Break Your Little Heart
Prólogo

- Er, Tom, não é nada disso que você tá pensando. - Ela dizia. Uma frase um pouco clichê e inútil depois do que tinha visto.
- Eu não estou pensando em nada. É como dizem, uma imagem vale mais que mil palavras ou pensamentos. - Disse sarcástico. Não podia acreditar nisso, não depois de tudo. Eu só precisava sair dali antes que fizesse alguma besteira. E foi o que eu fiz. Mas isso não ia ficar assim, não mesmo.

Capítulo 01 - The Advice

- Bom dia, senhor Fletcher. - disse sorrindo, logo depois de sentar na cadeira à frente da minha.
- Bom dia, senhorita . - Eu retribuí o sorriso.
era minha melhor amiga desde... Bem, desde sempre. Nós sempre fazíamos tudo juntos. Sempre estudamos juntos, brincamos juntos, implicamos com os outros juntos, bebíamos escondido juntos, nos ferrávamos por fazer besteira na escola juntos. Sempre nós dois. E depois de 17 anos, nada havia mudado. Quer dizer, quase nada.
- Finalmente, um momento sem a sua dona. - Ela disse irônica.
A questão é que agora eu tinha uma namorada. Alicia Cooper era a garota mais bonita e legal daquele colégio. Legal até demais, ninguém acreditou quando souberam que estávamos juntos. Na verdade, nem eu acreditava muito, até hoje. A dizia que não entendia o porquê de eu gostar dela. Eu não entendia o porquê de alguém não gostar. Era impossível. Mas não concordava comigo. Elas não se davam bem, nem quando eu pedi pra fazerem isso por mim. Com isso, acabava deixando de fazer algumas coisas com uma das duas. Era difícil conciliar, mas estava lidando tão bem quanto o possível pra não ter que deixar nenhuma das duas.
- Começamos cedo hoje? Você sabe que não é assim e... - Tentei explicar. Mas, como sempre, ela apenas revirou os olhos e me interrompeu.
- Tá, tá, ela não é sua dona. Só controla todos os seus movimentos. - E então foi a minha vez de revirar os olhos. Não adiantava discutir com ela, era melhor deixar pra lá.
- Vamos fazer alguma coisa hoje? - Eu disse, tentando melhorar o clima.
- Ah, é minha vez hoje? Que lindo. - Irônica, como sempre.
- Ah, vai, para com isso! Vamos, hoje é a nossa sexta. A gente não faz isso faz um tempo, eu sinto falta. - Disse, fazendo cara de cachorrinho abandonado. Ela ergueu uma sobrancelha. - Ah, vai. Vai ser legal. Ghostbusters, videogame, pipoca, chocolate, tudo para uma noite nerd. - Ela sorriu. Isso nunca falha.
- Sabe que Ghostbusters com pipoca e chocolate é meu ponto fraco. - Ela disse, dando-me um soquinho de leve no braço, e eu ri. - Tudo bem, eu vou. Não por você, mas em respeito ao chocolate e aos fantasmas aspirados.

- Vamos, vamos! - gritava e buzinava enquanto eu me despedia de Alicia. Fiz sinal pra que ela esperasse um pouco. Ela bufou e colocou os pés em cima do porta-luvas, recostando no banco do carona. Colocou os óculos de sol. Alicia revirava os olhos e eu tentei não rir da cena. Não gostava de ver minha melhor amiga e minha namorada brigando, mas era engraçado o ciúme das duas.
- Mas eu fico com você quase todos os dias, amor. Ela é minha melhor amiga, a gente já conversou sobre isso. - Eu dizia, abraçado com Alicia. Era a cena normal de quando, raramente, eu decidia fazer alguma coisa com a .
- Poxa, mas hoje eu pensei em uma coisa tão legal pra gente. - Ela disse, fazendo uma voz sexy, no meu ouvido. Eu arrepiei, ela sabia como me provocar. Mas eu tinha prometido à . Precisava me controlar.
- Ah, é, mas... Guarda pra outro dia, pode ser? Amanhã, eu juro que sou todinho seu. - Eu disse, fazendo o mesmo que ela. Ela me encarou por um tempo, fez um biquinho e me soltou.
- Tudo bem, então. Mas amanhã, nada de . - Essa briguinha das duas não me ajudava em nada mesmo. Seria tão mais fácil se elas simplesmente fossem amigas. Eu a abracei de novo.
- Tudo bem, só pra você! - Dei um beijo de leve nela e sorri. - Tchau, linda. - E fui pro carro.
Pulei no banco do motorista, já que a capota do carro estava levantada. Encontrei uma batucando na porta, distraída com uma música que tocava bem alto nos fones de ouvido. Tanto que reconheci ser Taste of Ink, do The Used, a favorita dela.
- As long as you’re alive and care I promise I will take you there! - Gritei junto com a música, desafinando de propósito, ao mesmo tempo em que tirava um dos fones dela. E foi quando ela notou minha presença ali e me encarou, abaixando os óculos.
- Hm, conseguiu permissão? - Ela disse e virou, encarando o para-brisa e recolocando os óculos.
- Para com isso, por favor! - Eu disse, desanimado. Se tinha uma coisa que acabava comigo era ela ficar assim, ignorando-me, com raiva de mim.
- Parar com o quê? - Ela disse, ainda sem me olhar.
- Não faz assim. Não fica com raiva de mim, poxa. Eu estou fazendo o meu melhor. Eu não gosto quando você fica assim comigo. - Ela me olhou, tirou os óculos, me encarou por um tempo. Respirou fundo e sua expressão se suavizou um pouco.
- Olha, eu entendo, tudo bem? Eu sei que você tá tentando, mas... Nem é bem por você não ter mais tanto tempo pra mim. Tudo bem, eu tenho ciúmes mesmo, mas... Não é só isso. - Ela disse e eu a encarei confuso. - Você sabe o que eu penso dela, eu... Não sinto uma coisa legal sobre ela. - Ela mordia de leve o lábio inferior, como sempre fazia quando pensava no que dizer. - Eu acho que ela ainda vai te magoar.
- A gente já conversou sobre isso. Você mesma já disse que qualquer menina que eu namorasse você não gostaria e...
- Eu disse mesmo. E eu acho que é verdade, teria ciúmes de qualquer uma. Mas ela... Eu não sei, eu só... É diferente, ok? Só... Tenha cuidado. - Ela disse séria e recolocou os óculos e os fones, voltando a olhar pra frente. - Mas vamos logo, que ainda precisamos ir comprar o nosso sustento da noite nerd.
Eu concordei e saí com o carro. Fomos em silêncio o caminho todo até o mercado. Estava distraído pensando no que ela disse. Será que ela estava certa? Preferia acreditar que não.

Capítulo 02 - Funny Night, Tedious Day

- Who you gonna call? GHOSTBUSTERS! - Cantávamos junto com a música do filme e ríamos. Duas embalagens vazias de chocolate, algumas latinhas de Coca e um monte de pipoca estavam jogados pelo chão e sofá onde estávamos.
Ghostbusters era um dos clássicos, assistíamos desde pequenos. Já deviam ser mais de 23h e nós tínhamos passado a tarde jogando videogame, no qual ela me ganhava na maioria das vezes, mas isso não vem ao caso. Não falamos mais sobre a conversa no carro. Assim que chegamos ao mercado, ela se distraiu com o tanto de doces que tinha pra escolher e eu aproveitei. Não queria passar a tarde naquele clima chato.
Quando o filme terminou, estávamos os dois deitados cada um pra um lado do sofá. Isso é: o pé dela estava bem perto do meu rosto e vice-versa. A preguiça reinava ali, mesmo depois daquele monte de chocolate e Coca-Cola. Essa história de que isso ajuda a ficar acordado é uma mentira e das grandes. Depois de um tempo em uma disputa mental sobre quem ia tirar o DVD ou desligar a TV. É, mental, porque até pra falar rolava preguiça. Ouvi uma respiração mais profunda vinda do outro lado, ela dormiu. Não podia perder a oportunidade.
- Ai, paaaaara, ai, ai, seu idiooooota. - Ela dizia em meio ao riso e se contorcendo enquanto eu fazia cosquinhas no pé dela e ria. - Eu vou morreeeeeeer! - Em uma tentativa de me fazer soltar o pé dela, acabou acertando a minha testa com o outro.
- Aaai, não precisava me agredir também. - Reclamei com a mão no lugar atingido e fazendo bico.
- Não foi minha intenção. - Ela disse, parecendo preocupada. - Machucou? - E chegou perto pra olhar.
- Um monte. - continuei de bico.
- Ah, me deixa ver. - E tirou minha mão. - Ah, nem machucou, mas vou dar um beijinho pra sarar. - E deu um beijo no lugar onde minha mão estava antes. - Melhorou? - Ela disse sorrindo.
- Hm, um pouco. - Sorri também. - Ai, você é bipolar, garota. Não cansa de me agredir, não? - Eu disse um pouco alto demais, passando a mão no meu braço, onde tinha acabado de receber um soco, e foi dos fortes.
- Isso é pra deixar de ser idiota. Fazer cosquinha e ainda enquanto eu estava quase dormindo? - Ela disse e me bateu de novo. Mais leve agora. Ela com raivinha era fofa. - Sabia que você fica fofa assim, com raivinha? - E eu dizer isso a deixava com mais raiva. Ela começou a me bater de novo e eu ri. Segurei os braços dela e depois a abracei. Ela parou de tentar me agredir fisicamente.
- Você é um idiota, sabia? - Ela disse, ainda me abraçando.
- E você é linda! - Eu disse e sabia que ela ia ficar sem graça. Ela me soltou e levantou.
- Hm, eu vou dormir onde você não possa alcançar meus pés, seu fazedor de cosquinhas compulsivo. - Virou a cara e subiu batendo os pés. Típico. Eu ri da cena. Ainda mais porque ela, com aquele pijama do bob esponja, com direito a calça amarela e pantufas de gatinho, subindo as escadas daquele jeito, lembrava uma criança birrenta. O que ela sempre foi, aliás. Isso era uma das coisas que nunca iriam mudar.

- Aa, Tom, vamos? Todo mundo vai, mas eu não quero ir sem você. - Alicia me ligou às 9 da manhã. Estava dormindo no colchão arrumado no chão pra mim enquanto estava na cama. Ligou pra me chamar pra ir para algo como um parque aquático novo que abriu na cidade com os amigos dela. Nenhuma das duas coisas me chamou atenção naquele momento. - Por favooor. Você disse que hoje você era todinho meu. - Ela disse manhosa. Eu preciso parar de fazer promessas.
- Ahn, mas a gente não pode fazer outra coisa mais tarde? Você vai, quando voltar, a gente faz outra coisa. - Eu disse, ainda lutando contra o sono. Eu realmente não estava a fim de ir pra lá, ainda mais com os amigos chatos dela.
- Ah, não, eu não vou sem você. Mas eu queria taaanto ir. - Droga, por que não conseguia dizer não?
- Ahn, tudo bem. Eu vou... Tomar um banho e daqui a pouco passo aí. - Ela deu um gritinho animado.
- Aa, então tá bom, estou te esperando. Beijos, bebê! - E desligou.
Eu estava sentado na cama, tentando despertar de alguma maneira.
- Hm, começamos cedo hoje? A dona já ligou reclamando a vez dela? - Ouvi a voz de . Ela ainda estava deitada, não percebi que tinha acordado. Provavelmente com o toque do celular.
- Ahn, é mais ou menos isso. - Ela sentou na cama e ficou me olhando enquanto eu passava a mão pelo rosto, tentando despertar de uma vez.
- Hm, você não tem mais vontade própria mesmo, não é? - Não sabia o que responder. Ela simplesmente balançou a cabeça negativamente e se levantou. - Bem, então acho que não tenho mais nada pra fazer aqui. - Pegou a mochila dela e saiu do quarto antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Depois de passar na casa de Alicia, ainda passamos pra buscar uma amiga dela antes de irmos. Passaram todo o caminho conversando sobre algo no qual eu já não prestava atenção porque não entendia nada. Enquanto isso, eu pensava no que a havia dito mais cedo, antes de ir. Ultimamente essa tem sido a rotina, discutir com a por causa da Alicia e com a Alicia por causa da . Era assim desde o começo, mas estava mais frequente agora. E eu não sabia o que fazer.
O resto do dia passou da mesma forma, Alicia passava pouco tempo comigo, a maior parte do tempo estava com os amigos, conversando e rindo de coisas pras quais eu não dava a mínima. E eu simplesmente sorria amarelo algumas vezes e concordava quando ela dizia "Não é, Tom?". Isso quando ela não estava circulando por aí com algum deles e eu ficava sozinho ou com outros com quem eu não tinha nenhum assunto.
- Ahn, eu não estou me sentindo bem, acho que vou pra casa. - Eu disse, depois de 6 horas disso.
- Ah, não... Fica só mais um pouquinho? - Ela disse, abraçando-me e fazendo biquinho. - Eu juro que vou ficar aqui com você o tempo inteiro.
- Tem certeza?
- Tenho, vem! - E me puxou pra onde estava antes com os amigos. E eu passei mais duas horas ouvindo conversas chatas e, sempre que pensava em ir embora, ela pedia pra eu ficar e eu não conseguia dizer não.
Hm, você não tem mais vontade própria mesmo, não é?

Capítulo 03 - Ex-BFF

- Bom dia, ! - Eu disse sorrindo quando ela sentou no mesmo lugar de sempre. Mas não tive a resposta que esperava.
- Só se for pra você. - Ela disse sem nem olhar pra mim.
- Wow, já vi que alguém não dormiu bem.
- E isso interessa a você? - Ela me encarou friamente. Tanto que não consegui dizer mais nada. Não me lembrava dela ter falado comigo assim alguma vez na vida. Acho que percebeu que não ia dizer nada e virou pra frente, deitando a cabeça sobre a mochila na mesa. Se ela ia me tratar assim, tinha pelo menos que entender o porquê. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o professor entrou na sala.
Não consegui esperar até o fim da aula. Escrevi num pedaço de papel, amassei e joguei na mesa dela. Ela virou, olhou-me ainda séria, acho que pensando se deveria ou não abrir, e decidiu que sim.

Posso pelo menos saber por que estou sendo tratado com essa delicadeza toda pela manhã?

Era o que eu escrevi. Pouco tempo depois, o papel estava de volta na minha mesa.

Porque você agora não tem mais Sua dona deixa você falar comigo, agora? Porque você é um idiota? Não!

Eu não pude deixar de rir. Ela escreveu e desistiu três vezes, mas, mesmo riscado, ainda dava pra ler. Só não entendi a primeira, eu não tenho mais... Não tenho mais o quê? Ah, droga. Era tudo pelo que aconteceu sábado, então. Decidi responder da mesma forma, mas propositalmente.

Eu já disse que não tenho dona. Eu não sou um idiota, não todo o tempo. Desculpa por sábado, eu fui um idiota! Ah, tudo bem então.

Eu percebi que ela deu um sorrisinho quando leu, sorri com isso. Mas ela logo escondeu o sorriso, não daria o braço a torcer tão fácil.

Você foi um idiota mesmo. Quando você voltar a fazer só o que você quer, você fala comigo. Para de me perturbar, quero prestar atenção na aula.

