BECO SEM SAÍDA Escrita por: Yasmin Batista Betada por: Bih Hedegaard
“No homem,
O desejo gera o amor.
Na mulher,
O amor gera o desejo”
(Jonathan Swift)
- Já vou, mãe! – eu podia gritar, mas ela fingia que não me ouvia.
- , acorda! Você vai se atrasar pro colégio de novo.
Coloquei o edredom em cima da minha cabeça enquanto ela abria as janelas do meu quarto e aquele brilho vinha em minha direção.
- Está um lindo dia e você não quer sair dessa cama, filha!
- Ela não quer sair da cama porque não tem o que vestir para ver o namoradinho.
Só uma pessoa implicava comigo nessa casa, a minha irmã. Não era à toa que eu não gostava dela. Por que se meter logo na minha vida? Fiz algum mal a ela?
Joguei o travesseiro nela.
- Quem deixou você entrar no meu quarto e na minha vida pessoal?!
- Não preciso da permissão de ninguém.
Antes que eu jogasse outro travesseiro, ela saiu correndo, e minha mãe começou a tirar meu edredom para dobrar. Eu estava morrendo de sono e não podia dormir.
- Mãe! - cobri meus olhos com as mãos.
- Eu tenho que arrumar sua cama senão fica tudo bagunçado.
- Bom, não posso negar.
Levantei-me lentamente da cama, sentindo-me derrotada. Fiz cara feia até entrar no banheiro. Tomei um banho rápido porque meu rosto estava completamente amassado.
Quando cheguei à cozinha para tomar o café da manhã, lá estava a pequena rindo de mim. Já era a segunda vez essa manhã que ela me deixava irritada. Eu já estava acostumada com isso, mas não quer dizer que não me importava. Dava raiva toda vez que ela zombava de mim. Por que tinha de ser tão difícil conviver com ela?
- Nunca mais pense em entrar no meu quarto de novo. - falei enfurecida, enquanto ela ria. Por que minha mãe precisava ter mais uma filha? Uma menina apenas não bastava? Bom, parece que não.
- Tem medo que eu fale do seu namoradinho ou de você mesma? - ela saiu correndo da cozinha em direção ao quarto.
- Júlia! Volta aqui, pequena! - minha voz soava rudemente de tanta raiva que estava sentindo dela.
Meu irmão chegou à cozinha com um sorriso brilhante, como ele sempre fazia, para me acalmar nos momentos de estresse com a Júlia.
- Vai ficar irritada logo na volta às aulas, é, ? Deixa pra ficar irritada na época dos testes, aí sim terá um bom motivo para essa irritação toda. Não gosto de te ver assim, maninha.
- Felipe, aquela criança me estressa demais! Ela provoca... Provoca muito! Você tem sorte dela não fazer isso com você.
Ele me ignorou:
- Para falar a verdade, eu acho que a única pessoa a se estressar vai ser a mamãe. Mas é claro, só depois dos testes, vai ser na época das notas. E, sinceramente, acho que ela vai ter mesmo razão.
Começamos a rir juntos. Ele era o melhor irmão do mundo e a única pessoa naquela casa que me fazia ficar alegre no primeiro dia de aula. Era meu companheiro preferido em qualquer momento do dia.
- Felipe, e Júlia. Comam o café da manhã logo! Hoje é o primeiro dia de aula e não quero que logo no início vocês cheguem atrasados.
Lá em casa tinha lugar marcado para cada um, e é claro que eu sentava ao lado do meu irmão. Ele era um ano mais velho que eu, mas era meu melhor amigo! Mamãe sempre dizia que éramos como "carne e osso", um não podia desgrudar do outro. Eu e ele não discordávamos disso porque tanto quanto eu precisava dele, ele precisava de mim. Era o mais legal dos irmãos... O mais legal da casa.
A mesa estava cheia de variedades porque mamãe gostava de fazer coisas diferentes no primeiro dia de aula; começamos a comer para não nos atrasarmos de maneira alguma. Minha mãe, cortando o silêncio, virou-se para mim e perguntou:
- Filha, está animada para ir para o segundo grau? Uma nova aventura para encarar. Novos desafios, novas responsabilidades. – ela alterou o som no final da frase.
- Estou com um pouco de frio na barriga, mas logo passa. Bom, pelo menos, eu espero.
- , é horrível o segundo grau, principalmente os professores, que são muito mais rigorosos. É como se eles achassem que você veio do jardim de infância. E alguns alunos demonstram mesmo isso. – disse meu irmão.
Depois disso que ele falou, fiquei com mais medo ainda, encolhendo-me na mesa e torcendo para não ser reprovada esse ano.
- Vamos de ônibus hoje? – perguntou Felipe.
Fiz que sim. Ele sorriu.
- Nesse caso, é melhor irmos logo para não perdermos o próximo.
Tinha me levantado e comecei a me despedir da mamãe e da Ju. Felipe fez o mesmo.
- Tchau, mãe! Tchau, Júlia! – disse Felipe animado em reencontrar os amigos que já não via fazia tempo.
- Boa sorte na escola, filhos. - disse minha mãe.
Fomos correndo para o ponto de ônibus. Felipe foi me contando piada e me divertindo como sempre. Já estava mesmo na hora de voltar para a escola. Tinha tanta gente com quem eu queria conversar e matar saudades, além de contar tudo de novo e nossas fofocas sobre o verão.
Entramos no ônibus e Felipe me apresentou a um de seus amigos o qual eu não conhecia.
- , este aqui é o . Ele é um grande amigo meu. Estudamos juntos desde a quarta série. - ele se virou para - , essa é a minha irmã , a melhor irmã de todos os tempos.
me cumprimentou.
- Oi, , é ótimo poder conhecê-la. fala muito bem de você.
- Oi, , também é bom te conhecer.
Sentei-me ao lado de enquanto meu irmão ia para perto de sua namorada. Eu não gostava dela, mas como meu irmão a namorava teria que suportá-la.
sorriu para mim e começamos a conversar.
- Preparada para sair da casa dois para entrar na três? - perguntou .
Deu um frio na barriga e eu fiz uma careta enquanto ele ria dela. Ri junto com ele. Afinal, minhas caretas eram mesmo engraçadas demais.
- Preparada não estou. Mas vou tentar chegar até a escola bem. Caso eu desmaie, você terá a obrigação de me salvar. É claro que se quiser pode pedir ajuda ao meu namorado. – dei uma risadinha.
- Seu namorado é o David, não é?
- É sim.
- Seu irmão havia me contado sobre ele. Eu ouvi pelo telefone hoje, a gritaria da sua irmã implicando com você... Parece que ela não gosta muito de você e nem você dela. - ele riu.
Fiquei completamente vermelha. Nossa! Nunca pensei que outra pessoa soubesse o que tinha acontecido naquela manhã comigo e com a minha irmã.
- Não fique assim. Eu sei como é, tenho uma irmã mais nova que acabou de se mudar para a nossa escola. Bom, nós com certeza não somos como você e seu irmão. – disse .
Rimos juntos e depois ficamos naquele assunto até chegar à escola.
Depois que chegamos, ele se despediu. Fui andando até o prédio três quando, de repente, uma garota me parou.
- Desculpa. É que eu estou perdidinha aqui. Meu irmão estuda aqui há mais tempo, mas me deixou sozinha, agora nem sei para onde ir. Não conheço esse lugar e estou totalmente confusa. Você tem como me ajudar?
- Claro!
- A propósito, meu nome é Gabriele.
- O meu é . Prazer em te conhecer.
- Imagina... O prazer é todo meu.
Começamos a andar e eu fui explicando cada detalhe sobre o colégio:
- Bem vinda ao colégio. Ele é dividido em três casas, ou “torcidas”, como alguns chamam. A primeira casa é a do primário, do primeiro ao quinto ano. Minha irmã estuda lá. A segunda é do ginásio, sexto ao nono ano, onde eu estudava ano passado. Agora a minha nova casa, a casa três, é para os alunos do segundo grau.
Ficamos mais um tempo conversando e ela me disse que estava no mesmo ano que eu e estaríamos na mesma classe.
A primeira aula foi de Matemática, minha sorte, porque sou apaixonada. Revisamos a matéria do ano passado. A professora parecia bem divertida. Ela tratou muito bem os alunos.
Depois tivemos aula da matéria que eu mais odeio no mundo, Geografia. Jamais gostei de mapas nem dessas coisas, ainda mais agora que a professora era insuportável. Felipe tinha descrito-a certinho, hoje de manhã.
Minha sorte foi que a professora de Geografia só tinha um tempo de aula então, logo depois, chegou o recreio. Eu estava louca para ver meu namorado. Já tinha bastante tempo que nós não nos víamos. Gabrielle me acompanhou até o pátio.
- Bom dia, amor. – ouvi uma voz atrás de mim. Claro que só podia ser o David falando assim comigo.
Saí correndo e o abracei. Ficamos nos olhando.
- Bom dia, amor. - finalmente respondi.
Ele sorriu para mim e começou a acariciar meus cabelos. Ele era muito fofo e também muito romântico! Acho que eram as qualidades dele que eu mais amava.
- Pena que te colocaram em outra turma. Eu queria poder prestar atenção em você a aula toda. É muito triste não te ter lá do meu lado. Eu me sinto solitário. – ele fez uma carinha de triste.
