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Mudaram as estações
nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente

Se lembra quando a gente
chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
sem saber
que o pra sempre
sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar
o que ficou
Quando penso em alguém
só penso em você
E aí, então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos
pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar,
agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa

Mudaram as estações,
nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente

Se lembra quando a gente
chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
sem saber
que o pra sempre
sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar
o que ficou
Quando eu penso em alguém
só penso em você
E aí, então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos
pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar,
agora tanto faz...
estamos indo de volta pra casa
(Mudaram as estações - Cássia Eller)

Essa era a música que ela sempre cantava quando estava em casa cozinhando de calcinha e blusão. Ela a adorava. Como eu não entendia nada, ela traduziu tudo em uma folha de papel para mim e sempre levei a folha comigo onde quer que eu fosse. Para lembrar dela, para esquecer dos meus problemas, para ter inspiração.

Pode parecer um jeito estranho de começar um tipo de narrativa ou seja lá o que for, mas hoje algo estranho me veio à tona, quando me perguntaram sobre ela.


*Flash Back*

- Ok meninos, próxima pergunta então - a entrevistadora da tv trocava uma cartela que tinha na mão por outra, enquanto se ajeitava no mini sofá vermelho em frente ao que estavamos, diante das câmeras - O nome da fã é Mariah e o que a carta dela diz é - ela mudou de voz um pouco - Olá guys, primeiramente, eu espero que a minha carta seja uma das sorteadas, me sentirei a melhor pessoa do mundo se vocês lessem e soubessem que o coração de uma fã aqui, bate forte por poder falar com vocês de que forma seja. Bom, minha pergunta é, o que vocês fariam se no dia nos namorados, vocês fossem à casa das suas namoradas, e as pegassem beijando outro? Respondam se puder, amo muito vocês, xoxo Mariah - ela acabou de ler e nos olhou - Bom, quem vai ser o primeiro a responder? - ela olhava os quatro esperando uma resposta. Afinal, por qual motivo não responderiam à uma pergunta simples dessa?
- Olá Mariah, obrigado pela sua carta, obrigado pelo carinho, agradecemos de coração - "Nossa, mais que clichê ". Pensei e logo ri discretamente olhando o chão - Hm, eu acho que sem via de dúvidas terminaria. Acho que os meninos também fariam isso.
- Sem via de dúvidas dois , eu acho que se não tiver confiança além das outras coisas, um namoro não renderá muito - , , botava os braços para trás do sofá.
- Eu talvez ficasse com raiva, terminaria e bateria a porta. Mais se bem que acho também que depois de me acalmar, pensaria e tentaria entender o por quê disso e tentaria conversar. Se é que poderia haver algo para conversar - dizia de um modo culto que fez todos rirem por um momento.
- E você ? - droga, o momento que eu mais temia chegou. "Por que diabos todos os quatro temos que responder à pergunta? Por que não podemos cada um responder uma? Assim seria mais simples, gastaríamos menos tempo, mais cartas seriam lidas, mais fãs ficariam felizes e mais sucesso nós teríamos. Droga! Droga! Droga!" Estava perdido em pensamentos quando ouvi a voz mais uma vez da entrevistadora, já impaciente. Será que perdi muito tempo ali pensando? - ? - Droga! Desiste mulher!
- Hm, eu acho que também - eu ainda olhava o chão.

