava agindo. Rony parecia estressado nesses últimos dias, creio, principalmente, pela aproximação do jogo de hoje.
A agitação no Salão Principal era a mesma que sempre havia nos dias de jogos. A Sonserina xingava e vaiava sempre que um jogador da Grifinória entrava. A mesa da Grifinória, uma mancha vermelha e ouro, em contra ataque, sempre os aplaudia e, quando Harry e Rony entraram, o som dos aplausos foi significativamente maior.
- Anime-se, Rony! – Lilá gritou – Sei que você vai ser genial!
Rony sentou-se, ignorando o comentário, ainda com uma expressão abatida no rosto.
- Quer chá? – perguntou Harry a ele – Café? Suco de abóbora?
- Qualquer coisa. – respondeu, mordendo um pedaço de sua torrada.
- Animados para o jogo? – perguntei, tentando puxar assunto.
- Espero que estejam. – Robert disse, antes que qualquer um dos dois pudesse responder – Apostei na Grifinória. Não gostaria de perder dinheiro para o Louis.
Louis era um garoto estranho, de dentes tortos e olhos esbugalhados da Sonserina. Ele não tinha nenhum amigo e estudava poções junto com Robert.
Rony respondeu com sorriso sem graça e voltou a comer.
- Como é que vocês estão se sentindo? – Hermione perguntou, evitando olhar para Rony.
- Estamos ótimos. – Harry respondeu – Tome. – ele ergueu o copo de suco de abóbora para o amigo. Quando ele estava prestes a tomar um gole do suco, Hermione disse:
- Não tome isso, Rony!
- Por quê? – perguntou, sem entender.
- Harry pôs alguma coisa nesse suco! O frasco ainda ta em suas mãos. – reparei na mão de Harry, que continha um pequeno frasco. Era Felix Felicis, que ele havia ganhado na aula de Slughorn!
- Não sei do que você está falando. – ele disse e guardou o frasco nas vestes.
- Você poderia ser expulso por isso, eu nunca pensei que fosse capaz! – ela disse, exaltada e Harry respondeu algo aos sussurros, deixando-a ainda mais indignada.
- Melhor irmos logo. – ela falou, dessa vez, direcionando-se a mim e Robert – Boa sorte no jogo, Gina. – ela falou indo para a saída do Salão Principal, logo sendo seguida por mim e Robert, após de, assim como ela fizera antes, desejar sorte a Gina, assim como a Harry e Rony, no jogo. Coisa que, creio eu, não faltaria para Rony.
Pouco tempo depois de sentarmos para assistir o jogo, o mesmo foi iniciado ao sinal de Madame Hooch. Rony defendia os aros com uma habilidade impressionante e eu não pude deixar de notar que Harry disputava a conquista do pomo com um garoto, de acordo com o que respondera Hermione, que se chamava Harper, e não com Draco. Por que será que ele se ausentara do jogo? Tal pergunta se esvaiu da minha mente ao ouvir os gritos dos alunos da Grifinória perante a conquista do pomo por Harry, trazendo a vitória do jogo para nossa casa.
Depois do jogo, Robert e eu decidimos caminhar pelos terrenos de Hogwarts, para aproveitar o pouco da neve que ainda restava e o clima frio e gostoso para ficarmos juntos.
Algum tempo depois, decidimos voltar para a entrada do castelo. Ele sentou-se no chão de mármore, encostando-se à parede, e eu sentei em seu colo, observando a bela paisagem a nossa frente e aproveitando o silêncio entre nós que, ao invés de ser constrangedor, era reconfortante.
- Ai está você, Robert! – alguém falou e nos viramos para ver quem era, nos deparando com Jullian, que possuía os cabelos louros mais bagunçados do que de costume. – E claro, você também, . Linda como sempre, se me permite dizer.
- Poupe seus elogios à minha namorada e diga logo o que quer, Jullian. – Robert falou.
- Está rolando uma comemoração lá na sala comunal, vocês não vem?
- Daqui a pouco. – respondi.
- Vocês quem sabem. Até mais. – ele falou e voltou correndo para dentro do castelo.
- Então, vamos? – Robert perguntou, ajeitando uma mecha de meu cabelo, uma mania que ele havia adotado desde o nosso primeiro encontro em Hogsmeade.
- Vamos. – respondi, levantando-me de seu colo e, logo depois, entrando no castelo de mãos dadas com ele.
Quando chegávamos à passagem da Mulher Gorda, vi uma menina de cabelos castanhos volumosos mais adiante, que eu tinha certeza pertencerem à Hermione.
- Robert, vai entrando que daqui a pouco eu te encontro, ok?
- O que houve, ?
- Nada... Só preciso resolver uma coisa. – disse, beijando-o no rosto e indo atrás de Hermione, ouvindo o ruído da passagem para sala comunal sendo aberta ao me afastar.
Ouvi um barulho de porta batendo e me deixei ser guiada por ele. Aproximei-me, abrindo a porta devagar, vendo Hermione sentada sobre a escrivaninha do professor, sozinha, exceto por um pequeno círculo de passarinhos amarelos que piavam, voando ao seu redor, que visivelmente haviam sido conjurados por ela.
- Como é que você consegue fazer feitiços estando assim? – perguntei, observando sua expressão chorosa – Eu não consigo nem quando estou bem. – falei e me aproximei dela, sentando-me ao seu lado e colocando minha mão sobre a sua, em sinal de apoio.
- Estando assim como? Estou completamente normal. – ela falou com a voz dura, porém não tirou sua mão da minha.
- O que aconteceu, Mione? – perguntei, mas antes que ela pudesse responder, pudemos ouvir a porta se abrindo novamente.
- Hermione? – Harry disse, entrando na sala.
- Ah, olá, Harry. – ela disse, com o mesmo tom de voz de quando falara comigo – Estava praticando e a me encontrou aqui.
- Ahn... Sim... Percebi. São realmente bons. – ele comentou.
- Rony parece estar se divertindo na comemoração. - ela comentou.
- Ah... Está?- Harry perguntou.
- Como assim? O que Rony fez? – perguntei.
- Não finja que não viu. – Hermione respondeu a Harry, como se eu nem tivesse dito nada – Ele não estava se escondendo, estava...
Novamente o diálogo foi interrompido pelo som da porta se abrindo, e Rony, puxando Lilá pela mão, entrou na sala.
Agora sim estava tudo fazendo sentido! Lilá enfim conseguira ficar com Rony, e Hermione, como já era de se esperar, havia ficado com ciúmes. Não acredito que não havia conseguido deduzir isso.
- Opa! – Lilá disse, em meio a risinhos, recuando e fechando a porta.
Um estranho silêncio permaneceu na sala durante algum tempo, até Rony pronunciar-se:
- Harry! Estava me perguntando aonde você teria ido.
- Você não deveria deixar Lilá sozinha. – Hermione disse baixo – Daqui a pouco ela vai começar a se perguntar aonde você terá ido. – ela levantou-se da escrivaninha, ergueu sua varinha e gritou: - Oppugno!
E, de repente, todos os pássaros que antes rodeavam a Hermione, se organizaram em uma fila reta, atacando Rony. Ele tentava se proteger, pondo a mãos sobre o rosto, mas os pássaros continuaram a atacá-lo, bicando-o em todas as partes do corpo que conseguiam do garoto.
- Melivradisso! - ele berrou e Hermione, com uma expressão vingativa no rosto, saiu da sala, batendo a porta ao passar.
Olhei para Harry, vendo a mesma expressão que eu possuía em meu rosto no dele. A de tristeza.
Trocamos um olhar, nos comunicando através dele e me levantei da escrivaninha, indo ajudá-lo a livrar Rony dos pássaros.
Capítulo 9 – Mais um dia em Hogwarts.
A neve novamente batia contra as grandes janelas de Hogwarts. O natal estava se aproximando. O Salão Principal estava decorado com as costumes doze árvores, as velas perpétuas pareciam ainda mais brilhantes do que de costume, guirlandas de azevinho e franjas metálicas enfeitavam os balaústres das escadas e, vez ou outra, grandes ramos de visgo pediam no teto dos corredores, nos quais as garotas sempre se aproveitavam para tentar arriscar algo com algum garoto. Uma das maiores vítimas era Harry, como já era de se esperar. Uma das outras maiores vítimas era Robert, algo que definitivamente não me agradava e me fazia ficar emburrada durante um bom tempo, o que ele dizia ser adorável.
Estava com Hermione, estudando, em nosso quarto. Ela e Rony ainda não haviam voltado a se falar, então ela raramente passava seu tempo livre junto a Harry. Gina passava maior parte de seu tempo com Dino, e Robert estava começando a usar parte dos seus tempos livres para estudar para as N.I.E.M’s, o que fazia com que eu e Hermione ficássemos juntas na maior parte do tempo, estudando ou apenas conversando.
- Como é que você sabe todos esses detalhes? – perguntei, enquanto estudávamos o preparo da Poção Polissuco. Só faríamos as N.I.E.M’s no ano seguinte, mas como já havíamos concluído todo o estudo dos conteúdos que haviam sido dados até agora para as provas finais, decidimos começar o estudo de alguns tópicos que iriam ser cobrados para as N.I.E.M’s. Obviamente, os que já haviam sido dados pelos professores.
Depois de uma pequena pausa, ela falou:
- Promete não contar para ninguém? – perguntou e eu apenas afirmei com a cabeça.
– No segundo ano – ela começou, falando bem baixo, como se temesse que alguém ouvisse, mesmo que fôssemos as únicas presentes no quarto –, eu fiz essa poção. Peguei tudo o que seria necessário para fazê-la no estoque do Professor Snape, e a preparei no banheiro da Murta Que Geme.
O banheiro da Murta Que Geme era um toalete feminino que se encontrava no 2º andar. Era chamado assim porque o fantasma de uma antiga aluna de Hogwarts habitava lá, sempre chorando, se lamentando e vez ou outra, inundando o banheiro. Por isso, raramente alguém ia lá. Eu mesma nunca havia ido.
- Para que você precisaria dessa poção, Mione? – perguntei, curiosa.
- Eu, Harry e Ronald – ela começou, sem disfarçar o tom de desgosto na voz ao mencionar o nome de Rony – estávamos curiosos para descobrir quem era o herdeiro de Slytherin. Você se lembra da primeira mensagem de sangue escrita na parede, que houve após a câmara secreta ser aberta, não lembra? – respondi afirmativamente, apenas balançando a cabeça, lembrando do transtorno que fora aquele ano com todos aqueles ataques.
- Então - continuou –, Rony-ald. Ronald – corrigiu rapidamente e eu tive que abafar um riso – suspeitou que Draco Malfoy fosse o herdeiro e eu pensava o mesmo, então tive a ideia de fazer a poção para que pudéssemos entrar na sala comunal da Sonserina.
- E vocês conseguiram?
- Bom... Eles sim. Eu, sem querer, peguei pelo de gato ao invés de um fio de cabelo das vestes de Emília Bulstrode, então, bom... Você já deve imaginar o que aconteceu. – ela falou, corando, e eu não pude deixar de dar uma risada ao imaginar Hermione como uma garota metade humana, metade gato.
- Então se arriscaram de todas as maneiras possíveis para descobrir se Draco era o herdeiro de Slytherin... Deve ter sido bem decepcionante descobrir que ele não era.
- De certa forma. – ela afirmou. – Bem, falei para Harry que o encontraria na biblioteca por volta das seis horas. Melhor eu ir indo. – falou, levantando-se – Até mais.
- Até mais. – respondi, me ocupando em arrumar os livros, ouvindo apenas o barulho da porta ao fechar.
Depois de arrumar tudo, decidi ir para cama. Vesti-me com meus pijamas e deixei minha varinha sobre a mesa, junto ao meu pequeno troféu, e me deitei na cama, aos poucos adormecendo.
Uma mão pálida carregava uma varinha de madeira escura. O corpo, coberto por um terno negro, se movimentava, parando em frente à outra pessoa, coberta por uma capa cinza até os pés.
A mão com a varinha se estendeu e um feitiço foi conjurado, fazendo o outro homem, com uma extensa barba branca cobrindo seu rosto, cair no chão.
Acordei assustada, observando Hermione, Lilá e Parvati dormindo em suas respectivas camas.
Pude ouvir Lilá falar algo como ”Eu também te amo, Uon-Uon” enquanto dormia e, enfim, tive certeza de que tudo não passara de um sonho.
Deitei minha cabeça sobre o travesseiro novamente, atormentada pela sensação de conhecer as pessoas em meu sonho. Tanto a que matara, quanto a que morrera.
Suspirei pesadamente e fechei os olhos, torcendo para que o sono me tomasse novamente, coisa que não aconteceu. Observei o sol nascer através da grande janela do quarto e, um bom tempo depois, Hermione acordou e, notando que eu também estava acordada, me chamou para que fosse até o Salão Principal tomar café da manhã com ela.
Deixei que Hermione usasse o banheiro primeiro e, nesse meio tempo, separei vestes limpas para vestir.
Depois de ambas estarmos prontas, saímos do dormitório, vendo poucas pessoas na sala comunal, e seguimos direto para o Salão Principal. Avistei Harry e Rony sentados juntos a Neville, conversando enquanto comiam. Robert estava sentado mais adiante, com Jullian, e foi para lá que eu e Hermione fomos.
- Bom dia. – disse, sentando-me ao lado de Robert e beijando o mesmo.
- E eu? Só recebo um bom dia? Nenhum beijinho? Isso é preconceito. – Jullian disse, enfiando um pedaço de bacon na boca.
- Sim, ela tem preconceito com você. Com você e esse seu cabelo louro e nojento. – Robert disse – Por isso ela me ama. Por que eu tenho cabelos castanhos, sedosos e cheirosos.
- Que bom hein, cara... Está com uma garota só porque tem um cabelo legal, porque o resto... – Jullian respondeu e eu e Hermione rimos, enquanto Robert revirava os olhos.
- Ah, parem com isso! – disse ainda risonha – Vocês dois tem cabelos lindos. Se bem que pentear essa cabeleira uma vez ou outra não te mataria, não é, Jullian? - disse e ele riu, porém seu rosto parecia expor mais um sorriso do que apenas um riso – E se fosse para ficar com algum garoto só pelo cabelo, eu ficaria com o Rodolph. – conclui e os dois me deram olhares estranhos – O que foi? Cabelos negros são lindos. Principalmente em pessoas como Rodolph. – continuei – Os olhos cor de mel dele combinam muito com a cor do cabelo e... – eles continuaram a me dar olhares estranhos, dessa vez, acompanhados de Hermione e eu parei imediatamente de falar, sem conseguir deixar de corar.
- Acho melhor você tomar cuidado com o Rodolph, hein, Robert... – Jullian comentou zombeteiro.
- Falando de mim? – Rodolph sorriu, sentando-se ao meu lado, logo se servindo com um copo de suco de abóbora.
- Nem queira saber. – Hermione falou, antes que Jullian se pronunciasse, e pude ver Gina se aproximando, sentando-se ao lado de Hermione.
- Bom dia. – ela disse, mas não prosseguimos com o diálogo devido ao grande número de corujas que entraram no Salão Principal para entregar o correio.
Surpreendi-me ao ver uma das corujas soltar uma carta em frente a mim. Meus pais raramente me enviavam algo quando estava em Hogwarts, achavam estranho ter que enviar cartas através de uma ave, só o faziam em caso de extrema urgência.
Abri o envelope e comecei a ler as palavras:
"Querida , sei que deve estar estranhando receber esta carta, mas precisava entrar em contato com você o mais rápido o possível, e a única maneira de isso acontecer seria através do correio-coruja.
Acontece que você terá que passar seu natal em Hogwarts esse ano. Eu e sua mãe iremos viajar, pois está ocorrendo um problema na filial da empresa em Nova York e eu tenho que solucioná-lo.
Você não tem ideia do quanto ficamos tristes com este ocorrido, mal podemos esperar pelo momento de tê-la perto de nós novamente. Mas como tenho que partir uma semana antes de você retornar da escola e, como você sabe, sua mãe odeia ter que passar as noites sozinha em casa, tivemos que tomar essa decisão.
Seu presente de natal também chegará através desse correio-coruja na manhã de natal. Espero que goste do escolhemos para você.
Com amor,
Henrique , papai."
- Ah, legal. – murmurei irônica, deixando a carta de lado.
- O que houve? – perguntou Hermione.
- Terei que passar o natal em Hogwarts esse ano.
- Não terá não! – Gina falou sorridente, e a respondi apenas com uma expressão facial como se dissesse "han?".
- O que acha de passar o natal n’A Toca comigo e minha família? – ela perguntou.
- Seria ótimo! – respondi sorridente, e a sineta anunciou o fim do café da manhã.
Parei na porta do Salão Principal, para nos despedirmos de Robert, Jullian, Rodolph e Gina, antes de eu e Hermione seguirmos para a nossa primeira aula do dia.
- Não se esqueça do jantar de natal do Professor Slughorn esta noite, certo? – Robert disse.
Ele era um dos alunos favoritos do Professor Slughorn e sempre era convidado para os jantares que ele usualmente oferecia. E, como dessa vez cada convidado poderia levar um acompanhante, Robert decidira me chamar para ir com ele.
- Está bem. – assenti – Até mais tarde. – beijei-o rapidamente antes de seguir para aula de Transfiguração com Hermione.
Durante a aula, tivemos que praticar como mudar a cor de nossas próprias sobrancelhas.
Demorou certo tempo até que consegui mudar a cor de uma de minhas sobrancelhas para um laranja bem berrante. Hermione ria abertamente das tentativas fracassadas de Rony, que até conseguiu, sem querer, se presentear com um bigode em forma de guidão, o que também me fez soltar uma risada discreta.
Distrai-me, mudando a cor de minhas sobrancelhas continuamente. A que estava laranja, adotou uma cor púrpura e a que ainda estava com sua cor natural mudou para rosa. Professora McGonagall elogiou ao notar a facilidade com que fazia as transformações e eu sorri, agradecida.
A sineta tocou, e eu pude ver Hermione saindo rapidamente da sala, deixando praticamente todo seu material em sua mesa, parecendo conter lágrimas nos olhos. Harry pegou os materiais que ela deixara para trás e saiu, parecendo ir atrás dela, antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa sobre o ocorrido.
Fiz com que minhas sobrancelhas voltassem à cor original e sai da sala, sem deixar de lançar um olhar de desprezo a Ron e às hienas que riam a sua volta, Lilá e Parvati. Eu tinha certeza de que eles tinham algo a ver com o que havia acontecido à Hermione, só não sabia como havia me distraído a ponto de não notar o momento em que tudo ocorreu durante a aula.
Alcancei Hermione, encontrando-a no caminho para a torre da Grifinória.
- Ei, Mione, espera! – gritei, ofegando, enquanto corria.
Ela parou, parecendo evitar me olhar nos olhos, e eu me aproximei.
- Mione... – falei baixo, segurando em seu rosto para fazê-la olhar para mim – Melhor você parar de chorar, não acha? Rony não merece suas lágrimas pelo o que fez.
Ela deu um meio sorriso, esfregando as lágrimas no rosto e eu sorri.
- Afinal, o que ele fez mesmo? – perguntei com uma careta no rosto e ela riu.
- Como sabe que foi ele, se nem sabe o que aconteceu? - perguntou, ainda rindo.
- Eu... Bom, apenas te conheço mais do que achava que um dia iria conhecer. – respondi e sorri, sendo correspondida.
- Pirado convidou Luna para ir à festa! Pirado ama Di-lua! Pirado aaaaaaaaaaaama Di-luuuuuuuuuuua! – Pirraça apareceu, logo se afastando velozmente, espalhando a notícia de que, pelo o que entendi, Harry havia convidado Luna para a festa de Slughorn esta noite.
- E por falar em festa... – falei, aproveitando a deixa que Pirraça dera – Vamos logo lavar esse rosto, porque ainda temos algumas aulas antes do almoço e depois temos que deixá-la mais linda que o normal para poder se encontrar com Córmaco! – disse a fazendo rir novamente, e seguimos para sala comunal.
- Bolas festivas. - Hermione disse à Mulher Gorda, atravessando a passagem.
Estava quase entrando na sala comunal, quando tive a impressão de ter visto alguém por perto. Virei o rosto, percebendo que não havia ninguém ao redor, e atravessei a passagem, indo me sentar junto à Hermione, em frente à lareira.