Ele me beijou e então eu coloquei a mão em sua nuca porque eu já estava ficando meio tonta. Ele percebeu e me segurou pela cintura.
- Olha! Aquela é minha irmã beijando o namoradinho! - ouvi minha irmã gritando no outro canto do pátio e suas risadinhas no final. Sua voz era maliciosa.
Parei de beijá-lo.
- PQP! Sai daqui, sua chata!
- Calma, amor. - ele virou meu rosto para ele - Não ligue para ela. A única coisa que você consegue é que ela piore.
- Desculpa, é que ela me deixa irritada demais com todo esse escândalo que faz no meio do pátio.
- Eu sei, minha linda.
Ele acariciava-me vagarosamente. Sentamos juntos no banco e ficamos conversando:
- Ficou nervosa na hora de vir pro colégio?
- É, fiquei.
- Tinha certeza que você ficaria.
Ele silenciou por um instante depois voltou a falar:
- , quer ir comigo na boate esse sábado?
- Claro, amor. Eu só tenho que me controlar mais na bebida.
- É mesmo, da última vez que você bebeu eu tive que te levar no colo.
- Pensei que você tivesse gostado...
- Amei, mas preferia te levar no colo com você me olhando assim, sem estar bêbada e ficar falando besteira.
- Vou me controlar dessa vez.
- Eu te ajudarei. Sei que deve ser muito difícil para você se controlar quando já está acostumada com isso.
- É mesmo muito difícil.
Beijamo-nos intensamente. Não queria parar, mas ele rompeu o beijo.
- Te amo. - sussurrou ele no meu ouvido, fazendo-me ficar um pouco tonta.
- Igualmente. - sorri.
Não queria que aquele momento terminasse, mas o sinal tocou. Ele me acompanhou até a minha sala e demos um selinho.
- Me conta tudo. - saiu Gabriele atrás de mim.
- Ele me convidou para ir à boate. Estava pensando se você quer me acompanhar.
- Vai mais alguém além de vocês?
- Vai sim. Vamos juntas lá de casa para a boate.
- OK! Obrigada pelo convite.
- Gabi, nós temos que ficar maravilhosas!
- Shopping essa tarde, topa?
- Claro!
- Depois iremos para minha casa.
- Está bem.
- Olha, meu irmão é insuportável. Quando chegar lá em casa, finja que ele não existe.
- Pode deixar amiga. Tenho uma irmã muito parecida. Nossa, não aguento a presença dela!
Ficamos o resto da aula passando bilhete uma para a outra sobre como seria o nosso dia de sábado. Estávamos ansiosas para que chegasse logo.
Depois da aula fomos caminhando até a casa dela. Quando chegamos, fomos diretamente para o quarto de Gabi. Lá havia milhares de pôsteres da saga Crepúsculo. Quando vi, fiquei impressionada. Tínhamos gostos muito parecidos.
- Você é...
- Viciada em Crepúsculo, é, eu sei. De acordo com mamãe, é mal da idade mesmo. Fazer o que se eles são totalmente lindos e perfeitos... - ela completou minha frase.
- Eu também gosto de Crepúsculo. Acho muito boa a história do amor proibido dos dois. É realmente muito fascinante e viciante o livro. Ainda mais a parte dos lobos super maravilhosos.
Ficamos falando sobre a saga até seu irmão aparecer na casa. Só ouvi alguns gritos vindos da sala.
- Gabi, cadê minha mochila?
- Sei lá, .
Depois de um tempo consegui ver quem era. Era um dos melhores amigos do meu irmão!
- ?! - gritei.
- ?! O que você está fazendo aqui?! – falou, sem tirar os olhos de mim.
- Vocês se conhecem? - Gabi perguntou confusa.
- Ele é o melhor amigo do meu irmão - respondi.
- Cá, vê se ensina bons modos pra Gabi.
- Coitada!
- Tenho que ir pro futsal. Tchau, Cá, tchau, Gabi.
- Tchau, . - respondemos juntas.
Eu e ela não tocamos mais nesse assunto. Almoçamos e depois fomos para o shopping. Passamos a tarde inteira lá, escolhendo roupas.
Depois do dia cansativo que eu tive, a mãe da Gabi me chamou para dormir na casa dela. Foi bem legal. Sabe, já fazia muito tempo que eu não tinha uma amiga tão divertida.
No dia seguinte, encontrei meu irmão no ônibus. Ele me abraçou.
- Que saudade da minha pequenininha!
- Que saudade do meu grandão. - ri - Sabia que a minha melhor amiga é irmã do ?
- Soube sim. Ele me ligou contando.
- Vai à boate sábado?
- Vou sim, com a Mariana - a namorada dele - e com o .
- Que dia é hoje?
- Sexta.
- Ah não! É amanhã!
- É, mas fique calma. Você vai estar linda.
- Tomara.
- Pode ter certeza.
Era bom conversar com o meu irmão pois me acalmava.
Gabi e eu ficamos mais uma aula conversando sobre como seria a noite. Nós estávamos com um frio na barriga que cada vez aumentava mais.
Fomos para o recreio bem devagar pois eu estava muito nervosa. Dessa vez David que veio falar comigo. Ele me conhecia muito bem.
- Nervosa, não é? - falou ele.
- Um pouco.
Ele me beijou.
- Não fique. Você vai fazer igual a toda vez que vamos à boate, vai dançar, beber menos e namorar comigo. - ele sorriu.
Fiquei vermelhinha mas consegui sorrir. Ele colocou a mão em meu rosto.
- Que horas quer que eu passe na sua casa?
- Às sete, pode ser?
- Claro, amor.
Sentamos no banco e fiquei contando para ele sobre o passeio no shopping (mas é claro que não contei como era a roupa).
Depois de um tempo, tocou o sinal e tive de ir para sala de aula. O tempo passava muito rápido e conforme ia passando o dia eu ficava mais nervosa pois o dia seguinte seria sábado.
Gabi foi para minha casa logo à tarde para me arrumar.
- , olha só que linda essa blusa. – ela me mostrou uma blusa vermelha com decote. A blusa era tomara que caia e mostrava toda as costas.
- Ela é... – procurei a melhor palavra – Perfeita.
- É, ainda mais com essa calça.
- Que lindo esse jeans!
- Muito! Comprei essa roupa especialmente para você.
- Mas e o vestido?
- Deixa para outro dia, esta roupa é especialmente para hoje.
- Você é a melhor amiga do mundo.
- Eu sei, eu sei.
Começamos a rir. Tomamos banho e depois ela ajudou a me arrumar e me maquiar. Bom, posso dizer que ela me deixou linda. Também a ajudei na maquiagem, mas não como ela me ajudou.
David chegou às sete para nos buscar junto com o amigo dele, Daniel.
Ele me olhou de cima a baixo e me beijou.
- Você está fantástica.
- Obrigada.
Ele sorriu, fazendo-me sorrir junto. Entramos no carro.
- David, você não é muito novo para dirigir? - perguntou Gabi.
- Gabi, ele não vai dirigir. O Daniel tem 18 anos. Ele que dirige.
- Ah, me desculpa.
- Tudo bem, amiga.
Chegamos à boate e fomos dançar. Bebi um pouco.
- Amor, vamos lá pra fora? – perguntou David.
- Espera só um minuto, deixe-me falar com meu irmão e com . Eles acabaram de chegar.
- Está bem. – David pegou na minha mão e me puxou até meu irmão.
- Oi, ! – disse .
- Oi, mana. – sorriu meu irmão.
- Oi, gente, vim só dar um oi. Não vou mais incomodar.
- Está bem, minha linda. – disse meu irmão, abraçando-me.
Despedi-me deles.
- Vem cá, meu bebê. – David me puxou para fora da boate.
Começamos a nos beijar encostados no carro. Não era um simples beijo, era um beijo muito intenso. Ele passou a mão da minha cintura para a bunda. Nós ficamos colados. Ia acontecer!
Eu não sabia se estava preparada então tentei parar, mas ele não deixava.
De repente, ele começou a tirar minha blusa.
- Pára, David. – sussurrei no meio do nosso beijo.
Ele continuou. Comecei a ficar irritada e tentei afastá-lo, mas ele não deixava. Parei de beijá-lo.
- Pára, David! – empurrei-o.
- O que há com você?
- Eu não quero fazer isso!
- Calma, gata, vai ser bom.
- Não, David! Deixa-me em paz!
- Eu não estou a fim de namorar uma garotinha medrosa.
- Então me deixe!
- Vai embora logo, !
Saí correndo rua afora. Estava chovendo e fiquei toda suja de lama, chorando. De repente, ouço uma pessoa correndo atrás de mim. Eu comecei a correr, quando escorreguei e caí no chão.
A pessoa veio e me pegou, abraçando-me.
- , você está bem? – era , acalmando-me.
- Não, estou totalmente destruída. – comecei a chorar.
Ele se sentou ao meu lado, no meio da chuva, aconchegando-me em seu colo.
- Está tudo bem agora.
- David tentou transar comigo!
- Acalme-se. Ele não está mais aqui. Vou pedir para seu irmão nos buscar. Vai ficar tudo bem.
Abracei-o com muita força, não queria sair dali, pois era o único lugar que eu me sentia bem novamente.
Ele me abraçou com força. Com certeza eu não queria sair dali. Estávamos completamente molhados e sentados no chão.