*End Flash Back*

É, isso realmente aconteceu e agora eu estou aqui agora, de férias, uns meses depois do acontecido, num starbucks de fim de mundo (em Bolton para ser mais exato, estamos passando um tempo por aqui, visitando a família do ), todo cheio de fantasia e engomado de casacos para ninguém me reconhecer. Por que as coisas tinham que ser tão difíceis às vezes? Por um momento quis ser uma pessoa... hm... como devo chamar? Normal? É, deve ser. Deve-se estar se perguntando por qual motivo eu levei um bom tempo para responder àquela pergunta idiota, cretina e retardada de uma fã. Sim, tem umas perguntas que dependendo do dia é a última que você gostaria de ouvir. Essa era uma delas dude. Mais voltando ao assunto principal que eu falava, e focando-o, eu fiquei extremamente atordoado com a pergunta por um movito:
. Sim, uma menina que eu saía fazia um tempo e eu realmente estava gostando dela. Tudo bem que eu sou um cara famoso, de uma banda que faz um super sucesso, não só em Londres mas em outros lugares do mundo e posso ter quem eu quiser. Mas quem eu queria não parecia me querer. Eu a queria. Mais que tudo. Nunca cheguei a dizer para ela o quando eu a adorava, a idolatrava e o quanto ela mexia comigo.
Nós não namorávamos. Ah, por que? Por babaquisse minha, criancisse, por achar que eu não era bom o bastante para ela e não a merecia. Acabei ficando com outras quando ela ficou três meses fora, no Brasil, visitando a família. Sim, ela era brasileira, meu caro amigo.
Nada que não tenham ouvido vou falar agora, ela era fantástica. Em todos os aspectos, corpo, alma, beleza interior e exterior. Era boa em tudo o que fazia. Tinha lá os seus defeitos, claro que sim né. Ninguém é perfeito. Falava pelos cotovelos. Era muito ligada. Era orgulhosa e cabeça dura. Demorava para pedir um tipo de desculpas, qualquer um. Uma semana no mínimo, sério. Odiava que ficassem muito tempo a encarando, etc. Não gostava que rissem dela quando ela estava tentando ser fofa ou algo do gênero. Ela odiava qualquer tipo de laticínio. Qualquer derivado do leite que fosse, dude. Não suportava refrigerante. Além do que mais me irritava. Ao contrário de mim, ela odiava peixe. Tudo que vinha do mar. Alga, peixe, crustáceos, comida grega então, ufa. Um sufoco para ela comer, quando comia também. Apesar de comida grega ser meu prato preferido, eu não ligava para o jeito dela de comer e nem de sair para ir para outro lugar quando ela não queria ir comigo comer comida boa. A comida grega. Realmente não ligava. Nem para o jeito de se alimentar. Corretamente, para ela. Daí penso de onde vinha aquela fibra toda, aquela disposição, aquela eletricidade que ela tinha. Comia muito doce. Algodão-Doce Verde era o seu preferido. Gastei tardes e mais tardes vendo-a comê-los assistindo televisão ao meu lado, e se lambuzando. Acabando sempre me pondo no meio de sua briga com o papel de outro algodão-doce que não conseguia abrir, devido aos seus dedos melados. Pois é... Bons, ótimos tempos. Me sinto um coroa dizendo isso mais é verdade.
Ela voltou uns dias antes do dia dos namorados, quando eu realmente me dei conta que de nenhuma mais me satisfazia. Posso ter ficado com outras, sei que ela não ficou com outros. Não pelo nosso compromisso de ficar há mais de dois meses. Mais porque não gostava, não queria. Não era de sua natureza ficar com muitos. Está vendo cara? Outra coisa boa nela, droga.
Nesse belo dia, cheguei em seu apartamento. Finalmente a pediria em namoro e a mostraria para o mundo. Mostraria que ela era de quem eu precisava, quem eu adorava. Finalmente. Decorei textos e mais textos para dizer para ela. Mas para que tudo isso? Para nada, dude. Absolutamente nada, amigo. Eu ainda acreditava que tudo era para sempre. E achei que ela também seria. Estava completamente enganado. É, entrei no apartamento não muito grande que ela habitava há alguns meses - a porta estava estranhamente aberta - e dou de cara com uma cena inesperada. Ela estava sentada no chão e um outro sentado no sofá olhando-a fazer algo com uma agulha e um fio, como se esperasse que ela terminasse algo.