Não sei se tinha entendido direito, mas acho que ela quis dizer que não queria mais falar comigo. Não, isso não podia acontecer. A escola já era uma droga, se eu não tivesse mais a , não sei como seria. Mas ela ainda estava irritada por causa de sábado. Eu tinha que fazer alguma coisa pra mudar isso.
Fim da aula, ela saiu sem me esperar pra ir pra próxima aula, que seria no laboratório. Ela era minha dupla, teria que ficar do meu lado, ela ia ter que me aturar. Mas o que eu podia dizer pra mudar a situação? Eu sei que ela só ficaria feliz de verdade se eu terminasse com a Alicia, mas eu não queria fazer isso.
- Ahn, ... Fala comigo, por favor! Pode me xingar se quiser, mas fala alguma coisa. - Disse desesperado, depois de mil tentativas de fazê-la rir ou falar qualquer coisa. Tentativas frustradas.
- Eu já disse... E não adianta dizer "há, você falou", porque eu só vou te explicar, mesmo você não merecendo nem isso. - Ela disse quando eu fiz menção de falar exatamente isso, eu olhei assustado. - Eu tinha um melhor amigo e ele fazia o que bem entendesse da vida, não se prendia por nada, não ia a lugares se não fosse sua vontade, não desmarcava compromissos comigo. Mas esse cara sumiu quando uma certa Alicia apareceu. Eu me recuso a falar a não ser que seja com o meu melhor amigo. Então, se vê-lo por aí, diz que eu estou procurando.
Eu fiquei totalmente sem reação. Nunca a tinha visto falar tão sério assim. E tudo o que ela falou me atingiu como um soco no estômago, senti como se pudesse cair com a força.
- Eu não... Eu...
- Eu já disse o que tinha pra dizer, agora me deixa estudar em paz. - Ela falou e se voltou para o livro que estava a sua frente.
Eu até podia estar errado, mas ela também não tinha o direito de falar assim comigo. Não podia deixar isso assim, o orgulho falou mais alto.
- Olha só, você tá toda estressadinha aí porque eu tenho uma namorada agora e não posso te dar toda a atenção do mundo. - Comecei a dizer e ela me encarou, uma sobrancelha erguida. - Mas a verdade é que, como você não tem mais ninguém, você fica dependendo de mim. Eu não sou exclusividade sua! Você precisa aceitar isso. - Eu disse um pouco alto demais a última parte. Ela me olhava incrédula.
- Você não disse isso. - Ela disse, olhando pro chão, num tom baixo que eu quase não ouvi.
- Eu... Eu disse. - Não podia voltar atrás agora, o orgulho era maior. Mas me arrependi na hora em que vi. Ela levantou a cabeça, os olhos vermelhos, estava chorando.
- Você é um idiota. Sabe de uma coisa? Se é assim que pensa, não vou ser mais um peso na sua vida, tudo bem? Não precisa mais nem falar comigo, nem olhar na minha cara. Você agora vai ter mais tempo livre pra sua namoradinha. Feliz? - Ela disse alto o suficiente pra que todos na sala continuassem a assistir a cena, espantados. E, então, pegou suas coisas e saiu da sala.
O que eu fiz? Eu acho que acabei de perder minha melhor amiga pra sempre.

Capítulo 04 - Each One Has The Destiny That Deserves

- Ahn, eu sei que a gente marcou de sair hoje, mas... Não vai dar. A minha mãe me pediu pra fazer umas coisas pra ela e... Você entende, não é, lindinho? - Alicia dizia ao telefone. Não era a primeira vez que isso acontecia, tem sido cada vez mais frequente ela desmarcar compromissos comigo e, algumas vezes, nem se dar ao trabalho de desmarcar e então eu ficava esperando e esperando até que, quando decidia ligar pra saber por que a demora, ela dizia que não podia ir.
- Ahn, er... Tudo bem, eu entendo. - Não entendia porra nenhuma, mas isso evitaria uma discussão.
- Que bom que você entende, lindinho. Tenho que desligar agora, te ligo mais tarde, ok? Te amo, bye! - Disse e desligou.
Tinha quase certeza de que ela não iria ligar. Tem sido assim há algum tempo. Mas eu fingia não me importar. A verdade é que eu gostava muito dela e tinha medo de que nós acabássemos brigando e ela visse que eu não era bom o suficiente pra ela, ou algo assim. Os caras estavam certos, eu era um covarde. Um idiota covarde.

- Dude, você não pode continuar nessa. - Danny dizia quando, mais uma vez, eu errava a música no ensaio. - Toda vez que acontece alguma coisa com a Alicia, você não reclama, não fala nada com ela, mas, em compensação, fica uma droga tocando.
- Com essa eu tenho que concordar. Você precisa fazer alguma coisa, cara. - Harry disse, já estressado pela milésima parada por minha culpa.
- Eu sei, eu sei. – Disse, batendo a cabeça no microfone a minha frente. - Eu só... Não consigo. Eu acho que, se eu reclamar, ela terminaria comigo e...
- De repente, é até melhor, cara. Você era melhor antes dela, quando só andava com a . - Dougie comentou. Todos olharam feio pra ele. - O quê? Só estou dizendo. - E deu de ombros.
- É, eu... Vou fazer alguma coisa, eu...
- Tá, cara. Mas vamos continuar o ensaio? - Harry disse, encerrando o assunto.
Danny, Dougie e Harry eram uns dos únicos outros amigos que eu tinha. Pelo menos antes de eu começar a sair com a Alicia e tudo mais. Nós tínhamos uma banda, era uma das partes mais divertidas do meu dia, mas, ultimamente, como todo o resto, tem sido totalmente estressante. Não conseguia me concentrar e eles se estressavam, com razão.
Depois que a parou de falar comigo de vez, nada deu muito certo. De início, o namoro com a Alicia melhorou. Ela se estressava menos, já que não tinha a pra brigar e tudo. Mas depois de algumas semanas, tudo ficou... Estranho. Tudo pra ela era desculpa pra desmarcar nossos compromissos, quase nunca tinha tempo pra mim e quando estávamos juntos, ela ficava... Estranha. Sentia que estávamos nos afastando, mas não queria admitir isso pra mim mesmo. O que eu não queria era ficar sem ela. Ao mesmo tempo, eu via a sozinha pela escola. No começo, ela parecia sempre... Deprimida. Eu tinha vontade de ir lá e me desculpar por ser um idiota e dizer que sem ela a escola era chata e as noites nerds não eram as mesmas. Mas rolava uma briga interna e o orgulho sempre vencia. Depois de algumas semanas, ela parecia melhor, parecia tão bem quanto antes de brigarmos. Ela andava com o Danny, o Dougie e o Harry na escola, já que eu estava sempre com a Alicia e os amigos dela. E parecia que já não ligava de andar sem mim. Conforme ela ia melhorando, eu piorava. E agora já fazia quase três meses.

***

- Olha só, você tá toda estressadinha aí porque eu tenho uma namorada agora e não posso te dar toda a atenção do mundo. - Tom disse e eu não acreditava que estava mesmo ouvindo isso. - Mas a verdade é que como você não tem mais ninguém, você fica dependendo de mim. Eu não sou exclusividade sua! Você precisa aceitar isso. - Ele disse um pouco alto demais a última parte.
Eu o encarava ainda sem acreditar que ele estava mesmo dizendo aquelas coisas, ele não podia.
- Você não disse isso. - Eu disse, olhando pro chão, num tom baixo o suficiente pra que só ele ouvisse. Eu tinha entendido errado, tinha que ser isso.
- Eu... Eu disse. - Ele confirmou. Eu não sabia o que dizer, o que fazer. Antes que eu pudesse conter, estava chorando. Chorando de raiva, de tristeza, decepção, tudo junto. Ele não podia ter falado isso.
- Você é um idiota. Sabe de uma coisa? Se é assim que pensa, não vou ser mais um peso na sua vida, tudo bem? Não precisa mais nem falar comigo, nem olhar na minha cara. Você agora vai ter mais tempo livre pra sua namoradinha. Feliz? - Eu gritei, ignorando todos os desocupados que estavam em volta assistindo. Eu só precisava sair dali. E foi o que eu fiz.
Eu não queria mais ver a cara do idiota do Fletcher na minha frente. Nunca mais. Nunca. Ele que morresse, ele e a namoradinha dele. Foi ele que quis assim.
Estava andando distraída por aí, ignorando o fato de que estava em horário de aula e que se fosse pega levaria uma suspensão ou algo do tipo. Esbarrei em algo, que só reparei depois ser uma pessoa e caí, jogando mochila e livros um pra cada lado.
- Ah, droga, desculpa... Ru estava distraída e... - Ia dizendo enquanto ia juntando minhas coisas com ajuda do ser que ainda não tinha reconhecido.
- Relaxa, não foi nada e... ? Você tá... Chorando? O que aconteceu? - Danny disse, parecendo bem preocupado. Eu entendia, afinal ele nunca me viu chorar, ainda mais assim. Era vergonhoso, mas eu não conseguia me controlar. Danny era um dos meus únicos outros amigos naquela escola. Conhecemo-nos no primeiro ano e chegamos até a ficar por um tempo. Mas não deu muito certo. Desde então, passamos a ser apenas amigos, assim como o Dougie e o Harry, que chegaram depois e acabaram formando uma banda com o Tom. Nós saíamos juntos e tudo, mas nunca conversávamos sobre coisas como... Problemas.
- Eu? Eu não estou chorando, é só...
- Se rolar a desculpa do cisco é porque eu realmente devo parecer idiota. - Ele disse, fazendo uma cara estranha e rolando os olhos e eu ri um pouco.
- Ah, droga. Você estragou minha fuga. - Eu disse, tentando controlar o choro. - Tudo bem, tá certo, eu estou chorando, mas... Não foi nada, é só que eu sou uma idiota e... - Disse tudo muito rápido e acabei começando a chorar de novo. Droga de descontrole emocional.
- Ei, ei, calma. - Ele disse e me abraçou. Ficamos ali por algum tempo, em silêncio, e eu apenas continuei chorando. Quando comecei a me acalmar, ele me soltou. - Vamos sentar ali e você me conta o que aconteceu, tudo bem? - Eu concordei e nós fomos pra parte gramada do colégio.
Sentamos em um dos bancos que estavam vazios e eu comecei a contar sobre a briga com o Tom. Ele apenas ficou ouvindo, sem dizer nada.
- Ele é um idiota e eu o odeio! - Eu concluí a história. - Se odiasse não estaria triste por isso. E não adianta dizer que não porque sabe que é verdade. - Ele disse quando eu fiz menção de contestar. - Mas calma, ele deve estar estressado com alguma coisa. Daqui a pouco passa, ele vem pedir desculpas e... - Eu não quero saber, sério. Ele praticamente disse que anda comigo porque eu sou um grude ou sei lá. Eu... Não quero mais saber e acabou.
- Ahn... bem, se você diz. - Ele disse, dando de ombros. - Eu ainda acho que vocês deviam conversar e... – Olhei-o de cara feia. - Não? Bem, você que sabe. Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo, ok? - Ele sorriu, eu sorri também. Ele era muito fofo quando queria.
- Obrigada, Danny. Obrigada mesmo! - Dei um abraço e um beijo na bochecha dele. - Você é um bom amigo!
- Eu tento. - Ele deu de ombros e riu. - Mas é sério, qualquer coisa, 0800 Danny ao seu dispor, ok? - Ele deu uma piscadinha. - Ok. - Eu ri. Só ele pra me fazer rir numa hora dessas. - Bem, acho que temos que ir pra nossa sala, né? Não estou afim de uma suspensão e tal.
- Então vamos! - Ele me abraçou de lado e fomos andando. Ele me deixou na porta da minha sala. - Entregue, mocinha. – Deu-me um beijo na bochecha e foi pra sala dele. É, seria bom ter alguns amigos por perto agora.
Depois daquele dia, eu passava meus dias na escola evitando o Tom ao máximo e andando com os meninos nos tempos vagos, já que eles eram de outra turma do mesmo ano. Mas sempre arrumava uma desculpa pra ficar sozinha e acabava vagando como um zumbi pela escola. Até que eles vinham me resgatar e me faziam rir um pouco. Enquanto isso, via Tom por aí com a querida namorada dele. Ele não parecia estar muito feliz. Mas também, bem feito, ele quis assim, não é? Eu dizia, mas não era isso que eu pensava, na realidade. Eu me preocupava com aquele idiota. Mas eu não iria lá falar com ele depois de tudo. Não podia. Demorou algum tempo, mas me acostumei a andar só com Danny, Dougie e Harry. Ainda sentia falta do Tom, mas pelo menos eles não me faziam mal, pelo contrário, me faziam rir todo o tempo. Cada um tem o destino que merece, afinal.

***

Capítulo 05 – Regrets: Masks Fall

- Sabe aquele garoto que tá saindo com a Alicia, aquele... Tom Fletcher. – Ouvi dois garotos do último ano conversando enquanto passava para ir à próxima aula. Parei ao ouvir meu nome, estava perto o suficiente para ouvir a conversa, mas não o suficiente pra ser percebido por eles. – Ele se acha o máximo só porque tá saindo com ela. É um idiota. – Segurei a vontade de ir lá e socá-lo e continuei escutando.
- É, se ele soubesse o que ela faz quando ele não está perto. Dizem que ela está só enrolando ele. – O segundo garoto disse. Do que ele estava falando, afinal?
- É, dizem que ela está saindo com outro cara e enrolando os dois. Mas o Fletcher é o mais otário. Faz tudo o que ela quer e nem sonha que ela o trai. – A Alicia? Com outro? Eu não podia acreditar. Eu... Ah, o povo da escola é fofoqueiro mesmo, não é? Eu teria que comprovar isso antes de qualquer coisa. Segurei o impulso de ir lá socar os dois, perguntar de onde eles tiraram isso... Decidi falar com ela, antes de tomar qualquer outra atitude.

- Ahn, e você acreditou nisso? – Alicia disse assim que terminei de contar o que havia ouvido dos garotos. – É claro que é mentira, lindinho. Você sabe que eu te amo, nunca faria isso com você. – Ela disse enquanto acariciava meu rosto. – As pessoas da escola são idiotas, vivem inventando história, você sabe.
Não era a primeira vez que ouvia rumores sobre ela, mas eu confiava no que ela me dizia. E se ela dizia que eu podia ficar tranquilo, então eu ficava.
- Ah, tudo bem, eu sei disso. – Eu disse sorrindo. – Por isso, eu vim falar logo com você.
- Fez bem. Não dê confiança pro que os outros dizem, eles podem ser bem cruéis a respeito de pessoas que nem conhecem.

- Cara, você vai à tal festa amanhã? – Danny perguntou sobre a festa que todo mundo estava comentando no colégio. A festa na casa do Mike, um dos jogadores de futebol que era mais conhecido pelas suas festas com bebida liberada do que propriamente pelo futebol.
- Ah, acho que não. A Alicia disse que não tá a fim de ir, então...
- Ah, se ela não for, você também não pode ir? Ela é sua dona mesmo, não? – Harry provocou enquanto arrumavam tudo no fim do ensaio.
- Ah, vocês também com isso? Eu só... Não quero ir sem ela e...
- Cara, você tá virando um cachorrinho que só sai quando a dona leva pra passear. Cadê aquele cara que saía com a gente pra beber por nada? – Dougie disse.
- Esse cara morreu, Dougie, esquece. – Danny disse, balançando a cabeça negativamente.

- Eu tinha um melhor amigo e ele fazia o que bem entendesse da vida, não se prendia por nada, não ia a lugares se não fosse sua vontade, não desmarcava compromissos comigo. Mas esse cara sumiu quando uma certa Alicia apareceu. Eu me recuso a falar a não ser que seja com o meu melhor amigo. Então, se vê-lo por aí, diz que eu estou procurando.

Lembrei-me do que a tinha dito antes daquela maldita briga. Não era só ela que achava isso, eu realmente estava agindo assim.
- Quer saber? Eu vou a essa festa. – Eu disse, já mais animado. Eles me olharam surpresos e eu ri. – Ah, qual é? Vocês não queriam o velho Tom de volta? The boy is back in town. – Cantei e eles riram. E me abraçaram, todos juntos.
- Aí sim! – Dougie gritou e todos riram.
Eu ia mudar tudo esta noite. Eu ia provar que podia estar namorando e ainda ser o mesmo Tom de antes. Ia provar que eles estavam errados, sobre tudo. Todos eles.
Liguei pra Alicia e ela confirmou que não ia. Eu não disse nem que ia nem que não, se dissesse que ia, ia perder tempo em discussão e não faltava muito tempo pra eu ter que ir buscar os outros caras. Decidimos que íamos com um carro só e eles gostavam do meu, por algum motivo. Dei uma última olhada no espelho, baguncei um pouco o cabelo com as mãos. Nada mal.