A chuva estava muito forte, por isso não tinha ninguém ali. Ele beijou minha testa.
- Ninguém vai machucá-la mais, eu estou aqui para o que der e vier.
- Obrigada, .
Dava para perceber que ele também não queria sair dali. Ele ficou acariciando meu rosto vagarosamente.
Meu coração ferido estava cicatrizando com ele ali me olhando, sorrindo para mim. Meus sentimentos por ele estavam crescendo, eu estava me apaixonando por ele. Ele me queria, dava para perceber com seu olhar. E mais, eu também o queria.
Ele chegava o rosto mais perto do meu. Eu não ligava, continuava olhando para ele. De repente, nossos lábios se encontraram em um beijo caloroso, que eu nunca iria esquecer. Foi rápido o beijo, mas foi o bastante para me fazer ficar totalmente tonta.
Ele passou os lábios vagarosamente em minha orelha e sussurrou:
- Te amo.
Foi o bastante para me fazer sorrir.
Alguns minutos depois meu irmão chegou.
Ele saiu correndo e me abraçou, levando-me em seu colo para o banco de trás. se sentou ao meu lado, Felipe no banco do motorista e sua namorada no do carona.
me fez deitar em seu peito enquanto voltávamos à boate, para buscar a Gabi.
Quando chegamos lá, Gabi já tinha se embebedado. Ela subiu no carro e deitou em cima de mim e .
- Gabi! – gritou enquanto a empurrava.
Ela nem ligava. Dormiu em nosso colo. Estava completamente bêbada.
- Amiga, você bebeu demais – falei, mesmo sabendo que ela já tinha dormido.
Resolvi fechar os olhos e dormir com a cabeça no ombro de . Foi muito bom poder ficar ali, naqueles braços quentes e aconchegantes que me amavam. Eu tinha certeza que nossa relação nunca mais seria a mesma.
Quando acordei de manhã, estava em minha cama sem entender absolutamente nada. Felipe trouxe meu café da manhã.
- Bom dia, dorminhoca. Trouxe pão de queijo com suco de laranja e bolo de chocolate.
- Bom dia, Felipe. Você quer mesmo me deixar uma bola.
- Coma tudo pois vamos passar o dia todo na praia. Quero que você esqueça o que aconteceu ontem.
- Quem vai?
- Giovanna, minha namorada, Gabi, – ele me deu um sorriso – e Bárbara.
- Babi? Nossa prima?
- Sim.
- Estou morrendo de saudade dela! Quanto tempo!
- Bom, já que quer vê-la, é melhor se arrumar rápido.
Comi toda aquela comida que meu irmão tinha feito para mim e pulei da cama direto para o banheiro. Escovei os dentes e coloquei meu biquíni roxo e branco que ganhei no meu aniversário de 14 anos. Coloquei uma blusa e um short simples.
- Acabei! Podemos ir?
- Nossa, você é bem rápida! Podemos sim.
Fomos andando até a praia da Barra. e Gabi já estavam lá. Provavelmente Gabi ainda não sabia do meu envolvimento com .
Ela saiu correndo e me abraçou.
- Amiga, minha cabeça está doendo demais.
- Eu imagino, depois do jeito que você chegou no carro.
- É, eu bebi demais.
- Foi.
Soltei-me dos braços de Gabi e saí correndo até o . Pulei e fui parar no colo dele.
- Bom dia, minha vida.
- Bom dia, amor.
- O que está acontecendo aqui? – perguntou Gabi.
- O negócio é que eu amo a e a me ama.
- Querem que eu tenha um troço?
- Eu quero. – disse , beijando-me.
- Não tem graça e isso queima meus olhos.
- Amiga, você se acostuma...
- Mas eu não quero!
- Amiga, venha cá. – me afastei de e comecei a sussurrar com Gabi – Olha, eu amo seu irmão e preciso dele. Eu sei que vai ser difícil, mas preciso que você tente.
- OK. Mas não garanto nada.
Abracei-a.
- Obrigada.
- Tá bom, mas só porque você é minha melhor amiga.
- Eu sei que sou.
- Convencida...
- Muito.
Acabamos de conversar e me beijou intensamente. Ele cortou o beijo, mas continuou com os braços em volta de mim.
- Quer dar uma caminhada?
- Quero sim. – respondi sorrindo.
Começamos a caminhar de mãos dadas, em silêncio. Depois de cinco minutos, cortou o silêncio.
- Como foi a noite?
- Bom, passou rápido demais, e quando acordei estava em meu quarto.
- Seu irmão te levou.
- Ah tá. Mas como foi a sua noite?
- Estive pensando em uma coisa...
- Em quê?
Ele ajoelhou-se no chão e beijou minha mão, acariciando-a cuidadosamente. Fiquei olhando para ele com um sorriso.
- Você faz meu mundo virar de cabeça pra baixo. Cada dia, cada momento com você é uma alegria. Te amo e te amarei eternamente, querida. Quer namorar comigo?
- Eu... Eu...
- O que foi?
- Eu esqueci a palavra...
- Sim?
- É, sim, eu quero... Mais que tudo!
Ele deu um pulo e me beijou. Logo depois ele colocou um anel em meu dedo. Era o anel mais lindo que já tinha visto em toda a minha vida. Ele era de ouro contornado com pedacinhos de diamante.
- Ele é lindo.
- Minha mãe ganhou de meu pai quando eles começaram a namorar. – ele levantou meu queixo e nossos olhos ficaram ligados – Agora ele é seu.
Ele beijou com cuidado minha mão, novamente. Depois voltou a me beijar, colocando suas mãos macias em meu rosto, enquanto minhas mãos estavam em seu abdômen.
Não determinei o tempo que nos beijamos pois estava completamente desligada. Ele começou a beijar minha bochecha e alguém chegou. Bom, se pensa que paramos de nos beijar está enganado, pois naquele momento nada nem ninguém nos faria parar.
- Oi, .
Era David, mas eu jurei que ele não iria atrapalhar meu momento com . me agarrou ainda mais enquanto eu fazia o mesmo e o beijo foi ficando mais intenso.
- , por favor, fale comigo, amor.
foi ficando mais irritado, então comecei a acariciá-lo para se acalmar.
- Está bem, não quer falar não fale, mas vim aqui pra te pedir desculpa pelo que eu fiz.
Fiz um gesto para que ele fosse embora e ele foi. ficou feliz por eu rejeitar David. Eu não podia desculpar David e deixar meu namorado irritado. "Bola pra frente, ", pensei.
Como eu queria nunca mais sair dali...
- ! – Só tinha uma pessoa no mundo que me chamava assim.
Fui obrigada a parar de beijar por causa de um abraço.
- Babi! Que saudade, prima!
Abracei-a forte.
- Oi... Garoto que estava beijando minha prima. Sou Bárbara.
- Babi, o nome dele é .
- Está bem. Oi, !
- Oi Bárbara. – disse educadamente.
- Babi, ele está namorando comigo.
- Que demais! Por isso que David está todo triste lá na água.
- Ignore-o.
- Eu sempre fiz isso. Você sabe que o odeio profundamente.
- Sei mesmo.
- Olha, me desculpa por interromper o beijo, eu volto depois.
- OK, Babi.
virou-se para mim:
- Onde estávamos?
Voltamos a nos beijar. Ele colocou a mão em minha cintura, puxando-me para mais perto dele. Envolvi seu pescoço com meus braços.
Depois de muito tempo cortou o beijo.
- Por quê? – reclamei.
- Vai chover, venha.
Fomos para um banco coberto por uma pedra e me abraçou quando começou a chover.
- Como vamos voltar?
- Bom, só vai dar depois que a chuva parar pois está muito forte e logo irá relampejar.
- O pior é que já está escurecendo e meu celular está sem sinal.
- Amor, eu estou aqui com você, não irá acontecer nada. E além disso, tenho comida. – ele olhou dentro da mochila – Um pedaço de bolo, uma garrafa de suco, casaco, e alguns outros mantimentos.
- Você vem bem preparado.
- Já passei por situações piores e muito mais difíceis. Não deixarei nada acontecer com você.
pegou o casaco da mochila e colocou em mim. Deitei-me no abdômen dele e o beijei.
Para cortar o silêncio, comecei a interrogá-lo.
- Por que saiu correndo atrás de mim na boate?
- Bom, percebi que tinha algo de estranho quando você saiu correndo da boate. Ninguém estava te acompanhando e achei que tinha que ir atrás de você e estava certo. Vi você chorando muito e não queria te ver assim. Eu já gostava de você fazia um bom tempo pois você é a garota mais linda e carinhosa que eu já conheci. Bom, para falar a verdade, nunca achei que você gostaria de mim, mas... Agora estamos aqui... Juntos... Namorando. Pode acreditar, eu preciso muito mais de você do que você de mim. Quando te vi na boate você estava tão linda... Deu vontade de te beijar naquele momento, de dizer que te amava e que faria tudo por você, mas sabia que não poderia fazer aquilo, então me controlei e fiquei quieto.
Eu fiquei ouvindo atenciosamente cada uma de suas palavras. Eu realmente nunca tinha percebido o que ele sentia por mim, mas agora estava tudo mais claro.
- O que mais quer saber? – disse ele, interrompendo meus pensamentos.
- Como sabia que ia chover?