Suspirei, observando pela ultima vez o caimento do vestido de festa sobre meu corpo. A roupa possuía cor marfim, e seu modelo criava a impressão de que eu estava usando um vestido tomara-que-caia e uma segunda peça, com certa transparência, por cima, dando-o alças, sendo preso na cintura por uma fita preta com um laço na frente como detalhe.
Escolhi um par de sapatos scarpin de bico arredondado e cor preta para usar nos pés e ajeitei meu cabelo apenas com uma tiara, também de cor preta, optando por usar brincos de pérola nas orelhas, sem mais nenhum outro acessório.
Estava sozinha no quarto. Hermione já havia saído para se encontrar com Córmaco e Lilá, e provavelmente, estava perambulando por aí junto a Rony, e Parvati deveria estar com os dois, sem ter muito mais o que fazer. Harry também já deveria estar na festa de Slughorn com Luna.
Dei uma última ajeitada no cabelo e passei um pouco de perfume, indo me encontrar com Robert na sala comunal.
Quando estava na metade escada, pude sentir grande parte dos olhares das pessoas presentes pousarem em mim. Entre estes, o de Rony e, é claro, de Robert, acompanhado de Jullian e Rodolph. Não pude deixar de corar em tal situação e me aproximei o mais rápido possível de Robert.
- Boa noite, meninos. – disse, sorrindo.
- Eu... Uau. – Robert falou bobamente e eu ri, beijando-lhe os lábios em seguida.
- É... Uau. – Rodolph e Jullian disseram juntos e eu revirei os olhos, ainda rindo.
- E então, vamos? – Robert perguntou, estendendo o braço para mim, no qual eu encaixei o meu.
- Vamos. – sorri – Tchau, Jullian. – disse me despedindo, enquanto Robert e Rodolph faziam o mesmo.
- Isso mesmo, - ele começou – vão aproveitar essa festinhas para nerd’s, enquanto o desprovido de inteligência aqui passa o resto da noite sem ter o que fazer. Grandes amigos vocês são. – falou, fingindo estar indignado.
- Aw, que bonitinho. – disse apertando suas bochechas, fazendo Robert e Rodolph rirem, enquanto Jullian fazia uma careta.
- Melhor irmos. – Rodolph se pronunciou - Já estamos atrasados e ainda tenho que me encontrar com Lucy. – Lucy era uma menina quintanista da Lufa-Lufa, a qual Rodolph havia chamado para ir à festa junto a ele. Era uma menina bonita, tinha o corpo esbelto, cabelos pretos e olhos verdes tão intensos que poderiam ser comparados aos de uma onça.
Despedimo-nos mais uma vez de Jullian e eu dei um breve aceno a Rony, de longe. Não gostava de falar com ele quando estava acompanhado de Lilá, ou seja, não falava com ele há um bom tempo.
Não demoramos muito a chegar à sala de Slughorn, lugar onde ocorria a festa e que parecia ser inúmeras vezes maior do que uma sala normal de qualquer professor. O teto estava re-vestido por panos de cor esmeralda, dourada e carmim, dando um aspecto de tenda. Havia inúmeras pessoas conversando e dançando, não só alunos como vários idosos que se distraíam fumando cachimbos e elfos que andavam para lá e para cá, parecendo mesinhas móveis devido às travessas de prata com comida que carregavam.
- Robert, Rodolph! Que prazer vê-los, rapazes! – Slughorn cumprimentou-os assim que entramos na sala – E vejo que estão muito bem acompanhados. Creio que seu relacionamento com Robert está lhe fazendo muito bem, não é, srtª ? Você melhorou consideravelmente em minha matéria desde então.
Corei com o comentário e sorri sem graça, assentindo com a cabeça como resposta.
- E você, srt.ª Malkin, - Slughorn falou, direcionando-se a Lucy – estou ansioso para ver seus resultados em poções quando prestar as N.O.M’s este ano.
- Espero que alcance suas expectativas, professor. – ela respondeu, formalmente, mas com um toque meigo no seu modo de falar.
- Com certeza, minha cara. – ele falou sorridente – Agora se me dão licença, tenho que falar com alguns amigos. Aproveitem a festa. – e então se afastou, despedindo-se com um aceno de cabeça, andando de forma pomposa em direção a um grupo de homens de aparência bem idosa.
Sentamo-nos em uma das mesas e começamos a conversar. Servimo-nos de alguns dos petiscos oferecidos e de cerveja amanteigada, que, depois de alguns copos, me deixou bem relaxada e ‘animada’.
- Vem, Rob, vamos dançar. – puxei sua mão, pedindo para que se levantasse. Ele de início me fitou como se dissesse que não queria, mas por fim, se deu por vencido e me acompanhou.
A música que tocava era suave e outros casais também podiam ser vistos dançando no meio do salão. Até então, não tinha visto nem Harry, nem Luna ou Hermione, apenas Gina, sentada em uma mesa afastada com a companhia de Dino.
Deitei minha cabeça sobre o ombro de Robert, inalando seu perfume. Ele encostou sua cabeça sobre a minha, começando a depositar leves beijos sobre meu pescoço, causando-me arrepios.
Tudo estava perfeito. Se o mundo acabasse naquele instante, eu, definitivamente, morreria feliz, mas, infelizmente, tudo o que é bom, dura pouco. A música havia sido interrompida e a única coisa que era ouvida no momento, eram os resmungos de Draco Malfoy que era arrastado pela orelha por Filch.
- Professor Slughorn, – começou Filch, não conseguindo esconder a excitação por flagrar um aluno desobedecendo as regras da escola – encontrei este aluno passeando por um dos corredores lá de cima e ele disse que havia sido convidado para sua festa e havia se atrasado na saída da sala comunal.
- Está bem, não fui convidado. – disse Draco se desvencilhando da mão de Filch – Estava tentando penetrar a festa. Satisfeito? – gritou com raiva.
- Não, não estou! – berrou com um tom de raiva que não combinava com a felicidade expressa em seu rosto – O diretor disse que não queria ninguém andando pelo castelo durante a noite, a não ser que tivesse permissão e...
- Tudo bem, Argo. – disse Slughorn, interrompendo-o – É Natal e não é crime querer participar de uma festa. Vamos deixar, só desta vez, o castigo de lado. Pode ficar, Draco.
Filch logo desmanchou o sorriso em seu rosto e saiu da sala, sem dizer mais nenhuma palavra, e Draco começou um diálogo com Slughorn, enquanto a música voltava a tocar e Robert começara novamente a nos movimentar de acordo com o ritmo.
Não conseguira tirar os olhos de Draco desde que ele entrara na sala e pude notar quando ele saiu da mesma, acompanhado por Snape.
Sem conseguir conter a curiosidade, decidi segui-los, dando a desculpa de que iria falar com Harry para Robert, que, por acaso, também havia saído da sala pouco depois de Draco e Snape.
Tentava andar o mais rápido e silenciosamente possível, sem muito sucesso, devido ao salto fino que, ao bater no chão de mármore, fazia um barulho ecoar pelo corredor. Optei por tirá-los e carregá-los nas mãos, e, podendo andar com mais agilidade, logo avistei Harry que, pelo jeito, tivera a mesma ideia que eu e tentava escutar algo através do buraco da fechadura da porta de uma sala, a qual eu suspeitava que Snape e Draco estivessem dentro.
Encostei-me à parede, vez ou outra me atrevendo a esticar minha cabeça para ver se Harry continuava lá. De repente, um barulho de porta pôde ser ouvido e Draco, com uma expressão de raiva no rosto, virou o corredor, provavelmente sem reparar em nada à sua frente, devido ao forte pisão que deu em meu pé, me fazendo soltar um audível e indesejado gemido de dor.
- ? – falou exaltado ao notar minha presença – O que... – começou, intercalando seu olhar entre meu rosto e meu pé que acabara de pisar – O que você está fazendo aqui e... Descalça?
- Eu... Eu estava indo ao banheiro. – falei a primeira coisa que viera a minha mente. Não poderia dar a mesma desculpa que dera a Robert, ele com certeza suspeitaria de Harry e bom... Com razão, tenho que admitir – E os sapatos estavam machucando meus pés. - não mais do que o pisão que você deu, é claro, completei mentalmente.
- Caso você não saiba, os banheiros ficam do outro lado do corredor. – falou debochado.
- Ah sim... Eu... É claro. Devo ter me confundido... – falei, evitando olhar seu rosto – Bom... Boa noite, Draco. – apressei-me em sair dali, mas me senti impedida ao ouvir sua voz me chamando.
- , - passei a fitar seu rosto, sem dizer nada, esperando que prosseguisse – Bem... Desculpa por... Você sabe. – indicou meu pé com o olhar.
Automaticamente olhei para baixo. Meu pé direito estava levemente mais inchado do que o outro.
- Ahn, sem problemas. – falei sem jeito, decidindo calçar os sapatos novamente – Foi sem querer mesmo.
- E sobre aquela noite na biblioteca... – ele recomeçou e eu prendi a respiração. Olhei-o no fundo de seus olhos azuis, ansiando, nervosamente, pela pronunciação de suas próximas palavras - Finja que ela nunca existiu. – toda a esperança que havia se unido, sem minha ordem, dentro de mim, se esvaiu. – Boa noite, . – falou com seu conhecido tom rude, e seguiu caminho pelo corredor.
Fiquei parada por alguns instantes, apenas observando seu corpo se distanciar até desaparecer, me fazendo voltar à realidade.
Passei a mão nervosamente pelo cabelo e comecei a andar de volta para a festa. Sentia-me como se tivesse me desligado do mundo por alguns minutos. Havia me esquecido da festa, de Robert e também havia esquecido de que Draco “não existia” mais para mim.
Por mais que não quisesse admitir, Draco exercia certo poder sobre mim. Basta ouvir o tom de sua voz para ele se tornar o centro de tudo. Independente de me causar raiva, desprezo, compaixão, pena ou, até mesmo, desejo, ele se tornava o centro de tudo e o resto não tinha a mínima importância.
Só agora eu conseguia perceber que eu nunca deixara de ser apaixonada por Draco. Este sentimento só havia sido esquecido, deixado de lado, devido à desesperança que havia se acumulado em mim, porém, agora que o contato que havia entre eu e ele passaram de inexistente para quase frequente, minha cabeça idiota achava que eu poderia ter alguma chance.
Suspirei fundo, entrando novamente na sala onde ocorria a festa. Robert, com um enorme sorriso no rosto, veio ao meu encontro e me envolveu em seus braços, num gostoso e aconchegante abraço. Fechei os olhos, aproveitando o momento e me sentindo cada vez mais culpada pelos sentimentos que Draco causava em mim, principalmente o de silenciosamente desejar que fosse ele me envolvendo com os braços naquele momento, e não Robert.
Capítulo 11 - A Toca
Lia um livro tranquilamente sentada dentro da cabine do Expresso de Hogwarts. Gina estava deitada, ocupando todo o espaço do outro banco, cochilando. Hermione devia estar fazendo alguma coisa pela plataforma.
Fechei o livro, marcando a página e guardando-o em minha bolsa, ao mesmo tempo tirando um “diário” da mesma. Na realidade, não era um diário. Eu não costumava relatar meu dia-a-dia por escrito em um caderno, mas tinha mania de fazer anotações, desenhar, escrever letras de músicas e, até mesmo, escrever histórias. Na realidade eram pequenas crônicas, baseadas no mundo mágico que tinha o prazer de desfrutar em Hogwarts.
Comecei a folhear o caderno, que já tinha as páginas meio amareladas de tão antigo que era – havia comprado-o no meu primeiro ano na escola bruxa, e por ser um caderno relativamente grande e usarmos apenas pergaminhos para os trabalhos da escola, decidi guardá-lo até hoje – e parei em uma página onde havia escrito versos de uma música da banda trouxa “The Who”, uma das favoritas de meu pai. “No one knows what it’s like to be the bad man, to be the sad man, behind blue eyes.”
(Ninguém sabe como é ser o homem mau, o homem triste, por trás de olhos azuis)
Parei por um instante para analisar a letra da música. Alisava os versos escritos sobre o papel com a ponta dos dedos quando Hermione entrou na cabine com cara de poucos amigos e sentou-se ao meu lado.
Fechei o caderno instantaneamente, apoiando-o sobre meu colo. Olhei para Hermione e notei que ela estava com uma expressão no rosto que praticamente dizia “não fale comigo”. Entendendo isso, apenas a abracei de lado e ela, retribuindo, apoiou sua cabeça sobre meu ombro e, nesse silêncio, seguimos a viagem até a hora que a senhora do carrinho de lanches passou pela cabine.
- Agora você acorda, né? – comentei rindo ao ver Gina acordar apenas com o som do carrinho sendo arrastado pelo chão do trem, dava pra ver que esse vício por comida era de família.
Seu cabelo ruivo estava levemente em pé e ela esfregava os olhos enquanto fazia cara de reprovação ao meu comentário.
- Não sabia que era contra a lei sentir fome. – respondeu mal humorada, como sempre ficava depois de acordar – Pega uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores para mim, Hermione. – pediu à garota que já estava em pé na porta da cabine.
- Ok, aqui está. – disse Hermione, dando o doce pedido a Gina – O que você vai querer, ?
- Ah, o mesmo que Gina... E sapos de chocolate! – falei entusiasmada. Amava aqueles sapinhos de chocolate.
Ficamos comendo e conversando durante o resto da viagem. Quando desembarcamos na King’s Cross, o relógio já avisava nove horas da noite.
Nos despedimos de Hermione e seguimos com toda a família Weasley e Harry para os carros que o Ministério da Magia havia disponibilizado para irmos à Toca. Estava animada por ir a uma casa de bruxos pela primeira vez na vida, tinha ficado extremamente feliz quando recebera a carta de meus pais que permitia minha ida, tão feliz que até se assustou com minha reação.
Nos dividimos em dois caros, no primeiro foram o Sr. Weasley, Rony, Harry e Jorge; no segundo a Sra. Weasley, Gina, Fred e eu. Era estranho ocupar um aposento com apenas um dos gêmeos, era como se fosse algo anormal ou até mesmo insano ver os dois separados, mesmo que por tão pouco tempo.
Ficamos o tempo todo conversando e rindo das piadas de Fred, até mesmo quando a Sra. Weasley ralhava com ele. Passaram-se mais ou menos duas horas de viagem de carro e finalmente chegamos à Toca.
A casa era simplesmente algo... Inimaginável. Parecia que haviam montado pequenas casinhas uma em cima da outra, de forma completamente desajeitada, devido à forma torta que apresentava. Não dava para ver muitos detalhes devido à pouca iluminação, mas uma coisa era certa: ela era simplesmente encantadora.
Entramos na casa e logo a cozinha pode ser avistada, acoplada à sala. Era tudo bem simples, mas muito bem ajeitado e cuidado. Na cozinha, um prato se lavava sozinho e na parede havia um relógio com o rosto de todos os Weasley, agora apontando para “casa”.
- Isso ajuda a mamãe saber como nós estamos, mesmo à distância. – explicou Gina, apontando pro relógio.
- Brilhante. – disse, sorrindo.
- Melhor vocês irem para cama, já está tarde. – falou o Sr. Weasley – Suas coisas já estão lá em cima.
Demos boa noite uns aos outros e cada um se dirigiu ao seu respectivo quarto. Fui guiada por Gina até o primeiro andar, onde ficava seu quarto. O cômodo era pequeno, porém bem arrumado. As paredes, cobertas por pôsteres das Esquisitonas, o time galês de quadribol Harpias de Holyhead, um inclusive destacando a capitã do time, a qual não lembrava o nome, possuíam a cor da própria madeira da qual foram feitas e as janelas eram cobertas por cortinas de cor rosê, combinando com a roupa de cama das duas camas de solteiro presentes no local.
No espaço que sobrava entre as duas camas havia uma mesinha com um abajur em cima, onde, assim que entrara no quarto, Gina havia colocado sua varinha. De frente para as camas havia um armário antigo e grande, onde nossos malões e a gaiola de se encontravam.
- Olá, . – falei, enquanto tirava sua gaiola cuidadosamente de cima do armário – Como foi de viagem? – perguntei, tirando-a de dentro da gaiola e acariciando-a nas penas.
Ela piou baixinho e bicou de leve meu dedo, contente com o carinho. Direcionei-me à janela, ainda acariciando suas penas, soltei-a e deixei que voasse noite adentro, para poder caçar.
- Então é melhor dormimos, concorda? – Gina perguntou, seguidamente dando um bocejo, me fazendo rir.
- Sim, sim. Estou morta de cansaço. – respondi e então trocamos nossas roupas por pijamas e nos deitamos para dormir.
Capítulo 12 - Um Natal diferente.
Já anoitecia n'A Toca, enquanto eu e Gina ajudávamos na arrumação da casa para a ceia de Natal. Harry e Rony estavam na cozinha, descascando legumes, ao mesmo tempo que falavam com Fred, Jorge e a Sr.ª Weasley. Ela havia acabado de nos informar que teríamos que dividir o quarto com Fleur, que chegaria mais tarde, junto a Gui.
Quando terminamos de limpar, arrumar e decorar a sala para o jantar, subimos de volta para o quarto, arrumando um lugar onde Fleur poderia se deitar para dormir e tomarmos banho, para que estivéssemos apresentáveis quando as visitas chegassem. Seria estranho passar um Natal sem minha família por perto, mas com certeza seria melhor passar o Natal com a família Weasley do que sozinha em Hogwarts.
Gina foi a primeira a ficar pronta e já havia descido para a sala de estar quando eu comecei a me vestir. Vesti-me com um jeans escuro e um suéter estampado com losangos em rosa claro, verde musgo e marrom, calçando um par de All Star preto. Prendi a franja com uma presilha e desci.
Não demorou muito para que todos tivessem chegado e logo a ceia foi servida e saboreada durante uma boa conversa coletiva. Depois, fomos todos aos poucos para a sala, para poder aproveitar a noite o máximo possível. No final, Gui se encontrava sentado ao lado de Fleur, que falava bem alto, fazendo a Sr.ª Weasley constantemente aumentar o rádio, onde tocava uma música que nunca havia escutado na vida. Gina jogava uma partida de snap explosivo com os gêmeos, Harry conversava com o Sr. Weasley e Lupin, um antigo professor de DCAT e, Rony e eu nos sentamos um ao lado do outro, no sofá em frente à lareira, para conversar.
A noite passou tranquilamente, sem que nada demais acontecesse. Quando fomos para o quarto dormir, o relógio já anunciava uma da manhã e, pouco tempo depois de me deitar na cama, adormeci.
- Acorda! – Pude ouvir Gina dizer ao mesmo tempo em que era atingida por um travesseiro na cabeça – Feliz Natal, ! – Pude vê-la dizendo, sorrindo, ainda vestida em seus pijamas e com os cabelos cor de fogo despenteados.
- Feliz Natal, ruiva. – Falei, ainda sonolenta.
- Ah, que desanimação! Se continuar assim, eu vou ficar com todos os seus presentes. – Ao ouvir a palavra presentes logo me coloquei sentada sobre a cama e vi vários embrulhos colocados no chão ao lado da mesma.
- Presentes! – Repeti, entusiasmada, pegando o primeiro embrulho que via na minha frente e o abrindo, apenas ouvindo Gina rindo diante de minha reação.
O primeiro presente, que havia sido embrulhado em papel laminado azul e colocado dentro de uma caixa de papelão, era um suéter de crochê marfim que, ao desdobrar, percebi ter o comprimento de um vestido, junto com duas calças legging, uma cinza bem escura e outra preta. Ao abrir o cartão descobri que o presente era de minha mãe e, como só tinha a assinatura dela, logo deduzi que haveria outro presente só de meu pai.
Procurei entre todos os presentes um que tivesse o seu nome assinado e, quando o achei e o abri, encontrei o par de botas mais lindo que já vira em toda minha vida: de couro preto e sem salto, com alguns detalhes também em couro preto, sem nada muito exagerado. Era simplesmente perfeita.