- Wow, essa festa fica melhor a cada ano! - Dougie dizia quando estávamos entrando na casa. Era uma mansão enorme e logo no quintal na frente da casa já tinham pessoas bebendo, rindo, conversando, se pegando. Normal. E lá dentro ia daí pra pior, era tudo liberado, mesmo! Da última vez que viemos, ano passado, nem lembro com quantas garotas eu fiquei. Fizemos uma aposta, mas depois de algumas muitas bebidas... Ninguém lembra quem ganhou. A diz que foi ela, mas...
- E mais bem frequentada também. - Danny disse quando um grupo de garotas do primeiro ano passou e uma delas piscou pra ele antes de ir. Ele sorriu malicioso. - Ah, já comecei bem. - Que a caça comece, garotos! - Harry declarou e todos concordaram rindo, e foram cada um pra um lado. E eu fiquei ali, parado. Não faria isso com a Alicia. Mesmo com uma moreninha linda me dando mole quando cheguei perto da mesa de bebidas. Ia ficar na minha hoje. Peguei uma cerveja e circulei um pouco pela festa, observando as pessoas que se divertiam, sem se preocupar com nada. Eu realmente sentia falta de quando eu era uma delas. Mas não trocaria minha namorada por isso.
- Você viu? A Alicia está linda hoje. - Ouvi algumas meninas conversando. Alicia? Será que ela tinha decidido vir assim, de última hora?
- É, adorei aquele vestido dela, LIN-DO! - Uma outra concordou.
Decidi procurar por ela. Por que ela não tinha dito que vinha, afinal? Passei por algumas pessoas, nada. Procurei nas outras duas salas, na cozinha, nada. Decidi procurar lá fora. Estava quase desistindo quando de repente reparei em um casal se agarrando encostados em uma árvore. E a coisa estava realmente... Quente. Eu ri de mim mesmo observando um casal dando uns amassos enquanto eu podia estar fazendo o mesmo com a minha namorada, se eu a encontrasse. De repente reparei na garota, enquanto o cara dava beijos em seu pescoço pude ver o rosto dela. De repente minha expressão mudou do riso para, provavelmente, um pálido mortal. Não podia acreditar. Como eu fui idiota! Preferi confiar nela a ouvir o que os outros falavam e no fim, eles estavam certos. Ela estava me fazendo de otário. Fiquei encarando idiotamente a cena por algum tempo antes de conseguir tomar qualquer atitude.
Depois de me recuperar da surpresa, minha expressão mudou de pálido mortal para, provavelmente, um vermelho assassino. Andei em direção aos dois e afastei o idiota dela. Ela me olhava assustada.
- Er, Tom, não é nada disso que você ta pensando. - Ela dizia. Uma frase um pouco clichê e inútil depois do que eu tinha visto.
- Eu não to pensando em nada. É como dizem, uma imagem vale mais que mil palavras, ou pensamentos. - Disse sarcástico. Não podia acreditar nisso, não depois de tudo. Eu só precisava sair dali, antes que fizesse alguma besteira. E foi o que eu fiz. Saí chorando de raiva, mas não durou muito. Isso não ia ficar assim, não mesmo.
Ela ia me pagar de alguma forma. Ela me fez perder tanto. Deixei de fazer tanta coisa com meus amigos. Discutia com eles por causa dela. E pior, eu briguei com minha melhor amiga por causa dela. Disse coisas horríveis, a fiz chorar. Eu ainda não me perdoava por isso, e acho que ela não me perdoaria também. Ela tinha razão o tempo todo, Alicia era uma vadia e eu era um idiota por acreditar e gostar dela. Mas isso não ia ficar assim. Eu ia pensar numa forma de vingança, mas antes... Eu tinha que resolver algo mais importante.

Capítulo betado por Thaciane Millena

Capítulo 06 – The Hard Way To Return To Be Best Friends

A semana foi uma droga. De alguma forma, um vídeo da minha ceninha depois de descobrir que era o corno mais idiota da história estava passando de mão em mão com uma velocidade incrível. A essa altura eu já era o mais zoado naquela maldita escola. Se eu descobrisse quem fez isso... Também não queria me importar com isso agora, a única que eu nunca iria perdoar era aquela vadia que eu costumava chamar de namorada. Mas, mesmo antes disso, o que me importava agora era arrumar um jeito de conseguir minha melhor amiga de volta. Eu tinha sido um idiota completo, e ela tinha toda a razão de estar me odiando. E ela estava mesmo, eu sabia. Mas eu não ia desistir. Mesmo depois de ela desligar o telefone na minha cara três vezes e não atender as outras mil que eu liguei. Mesmo depois de ela me ignorar na escola. Eu ia dar um jeito. Não sabia como ainda, mas ia dar um jeito. Eu precisava dela, agora mais que nunca. Mas eu tinha certeza que não ia ser fácil.

Por favor, para de me perturbar. Eu não quero mais falar com você, entende isso! Fala com a sua namorada agora e... Ah é, esqueci, ela tem outro agora. É uma pena.

Foi a resposta que recebi quando tentei pela milésima vez que ela falasse comigo durante a aula, jogando um papel escrito:

Por favor, por favor, fala comigo. Eu sou um idiota, eu sei. O maior de todos. Mas fala comigo, por favor. Tem sido uma droga sem você!

Ela tinha ignorado os três primeiros, que diziam a mesma coisa, e jogou fora sem nem ler. Mas se eu queria ter qualquer chance, eu tinha que ser persistente. Pelo menos ela se deu ao trabalho de ler e responder dessa vez, já era alguma coisa. Mesmo ela tendo acabado comigo. Mas eu não ia desistir.
- Cara, a disse que se você não parar de perturbá-la, ela vai ter que partir pra agressão. E acho que ela falou sério. Só passando o recado. - Danny me disse depois do ensaio de sexta. Eu ri.
- Diz pra ela que eu não vou parar até ela voltar a falar comigo. E que eu posso ir disso pra pior. Ela me conhece.
- Eu tenho um novo emprego agora que eu nem sabia? Sou garoto de recados? - Ele reclamou e eu concordei. - Eu não mereço isso. Mas eu vou dizer porque quero logo que essa palhaçada acabe.
- E eu espero que acabe logo. Mas uma coisa eu sei, demorando ou não, eu não vou desistir até eu ter minha de volta.

Mais uma semana passou e, como eu tinha prometido, não desisti. Danny me passou mais um recado dela, escrito agora, que era algo como: "Me esquece, pelo amor de Deus. Eu não quero mais saber, me deixa em paz. Vai procurar uma namorada, sei lá. Não vai adiantar nada isso tudo!". E eu mandei de volta, escrito simplesmente: "Eu nunca vou desistir de você!". A resposta pra isso... Foi pior do que eu esperava.
- Mãe, o que é isso? - Perguntei, indo até a cozinha carregando uma caixa grande e lacrada, que encontrei na porta do meu quarto assim que acordei.
- Ah, isso? A pediu pra te entregar, ontem.
A ? O que podia ser? Por um instante tive medo de que pudesse ser uma bomba, sei lá. Ela prometeu agressão e ela podia ser bem ruim e... Ta, isso era um pensamento idiota. Decidi abrir porque não aguentava mais de curiosidade. E o que eu encontrei lá eu nunca poderia pensar que ia ver na minha casa de novo.
Eram coisas minhas, um monte de coisas. CDs, DVDs, roupas, livros... Coisas que, ao longo do tempo, foram parar lá e eu nem lembrava mais que eram meus. Mas tinha mais... Tinha também presentes que eu tinha dado a ela durante todos esses anos, incluindo a pantufa de gatinho que ela tanto gostava. Mas o pior era o Tom estar ali.

Flashback

- Ah, , eu não vou poder ir aí hoje. Mas amanhã a gente se fala na escola, ok? - Tom falava ao telefone, segurando o riso.
- Ah, tá bom então. Tchau! - respondeu desanimada, desligando o telefone. Eram duas da tarde do dia do seu aniversário de sete anos, e um monte de gente já havia ligado pra desejar parabéns e essas coisas. Mas a pessoa que ela mais esperava parecia ter esquecido completamente.
A menina sentou-se, emburrada, no sofá. Quando sua mãe a viu assim, sentou-se ao seu lado, preocupada. Afinal, ela sempre ficava animada depois de falar com Tom.
- O que foi, meu amor? - Perguntou, passando a mão por seus cabelos. A menina bufou.
- Nada. - Disse, cruzando os braços. - Quer dizer, o Tom, mãe... Ele esqueceu. Ele não podia ter esquecido. - Ela fazia bico. A mãe não soube o que dizer, mas achou estranho. Desde que os dois começaram a falar, ele fazia questão de ser o primeiro a dar parabéns a ela.
- Hm, não disse que não ia poder vir? - disse assim que abriu a porta e viu Tom parado lá. Já eram nove da noite.
- É, mas mudei de ideia. Lembrei que tinha esquecido uma coisa. - Ele disse sorrindo e os olhos da menina brilharam. - É? O quê? - Ela perguntou, se animando.
- Esqueci de devolver seu caderno. - Ele disse, entregando o caderno a ela. A expressão dela mudou automaticamente pra tristeza e depois pra raiva. Ela pegou o caderno e saiu andando, batendo os pés até o sofá. Tom ficou rindo. Fechou a porta e foi até ela.
- Ah, fala sério, . Você acha mesmo que eu ia esquecer? - A menina o encarou, ainda com raivinha, ele riu mais. - Você é muito boba mesmo. - E pegou um embrulho dentro da mochila que carregava. - Feliz Aniversário, ! - Disse sorrindo, e entregou o presente a ela. Ela, que já estava quase chorando, abriu um sorriso imenso. Pegou e o abraçou.
- Você é um idiota, sabia? - Ela disse depois de soltá-lo e dar um tapa no braço dele, que riu. – Mas, obrigada! - Ela sorriu de novo, e abriu o presente. - Ah, que bonitinho! - Os olhinhos brilhavam ao ver o ursinho de pelúcia, amarelo e gordinho, e que usava uma touca de papai noel, que tinha ganhado. - Ele parece com você.
- Parece nada! - O menino fez careta e ela riu.
- Claro que parece. Tanto que o nome dele vai ser Tom. - Ela sorriu e ele sorriu junto.


/Flashback

Eu sorri ao me lembrar desse dia. Desde então, ela nunca dormia sem ele. E se ela estava me devolvendo até ele... A situação estava pior do que eu pensava.

***

Aquela festa não parecia ser tão legal sem as apostas com o Tom e os meninos sobre quem bebia ou pegava mais. Decidi nem ir. Ou veria ele lá com a namorada chata dele, ou ficaria lá sentindo falta dele. Preferi ficar em casa com o Fred. Fred era o meu gatinho de estimação. Pelo menos ele não me trataria mal nunca, nem me trocaria por uma namorada idiota. Mesmo porque a namorada dele era a gatinha do Tom e eles nunca mais se veriam. Mas ele já se conformou, eu acho.
- Fred, você é meu único melhor amigo agora! - Dizia fazendo carinho nele quando ele subiu no meu colo, enquanto eu via Hitch, o conselheiro amoroso pela milésima vez.
Ouvi o toque de mensagem no meu celular e fui ver de quem era. Número desconhecido. Mas era um vídeo. Decidi ver porque a curiosidade matou o gato, então tinha que matá-la antes que ela matasse meu Fred.
O vídeo tinha pouco mais de dois minutos. E era algo como um casal se amassando e de repente um garoto vinha tirar satisfação e... Calma aí! Não era a Alicia e... O Tom brigando com ela? E então o garoto saía andando cheio de ódio e... Chorando, pelo que eu percebi. Fiquei com pena dele. Aquela maldita tinha o traído e... Sabe de uma coisa? Ele mereceu isso. Eu avisei várias vezes. Eu disse que ela ainda ia magoá-lo, mas ele preferiu acreditar nela a me ouvir e... Bem feito, agora ele ia ser a piada da escola.
- Viu, Fred! Isso é pra você se ligar. Quando eu te der um conselho você me escuta, ouviu, mocinho? - Disse e ele me encarava, e eu jurava que tinha o visto concordar com a cabeça antes de dizer "Miau" e deitar de novo em meu colo. Eu ri comigo mesma.

As semanas depois da traição da namoradinha do Tom foram... Interessantes. Ele me ligou pedindo desculpas e eu, simplesmente, desliguei, nas primeiras três vezes. Depois decidi ignorar. Eu disse que não queria mais saber dele. Agora que ele viu que eu estava certa, ele se arrependeu? Não é assim não!
Ele me mandou bilhetes, mensagens no celular, tentou falar comigo na escola. Mas eu estava decidida. Ele que sofresse sozinho agora pela babaquice dele.
- Danny, por favor, entrega isso aqui pro seu amiguinho. - Eu disse, entregando um papel nas mãos dele quando ele me deixou em casa.
- Cara, por que você simplesmente não fala com ele?
- Porque ele não merece. Vai entregar ou não?

- Ele pediu pra te entregar. - Danny disse no dia seguinte, me entregando o mesmo papel que eu tinha mandado. Não entendi muito bem, até abrir e ver que tinha uma frase escrita do outro lado “Eu nunca vou desistir de você!”.
Confesso que eu fiquei balançada com isso... Mas não daria o braço a torcer.
Chegando em casa, fiz a última coisa que pensei que fosse fazer um dia. Peguei uma caixa e coloquei tudo que era dele e tudo o que ele tinha me dado durante todo esse tempo. Fiquei com muita pena de colocar minhas pantufas de gatinho lá, mas eu precisava fazer isso. Mas, o mais difícil foi deixar o Tom. Tom, o ursinho que eu tinha há dez anos. Mas ele precisava entender, eu, definitivamente, não queria mais saber dele.

- Is it worth it can you even hear me standing with your spotlight on me - Ouvi alguém cantando e logo reconheci ser minha música preferida. E esse alguém estava gritando na rua e tocando violão, ainda por cima, às duas da manhã de sábado. Fiquei curiosa pra saber quem era o maluco, a voz não me era estranha. - Not enough to feed the hungry, I'm tired and I felt it for awhile now. - Houve uma pausa nessa parte e alguma coisa atingiu minha janela e então a música voltou. - In this sea of lonely the taste of ink is getting old. It's four o' clock in the fucking morning each day gets more and more like the last day - Mais uma pausa, mais uma batida na janela. - Still I can see it coming while I'm standing in the river drowning. This could be my chance to break out, this could be my chance to say goodbye. At last it's finally over. - E a mesma coisa aconteceu. Decidi ir até lá ver o que era isso afinal. Abri a janela e então eu vi. - Couldn't take this town much longer being half dead wasn't what I planned to be. Now I'm ready to be free - Tom gritou a última parte e parou, pegou um ursinho que estava no chão e olhou pra cima, se preparando pra jogá-lo e... - Ah, finalmente. Fazer uma serenata pra parede é meio chato. - Ele disse, fazendo uma careta e depois sorriu.
Eu tive que me controlar pra não ir até lá e abraçar aquele retardado que me acordou às duas da manhã pra cantar minha música preferida na minha janela. Era fofo, nunca tinha recebido uma serenata. Ele sabia que esse era um dos meus traumas. Mas então eu me lembrei que estava com raiva.
- O que você ta fazendo aqui, garoto? - Disse, fingindo uma raiva que eu já tinha deixado pra lá. Mas não podia admitir isso. - O que você acha? Uma serenata, ué! - Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Nesse momento, você deveria estar suspirando apaixonada e descendo pra me beijar. Foi o que eu vi nos filmes.
- Ah, tá bom então. - Eu ri. - E essa caixa aí? Ta de mudança pra minha calçada?
- Vim devolver umas coisas. Pode descer pra eu não correr o risco de apanhar? - Ele disse fazendo uma cara estranha, depois que algum dos vizinhos gritou algo como "Dá pra parar com essa barulheira aí fora? São duas da manhã, tem gente que não é vagabundo e precisa dormir!". Eu tive que rir disso.
- Você não merecia. Mas eu vou pra não ficar sendo chamada de vagabunda à toa. - E ele riu. Desci e ele me esperava na porta de casa. - Você só me traz problemas. - Eu disse, antes de fechar a porta e me sentar no banquinho que tinha ali. Ele fez o mesmo.
- Eu sei. - Ele disse e mordeu o lábio inferior olhando pro chão. Mas logo olhou pra mim de volta, decidido. - Olha, eu vim aqui pra te provar que eu pagaria qualquer mico no mundo, faria qualquer coisa mesmo, só pra você me perdoar e voltar a ser tudo como era antes.
- Tudo? Tipo, tudo mesmo? - Eu disse o encarando com a minha melhor expressão de gênio do mal.
- Ahn, er. Sim, tudo. Qualquer coisa. - Ele disse depois de mudar sua expressão de medo do que eu podia estar pensando, pra certeza.
- Hm, qualquer coisa, não é?