- Bom, se você olhasse o céu enquanto nos beijávamos, saberia responder também.
- Nossa! Então eu sou mesmo desligada.
- É sim.
Ele começou a acariciar as maçãs de meu rosto.
- Está com fome, minha ?
- Um pouco.
Ele pegou um pão com queijo e presunto de dentro da mochila.
- Você está precisando comer algo, coma este sanduíche. Eu que fiz. Não é dos melhores, mas vai te alimentar.
Peguei o pão.
- Obrigada, amor.
Comi o pão um pouco rápido demais pois realmente estava com muita fome. Ele me olhou atenciosamente enquanto eu comia. Depois que acabei, ele me perguntou:
- E então? Mais alguma pergunta?
- Não, por enquanto não.
Ele riu, fazendo-me rir também. Estava com um pouco de sono, então me deitei no ombro de e ele me envolveu com seus braços, acariciando novamente as maçãs de meu rosto. Não aguentei e acabei dormindo.
Acordei com um sol forte em meu rosto e vi que estava dormindo. De repente meu celular começou a tocar. Peguei o celular correndo e atendi para não acordar .
- Filha? Filha? Onde você está? – ouvi uma voz de desespero no telefone.
- Acalme-se, mãe. Começou a chover e eu e fomos nos abrigar. A chuva durou muito tempo, acabamos dormindo. Eu já vou para casa. Espere apenas o acordar.
- Por favor, volte logo. Estou desesperada!
- Voltarei logo. Acalme-se, agora vou desligar. Beijos, mãe.
- Beijos, minha linda. Tchau...
Depois de desligar, senti uma mão acariciando-me. Ela era tão macia, tão linda.
- Bom dia, minha querida. – meu Deus! Que voz!
- Bom dia, .
- Ouvi sua conversa no telefone. Temos que ir, não é?
- É.
- Que pena, estava gostando de ficar aqui com você.
Acariciei seu rosto sorrindo e depois o beijei.
- Vamos? – perguntei a ele.
- Sim, você deve estar morrendo de saudade da sua mãe e ela de você.
- É, estamos.
pegou a mochila e começamos a caminhar de volta para casa, de mãos dadas.
- Filha! – ela me abraçou desesperada.
- Mãe, eu estou bem.
- Fiquei muito preocupada. Você não voltava para casa.
- Estava chovendo, eu não tinha como voltar.
- Você não falou que estava com ? Cadê ele?
- Voltou pra casa. A mãe dele também estava preocupada e com saudades.
- Bom, tem uma pequenininha aqui que está louca para falar com você.
- Priminha ! – ouvi uma voz linda, a voz que já ouvia há três anos.
- Bubu! Venha cá, minha pequena!
Ela pulou no meu colo e me abraçou bem forte.
- zita, eu tava morrendo de saudade.
- E aí, minha linda? Acostumou-se com o irmãozinho?
- Sim, eu até cuido dele. Nós vemos TV juntos e eu canto música pra ele dormir. Ele está deste tamanhão. – ela abriu os braços e esticou até o máximo que conseguia – Ele chora muito.
- Você também chorava quando tinha um aninho.
- Mas ele chora demais, prima zita.
- Um dia você se acostuma.
- Tomara que esse dia chegue logo.
Rimos juntas. Coloquei-a no chão e fomos até a sala. De repente, alguém me agarrou e me levou até meu quarto.
- Conta tudo!
Uma curiosa como essa só podia ser mesmo a Babi.
- Tá. Terminei com o David na boate e agora eu e estamos juntos. Tipo, ninguém sabe ainda que me pediu em namoro, apenas você.
- Amiga, prima, o que seja, eu te apoio muito com ele. Ele parece mil vezes mais divertido e alegre que David. Bom, muito menos safado também.
- É verdade.
Rimos juntas e depois eu a abracei.
- Babi, você é uma prima e tanto.
- Eu sei disso.
- Mas me fala, vai ficar aqui até quando?
- Só vou ficar hoje, mas fim de semana eu volto.
- Eu vou te esperar. Com certeza vou ter muitas novidades.
Abraçamo-nos.
- Hora do almoço! – minha mãe gritou.
Bárbara e eu descemos para almoçar quando vi meu irmão correndo para me abraçar.
- zita, eu quase morri quando acordei de manhã e você não tinha chegado. Saí de carro para te procurar e descobri depois que você já tinha voltado.
- Agora estou aqui, estou bem. Acalme-se Felipe. Muito obrigada por ir me procurar.
- É claro que eu iria te procurar, eu te amo, maninha.
- Eu também te amo e garanto que você sabe disso, não é?
- Sei, sei mesmo.
Ele acariciou meu cabelo enquanto nos abraçávamos. Eu amava tanto aquele irmão tão alegre e divertido, tão carinhoso comigo. Ele era meu melhor amigo.
- Felipe, hoje é que dia? – perguntei.
- Segunda-feira.
- Hoje tem aula! Nós não fomos. – eu gritei.
- , hoje é feriado. - Felipe me disse.
- Nossa, eu sou tão tonta.
- Não é, você apenas não sabia que hoje é feriado.
- Ah, filha, teve uma pessoa que te ligou hoje. – minha mãe disse mudando de assunto.
- Quem? – perguntei curiosa.
- O David. Filha, ele está muito arrependido.
- Mãe, mesmo que eu o desculpe, não irei voltar para ele. Estou com o agora.
- O quê? Como assim?! – meu irmão quase gritou.
- Felipe, ele me pediu em namoro ontem.
- Ah não! Meu melhor amigo com a minha melhor irmã?!
Ju ficou chateada.
- Felipe, me desculpe. Mas eu o amo e ele me ama. Eu não vou terminar o namoro com ele. A Gabi também vai ter que se acostumar.
- Está bem, mas saiba que estou contra esse namoro.
- David ou ?
- Bom... , mas...
- Então pronto! – disse, interrompendo logo.
- OK! Não acredito que estou aceitando numa boa.
- Pois é melhor acreditar, pois você está. – dei uma risada.
- Fazer o quê...
Sorri para ele e ele apertou minhas bochechas.
- Que irmãzinha mais fofa! Amo tanto você.
- Eu também te amo.
Depois que acabamos de comer, fomos assistir TV enquanto eu estava no computador.
David estava online:
"Oi, querida. Como está?" – ele perguntou.
"Muito melhor sem você. Agora, pára de encher senão eu te bloqueio." – dei logo uma resposta nada amigável.
"Calma, , vim só pedir desculpas."
"Tá, eu te desculpo. Feliz?"
"Sim, muito (:"
"(:"
"Carol, tem como sairmos agora? Preciso conversar com você."
"Não."
"Por favor, ."
"Ah, tem que ser rápido."
"Ok, estou passando aí."
Depois de um tempo vi um carro na rua e desci as escadas.
- Onde pensa que vai? – minha mãe interrompeu minha correria.
- Falar com David, ele quer conversar.
- Onze horas em casa.
- Pode deixar.
Abri a porta e fui para o carro de David. Ele sorriu e me deu um beijo na bochecha.
- Você entrando aqui me lembra tanto os velhos tempos.
- Não era nem para eu estar aqui. Fala logo o que você queria falar.
Ele se virou para mim, forçando-me a olhar para ele. Ele segurou minhas mãos.
- Me desculpe, .
Ele começou a me beijar e eu não tinha como parar. Eu sabia que ele não iria apenas me beijar. Ele era louco, ia fazer mais que isso. Eu tentei impedir, mas minha luta foi um fracasso.
- David, não!
Ele começou a rasgar minha roupa. Eu tentava segurar sua mão mas, pela primeira vez, eu o via como um monstro.
Ouvi um barulho fora do carro. Alguém abriu a porta do carro e me puxou para fora.
- ! Eu... Eu... – não conseguia falar, eu realmente não tinha o que falar.
deu um soco em David e logo depois correu para meu lado, abraçando-me. Comecei a chorar.
- Acalme-se. – ele falava baixinho, tentando me acalmar – Está tudo bem. Você está segura agora.
Eu o abraçava muito forte enquanto ele me levava até em casa.
- Filha? O que aconteceu? – minha mãe disparou em minha direção.
- David tentou abusar dela. Consegui chegar a tempo de salvá-la, mas não de salvar suas roupas.
Eu não conseguia ficar longe dele. Minha mãe tentou me acariciar e me acalmar, mas eu ainda estava em estado de choque. me abraçava muito forte pois via pelo que eu estava passando.
- ... Por favor... Não me solte... Fique comigo... – eu dizia desesperada.
- Não vou te soltar. Não vou a lugar algum.
Entramos na sala e nos sentamos no sofá, enquanto todos nos olhavam. Acho que eles não falavam para não me assustar depois do trauma que passei.
- Babi, pegue uma roupa para .
- Pode deixar, tia.
Babi e me levaram até o banheiro. Coloquei a roupa correndo e voltei para os braços de .
- Prima, por favor, fala comigo. – Bárbara pediu.
- Babi, eu já estou melhor, mas quero ficar um pouco com .
Dessa vez não foi Babi que veio falar comigo. Bú saiu correndo e pulou em meu colo, forçando-me a segurá-la.
- você está bem? – ela perguntou, olhando-me com cara de preocupada.
- Sim, minha linda.
Sentei-me no sofá novamente com Bruna em meu colo e do meu lado.