Depois de arrumar o presente de meus pais em cima da cama, comecei a abrir os outros. Havia ganhado um suéter lilás com minha inicial em roxo tricotado pela Sr.ª Weasley, o qual adorara; uma caixa com diversos doces da Dedosdemel, os meus preferidos, dado por Gina (a qual agarrei após abrir, e que também adorara o presente que havia dado, que fora uma caixa nova de bolas de quadribol); o livro de autoria trouxa, Orgulho e Preconceito, dado por Mione; um esquilo de pelúcia de Rony, que, por coincidência – ou não – era o meu patrono; um tabuleiro de xadrez de bruxo dado por Harry, que amei, pois sempre tive vontade de poder jogar com meus pais; um medalhão com um coração gravado com desenhos abstratos a sua volta por Robert, que continha uma foto de nós dois juntos dentro, a qual me fez sorrir e, por último, um anel em forma de cobra, feito de esmeraldas, acompanhado com um cartão que tinha escrito apenas as iniciais “D.M.”.
- Draco. - falei baixo, ao ler aquelas duas letrinhas que significavam tanto.
- O que disse? – Perguntou Gina, que também acabara de abrir seu último presente.
- Nada. Vamos descer para o café? – Perguntei e ela assentiu, se levantando para trocar de roupa, assim como eu.
Decidi por um jeans com uma blusa branca simples e o suéter que a Sr.ª Weasley me dera por cima. Coloquei o medalhão de Robert no pescoço e fiquei em dúvida entre usar o anel ou não, mas acabei optando por deixá-lo dentro da caixa, junto com o restante dos presentes.
Quando chegamos à sala, avistamos Harry e Rony sentados no chão em frente à lareira, ambos vestidos com um suéter feito pela Sr.ª Weasley, jogando baralho, o qual supus ser o baralho de cartas auto-embaralhantes que dera de presente a Harry.
- Gina, , feliz Natal! – Disse Rony, ao notar nossa presença.
– Feliz Natal! – repetiu Harry - e obrigada pelo presente, gostei bastante. – Acrescentou, apontando para as cartas, sorrindo.
- Feliz Natal. - Dissemos, eu e Gina, juntas – E fico feliz que tenha gostado, Harry. – Disse, sorrindo. - Adorei o tabuleiro de xadrez e, Rony, obrigada pelo o esquilo, achei uma graça. Sabia que o meu patrono é um esquilo?
- Sabi... Quero dizer, de nada. – Falou, corando – Também adorei o Frisbee dentado que me deu. Sempre quis um desses. o
- Crianças, o café está pronto. – Disse Sr.ª Weasley, interrompendo a conversa ao entrar na sala – Oh, , gostou do presente? – Perguntou, sorridente, ao notar que já vestia o suéter que ela havia feito.
- Sim, eu amei. O suéter é lindo, e lilás é minha cor favorita. – Sorri, sincera – Ah, belo chapéu. – Acrescentei, ao notar o lindo chapéu azul-noite que brilhava devido aos pequenos cristais que o cobriam.
- Fico feliz de que tenha gostado do presente, querida. – Falou sorrindo, já se encaminhando para a cozinha, sendo seguida por todos nós – Ah, foi presente de Fred e Jorge, o chapéu e o colar! Não são lindos?
- Sim. Muito bonitos. – Afirmei, enquanto sentava entre Gina e Fred na mesa.
- Bem, descobrimos que gostamos cada vez mais de você, mamãe, agora que temos que lavar nossas próprias meias. – Comentou Jorge, com um sorriso brincalhão.
- Harry, tem uma larva no seu cabelo. – Comentou Gina, ao meu lado, se esticando para retirar o bicho da cabeça de Harry, o qual eu pude notar ficar sem jeito com tal gesto. Não pude deixar de conter um sorriso de aparecer no meu rosto diante da cena, então passei a fitar meu mingau de aveia até que a vontade de rir passasse.
- Qu’ horrível! – Pude ouvir Fleur dizer, imaginando uma expressão de nojo tomando sua face.
- É, não é, Fleur? – Ouvi Rony, concordando de forma afetada – Molho, Fleur? – parei de fitar meu mingau a tempo de ver uma chuva de molho ser evitada por Gui, que, ao ver que Rony estava prestes a derrubar a molheira, com apenas um gesto feito com a varinha fez o molho todo voltar obedientemente à molheira.
- Você é tão desastrrade quanto a Tonks! – Disse Fleur, beijando rapidamente Gui, como sinal de agradecimento – Ela está semprrre derrubande...
- Convidei a querida Tonks para vir hoje aqui. – Interrompeu Sr.ª Weasley – Tem falado com ela ultimamente, Remo?
- Não tenho tido muito contato com ninguém... – Disse Lupin – Mas Tonks tem família para visitar, não?
- Hum. Talvez. Mas na verdade, tive a impressão de que ela desejava passar o Natal sozinha. – Ela respondeu, lançando um olhar raivoso à Lupin, o qual não compreendi direito.
A partir de tal momento, fiquei alheia à conversa compartilhada em mesa, passando a conversar em particular com Gina. Só pude ouvir Harry falando algo sobre o patrono de Tonks ter mudado de forma e, depois, Sr.ª Weasley espantada com a chegada de Percy, um dos irmãos de Gina, ao local, junto com o ministro da magia, o qual pediu que Harry o acompanhasse em uma volta pelo quintal. No mesmo momento, Gina pediu para que eu subisse para o quarto com ela e, claro, eu a acompanhei.
- Não vai ficar com seu irmão, Gina? – Perguntei confusa, enquanto subíamos as escadas.
- Percy só está aqui como uma desculpa para o ministro poder falar com Harry, nem vai notar minha ausência. – Respondeu, indo para o quarto rapidamente e seguindo para a janela, que dava a vista para o quintal.
- O que está olhando? – Perguntei também me aproximando da janela.
- Estou preocupada com Harry. Além de Você-Sabe-Quem ter voltado, o Ministério fica colocando pressão nele, não sei exatamente para que, mas deve ser uma droga. - respondeu, sem tirar os olhos da janela.
- Entendo. – Respondi pensativa. Harry definitivamente deveria estar passando por maus bocados – Mas... Falando no Harry... – Comecei risonha, tentando descontrair – Ele ficou todo arrepiadinho quando você tirou aquela larva do cabelo dele, não foi? –Deitei na cama, com um olhar e sorriso sugestivo no rosto.
- Mas o que... ? – Gina disse, corada, olhando para mim.
- Vai dizer que não percebeu? Acho que Harry está caidinho por você. – Disse, mantendo a expressão.
- Ah, até parece, ! – Falou, revirando os olhos, mas pude notar que continha um sorriso no rosto.
- Bom, não vou te forçar a acreditar em nada... Só estou dizendo o que vi.
- Claro, claro. Vamos descer se não minha mãe vai reclamar dizendo que mal falei com Percy. – Evitando me olhar, provavelmente com um sorriso no rosto, ela seguiu para a saída do quarto.
- Agora está preocupada com seu irmão, né? – Comentei a acompanhando e rindo abertamente.
O restante do dia foi bem agradável. A maior parte dele, passamos todos juntos na sala ou na cozinha, aproveitando um clima bem familiar. Eu e Gina fomos dormir por volta das 23h00 e ficamos conversando até adormecer. Inclusive Fleur se uniu à conversa, mas foi a primeira a dormir, bem antes de nós duas. Gina foi a segunda e, até que o sono chegasse, fiquei observando o céu pela janela, admirando a lua e as estrelas que brilhavam intensamente, me acalmando para dormir. Uma garrafa com o líquido impregnado de veneno; cacos de vidro e um corpo coberto por cabelos grisalhos caídos no chão; um rosto pálido e olhos vermelhos sorridentes e, então, a escuridão.
Acordei ofegante e observei Gina e Fleur deitadas, em profundo sono. Ajeitei meu cabelo, o amarrando em um rabo-de-cavalo baixo e frouxo, procurando amenizar o calor.
Fiquei o restante do tempo acordada tentando compreender o sonho que tivera, mas... Não tinha o que entender. Havia sido algo muito rápido e muito sem sentido, como a maioria dos sonhos são.
Respirei fundo, procurando me acalmar e afastar as cenas perturbadoras de minha cabeça, me concentrando no que escreveria nas cartas agradecendo os presentes a meus pais, Robert e Mione, logo adormecendo novamente, em um sono tranquilo e sem pesadelos.
Uma semana se passara desde o Ano Novo e Gina, Harry, Rony e eu estávamos organizados em fila ao lado do fogão da cozinha para nos despedirmos da Sr.ª Weasley – a única além de nós presente na casa – e então partiríamos para Hogwarts através da Rede de Flu que o ministério havia organizado para tornar a viagem de volta rápida e segura. Nunca havia feito uma viagem com pó de flu antes e, tenho que admitir, estava excitada para tal.
- Não chore, mamãe. – Gina dizia consolando a Sr.ª Weasley, que chorava copiosamente sobre seu ombro – Tá tudo bem.
- É, não precisa se preocupar. – disse Rony, ao mesmo tempo que a mãe depositava um beijo em sua bochecha – Nem com Percy. Ele é tão babaca que não se perde grande coisa, não é? – acrescentou, devido ao descaso que Percy demonstrara para com a família no dia de Natal, o que havia chateado muito a ela.
Ela então abraçou fortemente Harry, soluçando ainda mais forte.
- Prometa que vai se cuidar... Não se meta em confusões...
- Eu sempre me cuido, Sr.ª Weasley. Gosto de levar uma vida tranquila, a senhora me conhece. – Ela riu lacrimosamente e, então, veio até a mim e me abraçou. Fazia muito tempo que eu não recebia um abraço tão caloroso... Um abraço de mãe. Com tal pensamento, a saudade que sentia dos meus pais aumentou ainda mais e eu tive que me segurar para não começar a chorar também.
- , querida, foi muito bom tê-la aqui em casa durante o feriado. Espero vê-la o mais breve possível e se cuide, certo? – ela disse, esboçando um sorriso entre as lágrimas, enquanto acariciava meu rosto com uma das mãos.
- Nos veremos sim e eu me cuidarei, prometo. – respondi, rindo levemente, enquanto ela se afastava, passando a fitar a todos nós.
- Comportem-se, então, todos vocês...
Acenei, me despedindo pela última vez, e peguei um punhado do pó prateado de dentro do vaso. Entrei dentro da lareira, como Gina me instruíra, e larguei todo o pó ao mesmo tempo em que dizia “Hogwarts” em tom alto e claro, seguidamente passando a ser consumida por chamas de cor esmeralda.
Permaneci com os olhos fechados e os braços colados ao corpo durante o trajeto, até que, enfim, o movimento começou a desacelerar e, quando me dei conta, estava sentada no meio da lareira da sala da professora McGonagall.
Engatinhei para dentro da sala e, enquanto me levantava, pude avistar a própria McGonagall sentada em sua escrivaninha, trabalhando em algo.
– Noite, .
- Noite, professora. – no mesmo instante que a cumprimentara, Harry surgiu na lareira e, pouco tempo depois, Gina e Rony também apareceram e pudemos seguir para a torre da Grifinória.
Logo chegamos ao quadro da Mulher Gorda e Rony, prontamente, anunciou a senha: - Bolas festivas. – disse confiante.
- Não. – respondeu ela.
- Como assim "não"?
- Há uma nova senha. E, por favor, não grite.
- Mas estivemos fora, como é que...?
- Harry! Gina! ! – uma Hermione sorridente corria em nossa direção, com o rosto corado, vestida com capa, chapéu e luvas.
- Mione! – a cumprimentei, sorrindo e abraçando forte. – Saudades.
- Muitas saudades! – disse enquanto também cumprimentava os outros, quero dizer, Harry e Gina – Cheguei já tem algum tempo. Inclusive já visitei Hagrid e Bicuço, quero dizer, Asafugaz. – eles haviam me explicado que o hipogrifo que agora vivia junto à Hagrid era, na verdade, o mesmo que havia sido sentenciado, injustamente, à morte por ter atacado Malfoy no terceiro ano. Era uma história interessante a maneira que eles haviam salvado a Bicuço e Sirius, que havia sido inocentado de suas acusações após sua morte, de suas sinas.
- Tiveram um bom natal?
- Tivemos. – Rony respondeu na mesma hora - Bem movimentado, Rufo Scrimgeour...
- Tenho uma coisa para você, Harry! – falou Hermione, sem nem dar atenção a Rony. Queria saber quando esta briguinha iria acabar – Ah, a senha. Abstinência.
- Exatamente. – confirmou a Mulher Gorda, logo concedendo a passagem.
- Que houve com ela? – perguntei.
- Aparentemente, exagerou no Natal! – informou Hermione, enquanto adentrávamos a sala comunal – Ela e amiga Violeta acabaram com o vinho do quadro dos monges bêbados junto ao corredor de Feitiços. Ah, aqui está. – disse, enquanto revirava o bolso e tirava um rolo de pergaminho com a caligrafia de Dumbledore e entregava a Harry.
- Ah, ótimo. – Harry disse animado, desenrolando o pergaminho no instante que o pegara – Tenho um monte de coisas para contar a ele... E a você também. Vamos sentar e...
Então surge, sabe-se lá de onde, o ser louro mais extravagante existente na face da Terra: Lilá Brown.
- Uon-Uon! – guinchou, ao mesmo tempo em que se jogava nos braços de Rony.
- Bem, tem uma mesa vazia ali... Vocês vem? – Harry perguntou com seu olhar focado em Gina.
- Não, obrigada, prometi encontrar Dino. – ela respondeu e se despediu, seguindo ao seu encontro, embora não parecesse muito entusiasmada.
Deixando Rony e Lilá atracados de uma forma estranha para trás, fomos em direção à mesa vazia.Durante a maior parte do tempo fiquei alheia ao assunto que Harry e Hermione tratavam. Ainda estava sonolenta e não estava conseguindo me concentrar no que diziam.
- ... Malfoy a lhe contar o que estava fazendo? – Harry falou, contrariado.
- Bem, é isso. – Hermione confirmou.
Ao ouvir o nome Malfoy ser citado, senti a necessidade de prestar atenção na conversa. Tentava deixar a tentação de lado, já que havia perdido boa parte do assunto e não estava entendendo nada direito, mas era forte demais para resistir.
- O pai de Rony e Lupin acham que sim! – disse Harry de má vontade – Mas isto só prova que Malfoy está tramando algo.
- Sim.
- E ele está agindo por ordens de Voldemort, exatamente como eu suspeitava.
- Algum dos dois chegou a mencionar o nome de Voldemort?
- Não tenho certeza... – ele respondeu, a testa franzida – Snape disse “o seu senhor”, quem mais poderia ser?
- Não sei. – disse Hermione, mordendo o lábio – Talvez o pai dele? – sugeriu perdida em pensamentos – Como vai o Lupin? – perguntou, aleatoriamente.
- Nenhuma maravilha. – respondeu Harry, contando-lhe sobre uma missão de Lupin entre os lobisomens e as dificuldades que estava enfrentando – Você já ouviu falar de Lobo Greyback?
- Já! – Hermione exclamou, levando um susto – E você também, Harry!
- Quando? Se foi nas aulas de História da Magia, você sabe que nunca presto atenção...
- Não foi em História da Magia: Malfoy usou o lobo para ameaçar Borgin! Lá na travessa do Tranco, não se lembra? Ele disse que o Lobo Greyback era um velho amigo da família e que iria verificar o andamento do serviço.
- Eu tinha me esquecido! – Harry falou boquiaberto – Mas isto comprova que o Malfoy é um Comensal da Morte. De que outro modo ele poderia estar em contato com Greyback e lhe dizer o que fazer?
- É muito suspeito. – concordou Hermione – A não ser que...
- Eu... Eu vou dar uma volta. Vejo vocês mais tarde. – disse e, pelo que pareceu, assustei ambos com a minha inesperada interrupção.
Levantei-me da mesa e fui rapidamente ao dormitório, onde já se encontrava meu malão, para pegar uma capa e então poder caminhar pela área externa de Hogwarts.
Não havia ninguém pelos arredores do castelo, provavelmente por causa do frio. Todos preferiram aproveitar o calor de suas salas comunais para reencontrar os amigos.
Andei tranquilamente até chegar ao lago negro, que estava com sua superfície congelada. Tirei o pouco de neve que havia sobre um tronco de árvore caído e sentei sobre o mesmo, apoiando meus cotovelos sobre minhas pernas e meu rosto sobre minhas mãos, passando a fitar o imenso lago congelado. Fiquei durante um longo tempo olhando para o nada e, quando me dei conta, pude sentir lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu estava chorando e nem conseguia entender o motivo. Ou conseguia?
Draco. Sempre Draco. Seja por motivos bons ou ruins era ele que sempre dominava minha mente. Por mais que eu tentasse evitar, negar, fazer qualquer coisa contra isso, não conseguia, era como se existisse algum laço que me ligasse a ele, não sei explicar. Só sei que sempre que estava em um lugar que me trazia constantes lembranças dele ou que me fizesse sentir mais perto dele fisicamente, isso se tornava ainda mais forte e, quando essas suposições sobre o fato de ele ser ou não um Comensal tomavam minha cabeça, eu ficava ainda mais perturbada.
Mas isso não era certo. Não era justo, não com Robert. Ele era sempre tão atencioso, carinhoso, protetor... Ele era o único que conseguia me fazer esquecer os problemas por um tempo, me fazer sentir feliz, especial, amada. Mas parecia que nem isso adiantava.
Segurei o medalhão que Robert me dera com força e, ao fitar o objeto, não fora o grande coração de prata que me atraíra e sim, os dois grandes olhos esmeralda da cobra que eu possuía em meu dedo.
- Grande ironia eu decidir usar essa merda hoje. - pensei ao mesmo tempo em que arrancava o anel, num acesso de raiva, e o jogava pra longe.
Sem conseguir me controlar, deitei minha cabeça sobre meus braços e comecei a chorar feito uma criança. Chorava compulsivamente, chegando a soluçar, e só consegui me controlar ao sentir dois braços me envolvendo. Funguei baixo e levantei um pouco a cabeça, meio tonta devido à dor de cabeça que o choro havia me proporcionado. Fechei os olhos, no intuito diminuir a dor e encostei minhas costas ao corpo da pessoa que me abraçava, relaxando ao sentir o aroma amadeirado que o próprio exalava.
- Draco?
- Não. Por que, estava esperando por ele? - ouvi a voz de Robert perguntar confusa e eu, assustada, me desvencilhei de seu abraço.
- Não. Claro que não, que ideia! – disse, com um sorriso amarelo no rosto. Merlin! Como pudera cometer este erro? Tudo bem que eu estava com os olhos fechados e nem o havia visto, mas antes ficar com a boca fechada ao cometer tal erro. Sem falar que nunca, nunca, Draco se aproximaria de mim e me abraçaria como Robert fizera há pouco. Talvez meu subconsciente estivesse falando por mim ou eu apenas estava começando a ficar louca mesmo.
- Estava com tanta saudade. – disse, acariciando seu rosto, que ainda possuía uma expressão confusa, levemente e o abraçando.
Não, eu não estava mentindo, não estava sendo hipócrita. Eu realmente sentira falta dele, eu realmente amava Robert, só não tinha mais certeza se era da mesma maneira que ele me amava.
- Eu também, minha . – falou enquanto acariciava meu cabelo com a voz demonstrando desconforto, devido à minha pequena confusão.
- Como me achou? – perguntei, encostando minha cabeça na curva de seu pescoço, fechando os olhos para apreciar seu carinho.
- Quando cheguei, procurei por você na sala comunal, mas só achei Harry e Hermione. Perguntei a eles se sabiam onde você estava e eles disseram que você ficou meio esquisita do nada e decidira dar uma volta pelo castelo. Como eu sei que você adora ficar por aqui, perto do lago, mesmo no inverno, vim direto para cá. – explicou – Quando eu cheguei você estava chorando, não estava?
- Eu... Bom, sim, estava. Estou confusa com algumas coisas e chorar foi a única solução que achei para pôr tudo pra fora. – respondi, juntando nossas mãos e depositando um rápido e leve beijo na base de seu pescoço.
- Quer conversar? – perguntou, depositando um beijo em minha testa em seguida.
- Não... Por enquanto não.
Continuamos em silêncio, abraçados, apenas aproveitando a presença um do outro por um bom tempo. Trocamos carícias e beijos durante longas horas, até que o frio começou a incomodar e decidimos entrar e nos aquecer na sala comunal, onde encontramos todos nossos amigos fazendo o mesmo.
