- Boa tarde. - falou ao entrar em uma pequena loja de esquina.
O nome da loja era Daruma, o que ela sabia que era um tipo de amuleto japonês, já que sua monografia seria sobre cultura japonesa. Na verdade, ela nunca havia notado a pequena loja, passara por ela várias vezes no caminho de sua loja de cheesecake favorita, mas nunca havia entrado. Era uma pequena loja com estantes verdes muito baixas e artigos da cultura japonesa. Um garoto japonês muito bonito a observava de trás do balcão.
- Boa tarde. - ela o cumprimentou, mas ele não respondeu, apenas continuou a olhando. Ficou observando a loja. Tudo ali era empoeirado, até os pacotes de bifum daquela loja eram empoeirados, como se ninguém fosse naquela loja há anos. Correndo os olhos pela loja, uma coisa prendeu a atenção de , uma pequena caixa vermelha, toda ornamentada. Uma fina corda dourada fechava a caixa em um laço.
- Quanto custa? - perguntou ao pegar a pequena caixa.
- Não está à venda. - o garoto falou pela primeira vez, tinha uma voz talvez um tanto madura demais para a idade.
- Então por que está na prateleira? - perguntou sem devolver a pequena caixa ao seu lugar.
O garoto não respondeu, apenas ficou olhando para a pequena caixa vermelha.
- O que é isso? - perguntou.
- O que você acha que é isso? - o garoto respondeu em forma de pergunta.
- Bem, pode ser qualquer coisa. - começou. - Só dá para saber se olhar dentro, não?
Mas por mais que tentasse desfazer o pequeno laço que fechava a caixa, não conseguiu tirá-lo.
- Tem alguma coisa dentro? - perguntou.
- Sim. - o garoto respondeu sem alterar a expressão.
- Por que você não quer vendê-lo? - insistiu, não estava acostumada a ouvir não como resposta.
- Ele não tem preço.
- Mas eu preciso tê-lo! - falou mesmo sem saber o porquê, mas realmente sentia que deveria ficar com aquilo.
- Se precisa tanto disso, é seu. - falou o garoto dando um suspiro profundo.
- Quanto eu lhe devo? - perguntou remexendo na bolsa à procura de sua carteira.
- Não está à venda, é seu. - o garoto falou. - Mas me prometa uma coisa.
- Claro, o que você quiser.
- Nunca abra essa caixa.
Capítulo Dois - A Pata de Macaco.
acordou e ficou olhando para o teto até se dar conta de que estava muito atrasada para sua aula da faculdade. Colocou a primeira roupa que viu pela frente e saiu apressada de casa. Em pé, no ônibus, pensava na sua monografia que estava inacabada no computador. Outra coisa a perturbava: a pequena caixa vermelha em sua bolsa. Apesar de ser leve, a caixa parecia pesar em sua bolsa pela ansiedade que a garota tinha em descobrir o que continha dentro.
- Nunca abra essa caixa. - foi o que o garoto havia lhe falado. Mas o que ele sabia, afinal? Ele era só um garoto e ela era uma mulher, sabia das conseqüências de seus atos. Tirou a pequena caixa da bolsa se segurando com a outra mão para não desequilibrar com o movimento do ônibus. Uma adolescente de argola no nariz esbarrou nela.
- Desculpa. - pediu a garota sem parecer se importar. Mas não ligou, também não havia se importado, porque no momento em que a garota esbarrou nela, o pequeno nó na caixa se desfez.
Com o coração palpitando alto pela descoberta, retirou o laço que saiu com facilidade e abriu a caixa. No primeiro momento ela não entendeu o que era, mas depois que olhou bem entendeu direitinho o que era. Era uma pequena pata de macaco mumificada, nas faixas utilizadas para a mumificação havia vários desenhos, que sabia pelo seu estudo, que eram selos de proteção.
Cética, retirou as faixas e ficou observando a pequena mão. A pata de macaco cabia perfeitamente em sua mão que já era considerada pequena. Ela já havia lido sobre aquilo enquanto fazia sua monografia, era um objeto que realizava desejos.
- Seria tão bom se funcionasse de verdade. - pensou alto sem se importar se as pessoas ao seu redor a achariam louca ou não.
Capítulo Três - A Cerejeira.
