Before He Cheats
Escrita por: Daniella (danie)


A pouca iluminação que adentrava a imensa janela daquela casa, não incomodava nem um pouco aquela garota deitada no sofá. Dormia como pedra. O aparelho telefônico começou a tocar insistentemente; isso sim a incomodava. Mexeu-se uma, duas, três vezes. Na quarta, o telefone ainda tocava, e, ainda sob o efeito do sono, ela xingou qualquer palavrão, mandando o dono da ligação pro inferno. Cansada de ouvir aquele mesmo toque, ela pôs o travesseiro, que antes estava sob a cabeça, sobre o rosto. Mesmo que estivesse sufocando-a, ela havia gostado da idéia. O telefone não parava de tocar e ela deu um grunhido alto, ouvindo sua própria voz ecoar pela sala, abafada pelo travesseiro:
"No momento eu não posso atender porque estou ocupada. Ou então, eu não quero mesmo falar com você. Deixe seu recado após o barulhinho irritante, que quando eu quiser, ou quando eu puder, eu retornarei sua ligação."
- ? - aquela voz grossa ecoou do outro lado da linha, fazendo-a bufar contra o travesseiro. - Sei que está aí, por favor, atende essa bosta! - apesar do tom de voz alto, havia preocupação na mesma. Mas isso não fez com que a garota levantasse. - Tudo bem, se não quiser atender, não atende. - rendeu-se, arrancando um sorriso da garota. - Mas a campainha você não poder deixar de atender, porque... - e a ligação caiu. Ou então o tempo estimado pela secretária eletrônica havia esgotado.
sorriu triunfante por poder voltar a dormir, e tirou o travesseiro da cara, colocando-o novamente no seu lugar habitual e deitando-se de lado, as mãos entre a cabeça e o travesseiro. Aconchegou-se no sofá e procurou o sono de volta. Mas nem chegou a dormir, já que a campainha começara a tocar. Insistentemente.
Ela virou-se com a barriga pro alto, e, de olhos fechados, puxou os cabelos com força.
- Mas que inferno! - gritou alto o suficiente pra que, talvez, a pessoa do lado de fora parasse de tocar a campainha repetidas vezes, como estava fazendo num curto espaço de tempo.
Cansada de ouvir aquele mesmo sino ecoar, ela levantou-se, e mesmo sem calçar os chinelos ou arrumar os cabelos, ela foi em direção a porta, abrindo-a com sua pior cara de sono misturada com pouca vontade de falar, e rolou os olhos ao vir . Este, nem a olhou, foi entrando em casa ignorando o olhar reprovador que a amiga lançava-lhe.
- Abusad... - ia dizendo, o observando sentar-se enquanto fechava a porta.
- Não fecha, a está vindo. - disse sentando no sofá, e passou a fitar o chão com curiosidade, com a mão no queixo e o pé direito batendo no chão insistentemente. fez sua típica expressão confusa e debochada ao mesmo tempo, voltando seu olhar pra porta, vendo se aproximar apressadamente e desajeitadamente sobre os saltos finos que usava.
- Oi, amiga. - disse à rapidamente e ofegante, dando um beijo na bochecha da garota que não desfazia sua expressão. ignorou este fato, e, também sem olhar nos olhos da amiga, foi em direção ao sofá onde ainda estava naquela mesma posição, naquela mesma preocupação.
entortou os lábios em tédio e fechou a porta com uma força desnecessária, indo em direção ao casal e cruzando os braços a medida que se aproximava. Nenhum dos dois a encaravam, tinha a mão no joelho quieto do namorado, enquanto o olhar vagava por qualquer lugar da sala que não fosse o olhar curioso da amiga.
- Então, - começou, levando seu olhar ao relógio pequeno na estante da TV. Voltou seu olhar ao dois, mesmo sem ser correspondida - o que faz o casal mais fofo da Inglaterra vir até minha casa, às nove e trinta e dois da noite? Nove e trinta e três. - terminou com o mesmo tom irônico que havia começado. Nenhum dos dois respondeu.
parou de embalançar a perna e levou sua mão até um papel branco sobra a mesinha de centro que não havia notado ali, pegando-o, e abriu.
Ignorando completamente o amigo, ela voltou a falar:
- Dá pra me responder? - aumentou o tom de voz, fazendo com que ficasse mais nervosa e desviasse o olhar para a janela, enquanto o namorado desta passava os olhos pelo papel após ter desdobrado-o.
- Onde... o está? - decidiu falar, já que viu que a amiga ficaria mais impaciente e não tomava uma atitude.
- Deve estar comendo minha irmã lá em cima. - deu de ombros falando com desdém, soltando uma risada sarcástica em seguida. O casal se entreolhou, e perdia a risada aos poucos, apertando mais os braços cruzados. - Estou brincando. - disse, suspirando sem paciência. - O que está havendo? - estava louca de sono, e quanto o antes dissessem, mais rápido ela voltaria a dormir. Ambos continuaram em silêncio. - Querem falar com o , é isso? - não esperou reação dos amigos, continuou: - Eu vou chamá-lo e já volto. - e deu as costas, descruzando os braços, e indo com pressa as escadas, rebolando os quadris mais acentuadamente do que o normal.
- , espera. - ouviu antes mesmo de chegar às escadas, parando onde estava. Virou vagarosamente, receando o tom firme que e usaram ao dizer juntos.
Aproximou dos dois que ainda estavam sentados no sofá e voltou a cruzar os braços, analisando a expressão dos dois sem discrição alguma.
- Tem certeza de que ele está em casa? - rolou os olhos com a pergunta chula de .
- Ele disse que ficaria lá em cima, no escritório, fazendo alguns trabalhos e... - calou-se ao vir a mão de vir em direção ao seu rosto, segurando dentre os dedos o papel que há pouco estava sobre a mesa de centro.
Engoliu a seco, levando seu olhar a , que desviou o olhar novamente, e pegou o papel da mão de . Mas somente o olhar deste lhe passou confiança suficiente pra ler.