- Filha, me conte o que aconteceu, por favor.
- Está bem, mãe. Eu estava no MSN conversando com David e ele ficou me pedindo desculpa. Só que ele falou que precisava conversar comigo. Saí de casa e ele me buscou para conversarmos. Pedi para ele se apressar, porque eu queria voltar logo. Ele me segurou e falou ‘Desculpa, ’. Começou a me beijar e então eu sabia o que ele queria – meus olhos se encheram de lágrimas – e então... E...
me abraçou forte e continuou:
- Eu cheguei e a tirei do carro, dando um soco em David. Ela está segura agora.
Tirei Bruna do meu colo e afundei meu rosto no ombro de , chorando.
- Obrigada... p-o-r m-e s-a-l-v-a-r. – falava entre dentes.
- De nada, minha princesa. Você está segura agora.
- Eu sei, e agradeço muito por isso.
Ele ligou para Gabi e pediu para que viesse, explicando tudo que aconteceu. Dava para ouvir seus gritos no telefone.
- Ela está super preocupada. – ele me disse ao desligar.
- Eu percebi.
Depois de alguns minutos, Gabi chegou me abraçando.
- Amiga, nunca mais se meta com ele. Depois dessa, pode até casar com meu irmão.
Sorri.
- Realmente estou bem melhor.
- Eu disse. – falou em meu ouvido.
- Amiga, semana que vem nós vamos sair e esquecer esse mala sem alça.
- OK.
O resto da semana foi bem difícil, tentando evitar David na escola. , Gabi e meu irmão ficaram o tempo todo ao meu lado para David não encostar em mim.
Finalmente, chegou o sábado. Eu, Gabi e Babi (já de volta lá em casa) nos arrumávamos.
- Vocês sabiam que meu irmão terminou com a Mariana?
- É, eu soube. O falou que a briga foi feia. Meu irmão viu tudo.
- Tomara que ele curta a boate, acho que vai alegrá-lo.
Os garotos tinham acabado de chegar. Descemos e os encontramos. me olhou.
- Olá, querida. Vamos?
- Claro. – sorri.
Entramos no carro e fomos para a boate. Chegamos alguns minutos depois. A boate estava cheia!
- , esses são meu amigos Gabriel, Isabelle, Pedro e sua namorada.
- Oi, gente! – eu disse com um pouco de vergonha.
Depois, me levou para o canto da boate e ficamos nos beijando por um tempo. Quando fui procurar Felipe levei um choque, ele estava ficando com a BABI! Nossa prima! Eu nunca pensei nessa possibilidade.
Fui correndo chamar Gabi.
- Você nem acredita no que eu vi! – quase gritei para ela me ouvir.
- O quê?
- Babi... Meu irmão... Ficando!
- OH, MEU DEUS!
- Eu sei, eu sei.
- Gente, ele acabou de passar por uma coisa horrível. Deixe-o se divertir. – disse enquanto me envolvia com o braço.
- É tão estranho quanto vocês dois juntos. – Gabi fez uma careta.
Devolvi.
virou-me para ele.
- Olha, deixa seu irmão se divertir. Agora quero me divertir com você.
Ele começou a me beijar e eu coloquei as mãos em sua nuca envolvendo-o. Ele parou de me beijar.
- Você é tão linda, sabia?
- Não tanto quanto a Gabi.
- Fala sério! Você é a garota mais linda que eu conheço.
- E a Isabelle? Morena. E a namorada do Pedro? Loira de olhos verdes.
- Você é muito mais linda que todas.
- Não sou!
Ele sussurrou em meu ouvido:
- É uma deusa.
- Não exagera.
Ele me beijou.
- Minha deusa.
Sorri derrotada, voltamos a nos beijar. Dançamos quase a noite inteira e confesso que não consegui me segurar cem por cento nas bebidas.
me levou no colo até o carro.
Acordei com um pouco de dor de cabeça, mas como sempre, meu irmão cuidou de mim.
- Bom dia, princesa.
- Bom dia, Felipe. – virei-me de lado morrendo de dor de cabeça.
- Vamos acordar. O dia está lindo e o está lá em baixo...
- Ele está aqui?!
Levantei correndo e fui direto me arrumar.
- Agora me fala. Qual a razão de você ter beijado a nossa prima?
- A definição certa é ficado.
- Não fuja do assunto!
- Bom, vocês nos deixaram sozinhos e ficamos conversando. E então perguntei a ela se ela ficaria comigo...
- E?
- E ela disse sim, então ficamos.
- Vocês são malucos.
- Por quê?
- Vocês são primos!
- Mas ela é bonita e eu acho que...
- Acha?
- Acho que... – ele sussurrou – estou gostando dela.
- É, vocês realmente querem me matar.
- Talvez. – ele riu.
- Não tem graça! O que a mamãe vai falar disso? E a tia Claudia?
- Calma, vai dar tudo certo. Igual você e . Falando nisso, ele está te esperando há muito tempo lá em baixo.
Arrumei-me correndo e desci as escadas.
- Bom dia, .
- Bom dia, .
Sentei-me ao lado dele no sofá.
- Muita dor de cabeça? – ele me perguntou, acariciando meu cabelo.
- Um pouco.
- Vim aqui apenas para ver se você está bem.
Sorri.
- Fiquei muito melhor agora.
Ele começou a acariciar meu cabelo lentamente enquanto sorria para mim. Eu realmente me sentia muito melhor agora.
- A Gabi está bem?
- Com tanta dor de cabeça quanto você.
- Nossa... Ela também bebeu?
- Acho que até mais que você. Ela misturou um monte de bebida.
- Só a Gabi mesmo.
Ele me beijou. Nossa! Eu tentei parar pois meu bafo não devia ser dos melhores, mas ele não deixou e minha luta foi um completo insucesso.
- Pára! – quase gritei.
- Por quê? – ele perguntou meio confuso – Achei que estivesse gostando.
- E estou, mas meu bafo está horrível.
- Não está.
- Eu sei que está, não precisa mentir.
- Não estou mentindo.
Ele voltou a me beijar, mas dessa vez eu não tentei sair pois eu vi que ele não ligava mesmo que meu bafo fosse o pior do mundo.
Minha barriga roncou e ele parou de me beijar. (Ah não! Eu estava gostando tanto...)
Ele me levou até a cozinha e fez uma comida para mim.
- Gostoso? – ele me perguntou enquanto eu comia.
- Sim, muito. Onde aprendeu a cozinhar assim?
- Bom, meu pai me ensinou quando eu era menor. E hoje sou um profissional.
Sorri.
- Bom, nesse caso, quero comida todos os dias feita por você.
- Se der, eu faço.
- Obrigada, amor.
- De nada, querida.
Ele me deu um selinho.
Comi um pouco devagar pois acho que estava distraída com outra coisa...
- Quer assistir um filme lá em casa? – ele me perguntou sorrindo.
- Claro, pode ser.
- Vou convidar seu irmão e a Babi também. Alguém tem que apoiá-los.
- Eu ainda não concordo.
- Mas devia. Imagina se minha irmã reagisse assim conosco!
- Ainda não gosto.
- Pelo menos finja. É tão difícil?
- Não, mas...
- Mas?
- Tá bom. Você é muito chato, sabia?
- Sabia, mas é por isso que você me ama.
Sorri para ele.
- É assim.
Ele sorriu de volta.
- Será que eles vão namorar?
- Talvez.
- Talvez. – ele repetiu.
Fechei os olhos.
- Não quero nem pensar nisso.
Ele acariciou meu cabelo delicadamente, sorrindo para mim.
- Eu te amo, minha pequena.
- Eu também te amo, meu bebê.
- Seu bebê?
- Sim, meu bebezinho.
Apertei suas bochechas brincando com ele.
- Assim, o máximo que vai conseguir é deixar minhas bochechas extremamente vermelhas.
Comecei a rir. Ele era meu fofinho. Comecei a bagunçar seu cabelo enquanto ele me olhava com uma careta. Eu adorava ficar mexendo naqueles cabelos tão macios e perfeitos.
- Bochechas vermelhas e cabelo despenteado. Vou dizer para todo mundo que foi minha namorada que fez isso. – ele me dizia enquanto fazia uma careta.
- Pode dizer, eu assumo toda a culpa. Não dá pra resistir. Seu cabelo é tão macio e sua pele tão suave! – dei um suspiro.
- Neste caso acho que posso te livrar da culpa. – ele sorriu para mim.
- Obrigada, meu amor.
- De nada, minha boneca.
Enquanto mexia em seu cabelo, ele começou a tagarelar:
- Aliás, acho que vou fazer uma lista de todos os apelidos que eu já te dei.
- Primeiro: deusa. – entrei na conversa.
- Sim, também tem amor, boneca, pequena, bebê, fofa...
- Vou pensar em mais e depois te digo.
- Obrigada, minha florzinha.
- Não se esqueça de colocar este na lista.
- Pode deixar.
Sorri e voltei a bagunçar seu cabelo. Ele me beijou, obrigando-me a parar. Foi um beijo intenso. Ele contornou meus lábios com sua língua, dando uma leve mordida na parte inferior dele. Ele me segurou pela cintura me mantendo mais perto dele e me obrigando a sentar em seu colo.
Segurei seus cabelos um pouco forte demais, fazendo-o gemer entre os beijos. Eu estava a ponto de surtar por causa de sua beleza natural.