A cabeça de estava funcionando a uma velocidade incrível, cada pensamento parecia não se fixar por muito tempo perdendo espaço para a pata de macaco. Por coincidência ou não, a professora de Folclore hoje estava ensinando cultura japonesa.
“Talvez eu deva testá-la” pensou enquanto sua professora falava sobre o Yata no Kagami. “Talvez não algo muito difícil, algo mais simples.” Os olhos dela viajaram através da janela da sala de aula para o jardim da frente da faculdade. “Aquela cerejeira nunca floresceu.” Ela pensou olhando o jardim. “Talvez seja uma boa tarefa para a pata de macaco”.
Ela pegou a pequena caixa vermelha na bolsa. Olhou para a professora, ela estava ocupada demais projetando as imagens dos Três Tesouros Sagrados do Japão. abriu a caixa com a mão tremendo, estava sendo boba, provavelmente era apenas uma lenda urbana. Mas, afinal, o que é que custa tentar? Ela segurou a pata de macaco entre as duas mãos.
- Desejo que aquela cerejeira floresça. - murmurou baixinho. Creck. Um cheiro subiu dentro da sala, cheiro de algo podre.
- Perguntou alguma coisa, Srta. ? - perguntou a professora desviando a atenção do projetor de imagens.
- Não, professora. - falou, a professora não havia reparado no mau cheiro, apesar do ar-condicionado estar ligado. Na verdade ninguém parecia ter reparado.
olhou para fora da janela. Como ela havia previsto, a cerejeira não havia florescido. “Sabia que era só uma lenda urbana boba”. deu uma pequena risada pelos seus pensamentos, como poderia ter sido tão crédula segundos atrás? Ela, , conhecida por ser a pessoa mais pé no chão da faculdade.
- Nossa. - exclamou uma aluna dois assentos a frente de . - A velha cerejeira, olhem!
Então olhou surpresa para fora acompanhada dos demais alunos. A velha cerejeira estava linda, toda cheia de flores. Do segundo andar, podia sentir o aroma doce das flores. Os alunos estavam em pé tentando ver aquele pequeno milagre de primavera, como uma das alunas havia exclamado, nem a professora tentava mais conter a turma de tão surpresa que estava pelo feito. Todos estavam reunidos olhando a beleza das flores. Todos menos , que havia retornado ao seu lugar, e olhava espantada para a pequena pata de macaco.
Capítulo Quatro - O Conseguir.
A professora dispensou a turma mais cedo naquele dia, todos estavam ansiosos para passar um tempo debaixo da cerejeira apreciando seu perfume e cores. esperou todos saírem da sala e se aproximou da professora que estava recolhendo seu material para também sair mais cedo.
- Professora Cunha?
- Sim, , estava distraída hoje. - falou a professora sem levantar os olhos de seu material.
- Sim, eu estava pensando em uma lenda que eu li para o meu trabalho. - começou .
- Sim, sua monografia, como ela vai? - a professora perguntou parando para ouvir a aluna.
- Bem, eu estou com uma dúvida nessa lenda. - torcia as mãos nervosamente.
- Qual lenda é essa? - a professora perguntou jogando sua mochila de papéis pesada para as costas.
- A Pata de Macaco. - falou olhando para o chão. - Se alguém fizer um pedido para a pata e esse pedido se tornar realidade, haverá alguma conseqüência?
- Bem, você sabe que nada no mundo é criado do nada. Se algo surge em um lugar, a lógica é que desapareça em outro lugar.
- Mas para a pessoa que é a portadora da pata de macaco, haverá conseqüências?
- Sabe, o ruim de desejar muito algo é conseguir de fato. - falou a professora em ar de mistério. - É apenas uma lenda, .
- Sim, apenas uma lenda.
- E meninas inteligentes como você não precisam ter medo de uma lenda. - falou a professora saindo da sala.
- Tem razão - falou para ninguém em especial. - Tem toda a razão.
Capítulo Cinco - O Parque Central.
No dia seguinte, acordou cedo e tomou café silenciosamente. Deixou a pata de macaco repousando tranqüilamente em cima da mesa enquanto a observava de longe, admirada, horrorizada. Mordeu sua torrada pensando no que havia acontecido no dia anterior, era óbvio que não podia ser nenhum truque, nenhum truque teria feito uma árvore centenária florescer tão belamente.