"Amor, fui dar uma volta com .
Você estava dormindo tão tranquilamente, que decidi não acordá-la.
Não sei que horas eu volto, não precisa me esperar. Beijos, amo você."


Deu de ombros, ela já leu tantas vezes bilhetes iguais aquele, que já achava normal.
- E? - subiu seu olhar vagarosamente pelo papel, até encontrar os olhos do amigo novamente.
- está aqui. E ele? - ele disse simplesmente, engolindo a seco e olhando-a com receio.
Estava com tanto sono, que, ao menos, tinha prestado atenção na parte em que ele cita que está com . Voltou seu olhar novamente ao papel, lendo o bilhete novamente e voltou a encarar .
- Onde ele está? - quis saber com indiferença, amassando o pequeno papel e jogando-o sobre a mesa de centro.
- Bom, - começou, levantando-se e sentindo as mãos quentes da namorada tocar seus dedos e apertando-os - estávamos naquele mesmo pub de sempre, e... - desviou o olhar para estante - ele estava lá. Mas não comigo. - mordeu o lábio levemente, sem notar que dava pequenos passos para trás. E ela se virou, indo até o segundo andar com certa pressa.

Cansado de acalmar e sua vontade de subir pra ver o que a garota fazia, ele ouviu passos nas escadas de madeira.
- , onde você vai? - levantou-se rapidamente, seguindo a amiga com o olhar que saia sem ao menos olhá-los.
- Não amola. - respondeu, batendo a porta atrás de si e apertando mais o casaco contra o corpo.
Caminhou com pressa – porém com charme, perna atrás de perna - em direção a sua BMW preta; apenas a cor era diferente do carro do namorado. Destravou o alarme do carro e entrou sorrindo abertamente, jogando o celular no banco do carona. Ignorando as frases que e gritavam na porta de sua própria casa, ela arrancou com o carro.
Dirigia numa velocidade alta, batucando os dedos no volante do carro e pensando em absolutamente nada. Até que seu celular começou a tocar no banco ao lado. Ela bufou e olhou o aparelho rapidamente, vendo que era .
Cinco minutos haviam se passado e She Loves Me Not de Papa Roach ainda tocava como toque pessoal, ele insistia naquela ligação, mesmo sabendo que ela não atenderia. Adora aquela música, mas aquela insistência estava irritando a garota, fazendo com que ela levasse o dedo até o painel e abrir a janela pelo botão automático. Quando o vento forte já adentrava o carro completamente, ela pegou o celular com uma mão e o arremessou pra fora do carro com a outra, fechando a janela em seguida e colocando qualquer coisa pra tocar.
Chegou próxima ao pub e, num beco ao lado do lugar, ela avistou aquele carro que ela conhecia perfeitamente. Sorriu maliciosa e estacionou ao próximo carro, que estava quase dentro do tal beco. Desligou seu carro e desceu, apertando o botão do alarme, mesmo com o olhar preso no carro do namorado. Fitou aquela BWM cinza clara por alguns segundos com as mãos na cintura, e seus olhos brilhavam de forma maligna e infantil ao mesmo tempo, ao vir um pedaço de ferro perto da lixeira, um pouco adentro do beco. Nunca teve tanta certeza do que faria.