Começamos um longo beijo e também muito intenso. Ele começou a beijar meu pescoço, deixando-me um pouco arrepiada. Sua mão foi descendo calmamente até chegar à minha bunda. Não o afastei por causa disso. Ao contrário, me juntei mais ainda a ele.
O beijo foi cortado por meu irmão entrando na cozinha.
- Vou fingir que não vi isso e vou voltar para a sala calmamente, deixando-os à vontade para continuarem se pegando.
- Felipe! Se for sair, sai logo. – falei um pouco grosseira, admito.
- Nossa, me desculpa. Não sabia que eu era tão irritante assim.
Ele saiu meio irritado comigo e batendo pé.
- Não precisava falar assim com ele. – chamou minha atenção.
- Eu sei, foi sem querer.
- Tudo bem, mas depois vai se desculpar com ele.
- Pode deixar.
Ele sorriu e voltou a me beijar, colocando a mão de volta em minha bunda. O beijo realmente estava muito intenso. Ele deu uma pequena apertada nela. Juntei-me mais a ele, dando uma mordida de leve em seu lábio inferior. Eu nunca tinha reagido deste jeito em um beijo. parecia estar gostando. Eu também estava.
Fui descendo minha mão até chegar ao seu abdômen. Ele colocou minha mão por dentro de sua blusa. Contornei os traços de seu peito delicadamente enquanto nos beijávamos. Ele estava um pouco ofegante. Eu também estava! Naquele momento, nada mais no mundo importava a não ser nós dois ali nos beijando intensamente.
O telefone começou a tocar, cortando nosso beijo e me deixando um pouco irritada.
- Alô? – ele atendeu o telefone um pouco ofegante. Ouvi uma voz irritada do outro lado da linha – Mas o que aconteceu? – era uma menina. Ela começou a chorar enquanto falava – Raissa, se acalme.
- O que aconteceu? – sussurrei para ele.
- Depois eu te ligo, Ray. Tchau.
Ele desligou o telefone.
- O que aconteceu?
- Problemas pessoais dela.
- Quem é Raissa?
- Minha melhor amiga. Com ciúmes?
Fechei a cara.
- Me desculpa, não devia ter atendido ao telefone e interrompido nosso beijo.
- Está tudo bem.
- Onde estávamos?
Voltei a beijá-lo.
- Olha a minha irmã! Mais um namorado! Eu vou morrer aqui!
Não! Não! Não! Dessa vez ela ia ter o que merecia! Saí correndo atrás dela e a agarrei.
- Escuta aqui, garota! Estou totalmente cansada das suas brincadeirinhas. Eu te odeio e não quero que você fale comigo nunca mais. – eu ia bater nela.
me segurou.
- Calma, amor. Ela é pequena, não bata nela.
Ela saiu correndo assustada com a minha reação (eu nunca reagi assim).
me abraçou e começou a acariciar meus cabelos, tirando-os de meu rosto. Ele me beijou, tranquilizando-me e me deixando inconsciente. Enquanto me beijava, ficava acariciando meu rosto.
- Melhorou? – ele perguntou enquanto ficava me olhando nos olhos.
- Sim, estou muito melhor. Obrigada. – dei um pequeno sorriso.
- De nada, querida.
Ele me abraçou forte e deitei a cabeça em seu ombro, fechando os olhos.
Voltamos para a cozinha e recolhemos meu prato.
Eu estava com tanta vontade de voltar a beijá-lo. Ele acabou de levar os pratos e se sentou na cadeira, pedindo-me para me sentar em seu colo.
Sentei na mesma posição que estava na hora do beijo. Ele me olhou. Sorri.
- Sabia que você é muito linda? – ele me falou.
- Mesmo?
- Mesmo.
Ele colocou a mão em minha bunda. Eu sorri. Eu realmente estava gostando. Ele voltou a me beijar vagarosamente. Eu avancei a cabeça um pouco. Ele me apertou mais a ele. Ouvi uma batida de porta... Minha mãe chegou!
Desci de seu colo e parei de beijá-lo.
- Minha mãe chegou. – sussurrei para ele.
Ele me deu a mão e foi pra sala comigo.
- Oi, gente. Desculpe-me por chegar a essa hora...
Ela parou de falar e olhou para .
- Oi, . Como está a sua família?
- Bem, graças a Deus.
- Que bom.
- Sabe, eu estava combinando com eles de ver um filme lá em casa. Eles podem ir?
- Claro, vai ser bom para . A Babi já vem. Foi comprar algumas coisas no super mercado para mim. Ela já volta.
- Que bom. Preciso ter uma conversa séria com ela. – falei, lembrando-me dos acontecimentos de ontem.
Felipe lançou um olhar para mim. Parei de falar para não arrumar confusão com ele.
- Vocês duas e suas fofocas.
- É sim.
Depois de algum tempo, Bárbara chegou. Puxei-a para meu quarto.
- O que foi? – ela disse meio confusa.
- Babi! Você ficou com seu primo?! Meu irmão!
- É, bom... Fiquei, mas, amiga, eu estou apaixonada por ele.
- Eu como sua amiga devo dizer que é muito legal você estar com ele. Mas como sua prima, devo dizer que é maluquice! Ele é seu primo!
- Eu sei, eu sei. Mas ele é tão carinhoso, tão romântico... E agora eu estou apaixonada.
- Boa sorte com ele, mas tome cuidado.
- Pode deixar, ! Você é a melhor prima do mundo!
Sorrimos juntas e nos abraçamos.
- Agora temos que nos arrumar. Vamos assistir a um filme na casa do . É uma ótima chance para vocês ficarem de novo. – eu lhe disse.
- É mesmo.
- Uma coisa: o Felipe também está caidinho por você. Acho que ele vai te pedir em namoro.
- Quem sabe... – ela suspirou.
- É mesmo.
Começamos a nos arrumar. Eu realmente tinha de dizer a verdade, Babi tinha um dom para escolher roupas e combiná-las muito bem. Cada roupa mais linda do que a outra.
- Luxúria é um dos sete pecados capitais. – Felipe disse para mim e Babi.
me deu a mão.
- Você está maravilhosa.
- Agradeça a Babi, foi ela que me vestiu.
Entramos no carro de meu irmão e fomos para a casa de . Quando cheguei lá, vi Gabi na sala, comendo pipoca.
- Você me deixou sozinha aqui. – disse Gabi, furiosa com .
- Me desculpa. Você podia ter ido para a casa da comigo.
- Você nem me chamou.
- Claro, você estava dormindo e com uma dor de cabeça enorme.
- Está bem, vamos parar de brigar e ver o filme? – Babi disse, já cansada da briga deles.
- Vamos. – Gabi disse e voltou o rosto para a televisão.
pegou o filme para vermos. Babi e Felipe sentaram em um sofá de dois enquanto eu e sentamos no chão. me abraçou. Deitei a cabeça em seu ombro enquanto ele olhava para mim.
Babi estava quieta olhando para o filme quando Felipe começou a beijá-la. Acho que eles ficaram se beijando a noite toda, mas não fiquei olhando para não incomodá-los. Eu e também ficamos nos beijando por um bom tempo.
Quando chegamos em casa, Felipe foi conversar comigo no quarto.
- Sabe que gosto muito da Babi, não é? – ele me perguntou com um sorriso no rosto.
- Sei sim, Felipe.
- É que eu estava pensando em pedi-la em namoro. O que você acha?
- Adorei a idéia. Acho que ela também gosta de você. Pelo menos, foi o que ela me disse.
- Obrigado pela ajuda, .
- De nada.
BÁRBARA
Eu estava cansada daquela noite, mas realmente foi uma das melhores da minha vida. Eu realmente estava gostando do Felipe, apesar de ser um amor que não devia nem ter começado.
Deitei-me na cama do quarto de hóspedes e comecei a me lembrar da noite na boate. - Eu soube que sua namorada terminou com você. – eu disse um pouco alto por causa do barulho da boate.
- É, mas aquele namoro já estava na hora de terminar mesmo. Ela era muito ciumenta. Tinha até ciúmes da minha irmã!
- Nossa!
- É mesmo. Mas quer saber, não acho que foi tão ruim assim. Posso aproveitar mais a vida e conhecer garotas novas.
Bom, eu comecei a olhar para ele sorrindo.
- Você está muito linda esta noite.
Ele se aproximou de mim, envolvendo-me com seus braços. Sorri meio envergonhada. Ele colocou a mão nos meus cabelos e começou a me olhar fixamente. Fiz o mesmo. E então o nosso beijo começou.
Eu até hoje não tirava aquele momento de minha cabeça. Eu sentia uma vontade de poder tê-lo para mim. Eu estava mesmo apaixonada por ele!
Uma pergunta que eu ficava fazendo: "será que ele também gosta de mim?" Eu não sabia, mas precisava de uma resposta.
Neste momento ouvi uma batida na porta. Eu enterrei a cabeça na cama.
- Pode entrar! – falei um pouco baixo demais.
Abriram a porta... Era o Felipe! Sentei-me rapidamente.
- Oi, Babi. – ele pronunciou carinhosamente meu nome.
- Oi, Felipe. – fiz o mesmo – Como está?
- Bem. Eu vim aqui te perguntar uma coisa.
Ele se aproximou de mim, acariciando as maçãs de minha bochecha.