- Não tenho tempo para pensar nessas besteiras. - falou se levantando e pegando as chaves de casa.
Parou em frente à porta segurando a maçaneta por algum tempo. Olhou para a mesa, seu lado cético e seu lado crédulo em confronto. Ao descer as escadas de seu prédio, levava consigo a pata de macaco dentro da bolsa. Atravessando a rua, próximo a sua papelaria favorita, encontrou uma amiga de seus tempos de colégio.
- Tudo bem, ? - perguntou a garota loira.
- Tudo, Anne. - respondeu . - Como você está bem.
- Obrigada. - respondeu a Anne - Uma loucura o que aconteceu no parque central, não?
- No parque central? - perguntou sem entender.
- Sim, a cerejeira do parque central.
- Ah, a do festival de primavera, sempre ia para o festival com minha mãe. - falou . - Acho que eu vou esse ano, pelos bons tempos.
- O festival foi cancelado. - falou Anne olhando para como se ela fosse algum tipo de alienígena desinformado. - A cerejeira não floresceu esse ano, está toda triste e sem vida.
- Como? - perguntou olhando para Anne.
“Nada no mundo é criado do nada. Se algo surge em um lugar, a lógica é que desapareça em outro lugar.”
- Tem certeza? - perguntou para Anne esperando que a garota fosse rir e falar: “Primeiro de abril”.
- Sim, você não vê jornal? - perguntou Anne um tanto grossa. - Tenho que ir, amiga, tchau.
Anne atravessou a rua deixando confusa e cada vez mais amedrontada. Anne atravessava a rua quando pensou cheia de inveja: “Sempre quis ser loira e linda como Anne”. Creck. O cheiro podre subiu. olhou distraída para um carro percebendo, pelo reflexo da janela, que estava loira.
Capítulo Seis - Câncer.
Ela sempre ouviu falar que as loiras se divertem mais e sempre achou que era mentira, até virar loira. Em toda a sua vida, nunca havia recebido tantas cantadas e assovios. De caminhoneiros até homens respeitáveis, todos viravam a cabeça para ver passar. Chegou à faculdade cinco minutos atrasada, mas o porteiro nem se preocupou em abrir o portão para ela. Entrou na sala quando o professor já estava fazendo a chamada, mas este apenas sorriu para ela e falou:
- , presente.
O mundo parecia melhor para ela, a cada passo que dava, um rosto masculino se virava para admirá-la e um rosto feminino para odiá-la. Quando foi tomar café na cantina, o balconista não cobrou seu cappuccino falando que era “cortesia da casa”. Lá pela décima porta aberta para ela passar, começou a se perguntar por que nunca havia pintado o cabelo de loiro.
Como seu primeiro dia loira foi tão bem, resolveu comprar roupas novas no seu segundo dia loira para combinar com seu novo eu. Até o corpo de lhe parecia diferente, nunca havia se achado tão em forma. Comprou um vestido azul lindo, com pequenas flores bordadas. Quando saiu da loja, esbarrou em uma mulher de lenço.
- Oi, . - falou a mulher.
- Oi. - respondeu sem saber quem era aquela mulher, foi só então que ela reparou quem era. - Anne?
Mas Anne, que estava em sua frente, não era nem de longe parecida com a Anne que ela havia encontrado no dia anterior na rua. Todo o rosto de Anne estava marcado por brotoejas e ela havia raspado o seu lindo cabelo loiro. Além disso, ela já não sustentava mais o sorriso aberto nem os olhos brilhando de felicidade, agora seu rosto tinha uma marca funda de tristeza.
- Descobri que tenho câncer ontem. - falou Anne apontando para o cabelo. - Raspei para fazer a quimioterapia.
- Nossa, lamento muito. - falou sentida, sempre amara o cabelo de Anne.
- Seu cabelo está bonito. - falou Anne com uma triste inveja.
- Obrigada, pintei ontem. - falou mentindo.
- E ainda por cima, - falou Anne continuando a contar sua desgraça, por mais que não estivesse mais a fim de ouvir. - descobri ontem que sou alérgica a um produto que passava no rosto, meu rosto ficou todo cheio de brotoejas.