Caminhou em direção aos seguranças do local e sorriu sarcástica pra um deles, rodando as chaves na ponta dos dedos e adentrando o lugar com seu inseparável charme, levando olhares tarados sobre si.
As luzes coloridas rodavam e piscavam dentro daquele lugar quente, a música tocava alta, ensurdecendo a garota e deixando-a levemente tonta. Mas isso não a fez parar de rodar as chaves nos dedos e deixar de procurar o namorado. Aproximou-se de uma mesa próxima ao bar, e jogou as chaves sobre ela, arrastando a cadeira sem delicadeza alguma e sentando-se sem a mesma delicadeza. Esquecendo das regras de etiqueta, colocou os cotovelos sobre a mesa de madeira e esticou o dedo, sorrindo pra um garçom que estava atrás do balcão com as mãos no bolso do avental preto. Este sorriu, indo em direção a garota em seguida. À medida que ele se aproximava, ela notava nas feições do cara. Sorriso bonito, dentes perfeitamente brancos e retos, rosto quadrado, cabelos levemente arrepiados.
- Sim? - inclinou-se um pouco sobre ela, tirando do bolso do avental um bloquinho e uma caneta.
- Qualquer bebida, por favor. - abriu um sorriso, pouco, mas malicioso.
- Como quiser. - este sorriu da mesma forma, olhando a garota dos pés a cabeça e deu-lhe as costas.
Olhou novamente em volta como quem não quer nada a procura do dono dos cabelos e a cada segundo sua busca era dificultada, já que as pessoas iam chegando gradativamente por conta do horário. Atenta as pessoas, ela não notou que o garçom havia voltado e este precisou pigarrear falsamente pra chamar-lhe atenção.
Voltou a fitar o par de olhos azuis e levou seu olhar vagarosamente ao copo sobre a bandeja, abrindo um sorriso e pegando o copo de Sex On The Beach a sua frente.
- Caprichou na escolha. - disse, entornando o líquido sem ao menos respirar, encarando o cara alargar o sorriso que já tinha no rosto.
- Sempre. - piscou, dando as costas a ela e caminhando com charme desnecessário ao balcão.
- Otário. - riu fraco, após beber todo o líquido do copo.
Tirou qualquer nota do sutiã e jogou-a sobre a mesa, mesmo sem saber o valor da tal bebida. Levantou-se e pegou as chaves, colocando as mãos na cintura, a procura do cara. Mas procurar parada, era impossível.
Caminhou em direção ao corredor dos banheiros, lugar onde ela não havia procurado ainda. E soltou uma risada baixa e irônica ao avistar seu namorado. Mas encostado na parede próximo ao banheiro feminino, com as mãos na bunda de uma loira, beijando-a com muita, muita intensidade. Passou as mãos pelos cabelos e o que ela desconfiava, ela estava vendo agora com seus próprios olhos.
Deu um passo a frente, tentando não fazer barulho, já que a única coisa que se ouvia ali eram os beijos dos dois a frente e da música do pub ao longe, parecia um zumbido.
Decidiu caminhar ao se certificar de que seu salto não faria tanto barulho naquele piso azulejado, e apressou seus passos a medida que se aproximava. Quando podia sentir o cheiro do cara, ela o cutucou pelo ombro, cortando o beijo dos dois.
Abriu um sorriso, o mais canalha que conseguiu, e ele soltou a loira rapidamente. Sua expressão demonstrava incredulabilidade e susto, os olhos brilhavam.
Já ela, mantinha aquele sorriso e logo pôs uma das mãos no bolso do casaco, tirando uma chave e tacando-a no peitoral do cara.
- Acabou. - sussurrou, sem se importar se ele a escutaria ou não, dando-lhe as costas em seguida.
- ! - ele empurrou a loira pra longe, indo em direção a garota que decidiu apressar seus passos. - Espera, por favor, espera! - e ele a seguia, ouvindo as batidas eletrônicas do som alto se aproximar a cada passo.
Ele andou mais rápido e a segurou pelo punho, a fazendo parar.
- Me es... - não chegou a terminar a frase, já que recebeu um tapa na cara que o fez soltá-la. - Cretina. - sussurrou sem se importar, com a mão onde ela havia acertado. A outra estava fechada em punho ao lado do corpo.
- Nossa, que ofensa! - disse irônica, colocando a mão no peito e transformando sua expressão com completa cina.
Ele não disse nada, apenas ficou mais vermelho do que já estava, sentindo suas próprias unhas arranhar cada vez mais a palma da mão.
- Você, realmente, é um cara detestável. - ela disse simplesmente, dando as costas a ele.
- E você é uma otária chifruda. - ouviu, mas não se importou. Soltou um muxoxo.
- Cala a boca. - disse despreocupada, andando mais rápido em direção a saída do pub com um sorriso triunfante.
Ela saiu do pub, esbarrando com e .
- , enfim, te achamos! - ele disse, abrindo os braços para a garota que o ignorou completamente, colocando as mãos no bolso do casaco.
- Onde você vai? - perguntou, seguindo a amiga com o olhar que caminhava pra um lugar qualquer.
- Cadê ele? - perguntou, mas também foi ignorado por ela que deu de ombros.

- Essa garota tem titica na cabeça?! - grunhiu, socando o ar com força ao vir o estado de seu carro no beco próximo ao pub.
Os pneus estavam furados, os quatro. Os vidros completamente quebrados. O capô, o topo do carro e a mala, amassados. A lateral também estava amassada, e ainda tinha arranhões indecifráveis. Os faróis já não existiam mais. No banco de couro preto, estava escrita de todas as formas "".
abafou uma risada, sabia que a amiga aprontaria alguma coisa e dessa vez ela se superou. Já , estava pasma diante do carro do ex-namorado da amiga, sem reação.
deu as costas, tacando as chaves do carro sobre o mesmo. E o alarme disparou.