Já era noite e estávamos todos reunidos para o jantar. O clima era agradável e convidativo. Estávamos juntos nos divertindo em uma conversa coletiva: Robert, Harry, Hermione, Gina, Dino, Simas, Neville, Jullian, Rodolph e eu. Infelizmente, Rony estava em um canto separado com Lilá, que conseguia evitar todas as possibilidades que ele achava de dar uma escapada de lá.
A comida estava mais gostosa que nunca, mas, entra tantas risadas, era até difícil saborear o banquete.
Distraí-me por um momento, me deliciando, parecendo uma criança, com uma taça de mousse de chocolate, quando notei que Robert fitava, com uma expressão rígida, a outra extremidade do grande salão. Segui meu olhar para onde o dele estava direcionado e encontrei Draco, com a mesma expressão, olhando fixamente para meu namorado. No mesmo instante, Draco direcionou seu olhar a mim e sua expressão de rígida tornou-se triste. Pude vê-lo engolir em seco e, então, passar a encarar a comida em seu prato, mexendo constantemente o garfo sobre ela.
Respirei fundo, procurando espantar os pensamentos que haviam tomado minha cabeça e deitei minha cabeça sobre o ombro de Robert, me agarrando ao seu braço.
- Tudo bem, pequena? – ele perguntou carinhosamente, abaixando seu rosto à altura do meu e roçando levemente nossos narizes.
- Uhum. – respondi baixinho e ele selou nossos lábios em um calmo e romântico beijo.
Sorri ao término do beijo e o abracei de lado, encostando minha cabeça em seu peito, e assim fiquei até a hora de nos recolhermos para sala comunal.
Já era tarde e eu era a única no quarto que ainda não havia conseguido dormir. Cansada de tanto rolar na cama, me levantei, vestindo uma capa sobre a camisola e calcei meus pés com um par de pantufas felpudas.
Fiquei por um bom tempo lendo o livro que ganhara de Hermione deitada sobre a calorosa luz da lareira. Tomada pelo tédio, decidi me aventurar dando uma volta pelo castelo. Já tinha saído da sala comunal depois do horário de recolher inúmeras vezes e nunca fora pega, logo, não faria mal algum fazê-lo de novo.
Saí silenciosamente da sala e percorri todo o corredor, até chegar à sua extremidade, onde uma longa e larga janela ocupava a parede. Sentei-me no chão frio, me encostando ao vidro e admirando a neve fina que caía sobre o vasto terreno da escola.
Estava começando a ficar sonolenta quando ouvi uma voz fria e seca perguntar:
- Isso é hora de estar acordada, ?
Capítulo 14 - Aula de Aparatação
A princípio me assustei, mas ao ver o rosto de Draco, que apesar de ter falado de modo seco, possuía uma expressão divertida iluminada pela luz fraca, me senti aliviada.
- Merlin! Você está louco, Malfoy? – gritei aos sussurros, se é que isso era possível.
- Desculpe-me, mas não era eu que estava quase dormindo no meio do corredor da escola.
Revirei os olhos enquanto me levantava, ajeitando a capa sobre meu corpo.
- Que seja. Mas o que você está fazendo aqui? Não deveria estar nas masmorras?
- Não perguntei o motivo de você estar dormindo pelo castelo, logo, não tem o direito de perguntar o que eu estou fazendo aqui.
- Certo, então. Boa noite, Draco. – disse me virando para ir embora quando senti os braços de Draco me envolvendo fortemente contra seu corpo, deixando nossos corpos tão perigosamente perto um do outro que eu podia sentir sua respiração bater levemente contra minha face.
Ele fez um sinal de silêncio com o indicador e então percebi que estávamos escondidos atrás de uma pilastra, podendo notar Madame Nora passeando um pouco distante de nós, rondando o castelo.
Permanecemos daquele jeito durante algum tempo, o suficiente para que eu me desse a liberdade de deitar minha cabeça sobre o ombro de Draco, me deliciando com o cheiro que seu corpo exalava.
- Seria tão bom se as coisas fossem tão simples assim, não é? – ele perguntou sussurrando próximo ao meu ouvido, fazendo com que os pelos de minha nuca se eriçassem.
- Eu... O que? – perguntei fitando seus belos olhos azuis, tão próximos dos meus.
- Você sabe... No fundo você sabe. – ele deu um meio sorriso e depositou um rápido e doce beijo em minha testa, se virando para ir embora, sem olhar para trás um segundo sequer.
Fiquei parada por alguns instantes, administrando o que havia acontecido. Respirei fundo, sem conter um pequeno sorriso em minha face. Há tanto tempo, por mais que eu não quisesse admitir, eu esperava ser notada por Draco e finalmente estava acontecendo. Justamente quando estou namorando e deveria estar feliz com Robert , minha consciência insistia em me alertar.
Com os sentimentos confusos segui de volta para o dormitório, deitei em minha cama e logo adormeci, com as faces de Draco e Robert sem abandonar meus pensamentos um segundo sequer.
No dia seguinte me levantei acabada. Dormira muito pouco durante a noite e, mais uma vez, havia tido sonhos perturbadores como o tal homem de cabelos grisalhos que morria, só que dessa vez ele permanecia vivo e que uma frustração havia tomado conta de mim devido a isso no sonho, muito estranho.
Arrumei-me rapidamente e prendi meu cabelo em um coque mal feito devido à preguiça de penteá-lo, e segui para as masmorras, onde haveria a primeira aula do semestre de Poções.
Assim que entrei na sala meu olhar procurou por Draco, que estava junto aos seus outros colegas da Sonserina em uma das extremidades da sala, sem sequer notar minha presença. Sendo assim, me juntei a Harry, Hermione e Rony, que conversavam aos cochichos.
- Bom dia. – cumprimentei-os cautelosamente.
- , bom dia. – Harry foi o primeiro a falar, sendo acompanhado por Hermione e Rony seguidamente.
- Dormiu mal essa noite, não foi? – Hermione perguntou.
- Creio que minhas olheiras estão me denunciando, pelo jeito. – brinquei, dando uma leve risada e sendo acompanhada por eles.
- Nem está tão mal assim. – Rony falou.
- Obrigada... Eu acho. – sorri.
- Ah, , você por acaso não saberia o que são Horcruxes, certo? – Harry perguntou, falando baixo.
- Horcru o quê? – perguntei, sem entender a intenção da pergunta.
- Ah, nada... Esquece. – respondeu, desanimado.
- Pra que você saber disso?
- Nada demais. Tem a ver com a última reunião que tive com Dumbledore, sabe?
- Ah sim. – assenti e então Slughorn começou a discursar.
- Acomodem-se, acomodem-se, por favor! E depressa, temos muito o que fazer! A Terceira Lei de Golpalott... Quem sabe me dizer? – Hermione prontamente levantou a mão – Ah claro, Srt.ª Granger.
- A Terceira Lei de Golpalott diz que o antídoto para uma mistura venenosa será maior do que a soma dos antídotos para cada um de seus elementos.
- Exatamente! – exclamou Slughorn – Dez pontos para a Grifinória. Agora se considerarmos a Terceira lei de Golpalott verdadeira... – Slughorn continuou o discurso e tudo o que eu consegui fazer foi apoiar meu rosto sobre minha mão e descansar meus olhos que ardiam de sono.
Creio que cochilei por alguns minutos até que Hermione me acordara pra avisar que Slughorn havia pedido para que cada um de nós pegássemos um frasco em sua mesa para prepararmos um antídoto para o veneno que houvesse no próprio.
Levantei preguiçosa e peguei um dos frasquinhos. Voltei ao meu lugar e comecei a colocar vários ingredientes dentro do caldeirão, pouco me importando em saber se estava fazendo algo errado ou não, apenas com a intenção de não parecer desinteressada na aula, por mais que estivesse.
Depois de fazer todas as rezas possíveis para que a poção não explodisse, o tempo se encerrou e Slughorn começou a passar pelas mesas para ver os antídotos.
Pude notar que Slughorn analisara minha poção de longe e torcera o nariz ao vê-la. Não podia culpá-lo, devo confessar. Não conseguia descrever a aparência do líquido de tão horrenda que era.
- E você, Harry, o que tem para me mostrar?
Harry estendeu a mão que continha uma coisinha de cor amarronzada que, se não me engano, era um bezoar. Slughorn o fitou por longos segundos e então atirou a cabeça para trás e começou a gargalhar.
- Você é atrevido, rapaz! – falou ele pegando o bezoar da mão de Harry e o mostrando para toda a classe – Você é como sua mãe... Bem, não posso dizer que está errado... Um bezoar certamente agiria como antídoto para todas essas poções!
Notei Hermione ao meu lado, suada e suja de fuligem, ficar lívida. Não posso culpá-la, ela se esforçara absurdamente na poção e Slughorn só dava atenção a Harry, que realmente havia sido brilhante, a propósito. Era bem provável que o “Príncipe Mestiço” tivesse algo a ver com isso... Ou não, vai saber.
- Pensou no bezoar sozinho, foi Harry? – Hermione perguntou, entre dentes, provavelmente com a mesma suspeita que eu, só que realmente raivosa.
- Esse é o espírito individual imprescindível a um verdadeiro preparador de poções! – exclamou Slughorn, sem dar chances a Harry de responder – Igualzinho à mãe, Lílian tinha a mesma compreensão intuitiva do preparo de poções, sem dúvida ele herdou da mãe... Certo, Harry, certo, se você tivesse um bezoar à mão é claro que resolveria... Mas como bezoares não servem para tudo e são bem raros, ainda vale à pena saber preparar antídotos. – concluiu – Então, hora de guardar tudo! E mais dez pontos para Grifinória pela ousadia!
Comecei a arrumar minhas coisas apressadamente para a próxima aula. Hermione e Rony foram logo embora e eu fiquei apenas com Harry, que arrumava suas coisas lentamente.
- Ei, por que está demorando tanto?
- Preciso falar com Slughorn, sobre aquela coisa que te disse mais cedo, lembra?
- Ah sim. Boa sorte então, Harry. Guardarei um lugar para você na próxima aula. – disse sorrindo e acenando para ele, que contribuiu, seguindo então para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.
O restante da semana passou normalmente, as aulas rotineiras, passei a maioria dos tempos livres com Robert, Gina ou Hermione e procurei estudar bastante, já pensando nas N.I.E.M.s do ano seguinte. Estava me sentindo estranha, minha cabeça estava confusa, sentimentos misturados, sentimentos que eu até mesmo chegava a pensar não serem meus, e tentar compreender isso havia me desgastado bastante.
Era sábado de manhã e estava sentada no colo de Robert em um dos sofás da sala comunal, com minhas costas apoiadas em seu tronco, que estava deitado sobre o sofá. Estávamos em silêncio apenas curtindo a música que soava na vitrola do cômodo, que no momento era Ask Me Why da banda trouxa The Beatles. O LP de Please Please Me era um de meus favoritos e eu sempre trazia para poder ouvir uma vez ou outra durante o ano letivo em Hogwarts, as pessoas já estavam bem acostumadas e até gostavam bastante das músicas.
- Ask me why, I'll say I love you and I'm always thinking of you… - Robert cantarolou ao pé de meu ouvido, me fazendo sorrir. – Estava com saudade de ver esse sorriso… Você tem estado distante desde que voltamos do feriado. – comentou.
- Eu sei. Desculpa. – disse, me aconchegando em seu abraço.
- Tudo bem, mas me fala o que aconteceu. – ele pediu, afagando meus cabelos.
Pensei no encontro acidental que tivera com Draco na madrugada de segunda feira. Não achava que esse era o real motivo para eu estar daquele jeito, pelo menos não o principal, sem falar que tocar no assunto não faria as coisas entre eu e Robert melhorarem.
- Para falar a verdade, nem eu sei direito. – disse sincera, por mais que omitisse o fato sobre Draco – Acho que estou apenas numa semana ruim, sabe?
- Entendi. – ele deu um meio sorriso e beijou minha testa, seguidamente seguindo para os lábios, num calmo e doce beijo.
Ficamos assim por mais alguns minutos, curtindo um ao outro, sem nos importar com ninguém ao nosso redor na sala comunal.
- Melhor eu ir, vai haver a primeira aula de aparatação daqui a pouco no Salão Principal. – levantei cuidadosamente, para não machucá-lo.
- Ok, te encontro na hora do almoço, então?
- Sim, até mais tarde. – sorri, beijando-o rapidamente pela última vez e seguindo para o Salão Principal, encontrando Harry e Hermione no caminho.
- Olá. – os cumprimentei, colocando-me entre os dois e os abraçando de lado.
- Bom dia, . – disseram os dois ao mesmo tempo.
- Íamos te chamar para vir conosco, mas... – Harry começou – Não quisemos interromper você e Robert. – Hermione concluiu, com um sorriso maroto no rosto.
- Ah, tudo bem. – sorri sem graça. Poderia apostar que meu rosto estava corado no momento.
Continuamos o caminho conversando animadamente sobre a expectativa da nossa primeira aula de aparatação. Quando chegamos ao Salão Principal, podemos notar que ele estava sem nenhuma das 4 mesas das casas e diante de todos os alunos estavam os professores McGonagall, Snape, Flitwick e Sprout, que também eram os diretores de cada casa de Hogwarts. No meio deles estava um bruxo miúdo e pálido, que provavelmente era o instrutor de Aparatação do Ministério.
Olhei ao redor, vendo quem havia comparecido à aula, e notei Draco discutindo aos cochichos com Crabbe, parecendo extremamente raivoso. No mesmo momento um sentimento de raiva, não sei de onde, tomou conta de mim a ponto de eu não conseguir prestar atenção no que o instrutor começara a falar.
- Malfoy, sossegue e preste atenção! – vociferou a prof. McGonagall e eu então voltei a prestar atenção na aula, me livrando do sentimento ruim que havia sentido há instantes.
- Como vocês talvez saibam, - o instrutor, o qual ainda não sabia o nome, continuou – normalmente é impossível desaparatar em Hogwarts. O diretor suspendeu este encantamento, apenas no Salão Principal, por uma hora, para que vocês possam praticar. Aproveito para enfatizar que não poderão aparatar fora das paredes deste Salão e que seria imprudente tentar. Gostaria agora que cada um se posicionasse deixando um metro e meio de espaço livre à frente.
Houve um empurra-empurra inicial, mas no final os professores conseguiram contornar a situação e todos estavam arrumados uns aos lados dos outros em fileiras separadas.
Hermione estava ao meu lado, procurei por Harry e o encontrei perto de Draco. Voltei minha atenção aos professores no exato momento.
O salão todo fez silêncio quando pedido, e então a aula verdadeiramente começou. O instrutor, que se chamava Wilkie Twycross, segundo Hermione, acenou com a varinha fazendo com que aparecessem aros de madeira à frente de cada um dos alunos.
- É importante lembrar dos três Ds quando aparatamos: Destinação, Determinação e Deliberação! Primeiro concentrem a mente na destinação desejada. – disse Twycross – No caso, o interior de seu aro. Agora façam o favor de se focarem nessa destinação.
Fiquei olhando fixamente para o aro a minha frente, tentando não pensar em mais nada.
- Segundo – ele continuou – Focalizem sua determinação de ocupar o espaço visualizado. Deixe este desejo fluir da mente para todas as partículas de seu corpo! E agora no três, somente quando eu der a ordem, girem o corpo, sentindo-o penetrar o vácuo, mexendo-se com deliberação! Quando eu mandar... Um... Dois... TRÊS! – ele anunciou e então fixei toda minha concentração no aro e quando girei o corpo, senti meu corpo colidindo com o de outra pessoa.
- Desculpe-me. – disse me virando e me deparando com Draco.
- Passou longe, hein, sangue ruim? – ele comentou debochado, acompanhado da risadas de seus amigos, mas eu conseguia notar que seus olhos não debochavam como suas palavras.
- Já chega, sr. Malfoy. – McGonagall disse ao se aproximar – Está tudo bem, srt.ª ?
- Está sim... Só parei no lugar errado, obrigada.
- Está certo, então. Volte para sua posição. – ela pediu e assim eu o fiz.
A aula continuou durante um bom tempo, porém o único acontecimento de fato interessante havia sido o Estrunchamento de Susana Bones, da Lufa-Lufa. Fora isso, não havia acontecido mais nada, nem acidentes e nem avanços.
Depois de a aula ser finalizada, fui me encontrar com Robert na biblioteca para estudar. Ficamos por lá até tarde e então seguimos para a sala comunal, para nos encontrarmos com seus amigos. O clima estava aconchegante e divertido, como há tempos não ficava e eu pretendia aproveitar este momento até o último segundo.
Capítulo 15 - Envenenamento
Janeiro e fevereiro passaram rapidamente e já estávamos no 1º dia de março. Era aniversário de Rony e, infelizmente, não poderíamos mais comemorá-lo no Três Vassouras, já que a visita a Hogsmeade havia sido cancelada devido ao mau tempo e – por mais que não admitissem – o acidente que acontecera a Cátia da última vez, que por sinal, continuava no St. Mungus.
Teríamos mais uma aula de aparatação naquela manhã, após o café. Não havia ocorrido nenhum avanço nas últimas aulas. Na realidade, o maior feito até agora havia sido quando eu aparatara em cima de Draco, além dos outros alunos que também haviam conseguido estrunchar.
Desde aquele dia eu não tivera mais nenhum contato direto com Draco, porém estávamos sempre trocando olhares durante as refeições, nos corredores, quando passávamos um pelo outro e nas aulas de Poções e DCAT. Pode me chamar de louca, mas parecia que um elo estava crescendo entre nós, por mais que não tivéssemos nenhum contato direto, eu me sentia ligada a ele, sentindo seus sentimentos e emoções passarem para mim apenas através de seu olhar, sem a necessidade de toque ou mesmo de palavras, e algo me dizia que ele sentia o mesmo.
O problema era que, por causa disso, eu começava a concordar com as contínuas suspeitas de Harry sobre ele ser um comensal, por mais que eu não comentasse nada, pois a probabilidade de tudo ser alucinação da minha cabeça era grande. Afinal, era eu a garota que vivia tendo sonhos bizarros e sem sentido, não era? Por mais que eu não houvesse tido mais nenhum desde que estive n’A Toca.
Prendi meu cabelo em um coque e me vesti com uma calça de veludo vinho e um suéter de lã listrado em branco, cinza, rosa e amarelo. Calcei um par de botas e rumei à sala comunal junto com Hermione, onde Gina, sentada em uma poltrona, se encontrava nos esperando.
- Bom dia. – dissemos juntas.
- Bom dia, meninas. – Gina respondeu enquanto nos sentávamos no sofá.
- Onde está Rony? – perguntei, vendo Hermione revirar os olhos discretamente. Esta briguinha estava demorando demais para acabar.
- Creio que ainda esteja dormindo. – Gina falou – Ou abrindo os seus presentes.
- Ah sim. Espero que ele goste do meu. Não sabia o que comprar então eu optei por uma caixa com várias unidades de sapos de chocolate.
- Do jeito que ele gosta de comer, esse provavelmente será o seu presente favorito. – ela comentou e todas nós rimos, inclusive Mione.
- Mas olha só se não são as meninas mais lindas de toda Hogwarts que temos aqui. – a voz de Robert soou na sala e eu pude sentir seus lábios mornos depositando um beijo em minha face – Bom dia. – ele falou e nós contribuímos com um riso no rosto devido ao que ele dissera anteriormente, enquanto ele se sentava ao meu lado no sofá.
As coisas com Robert andavam meio frias. Eram raros os momentos que passávamos juntos e sempre havia alguém a mais conosco, nunca tínhamos um tempo só nosso. Encontrávamo-nos mais no Salão Principal e durante alguns minutos, de vez em quando, na sala comunal. Ele dizia estar estudando para as N.I.E.M’s, que estavam cada vez mais próximas, mas o estranho era que na maioria das vezes que eu me voluntariava para estudar junto a ele, ele dizia que não era necessário que eu me dedicasse a isso, porque só teria que fazer o exame no ano seguinte. Era uma atitude a qual achava estranha, devo confessar, porque estudarmos juntos já havia se tornado um hábito comum no nosso relacionamento, mas não insistia muito para não dar uma de namorada chata.
- Parece animado, hein, Colfer? - Gina comentou divertida.
- Acordei de bom humor. – ele falou com um sorriso no rosto – Como se pode ficar mal humorado quando se tem a melhor namorada do mundo? – ele me roubou um rápido beijo e pude ouvir as meninas dizerem um “aw” em coro.