- Mas você não pode tomar um antialérgico? - sugeriu.
- Meu médico falou que eu não posso tomar nenhum remédio por enquanto, por causa da quimioterapia. - falou Anne. - Na verdade, estou indo para o médico agora, só vim almoçar por aqui. Tchau, .
- Tchau, Anne. - se despediu da amiga que agora atravessava a rua.
Capítulo Sete - Monografia.
- , pode ficar na sala um instante? - perguntou a professora Cunha depois da aula enquanto guardava seus arquivos na mochila pesada.
- Claro, professora. - falou , que já estava quase atravessando a porta que um de seus colegas estava segurando para que ela passasse. - Tudo bem, garotos, já desço.
O garoto soltou a porta e saiu andando com seus outros colegas, parecendo sinceramente chateado. se virou para a professora que a observava.
- Pintou o cabelo? - perguntou a professora Cunha olhando o cabelo de .
- Sim. - falou , passando a mão no cabelo, constrangida. - Era só isso?
- Na verdade, queria falar sobre a sua monografia. - falou a professora. - A maior parte dos alunos já me entregou o trabalho pronto, e o seu ensaio da semana passada deixou a desejar.
- Eu já tenho o trabalho quase todo pronto. - mentiu .
- Espero que sim. - falou a professora colocando a mochila nas costas. - Porque se você quiser concluir o curso bem, terá que fazer um bom trabalho.
A professora saiu da sala deixando arrasada. Com o cabelo novo, ela esquecera de terminar o trabalho e o prazo era para aquela semana. Pensou em seu trabalho meio feito em casa, não poderia entregar aquilo, a professora riria de sua cara e perguntaria se aquilo era uma brincadeira. Correu para a biblioteca, tinha que achar algo realmente bom. Cinco minutos para a biblioteca fechar e as únicas coisas que tinha eram alguns rascunhos descartados e uma dor de cabeça infernal.
- Vamos fechar. - falou a bibliotecária.
- Não! - gritou . - Eu ainda não terminei minha monografia.
- Não posso fazer nada. - falou a bibliotecária dando de ombros.
“Não, não pode. Não posso repetir esse curso! Preciso de um bom trabalho para entregar amanhã. Quem sabe se...” pegou a mão de macaco na bolsa:
- Eu quero um trabalho digno de um dez.
Creck. Um cheiro forte subiu. ouviu um barulho abafado de uma pasta caindo. Ela virou, do chão, uma pasta encarava . Ninguém percebeu quando saiu da biblioteca carregando mais coisas do que quando havia entrado.
Capítulo Oito - O Acidente.
- Aqui, professora. - falou entregando a pasta encadernada com uma nova capa que escolhera.
- Parabéns por ter entregado no prazo, . - a professora falou colocando o trabalho dentro da mochila. - Lerei agora na hora do almoço e te ligo contando o que eu achei.
- Tudo bem, professora. - falou sorridente. - Sei que você vai gostar.
É tão bom quando tudo dá certo, a sensação é incrível. quase que flutuava enquanto andava de volta para sua casa, ela resolveu passar em sua loja de cheesecake favorita e comer algo.
- Um cheesecake com amora, por favor. - pediu no caixa. Quando foi se sentar no seu lugar, ao lado da grande janela, com seu cheesecake, viu Anne passando do lado de fora, então resolveu ir atrás dela.
- Anne! - chamou .
- Oi, . - respondeu Anne com o sorriso triste que agora ostentava.
O rosto dela estava ainda mais marcado do que antes, seus olhos estavam sem vida. nunca havia a visto tão pálida e magra. Era magreza de tristeza e doença, mas não pôde deixar de sentir um pouco de inveja.
- Você está ainda mais bonita do que ontem. - falou Anne.
- Obrigada. - falou sem graça. - Como foram os exames?
- Piores do que eu pensava. - falou Anne olhando para baixo. - Meu colesterol está muito alto e eu posso ter um infarto a qualquer momento.
- Que horrível. - falou horrorizada. - Não tem nada que você possa fazer?
- Eu estou tomando um coquetel de remédios. - falou Anne. - Mas a medicação é muito forte e os remédios estão acabando comigo.
- Anne, qualquer coisa que você precisar, não hesite em me pedir. - falou com sinceridade.