Chegou em casa completamente exausto, o pub ficava longe e ele ainda corria e ignorava os amigos que vinham atrás dele, receando o que ele fosse fazer quando chegasse em casa.
Abriu a porta com força, fechando-a na cara dos amigos e subiu as escadas com cautela, já que a casa estava escura, mas com pressa. Sem se importar, ele chutou a porta do próprio quarto que dividia com a namorada. Não havia ninguém, só sua parte do armário aberta, as roupas faziam um caminho descoordenado até a janela, onde ele foi com pressa.
Grunhiu alto ao vir suas roupas jogadas lá embaixo, tinha roupa até sobre o telhado do vizinho e então se assustou quando a luz se acendeu. Virou-se rapidamente, avistando na porta do quarto com um sorriso enigmático e um sanduíche na mão.
- Veio buscar suas coisas, ? - usou seu melhor tom debochado, sorrindo da mesma forma, mesmo colocando o sanduíche na boca.
- Você é ridícula, garota! - gritou a ela, fechando suas mãos em punho e controlando sua vontade de voar no pescoço da garota.
- Parece até que me importo com suas palavras. Ou com seus atos. Eu não me importo com você, . - sorriu. - Mas bem que você mereceu. Gostou do presentinho?
Ele suspirou fundo, fechando os olhos e os abriu rapidamente, temendo o que ela faria. Mas ela estava imóvel, mastigando seu sanduíche tranquilamente.
Começou a catar suas coisas pelo chão, ignorando a presença da garota que se sentou na cama, rindo baixo por ver o cara arrastar-se ao chão para apanhar suas peças de roupas.
- Seja rápido, . Eu quero dormir. - disse simplesmente, colocando mais um pedaço de sanduíche na boca.
Ele respirou fundo novamente, enquanto ela deitava despreocupada na cama, de sapato e tudo.
- Você sabia que eu te amava? – questionou-a de pé, após recolher tudo e estar com todas as roupas amontoadas em seu colo.
- Me poupe, . - disse rolando os olhos, mastigando calmamente com o olhar fixo na porta.
- Mas você sempre foi fria, você sempre foi assim. Sinceramente, foi bom ter terminado. - sua voz falhava em algumas vogais. Abaixou seus olhos, tentando lembrar onde havia uma mala.
- E eu te amava. Mas comecei a ser fria depois de suspeitar que eu tivesse belos chifres na testa. - ela mantinha a calma, ele a olhou.
- Desde quando?
- Não vem ao caso.
- Desde quanto? - repetiu.
- Desde do início, . Me arrisquei por você, eu sabia que eu iria ser traída alguma hora, eu sempre soube do canalha que você é, e ainda tive a burrice idéia de tentar mudar você. – disse com a voz trêmula. – Há, mil vez idiota! Uma vez canalha, sempre canalha e olha, eu não sabia que eu desistiria tão cedo.
- E porque não me contou? - ele começava a gaguejar, enquanto ela não tirava os olhos da porta.