- , você tem certeza disso? Não pode ser uma coisa menos... Desagradável ou... Humilhante? - Ele disse, se enrolando em um roupão rosa que eu emprestei pra ele. - Qualquer outra coisa!
- Você disse qualquer coisa, vai dar pra trás agora? - Eu disse rindo da cara dele. Ele parecia implorar com os olhos pra que eu mudasse de ideia, mas isso não ia acontecer.
- Não, tudo bem. Eu disse qualquer coisa, não é? - Eu concordei com a cabeça. - Mas depois disso, estamos quites?
- É, basicamente isso. - Disse com um sorrisinho maligno, ele começou a desesperar e eu ri. – Ta, ta... Depois disso, estamos quites.
- Ahn, tudo bem então, vou começar.
- Quando quiser.
Então ele tirou o roupão e estava vestindo nada, além de uma touca de banho rosa e tênis. Ele começou a correr e eu o acompanhava de carro com a câmera ligada. Foi isso o que eu pedi, ele teria que correr pelado até o colégio, que ficava a umas três quadras dali. E depois ainda ia ter que dançar a macarena, me pedindo desculpa. Eu realmente achei que ele não faria isso e desistiria, mas, pra minha sorte, ele aceitou. É, depois dessa eu realmente acredito que ele se importe mesmo comigo. Ele mereceria que eu o desculpasse. Fui todo o caminho rindo enquanto ele reclamava e pedia pra eu mudar de ideia e eu só dizia pra ele correr mais rápido. Eram cinco da manhã e as ruas estavam praticamente vazias, mas chegando perto do colégio, que era um pouco mais perto do centro comercial, já havia algumas pessoas e todas olhavam espantadas ou confusas pra cena. E ele se limitava a ignorar e vez ou outra dar um tchauzinho pros mais curiosos, como se fosse a coisa mais normal do mundo. E eu só fazia rir.
- Ok, agora já ta bom pra você ou vamos continuar com a tortura? - Ele disse depois que eu desliguei a câmera, se encolhendo por causa do frio. Depois da dança e tudo.
- Não, ta tudo certo agora. - E entreguei o roupão pra ele, ainda rindo.
- Somos amigos de novo então? - Ele disse enquanto vestia o roupão e tirava a touca.
- Melhores amigos! - Eu disse sorrindo e ele sorriu também. E me abraçou.
- Não sabe como é bom ouvir isso. - Ele disse no meu ouvido. Depois, sem me soltar, ele me encarou sério. Eu o olhava sem entender. – Mas, me diz uma coisa... No fim das contas, isso tudo foi só pra você me ver pelado, não é? - Ele riu e eu o soltei do abraço.
- Claro que não, idiota. - Eu ri e dei um soquinho no braço dele. - Foi pra todo mundo ver! - Sorri malignamente enquanto o via com os olhos arregalados. - Você não achou mesmo que guardaria esse mico só pra mim, né?
- Você é má! - Ele balançou a cabeça negativamente e fez carinha de dó.
- Mas você me ama. - O abracei de novo, e mordi a sua bochecha. - Não me abandona de novo, ta?
- Nunca mais! - Ele disse e eu sorri. - Mesmo porque, aprendi da pior maneira o quanto você pode ser cruel. Fala sério, não vai mandar mesmo isso pra todo mundo e... - Ele foi reclamando enquanto eu entrava no carro, rindo.

Capítulo betado por Thaciane Millena



Capítulo 07 - Revenge In Five Steps

Depois de muito eu implorar, a decidiu não ser tão ruim e nem mandou o vídeo pra ninguém. Mas me fez assistir mais umas dez vezes só pra rir mais de mim. Tudo bem, eu mereci aquilo. Pelo menos, tudo voltou ao normal, eu tinha minha de volta. Não podia reclamar.
- Cara, eu não canso de ver isso! - Ela dizia, chorando de rir.
- É, mas já tá bom, né? Vamos comer, porque eu estou morrendo de fome. - Ela concordou e nós saímos pra tomar café.
Ainda eram sete da manhã e, segundo ela, não tinha nada de bom pra comer em casa. Paramos na Starbucks mais próxima. Pedimos um frappuccino e alguns muffins pra cada um e nos sentamos em uma das mesas.
- Então, eu vi aquele vídeo... Da festa. - Ela começou a dizer.
- E quem não viu? Você deve ter achado ótimo, você estava certa, afinal. - Disse, um pouco desanimado.
- Não, eu... Tá, eu pensei logo em dizer "eu te avisei", porque eu avisei mesmo, mas... Eu fiquei preocupada. Você pode ter sido horrível comigo, mas, mesmo assim, eu não deixei de me preocupar com você.
- Eu sei. E eu devia ter te ouvido desde o começo, você estava certa o tempo todo. Ela não presta. Me fez de otário esse tempo todo e eu fazendo tudo por ela. Eu nunca disse não, nunca reclamei de nada. - Eu disse, finalmente admitindo tudo isso pra mais alguém. Eu estava machucado, de verdade. Ela não falou nada, simplesmente chegou sua cadeira mais pra perto da minha e me abraçou.
- Isso deve ser bem ruim, não é? - Ela disse depois de um tempo, ainda me abraçando. - Mas pelo menos você descobriu e se livrou logo desse encosto na sua vida. Ela só te fazia mal. Pense que agora você sabe quem ela é de verdade e não merece que você sofra. Você está livre, meu amigo. - Ela disse, abrindo os braços de um jeito que me fez rir. - Pense nisso. - Ela sorriu e eu retribuí. Ela sabia como me deixar melhor, mesmo nos piores momentos. Ela não precisava dizer nada, ela sorria pra mim e isso bastava pra eu acreditar que tudo ia ficar bem.
- Você está certa...
- Como sempre. - Ela me interrompeu com um sorriso convencido no rosto.
- Como sempre. Eu não tenho que ficar assim por ela, não é? - Ela concordou com a cabeça, bebendo um pouco do meu frappuccino depois de acabar com o dela.
- Não mesmo. Você deveria se vingar dela. - Ela disse como se fosse a coisa normal a se fazer. Eu ri. - Ué, tá rindo de quê? Eu falo sério.
- O pior é que eu sei. E foi o que eu pensei na noite em que eu vi aqueles dois... Enfim. E foi por isso que eu ri.
- Se você quiser, eu te ajudo. Você sabe, sou boa nisso. - Ela deu um sorrisinho maligno e eu retribuí da mesma forma.
- Eu contava com isso! O que você tem em mente?

- É o seguinte. - Ela dizia, andando de um lado pro outro em frente a um quadro branco, que não sei onde ela arrumou, no quarto dela. Estava com uma caneta, que ela usou pra escrever um monte de coisas no quadro, batendo na própria mão. Parecia um general explicando as próximas ações pros seus soldados. Eu estava sentado na cama e ri da cena. - O plano é simples, mas vai requerer muita atenção dos senhores, quer dizer, senhor. - E eu ri mais, ela sempre se empolgava. - E para de rir. - Ela mesma riu, mas parou logo em seguida e continuou. - Tá, sério. Vamos seguir da vingança simples. - E ela apontou para a primeira frase que estava no quadro. - Passar por umas maiores até que chegaremos ao Grand Finale! - Disse isso com os olhinhos brilhando, apontando pro final do quadro. Eu tinha um pouquinho de medo da empolgação dela com isso. Mas era realmente genial. Se tudo desse certo, aquela garota ia se arrepender de ter feito o que fez comigo.
- Genial. E por onde começamos, general? - Eu disse, ainda rindo da empolgação dela.
- Pelo começo. Calma, vou explicar. - Ela disse quando viu que eu diria algo como "não, pelo fim". - Bem, você está com a moral meio baixa lá na escola...
- Meio? Tá brincando, né?
- Tá, completamente. E, pra começar, nós precisamos mudar isso. Todo mundo pensa que você é o loser que deu sorte de namorar a bonitona do colégio, mas, na verdade, tava sendo corno e otário todo o tempo e...
- Outch, não precisa esculachar também, né?
- Ahn, foi mal. Mas é a verdade. - Eu tive que concordar. - Continuando, isso é o que todo mundo pensa. Temos que mostrar que eles estão errados. Temos que mostrar que você não é um perdedor e ficou com ela por sorte ou por maluquice da cabeça dela.
Temos que fazer de você o cara mais desejado daquele colégio todo, ou melhor, do bairro todo, ou melhor...
- Ok, ok, já entendi. - Resolvi que era melhor interromper porque ela podia ir longe com isso. - Mas fala sério, isso não vai ser difícil, olha pra mim. - Eu disse convencido, levantei e dei uma voltinha.
- Ahn, to olhando. Mas não entendi o porquê de não ser difícil. É um desafio e tanto, senhor Fletcher. Ninguém quer um cara que anda por aí com essas camisetas nerds ou jeans totalmente largo... Você não é bem... Estiloso nem nada disso. - Eu fiz cara feia. - Ah, qual é, no fundo você sabe que é verdade. Você só conseguiu ficar com aquela lá por minha causa, você sabe.

Flashback

- Cara, eu duvido que você consiga ficar com ela. - Harry dizia, já um pouco alterado pela bebida.
Estavam os cinco: Tom, , Danny, Dougie e Harry, sentados em um dos bancos que tinham no quintal da casa de Alicia. Era uma festa que ela dava todos os anos, tão famosa quanto a de Mike, mas não pelos mesmos motivos. Simplesmente porque todo mundo a adorava e fariam de tudo pra ir nessa festa. Poucos eram convidados realmente, a maioria era penetra, como os cinco ali sentados. Estavam bebendo e observando a festa do lado de dentro, quando Tom viu Alicia. Ele era apaixonado por ela e era zoado pelos amigos por isso. E esse era mais um desses momentos.
- Ha, eu também duvido. Ela nunca que ia ficar com um loser que nem você com esse monte de cara em volta. - Danny concordou.
- Ué, nunca se sabe. Eu sei como fazer ela ficar com ele. - disse e todos olharam pra ela, confusos. Tom estava mais para esperançoso. - E aí, vale uma aposta? - A menina completou, desafiadora. Eles viviam fazendo apostas sobre quem pegava ou bebia mais, mas, às vezes, rolava umas diferentes. Essa seria uma delas.
- Com certeza, dessa vez você vai perder feio. - Harry disse animado.
- To dentro também. Nunca é demais ver a perder a própria aposta. - Dougie disse rindo.
- Eu não duvido da . Se ela diz que consegue, eu aposto que sim. - Danny, o único do contra. Mas ele conhecia a menina, sabia que ela geralmente conseguia o que queria, de alguma forma.
- Então tá certo. Se eu ganhar, vocês vão ter que... Pegar a Jenny. Os dois. - Jenny era a garota que eles consideravam mais feia da escola e não era pra menos, era a típica nerd: Óculos fundo de garrafa, aparelho daqueles enormes, nenhuma vaidade, cabelos sempre bagunçados. E, além de tudo, roncava quando ria. Eles fizeram cara de nojo.
- Ok, mas quando você perder, você vai ter que... - Dougie começou, mas foi interrompido por Harry.
- Ficar com a Jenny. - A menina riu, mas percebeu que ele falava sério.
- Tá falando sério? - Ele concordou e ela arregalou os olhos. Mas depois sorriu. - Tudo bem, eu não vou perder essa de qualquer jeito. Preparem-se para grudar no aparelho, guys. - Ela disse simplesmente. Levantou-se e sumiu de vista.
- Hm, acho que isso não vai prestar. - Tom disse, balançando a cabeça negativamente.
- Cara, tem duas garotas completamente bêbadas dançando em cima da mesa de sinuca, acreditam? Quando saí, elas estavam prestes a tirar a roupa, beijaram-se e tudo, que vergonha. - dizia pra um dos garotos que estavam perto de Alicia, alto o suficiente pra que os que estavam mais próximos ouvissem e passassem pros outros. Em pouco tempo, todos deram desculpas esfarrapadas e praticamente correram pra sala de jogos, deixando uma Alicia confusa ali sozinha.
Ela sorriu vitoriosa.
- Esses garotos são uns idiotas, não são? Devem estar todos atrás das garotinhas fáceis por aí, eles não se dariam ao trabalho de tentar alguma coisa com uma menina tão boa quanto você. - Ela continuou, fingindo uma admiração que ela passava longe de ter pela outra. Mas precisaria amaciar seu ego para o plano dar certo. E estava funcionando, a menina deu um sorriso. Ela sabia que Alicia era só mais uma das meninas super legais e bonitas, mas não era uma das que andavam por aí se achando. Sabia que ela devia ter traumas com garotos babacas. Só precisava mostrar que Tom não era um desses. O que era simplesmente verdade.
- É verdade, eles só querem saber das mais atiradas, afinal. Por isso, não se pode dar confiança pra eles assim. - Você tá certa. Mas poucos admiram isso em uma garota. - disse e se sentou do lado de Alicia. – Mas, sabe, eu conheço uma pessoa que te acha tão boa que ele nem tem coragem de vir falar com você. Mesmo ele gostando muito, ele acha... Que nunca seria bom o suficiente, sabe?
- Quem? - E apontou pra onde Tom estava. - Ah, ele? Mas eu não me lembro de já ter falado com ele mesmo. Ele é... Bonitinho. - Ela sorriu. sorriu vitoriosa, estava dando tudo certo, afinal, faltava pouco.
Ela mandou uma mensagem de texto rapidamente pra Tom, sem que a outra visse. "Conta até dez e vem pra cá! Prepare-se pra dizer coisas bonitas." Era o que dizia a mensagem. O menino ao ler, não entendeu muita coisa, mas decidiu fazer o que ela pedia.
- É, ele acha você incrível. Mas não é como os outros garotos, ele realmente... Não sei, eu acho que ele realmente gosta de você. - dizia e Alicia sorria cada vez mais.
- Bem, eu... - Ela disse, mas parou ao perceber a presença do menino.
- Ahn, Alicia, esse é o Tom. Tom, Alicia. E essa sou eu indo embora, tchau! - Ela disse e saiu. Foi juntar-se aos amigos que observavam a cena, perplexos. - Agora assistam de camarote a minha vitória, meninos.
- Er, eu... - Tom não sabia o que dizer. o deixou lá, cara a cara com a garota que ele gostava, sem dizer mais nada. Ele estava mais do que nervoso. - Alicia, eu... Não sei o que ela disse, mas...
- Ela disse que você gosta de mim, é verdade? - Ela perguntou, encarando-o, ele não sabia o que dizer. Só pensava em matar a na primeira oportunidade.
- É, eu... Ela disse isso?
- Disse e disse que você não era como os outros e... - Ela começou a dizer e o menino se lembrou da mensagem "Prepare-se pra dizer coisas bonitas". Finalmente entendeu.
- Ahn, é. Acho que ela tá certa. - Engoliu todo o nervosismo e decidiu falar tudo de uma vez. - Eu não ligo pra nenhuma outra garota aqui dessa festa, eu só... Você é a garota mais incrível que eu conheço, toda vez que você olha pra mim, mesmo sem saber que eu existo, eu... Eu fico completamente sem ação. Se eu tivesse que escolher só uma coisa agora, com certeza seria você e... - O menino nem completou o seu discurso. Ela o beijou.
- Então, meninos... Preparados para o aparelho? - sorria vitoriosa enquanto os outros assistiam a cena boquiabertos. Danny apenas ria, ele nunca duvidava dos poderes de persuasão dela.


/Flashback

- É verdade. Você que enrolou ela pra ficar comigo. - Eu ri ao lembrar-se daquele dia.
- Se eu soubesse que você ia começar a namorá-la, eu nunca teria te ajudado a ficar com ela.
- E nós não veríamos a cena hilária do Dougie e do Harry beijando a Jenny. - Nós rimos ao lembrar.
- É verdade. Mas, enfim, isso só prova que minha teoria está certa. Nenhuma garota sai por aí atrás de garotos como você. Elas querem os bad boys, os gostosões, os estilosos e cheios de atitude. Esse tipo de cara.
- Hm, acho que você tá certa. Mas, então, o que vamos fazer, afinal?
- Partir pra primeira parte do nosso plano de vingança em cinco partes. - Ela disse, o sorriso maligno surgindo novamente.

Capítulo 08 - Be Noted

- Calma aí, essa não, cara. Eu gosto dessa. - Eu disse quando a tirava minha camiseta de Star Wars do armário e jogava em uma caixa que já estava ficando cheia.
- Você disse a mesma coisa das últimas dez. O que eu te falei? Nada de camisetas nerds. - Ela disse, já pegando mais uma. Depois de ela explicar como seriam os próximos passos, fomos ao primeiro. Ser notado. Segundo ela, a primeira coisa a se fazer seria mudar o meu estilo. Não fiquei muito feliz com isso, mas acabei aceitando. Mas estava quase desistindo agora quando a minha camiseta preferida estava sendo jogada fora com as outras.
- Não, mas essa não, por favor! - Quase implorei.
- Cara, presta atenção. Eu não vou jogar fora, ok? É só... Por um tempo. Juro que vou deixar tudo guardado. Lá em casa, onde você não vai poder pegar. - Eu fiz cara feia.
- Tá, e o que eu vou usar, então? – Disse, cruzando os braços como uma criança birrenta, o que eu também sempre fui, na verdade.
- Isso... É o que nós vamos ver agora. - Ela fechou a caixa, deixando meu armário praticamente vazio. Sorriu e me puxou pela mão. - Vamos encontrar o novo Tom Fletcher!