Bati na porta mais ninguém ouviu então esperei para ver no que aquilo dava, de modo discreto. Finalmente ela acabou o que estava fazendo, alguns segundos depois. Não foram muitos.
"Aqui está Rob" foi o que ouvi-a dizer antes de se virar com um urso de pelúcia na mão para entregar ao tal Rob. Na mesma hora ele se abaixou para pegar, fazendo com que seus lábios se tocassem. Fitei aquilo sério. Eles se separaram rapidamente como se o que tivessem feito fora cometer um pecado. Olhavam para o chão branco. Abri a porta e deixei que as flores que eu tinha na mão caíssem, despertando o olhar dos dois - que se encontravam no chão ainda - para mim. Ela levantou o olhar até mim e me encarou. O tal de Rob também. Ela se levantou e correu até mim, pondo seus braços em meus ombros como se me consolasse.
", não é o que você está pensando, querido. O Rob veio pedir para eu consertar o urso de pelúcia que ele vai dar para a namorada dele, que rasgou. Por favor, amor, me escuta". Foi a última coisa que ouvi, antes de ouvir um som de uma máquina digital qualquer ser guardava, eu afastar as suas mãos de mim e negar com a cabeça aquilo que ela dizia. Fim.
Eu saí dali sem destino, com o celular desligado. Tempos depois soube que ela voltara ao Brasil por um verão inteiro. O que eu tinha a ver com isso? Primeiramente tudo, dude. E segundo que já fazia 5 meses e eu ainda não tinha me recuperado totalmente. Não mesmo, cara. Cada um sofreu, nós conversamos e resolvemos não ter mais nada. Não que eu não acreditasse mais nela, mas não queria mais isso. Precisava de um tempo, sozinho talvez.
Então, o convite de me pareceu muito tentador e logo aceitei. Cá estou eu. Um idiota que ainda não a esqueceu. Como eu queria ainda ligar para ela.
- Ei dude, vai ficar ai até quando hein? O starbucks já está fechando - se situava na minha frente, segurando o riso. Provavelmente da minha cara de nada. Como? Onde? Quando? Levantamos dali e fomos embora - Você está muito distante esses dias, especialmente hoje.
- Umas coisas ai...
- Posso te perguntar uma coisa sinceramente, ?
- Pergunte.
- Por que você levou tanto tempo para responder a mulher da tv? Parecia estar longe. Até como hoje. Porém, hoje está pior, dude.
- Devaneios.
- E são rescentes?
- Bom... Pioram a cada dia.
- É a ?
- Efeito , - a rua não estava muito cheia então tirei alguns acessórios como óculos, boina e os pus no bolso.
- Ela está no Brasil, não é?
- Sim.
- Por que não vai até lá e se resolvem? - parava no sinal me puxando - Quer ser atropelado e morrer hoje, é?
- Nem vi os carros hm. Não posso, . Brasil? O que eu conheço de lá? E outra, como assim, ?
- Estamos de férias, quer melhor lugar para se dar bem, ver umas gatas e ainda pegar um sol do que no Brasil? Vamos para lá. Sem discussão agora - ria de seu próprio jeito de ver o Brasil.
- Você fumou, .
- Eu?
- Exatamente.
- Não sou eu que estou tento devaneios toda hora por causa de uma garota. Se liga, - abria o portão de casa e Bruce vinha até nós.
- O verão está no fim e logo voltaremos a estrada. Esquece isso, .
- E... Outra pergunta chata, . Você a ama? De verdade mesmo? Responde - pegou Bruce no colo e de um jeito meio gay brincou com ele. Eu só olhava aquilo incrédulo.
- Que pergunta cretina! Porra, !
- Não disse que era uma pergunta boa, disse que era chata. Agora me responde, sim ou não? - disse animado, antes de abrir a porta.
- Sim - revirei os olhos. Onde aquilo ia dar caramba?
- Então vá até ela antes que o verão acabe. Eu vou nas entrevistas no seu lugar se arranjarem, eu dou uma desculpa, .
- , você é maluco dude.
- Eu só acho que você é um gay por não correr atrás de quem você gosta. Se eu não tivesse corrido atrás da minha, talvez estivesse mal até hoje - sentamos então à mesa para comer algo que Kathy havia preparado. Logo depois vimos tv, jogamos alguma coisa e fomos dormir. O que disse martelava na minha cabeça. Não consegui dormir. Cada vez mais aquilo me incomodava de um jeito absurdo e muito maluco.