- Ah! Boa idéia, uh? – olhou pra ele rapidamente, um meio sorriso irônico no canto do lábio. - Aí você tomaria mais cuidado quando me trair, não é? - pra ela era fácil colocar todo o deboche na voz. - Não seja ridículo, ! - disse com desprezo, o tom de voz mais alto do que o necessário.
- Não estou sendo ridículo, não foi isso que eu quis dizer! - aumentou o tom de voz também, jogando todas as roupas no chão ao fazer um gesto exagerado. - Podíamos, sei lá, ter conversado!
- Ou brigado. Ou terminado antes, né? Eu já te aturei bastante, . - e pela primeira vez, a voz dela falhou. - Agora, sai da minha frente o quanto antes.
Se sentiu um lixo; um cara, realmente, detestável. Não sabia o que dizer, estava começando a sentir arrependimento. "Te aturei bastante"? É mesmo humilhante.
Tudo o que fez foi baixar novamente os olhos e pegar a trouxa de roupa em seus pés, dando as costas e indo ao quarto de hospedes em seguida, onde lembrou que tinha malas por lá.
Enfiou tudo de qualquer maneira dentro da grande mala vermelha, sentindo a culpa invadir o próprio corpo. Voltou ao quarto dela, prestes a pegar suas coisas. Mas engoliu a seco quando deu um esbarrão na garota que parecia sair do quarto. Seus rostos estavam próximos, tão próximos que ela podia sentir a respiração do cara tocar seu nariz, a deixando levemente tonta. Já ele, tinha desejo em beijá-la, mas, ao mesmo tempo, tinha vontade de socá-la. A respiração dela, que começava a ficar ofegante, tocando seu queixo era bem convidativo a ele. Assim como as mãos que ele levou a cintura dela eram bem convidativas para a garota.
Ela estava frágil, ele conhecia bem o ponto fraco da ex-namorada e a chantageava, passando o polegar levemente onde tinha os dedos. Largou a mala no chão e puxou com certa violência a garota para um beijo. Esta não recusou, estava assustada, apenas abriu a boca e deu passagem à língua do rapaz. As línguas dos dois brigavam sem ritmo, sem emoção. Ela não tinha consciência do que estava fazendo, ele só queria aquilo mais que tudo. Talvez, ele levasse isso como uma despedida.
Voltando em si, ela começou a dar tapinhas no ombro do rapaz, detestando a ideia de estar beijando-o, e logo esses tapas transformaram-se em tapões, fazendo o garoto gemer entre o beijo e soltá-la quando ela deu um tapa mais forte.
- Você é mesmo um idiota, . - disse com o ódio transparecendo na voz.
- E você não resiste à mim. - tentou seu melhor sorriso, abaixando-se de lado para pegar a mala caída. E, ao levantar, recebeu outra tapa bem dado na cara, o deixando furioso.
Ele grunhiu alto, soltando a mala novamente e levando uma das mãos ao rosto, respirando pesadamente. Só não sabia se era pelo beijo ou se era pela raiva que sentia naquele momento.
- Estou farto de você. - sussurrou.
- Foda-se. Agora sai da minha casa, . - disse-lhe, passando por ele e descendo as escadas com pressa.