- Eu sei. - falou Anne dando um sorriso fraco. - Tenho que ir, , foi bom te ver.
- Tchau. - cumprimentou .
“Nossa, queria que o sofrimento dela parasse.” falou enquanto Anne esperava para atravessar a rua. Creck. Um cheiro podre subiu no ar. olhou desesperada para a bolsa. Seu quarto desejo iria ser realizado, ela olhou para Anne que atravessava a rua. Um caminhão desgovernado virou a esquina. só ouviu a buzina e segundos depois o sangue espirrando para todos os lados da rua. Anne estava morta.
Capítulo Nove - O Pagamento.
corria pela rua a toda velocidade. Chorava e corria, chorava e corria. Ela não poderia ter feito aquilo, não faria aquilo nunca. Lágrimas gordas escorriam pelo seu rosto. Ela entrou com tudo na pequena loja japonesa. Uma mulher miudinha atrás do balcão a cumprimentou e sorriu. andou até ela:
- Eu quero falar com o garoto que trabalha aqui. - falou grosseiramente.
- Que garoto? - perguntou a mulher sem entender.
- O que me vendeu isto. - falou tirando a pata de macaco de dentro da bolsa e mostrando para a mulher.
- Esse não é um artigo dessa loja. - falou a mulher. - O único jovem que trabalhou aqui foi o jovem Ikeda.
A mulher apontou com seu dedo enrugado para uma pequena placa de cobre pendurada atrás do balcão. Na placa, a foto do jovem que vendera a pata de macaco sorria para . Embaixo da foto, em letras muito bonitas, estava escrito: Yuko Ikeda, nascido em 1935 e morto em 1952.
- Não. - murmurou . - NÃO, POR QUE VOCÊ MENTE PARA MIM?
Ela saiu correndo da loja, foi direto para a sua casa. Jogou a pata de macaco para longe e se jogou no sofá chorando. Sem perceber o tempo, o sol começou a se pôr. O telefone de tocou dentro da bolsa, ela o atendeu com esforço, porque estava tremendo até agora.
- ? - perguntou a voz do outro lado do telefone.
- Professora Cunha? - respondeu .
- Eu terminei de ler o seu trabalho. - falou a professora que tinha uma voz cansada.
- O-O que achou do trabalho, professora?
- Acho que você tem muita capacidade, logo não precisaria roubar o trabalho de Paloma Bones.
- Como, professora? Eu não roubei nada.
- Essa é uma cópia perfeita do ensaio que ela me entregou semana passada, . Eu não tenho outra alternativa a não ser te dar zero.
- Mas, professora...
- Tchau, . Eu acreditava em você.
A professora desligou o telefone. O trabalho, roubado de Ana? Então tudo passou como um flashback diante de seus olhos: as flores da cerejeira, o cabelo de Anne, o trabalho, tudo. Tudo culpa da pata de macaco. A morte de Anne, ela estava junto à ela quando ela atravessou a rua, poderia muito bem ter empurrado-a. A culpariam, e tudo era, na verdade, culpa da pata de macaco. Mas nunca acreditariam nela. Observou a pata de macaco no canto da sala. Rindo dela, zombando da vitória eminente.
- Conserte tudo isso. - cuspiu as palavras para a pata de macaco. - Você estragou tudo, agora conserte.
Creck. Um cheiro podre subiu. A mão se mexeu, se movimentou até que, horrorizada, não moveu um músculo. Ela chegava cada vez mais perto e o grito sufocado na garganta de não saiu, pois foi abafado pela mão que agarrou seu pescoço e segurou ali até morrer, por falta de ar, com os olhos vidrados. Sua boca aberta exprimia o grito que nunca saiu.
FIM
N/A: Então, pessoas, espero que tenham gostado. Na verdade, eu não inventei essa história, queria eu ser tão criativa, é uma adaptação de um conto de W. W. Jacobs. Só coloquei para os dias atuais. Não se esqueçam, garotas, cuidado com o que desejarem.
Beijinhos,
Iza Ribeiro.
N/b: Achou algum erro, seja ele qual for, envie um e-mail diretamente para mim [paulabrussi@gmail.com], ou um tweet, indicando-o e o nome da fic. Obrigada!