- Bobo. – disse rindo, sendo interrompida por um barulho vindo do meu estômago.
- Melhor irmos tomar nosso café, não é mesmo? – Hermione disse risonha e eu concordei sem graça.
Seguimos para o Salão Principal e encontramos Jullian e Rodolph próximos à entrada da mesma, juntos com três garotas Lufanas. Jullian envolvia uma menina loura, a qual, se não me engano, se chamava Drizella, e Rodolph, a menina a qual havia convidado para a festa de natal de Slughorn, Lucy. A terceira menina, que se chamava Candice, tinha cabelos castanhos bem claros e grandes olhos azuis acinzentados. Ela me fitou de cima a baixo, com certo desprezo, e depois direcionou sua atenção a Robert, adotando um sorriso malicioso em sua face.
Eu não tinha gostado disso. Não mesmo.
- E aí, caras?. – Robert cumprimentou os amigos.
- E aí, Rob? – Jullian falou – Meninas. – sorriu.
- Olá. – dissemos juntas.
- Seu cabelo está mais bagunçado que o normal, sabia, cabeludo? – brinquei.
- Ah... – ele riu baixo – Sabe como é, né? – ele olhou sugestivo para Drizella. Pelo jeito não havia sido ele mesmo que bagunçara seu cabelo dessa vez.
- Não sei e nem quero saber. – disse e todos nós rimos.
- Melhor entrarmos, né? – Rodolph disse e assim fizemos.
Ambos se despediram de suas garotas com um beijo e o restante de nós apenas acenamos e, novamente, pude notar a tal Candice fitando Robert, da mesma maneira maliciosa, porém o mesmo não parecia notar nada – ao menos eu achava que não.
Estávamos saboreando nosso café da manhã quando fomos surpreendidos pela notícia de que Rony estava inconsciente na ala hospitalar, dada pela professora McGonagall, que não entrou em muitos detalhes. Não fomos à aula de aparatação que haveria e ficamos o dia inteiro esperando por notícias junto a Harry, inclusive Robert veio conosco, porém logo teve que nos deixar porque tinha que estudar.
Já era noite e a ala hospitalar estava silenciosa. A única cama ocupada era a de Rony. Estávamos eu, Harry, Hermione e Gina sentados à sua volta. Madame Pomfrey só havia nos deixado entrar quando o relógio anunciava ser oito horas da noite e exatamente dez minutos depois, Fred e Jorge também chegaram ao local.
Harry contava mais uma vez a história do acidente, só que dessa vez para os gêmeos. Explicou como Rony havia sido enfeitiçado com uma poção do amor, que na realidade era destinada a ele, e que ele procurou ajuda com o professor Slughorn, que havia dado um antídoto a Rony. Após o feito ele oferecera taças de hidromel a eles, para brindarem o aniversário de Rony, porém o líquido estava envenenado. Ele, que havia sido o primeiro a tomar todo o conteúdo rapidamente, logo caiu no chão e só sobreviveu graças a Harry ter lembrado e encontrado um bezoar.
Eles continuaram com as especulações sobre o envenenamento, enquanto eu apenas fitava a Rony adormecido sobre sua cama, até que, novamente, eles tocaram no ponto que mais havia me perturbado até o momento.
- Mas você disse que Slughorn tinha pensado em dar a garrafa a Dumbledore no Natal! – Gina falou – Então o envenenador poderia muito bem estar atrás de Dumbledore.
- Então o envenenador não conhecia Slughorn muito bem. – falou Hermione, pela primeira vez em horas, com a voz fraca – Qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que havia grande probabilidade do professor guardar uma coisa gostosa para si mesmo.
- Bem... Eu já vou. – disse enquanto levantava meio tonta – Mantenham-me atualizada de todas as notícias, certo? – sorri fraco e me despedi com um “boa noite”, a qual todos igualmente responderam.
Sai da ala hospitalar ao mesmo tempo em que Hagrid entrava apressado.
Segui para a torre da Grifinória, pensativa e aflita. Eu havia sonhado com tudo aquilo antes. Não com o envenenamento de Rony, mas com Dumbledore no lugar. A garrafa com líquido envenenado, o homem coberto por uma extensa barba grisalha, quem mais poderia ser? E por que eu sonhava constantemente com ataques contra este mesmo homem? Era tudo complicado e estranho demais.
Cheguei ao sétimo andar e segui para a passagem da sala comunal. Instantes depois, Robert passou pela mesma passagem, parecendo ofegante e, sem nem me notar, relaxou sobre uma das poltronas.
- Tudo bem, Robert? – perguntei e ele pareceu se assustar ao notar minha presença.
- Tudo ótimo, . – ele sorriu – Está há muito tempo aqui?
- Acabei de chegar. – respondi, me sentando no sofá – Passei o dia na ala hospitalar.
- Ah sim. – ele respirou fundo – Rony está melhor?
- Ainda inconsciente. Passará o restante da semana lá. – disse e ele apenas assentiu com a cabeça.
- Bom, eu vou dormir. – ele disse – Estou cansado, passei o dia inteiro estudando. – fez uma careta.
- Imagino. – sorri – Também já vou me deitar.
- Boa noite, então. – ele levantou e me beijou a testa, seguindo para o dormitório masculino.
Fiquei mais alguns minutos sentada em frente a lareira, pensando em tudo o que estava acontecendo, e depois fui para o quarto, me ajeitar para dormir.
Eu não sabia e não entendia praticamente nada do que estava acontecendo ao meu redor, porém eu, de algum jeito, me sentia conectada a tudo, por mais que não fosse algo bom.
Capítulo 16 – Sala Precisa
Estava arrumando meus materiais sobre a mesa, me preparando para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que logo começaria. Já haviam passado semanas desde o envenenamento de Rony e alguns dias desde a partida de Quadribol da Grifinória contra a Lufa-Lufa, na qual Harry havia sido atingido brutalmente por um balaço durante uma discussão com McLaggen em campo.
O clima estava bem estranho no castelo. Não sei se era apenas impressão, mas era assim que eu me sentia. Eu não estava mais andando junto a Harry, Hermione e Rony como costumava, mesmo depois dos dois últimos terem feito às pazes. Gina vivia com Dino, apesar da discussão que tiveram durante o jogo, quando ele riu de McLaggen acertando Harry com o balaço, e Robert estava cada vez mais distante.
Não que a culpa fosse exclusivamente deles, o verdadeiro problema era eu. Não sentia ânimo para ficar conversando e vivia pelos cantos lendo ou estudando e, de vez em quando, escrevendo para meus pais e lendo as cartas que os mesmos me enviavam através de . Sem falar que essa crescente obsessão de Harry em relação a Malfoy estava começando a criar certo desconforto em mim. A alienação era tamanha que ele havia, inclusive, colocado dois elfos para persegui-lo no castelo, e foi dessa maneira que ele havia descoberto que Draco costumava se esconder na sala precisa, o que ele havia dito para mim durante o café da manhã – coisa que eu já suspeitava há tempos, de tanto vê-lo rondar pelo sétimo andar, muitas dessas vezes no local exato da sala precisa.
Falando em Draco, o mesmo não havia aparecido na última partida de Quadribol, assim como não havia ido às anteriores. Ele parecia ficar cada vez mais esquivo, eram raros os momentos que eu o encontrava pelo castelo sem ser no Salão Principal ou nas aulas que tinha junto com a Sonserina. Além de que ele apresentava um semblante ainda mais apreensivo e duro a cada dia, o que me perturbava.
Estava procurando me aproximar de Draco ultimamente. Sim, era um ato estranho de minha parte, mas algo em mim dizia que era necessário que eu o fizesse. Acho que esse era o principal motivo de eu estar me sentindo tão estranha. Os sentimentos confusos dentro de mim estavam ficando cada vez mais fortes e eu já não sabia como controlá-los, agia apenas por impulso. Porém, até agora, eu não havia tido a oportunidade de trocar uma palavra com ele.
Peguei-me observando-o sentado em sua mesa no outro canto da sala e, quando seu olhar encontrou o meu, tive a impressão de que ele havia esboçado um pequeno sorriso em seu rosto. Mordi meu lábio inferior, indecisa entre corresponder ou não o sorriso, ao qual não tinha nem certeza que ele havia dado, quando a voz fria de Snape soou na sala.
- Outra vez atrasado, Potter. Menos dez pontos para Grifinória.
Vi Harry fechar a cara e se sentar ao lado de Rony, que estava sentado ao lado de Hermione, ao meu lado.
- Antes de começarmos, quero ver os seus trabalhos sobre dementadores. – ordenou o professor, acenando sua varinha e fazendo com que todos os pergaminhos pousassem em uma pilha sobre sua mesa – Espero, para o seu próprio bem, que estejam melhores do que o chorrilho que tive de ler sobre a resistência à Maldição Imperius. Agora, queiram abrir a página... Que foi, sr. Finnigan?
- Senhor, - começou Simas – como é que se pode diferenciar um morto-vivo ou Inferius de um fantasma? Porque saiu no Profeta uma notícia sobre um Inferius...
- Não, não saiu. – retrucou Snape, entediado.
- Mas, senhor, ouvi comentários...
- Se o senhor tivesse realmente lido a notícia, saberia que o suposto Inferius não passava de um ladrãozinho chamado Mundungo Fletcher.
Ouvi Harry cochichar algo a qual não conseguira entender, porém Snape parecia ter compreendido tudo claramente.
- Mas Potter parece ter muito a dizer sobre o assunto – Snape falou apontando para o fundo da sala, onde nos encontrávamos, com seus olhos fixos em Harry – Vamos perguntá-lo como ele descreveria a diferença entre um morto-vivo e um fantasma.
Todos na sala começaram a encarar Harry, que começou a falar.
- Ah, bem... Fantasmas são transparentes...
- Oh, muito bem! – interrompeu-o Snape – Sim, é fácil verificar que não desperdiçamos seis anos de estudos com você, Potter. Fantasmas são transparentes. - repetiu com desdém.
Ouvi Pansy soltar uma risada aguda e então notei que vários alunos sorriam debochados, em sua grande maioria, é claro, da Sonserina. Incluindo Malfoy.
- Sim, fantasmas são transparentes, - ouvi Harry continuar – mas Inferius são corpos sem vida, certo? Então seriam sólidos...
- Uma criança de 5 anos poderia ter nos dito isso. – zombou o professor – Um Inferius é um morto que foi reanimado por meio de um feitiço das Trevas. Não está vivo, é meramente usado como uma marionete para cumprir ordens do bruxo. Um fantasma, como espero que a esta altura todos saibam, é uma impressão deixada por um morto na terra... E, é claro, como diz Potter sabiamente, é transparente.
- Bem, o que Harry disse é muito útil para diferenciarmos os dois! – comentou Rony – Quando nos defrontarmos com uma aparição em um beco escuro, vamos olhar depressa para ver se é sólido, não é, não vamos perguntar: “Com licença, o senhor é uma impressão deixada por uma alma que partiu?”
Todos na sala começaram a rir, porém o riso logo se cessou devido ao olhar que Snape lançou à turma.
- Outros dez pontos a menos para a Grifinória. – disse o professor – Eu não esperaria nada mais sofisticado do senhor, Ronald Weasley, um rapaz tão sólido que é incapaz de aparatar dois centímetros em uma sala.
Harry se preparava pra retrucar o professor, mas Hermione o impediu.
- Agora abram os livros na página duzentos e treze – disse Snape com um sorrisinho – e leiam os dois parágrafos sobre a Maldição Cruciatus.
Durante o restante da aula, Rony ficou estranhamente quieto, assim como Harry, e eu fiquei conversando com Hermione aos cochichos. Quando a sineta tocou, Lilá se aproximou para conversar com Rony, e Hermione me puxou discretamente no sentido contrário ao que ela vinha, evitando o encontro com a mesma.
- Já me basta ter que dividir o mesmo quarto com ela, não sou obrigada a suportá-la em outros cantos do castelo. – ela falou nervosa enquanto nos dirigíamos para a sala comunal.
- Granger nervosa. Melhor tomar cuidado. – arregalei os olhos em falso espanto e ela começou a rir, sendo acompanhada por mim.
Mais uma semana havia se passado e já estávamos no meio de outra segunda-feira. No domingo havia ocorrido a primeira parte do teste de aparatação em Hogsmeade, porém nem eu e Harry fomos, pois ainda não havíamos completado 17 anos e não podíamos tirar a licença de aparatação.
Passei o dia inteiro na companhia de Robert e seus amigos, e só voltei a encontrar Harry, Hermione e Rony durante o jantar no Salão Principal. Ele nos contou o que havia feito durante o dia que foi, é claro, ficar a espreita de Draco na sala precisa, porém sem conseguir nenhum resultado diante disso.
Estávamos sentados sobre a grama no pátio da escola, aproveitando o dia ensolarado. Hermione e Rony liam panfletos do Ministério sobre como evitar erros no teste de aparatação, porém os mesmos não pareciam aliviar o nervosismo de nenhum dos dois.
Rony vez ou outra procurava se esconder atrás de mim ou de Hermione, pensando ver Lilá se aproximar no pátio, o que era bem engraçado. Uma dessas vezes foi quando uma garota veio entregar a Harry um rolinho de pergaminho, o qual ele pensara ser de Dumbledore – por mais que o mesmo houvesse dito que não teriam outra reunião antes que Harry conseguisse uma suposta lembrança de Slughorn – mas que na realidade era um convite de Hagrid para o enterro de sua aranha, Aragogue.
- Ah, pelo amor de Deus! – Hermione exclamou ao ler a carta, sendo acompanhada pelo o olhar incrédulo de Rony, que também acabara de ler.
- Ele é maluco! – exclamou ele, furioso – Aquela coisa mandou a turma dele nos devorar! Como Hagrid pode esperar que a gente vá lá chorar pelo seu defunto peludo?
- Sem falar que ele está nos pedindo para sair do castelo à noite, sabendo que a segurança está mais rigorosa e que nos meteremos em uma encrenca séria se formos pegos.
- Já fizemos isso antes. – Harry disse simplesmente e eu apenas observava a conversa, sem saber muito bem como me inserir na mesma.
- Mas não por um motivo desses. – Hermione falou – Afinal, Aragogue morreu. Se fosse uma questão de salvar a vida dele...
- Eu iria querer menos ainda. – Rony a interrompeu – Você não o conheceu, Hermione. Pode acreditar, ele morto deve estar bem melhor.
Harry suspirou segurando o bilhete.
- Harry, você não pode estar pensando em ir. – Hermione falou – Não tem sentido pegar uma detenção por uma coisa dessas.
- Sei disso. Presumo que Hagrid terá que enterrar Aragogue sozinho.
- Sim. – ela falou aliviada – A propósito, a aula de Poções vai estar quase vazia hoje à tarde, todos estaremos fazendo os testes... Aproveite para amaciar Slughorn um pouco!
- Sorte pela quinquagésima sétima vez, é isso? – Harry perguntou amargurado.
- Sorte... – repeti a palavra e chamei a atenção de todos para mim – É isso, Harry!
- Como assim?
- Sua poção da sorte, use-a para isso!
- , isso é… Brilhante! – Hermione exclamou – Como não pensei nisso antes?
- Felix Felicis? – Harry perguntou nos encarando – Não sei... Estava meio que guardando...
- Pra quê? – Rony perguntou incrédulo.
- O que pode ser mais importante que essa lembrança, Harry? – perguntou Hermione.
Harry ficou fitando o nada durante um longo instante, sem responder nada.
- Harry? Você ainda está aqui? – perguntei.
- Quê...? Claro. – ele respondeu, voltando a realidade – Bem... Ok. Se eu não conseguir que Slughorn fale essa tarde, vou tentar novamente à noite.
- Está decidido então! – Hermione exclamou sorridente.
- Bem, eu vou dar uma passada no banheiro antes de a aula começar. – falei levantando da grama – Vejo você na aula de poções, Harry. Boa sorte no teste, gente. – me despedi com um aceno, sendo correspondida, e adentrei o castelo.
Quando cheguei à sala, notei que, além de mim, só havia mais três alunos presentes nela: Harry, Ernesto e Draco.
Sentei-me ao lado de Harry, sendo cumprimentada por um sorriso do mesmo, o qual eu correspondi, e então Slughorn começou a falar.
- Todos muitos jovens para aparatar? – perguntou cordialmente – Ainda não fizeram dezessete anos?
Todos nós sacudimos a cabeça em negação.
- Ah bem! – falou Slughorn animado – Como são tão poucos, vamos nos divertir. Quero que preparem alguma coisa engraçada!
- Parece uma boa ideia, professor. – bajulou Ernesto, esfregando as mãos em animação. Harry esboçou um sorriso para o professor e Draco sequer mudou a expressão seca em seu rosto.
- Que é que você quer dizer com “coisa engraçada”? – perguntou, irritado.
- Ah, me façam uma surpresa. – o professor respondeu despreocupado.
Peguei meu exemplar de Estudos avançados no preparo de poções e o abri. Folheei as páginas até decidir por fazer uma poção do sono que não era muito complicada.
Olhei de soslaio para Draco, que olhava fixamente para seu caldeirão. Notei que ele parecia mais magro, assim como pálido. Seu rosto não expressava sentimento algum, porém eu sentia que ele estava frustrado, impaciente e extremamente cansado.
Voltei a prestar atenção na poção que fazia e, faltando minutos para terminar a aula, consegui finalizá-la.
Slughorn, como sempre, exaltou a poção de Harry, dizendo o quanto ela estava maravilhosa. A de Ernesto acabara por dar errado, e quanto a minha e a de Draco, Slughorn não fez muito alvoroço, mas disse que havia notado um grande avanço meu em sua matéria, o que me fez sorrir agradecida.
Abandonei a sala ao som da sineta, deixando Harry para trás, que tentaria falar com Slughorn para conseguir a tal lembrança da qual precisava tanto. Tentei me aproximar de Draco, que claro, estava sozinho, para iniciar uma conversa, porém me faltou coragem. Afinal, sobre o que eu poderia falar com ele? Eu não fazia ideia.
Voltei para a sala comunal, onde estudei um pouco de Transfiguração. Harry chegou algum tempo depois, dizendo que havia fracassado em sua tentativa de conversar com Slughorn, e então ficamos conversando até a sineta para a próxima aula tocar.
Já era final de tarde e eu estava sozinha na biblioteca, estudando. Isso já havia se tornado um hábito nas últimas semanas e qualquer um que quisesse me procurar nesse horário, em qualquer dia da semana, saberia onde me encontrar. Espreguicei-me preguiçosamente e levantei da mesa, pegando o livro que lia, fechando e guardando-o em seu devido lugar nas prateleiras.
Havia passado parte da tarde junto a Gina, que mostrou que eu não era a única com problemas no relacionamento. Ela revelou que não se sentia mais bem ao lado de Dino como antigamente e que o namoro estava cada vez mais desgastante para ambos. Sabia bem o que ela queria dizer com aquilo.
Segui andando pelo corredor, silenciosamente, me direcionando de volta para a sala comunal. Faltando pouco para chegar a grande escadaria, ouvi o barulho de risadinhas e beijos vindo de trás de uma das pilastras. Pelo menos alguém está se divertindo, pensei.
Quando me virei para fazer a curva no corredor, pude ver de onde e de quem vinham tais ruídos e, bom, não foi uma cena muito agradável.
Robert estava com suas costas encostadas à gigantesca pilastra e beijava intensamente a garota que possuía nos braços, a qual eu acreditava ser Candice, devido ao longo e brilhante cabelo castanho claro. Ele segurava em sua cintura, apertando-a fortemente contra seu corpo, e ela alternava seus carinhos pelo cabelo e pescoço dele.
Aquele beijo era uma demonstração gratuita de fogo e paixão, que cortaria o coração de qualquer um por não ter a chance de ter o mesmo. Principalmente se o tal beijo estivesse sendo trocado entre seu namorado e uma garota que não é você.
Segurei as lágrimas que começavam a invadir meus olhos e saí dali do mesmo jeito que havia chegado: sem ser notada. Andava sem conseguir distinguir direito as coisas à minha frente, devido ao choro que embaçava a minha visão.
A dor que eu sentia dentro de mim era algo inexplicável. Tudo bem que nosso relacionamento não estava às mil maravilhas, mas me trair não era a solução. Eu nunca teria a coragem de traí-lo, por que ele tinha que fazer aquilo comigo? Dar um fim ao nosso relacionamento seria muito mais simples e muito menos doloroso.