Estava jogada no sofá e passava as mãos pelos cabelos cruelmente, dando grunhidos altos o suficiente pro cara que estava no segundo andar ouvir. Este, quando terminou de arrumar suas coisas de qualquer maneira, desceu as escadas rapidamente, parando no primeiro degrau ao vir no sofá, a cabeça inclinada para trás, os olhos fechados e as mãos na testa.
- Então é isso? - perguntou mesmo sabendo a resposta, e mordeu o lábio levemente.
Ela sentiu um arrepiou ao ouvir a voz do cara, mas não deu importância à isso. Apenas assentiu, o fazendo andar até a saída com um suspiro derrotado. Deu mais uma olhada na garota: estava na mesma posição.
Embalançou a cabeça negativamente com a mão na maçaneta e abriu a porta, vendo um e uma sentados na porta da casa. Ignorou-os e passou por eles arrastando a mala.
Os amigos da garota entraram rapidamente na casa, já que deixou a porta aberta, e foram rapidamente em direção a uma sentada no sofá.
- Você está bem? – quis saber com a voz trêmula, sentando no lado da amiga enquanto se ajeitava no outro lado do sofá. Ela apenas assentiu.
- Parece que ele está arrependido. – soltou, levando um olhar reprovador da namorada. Levantou os ombros, abrindo os lábios e formando um ‘o que foi?’ mudo, enquanto suspirava alto.
- Arrependido? – ela ainda tinha os olhos fechados. – , ele nunca vai mudar. – suspirou novamente, enfim, abrindo os olhos para encarar os amigos.
- Mas você precisava ver a cara dele quando ele saiu daqui. Estava com uma cara de bunda... – soltou, novamente, sem se importar. A namorada o fuzilou novamente com o olhar, enquanto não pareceu se importar, já que mantinha os olhos fixos na estante da sala, jogada de qualquer maneira no sofá.
- Está com cara de bunda por dois motivos. Motivo um: eu acabei com o carrinho lindo dele. Motivo dois: ele não vai ter mais tudo o que ele tinha. Eu dava o meu melhor pra ele, . Mas ele é tão imbecil, que conseguiu acabar com a própria mordomia. – disse com pequenos gestos, enquanto a olhava com compreensão e mordia o lábio levemente.
- Tudo bem, você está certa. – rendeu-se, levando a mão até os cabelos da amiga e fazendo um breve cafuné, enquanto apertava fortemente os dedos das mãos da amiga. – Agora você precisa descansar. – tentou um sorriso.
Ela assentiu, fechando os olhos e sentindo os dedos da soltar os seus. Em seguida, sentiu dois lábios tocar sua testa ao mesmo tempo, fazendo-a rir baixo e sem humor.
- Obrigada, por tudo. – disse ainda de olhos fechados.
- Não quero que pense que foi por querer. – ouviu a voz de , a preocupação evidente.
- Não, claro não! – ela abriu os olhos rapidamente, encarando com reprovação.
- Então tudo bem. – ele sorriu um pouco mais abertamente, se levantando e fazendo a namorada levantar-se também.