Narração em terceira pessoa
- Bom dia, mãe - aparecia apenas de boxer na cozinha.
- Olá meu querido - Kathy sorria - Ponha uma roupa. Tem amigas da sua irmã ai no jardim - ele riu. Que mais faria? Subiu e foi até o armário. Viu quando saía do quarto um bilhete no chão e pegou abrindo-o. Nele continha as seguinte palavras: "Boa sorte tentando ser eu" - riu ao se lembrar do que falara na tarde anterior - ... - riu mais uma vez e desceu.



Fim da narração em terceira pessoa
- Vôo 159 com destino Brasil, última chamada - então era isso, lá estava eu, , indo para o Brasil. Demorei todas as chamadas da mulher para rever meus conceitos, os do e os do meu coração. Isso soou gay, mas enfim. Sim, era isso o que eu mais queria agora. Peguei minha mochila e saí com a passagem na mão. Logo estava sentado na primeira classe sem nenhuma fã histérica. Não que isso fosse ruim, mas essa não era uma boa hora para eu ter fãs me rodeando. A viajem não foi tão lerda quanto eu pensava. Foi até... rápida demais, eu creio, até certo ponto. Meus devaneios ainda eram loucos. "Obrigada por escolherem a nossa companhia de aviação, voltem sempre". Ouvi uma aeromoça falar. Legal, eu estava no Brasil. Destino? Nenhum. Eu era um nômade nesse lugar. Precisava de ajuda. Mal saí do avião com a minha mochila que só duraria para uma semana e ri. Legal, legal, legal. Balcão de informações? Logo na minha frente, beleza.
- Oi, preciso de...
- Uma ajudinha, querido? - a balconista sorriu falando em inglês.
- Sim... - olhei com um olhar meio frustado para ela.
- O que deseja? - outra frase chiclê. Se eu vim num balcão de ajuda é meio lógico que eu preciso de ajuda né.
- Eu... Preciso chegar ao endereço de uma amiga minha... Eu tenho anotado mais não sei onde pus, perai - eu procurava enrolado pelos bolsos até que encontrei e entreguei o papel à balconista. Ela o examinou por uns minutos e depois sorriu.
- Bem, convenhamos que essa letra não está lá muito legível mais mandarei para o gerente para ver o que podemos fazer. Se quiser e tiver outra dúvida, posso tentar ajudar. A não ser que queira esperar um minuto sentado senhor.
- Preciso de uma reserva em um hotel perto desse endereço. Se não, na mesma rua por favor.
- Hm, a rua não é tão perto daqui. De táxi dariam acho que mais de cinqüenta reais... - ela pegava um fax e analisava - Que tipo de hotel senhor?
- Sem problemas e tanto faz. Menos esses ruins ai moça. Pode ser de luxo também.
- Claro, temos um aqui senhor. Quer que eu faça a reserva?
- Se puder fazer, por favor.
- Certo então, querido. Preciso de alguns dados e assim poderei te encaminhar para o melhor hotel desse bairro - foi aquela chatisse toda de nome e tudo mais que precisava. Não demorou para que o hotel estivesse esperando a minha chegada lá. Peguei o tal táxi que me levaria até o local. Quase tive um troço quando vi o taxímetro. Quase cem reais. Eu só tinha em euro. O que eu faço agora? - Euro... - tentei me comunicar com o taxista.
- Sem problemas, eu troco depois senhor - para meu espanto ele falava inglês. Ótimo.
- Ok então, aqui está, obrigado - paguei e saí olhando o hotel.
- Inglês, Espanhol, Francês... - um segurança da entrada falava várias línguas e eu entendi que era para saber a mínha língua então respondi que era inglês. - Me acompanhe. Seu nome por favor, senhor - ele parava em frente ao balcão dourado.
- - esperei até que ele fizesse um gesto de quem estaria esperando para pegar a minha mochila - Não está pesada, eu mesmo levo, obrigado - sorri e peguei as chaves do quarto na mão dele; agradeci novamente e subi. O quarto era muito bom e tinha em cima da cama um mapa. Tinham vários mapas. Cada um expecífico de um bairro até. Maravilha. Peguei o papel no meu bolso e procurei pelo bairro. As mesmas letras, já que não conseguia pronunciar os nomes. Com um pouco de dificuldade, achei. Peguei uma caneta e envolvi o lugar, conferindo trinta vezes para ver se não estava errado. Era aquele mesmo. Não ficava longe. Três ruas do hotel, apenas. Olhei o telefone. . Disquei para a recepcionista para saber o que fazer. Ela então me deu os passos e os segui. Logo o telefone chamava alto.
- Alô?
- Fala, , aqui quem fala é o rei do Brasil dude.
- ?
- Ele mesmo cara.
- Já chegou, é?
- Sim e estou indo para o apartamento dela.
- Já, tudo assim?
- Sim, sim, sim. Só liguei para avisar mesmo que tinha chegado.
- Gay.
- Ótimo estou indo, ligo para os outros depois. Vou ligar para a minha mãe.
- Beleza, boa sorte ai dude.
- É, vou precisar. Tchau então.
- Tchau - sentado na cama olhando a vista eu desliguei e disquei os três mil números e mais o da minha mãe.
- Alô?
- Mãe?
- ! Tudo bem? Onde você está? Kathy disse que não te viu hoje nem com o .
- Estou bem mãe. Só me responde. Você faria loucuras e atravessaria o oceano por quem você ama?
- , ONDE você está querido? Que pergunta é essa agora? Eu sei lá, , acho que sim.
- Pelo Paul, mãe.
- Sim, querido, mais por quê?
- Olha, mãe, não pira não está bem? Por favor, mãe. Estou no Brasil.
- COMO QUE É?