Continuei a andar, sem enxergar nada direito, e acabei tropeçando, creio que em um dos degraus da escada, e esbarrando em alguém.
- Olha por onde está... ? – ouvi a voz dele dizer.
- Eu... Desculpa, Draco. – falei sem graça, esfregando os olhos com as costas da mão.
- Você está chorando. – ele falou como se eu não tivesse dito nada e um semblante de preocupação apareceu em seu rosto – O que aconteceu? – balancei a cabeça, como se dissesse “nada”, e senti uma de suas mãos me tocar a cintura.
- Vem cá. – ele falou, olhando apreensivamente para os lados, como se quisesse ter certeza de que não havia ninguém por perto, e começou a andar, sem deixar de me envolver por um segundo, me guiando pelo castelo.
Depois de subirmos pelo menos uns 3 ou 4 lances de escadas, eu ainda chorando silenciosamente encostada ao seu corpo, senti ele parar de andar e tirar sua mão de minha cintura.
Sequei as lágrimas e pisquei meus olhos, deixando minha visão mais clara, e então vi onde estávamos. Draco havia acabado de dar uma terceira volta em frente à parede vazia e a porta da sala precisa apareceu.
Draco segurou minha mão, sorrindo gentilmente, e abriu a porta que revelou em seu interior uma sala com um grande sofá branco de couro, tendo uma mesa de centro à sua frente, recheada de pães, frios, frutas e sucos, e uma lareira. As paredes eram cobertas por um papel de parede listrado em verde e vinho e o chão por um carpete branco. O cômodo não era muito grande, mas era extremamente aconchegante.
Draco me guiou até o sofá e se sentou, fazendo um sinal com a mão para que eu me sentasse ao seu lado.
- Foi o Colfer, não foi? – ele perguntou, porém nada em seu semblante expressava dúvida.
Fiz que sim com a cabeça e ele continuou a me fitar, inexpressivo.
Ele suspirou alto e encostou o corpo ao sofá, passando a fitar o teto.
- É engraçado isso... – ele começou e eu ouvia atentamente as suas palavras – Você querer tanto alguém, mas não poder ter, porque outra pessoa já tem quem você tanto quer. – ele novamente suspirou alto – Mas você fica feliz por isso, só porque a tal pessoa está a fazendo feliz. Afinal, foi você quem nunca teve a coragem de se aproximar do tal alguém, por inúmeros motivos. – ele fez uma pausa e então seus olhos cinzentos encontraram os meus – E então essa pessoa joga fora tudo o que você sempre quis e a destrói, a deixa machucada. – ele pousou sua mão sobre a minha – E você não sabe se fica machucado também ou se fica feliz por ter a oportunidade de finalmente poder tomar coragem e ter esse alguém para você.
- Draco... – falei trêmula – O que você...
- Eu quero você, . – ele falou, me fitando intensamente – Eu preciso de você. – E então o que eu menos esperava acontecer, aconteceu: Draco me beijou.
Seus lábios frios se encontraram com os meus, criando um choque térmico entre eles. Ele apoiou uma de suas mãos em minha cintura, me puxando para mais perto, e colocou a outra em minha nuca, onde começou a deslizar seu dedos em um carinho.
Pega de surpresa, demorei para reagir ao beijo. Porém, quando o fiz, levantei meus braços e envolvi o pescoço de Draco com os mesmos, colando-o a mim. Ajeitei meu corpo sobre o dele, sentando em seu colo, sem separar nossos lábios por um segundo sequer.
Não entendia como e nem o porquê daquilo estar acontecendo, mas parecia tão certo, como se nossos bocas tivessem sido feitas para se tocarem. A sincronia dos nossos toques era perfeita. Estar com ele era perfeito, e a única certeza que eu tinha diante de tudo aquilo, era a de que eu não queria que isso acabasse nem tão cedo.
Capítulo 17 – Periculum Siderea
Apesar de ainda estar confusa com os acontecimentos da noite anterior, prestava a máxima atenção no que Harry falava durante a aula de Feitiços. Ele lançou o feitiço Abaffiato sobre nós e começou a relatar o modo como extraíra a memória de Slughorn, o que Dumbledore havia revelado sobre as Horcruxes de Voldemort - a quem eu estava enfim tomando coragem de chamar pelo nome - e da promessa do mesmo de levá-lo em sua companhia, caso encontrasse outra.
- Uau. - exclamou Rony, após Harry finalizar a história, acenando sua varinha em direção ao teto - Você vai realmente acompanhar Dumbledore… E tentar destruir… Uau.
- Rony, você está fazendo nevar. - Hermione avisou, pacientemente agarrando o pulso dele e desviando-o do teto, de onde havia começado a cair flocos de neve.
- Ah, é. - ele exclamou, olhando para seus ombros - Desculpem… Parece que agora todos nós estamos com uma caspa horrível…
Ele espanou um pouco da falsa neve dos ombros de Hermione. No mesmo instante ouvi alguém cair no choro. Virei o rosto para ver quem era e vi Lilá.
- O que houve com ela? - perguntei, unindo as sobrancelhas em expressão de dúvida.
- Nós terminamos. - Rony falou, entortando a boca - Na noite passada. Quando ela me viu saindo do dormitório com Hermione. Ela não pode ver Harry, já que ele estava usando a capa da invisibilidade, então pensou que estávamos sozinhos.
- Ah. - exclamou Harry - Você não está ligando para isso, está?
- Não. - admitiu Rony - Foi bem chato ouvir os gritos dela, mas pelo menos não precisei terminar.
- Covarde. - disse Hermione, embora parecesse achar graça - Bem, foi uma noite ruim para os namoros em geral. Gina e Dino também terminaram.
- Por quê? - Harry perguntou e eu percebi uma faísca de satisfação em seu olhar.
- Por uma coisa realmente boba… Gina falou que ele estava sempre querendo ajudar na hora de passar pelo buraco do retrato, como se ela não soubesse subir sozinha… Mas o namoro já estava balançado há um tempão. - explicou - Claro que isso deixa você num dilema, na equipe de quadribol, com Gina e Dino sem se falar…
- Ahn… É. - concordou Harry.
- Creio que a seja a única de bem com seu namoro por aqui. - Rony brincou.
- Na realidade… - suspirei - Eu vou terminar hoje com Robert.
Eu não havia o visto novamente desde a noite passada, quando o vira junto com Candice. Na realidade, havia evitado encontrá-lo. Quando acordei, segui direto para o Salão Principal, não ficando nem um minuto na sala comunal, e de lá, pegando apenas uma fatia de torrada com manteiga, segui para um dos banheiros femininos, para que pudesse comer sozinha. Isso podia até soar como um ato covarde, mas eu não ligava, eu simplesmente não me sentia preparada para encará-lo ainda. Porém tudo seria resolvido naquele dia, eu não podia adiar demais.
- Por que, ? - Hermione perguntou claramente surpresa - O que aconteceu?
- Longa história. Depois eu explico.
- Flitwick. - alertou Rony.
O pequeno professor caminhava em nossa direção, sendo que apenas eu e Hermione havíamos conseguido transformar vinagre em vinho; nossos balões de ensaio estavam cheios do líquido vermelho, enquanto os de Harry e Rony continuavam castanho-turvos.
- Vamos rapazes. - censurou o professor com sua voz fininha - Menos conversa e um pouco mais de ação! Quero ver vocês experimentarem.
Juntos, eles ergueram as varinhas, concentrando-se ao máximo, e apontaram para seus respectivos balões. O vinagre de Harry virou gelo; o balão de Rony explodiu e eu tive que me segurar para não rir, assim como Hermione.
- Então… Para casa… - disse o professor, tirando estilhaços de vidro do chapéu - Praticar.
Saímos da sala e fomos direto para sala comunal, já que teríamos um tempo livre juntos. O caminho todo eu fiquei perdida em meio aos meus pensamentos, algo que, graças a Merlin, nenhum dos meus três companheiros havia notado.
Não fazia ideia de como iria abordar Robert em relação ao que vira na noite passada. Afinal eu também havia o traído com Draco. Pois por mais que ele tivesse me enganado primeiro, isso não amenizava o fato de eu ter feito, de certa forma, o mesmo. Robert continuava, querendo ou não, sendo o meu namorado e eu não podia simplesmente ir até ele e dizer “Eu te vi ontem aos amassos com Candice no corredor e quero terminar. A propósito, depois disso, fui para a sala precisa com Draco e nós nos beijamos”.
O engraçado era que, como eu evitara topar com Robert durante toda manhã, acabei também evitando Draco. Se bem que também não saberia como reagir ao meu primeiro contato com ele depois do último acontecimento, e não fazia ideia de como ele iria reagir, já que ele era, definitivamente, a pessoa mais imprevisível e inconstante que conhecia. Porém, mas cedo ou mais tarde, acabaria descobrindo.
Suspirei ao atravessar o buraco do retrato e franzi o cenho ao registrar uma rodinha de alunos do sétimo ano – a qual nem Robert nem seus amigos faziam parte - na sala comunal, quando Hermione gritou:
- Cátia, você voltou! Você está bem?
Surpresa, direcionei meu olhar a Cátia, que parecia bem feliz e saudável rodeada por seus amigos.
- Estou realmente boa! – disse ela feliz – Eles me deram alta no St. Mungus na segunda-feira. Passei uns dias em casa com meus pais e voltei para Hogwarts essa manhã. Liane acabou de me contar o que McLaggen fez no último jogo, Harry...
- É, bem, agora que você já voltou e Rony está em forma, teremos uma chance decente de dar uma surra na Corvinal, o que significa que ainda poderíamos estar na disputa pela Copa. Escuta Cátia... – Harry hesitou, abaixando o tom de voz – Aquele colar... Você agora lembra quem lhe deu? – ele perguntou e eu senti um calafrio me subir a espinha.
- Não. – respondeu Cátia, sacudindo a cabeça – Todo mundo está me perguntando, mas eu não faço ideia. A última coisa que me lembro é de que entrei no banheiro feminino no Três Vassouras.
- Então, definitivamente você entrou no banheiro? – indagou Hermione.
- Bem, eu sei que abri a porta, então imagino que quem me lançou a Maldição Imperius estava parado ali atrás. Depois disso, minha memória apagou tudo até as duas últimas semanas no St. Mungus. Escutem, é melhor eu ir andando, a McGonagall é bem capaz de me passar uma frase de castigo, mesmo sendo o primeiro dia da minha volta...
Dito isso, ela pegou seus pertences e saiu atrás dos amigos, nos deixando sós na sala comunal, que sentamos numa mesa próxima à janela.
- Então deve ter sido uma garota ou uma mulher quem deu o colar a Cátia, – falou Hermione – para estar no banheiro feminino...
- Ou alguém com a aparência de uma garota ou de uma mulher – contrapôs Harry – Não esqueçam que existe um caldeirão de Polissuco em Hogwarts. Sabemos que roubaram um pouco...
- Não foi ninguém disfarçado. Foi uma mulher. – falei com tanta certeza que até eu mesma estranhei.
- E como você sabe? – Rony perguntou com o cenho franzido.
- Eu... Eu não sei. – balancei a cabeça, como se quisesse espantar os pensamentos de minha cabeça - Vou descansar um pouco. Vejo vocês mais tarde. – disse e não esperei por resposta nenhuma, logo indo para a escada e seguindo para o dormitório.
Deitei em minha cama e passei a encarar o teto. Estava me sentindo perturbada depois de escutar a conversa entre Harry e Cátia. Sentia-me como se estivesse traindo os meus amigos por omitir meus pensamentos, por mais que eles não passassem devaneios ou suposições. Como eu poderia ter tanta certeza de que Rosmerta é quem havia lançado a maldição em Cátia? E de que fora ela quem envenenara o hidromel para ajudar... Não, não e não. Eu só podia estar ficando louca.
Suspirei fundo e vi a porta sendo aberta, revelando Hermione.
- Está tudo bem? – ela perguntou e eu assenti com a cabeça – Eu sei que não está, .
- Então por que perguntou? – ri da cara que ela fizera.
- Porque é mais educado. – respondeu como se fosse óbvio, sentando-se na beirada de minha cama, ao lado dos meus pés.
- Se você diz... – dei de ombros.
- Você está assim por causa de Robert, não é?
- Bem... É. – suspirei.
Não estava mentindo ao dizer para Hermione que estava mal por causa de Robert, mas ele não tinha nem dez por cento de culpa do meu estado de humor no momento.
- Não vai me falar o que aconteceu?
- Ele me traiu. – disse simplesmente e Hermione adquiriu uma expressão chocada. Não sei se pelo fato de Robert ter me traído ou pelo fato de eu ter dado a notícia como se fosse outra coisa qualquer.
- Como assim? Como você descobriu isso? Explica as coisas direito, !
- Eu estava voltando da biblioteca para a sala comunal e, no meio do caminho, o vi junto com Candice, aos beijos.
- Você deve estar se sentindo péssima. – falou e se aproximou mais, segurando uma de minhas mãos, em sinal de apoio.
- Mais ou menos... – confessei – Foi pior na hora... De qualquer forma, nosso namoro já estava esquisito.
Vi entrando no dormitório pela janela e pousar sobre a cabeceira da minha cama, com uma carta no bico – a qual eu podia jurar pertencer a Draco. Sentei-me e estiquei a mão até o envelope que a ave trazia, pegando-o e, seguidamente, tirando um pote de biscoitinhos que tinha de dentro da gaveta da minha mesinha, dando um para , antes de acariciá-la e deixá-la voar de volta para o Corujal.
- De quem é? - Hermione perguntou, referindo-se a carta.
- Não faço ideia. - menti ao mesmo tempo em que guardava a carta, junto com o pote de biscoitos, dentro da gaveta.
- Não vai ler? - indagou, estranhando minha atitude.
- Não estou com cabeça. - expliquei - Melhor descermos. A próxima aula vai começar em minutos.
- Você tem razão. – falou, rapidamente se levantando e saindo do quarto, assim como eu.
Na hora do almoço, a primeira pessoa que avistei ao entrar no Salão Principal foi Robert. Ele estava sentado entre um espaço vago, supostamente guardado para mim, e Rodolph, tendo Jullian sentado a sua frente, e conversava animadamente com os mesmos.
Hermione estava sentada ao lado do espaço guardado por Robert, tendo Harry e Rony à sua esquerda. Já Neville e Gina estavam sentados do outro lado da mesa, de frente para os mesmos, tendo mais um assento vazio ao lado; o qual eu ocuparia.
Comecei a caminhar, sem pressa, em direção local desejado, até que vi Robert levantar-se de seu lugar, vindo ao meu encontro.
- ! Não te vi hoje de manhã. Onde é que você esteve? - ele perguntou, aproximando-se para me beijar, e eu virei o rosto.
No momento que fiz tal movimento, meu olhar encontrou Draco, que me fitava, de sua mesa, com um sorriso torto nos lábios.
- Está tudo bem? - ele indagou, estranhando minha atitude.
- Está sim. Eu estive ocupada durante a manhã. - respondi impaciente.
- Ah, ok então. Vem, sente-se comigo. Eu estava contando uma história hilária a Jullian sobre…
- Se não se importa, eu vou sentar ao lado de Gina, está bem?
- Mas… Bem… Se é o que você quer…
- Nos falamos depois então.
Sentei-me à mesa e, no mesmo instante, uma bolinha de papel amassada chegou as minhas mãos. Abri o bilhete e li a mensagem:
"Quando é que você vai resolver as coisas com Robert? - HG".
- Mais tarde. - respondi, olhando para Hermione, porém, pela feição que todos adquiriram, percebi que ela já havia contado tudo para eles.
Gina me abraçou de lado e cochichou:
- Você vai ficar melhor sem ele.
- Eu sei que vou. - sorri, agradecendo pelo apoio - Mas e você, como está depois do término?
- Perfeitamente bem. - respondeu e eu ri.
- Bom saber, porque eu acho que Harry ficou bem alegre com a notícia, sabe? - falei para que só ela ouvisse.
- Como? - perguntou, tentando disfarçar o tom de excitamento em sua voz.
- Ele tentou disfarçar, porém dava para ver nos olhos dele a verdade. - ri ao lembrar-me do olhar de Harry ao saber do término de Gina e Dino.
Gina não disse mais nada, mas a cara de satisfação que fez ao tomar um gole de seu suco de abóbora foi bastante como resposta.
Já eram 6h30 da noite e eu estava conversando com Gina na sala comunal. Tínhamos acabado de voltar do Salão Principal, onde mais uma vez, durante o jantar, evitara falar com Robert. Mas sabia que, a partir do momento que ele chegasse à sala comunal, não poderia adiar mais.
Mais cedo, após o almoço, eu voltara o dormitório, sozinha, e lera a carta que havia trazido mais cedo. De fato, como eu suspeitava, era um bilhete de Draco, pedindo para que eu o encontrasse às 10h em frente à sala precisa; o que eu faria.
Suspirei fundo ao ver Robert entrando pelo buraco do retrato e se aproximar de mim, dizendo:
- Acho que precisamos conversar, não é?
- Acho que sim. – respondi, levantando da cadeira que ocupava e dando um breve tchau a Gina.
- Vamos para o meu dormitório... É mais reservado... – falou e seguiu para a escada que dava em direção ao dormitório masculino.
Sem dizer mais nada, apenas o segui.
- Então, posso saber o que aconteceu para você estar tão estranha assim? – perguntou, assim que entramos em seu quarto, e sentou-se em sua cama.
- Tem certeza que não sabe?
- Eu...
- É exatamente isso que você está pensando. – falei, interrompendo-o – Eu sei sobre você e a Candice.
- Mas como...?
- Não interessa como. – o interrompi novamente – Eu apenas sei. E eu não estou com raiva de você... Pelo menos não agora. Eu sei que nosso relacionamento não estava grande coisa... Mas você deveria ter terminado comigo antes de ter ficado com ela. De qualquer forma, isso não importa.
- , me desculpa, a gente podia...
- Não há nada que possamos fazer. Já estava tudo uma grande porcaria... Descobrir isso foi só a gota que faltava para eu tomar coragem e dizer algo. – falei impaciente – Sem falar que eu também já estou com outra pessoa.
- Como é que é? – um tom de raiva tomou conta de usa voz – Como você... Com quem você...
- Olha, nem venha com sermões para cima de mim. – o cortei – Eu posso até ter errado, mas você errou antes e me deu motivos para fazer isso. – bufei – Já cansei dessa conversa.
Dito isso, eu dei meia volta e saí do quarto, deixando um Robert vermelho e indignado para trás.
- Fico feliz que você tenha vindo. – ouvi a voz de Draco surgir atrás de mim, no momento que chegara ao local da sala precisa.
- Você fala como se não soubesse que eu viria. – virei-me para fitá-lo, erguendo uma das sobrancelhas.
- Bom... – ele hesitou – Melhor entrarmos na sala, antes que alguém nos pegue aqui.
No momento que ele falou isso, uma grande porta surgiu na parede vazia do corredor. Atrás dela estava a mesma aconchegante sala da noite passada e um sorriso tomou conta dos meus lábios ao lembrar de tudo que acontecera ali.
Senti suas mãos me tocarem a cintura por trás e seus lábios tocarem levemente meu pescoço. Dei meia volta, ficando de frente para ele e apoiei minhas mãos em seus ombros, ficando na ponta dos pés para alcançar seus lábios em então beijá-lo.
Era incrível a necessidade que sentia de Draco; era algo que parecia crescer cada vez mais, a medida de que nos aproximávamos um do outro. Completamente insano e sem sentido.
Ele partiu o beijo, depositando um selinho sobre meus lábios em seguida, e falou:
- Eu tenho uma coisa para você.
- O que? – perguntei, unindo as sobrancelhas em sinal de dúvida.
- Isso. – ele tirou um pequeno embrulho feito em papel de seda e o abriu, revelando o anel de cobra que havia jogado fora no início do ano.
- Mas como...?
- Eu o encontrei jogado na neve, próximo ao Lago Negro, no dia em que você o jogou fora, e decidi guardar.
- Como você sabia que eu tinha jogado ele fora e onde eu o jogara? – perguntei, franzindo o cenho.
- Eu não sabia... – falou, sentando-se no sofá – Eu apenas o encontrei por acaso e guardei.