- Fica bem, amiga. – disse, inclinando-se pra dar um beijo novamente na testa de , fazendo esta fechar os olhos e dar um sorriso verdadeiro por saber que tinha amigos. fez o mesmo, e logo o casal se afastava, a deixando ali, sozinha.
Suspirou pesadamente ao ouvir o barulho da porta, e enfim, ela deixou que algumas, mas poucas lágrimas escorressem. Ela já não sentia falta do /namorado. Este, ela já tinha perdido todas as esperanças que um dia mudasse, que fosse menos grosso e insuportável às vezes. Que depois, sempre falava com ela normalmente como nada tivesse acontecido, ou como se grosseria fosse extremamente normal.
Ela sentia falta de como companheiro. Do que sempre estava com ela, aquele que ela podia chamar de amigo e a fazia companhia nas noites que a ventania e os trovões a assombravam. Ela sentiria falta daquele que sempre a ajudaria quando ela precisava.
Mas, talvez fosse melhor assim. Apesar de demonstrar frieza, ela ainda mantinha um sentimento caloroso dentro de si, mas este estava lá no fundo, bem escondido dentre todos os sentimos. O sentimento que ela nunca achou tão viável demonstrar a ele, já que sabia perfeitamente quais seriam as definições que ele usaria em relação a ela: ingênua que não percebia que o namorado a trai constantemente.
Talvez, não demonstrando o amor que ela sentia, ele andasse na linha. Mas veja, não adiantou muita coisa e esse amor foi se desgastando com o passar do tempo, restando apenas a cumplicidade como moradores da mesma casa.
E, talvez, ele pensasse muito bem antes de trair, ou então, ela ajudaria a próxima namorada do ex-namorado a descobrir o quão canalha era.
Ela não sabia, mas, ao lado de fora havia um cara completamente arrasado, fitando aquela janela na esperança de vê-la, pelos menos pela última vez.

"Poupei um probleminha para a próxima garota.
Porque da próxima que ele trair, pode ter certeza que não será à mim.
Não, não à mim."



FIM
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» Nota da Autora: Outch! Mais uma fic, que linds -n
Tudo bem, eu sei que você é uma pessoa fria nessa fic, mas não se sinta culpada por deixar um homem como ir embora U_U
ELE TE TRAIU, *estala os dedos feito paty de colégio inglês*
Bom, espero que tenham gostado, mesmo!
E essa fic foi uma superação, porque escrevi em cinco dias D:
Nunca escrevi fics em cinco dias, mas enfim. Espero que, realmente, tenham gostado *-*
Erro de script ou português? E-mail diretamente à mim, dizendo o capítulo do erro. (beta2.daniee@gmail.com). Obrigada :D

» Outras fics:

Always Better Late Than Never [McFLY // Andamento]
Emo Girl [McFLY // Andamento]
Salvation Your Soul [Restritas // Andamento]
Conto de Farsas [Restritas // Finalizadas]
Conto de Farsas 2 [Restritas // Finalizadas]
Desire [Restritas // Finalizadas]
Desire 2 [Restritas // Andamento]
Office Hours [Restritas // Finalizadas]

» MSN: daniee__@hotmail.com



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