Escrita por: Brubs Mota
Betada por: Andy




CAPÍTULOS: [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14]



I - Flashback


@

- Vem comigo. - chamou.
E eu, idiota, tive de segui-lo. Por que era assim tão difícil dizer não a ele? A resposta: seus olhos me deixavam hipnotizada. Não sei o que havia naqueles olhos, mas uma vez imersa em sua profundidade e elegância, eu não respondia mais por mim, nem tão pouco queria sair de lá.
Ele me buscou na sala depois da aula. Ainda me lembro como se fosse hoje: era o último dia de aula, ele disse que assumiria nosso relacionamento para todos da escola na hora da saída, no estacionamento. Naquele dia que não queria saber de nada. Já tinha brigado com meu melhor amigo por causa daquele garoto e não pararia até conseguir o que eu queria: fazer com que todos no colégio aceitassem o fato de eu e termos um relacionamento sério ou quebrar a cara. E foi exatamente isso o que aconteceu.
Chegamos no estacionamento e todas as líderes de torcida, todos os garotos do time de futebol e também toda a minha “equipe” de nerds estava olhando para nós. Olhei para Niall com orgulho e ele me olhou com pesar. Eu deveria ter lhe dado ouvidos. Olhei para com orgulho e admiração assim que ele gritou nos tornando o centro das atenções. Idiota. Mal sabia eu o que ele faria a seguir.
- Hey, vocês! – gritou no meio do estacionamento e todos olharam para nós. Alguns curiosos, outros rindo da palhaça aqui pois provavelmente já sabiam o que ia acontecer. – Presta atenção, todo mundo. Eu quero que esse dia fique na história. Eu sou , mas eu sei que todos vocês sabem disso. – Risos. – E essa – ele estendeu a mão pra mim e eu sorrindo feito a idiota que era a peguei. – é Anne . E é com todo o prazer do mundo que eu digo que ela é... – sorri involuntariamente, havia sonhado com esse momento praticamente todos os dias nos últimos três meses. Idiota apaixonada. – a garota mais ridiculamente ingênua que eu já conheci na vida. Provavelmente ela nunca vai arrumar um namorado normal, por isso me certifiquei de fazer um favor a ela sendo seu namorado nos últimos meses pra que ela sentisse o gostinho do que é ter uma vida normal. Por favor, aplausos. Não é sempre que se acha alguém assim. – Ele começou uma onda de aplausos e eu senti meu coração parar.
Todos, com a exceção de Niall e a minha trupe de nerds, riram horrores de mim. Senti meu sangue ferver e as lágrimas quentes começaram a cair. Meus óculos cairam junto com as minhas coisas. Eu estava sem ação, porém uma emoção crescia dentro de mim: raiva. Nunca mais senti uma raiva tão grande em toda minha vida, pelo menos não até aqui. Assim que soube que não ia me aguentar em pé por muito tempo, senti duas mãos me puxando pela cintura contra o seu corpo, me tirando dali sob alguns comentários do tipo “Vaza, Nerd!”, ou “Volta pro livro de matemática de onde tu saiu”.

- Vem. Temos que te tirar daqui. – Niall disse enquanto eu enxarcava sua camisa com minhas lágrimas.
Entramos num carro que algum tempo depois descobri ser de , o melhor amigo de . Niall sentou atrás comigo, me segurando forte como quem dissesse “Não vou sair daqui”.
- Onde vamos? – perguntou no banco do motorista. Tentei olhar para ele, mas minha vista estava embaçada demais para conseguir decifrar alguma coisa.
- Pra casa dela – Niall disse sem me soltar.
- Não – retruquei. – Minha mãe não pode me ver assim. Vamos pra casa do Niall.
- Nerd e mandona? Gostei dela. – riu. - Cala a boca e dirige, – Niall ordenou sem tirar os olhos de mim.
- Niall? – chamei num sussurro e ele soltou um murmúrio indicando que estava ouvindo. – Me perdoa. Eu deveria ter te escutado – falei sincera e outra avalanche de lágrimas desceu no meu rosto.
- Não é você quem precisa de perdão – sussurrou de volta e depositou um beijo em minha testa. Como meu melhor amigo conseguiu me aturar todos aqueles anos por ser idiota, eu não sei. Mas sei que as palavras de Niall naquele momento foram extremamente essenciais para minha recuperação.
Seguimos para a casa de Niall, onde meu irmão, Caio, estava me esperando. Bendita época em que ele tirou férias da faculdade pra visitar a gente! Nunca o vi xingar tanto como naquele dia. Eu sabia que ninguém o entenderia até porque ele xingava em português, dizia que os ingleses não tinham criatividade para esse tipo de coisa. Tive de implorar muito para não deixá-lo ir atrás de naquela noite depois de contar quem havia feito aquilo. Não valia a pena, eu sabia.