- E como você pode ter certeza que o encontrou no dia em que o joguei fora? E você não deveria ter ficado chateado com isso? E...
- Bom, - ele me interrompeu – digamos que eu apenas sei das coisas, e sei que você meio que teve um motivo para se desfazer do anel.
- Draco... – sentei-me ao lado dele, que me acompanhava com o olhar – Eu também sinto essas coisas, sabe... De saber como você se sente, mesmo sem me falar nada... Às vezes parece que eu não estou sentindo meus próprios sentimentos, mas de outra pessoa... No caso os seus... Eu tenho sonhos estranhos... – suspirei – Você sabe o que é isso, não sabe?
- Vamos conversar sobre isso outra hora, tá bem? – ele pediu e eu assenti, derrotada – Me dê sua mão.
Estendi minha mão, assim como ele pedira, e ele colocou o anel em um dos meus dedos.
Ele sorriu sem mostrar os dentes e ergueu minha mão até a altura de seus lábios, dando um beijo sobre a superfície da mesma. Sorri e o abracei, encontrando todo o conforto que eu podia desejar no encaixe de nossos corpos.
Uma quinzena havia se passado desde meu término com Robert e muita coisa, desde então, havia mudado. Robert assumira apenas três dias depois seu romance com a lufana, tornando nosso término e sua nova namorada o assunto mais comentado da semana. Meus amigos, em especial Gina e Hermione, ficaram preocupados com minha reação diante disso, mas a verdade é que, desde que entrara em Hogwarts, eu nunca me sentira tão bem na vida.
Eu e Draco nos encontrávamos todas as noites, em segredo, na sala precisa e estávamos adquirindo uma proximidade que nunca tivera com ninguém. Ele me entendia como ninguém conseguia, assim como eu a ele, e, por mais que nós tivéssemos nossos segredos - mais ele do que eu, para falar a verdade – nós meio que compreendíamos o que se passava pela cabeça um do outro e sempre deixávamos o assunto de lado, sem maiores complicações.
Porém, as coisas não estavam melhorando apenas para mim. Gina e Harry também estavam cada vez mais próximos, principalmente após a saída de Dino do time de quadribol, devido à volta de Cátia. Ela me dizia que eles sempre passavam um tempo juntos, conversando e rindo, principalmente nas voltas dos treinos. Por mais que ele não tomasse nenhuma iniciativa maior, segundo ela, aquilo já dava maior segurança para que ela mesmo pudesse agir futuramente, o que bastava.
Já era noite e eu estava junto com Gina e Hermione na sala comunal, sentada no sofá que ficava de frente para a lareira. Gina contava sobre o que acontecera na sua última aula de Transfiguração, onde um menino da Corvinal, sem querer, acabou se transformando em um pato, quando, do nada, eu senti uma dor dilacerante atingir meu peito. Meu corpo, mole, caiu sobre o sofá e eu fechei os olhos, sem saber como reagir diante de tanta dor.
- ! O que houve? Tá tudo bem? , fala comigo! – Hermione dizia próxima a mim, mas eu não conseguia abrir os olhos devido à dor.
- Você acha que deveríamos levá-la a ala hospitalar? – ouvi Gina dizer.
- Não... Eu... – respirei fundo e a dor começou a diminuir – Já está passando.
- Tem certeza? – indagou Hermione, receosa.
- Sim... Eu vou ficar bem. – ajeitei-me sobre o sofá, voltando a ficar sentada e elas voltaram aos seus lugares, ainda com os olhares preocupados sobre mim.
Então, do nada, uma figura passou correndo pela sala comunal, completamente encharcada, seguindo para o dormitório masculino.
- Era o Harry? – Hermione perguntou intrigada.
- Creio que sim. – Gina respondeu, no mesmo estado que a garota.
No instante seguinte, a mesma figura voltou à sala comunal e logo saiu correndo. De fato, era Harry, e ele estava encharcado com água e... Sangue. Instantaneamente uma imagem de Draco caído sobre uma poça de água e sangue, completamente ferido, se formou em minha cabeça.
Balancei a cabeça, em negação, espantando a imagem de minha mente e pedi para que Gina prosseguisse com sua história, a fim de me distrair um pouco. Porém, minutos depois, uma quintanista apareceu na sala comunal para contar as “novidades”. Aparentemente, Murta-Que-Geme havia espalhado para toda Hogwarts que Draco havia sido atacado por Harry no banheiro, confirmando o que eu tanto temia ter acontecido.
- Eu aposto que isso tem a ver com aquele livro do Príncipe Mestiço. – falou Hermione com um tom de irritação e, ao mesmo tempo, preocupação em sua voz – Eu falei para ele não usá-lo!
- Talvez não tenha sido... – Gina começou uma tentativa de defender Harry, porém o olhar cortante que Hermione lhe lançou a impediu.
- Harry deve estar numa baita encrenca... – falei, por mais que a única pessoa que ocupasse minha cabeça no momento fosse Draco.
- De fato. – Hermione suspirou e eu reparei no quanto Gina estava aflita.
- Eu vou... Resolver uma coisa... – falei, levantando do sofá, sem sentir tanta dor como antes.
- Resolver o que? – perguntou Hermione com tom de suspeita.
- Depois eu explico.
E então saí da sala comunal.
Assim que entrei na Ala Hospitalar, Madame Pomfrey me abordou.
- Posso ajudá-la em alguma coisa? – perguntou.
- Eu... Eu poderia ver Draco Malfoy, Madame Pomfrey? – perguntei insegura.
Ela analisou meu uniforme, reparando na gravata da Grifinória e franziu o cenho, provavelmente se perguntando o por que de uma grifinória estar visitando o Malfoy. Principalmente quando a mesma é uma nascida trouxa.
- Tenho que... A professora McGonagall pediu para que eu desse um recado a ele, já que eu estava indo a biblioteca e a ala hospitalar fica no mesmo andar. – disparei a primeira mentira que se formara na minha mente.
- Está bem. – falou, parecendo convencida – Mas seja breve. O sr. Malfoy precisa de descanso.
- Está certo. Obrigada, Madame Pomfrey.
Aproximei-me da cama de Draco, que era a única ocupada, além de uma no outro canto da sala, onde se encontrava um menino primeiranista, que eu acreditava ser da Grifinória.
- Oi... – falei baixinho, para que só ele ouvisse, enquanto fazia um breve carinho em seu rosto.
- … - falou sorrindo – Está tudo bem?
- Eu que devia estar perguntando isso, não acha? – ri baixo – Está doendo muito? – passei a mão de leve por seu peito e ele fez uma careta.
- Não muito. – deu de ombros – A notícia já se espalhou?
- Murta-Que-Geme fez questão de contar para todos. – falei – Mas mais cedo ou mais tarde todos iriam acabar descobrindo de qualquer forma.
- Se não fosse o maldito do Potter...
- Ele é meu amigo, Draco. – o interrompi e ele revirou os olhos.
- Mas se não fosse por ele, eu não estaria aqui.
- Tenho certeza de que ele não fez por mal.
- Claro que não. Ele só quase me matou sem querer. – falou debochado – Faz muito sentido.
- Não quero discutir sobre isso.
- Está bem... Desculpe. – ele pegou minha mão e a acariciou, fazendo com que eu sorrisse.
- Draco... – comecei - Algo estranho aconteceu no momento que... Você foi ferido.
Ele suspirou, ajeitando-se sobre a cama, esperando que eu prosseguisse.
- Eu não tenho certeza absoluta se foi no momento exato, mas... Eu senti uma dor dilacerante no meu peito, exatamente no local onde você foi ferido e... No momento em que eu vi Harry todo encharcado e ensanguentado na sala comunal, eu tive certeza do que havia acontecido e... – suspirei nervosa - São tantas coisas estranhas Draco, que eu sei que você pode me explicar.
- É complicado, . – ele falou e, pela sua cara, eu pude perceber que ele não queria continuar o assunto.
- Mas eu tenho o direito de saber, você não acha?
- É... Creio que sim. – ele suspirou, derrotado – Eu descobri isso apenas no ano passado, mas eu já sabia que existia algo estranho entre nós, uma espécie de ligação. – assenti, pedindo para que ele continuasse – E então, lendo um livro antigo que encontrara na biblioteca de minha casa, eu descobri sobre Periculum Siderea.
- E o que é isso? – perguntei ansiosa.
- É uma ligação mágica muito rara que pode existir entre dois bruxos. Tão rara que, entre dois bilhões de bruxos, as chances de esta ligação acontecer entre dois deles é mínima.
- Mas aconteceu entre nós dois. – afirmei, olhando para ele.
- Sim, aconteceu. – ele confirmou – A partir do momento em que nós nos vimos pela primeira vez, na escadaria, em direção ao Salão Principal. – ele sorriu – Você estava tremendo de medo e eu todo presunçoso.
- Eu lembro que fiquei toda apaixonada por você naquele dia... E então por mais três anos... E depois comecei a te odiar. – confessei, rindo baixo.
- E hoje você está comigo. - ele segurou minha mão com mais força.
- Mas então... Todos os sonhos, todas as suposições estranhas... Tudo acontece devido a essa ligação.
- Em grande maioria, creio que sim. Pelo o que eu li, esse é um meio que nós temos de compartilhar coisas que sentimos necessidade, mas não sabemos como... – explicou - E também, com um pouco de prática, você aprende a manipular os sonhos...
- Como aquele no qual você conversa comigo, na sala precisa, com aquele móvel estranho. – falei e ele assentiu – Então você realmente é um... – deixei a frase solta no ar e ele desviou seu olhar do meu. Foi então que eu tive a plena certeza de que as suspeitas de Harry esse tempo todo estavam corretas. Draco era, de fato, um comensal da morte.
Mordi meu lábio inferior, sem saber direito como agir, e coloquei minha mão em seu rosto, virando-o para mim.
- Eu não vou te deixar por isso. Você sabe, não é? – ele assentiu com um sorriso fraco nos lábios.
- … Isso tudo é muito perigoso.
- Eu sei, mas eu não me importo. – disse sincera.
- Não só isso... Eu quero dizer, a ligação... – ele passou a mão na testa, puxando seu cabelo para trás – Ela é perigosa. Quanto mais próximo ficamos um do outro, mais forte ela fica, por isso você sentiu a dor que eu senti a ser ferido... Porque eu não soube controlar e... Pode ficar pior... – falou com a voz tomada em desespero – Por isso eu sempre me mantive o mais longe que pude de você.
- Não importa, Draco. – disse, pegando uma de suas mãos e segurando entre as minhas – O que importa agora é que estamos juntos e vamos continuar assim. Não importa o que aconteça, está bem?
Ele assentiu, porém seu olhar ainda denunciava o desespero que sentia.
- Srt.ª ? – ouvi Madame Pomfrey me chamar e logo me afastei de Draco – Tem outra pessoa querendo ver o Sr. Malfoy. Já deu o recado que precisava?
- Sim, Madame Pomfrey. Já estava de saída. – falei – Adeus, Malfoy. Melhoras. – disse e Draco me lançou um olhar de desdém, devido ao fato de estarmos na presença de outra pessoa.
Saí da Ala Hospitalar, cruzando com Pansy Parkinson na saída da mesma, e segui para a sala comunal.
Tudo o que acabara de descobrir através de Draco, apesar de complicado e até mesmo estranho, havia feito com que eu me sentisse aliviada. Afinal, eu não era louca. Tinha uma razão para eu saber tanto, mesmo que eu não entendesse como. Podia ser algo perigoso, como ele dissera? Podia. Porém aquela ligação era apenas mais uma prova de que eu e Draco havíamos nascido um para o outro e isso, no momento, era o suficiente para mim.
Capítulo 18 – O Começo do Fim
- Eu realmente preciso ir agora, . – Draco falou ao cortar o beijo.
Estávamos numa sessão deserta da biblioteca. Havíamos enjoado de sempre irmos à sala precisa, por mais que pudéssemos ‘mudá-la’ o quanto quiséssemos e, de vez em quando, nos encontrávamos ali ou em cantos poucos visitados do castelo.
Haviam-se passado semanas desde o incidente entre Harry e Draco no banheiro. A final da copa de Quadribol inclusive já havia passado, a qual a Grifinória, por um milagre, ganhara. Harry, que estava cumprindo detenção por ter atacado Draco, obviamente não pôde comparecer; entretanto, ele havia sido muito bem recompensado ao chegar à sala comunal para a festa da vitória: Gina o beijara na frente de todos sem nenhuma cerimônia e, desde então, eles estavam juntos.
Também estava mais difícil esconder meu relacionamento com Draco. Parara com as saídas depois do toque de recolher, para evitar problemas, porém, com minhas constantes saídas sem justificativas, Hermione e Gina começaram a desconfiar que eu estivesse saindo com alguém. Depois de um tempo acabei confessando que estava tendo um romance, porém só não revelara com quem – e este era o assunto que elas mais abordavam desde então.
Enfim, nada fora do normal acontecera até aquele momento.
- Por quê? – perguntei manhosa – O que você tem de tão importante para fazer?
- Você não sabe? – perguntou arqueando a sobrancelha e eu fechei a cara.
Draco tinha muito mais facilidade em decifrar meus pensamentos e sentimentos através da nossa ligação e vivia me testando para que eu melhorasse nisso, porém eu não queria melhorar; queria ter um relacionamento normal, sem precisar entrar na cabeça do meu namorado para saber como ele está se sentindo.
- E deveria?
- Bem... Você já deve ter tido sonhos sobre isso, entende? – riu.
- Sabia que a maioria das pessoas esquecem os sonhos depois que acordam? – encostei-me à estante de livros que estava atrás de mim, encarando-o com as sobrancelhas erguidas.
- Sabia que os sonhos que nós compartilhamos são diferentes dos sonhos ordinários? – ele imitou minha pose, rindo e selando seus lábios nos meus por um rápido segundo.
- Você realmente não vai me contar? – suspirei, abraçando-o pelo o pescoço e formando um bico nos lábios.
- Ainda hoje você irá saber, . – sua expressão endureceu – Não é algo que dê para esconder, entende? – sorriu sem humor, acariciando meu rosto.
- Isso tem a ver com...? – deixei a pergunta no ar. Por mais que soubesse da verdade, o fato de Draco ser um comensal era algo difícil com que se lidar.
- Bem... Depois nós nos falamos. – falou fugindo do assunto e eu tive a certeza que a resposta era sim – Tenho que encontrá-la essa noite ainda. Você saberá a hora. E, , - pausou, ajeitando uma mecha de meu cabelo – independente do que aconteça hoje, saiba que você é muito importante para mim e que eu nunca lhe causaria nenhum mal propositalmente, está bem? – beijou-me a testa e saiu, sem dizer mais nada.
Fiquei por mais alguns instantes lá, parada e sozinha, sem fazer nada, procurando compreender o que estava acontecendo. Depois de um tempo acabei por suspirar frustrada e decidi ir para a sala comunal, já que não me restava nada a fazer na biblioteca.
- Estava com seu namorado? – Hermione perguntou, abaixando o livro que lia, assim que eu entrei na sala comunal. Um sorriso travesso ocupava seu rosto e eu não deixara de reparar o quanto ela frisara a palavra “namorado”; porém reagi sem dar muita importância, sentando em uma poltrona ao lado de Rony.
- Estava sim. Por quê? – perguntei casualmente.
- Ah, ! – Gina exclamou impaciente – Quando você vai parar de nos enrolar e contar quem é o garoto com quem você está saindo?
- Na hora certa. – respondi, segurando o riso.
- E quando será essa hora certa? – Hermione insistiu.
- Na hora certa, ora essa. – falei como se fosse óbvio, arrancando uma risada de Rony.
- Não entendo essa necessidade feminina de saber com quem a amiga está saindo. – ele falou – Por Merlin!
- É, mas não fui eu que fiquei perturbando a Hermione perguntando se ela sabia algo sobre o namoro da . – Gina retrucou, fazendo o rosto de seu irmão adquirir a cor do próprio cabelo.
- Engraçadinha. – falou constrangido.
- Mas sério, , - Hermione fez manha – conta pra gente.
- Eu contarei em breve. Prometo.
- Está bem então. – suspirou, derrotada.
- Cadê o Harry? – perguntei, só então notando a ausência do mesmo.
Todos pareceram ficar aflitos com minha pergunta. Rony aproximou-se mais de mim e respondeu, em voz baixa:
- Ele está com Dumbledore, - começou – foi ajudá-lo a encontrar uma das horcruxes.
Prendi a respiração devido ao choque que sua resposta me causara. Teria a missão de Draco algo a ver com aquilo? Se bem que, nunca, nem em sonhos, ele mencionara nada sobre horcruxes. Entretanto, sentia que Dumbledore tinha algum envolvimento na história, minha mente só não conseguia lembrar exatamente qual – se é que realmente sabia.
- Está tudo bem, ? – Hermione perguntou, tocando minha mão levemente.
- Sim. – respondi, acordando de meu pequeno transe – Só estou preocupada... Com Harry. – menti, embora isso não fosse realmente uma mentira – Deve ser perigoso ir atrás de um objeto das trevas como esse, principalmente pertencendo a quem pertence.
- É verdade. – Rony concordou, fazendo uma careta.
- Mas Harry está com Dumbledore, - Gina falou – não tem porque se preocupar.
Instantaneamente fiz uma careta, acreditando que as palavras de Gina tinham uma realidade oposta.
- Tem razão... – falei, procurando disfarçar – Se me derem licença, vou tomar um banho agora. Preciso relaxar.
- Está bem. – Hermione falou – Mas , você ainda tem seu galeão de ouro da Armada de Dumbledore?
- Sim. – respondi, estranhando sua pergunta – Está na minha cômoda, no dormitório. Por quê?
- Harry acredita que, seja o que for que Malfoy está planejando, se está realmente planejando, ocorrerá hoje, e pediu para que alertássemos a todos usando o galeão. – explicou.
- Claro. – falei, procurando disfarçar o desconforto que sentia – Estarei alerta. – falei e dei meia volta, seguindo para o dormitório feminino.
Encostei meus cotovelos sobre o batente da janela, passando a fitar o céu estrelado enquanto girava o galeão de ouro da Armada de Dumbledore na mão. A roupa que separara para vestir estava sobre minha cama, porém não encontrava forças para ir tomar o banho que tanto desejava; algo me dizia que eu deveria continuar onde estava e aguardar - só não sabia o que.
Suspirei, fechando os olhos por alguns segundos, e, ao abrir, me deparei com uma visão um tanto estranha. Uma marca havia aparecido no céu, a qual me era familiar. Franzi o cenho, tentando lembrar o que tal sinal significava e então senti o galeão de ouro começar a arder em minha mão, fazendo tudo ter sentido. Aquela era a Marca Negra, a marca oficial de Voldemort, marca que tinha o significado de morte.
Respirei fundo, procurando unir toda a coragem dentro de mim, e peguei minha varinha, deixando o galeão de lado sobre a cama e correndo para fora do dormitório, procurando achar os outros. Passei rapidamente pela sala comunal, notando certo agito na mesma, mas como ninguém que procurava se encontrava nela, segui direto para a saída.
Assustei-me ao ver a situação em que o sétimo andar se encontrava. Haviam comensais por todos os lados, duelando contra inúmeros bruxos, muitos os quais nunca vira na vida, mas que suspeitava pertencerem à Ordem da Fênix, e também com alguns alunos. Apenas tive alguma reação ao ver que Hermione iria ser atingida pelas costas por um comensal, o que fez com que eu lançasse um feitiço paralisante no mesmo, em seguida correndo até ela.
- O que está acontecendo aqui? – perguntei, o medo presente em minha voz, ao mesmo tempo em que lançava feitiços estuporantes em cada comensal que minha vista alcançasse.
- Harry estava certo. – Hermione respondeu ao mesmo tempo em que desarmava um comensal – Draco está aprontando algo. Ele foi visto seguindo para a Torre de Astronomia e os comensais estão aqui para nos impedir de segui-lo e atrapalhar seus planos.
Engoli em seco e vi Rony se aproximar, parecendo tão assustado quanto eu.
- Está tudo bem com vocês? – perguntou.
- Na medida do possível, Ronald. – Hermione respondeu, num tom que deu a entender que ela achara a pergunta estúpida.
- Eu preciso que vocês me ajudem a chegar à torre. – falei de repente, recebendo olhares confusos dos dois.