- Fica calma, mãe. Eu estou bem. A salvo de fãs em um hotel de luxo. Eu falei com o Fletch antes de sair por mais que não precise pois estou de férias, sou maior de idade e posso ir onde quiser.
- , você é maluco, menino?
- Talvez. Olha, mãe, não posso demorar está bem? Eu estou ótimo e logo estarei em casa. Te ligo de novo quando der, avisa para os meninos que eu estou aqui, só o sabe, tirando você e Fletch.
- Está bem, . Não vá me aprontar nenhuma não ok? Dê notícias o mais breve.
- Certo, dona . Tenho que ir, te amo, tchau - desliguei assim mesmo, na cara dela. Eu não queria ouvir ela falando mais coisas. Estava calor, pus uma bermuda, tentei por um desfarce e saí com o mapa do bairro. Como eu sabia onde ela morava?
Simples. Planejávamos ir para o Brasil no verão, como ficantes/amigos ainda. Ela me mostraria tudo de lá, tudo. Seria minha guia. Então desde já anotei o endereço e tudo mais dela e fiz três cópias. Uma deixei na minha casa, outra com a minha mãe que sabia que não perderia e outra com o Fletch. Pessoas mais responsáveis que eu, logicamente.
Seguindo o mapa e sem ser muito reconhecido e tendo que correr muitas vezes, cheguei a um prédio alto, branco e preto. De frente para a praia. Devia ser lindo lá de cima. Talvez eu visse a vista, ela mora no décimo primeiro andar. Parecia ser um dos últimos; se é que não era.
Entrei e com cara de bunda mostrei o papel com o endereço de para um porteiro que abriu a porta gentilmente para mim. Eu falei isso? Gentilmente? Estou ficando gay. Ele fez menção para eu esperar e interfonou para casa dela, suponho. Sentei em um sofá e fiquei esperando - Qual seu nome? - ele disse e eu tentava decifrar o que falava. Lembrei de algumas aulas de português que me dera e ri. Tentei lembrar o que aquilo significava. Nome era uma palavra muito parecida com nome em inglês. Então respondi "" e ele voltou ao interfone, tentando pronunciar meu nome. Ele me assobiou e percebi que me chamava. Disse algo que não entendi mais que podia ser decifrado como um gesto para eu subir; fazendo um certo com o dedão.
Entrei no elevador e apertei o onze. Minha barriga girava, eu suava e me sentia totalmente estranho. Não demorou muito para chegar. Toquei a campainha. Não muito tempo depois uma senhora abriu a porta. Sorri - por favor - ela pareceu não entender mais por eu ter falado , a chamou; fazendo menção para que eu entrasse e sentasse. Os brasileiros são bons com isso, quando não sabem falar, fazem por gestos e fica muitas vezes fácil de entender. Vejo da onde conseguiu experiência, para se solidificar em Londres.
Não sentei, fui direto para a grande janela que tomava a parede inteira da sala. A que eu fitava desde que a porta se abriu. Fiquei olhando aquela praia, aquela vista, o vento no meu rosto. Inacreditável. Estou no Brasil. Estou no Brasil! E de férias! Tem coisa melhor? Não, não tem. tinha mesmo razão até.
- Oi? - eu a ouvi e virei
- Hm, oi - cocei a nuca andando até ela devagar.
- Senta - ela se sentou em um dos alguns sofás que ali haviam - O que você faz aqui? - ela me encarava e meu estômago revirava.
- Eu... - não conseguia falar. As palavras não saíam. De repente apareceu um cachorro, veio todo feliz me lambendo. Ela riu e veio para perto para puxar o cachorro de cima de mim.
- Desculpa, ela é mal educada. Ainda estamos educando. Sabe como é - ela deu um sorriso nervoso. Eu sorri como quem fala "não tem problema, eu entendo". Pisquei. Abaixei a cabeça um pouco enquanto ela brincava com a cadela. Sim, era fêmea - Você quer entrar? Se sente mais à vontade para falar sozinho ou aqui está bem?
- Tanto faz, .
- Então vamos lá para dentro, é melhor e a empregava vai limpar aqui - ela sorriu se levantando e deixando a cadela no chão - Quer alguma coisa? Beber, comer? - neguei - Nada? - neguei novamente - Então está bem. Vem comigo - atravessamos a sala, passamos por uma porta que separava a sala de dois corredores e entramos em seu quarto. Um de frente para a praia. A mesma vista da sala então. O cômodo era ao lado. Ela fechou a porta e o silêncio pairou. Impressionante como tudo no Brasil era muito ativo. A casa dela era ativa. Gente falando, limpando, rindo. Loucura. Fiquei encostado na porta parado.
- Você.
- Hã? - ela olhou para mim com uma cara confusa em um meio riso. Se distraíra com a cadela de novo - Você está bem?
- É você, . Eu estou ótimo. Você é a razão para eu estar aqui. Para eu ter vindo para o Brasil.
- Ah - ela parecia procurar palavras - Tem quase uma estação que não nos vemos. Por quê? E por que agora, ? - droga, me pegou de guarda baixa.
- Porque só agora que eu me dei conta de que você é a coisa mais importante da minha vida - respirei fundo e sentei na cama que agora estava vazia devido ao fato de ela ter aberto a porta e posto a cadela para fora. As palavras saíram; fluíram como a correnteza em uma cascata. Eu me sentia totalmente seguro. daria pulos agora por mim, gay.
- Mas... E naquela noite, ? - ouvimos uma batida. Ela foi abrir a porta - Hey, mãe - podia sentir que ela sorria - Estou com visitas - ela abriu mais a porta para que sua mãe pudesse me ver; sorrindo como eu pensava.