Depois de deixarmos a caixa na casa dela, ainda sob protestos meus, os quais ela ignorou completamente, fomos ao shopping. O lugar que eu nunca gostei de ir, a não ser que fosse pra ir ao cinema. Aliás, era o mesmo que ela pensava, mas disse que era caso de vida ou morte.
Depois de várias lojas e um monte de dinheiro gasto, tanto dela quanto meu, ela me arrastou pra o lugar onde a mãe dela trabalhava.
- Mããe, tenho um trabalho pra você! - Ela gritou assim que entramos. Esqueci de dizer, a mãe dela era dona de um salão de beleza. O maior e mais conhecido do bairro. Nós não íamos muito lá por razões óbvias. Ela evitava ir lá, mesmo pra ver a mãe, porque todos os cabeleireiros e manicures e todo o resto acabavam a obrigando a ficar por lá e se arrumar. Ela achava um saco, eu achava engraçado. Mas não era engraçado quando era comigo.
Eu olhava ao redor, tudo rosa, rosa pra todo lado. E glitter. Estava um pouco assustado. E não preciso comentar, além dos cabeleireiros, que eram gays, só havia um garoto ali: eu. Todas as mulheres me observavam enquanto eu seguia com mil sacolas nas mãos, observando tudo, um pouco assustado.
- Filha? Que surpresa você por aqui! - A senhora disse, parecendo realmente surpresa, mas totalmente sorridente. Provavelmente pensando que finalmente a tinha decidido agir como uma menina de verdade. Doce ilusão. - O que você faz aqui, amor? Decidiu finalmente atender ao pedido da sua mãe e fazer essas unhas, ou os cabelos? - Ela perguntou depois de dar um abraço nela. - E ainda obrigou o Tom a ir fazer compras com você? Tadinho. - Ela disse rindo enquanto me cumprimentava com dois beijinhos no rosto.
- Ahn, mãe, eu não vim aqui por mim. - disse, meio sem graça. - Eu vim aqui porque tenho uma missão especial. - Ela olhou pra mim e a mãe dela fez o mesmo. E aí foi a minha vez de ficar completamente sem graça.
- Ah, entendi. - Ela sorriu. - Tentando conquistar uma garota?
- Ahn, er... Mais ou menos. - Eu sorri, morrendo de vergonha, e a vontade de matar a aumentava a cada segundo.
- Tudo bem, já sei o que você precisa. Antoine! - Ela gritou e um cara magrelo, cabelos pretos espetados, usando o uniforme do salão e óculos, parecendo ter pouco mais que a nossa idade e... Totalmente gay apareceu. - Esse menino precisa de um novo visual, já!
- Cooom certezaa. - Ele disse, depois de me observar de cima a baixo. - Já sei o que você precisa, querido. Vem! - Ele disse super animado, puxando-me pela mão. Eu fui com ele, não antes de olhar pra trás e encarar uma que se acabava de rir da minha cara de medo.
- Relaxa, querido, o Antoine é o melhor! - Ela gritou, ainda rindo, antes de eu ser arrastado pra outra sala.

***

A cara do Tom quando Antoine o arrastou pra outra sala foi impagável. Eu não conseguia parar de rir. Mas a graça acabou quando minha mãe decidiu me obrigar a fazer as unhas que, segundo ela, estavam piores que as de um mendigo. Que exagero, limpas as minhas mãos estavam, poxa. Consegui convencê-la a parar por aí, porque se dependesse da vontade dela, eu faria cabelo, maquiagem e tudo mais. Depois de convencer secretamente a manicure a pintar as unhas de preto, pelo menos isso eu tinha escolha, e algum tempo daquela chatice, estava pronto. Decidi ir ver como estava indo o Tom, estava demorando. Recebi uma mensagem no mesmo minuto em que pensei. "Você me paga" era o que dizia a mensagem. Eu ri, não podia estar tão ruim assim. Decidi ir lá dentro ver o que estava acontecendo, afinal estava demorando mais que o normal, pra um garoto pelo menos.
- Calma, querida, só mais dois minutos e você vai ver. Seu namorado é outra pessoa agora! - Antoine dizia com aquela voz arrastada super gay, antes que eu pudesse pensar em entrar na sala. Ele entrou novamente e eu fiquei esperando do lado de fora. Meu namorado? Ah tá, até parece.
Depois de exatamente dois minutos, ele abriu a porta pra mim.
- Pronto, querida. Você vai ter uma surpresa e tanto. - Ele disse, super animado. E eu entrei.
Realmente tive uma surpresa quando eu vi. Tom estava de costas pra porta, olhando-se no espelho. Quando me viu por ele, virou e ele estava... Lindo. Tipo, muito lindo. E ele era o Tom, isso não estava certo.
Antoine aproveitou e, além de fazer seu trabalho, escolheu uma das roupas que compramos e ele estava vestindo. Calça tipo jeans, preta, uma camiseta branca com uma jaqueta também preta por cima. Um All Star preto completava o visual. Os cabelos, que antes eram jogados sobre a testa numa franja, agora estavam mais curtos e jogados pra cima. Ainda num estilo bagunçado-arrumado, mas mil vezes melhor. Lindo e... Totalmente sexy. E era a primeira vez que eu pensava assim nele, como um garoto, e um garoto lindo. E isso estava errado. Ele me olhava e estava sorrindo, com vergonha, eu sabia.
- E aí? Vai ficar me encarando só? Ficou ruim, não é? Eu sabia e... - Ele dizia tudo rápido.
- Não, não, ficou... - Lindo, perfeito, totalmente gostoso? - Legal! - Disse simplesmente. Não ia dizer tudo aquilo que estava pensando. Mesmo porque deveria ser o efeito de ficar tanto tempo cheirando esmalte, certeza.
- Ficou uma droga, pode falar!
- Não, ficou lindo! - Eu sorri. - Perfeito pro nosso plano. Antoine, você arrasou. - Eu disse, virando-me pra ele, que nos observava, ele riu.
- Aah, eu arrasei mesmo, não é? Esse deu trabalho, é muito rebelde. - Tom fez careta e eu ri. - Mas agora não vai ter quem resista a ele. Se cuida, gatinha! - Ele disse, piscando pra mim. Eu ri, sem graça. Tom me olhou confuso.
Despedi-me de Antoine, de minha mãe e fomos embora.
- Ahn, o que ele quis dizer com "se cuida"? - Tom me perguntou durante o caminho até o carro.
- Ahn, vai saber o que se passa na cabeça dos gays. - Eu dei de ombros e ele riu. Vai saber o que se passa na sua cabeça também, .

***

- Cara, quem é você e o que fez com nosso amigo? Fale! - Danny gritava e me sacudia pelos ombros, eu apenas ria junto com a .
Segunda-feira depois da mudança. Mesmo com o uniforme, a mudança era visível. Nada de calças largas ou cabelo totalmente bagunçado ou... Nada do que eu era antes. Era estranho, mas começava a me acostumar.
- É, as pessoas mudam da noite para o dia, literalmente. - Dougie dizia ainda espantado.
- Calma, gente, ainda temos o mesmo Tom Fletcher aqui só que... Melhorado. - disse e os meninos a encararam ainda sem entender. - Isso tudo é parte de um plano, gente, relaxa. Mas nós vamos precisar mesmo da ajuda de vocês. Vou explicar, é o seguinte...

- Então agora você quer ser nossa empresária? - Danny perguntou enquanto sentava no sofá. Estávamos na casa de Harry, no quarto que usávamos pra ensaiar, e ela estava lá para assistir.
- Exatamente! - Ela disse, sorrindo, e cruzou as pernas. - Preciso que vocês todos, como a banda que o Tom faz parte, fiquem mais conhecidos. - Os caras olhavam pra ela ainda sem entender. - Nossa, depois de eu explicar tudo, ainda não entenderam? Tudo bem, vou explicar de novo. Preciso que o Tom fique conhecido naquela escola ou no máximo de lugares possíveis, quero que todo mundo saiba quem ele é e que ele pode ser super legal e... Resumindo, eu quero todas naquela escola babando por ele.
- Ah, tá... Então tudo isso é pra ajudar o Tom a pegar garotas? O que a gente tem com isso, então? - Harry disse depois de um ataque de risos de todos.
- Não é isso. Mas de qualquer jeito é totalmente vantagem pra vocês, pensem... - Ela começou e eles começaram a se interessar por essa história - Se vocês ficarem famosos e tudo mais, também vão ter garotas babando por vocês e, de repente, até garotos também. - Eles fizeram cara feia, eu ri. - Eee... De quebra vão estar ajudando o amigo de vocês aqui a mostrar pra aquelazinha lá o que ela perdeu e ela vai se arrepender pra sempre e...
- Tá, a gente entendeu. - Dougie disse rindo. Ela poderia continuar a falar pra sempre se não fosse interrompida. - Eu to dentro!
- É, acho que não tem nada de mais em ficar famoso e pegar todas as meninas no colégio. - Danny disse com uma expressão pensativa.
- Não que precisássemos disso tudo, mas... Tudo bem, vamos lá! - Harry disse, dando de ombros.
- Ah, vocês não vão se arrepender. - Ela disse, abraçando os três ao mesmo tempo. - E eu vou ser uma ótima empresária. Tanto que já tenho um trabalho legal pra vocês. - E sorriu, os olhos brilhando.
- É? E o que seria? - Eu a olhava, confuso, porque disso ela realmente não tinha me falado.
- É. Bem, pelo menos pra um primeiro... - Ela disse. Não sei por que, mas tive a impressão de que isso não ia dar muito certo.

Capítulo 09 - The First Concert

- Sério, ? - Harry perguntou o que se passava na cabeça de todos nós. Estávamos no tal lugar que ela arrumou para a gente tocar. Era horrível. Era um bar, totalmente esquisito. Era quase tudo de madeira, mesmo, das paredes ao chão, passando pelas mesas e cadeiras e um palco totalmente capenga em frente ao balcão. Quase ninguém ia àquele lugar, por razões óbvias. E ali seria nosso primeiro show. Genial, quem deixou essa garota no comando mesmo?
- Ahn, é. - Nós a encaramos, ela se encolheu. - Ah, qual é? Não é tão ruim. - Ela tentava se defender. - Só precisa de... alguns ajustes.
- Alguns ajustes? , com esse palco é capaz de no meio de uma das músicas a gente simplesmente cair em cima das pessoas e... Ah é, que pessoas? - Eu disse ainda olhando para o lugar.
- Gente, calma, eu tenho um plano. Ai, parem com isso, esse é bom. - Ela completou quando a encaramos novamente. - Só... se preocupem com a música de vocês, o resto é comigo... E com o seu John, né não? - Ela disse a última parte mais alto olhando para o dono do bar, que estava no balcão nos observando, e sorriu. O homem sorriu, concordando. - Confiem em mim, ok? Quando eu meti vocês em alguma furada?
- Quer mesmo que eu responda? - Eu disse, uma sobrancelha erguida. Não seria a primeira vez, com certeza.
- Ahn, não. Mas dessa vez vai dar certo, ok? Confiem em mim, por favor! - E me encarou com carinha do gatinho do Shrek que sabia que nunca falhava.
- Ok, ok. Mas se tudo der errado é sua culpa e vamos lembrar disso pra sempre. - Ela sorriu e me abraçou.
- Não, vai dar tudo certo. Agora, vocês vão preparando o show de vocês e eu vou fazer ser o melhor, mesmo não tendo outro pra comparar e... ok, vocês entenderam. Agora vão, sábado todos vão finalmente conhecer o McFly.

Ninguém acreditou muito no plano super genial que a dizia ter. Mas fizemos o que prometemos fazer. Passamos a semana toda ensaiando, mesmo não sabendo para quem íamos tocar se aquele lugar só vivia vazio. Só víamos a nossa nova empresária sem noção durante as aulas, depois ela simplesmente sumia e não dizia o que estava aprontando.
Quinta feira, a escola estava mais agitada do que o normal. Todos comentavam sobre alguma coisa que ia acontecer sábado. Não acontecia muita coisa por ali além das festas do Mike e da Alicia, mas uma já tinha passado, e para outra ainda faltava tempo. Fui procurar saber.
Quando encontrei a ela estava com um panfleto verde nas mãos.
- Bom dia, senhor Fletcher! - Ela disse sorrindo como sempre.
- Bom dia, senhorita ! Por acaso isso aí é o motivo dessa agitação toda no colégio?
- Perguntei, apontando para o papel que ela segurava.
- Exatamente. - Ela disse com um sorriso vitorioso, entregando-me o papel.
Nele estava sendo anunciado um show, de uma banda nova, incrível e que ninguém se arrependeria de conhecer, no sábado à noite. Não tinha o nome da banda. Como alguém ia assistir a um show sem nem saber de quem é? Claro! Embaixo vinha uma observação que estava praticamente mais destacada do que o resto. "As duas primeiras cervejas são grátis". Lógico, quem não iria agora?
- Admito, ideia genial!
- Eu sei, não é? Foi a única coisa em que o John realmente me ajudou, e foi um custo pra convencê-lo de que valeria a pena. - Eu tive que rir.
- Cara, agora você seduz velhinhos pra conseguir o que quer? - Fiz cara de espanto e ri quando ela me bateu.
- Claro que não, idiota! Eu só tive que explicar que seria um bom negócio pra ele. E... agora pelo menos público vocês vão ter, a parte de eles gostarem é com vocês.

- Cara, isso aqui tá incrível. Tem certeza que estamos no mesmo lugar? - Danny dizia observando o lugar. Era o mesmo, mas realmente não parecia.
As mesas estavam cobertas com panos coloridos, amarelo, verde, azul, rosa e roxo. cada mesa com uma cor diferente. Assim como o balcão que era coberto de verde limão. Do teto caíam algo como lenços que iam de um lado a outro, também coloridos. Parece confuso, mas era... legal. O palco estava... seguro, pelo menos. E estava arrumado com três microfones à frente e o resto estávamos trazendo agora à tarde. E havia equipamentos de luz e som que não estavam ali antes.
- É, tá realmente incrível. - Eu disse simplesmente. Acho que estava errado sobre nada dar certo.
- Eu concordo. - disse, chegando perto de nós sem que percebêssemos. Ela estava lá desde cedo, terminando de organizar, segundo ela. - Podem começar a me elogiar agora! - Ela sorria convencida.
- É, ok, você é genial. Mas vamos começar a arrumar tudo e passar o som. - Harry disse, indo para o palco.

***

Eu realmente tinha feito um bom trabalho, modéstia à parte. O lugar estava mil vezes melhor do que jamais esteve. As luzes, a decoração, e até o som. Eu devia boa parte disso ao meu pai e seus ótimos contatos que não me cobraram nada por isso. Mas acho também que eu herdei essa coisa de promotora de eventos dele.
Tinha passado a semana organizando isso, e lá estava eu, observando orgulhosa de mim mesma o resultado. Estava tudo lindo, e com certeza a divulgação deve ter feito sua parte e aquilo ali estaria cheio em pouco tempo. Eram sete horas e os meninos tinham acabado de passar o som e tinham ido se arrumar, coisa que eu faria também. O bar abriria às oito e meia e o show estava programado para às dez. Antes iria rolar algo como pop e hip hop para esquentar a galera.
Quando cheguei, faltavam quinze minutos para abrir e foi o tempo de dar o toque final em tudo. Depois disso eu não teria muito o que fazer até perto da hora do show. Ninguém sabia quem estava por trás do evento, ou quem era a banda. Mas a resposta foi melhor do que eu esperava. O colégio inteiro parecia estar lá. Chegaram aos poucos, mas antes de nove e meia o lugar já estava super cheio.
- É, você tinha razão. Nunca vi isso aqui tão cheio. - Senhor John me dizia sorrindo mais do que nunca enquanto servia mais pessoas no balcão.
- Eu disse que o senhor não iria se arrepender. - Eu sorri de volta. Peguei a minha própria bebida. Por enquanto era o que consegui para os meninos e para mim, tudo de graça lá, mas nenhum pagamento. Bem, era melhor que nada.
Pouco tempo depois eles chegaram, e estavam lindos. Principalmente o Tom. Notei que algumas meninas também prestavam atenção demais nele, mais do que o normal. É, pelo visto tudo estava correndo bem. Mas com certeza depois do show ficaria melhor.
- É, nunca mais duvido de você, juro! - Tom disse, depois de me abraçar. - Você transformou o lugar mais capenga no novo point daqui. - Eu ri.
- Eu disse que ia dar tudo certo. Agora vocês têm que fazer um show incrível, porque foi isso que eu prometi naqueles panfletos.
- Pode deixar com a gente, gatinha. Isso aí vai ser fácil, nós somos incríveis. - Harry disse, abraçando-me de lado.
- Isso é o que vamos ver daqui a... uma hora. O que vamos fazer até lá? - Eu perguntei e eles sorriram maliciosos.
- O de sempre? - Danny perguntou e todos concordaram. Eu ri, eles não mudavam nunca.