- Para que você precisa ir lá? – Rony perguntou, provavelmente me achando maluca.
- Preciso impedir que o Draco faça alguma besteira. – suspirei, temendo a reação que eles teriam diante do que eu diria a seguir - Ele é meu namorado.
- O QUÊ? – Rony gritou, sendo empurrado por Hermione, que impediu-o de ser atingido por um feitiço e estuporou o comensal que lançara o mesmo.
- Eu sei que é estranho, sei que ele é a última pessoa com quem eu deveria me relacionar... – gesticulava nervosa – Mas é mais forte do que eu. Eu realmente gosto dele, e também tem uma ligação... Periculum Siderea, depois leia sobre isso, Mione, mas, por favor, me ajudem a chegar à torre, eu preciso falar com Draco.
- Está bem. – Hermione suspirou concordando, recebendo um olhar de reprovação de Rony – Vá. Nós lhe daremos cobertura, mas depois quero que me explique essa história direito.
- Obrigada. – sorri sentindo-me aliviada e agradecida – Desculpem-me. Falem com Gina por mim. Vocês são muito importantes para mim. – disse, sem saber exatamente por que estava falando daquela maneira, como numa despedida, apenas sentia que era o certo a fazer.
Abracei-os e estão segui correndo, livrando-me de cada comensal que aparecia na minha frente, sem dar muita atenção à batalha que ocorria à minha volta, apenas me importando em encontrar Draco o mais rápido possível.
Estuporei o último comensal que atrapalhava meu caminho para a Torre de Astronomia e segui para a mesma. Estava quase chegando à escada, quando senti meu corpo paralisar. Pude ver a figura de Snape se aproximar e me colocar em um local escondido sobre a escada, sem poder ter nenhuma reação diante disto. Ele se virou e então subiu as escadas, e tudo o que me restou a fazer foi escutar a conversa que acontecia a poucos metros de mim.
- Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós... – uma voz feminina e de certo modo esganiçada falou, porém parou repentinamente, ao mesmo tempo em que, segundo minhas suspeitas, Snape chegara ao local.
Prendi a respiração ao finalmente compreender tudo: era esta a missão de Draco, matar Dumbledore. O choque tomou conta de mim por um momento. Seria ele capaz de cometer tal ato? E se não fosse, o que lhe aconteceria como consequência? A angústia crescia cada vez mais dentro de meu peito, porém tentava ao máximo afastar esses pensamentos, para poder prestar atenção no que acontecia no andar de cima.
- Temos um problema, Snape, – ouvi uma voz masculina falar – o menino não parece capaz...
Então pude ouvir uma voz baixa, também chamando por Snape pelo nome.
- Severo... – Dumbledore dissera, num tom que parecia ser súplica, o que me aterrorizou mais do que qualquer coisa que vira aquela noite.
Não houve nenhuma resposta, mas pude ouvir o barulho que parecia o de alguém sendo empurrado, e um gemido de reclamação que podia apostar que havia vindo da boca de Draco.
- Severo... Por favor... – Dumbledore novamente suplicou.
Fez-se silêncio por um breve instante e, então, a maldição da morte foi conjurada.
Permaneci em estado de choque – agora não só mais pelo feitiço que Snape lançara, mas pelo horror que sentia – e só tive alguma reação ao ver Snape, Draco e mais três comensais fugindo da torre de astronomia. Queria poder correr atrás deles, mas o efeito não passava e não conseguia recuperar meus movimentos.
Instantes depois, Harry passou por mim correndo, o que me fez estranhar o fato de não ter ouvido sua voz nenhum instante sequer. As dúvidas que me cercavam apenas aumentavam e a vontade de sair dali também, porém demorou ainda mais alguns minutos para que eu conseguisse recuperar meus movimentos. Ao conseguir, saí correndo o mais rápido que pude, mais uma vez sem me importar com a batalha que acontecia ao meu redor; apenas me livrava de alguns comensais que apareciam no meu caminho com feitiços de proteção, seguindo direto para área externa do castelo, onde sabia que encontraria Draco novamente.
Cheguei, aos tropeços, ao jardim, devido às várias pancadas que levara no caminho, graças a minha distração e pressa. O vento frio atingiu em cheio meu corpo, que estava protegido apenas pelo uniforme, sem capa, de Hogwarts. Avistei Harry caído a pouca distância da cabana de Hagrid, tendo Snape, Draco e um comensal louro mais à frente. Corri até Harry, ficando ao seu lado e senti o olhar de Draco cair sobre mim, parecendo angustiado.
- Me mate, então, - ofegou Harry, com desdém, sem notar minha presença – Me mate como matou ele, seu covarde!
- NÃO... – gritou Snape, adquirindo uma expressão que parecia uma mistura de dor e raiva –... ME CHAME DE COVARDE.
Vi-o golpear o ar e Harry se contorceu como se tivesse levado uma chicotada. Ajoelhei-me ao lado dele, apoiando sua cabeça em meu colo e conjurei um feitiço para alívio de dor que Hermione me ensinara. Notei ao longe que Snape já fugia, acompanhado do comensal desconhecido e Draco, que parecia evitar a fuga, constantemente olhando para mim.
- … O que você está fazendo aqui? – Harry perguntou, parecendo atordoado.
- Não posso falar agora. – falei, vendo que cada vez mais Draco se aproximava ao portão – Tenho que resolver um assunto. Cuide-se, está bem? – disse e me levantei, notando o vulto de Hagrid saindo de sua cabana.
- O que você vai fazer? O que você está escondendo?
- É complicado, Harry. – suspirei, sem me virar para encará-lo – Hermione e Rony explicarão.
Sem esperar por uma resposta, saí correndo em direção a Draco, alcançando-o já fora dos limites de Hogwarts, e o abraçando-o pelo pescoço.
- … - ele sussurrou contra meu pescoço – É tão bom ter você aqui.
- Posso saber o que significa isto? – a voz severa de Snape perguntou, olhando-nos incrédulo.
Draco pareceu hesitar, sem saber o que responder.
- Eu... – comecei, procurando pensar numa resposta decente, porém Draco me interrompeu.
- Ela vai conosco. – falou decididamente.
- O quê? – Snape perguntou com os olhos arregalados, parecendo tão espantado quanto eu – Você está maluco? Primeiramente, falha na sua missão, e agora quer levar uma sangue-ruim até o Lorde das Trevas?
- Ela é uma grande bruxa, poderá ser útil. – Draco falou com tanta confiança que me assustou.
- Compreendo que esteja apaixonado, Malfoy, - Snape falou com desdém – mas levá-la fará apenas com que ela seja usada como uma arma contra você.
- Deixe-o levar a menina... – o comensal louro debochou – Será engraçado vê-la sendo torturada na frente dele.
Draco, parecendo furioso, já abria a boca para rebater as palavras do homem, mas eu o interrompi.
- Eu vou. – disse, chamando a atenção de todos para mim – Não importa o que vocês digam. Eu quero ir.
Sabia que se fosse com Draco poderia morrer, mas a possibilidade de ficar longe dele fazia com que eu quisesse morrer.
- Que assim seja. – Snape falou, me fitando com uma expressão que não pude decifrar.
No segundo seguinte, aparatamos e chegamos a um local o qual parecia ser a entrada de uma grande mansão. Caminhamos em linha reta em meio a um grande jardim, até chegar à porta principal da casa. Draco não soltara minha mão por um único instante o trajeto inteiro; podia sentir que ele não se sentia mais confiante com sua escolha de me trazer ali, mas já era tarde demais.
Entramos no local e Snape nos conduziu até um cômodo que parecia ser uma elegante sala de jantar. Grande parte das cadeiras estava ocupada, como se esperassem pela chegada dos comensais que me acompanhavam. Ao ouvirem nossa chegada, todos os olhares se direcionaram para a porta, parando subitamente em mim. A pessoa que ocupava a cadeira da ponta mais próxima de nós, a única que se encontrava de costas, levantou e aproximou-se de nós, parecendo ao mesmo tempo satisfeito e ultrajado. Suas feições distorcidas, que chegavam a causar calafrios em meu corpo, não deixavam dúvidas: era Voldemort que se encontrava à minha frente.
- Soube que a missão foi completa... – falou baixo, com sua voz fria – mas não pela pessoa a qual ela foi designada. – parou seu olhar sobre Draco, que parecia aterrorizado. - Sabe que sofrerá duras consequências pelo seu mau desempenho, certo, Draco? – perguntou fitando o menino, que não moveu um músculo sequer como resposta. - Já você, Severo... – falou voltando-se para o homem que eu costumava conhecer como professor – Devo dizer que tamanha fidelidade me surpreendeu. Agrada-me o fato de saber que tenho pessoas em quem confiar verdadeiramente. - Snape não esboçou nenhuma reação diante das palavras que lhe foram dirigidas, mantendo a expressão rígida de sempre no rosto. - Já você... – pausou, pousando seu olhar sobre mim, fazendo com que eu sentisse minhas pernas vacilarem – Quem seria?
- Eu... Sou... – procurava não gaguejar, mas era praticamente impossível.
- Está é ; uma de minhas alunas em Hogwarts. – disse Snape, interrompendo-me.
- E posso saber o motivo que a trouxe aqui? – Voldemort perguntou, parecendo notar as cores vermelho e dourado em minha gravata.
- Malfoy insistiu em trazer a menina acreditando que ela pudesse ser útil por aqui. – o comensal louro falou debochado, esboçando um sorriso.
- E quem são seus pais? – Voldemort voltou a perguntar, parecendo levemente interessado.
- Eles são tr... São trou...
- Trouxas? – ele completou, olhando-me incrédulo – Você acreditou que uma sangue-ruim seria útil por aqui, Draco? – perguntou, voltando-se para o garoto ao meu lado.
- Não, senhor... Eu apenas... – Draco procurava se explicar, porém foi interrompido.
- É provável que ela tenha informações sobre a Ordem, Milorde. – Snape falou e franzi o cenho, sem entender.
- E do que me adiantaria essas informações? – Voldemort perguntou rispidamente – Dumbledore está morto. A Ordem não existe mais.
- Desculpe-me por discordar, - Snape continuou – mas creio que a Ordem unirá forças após esse acontecimento, principalmente para proteger Potter; e, sabendo de seus planos com antecedência, é mais fácil planejar um contra-ataque eficiente.
- Que seja então. Prenda-a. – Voldemort ordenou e dois grandes homens me pegaram pelos braços, fazendo-me sentar em uma cadeira, na qual fui amarrada pelos mesmos.
Voldemort aproximou-se novamente de mim, encarando-me com seus olhos vermelhos, e falou:
- Caso não dê as respostas certas para as perguntas que lhe farei, você sofrerá consequências. – explicou – Diga-me, quais as intenções da Ordem para a proteção de Potter?
- Eu não sei. Não tenho nenhum envolvimento com a Ordem. – respondi a verdade, sabendo que aquilo não me pouparia do que viria a seguir.
- Resposta errada. – falou – Crucio! – ele acenou com a varinha e uma dor alucinante atingiu meu corpo.
Minha mente simplesmente se apagara; não era capaz de sentir ou pensar em nada além da dor que sentia – me atingindo tanto física quanto psicologicamente. Era algo surreal. Nunca, em toda minha vida, sequer chegara a pensar que fosse possível sentir o sofrimento que estava sentindo naquele momento.
Abri meus olhos, sentindo lágrimas escorrerem dos mesmos, e então percebi que me encontrava deitada no chão, ainda presa à cadeira. Não sentira meu corpo colidir com o chão; porém, considerando o fato do acontecimento ter ocorrido enquanto ainda era torturada, isso não me surpreendia.
Parei de fitar o chão gélido e guiei meus olhar até Draco, encontrando-o caído no canto oposto da sala, parecendo sentir tanta dor quanto eu. Suspirei, sentindo-me culpada por não ter conseguido bloquear a tortura apenas para mim, quando uma risada fria ecoou no cômodo silencioso.
- Que interessante. – pude ouvir Voldemort falar, mas não ousei encará-lo – O que a sangue-ruim sente, o jovem Draco também sente. Isso me lembra a uma antiga ligação, sobre a qual li há muito, muito tempo atrás... – pausou, dando a entender que procurava lembrar o nome do encanto – Periculum Siderea, se não me engano. É... É isso mesmo. – ele voltou a rir, fazendo-me fechar os olhos devido à raiva – Sempre quis saber se, caso uma das pessoas que compartilham tal ligação morre, a outra morre também. Quem sabe não mate minha curiosidade essa noite, não é? – senti seu olhar cair sobre mim, enquanto continuava a fitar Draco, que retribuía meu olhar. - Bem, voltemos ao início. – Voldemort voltou a se pronunciar – Diga-me quais são os planos da Ordem para proteger Potter?
- Eu não sei. – respondi e, novamente, senti a queimação tomar conta de meu corpo; e assim continuou por certo tempo.
Voldemort sempre fazia a mesma pergunta, eu dava a mesma resposta e recebia a mesma punição. Não aguentava mais ser torturada; meu corpo parecia não corresponder mais aos meus comandos e Draco não parecia estar diferente. Os comensais assistiam ao pequeno show com indiferença e até mesmo divertimento; apenas Snape parecia evitar nos encarar por muito tempo.
- Vou fazer a pergunta mais uma vez e acho melhor você dar a resposta certa, pois minha paciência está se esvaindo. – Voldemort falou, encarando-me com seus olhos vermelhos e cheios de raiva – Quais são os planos da Ordem?
- Eu não... – ao ver que ele já erguia a varinha novamente, gritei, desesperada: - POR FAVOR, NÃO! CHEGA! Não me torture mais. Eu não sei os planos da Ordem e se você não acredita, eu não posso fazer nada. Não importa quantas vezes você faça a pergunta, a resposta sempre será a mesma. – funguei, sentindo mais e mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto, embaçando minha visão – Caso prefira, me mate logo, mas não me torture mais. Eu imploro.
- , NÃO! – Draco gritou, seguidamente sendo acertado com um chute nas costelas.
- Seu desejo é uma ordem. – Voldemort respondeu com um sorriso irônico no rosto, fazendo uma falsa reverência.
- Eu te amo. – falei num sussurro praticamente inaudível para Draco, tendo a certeza de que ele entendera minhas palavras. Fitei-o pela última vez, vendo-o se contorcer tentando sair de onde estava e então um clarão verde surgiu, levando tudo embora.
Epílogo
nascida 15 de julho 1980
falecida 30 de junho de 1997.
“Falta muito para que a inocência tenha tanta proteção como o crime.”
Senti uma lágrima teimosa escorrer em meu rosto e rapidamente limpei-a, enquanto ajoelhava-me em frente ao túmulo de . Hoje completavam dois meses e um dia desde que ela se fora para sempre; se fora por minha culpa. Suspirei, sentindo-me inútil e enojado pela minha própria existência, voltando a me levantar após deixar uma rosa branca em frente à simples lápide, em meio a uma grande quantidade de flores que provavelmente haviam sido deixadas por seus parentes e amigos no dia anterior. Não fazia ideia de como seu corpo havia sido recuperado pela família, mas seria eternamente grato à pessoa que possibilitara isso.
Passei a caminhar, saindo do cemitério e indo em direção a uma praça deserta que havia ali perto. Sentei-me em um dos bancos e tirei um antigo relógio de bolso, que pertencera ao meu avô, de dentro do bolso interno do meu paletó. Abri-o, não para checar as horas, mas para admirar uma foto que eu mesmo havia tirado de durante nosso quarto ano em Hogwarts; a única memória material que tinha dela.
Era fim de tarde e eu estava caminhando com Pansy no jardim de Hogwarts. A primeira prova do Torneio Tribruxo havia acontecido àquela manhã e o clima que se instalara no castelo após a vitória de Potter estava insuportável. Insatisfeita como eu, Pansy convidara-me para um passeio pelo castelo, ao qual aceitei, sem ter muito mais o que fazer.
Seguimos para a área externa da escola e comecei a fotografar a paisagem com a câmera fotográfica que meu pai havia cedido para que eu fotografasse todos os momentos do evento histórico que aconteceria aquele ano no colégio. Parei a certa distância do Lago Negro, procurando tirar uma foto que capturasse boa parte da paisagem, e então notei que não estava sozinho com Pansy; havia uma menina encostada a uma árvore, sentada, lendo um livro. Forcei minha visão e então a reconheci: era , uma estudante da Grifinória a qual sempre me chamara a atenção.
- O que você está olhando? - Pansy perguntou com o cenho franzido, acordando-me de meus devaneios - Essa não é aquela sangue-ruim… Qual o nome mesmo dela?
- … Eu acho. - respondi, ainda fitando a garota que lia tranquilamente.
- Ela está estragando a paisagem. - Pansy insultou-a infantilmente - Uma pena; esse pôr do sol daria uma foto bem bonita. - deu de ombros.
- Sim. - concordei, sem dar atenção - Está quase na hora do jantar. Você bem que podia guardar um lugar na mesa enquanto eu ajeito o filme da câmera, não acha?
- Está bem, Draco. - concordou - Até mais. - despediu-se, beijando-me rapidamente a bochecha e se foi.
Aproximei-me de , que continuava parada no mesmo canto. Ela estava tão concentrada que nem parecia ter notado minha presença.
- Sorria para a câmera. - falei ao mesmo tempo em que posicionava a máquina para fotografá-la e, assim como eu pedi, ela abriu um sorriso, abaixando o livro que cobria parte do seu rosto.
- Você não deveria se misturar com uma sangue-ruim como eu, Malfoy. - falou com um sorriso zombeteiro no rosto, enquanto se levantava do gramado - Não faz bem para sua reputação. - concluiu, seguindo em direção ao castelo, deixando-me sozinho com a máquina fotográfica na mão e uma expressão boba no rosto.
Fechei os olhos, procurando me livrar da dor que sentia; sem sucesso. A imagem do rosto de era presente em minha mente 24h por dia, o que só com que minha culpa e saudade crescessem. Eu não podia ter pedido que ela me acompanhasse aquele dia, não podia. Fora uma atitude impensada, sem razão. Aquele não era o tipo de vida ao qual ela pertencia ou merecia; mas eu havia sido egoísta. Sim, egoísta por não conseguir pensar em ficar longe dela e, como recompensa, recebera sua eterna ausência de minha vida.
“... normalmente ocorre entre pessoas com vidas e personalidades opostas; as quais as escolhas, motivadas pela intensidade da ligação, pode trazer um ou ambos a morte."
As palavras do trecho sobre a ligação que lera há tempos atrás voltara a atormentar minha mente. Sabia que aquilo poderia acontecer, mas tinha esperanças de que não acontecesse. O fato era: errara ao omitir os fatos de , assim como errara em praticamente todas as escolhas que fizera até o momento. Apenas não errara ao escolher me entregar ao sentimento que nutrira por ela todos esses anos; sentimento que me acompanharia até a morte. O mesmo que eu nunca expressara em palavras, mas que a ouvira dizer em seu último instante de vida - a única razão que me dava forças para seguir em frente.
A única satisfação que conseguira sentir ao acordar depois do desmaio que tivera no momento que foi assassinada, fora saber que eu teria a oportunidade de vingá-la. Claro que este seria um trabalho difícil, sendo que ainda estava sofrendo as consequências por não ter completado a missão de matar Dumbledore, mas não me importava. Teria a paciência de esperar a hora certa.
Dependendo de mim, Potter não teria que se preocupar em matar o Lorde das Trevas; eu mesmo o faria com imenso prazer.
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Nota da Autora: Pois é, depois de dois anos a FanFic chega a seu fim! Gostaria de agradecer a todos que acompanharam a Fic e, em especial, as minhas amigas Eliza, Rebeca, Gozzi e Naju que sempre me apoiaram e me ajudaram a desenvolver a história através de seus comentários e conselhos. Quanto ao desfecho, eu pensei inúmeras vezes em uma maneira de manter a principal viva, mas acabei achando a morte dela a melhor opção; espero que me perdoem por isso. Quanto ao fato do corpo dela ter sido recuperado e mandado pra família: tem dedo no Snape aí, só pra matar a curiosidade hahaha. Bem, é isso. Mais uma vez obrigada, espero revê-los em outras FanFics!
Nota da Beta: Qualquer tipo de erro encontrado nessa atualização, contacte-me por e-mail. Fique por dentro das fanfics que foram enviadas e as que ainda estão pendentes por aqui. Obrigada, espero que gostem da fic. XX