- Sabe que gosto muito de você, não é?
- Sei sim. – dei um pequeno sorriso.
- Babi, eu te amo.
Eu realmente fiquei em estado de choque, não esperava por isso.
- Quer namorar comigo?
Eu não sabia se ria, se chorava... Eu não sabia o que fazer.
- Se não quiser é só falar não.
- É claro que eu quero. – saiu de minha boca sem eu perceber – Eu te amo.
Ele me beijou e meu mundo virou de cabeça para o ar. Aquele momento era tão perfeito, eu nunca mais o esqueceria.
<
Fui descendo a escada vagarosamente meio cansada, mas precisava pegar um ar.
- Mãe, vou andar um pouquinho e depois volto.
- OK, filha.
Fui andando pela rua pensando na vida, pensando em cada alegria...
Comecei a me sentir estranha, como se alguém estivesse me seguindo. Andei um pouco mais rápido e comecei a ouvir passos mais fortes. Alguém me agarrou, colocando um lenço em minha boca. Desmaiei.
Acordei com muita dor de cabeça dentro de um quarto. Todas as paredes eram brancas e a única janela que tinha estava fechada. Havia uma TV com antena parabólica, uma cama confortável, mas velha, um edredom, um travesseiro velho e um armário com roupas velhas de tecidos leves e confortáveis. No canto, havia um pequeno banheiro com uma toalha e alguns produtos como xampu, condicionador, sabonete, pasta de dente e escova de dente.
Eu realmente não conhecia aquele lugar e estava desesperada. Alguém havia me sequestrado, estava na cara.
Peguei meu celular para tentar ligar para alguém. Estava fora de área. Movia-me para todos os lados, mas mesmo assim o celular não pegava.
Meu medo foi crescendo cada vez mais. Comecei a bater nas paredes, mas nada acontecia. Desisti, sentando no chão e chorando desesperadamente.
Uma porta se abriu. O sequestrador entrou no quarto e pude vê-lo.
- Pare de chorar, , não tem razão para você estar assim.
- Eu não acredito que é você! David, me deixe em paz!
Ele olhava nos meus olhos.
- Ah, querida, não sabe quanto esperei para ter você para mim.
Dei um tapa na cara dele.
- Eu jamais serei sua!
Ele segurou meus braços muito forte e meteu a mão no bolso. De lá ele tirou um canivete. Colocou a ponta em meu queixo. A ponta do canivete chegou a encostar na minha pele.
- Você está muito enganada. Agora, você não tem mais como fugir. Ninguém vai te salvar desta vez. Você é só minha.
Comecei a chorar e a gritar. Ele deu um tapa forte em meu rosto.
- Não aguento mais seus choros infantis!
Parei de chorar, ainda com muita dor. Ele me beijou com muita força, machucando meus lábios. Eu me afastei dele.
- Por que você está me torturando?
- Deixa de ser infantil, .
Ele puxou meu cabelo até eu voltar a beijá-lo.
- Socorro! Eu não quero mais ficar aqui!
Ele ficou irritado e começou a me bater.
- Cala a boca!
- Para, por favor. – eu disse desesperadamente.
Ele parou e me abraçou. Eu fiquei com mais medo ainda.
- Me desculpe. Eu fico muito descontrolado com você.
Ele era maluco, mas eu não podia falar isso senão acho que não sobreviveria mais nem um dia. Ele ficava me olhando.
- Você é tão linda. Ainda bem que você está aqui comigo.
- Fui forçada a vir pra cá.
- Mas se você se comportar posso te deixar fora deste quarto, só não poderá sair de casa. Não quero que você fuja.
Ele me deu um selinho e acariciou meu cabelo enquanto eu tremia.
- Se acalme, querida, eu não irei te machucar se você não exagerar no seu comportamento.
Ele se sentou ao meu lado e me colocou em seu colo, deitando minha cabeça em seu ombro. Eu não podia me mexer pois não sabia o quanto ia aguentar ele me batendo.
Estava morrendo de medo, mas ao mesmo tempo com muita raiva e queria esganá-lo com todas as forças.
- Nós teremos que melhorar esse seu comportamento. – ele disse com uma voz que parecia de um anjo, mas que por baixo escondia todo o mal – Senão teremos muitos problemas e eu não quero te machucar.
- Eu não quero ficar assim. – eu falava morrendo de medo – Por favor... – hesitei no que ia falar.
- Minha querida, não posso deixar você ir embora antes de completar 18 anos.
- Por quê?
- Porque quero me casar com você e depois não vai adiantar você fugir de mim.
Não! Eu não ia permitir que isso acontecesse! Saí do colo dele e fui para a cama com seu canivete.
- Eu jamais irei me casar com você, seu monstro!
Ele chegou perto, mas dessa vez não me mexi porque o medo me paralisou. Ele pegou o canivete de mim e me ameaçou.
- Eu me casarei com você, não importa se você estará viva ou morta. E nunca mais fale comigo assim!
Ele colocou a mão em minha garganta apertando-a. Eu não conseguia respirar.
- Querida, não me importa se você estará morta, eu só quero você.
Ele soltou minha garganta e eu comecei a ficar respirando rapidamente para pegar ar.
- Você precisa aprender a se comportar senão terei que fazer essas coisas com você. Agora, tenho que ir, minha noiva. Volto à noite.
Ele me beijou e se foi. Deitei na cama e me enrosquei no edredom tentando esquecer tudo que estava acontecendo.
BÁRBARA
Que dia perfeito! Felipe tinha me pedido em namoro!
- Vem minha, linda, vamos assistir TV na sala.
- Claro.
Eu e o Felipe descemos para assistir TV quando apareceu na sala.
- Mãe, eu vou sair para pegar um ar e já volto.
- Claro, filha – minha tia respondeu.
Eu, minha tia e Felipe ficamos vendo TV na sala até as 23h.
- ainda não chegou? – perguntei a minha tia.
- Eu vou esperá-la mais um pouco, vá dormir. Amanhã você tem aula.
- Está bem, tia. Quando ela chegar, me avisa, por favor.
- Claro.
Eu e Felipe fomos dormir.
- Boa noite, princesa.
Boa noite, Felipe.
Ele me deu um selinho e fomos dormir.
Acordei de manhã com o choro de minha tia. O que poderia ter acontecido? Por que ela estava chorando tanto?
Fui até seu quarto para saber o que havia ocorrido. Eu realmente não estava entendendo nada!
- Tia? Tudo bem?
- Não, Babi. A ainda não chegou. Alguém a sequestrou.
- Não, tia! Não é possível!
- Eu sei, querida. Estou... Totalmente acabada. Eu preciso da minha filha.
Eu caí no chão e comecei a chorar desesperadamente.
Felipe me abraçou e começou a chorar também.
Não! Aquilo não podia ter acontecido com a minha melhor amiga. Ela era como se fosse a irmã que eu sempre quis ter.
- Babi, eu vou ligar para o e a Gabi, eles precisam saber o que aconteceu com a . – Felipe me disse, tentando recuperar a voz.
Eu conseguia ouvir o choro de Gabi e no andar de baixo. Todos nós estávamos desesperados. Desci as escadas e fui falar com eles.
- Temos que procurá-la. – disse, tentando raciocinar.
- Quem teria feito isso? – eu perguntei junto com Gabi.
- Para mim só tem uma pessoa que poderia fazer isso com ela. O nome é David. – falou asperamente.
- Concordo com você. – eu disse.
- Eu não, ele ligou pedindo para ajudar na busca quando soube o que tinha acontecido. Ele realmente quer ajudar. – Felipe disse.
Fiquei vermelha de raiva.
- Depois de tudo que ele fez, você acha mesmo que isso é verdade?
- Gente, eu também acho que ele não a sequestraria. – Gabi disse.
- Eu não acredito nisso! – disse.
- Gente, cada um tem sua opinião! – Gabi gesticulou.
- Está bem, eu a procuro com Babi. – decidiu.
- Isso, já que nós concordamos. – sorri.
- Boa sorte pra vocês. – Felipe disse.
- Obrigada. Para vocês também.
Estava irritada. Não acreditei que eles achavam que David era inocente.
- Eu não vou para casa depois de tudo isso. Vou ficar na casa da minha tia, . – disse a ele.
- Está bem. Encontre-me na hora da saída, no portão da minha escola. Vamos seguir David.
- OK.
Depois de esperar a aula de David acabar, pegamos um táxi, mas infelizmente ele não foi para casa.
- Que droga! Não conseguimos nenhuma pista aqui. – disse, com raiva.
- Acalme-se. Nós conseguiremos achá-la e mostraremos para todos quem é o culpado. Eles perceberão que deviam ter acreditado em nós. Mostraremos que David nunca irá mudar.
- O que será que ele está fazendo com ela? Será que ela ainda é virgem? Eu amo a . – ele disse seu nome delicadamente – E não queria ter deixado que isso acontecesse. A culpa é totalmente minha. – ele disse tristemente.
- Não é, a culpa é de David. Eu juro que iremos encontrá-la!
Eu não podia permitir que colocasse a culpa nele, afinal, ele não fez nada. Sei que ele queria poder protegê-la em cada parte do dia, mas era quase impossível.