- Agora é com vocês. - Eu disse antes deles subirem no palco. Eles estavam nervosos, eu percebi. - Fiquem calmos, vocês são demais. Eles vão adorar vocês. Só... vão lá e sejam vocês mesmos, divirtam-se! - Eu sorri e acho que isso surtiu algum efeito, eles pareciam um pouco mais confiantes.
- Você vai ficar aqui na frente, não é? Se eu esquecer a letra você vai estar lá pra me lembrar? - Tom disse baixinho antes de se juntar aos outros.
- Vou! - Eu sorri e ele sorriu também. Ele me abraçou, me deu um beijo na bochecha e subiu com os outros.

- Ahn, er... Boa noite! - Tom começou a dizer no microfone, visivelmente nervoso, quando a música parou. - Eu, ahn... Nós somos a banda McFly e vamos tocar algumas músicas pra vocês hoje. - Ele parecia tão nervoso a ponto de vomitar a qualquer instante. Fiquei preocupada. Mas ele olhou para mim, eu sorri tentando passar confiança, e acho que funcionou porque ele sorriu de volta, olhou para a plateia e continuou, dessa vez com mais firmeza. - Essa é uma das nossas, espero que gostem, se chama I've Got You.
Quando os primeiros acordes foram ouvidos eu me animei. Era uma das minhas favoritas deles. A reação das pessoas foi... interessante. Quando ele começou a falar, as pessoas olhavam meio confusas. Provavelmente por verem aqueles garotos, por quem ninguém daria nada, ali no palco. Quando começaram a tocar, as pessoas foram gradativamente se animando com a música. No fim, já tinha gente tentando acompanhar o refrão, mesmo sem saber direito a letra. Todos aplaudiram. Pude ver os olhos dos meninos no palco brilhando de felicidade, principalmente Tom. Ele me olhou sorrindo mais que nunca, e eu fiz o mesmo. Depois dessa eles tocaram um cover de I Wanna Hold Your Hand dos Beatles e mais algumas deles: I'll Be Ok, I Wanna Hold You, That Girl, e fecharam com Five Colours in Her Hair. No fim todos estavam super empolgados com a música deles e aplaudiram bastante. Eu era uma dessas pessoas, só que eu sorria bobamente observando o quanto eles eram bons. Eu morria de orgulho dos meus meninos, principalmente do meu Tom. Meu Tom...hm.
- Cara, vocês foram demais. - Eu disse, pulando no colo de Tom e o abraçando. Ele riu.
- Eu sei, não foi? Cara, foi tipo... Wow. - Ele estava totalmente desnorteado ainda pelo show e eu ri da reação dele.
- Ew, vocês tão suados, sai daqui! - Eu reclamei quando os meninos vieram me abraçar, todos juntos.
- Mas o Tom também tá, ué. - Dougie disse e o Tom riu e me abraçou de novo.
- Mas eu sou especial, ué. - Eu concordei com a cabeça e ri da cara que eles fizeram.
- Mas vocês são uns fofos, tá? Lindos, amo vocês, sintam-se abraçados, beijados, mordidos e tudo mais. - Eu disse e eles riram.
Algumas meninas vieram falar com eles. Na verdade, se atirar em cima deles, como se eu nem estivesse ali. Eu ri da cena, mesmo eles estavam meio confusos com tanta mulher em cima. Eu saí, fui buscar alguma coisa para beber, já que não ia ter a atenção deles por um tempo.
Fui para o bar e fiquei ali bebendo por um tempo, conversando com o John. Pois é, a essa altura eu já me considerava amiga dele. Ele falava sobre como os garotos eram bons, e sobre eles tocarem lá com mais frequência. E eu negociava um pagamento, claro. Porque nada nessa vida é de graça. Estava lá, me divertindo nas desculpas dele quando olhei para o lado e vi... Alicia. Ela estava lá com o novo... namorado ou sei lá o que dela. E o Tom estava ali perto, com umas três garotas em volta, conversando e se divertindo. Os outros meninos deviam estar por aí comendo alguém, sei lá. Ela observava isso com uma expressão que eu não consegui decifrar. Depois de algum tempo, ela voltou sua atenção para o garoto que a acompanhava. Será que o plano estava dando certo? Ainda não tinha como saber, mas tinha a impressão de que estávamos conseguindo o que queríamos.

***

Capítulo 10 - Making Jealousy

- Então ela viu? - Eu perguntei depois que me contou sobre o que viu da Alicia. Ela concordou. - E então?
- Então agora vamos passar pra parte dois do plano de vingança em cinco partes... - Ela disse, riscando o primeiro item da lista, que ficava do outro lado do quadro que usou no primeiro dia. O segundo item era: Fazer ciúmes.
- Fazer ciúmes? Hm. Tipo, pegando várias garotas na frente dela ou...
- É, isso também... Mas teria que ser mais, sabe, mostrar o que ela poderia ter e perdeu. O mais legal seria se tivesse alguma garota e você, sei lá, recusasse as outras por ela. Isso mostraria que você pode ter quem quiser, mas já tem alguém no lugar dela, entende? - Ela começou a dizer, fazendo algumas pausas para pensar. - Mas seria meio chato, sabe, usar alguém pra isso...
- Hm. - Eu estava sorrindo malignamente e percebi que ela entendeu o que eu queria dizer porque logo começou a protestar.
- Ah não, você acha? Não mesmo, não eu...
- Ué, por que não? Eu não estaria te enganando porque você sabe que faz tudo parte do plano e... Vai, seria tão horrível
assim? - Nós éramos amigos, nós sabíamos que era só isso, ia ser tudo fingimento, qual era o grande problema? Não é como se já não tivéssemos feito algo assim antes.
- Ah, cara, não... Da última vez não deu muito certo. E... Ela também não vai acreditar.
- Claro que vai, e vai achar pior do que se fosse outra... Afinal, ela nunca gostou de você porque morre de ciúmes de você. - Ela me encarava pensativa. - Você sabe que tem que ser isso. E você me deve essa.
- Hm, tudo bem. - Ela disse depois de pensar um pouco. - Vamos a isso, de novo, namorado. - Ela rolou os olhos, eu ri.
- Vai, eu sei que você gosta de ser minha namorada. - Eu a abracei.
- Tenho alternativa? - Fiz que não com a cabeça. - Eu mereço. - Ela disse rindo.

Flashback

Quatro anos antes...
- Cara, eu não aguento mais. - disse e jogou o celular em cima da cama. - Ele não cansa?
Tom, que antes estava deitado na cama, sentou-se e pegou o objeto, que quase o atingiu, para confirmar sobre o que ela falava. Tinha uma mensagem de texto aberta: ", por favor, volta pra mim! Eu não consigo mais ficar assim, sem você". Era apenas mais uma das 20 mensagens que ela recebera naquele dia. E todas da mesma pessoa, Michael, o ex namorado com quem ela tinha terminado fazia duas semanas. Mas ele insistia em ficar atrás dela.
- É, pelo visto ele não vai desistir mesmo, não é? - Tom disse, meio que segurando o riso. O cara não tinha mesmo orgulho próprio, só faltava rastejar na escola por ela.
- Pois é, mas quem tá cansada sou eu. Eu não aguento mais! - Ela disse bufando e se jogando na cama, com a cabeça pendurada para fora, encostando quase no chão. Tom riu e fez o mesmo. - Se não corresse o risco de arrumar alguém tão ou mais grudento, procurava algum garoto só pra ver se assim ele desiste.
Ficaram assim por um tempo, em silêncio. Alguns segundos depois, olhou para Tom, um sorriso de "ideia genial" no rosto. O menino a olhava meio sem entender, mas segundos depois pareceu pegar a ideia.
- Ah, você acha? Que nada a ver. - Ele disse, levantando-se e ela fez o mesmo.
- Tudo a ver. É só pra ver se ele se liga, nós não vamos, você sabe, namorar de verdade. - Ela dizia, e o menino parecia pensar na possibilidade.
- Cara, ninguém vai acreditar nisso.
- Claro que vai, todo mundo já diz que a gente tá junto mesmo, você sabe. Vai, não vai ser tão ruim assim. - Ela fez bico. Ele não conseguia dizer não a ela.
- Tá, vai, tudo bem. - Ele disse, e a menina sorriu e o abraçou. - Eu sei que isso é só desculpa pra você poder me beijar de novo. - Ele disse, rindo, e a menina deu língua e um tapa em seu braço. Ele riu mais. - Mas pode deixar, eu não conto pra ninguém. - E piscou, levando dessa vez um soco.

- Ok, acho que a gente exagerou dessa vez. - Tom disse pra assim que viram Michael sair correndo e chorando depois de ver os dois se beijando. A menina olhava assustada.
- Eu não esperava isso, esperava que ele ficasse com ódio, sei lá. Mas não isso.
Dois dias depois, e nada do tal menino. Descobriram que ele tinha mudado de colégio, e todos tinham certeza de que o motivo era ter trocado ele por Tom.
- Ahn, bem, se você queria que ele se afastasse...


/Flashback

Fizemos shows nos sábados que se seguiram, e a cada dia mais pessoas apareciam. Principalmente depois que um vídeo do show começou a passar de mão em mão naquele colégio. Passamos duas semanas rodeados de pessoas que nunca haviam falado com a gente. Principalmente garotas. Acho que essa história de ter uma banda realmente atrai garotas, por que não nos ligamos nisso antes? Vez ou outra percebia que Alicia me observava, mas ela sempre voltava a fazer qualquer outra coisa quando percebia isso. Combinamos, eu e , de esperarmos exatamente duas semanas para aparecermos juntos. E foi o que aconteceu.
- Ah, vocês são lindos, o show foi incrível! - Uma menina que eu nem conhecia dizia animadamente e as outras três amigas dela concordavam, cada uma se pendurando em um de nós.
- Ah, vocês gostaram? - Eu perguntei sorrindo pra elas, uma delas estava próxima demais, aliás, estava um pouco bêbada. Eu ri, se eu quisesse...
- Ahn, meninas, posso roubar o Tom um pouquinho de vocês? - chegou, puxando delicadamente pelo ombro, pelo menos para os padrões dela, a menina que me agarrava e sorrindo ironicamente para ela.
Essa deu um sorrisinho amarelo, respondeu um "claro" e se juntou às outras meninas para dar em cima de um dos outros caras. Eu abracei a rindo.
- Hm, ótimo, já tá com ciúmes de mim? - Disse no ouvido dela.
- Sou uma boa atriz, não sou? - Ela fez o mesmo, eu ri.
- Vamos ver, a noite ainda nem começou. - Sorri para ela e lhe dei um selinho.
- Aproveita que são poucas as chances que você tem de fazer isso. - Ela piscou.
Fomos nos sentar em uma das mesas, os outros garotos vieram, cada um com uma menina diferente.
- Então agora vocês estão juntos? - Dougie perguntou.
- É, acho que sim, não é? - Eu disse e concordou sorrindo.
- Eu sempre soube. - Harry disse, bebendo mais um gole do quinto copo de cerveja.
Nós não contamos a eles essa parte, preferimos que eles também acreditassem que estávamos juntos. Se eles acreditassem, nos conhecendo como conheciam, qualquer um acreditaria.
Depois de mais algumas bebidas, piadas que só tinham graça pelo nível de álcool no sangue e conversa sem sentido, os garotos estavam se agarrando com suas respectivas garotas, e eu e estávamos abraçados assistindo à cena. Durante a noite tinham rolado uns beijos para garantir que eles acreditassem na nossa história. Nada de mais para a gente.
- Cara, acho que eles estão tentando uma fusão. - dizia, os olhos arregalados, depois de meia hora disso. Eu ri.
- Pois é, e acho que tão conseguindo, olha! - Disse apontando para Danny e a garota, que estava no colo dele e não tinha como estar mais perto. - Vão prum quarto! - Gritamos juntos e rimos quando os três mandaram dedo ao mesmo tempo.
- Hm, acho que a gente devia fazer a mesma coisa. - disse de repente, fazendo uma voz sexy, apontando discretamente para uma menina que estava assistindo à cena. Eu logo entendi.
- Hm, acho que você tem razão. - Eu disse e a puxei para o meu colo, beijando-a. Conforme o beijo ia esquentando eu a puxava para mais perto, passando as mãos por sua cintura, indo até a coxa e subindo novamente. Eu não sei, mas aquilo... era totalmente diferente de qualquer coisa que já tivéssemos feito antes. Sentia que estávamos sendo observados, mas eu não me importava, nem um pouco. Depois de algum tempo ela parou o beijo.
- Ahn, er, acho que já chega. - Ela disse, voltando para sua cadeira, recuperando o fôlego. Eu não queria que já tivesse chegado. Mas ela era a , e isso estava errado.
- Ahn, é, já chega. - Disse meio desanimado.
- Acho que funcionou. Ela não está mais aqui e... Eu tenho certeza que ela viu! - Ela disse, sorrindo vitoriosa.
- É, eu também acho que sim, mas...
- Cara, acho melhor a gente ir embora. Acho que tem gente aqui que bebeu demais. - Danny disse, apontando para um Dougie quase verde.
- Tá, mas se vomitar no meu carro, morre! - Eu ameacei e ele concordou.

Capítulo betado por Bih Hedegaard



Capítulo 11 - Reject

- Tom, posso falar com você? - Uma Alicia, parecendo bastante nervosa, perguntou. Eu olhei pra e ela deu de ombros.
- Pode ser. - E eu fui com ela pro outro lado do pátio.
Faziam duas semanas do meu namoro de mentirinha com a . Nós ficávamos juntos na escola. Eu dispensava garotas. Fazíamos ceninhas fofas na frente das pessoas. E, de vez em quando, percebíamos que Alicia nos observava, mesmo com o tal novo namorado ou sei lá o que dela.
- Eu... Sabe, Tom, eu... Sinto a sua falta! - Ela disse.
- Ah, sente? Mas não faz sentido, afinal, o seu namorado é bem melhor que eu, não é? - Disse, tentando segurar minha raiva. A disse que eu deveria fingir que não ligava pra nada, ser indiferente. Mas era difícil.
- Tom, não faz assim, eu... Eu estou arrependida, sabe? - Ela disse, aproximando-se. - Eu fui uma idiota, eu nunca deveria ter feito o que fiz, eu...
- Mas fez. E isso não importa agora.
- Tom... Eu não sei por que... Eu nunca deveria ter trocado você por qualquer um, eu... Eu te amo, Tom. - Ela disse, segurando meu rosto com as duas mãos, fazendo-me olhar em seus olhos, que pareciam suplicantes. Ser forte. Eu precisava ser forte. Não podia cair nessa de novo.

Flashback

- E, então, acho que já estamos prontos para a parte três do plano. - dizia enquanto riscava o segundo passo do quadro. - Rejeitar.
- Tá, rejeitar... - Tom dizia, sem entender muito bem.
- É, e isso pode ser difícil pra você. Se eu estiver certa sobre ela, a essa hora ela está morrendo pra voltar com você, agora que viu que você é muito melhor que aquele garoto lá. E é aí que está, você vai ter que dizer não.
- Dizer não. Claro, eu nunca voltaria com ela e...
- Você diz isso agora. Mas você pode ter uma recaída. Mas lembre-se: não importa o que ela diga, você tem que fingir que não se importa, ser indiferente. Mesmo que ela chore, que ela diga que te ama... Seja forte. Ela não te ama, se amasse...
- Ela não teria feito aquilo. Eu sei. - O menino completou, suspirando. - Eu... Eu não vou ser idiota dessa vez. Ela pode fazer o que for, eu não quero saber.
- Isso! - A menina disse sorrindo. - Lembre-se disso quando ela falar com você.


/Flashback

- Não, Alicia, você não me ama. Você só me quer porque você viu que eu não sou mais seu, não faço suas vontades mais. - Não é isso, eu... - Ela ia dizendo, mas eu a interrompi.
- Não, Alicia. Agora me deixe voltar porque minha namorada está esperando. - Disse, dando ênfase à palavra namorada. E voltei pra onde e os caras estavam.
- E aí? - perguntou, abraçando-me quando eu sentei de costas pra ela, entre suas pernas, enquanto ela estava encostada na árvore.
- E aí... Foi como você disse.
- Hm, e você? O que você disse? - Ela mexia no meu cabelo.
- Que não. - Eu a olhei e ela sorriu pra mim, sem dizer mais nada.