- Hm, oi - levantei e fui até a porta para comprimentá-la. Mamãe me deu educação né - .
- Olá, Cristina - ela pronunciava em inglês - Tudo bom, ?
- Sim e a senhora?
- Você, por favor. Estou bem. Bom, vim mesmo dar um oi. Legal conhecer você. Vai ficar para o almoço? - ela sorria para mim. E agora? Olhei para . Expressão indecrifável.
- Desculpe, você então. Hm, na verdade eu acho que eu vou voltar e almoçar no hot... - não pude terminar.
- Ele vai ficar para o almoço sim.
- Botaremos mais um prato então - ela fechou a porta atrás de si.
- Onde paramos mesmo? - ela sentou no fundo da cama abraçando-se a um travesseiro de coração e o clima pesou novamente.
- Naquela noite eu achei que estivesse me traindo.
- Eu nunca te trairia, você sabe disso, . E eu não sei se podemos chamar de traição por que como você mesmo disse, nós não tinhamos um laço tãaaaaaao forte assim para eu te trair. Tanto que você ficava com outras quando viajava. Você mesmo já me disse, lembra? - outch, isso doeu!
- Lembro - abaixei a cabeça me indireitando na cama. Sentei de forma normal e a olhei - Eu vi aquela cena desde que você estava costurando alguma coisa.
- O urso de pelúcia, ! Rob é meu amigo do trabalho e ele ia dar aquele ursinho para a namorada de presente. Só que o cachorro dele rasgou uma parte da orelha e ele não sabia costurar nem conhecia alguém a não ser eu que soubesse. Ele mora sozinho com um cachorro pequeno e já era tarde para procurar a mãe dele do outro lado da cidade - ela parecia certa no que falava, firme. Sabia o que estava fazendo e falando.
- E o beijo?
- Foi um acaso, , aconteceu sem querer. Um selinho ridículo. Vai mentir que nunca aconteceu com você?!
- Não - respondi depois de pensar um pouco.
- Então. Você tirou a conclusão errada de tudo isso.
- Você ficaria como se fosse com você?
- Desde o ponto que você viu?
- Sim - ela riu.
- Desculpa, estava tentando te imaginar costurando - riu novamente e ri junto; não tinha como não rir - Bom, eu tentaria entender as coisas e conversar antes de fazer o que você fez - esperei um pouco olhando para a coberta laranja que fazia contraste com a parede verde de seu quarto.
- Eu ia te pedir em namoro, - olhei para ela decidido. Certo. O olhar duro. Ela ficou sem reação alguma.
- Desculpa - ela abaixou a cabeça e vi uma lágrima correr pela sua bochecha. Olhei mais uma vez a vista. Brasil. Eu poderia tentar recomeçar, não poderia?
- Não tem nada com que se desculpar. Eu que devo desculpas - fui para mais perto dela limpando a lágrima. Doía vê-la chorar e ainda mais por minha causa.
- Eu não queria te magoar. Nunca quis, juro. Mesmo.
- Nem eu, cara. Ciúme bobo, dude. Eu achava que eu não era bom o bastante para você.
- Bobo mesmo, . O que ? Pirou! Eu que não sou boa o bastante para você. Você merece coisa melhor do que uma simples garota brasileira, não famosa, não rica, não nada que você possa ter. Sou a pessoa mais simples de toda Londres.
- E foi por essa menina nada haver comigo que eu me apaixonei. Por essa brasileira. Pela pessoa mais simples de toda Londres.
- Você sabe que eu sou sua. Sempre vou ser. O destino traçou assim e já não posso mais muda,r - ela começava a chorar novamente. Ah não, droga! - Tem um verão inteiro que eu penso em você, que não tenha uma coisa que eu faça, UMA que não me lembre você, . Você não sabe o quanto eu te quero perto de mim sempre - sentei do seu lado da cama de casal me encostando no armário que tinha do lado. Ótimo encosto, verdade. A puxei para mim então. Ela sentou em meu colo com a cabeça no meu peito. Ainda soluçava um pouco, baixo. Ficamos um tempo quietos só sentindo um a presença do outro. Eu fazendo carinho no cabelo dela e sentindo seu cheiro; ela com os olhos fechados voltando a normal respiração, agora sem soluços. Que saudade disso. Tinha sido na última primavera que fizemos isso pela última vez. Agora a estação havia mudado e já nos seus últimos dias, lá estavamos nós. Porque o último? Porque sempre último?
- Será que é tarde demais para recomeçar? - olhei o horizonte.
- Eu não sei - ela falou baixo, sorrindo.
- Voltaria tudo a ser como era antes?
- Por que não? - ela olhou para cima, para mim. Me fitava quieta.
- Eu sei que não é formal nem do jeito que deve ser e que você merece, mais... Você quer namorar comigo, ? - olhei para baixo, para ela.
- O que você acha, hein? - ela me olhou séria. Barriga, dor, medo.
- Erm... - eu não sabia o que dizer.
- Claro que sim. É tudo o que eu sempre quis - ela sorriu.
- Achei que não ia aceitar.
- E por que não aceitaria? - ela levantou e ficou sentada em meu colo de frente para mim com as pernas cruzadas.
- Sei lá dude - arregalei os olhos rindo.
- Nunca - ela disse e a puxei, fazendo-a cair em mim. Ela riu alto - Eu te amo demais pequena - a beijei apaixonadamente. Saudade de tudo isso. Dela, do corpo dela, dos lábios dela, de seus toques; de tudo mesmo em geral.
- Não tenta competir comigo, - ficamos assim até chamarem para o almoço.