- Vamos voltar para casa e depois continuaremos a procurá-la, está bem? – falei para , tentando deixá-lo mais calmo e tranquilo – Conheço David e tenho certeza de que ele não irá tirar a vida dela. Ele é louco, mas nunca chegaria a este ponto.
Seus olhos se encheram completamente de água.
- E se ele a estiver machucando? Ela deve estar sofrendo demais! Não posso deixar que ele continue! – ele gritou, com a voz cheia de angústia e desespero.
Eu fiquei muito nervosa quando ouvi seu grito, mas tinha de continuar tentando, eu não podia deixá-lo aflito demais, a ponto de fazer loucuras.
- Olha, você está muito tenso e precisa descansar. Depois continuaremos a busca.
- Está bem, mas eu preciso achá-la.
- Voltaremos à noite, está bem?
- Sim.
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David entrou no quarto e chegou perto de mim, vagarosamente, enquanto me olhava.
- Como você está, querida?
- Estou cansada de ficar trancada neste quarto.
- Comportou-se hoje e é assim que tem que continuar.
- Me comportei, mas... – hesitei.
- Mas o quê?
- Nada não.
- Bom, voltando ao assunto... Como você se comportou deixarei que você saia do quarto.
- Sério? – fiquei mais animada por saber que poderia mexer minhas pernas.
- É, mas você terá que voltar para o quarto às 22h exatamente.
Deitei-me na cama e murmurei:
- OK.
Ele começou a mexer em meu cabelo enquanto eu morria de medo que ele fizesse algo a mais.
- Mudarei você de quarto. Este é realmente muito desconfortável.
Ele se levantou.
- Venha, vou te mostrar seu novo quarto.
Saí do quarto, olhando cada pedaço daquele lugar e chegamos ao último quarto à direita. Dentro dele tinha uma TV de LCD enorme com sofás bege e muito confortáveis. Havia um frigobar no canto da direita com um bar pequeno, mas muito lindo. Havia uma porta na parede da esquerda que dava para um banheiro enorme com banheira de hidromassagem. No quarto tinha uma cama enorme de casal... De casal! Ele não queria que eu dormisse sozinha.
- David, eu prefiro o outro quarto. Aqui é muito grande e... Acho que não vou me sentir bem. – eu disse um pouco rápido demais, mas ele compreendeu tudo.
- , vá tomar um banho e depois conversamos. – ele me olhou.
- Está bem. – eu estava tentando evitar uma briga porque sabia que sairia machucada e realmente não queria isso
Fui para o banho, tentando ir bem devagar pois ali era o único lugar onde eu sairia daquele pesadelo. Tentei raciocinar no banho, tentando me lembrar de tudo. Ao mesmo tempo me lembrei de meu momento com na chuva e depois na praia... Comecei a chorar. Eu sentia muita falta de . Eu queria tê-lo novamente. Achei que nunca mais o veria e fiquei mais triste ainda.
Saí do banho depois de uma hora. David estava no sofá olhando para mim e sorrindo. Senti um calafrio enquanto ia para a cama.
- Como foi o banho?
- Bom. – engoli a tristeza que sentia naquele momento.
- Gosta da cama?
- Sim, mas...
- Eu perguntei apenas se gostou da cama. – ele me interrompeu um pouco nervoso.
- Gostei. – disse calmamente.
- Irá dormir hoje nela.
- Mas... – hesitei – Está bem.
- Está com fome? – ele me perguntou meio feliz.
- Sim.
Fomos até a cozinha e eu preparei um lanche bem simples, mas gostoso e me sentei no sofá. Comi tudo muito rápido pois estava com muita fome. David ficou do meu lado o tempo todo.
Eu odiava ficar perto dele desde que terminamos o namoro. Ele começou a colocar a mão em meu rosto, então fui para longe dele colocar meu prato na cozinha. Quando percebi, ele estava me envolvendo com seus braços.
- David, me solta!
Ele não me deu ouvidos.
- David, me larga!
Ele começou a tirar minha blusa.
- Socorro! Por favor, socorro!
Saí correndo, ainda de blusa. Ele me segurou pelos cabelos.
- Quem você acha que é? Você está só comigo. Ninguém irá me impedir de fazer nada.
- ! Cadê você?
Ele ficou mais irritado e rasgou a minha blusa.
Já eram 20h30min, eu precisava voltar a procurar a . Não aguentava mais ficar sem ela. Todos sabiam que minha paixão era super forte e a cada minuto que passava eu ficava mais louco sem ela ao meu lado.
Resolvi voltar a procurá-la. Fui até a casa de Bárbara chamá-la para me ajudar, mas ela não estava. Decidi ir sozinho atrás de .
Minha desconfiança de que ela estaria na casa de David era muito grande e por isso fui até a casa dele. Sabia que se eu entrasse pela porta principal chamaria muita atenção. Entrei, silenciosamente, pelo jardim.
Planejava entrar pela porta dos fundos quando vi um pequeno chalé. Achei que seria melhor dar uma olhada lá, só para conferir.
O chalé era bonito e com um cheiro amadeirado. Cheguei mais perto dele devagar para não fazer barulho. As janelas estavam fechadas e a porta também. Tentei ouvir alguma voz que viesse lá de dentro para me certificar que não estava ali. Foi então que ouvi um ruído vindo lá de dentro:
- , cadê você?
Nessa hora não me contive e arrombei a porta.
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Eu estava com muita dor de cabeça e minha cabeça doía mais com tantas pancadas que eu havia levado.
Ouvi um barulho vindo da porta, baixo demais para David ouvir pois ele estava ocupado demais para prestar atenção. Foi quando eu vi entrando. Deu vontade de gritar, mas ele fez sinal com a boca para que eu ficasse quieta.
Logo depois, ele pulou em cima de David.
- Seu idiota! Acha que tem o direito de mexer com minha namorada?
David derrubou-o.
- Ela é minha namorada, nunca foi sua. Só peguei, por direito, o que me pertence.
David começou bater em até que ele fechou os olhos.
Lágrimas começaram a cair de meus olhos. Eu não podia deixar que morresse por mim. Se alguém teria de morrer aqui, esse alguém era David. Resolvi tomar uma atitude e me joguei em cima dele.
David ficou furioso e me jogou contra a parede. Não resisti e fechei os olhos. Uma escuridão veio em minha mente, deixando-a totalmente vazia.
“Nem sempre a morte é o pior caminho. A morte é mais fácil que a vida.”
Minha cabeça doía demais e eu não conseguia abrir meus olhos. Ouvi duas vozes sussurrando.
- Ela vai acordar?
- Talvez daqui a um tempo. Ela passou por um trauma. Talvez ela deva ficar em repouso por um tempo para não se estressar.
- Como ela está?
- Está bem. Ela perdeu muito sangue com o que aconteceu e teve algumas fraturas, mas já está melhorando. Ela vai sentir dor de cabeça por alguns dias.
Quem estava falando? Era sobre mim? O que teria acontecido?
Resolvi abrir meus olhos. Era mamãe que estava conversando com um médico.
Eu estava dentro de um hospital, em cima de uma maca... Estava cercada de soros e muito dolorida. Quando mamãe me viu de olhos abertos, deu um sorriso e caminhou na minha direção.
- Bom dia, meu docinho. – disse ela docilmente.
- Bom dia, mãe. Onde... – eu não conseguia raciocinar muito bem – Onde está ?
- Foi comer algo. Pedi para ele se alimentar. Ele não quis sair e nem comer nada nesses três dias que você dormiu. Ele falava que a culpa era toda dele e... – ela não conseguiu terminar a frase.
- Três dias dormindo?!
- É, filha, o médico falou que isso é comum, depois do que você passou.
- E onde está David?
- David foi levado para a delegacia e preso por sequestro e por violência sexual de menores. – minha mãe ficou com a voz fria – Eu nunca pensei que David, por mais terrível que fosse, teria coragem de fazer uma coisa dessas com você.
- Tudo bem, mãe, estou bem agora.
- Graças ao .
- Graças ao . – repeti.
- Ele te ama muito filha. Dê muito valor a ele.
- Eu dou.
- Tenho certeza.
Chegaram afobados Gabriele, Bárbara e Felipe. Ganhei um abraço em grupo.
- , desculpa por não te salvar e nem acreditar que o culpado disso tudo fosse o David. – disse Felipe.
- Peço o mesmo, querida. – falou Gabi.
- Não liguem para isso. Estou bem agora.
- Sentimos sua falta, lindona! – Bárbara falou animada por eu estar ali.
- Eu também!
Ganhei um abraço coletivo novamente até que entrou outra pessoa.
- Amor, você acordou! Desculpe-me, eu devia ter te protegido dele! Eu devia ter chegado o mais rápido possível lá! Eu devia...
Fiz um esforço e o interrompi com um beijo.
- Não se culpe tanto. Se não fosse por você, eu ainda estaria dentro daquele chalé.
- Amor, senti sua falta.
- Também senti a sua.
Foi único aquele momento. Nunca mais esqueceria. Estava aliviada por David ter sido preso e estava ainda mais feliz de poder estar com para o resto da minha vida e nunca mais desgrudá-lo de mim, pois eu o amava mais que tudo e que todos.
Ele selou nossos lábios com um beijo ardente, mostrando-me que a partir daquele dia ele seria só meu.
“As mais lindas palavras de amor,
são ditas no silêncio de um olhar.”
(Leonardo Da Vinci)