Alicia tentou falar comigo mais algumas vezes, mas eu sempre dizia que não. Não podia cometer o mesmo erro novamente. Mas ela não desistia.
- Engraçado isso, não? - Danny disse, depois do ensaio.
- Engraçado o que, Danny? - Perguntei rindo, sem entender. Ele disse isso tipo do nada, bem Jones.
- Engraçado que agora quem corre atrás de você é a Alicia. Nunca imaginaria uma cena dessas meses atrás.
- Nisso eu tenho que concordar, é no mínimo... Estranho. - Harry disse.
- Pois é, o que a fama não faz, não é? É só o cara ter uma banda que faz algum sucesso e BAM, todo mundo está atrás dele. - Dougie disse e nós rimos.
- Pois é. Mas agora ele tem outra namorada, a . - Harry disse e eu engasguei com a água que estava bebendo. - Ué, o que houve? Eu hein.
- Emoção por ouvir o nome da . - Dougie disse e os outros riram.
- É, é, isso aí. Minha namorada. - Eu disse, tentando disfarçar. Eles me olhavam de um jeito estranho. Mas acho que decidiram deixar pra lá, porque mudaram de assunto.

- E aí, tem sido tão ruim assim?
- O quê? Namorar você? Não tanto quanto se fosse de verdade. - disse, pegando mais pipoca e comendo. Estávamos na casa dela vendo aquele filme chato que ela me obrigava a ver pela milésima vez. Estávamos sentados no sofá, abraçados e debaixo de um cobertor.
- Outch, obrigado! - Eu disse e ela riu.
- Ah, você entendeu. A gente... Não foi feito pra isso.
- E como você pode ter certeza? - Ela olhou pra mim.
- Eu... Eu simplesmente tenho, ué. Nós somos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Nós seríamos um casal totalmente estranho e, provavelmente, brigaríamos por tudo, sei lá... Seria esquisito, não seria?
Esse tempo fingindo que estava com ela foi bem... Estranho. Eu sabia que era tudo mentira, mas era como se eu não quisesse que fosse. Pela primeira vez, eu pensei sobre como seria se nós fôssemos o que nossas mães queriam que fôssemos. E não me pareceu ruim, muito menos estranho. O que era estranho era eu não achar que seria. E era a , isso não fazia muito sentido.
- Nós fomos feitos para sermos amigos. - Ela completou. E eu concordei, mas não era isso que eu queria fazer. Eu queria dizer mais, mas era melhor deixar assim.
- É, apenas amigos. - Sorri sem vontade e ela sorriu e voltou sua atenção ao filme.
- Cara, se liga, essa é a melhor parte. O Alex bêbado de anti-alérgico é o melhor. - Ela disse rindo e eu voltei a prestar atenção ao filme também. Mais ou menos. Estava com alguns pensamentos estranhos martelando na minha cabeça.

Capítulo 12 - Going Back To...

- Sei, então agora eu preciso...
- Voltar com ela, exatamente! - completou meu pensamento. Eu já estava meio perdido nessa parte do plano. Por que, afinal, eu teria que voltar com ela se a ideia era me vingar dela?
- Juro que nessa eu me perdi. - Admiti.
- Presta atenção! Você vai voltar com ela, porque esse é o pré-requisito para o próximo passo. - Ela disse, circulando o passo número cinco. - Entendeu? Não tem como passar pra ele sem isso.
- Mas eu... Não quero fazer isso.
- Sério? Vai desistir agora? Tanto trabalho pra nada? - Trabalho, era isso. Só isso. Eu precisava me lembrar disso, ela considerava tudo isso apenas parte do plano.
- Ahn, ok, você tem razão. Vamos a isso, então... Eu simplesmente volto com ela? Do nada?
- Ela ainda não desistiu, tenho certeza. Da próxima vez que ela vier falar com você, você diz que entende, que a perdoa e aceita voltar. E diz que terminou comigo por ela e tudo mais, ela vai ficar feliz com isso e, então... Passo cinco. - Ela disse, sorrindo malignamente. Ela podia ser bem má quando queria.
- Tudo bem, entendi. Mas, , antes disso, eu queria te falar uma coisa, uma coisa em que eu tenho pensado muito... - Eu precisava dividir isso com alguém e tinha que ser com ela. Eu precisava esclarecer tudo de uma vez.
- Pode falar. - Ela sorriu e olhou pra mim, curiosa.
- Eu... Acho que a gente... Sei lá... Acho que...
Katy Perry não podia ser mais inconveniente. Last Friday Night começou a tocar, era o celular dela. Eu respirei fundo. De repente, isso era um sinal. De repente, eu não deveria dizer nada.
- Ahn, pronto, pode falar agora. - Ela disse assim que desligou.
- Ah, não era nada. Mas me explica de novo como vai funcionar essa história...

- Tom, por favor, você precisa acreditar em mim. - Alicia dizia. Como a previu, ela não tinha desistido ainda. Era a quinta vez que ela dizia ser a última vez. Eu queria que ela desistisse. Mas tinha que continuar com isso.
- Ahn, tudo bem, Alicia. Eu... Eu acredito em você, você se arrepende de verdade, não é? - Disse, segurando suas mãos. Eu não acreditava em nada, não mais.
- Muito, você não sabe o quanto, eu... Só penso em como eu fui burra de perder alguém como você e... Eu te amo tanto. - Ela dizia, quase chorando. Se fosse algumas semanas atrás, eu simplesmente desmoronaria ao ver isso. Mas, estranhamente, eu não sentia nada.
- Eu sei e eu... Eu também te amo. - Dizer isso agora foi mais difícil do que dizer não daquela vez. Eu não acreditava mais nisso. - E eu acho que a gente pode tentar de novo e...
- Sério? Eu... Ai, eu juro que vai ser tudo diferente e... Você não vai se arrepender, eu prometo. - Ela me abraçou e me deu um selinho. E estava totalmente sorridente, eu tentei retribuir com a mesma animação, mas o que eu queria, na verdade, era estar com ela de novo. De verdade.
- É, eu sei que não.

- Sei, então agora você está de volta com ela? Eu não estou entendendo mais nada. - Danny perguntou enquanto estávamos nos preparando para o show, no sábado. Agora nós tocávamos lá todos os sábados, mas pelo menos recebíamos por isso.
- É, isso mesmo.
- Mas e a ? Vocês estavam tão bem e...
- É, mas não deu certo. - Eu disse, encerrando o assunto. E subimos ao palco.

Passei toda a semana ao lado de Alicia em todo o tempo livre que eu tinha. Ela voltou mais grudenta que nunca, só que agora eu achava isso incrivelmente chato. Mas pelo menos agora ela participava dos programas que eu escolhia. E eu tentava ser o melhor namorado do mundo. Não porque eu queria impressioná-la ou algo assim, mas por causa do plano da . Ela apostou que eu não seria um bom ator e não aguentaria nem uma semana. Eu não podia perder essa.

Flashback

- Ela precisa estar totalmente apaixonada por você, dessa vez. Ela, não você. - disse, finalizando a explicação.
- Eu estar apaixonado por ela, não tem nem jeito.
- Bem, você não pensava assim há algumas semanas, isso pode voltar, você sabe.
- Cara, se não fosse parte desse plano, eu nem falaria mais com ela.
- Por medo. - Tom a olhou confuso. - É, medo de gostar dela de novo. Aliás, eu duvido que você passe essa semana sem voltar todo apaixonadinho por ela.
- Sem chances.
- Lembrando que você não pode tratá-la mal, nem nada. Precisa ser tipo o melhor namorado do mundo. Não acho que consiga passar uma semana assim.
- Eu sou um bom ator, lembra? Todo mundo acreditou que eu estava super apaixonado por você, não foi?
- Ahn, er... Verdade. - A menina pareceu momentaneamente desconcertada, mas continuou a falar. - Mas não sei se vai conseguir isso. Bem, acho que rola uma aposta. - A menina sorriu. - Se passar uma semana sendo o melhor namorado do mundo, sem cair por ela de novo, você ganha. Se não...
- E quando eu ganhar, qual é o meu prêmio? - Tom perguntou, dando ênfase em "quando".
- Se você ganhar... Bem, depois a gente vê isso. Isso não vai acontecer mesmo. - Ela deu de ombros.
- Vamos ver.

/Flashback

***

- Então, ela não desconfia de nada?
- Não, certeza. Ela... Acho que ela fala sério sobre... Gostar de mim.
- Certo, estamos quase chegando no fim, então. - Eu disse, riscando o quarto passo. Percebi que Tom estava um pouco... Desanimado. Sentei ao lado dele na cama. - Ei, o que houve, gatinho?
- Ahn, nada. Quer dizer, eu não sei se... Se a gente deve... Continuar com isso. - Ele parecia triste agora. Será que...
- Você ainda gosta dela, não é? - Ele respirou fundo, não precisava responder. - Você ainda gosta dela. Ótimo. - Levantei. Depois de tudo isso, depois do que ela fez pra ele, depois de... Bem, se ele queria ser o bonzinho da história, eu não podia fazer nada.
- Ei, calma aí, aonde você vai? - Ele perguntou antes que eu pudesse sair. Quando virei, ele já estava perto de mim. Olhei em seus olhos e eles estavam... Confusos.
- Eu... Eu não sei. Eu só... Olha, se você ainda gosta dela é porque todo mundo estava certo. Você é um idiota. Você não aprendeu nada, não é? Ela vai fazer a mesma coisa de novo e vai ser sempre assim. Você deveria...
- Eu deveria? - Ele agora me encarava de um jeito que eu não sabia explicar. Eu senti como se ele estivesse esperando que eu falasse exatamente o que eu estava pensando. Mas eu não tive coragem.
- Nada, ok? Você não deve nada, não a mim. - Eu disse a última parte num tom mais baixo. Ele abaixou a cabeça.
- Então, eu acho que eu devo ir embora agora. - Ele disse, uma pontada de decepção na voz. E saiu.
E eu fiquei ali, sozinha, no meu quarto. Pensando se eu tinha feito o certo. Nós não tínhamos sido feitos para aquilo. Era o que eu tentava me convencer. Mas não funcionava muito bem se o que eu sentia era exatamente o contrário.

***

Eu não sabia se ela estava certa ou não. Eu não amava a Alicia, mas depois de mais uma semana com ela, eu realmente comecei a pensar nas coisas boas sobre ela em vez das ruins e isso estava me deixando confuso. Confuso porque, ao mesmo tempo, eu pensava na . Pensava se ela tinha razão quando dizia que nós fomos feitos para sermos apenas amigos. Não era o que eu sentia e era por isso toda a confusão. Não fazia sentido eu gostar da , não assim. Eu não sabia se devia continuar com aquele plano todo, se era certo tudo isso. Não fazia mais tanto sentido agora.
- Você deveria... - Ela começou a dizer, mas parou.
- Eu deveria? - Eu esperava que ela dissesse o que eu também pensava. Esperava que ela me mostrasse que eu não estava ficando maluco, que ela também gostava de mim, ou algo do tipo.
- Nada, ok? Você não deve nada, não a mim. - Ela disse a última parte num tom mais baixo. Era isso, ela não sentia nada, não como eu. Eu estava confundindo tudo.
- Então, eu acho que eu devo ir embora agora. - Eu não pude deixar de ficar decepcionado. Eu realmente esperava que fosse diferente. Eu só precisava sair dali agora. E foi o que eu fiz.
Mas e se... Se as coisas dessem certo com a Alicia, afinal? As pessoas podem mudar, não podem?

Capítulo 13 - Grand Finale: Breaking Hearts

Mais uma semana. Eu decidi não terminar com Alicia. Não estava sendo ruim, afinal. Ela estava me tratando melhor do que nunca. A ... Nós praticamente não nos falamos durante esse tempo. Mais uma semana e ela simplesmente fingia que eu não existia.
- Tom, lindinho, vamos sair hoje? - Alicia perguntou, tirando-me de mais um de meus devaneios. - Todo mundo vai e... Vai ser legal. - Ela estava super animada. Não estava muito a fim disso tudo, mas não conseguia dizer não.
- Ahn, claro. - Disse, quase automaticamente.
Olhei pra onde eles costumavam ficar e lá estavam eles, e ela. E pareciam se divertir com alguma palhaçada de Dougie. Ela ria e parecia mais linda a cada dia. Eu queria simplesmente estar lá com eles. Por que eu não conseguia?
Era isso. Mais uma vez, eu me peguei deixando meus amigos de lado e fazendo tudo de novo. Cometendo os mesmos erros. Ela estava certa, afinal, nada iria mudar. A não ser... A não ser que eu me livrasse de uma vez por todas dessa ligação esquisita que me prendia à Alicia. Era isso, eu ia continuar com o que começamos. Ia mostrar pra todo mundo que eu não era o fraco que estava parecendo agora. Ia provar pra ela.

- Essa música é...
- Eu sei. E nós precisamos tocar ela esse sábado. - Eu explicava a eles quando fomos ensaiar, na quarta feira.
- Eu não sei, cara, tem certeza? Parece meio... Sei lá. - Danny disse, olhando a letra da música novamente.
- Tenho!
- Bem, então vamos ensaiar! - Harry disse depois de pensarem um pouco. E todos concordaram. Nenhum deles entendeu muito bem a minha decisão, mas perceberam que aquilo era realmente importante pra mim.

- , você vai estar lá amanhã, não é? - Eu perguntei durante a última aula de sexta.
- Preciso estar, não é? - Ela não parecia tão animada com isso. Mas pra mim era o suficiente. Eu precisava que ela estivesse lá. Não ia funcionar sem ela. Eu tinha vontade de dizer tantas coisas pra ela... Mas isso teria que esperar.

Sábado, era isso. O dia em que tudo terminaria. Como de costume, fomos mais cedo para passar o som. Dessa vez, a não estava lá. Isso já me desanimou, será que ela desistiria de vir? Isso não podia. Precisava ter certeza, mas imaginei que ela não me atenderia. Sendo assim, pedi pra que o Jones fizesse isso por mim.
- , minha linda, tudo bem? Ah, sei, imagino. - Ele riu e eu já estava impaciente querendo saber o que ela dizia. - É, eu sei. Mas me diz uma coisa, você virá mais tarde, não é? - Uma pausa. - Ué, já tá desistindo? - Uma pausa e ele riu de novo. – Então, eu não deixo você chegar perto dos microfones, mas você precisa vir. - Mais uma pausa, a mais longa de todas, e eu estava quase pegando o telefone das mãos dele, mas me controlei. - Ok, tá certo, eu prometo. Mas, então, você vem? - Ele sorriu e fez sinal positivo pra mim. E só assim eu fiquei mais tranquilo. - Tá bom, amor. Até mais tarde e diz oi pro Fred. Beijos. - E desligou. - Pronto, cara, ela virá, mas... O que você pretende fazer, afinal?
- Você vai ver. - Ele me olhou desconfiado. - Vai dar tudo certo. - Disse sorrindo, mais tentando convencer a mim do que a ele. Podia dar tudo errado. Mas eu não queria realmente pensar nisso.

***

- Hm, o que você quer, afinal? - Disse já impaciente. O show tinha acabado há pouco tempo e eu pretendia ir embora, mas Tom insistia em conversar comigo. Fomos lá pra fora, onde fazia menos barulho. Ficamos uns dois minutos em completo silêncio. Ele parecia bem nervoso e não dizia nada.
- Ahn, eu... , eu... - E de repente ele fez a última coisa que eu esperava naquele momento. Ele me beijou. E eu fiquei sem reação, mesmo. Foi totalmente inesperado, mas era... Bom. E então eu percebi que eu queria isso. Toda a minha confusão pareceu ir embora pelo simples fato de ele me beijar, assim, sem nenhum motivo aparente. Eu estava apaixonada por Tom Fletcher. Era estranho, mas, nesse momento, parecia tão certo. E do mesmo modo que começou, terminou. De repente. Quando abri os olhos, não encontrei o que esperava, um Tom com tanta certeza quanto eu de que nós éramos feitos pra isso, afinal. O que encontrei foi, no mínimo, decepcionante.
Ele olhava para algum ponto atrás de mim e, quando me virei pra saber o que era, eu entendi. Alicia nos encarava, os olhos cheios de lágrimas. De tristeza ou de raiva, não tinha como distinguir. E, então, depois de quase um minuto de um silêncio perturbador, ela foi embora. Sem dizer nada. E eu continuei a olhar pra onde ela estivera há segundos atrás. E aos poucos consegui me convencer a olhar pra trás. E lá estava ele, com um sorriso vingativo nos lábios.
- Ahn... Acho que você conseguiu o que queria. - Disse, um sorriso irônico. Não podia simplesmente desabar na frente dele. Ele não merecia isso. - Acho que estão te esperando lá dentro. - E fui para dentro do bar novamente, deixando-o lá, sozinho. Por sorte, ele não veio atrás de mim, porque foi só eu me virar e as malditas lágrimas totalmente involuntárias começaram a cair.

***

Fiquei ali, sozinho. Sentei em um banco que havia ali, tentando entender o que tinha acontecido. Não era esse o plano? Não era isso que ela queria? Toda aquela encenação não era pra esse fim? Ela não me parecia satisfeita agora. E eu também não estava. Mas era isso, era o fim. O passo cinco, o Grand Finale. Não esperava que fosse assim.