Poucos dias que fiquei no Brasil, foram ruins. Dois dias e meio eu fiquei no hotel pois estava chovendo e tinha uns compromissos para resolver com o pai sobre a compra de uma casa nova em Londres. Sim, ela voltaria para Londres. Sinto que seu pai não gostou mas... Fazer o quê?
Liguei para apenas dizendo que em poucos dias voltaria. O resto dos dias passei com na praia, shopping - onde eu a fiz gastar meu dinheiro pois eu devia muita coisa à ela. Contra sua vontade - locais onde pouco pudesse ser reconhecido, sua casa e conheci o Rio de Janeiro inteiro. Foi maravilhoso, o melhor dude. Cristo Redentor, Pão de Açúcar etc. Comi tudo que foi tipo de coisa estranha e nova. Gostei de muitas. O Brasil era mesmo uma mistura de tudo. Raças, cores, pessoas, gostos, culturas. Até em balada lá fomos. Agora estou esperando-a voltar com um starbucks para nós dois. Descobrimos que seu pai fechou um contrato com a rede de starbucks de Londres e abriram vários aqui no Brasil. Até no aeroporto eram três. Assim ele ficaria mais seguro tendo algum contrato com algo de Londres. seria a dona/gerente de um starbucks perto de sua casa, além de minha namorada. Quer algo melhor agora cara? Não troco isso por nada no mundo.
- Última chamada para o vôo 951 com destino Londres - ela apareceu com os cafés na mão e sua bolsa no meio do braço.
- Sempre os últimos.
- Cala a boca - ela deu língua e peguei meu café dando um pequeno beijo nela - De nada né.
- Shiu ai, - me olhou com cara de indignação e logo depois riu pegando as passagens da minha mão e entregando ao homem que nos esperava.
- Londres... - ela andava até o avião segurando sua bolsa e tomando seu café preferido, também o meu. Java Frapuccino com Chantilly, ah. Peguei meu celular para desligar, deixando cair um papel. Ela abaixou e o pegou. Abriu. Leu e olhou para mim. Era a letra da música.
- De onde você nunca devia ter saído - peguei o papel de sua mão, o dobrei e pus no bolso. Ela tinha os olhos marejados. Passei um braço pelo seu ombro e lhe dei um selinho. Ela riu feliz. Peguei sua mão, entrelacei com a minha e subimos a escada para entrar no avião. Porta da primeira classe, claro. Os últimos, como sempre né - Pois é, estamos indo, de volta para CASA.