Wide awake, my mistake (Despertei rápido, o meu erro)
So predictable (É tão previsível)
You were fake, I was great (Você era uma farsa, eu era demais)
Nothing personal (Nada pessoal)
I'm walking (Eu estou indo embora)
Who's laughing now? (Quem está rindo agora?)
(Who's laughing, who's laughing now?)
I'm wasted, wasting time (Estou cansado e perdendo tempo)
You talk for hours (Você fala por horas)
But you're wasting lines (Mas você está gastando palavras)
A pretty face but the chase (Um rosto bonito mas a corrida)
Ain't worth the prize (Não vale a recompensa)
I'm gonna break your little heart (Eu vou partir seu coraçãozinho)
Watch you take the fall (Ver você cair)
Laughing all the way to the hospital (Rir todo o caminho até o hospital)
'Cause there's nothing surgery can do (Porque não há nada que a cirurgia possa fazer)
When I break your little heart in two (Quando eu partir seu coraçãozinho em dois)
I'm gonna break your little heart in two (Eu vou partir seu coraçãozinho em dois)


Lembrava-me de quando escolhemos essa música. Durante um dos dias em que planejávamos esse final do "plano de vingança em cinco partes". Eu fiz como tínhamos combinado, afinal.

Flashback

- Sabe, essa música... Seria tipo genial se você tocasse e tipo... Logo depois você, sabe? Fizesse realmente isso, seria tipo... A cereja do sundae. - disse enquanto ouviam Break Your Little Heart, de uma das bandas preferidas dela. Ela pensou que combinava com toda essa história de vingança.
- Não sei, acho que seria meio... Cruel. - Ele respondeu, pensativo, depois de rir da história do sundae.
- Não, cruel foi o que ela fez. Isso só vai deixar mais... Emocionante. - Ela sorria malignamente. - Você precisa fazer isso. Quer dizer, você vai fazer isso, não é?
- Eu... Não sei. - Ele continuava pensativo. se aproximou dele, com o mesmo sorrisinho. - Não, isso não vai adiantar. - Ele disse, rindo e se encolhendo por antecipação. Mas não adiantou, ela começou a fazer cosquinhas nele e ele se contorcia de rir. Ela sabia os pontos fracos dele. - Tá booom! - Ele gritou, desistindo, por fim, ainda rindo. - Ok, tudo bem, nós vamos fazer isso, então. - E sorriu vitoriosa.


/Flashback

Ela sabia que eu não queria continuar com isso. Nós brigamos por isso, não foi? E eu decidi continuar, por ela. Então... Não foi por isso que nós brigamos?
- Hm, o que você quer, afinal? - Ela me olhava, já impaciente, eu sabia.
Eu estava lá, tentando dizer pelo menos um pouco de tudo que estava na minha cabeça naquele momento. E me preparando pra qualquer resposta.
- Ahn, eu... , eu... - Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, eu vi. A oportunidade que estava procurando. Alicia estava chegando ali onde estávamos. Eu terminaria com tudo aquilo agora. Num impulso, eu a beijei. Ela não correspondeu de primeira e eu pensei seriamente que ela pudesse simplesmente me agredir depois dessa. Mas, pra minha surpresa, não foi isso que aconteceu. E foi... Incrível. Eu finalmente entendi que não havia confusão nenhuma, apenas uma certeza: Eu estava apaixonado por . Era estranho, mas era isso. Mas então eu lembrei. Lembrei-me do que ela havia dito. Sobre tudo ser sobre o plano, afinal. E foi quando eu parei de beijá-la e vi o que isso havia causado. Havia dado certo, Alicia passou exatamente pelo que tinha me feito passar. Eu sorri com isso, mas isso logo mudou quando virou pra mim. E ela parecia... Decepcionada. Ou triste. Ou com raiva. Eu não conseguia distinguir.
- Ahn, acho que você conseguiu o que queria, afinal. - Sua expressão mudou para puro sarcasmo, um sorrisinho irônico que ela sempre usava pra me provocar. - Acho que estão te esperando lá dentro. - Disse isso e voltou pro bar.

- Tom, cara, você por acaso pode me explicar por que a voltou chorando pra lá? - Danny disse, parecendo um pouco irritado, tirando-me definitivamente dos meus devaneios.
- Eu não... Chorando?
- É. Então você não sabe? - Ele me encarava, desconfiado. Eu estava confuso.
- Ela... Não te falou nada?
- Falou muita coisa, mas a única coisa que deu pra entender foi algo como "Tom... Idiota... Odeio". - Eu respirei fundo. Era culpa minha, eu a fiz chorar. Eu era um idiota. Danny sentou ao meu lado. - O que você fez?
- Eu... Eu acho que eu estraguei tudo.

Capítulo 14 – Sorry, I Love You

- Ela não atende. - disse, bufando e me jogando no sofá. - Ela me odeia e vai odiar para sempre, eu sei. - apoiei a cabeça nas mãos, os cotovelos apoiados nas pernas.
Fazia quatro dias. Quatro dias e ela simplesmente sumiu. Não atendia ligações, não foi mais à escola, nunca estava em casa. Estava me evitando e era minha culpa mesmo. Mas eu já estava ficando preocupado.
- Cara, calma, ela deve estar bem, ela só... - Danny começou a dizer e sentou ao meu lado.
- Ela só não quer falar comigo. - eu encarava o celular insistentemente, implorando mentalmente para ela me ligar, nem que fosse para brigar comigo. Ficar sem falar com ela estava me matando. Literalmente. Eu não tinha vontade de nada. Dormir estava sendo praticamente impossível, comer não tinha a menor importância. Eu passava todo o tempo pensando na burrada que tinha feito e em como podia ter sido tudo diferente.
- Vocês são inacreditáveis. - Danny disse, de repente. Encarei-o interrogativamente. - Os dois se amam, mas nem percebem isso.
Eu a amava, tinha certeza disso agora. Mas ela... Droga, como eu pude deixar isso passar? Todo o ciúme, as brigas e... Aquele dia, todo o problema era... Ela também me amava.

***

Por quê? Era o que eu me perguntava. Por que ele tinha que ter namorado aquela garota? Por que eu tinha que inventar essa história maluca de vingança? Por que eu tinha que me apaixonar logo por ele? É tão... Clichê. Apaixonar-se pelo melhor amigo, que ridículo. Mas foi o que aconteceu, como nos filmes românticos que não me cansava de ver. Então, por que ele não se apaixonou por mim também, como nos filmes? Não era para terminar assim. Mas isso não é um filme, certo? É, isso é a droga da minha vida. Não podia dar certo, para variar?
- É, Fred, você está vendo, a vida é difícil! – peguei-me dizendo para o meu gatinho, que estava me rondando enquanto eu estava deitada na cama, chorando, agarrada ao Tom. O ursinho, claro, porque o Tom que eu realmente gostaria de estar abraçada provavelmente estava se divertindo no bar por tudo ter dado certo, para ele, pelo menos. Fred deitou do meu lado e passou a patinha pela minha bochecha, como um carinho. Às vezes, eu podia jurar que ele me entendia. Lembrei que Tom tinha essa teoria de que os gatos entendiam o que nós dizíamos e também sentiam como a gente. E eu ri com isso, eu sempre dizia que era bobagem, mas estava quase acreditando nisso agora.
Eu sabia que parte disso era minha culpa. Eu tinha inventado toda essa babaquice de plano de vingança. No começo foi divertido, mas agora eu me arrependia totalmente. Se tivesse deixado para lá, de repente, agora tudo seria como antes. Nunca iria pensar nele em nada além de um amigo. Ou será que...
Antes que eu pudesse concluir esse pensamento, uma música invadiu o quarto. Era o meu celular, mais uma chamada ignorada. Desde sábado, eu não o atendia e já era quarta-feira. Não tinha ido à escola, inventei que estava doente e minha mãe acreditou. Ou fingiu que acreditou, só sei que não me obrigou a ir. Talvez tivesse entendido que eu simplesmente estava mal. Tentou falar comigo algumas vezes, depois de eu pedir para dizer a qualquer um que viesse me procurar que eu não estava em casa, mas desistiu quando viu que não ia conseguir nada.

Música

The best thing about tonight's (A melhor coisa dessa noite é)
That we're not fighting (Que nós não estamos brigando.)
Could it be that we have been (Pode ser que nós tenhamos estado)
This way before (Desse jeito antes.)
I know you don't think (Eu sei você não acha)
That I am trying (Que eu estou tentando)
I know you're wearing (Eu sei, você está se desgastando)
Thin down to the core (Estreitando sua queda)


Estava sonhando com a voz linda de John Vesely, quando ouvi uma batida na janela. E eu percebi que não era um sonho e muito menos John cantando para mim, droga! Mas... Eu conhecia essa voz. E... Ok, momento déjà vu.

But hold your breathe (Mas prenda seu ar)
Because tonight will be the night (Porque essa noite vai ser a noite)
That I will fall for you (Que eu vou me apaixonar por você)
Over again (De novo e de novo)


Despertei definitivamente e fui até a janela. Encostei-me à parede próxima a ela, atrás da cortina, de forma que eu conseguisse ver lá fora, mas não pudesse ser vista. E só serviu para confirmar. Lá estava ele, lindo, como sempre, parecendo um pouco envergonhado, porque dessa vez eram só nove horas da noite e as pessoas que estavam acordadas em suas casas olhavam pela janela e algumas pessoas que passavam pararam para ver. Mas, mesmo assim, ele continuou lá, cantando para mim, mesmo que não soubesse se eu realmente estava ouvindo.

Don't make me change my mind (Não me faça mudar minha mente)
Or I won't live to see another day (Ou eu não vou viver para ver outro dia)
I swear it's true (Eu juro, é verdade)
Because a girl like you (Porque uma garota como você)
Is impossible to find (É impossível de encontrar)
You're impossible to find (Você é impossível de encontrar)


Continuei observando. Ele conseguia ser totalmente fofo quando queria. Mas dessa vez não foi como da outra. Eu prestei atenção à música e essa letra... Essa música não foi escolhida por acaso.

This is not what I intended (Isso não é o que eu tinha planejado)
I always swore to you I'd never fall apart (Eu sempre jurei para você, eu nunca iria desmoronar)
You always thought that I was stronger (Você sempre pensou que eu fosse forte)
I may have failed (Eu posso ter falhado)
But I have loved you from the start (Mas eu tenho te amado desde o começo)


***

So breathe in so deep (Então respire, tão profundamente)
Breathe me in (Respire-me)
I'm yours to keep (Eu sou seu para me manter)
And hold on to your words (E guarde suas palavras)
Cause talk is cheap (Porque essa conversa é barata)
And remember me tonight (E lembre-se de mim essa noite)
When you're asleep (Quando estiver dormindo)


Eu estava lá, ignorando todos os olhares que recebia das pessoas e ignorando a vergonha, implorando mentalmente para que ela não estivesse com raiva a ponto de jogar alguma coisa em cima de mim e me mandar embora. E esperando que ela entendesse que cada palavra dessa música era o que eu realmente queria dizer. Ouvia alguns comentários como "Coitado do menino, acho que ela não quer mesmo saber dele." ou "Que pena, ele é tão fofo, o que será que ele fez?" e um que me deixou totalmente sem graça: "Ah, ele é tão bonitinho, se ela não quiser, eu quero, com certeza." Tentei ignorar tudo isso. Tinha decidido que só sairia dali quando conseguisse pelo menos falar com ela. Mas estava começando a pensar se não estava só pagando mico à toa, se ela realmente não iria nem se dar ao trabalho de olhar pela janela. Estava quase desistindo, quando...
- Você não é muito criativo, não é? - ela estava na janela e sorria para mim. Um pouco irônica, mas já era um começo. Não pude evitar e sorri também.
- É, acho que não. Mas, dessa vez, eu pensei que eu iria realmente ficar cantando para a janela. - passei as mãos pelos cabelos, nervoso.
- Ah, mas olha quanta gente, dessa vez você até teve plateia. - e eu me lembrei das pessoas à minha volta. Quando eu olhei tinha mais gente do que eu imaginava, umas vinte pessoas no mínimo. E um grupinho de três meninas, que pareciam ter uns treze anos, estava sorrindo para mim. Eu fiquei totalmente sem graça e a ouvi rindo lá de cima.
- Mas a única que eu queria que visse parecia que ia me ignorar para sempre. Você podia descer, né?
- E por que eu deveria? - ela estava com um braço apoiado na janela e com a outra mão colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha.
E então várias pessoas começaram a gritar algo como "Dá uma chance para ele." ou "É, ele fez uma serenata para você." ou "Ele merece, fala com ele." E eu ri.
- Bem, o público está pedindo, você está vendo. - dei de ombros. Ela me encarava com uma sobrancelha erguida. E, de repente, ela sumiu. Sem dizer mais nada. Fiquei ainda encarando a janela por uns três minutos. - É, acho que é isso. - virei, decidido a ir embora, olhando para os meus próprios pés, totalmente derrotado. Até que eu ouvi a minha voz preferida. Virei-me para onde ela estava.
- Essa não era a parte em que você deveria sorrir loucamente porque a menina para quem você fez a serenata desceu para te abraçar? - ela dizia, sorrindo divertida. E eu fiz exatamente o que ela disse. Ela riu, veio correndo e me abraçou. Eu enterrei o rosto em seu ombro, sentindo de novo aquele cheirinho doce que eu tanto gostava e nunca pensei que fosse sentir tanta falta.
- Eu sou um idiota. - comecei a dizer e ela se afastou um pouco para me olhar, mas sem soltar do abraço. - Mas eu não quero mais ser. Eu só... Demorei muito para perceber o que eu, no fundo, sempre soube. Eu não quero mais ser seu amigo. - ela ergueu uma sobrancelha e o sorriso sumiu. - Porque eu preciso ser mais que isso. Eu te amo, . - ela deu um sorriso de canto de boca e me soltou. E depois me deu um tapa no braço. Eu a olhei surpreso.
- Você é um idiota, sabia? - ela tinha uma expressão meio irritada e eu logo pensei que tinha feito alguma besteira. Mas depois ela sorriu de novo. - Mas eu amo você, o que eu posso fazer? - e deu de ombros. Eu ri e a abracei de novo. Beijei-a, dessa vez sem motivo, sem segundas intenções, sem plano, sem nada. Simplesmente porque era isso que eu queria fazer. Depois de algum tempo, percebemos uma agitação em volta de nós. As pessoas, que eu já tinha esquecido que estavam ali, aplaudiam. De verdade, aplaudiam a cena e faziam "Awn". Nós rimos e nos viramos para eles. Fizemos uma reverência, como fazem no fim das peças no teatro, e algumas pessoas riram. E depois foram fazer o que quer que estivessem fazendo antes, deixando nós dois rindo dos comentários como "Agora vê se não faz nenhuma besteira." ou "Cuida bem dela." ou "Ah, eles são tão bonitinhos juntos."
- Viu, nós somos bonitinhos juntos. - eu disse, com uma voz meio gay, e ela riu.
- É, e você tem que cuidar bem de mim. - ela segurou meu rosto com as duas mãos enquanto eu a puxava pela cintura.
- É só o que eu quero fazer daqui pra frente. - ela sorriu e me deu um beijo de leve. - Ah, mas só me promete uma coisa? - ela pareceu confusa, mas concordou. - Nada mais de planos de vingança, tudo bem? - ela riu.
- Tudo bem. Ah, e posso te contar um segredo? - eu concordei com a cabeça. - Não foi nada difícil fingir ser sua namorada. - e foi minha vez de rir.

***

Epílogo

Eu me perguntava por que tudo aquilo tinha acontecido. Por que ele namorou aquela garota. Por que eu tinha inventado todo aquele plano maluco de vingança. Por que eu tinha que me apaixonar logo por ele. Por que eu tinha que passar por tudo isso. Mas agora eu tenho a resposta em uma simples palavra: destino. As pessoas passam por muitas situações, mas todas elas sempre vão chegar em um mesmo ponto final. E o meu era Tom Fletcher, agora eu tinha certeza. Mesmo que eu tivesse escolha, não teria feito nada diferente. Pois o que importa é que nós estamos juntos agora e, no que depender de mim, isso não vai mudar. Mesmo que para isso tenhamos que quebrar alguns corações pelo caminho.

Capítulo betado por Beatriz Chammas



F I M


Nota da Autora: É isso, meninas! Break Your Little Heart chegou ao fim. Espero que tenham gostado tanto quanto gostei de escrevê-la. Obrigada a todas que leram e comentaram, foi muito importante pra mim, mesmo :D Ah, acho que é isso, rs. xx Dani F.

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