End :)

Nota da Autora.

Hm, olá me chamo Paula A., obrigada por lerem a fic. Deixem seu comentário. Primeiramente queria agradecer ao Dougie, minha fonte de inspiração. Danny por nascer em Bolton e ter sido o lugar escolhido para eles visitarem a sua mãe. Comecei essa fic às nove e quinze da noite. Perdi a novela :( mf. São exatamente meia noite e meia, então já é dia 2 de janeiro. Comecei a fic dia 1 e dia 2 eu terminei, engraçado dizer isso, HUAHUAHUA (afnemri). Bom, Dougie, Tom, Danny, Harry, não importa a ordem, no meu coração vocês são todos iguais. Dougie, meu protegido. Tom, meu neném. Danny, meu dentuçinho e Harry, meu rapazinho. Vocês são umas das coisas mais importantes que eu tenho na vida e quem me conhece sabe. Chegando à esse ponto, Ana Beatriz B., Gabriela C., Gabriela K., Iaçanã C., Giovanna A., Daniela V., em especial. Meninas, eu amo demais vocês. Mesmo. Muito. Eu não pus todas por que se não sai briga mais essas, foram as que me ajudaram a ter inspiração para essa fic, apesar de ter escrito sozinha. A música é brasileira, é da Cássia Eller, velha. Mais eu lembrei dela hoje e resolvi fazer uma fiction com ela. Mãe, Pai, Irmãs e Irmãos. Família. Minha cadela neném de três meses Hera (Deusa do Casamento em Grego), thanks for all. xoxo, Pequena. paulamalves@hotmail.co.uk (se adicionar, avisa que é daqui)

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