Naquela noite eu dormi na casa do meu melhor amigo. Minha mãe já estava acostumada a me deixar dormir lá, afinal, “ e Niall” era a mesma coisa de “ e Caio”. Me olhei no espelho antes de dormir. Eu estava normal: meus óculos enormes, minha camisa extra grande de heróis da Marvel – naquele dia eu usava especialmente a camisa do Super Homem porque eu achava que lutaria por mim da mesma forma que Clark fazia com a Louis -, meus all stars, coque malfeito prendendo meu enorme cabelo e minha franja fazendo uma leve curva acima dos meus olhos. Por fora eu parecia a mesma, mas então porque eu me sentia completamente mudada por dentro? Minha alma e meu coração foram feridos naquela brincadeira idiota, mas nada parecia fazer sentido pra mim. Eu já estava acostumada a ser zoada no colégio por ser nerd, um atributo do qual eu tinha orgulho. Eu já estava decidida que tudo seria diferente daquele dia em diante, mas nada parecia motivo suficiente para que eu fosse o alvo de .
- O que tem de errado comigo? – perguntei a mim mesma me olhando pela milionésima vez de cima a baixo no espelho.
- Nada. – O reflexo de Niall apareceu atrás de mim no espelho e ele me abraçou pela cintura, descançando sua cabeça em meu pescoço.
Lembro-me de ter comparado nossos reflexos. Niall sempre fora bonito e atraía a atenção de quase todas as garotas de qualquer lugar em que passasse e sempre aguentara as críticas numa boa por andar comigo, nunca deixou nossa amizade ser abalada por causa disso. Uma das raras vezes em que discutimos foi quando eu comecei a sair com o . Ele foi o motivo da nossa única briga numa amizade que na época completava dez anos.
- Por que você anda comigo, Niall? – perguntei sincera, colocando minhas mãos sobre as suas. Ele bufou.
- Vai começar com isso de novo?
- É sério, Niall. Olha pra gente! – Apontei para o espelho à nossa frente. – Não temos nada a ver! Parecemos a Dama e o Vagabundo. Mas os papéis aqui estão invertidos.
- Não parecemos, não. Parecemos dois adolescentes com uma amizade que supera tudo isso. – Tirou as mãos de minha cintura por um instantes e indicou nós dois no espelho.
- É a coisa mais estranha que eu já ouvi – confessei.
- Eu sempre gostei de coisas estranhas. – Ele sorriu e eu não pude evitar um sorriso também. – É assim que eu quero te ver. – Ele estalou um beijo em minha bochecha e sorriu mais ainda, indo em direção ao quarto.
Aquele sorriso me dava conforto, segurança. Niall sabia como me fazer sentir mais confiante, era só sorrir. Meu melhor amigo sempre fez de tudo por mim, sei disso. Quando o conheci, por exemplo: ele me defendeu de um protótipo de valentão no jardim de infância. Por nossas mães terem o mesmo emprego – enfermeiras - e nenhum de nós ser legitimamente inglês – Niall é irlandês -, acabamos nos entrosando muito bem. Fazíamos tudo um pelo outro. Eu o ajudava nas matérias exatas, ele me ajudava na educação física. Eu o ajudava com as garotas, ele me ensinava a dirigir. Quando meus pais se separaram e o Caio foi com o papai pro Brasil, Niall havia se tornado meu conforto já que mamãe passava o dia trabalhando. Quanto mais plantões ela pegasse, mais calma ela ficava.
- O que você vai fazer? – perguntei ao sair do banheiro do quarto do meu melhor amigo.
Ele sorriu malicioso e pegou seu iPod, colocando a “nossa música” pra tocar: Twist And Shout – The Beatles. Ele começou a dançar desajeitado – um incentivo pra que eu dançasse com ele – e me puxou contra seu peito, fazendo com que eu dançasse, risse e esquecesse do que havia acontecido mais cedo.
- Lembra de quando a escolhemos? – perguntei, deitada na cama ao seu lado depois de passar vinte minutos dançando a mesma música.
- Como eu poderia esquecer? – riu e eu arqueei a sobrancelha esquerda, desafiando-o a contar. - Passamos cinco horas em frente ao video game jogando Mario. Aí, tivemos a brilhante ideia de nos exercitar e na hora que ligamos o radio essa música estava tocando. No seu primeiro baile no colégio, depois de ter RECUSADO MAIS DE 20 CONVITES PARA IR COMIGO AO BAILE – deu ênfase à essa parte e eu rolei os olhos -, você finalmente aceitou dançar comigo e essa música começou a tocar. Depois de vários acontecimentos envolvendo essa música, decidimos que de todas as outras essa era a nossa, porque sempre fazia a gente ficar juntos – segurou minha mão e sorriu -, independente do que acontecesse.
- Poxa, Niall. Isso é tão intrigante – confessei.
- Por quê? – colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, já que ela insistia em cair em meus olhos.
- Por que você consegue memorizar essas coisas e ainda assim sempre se dá mal em matérias decorativas? – fiz careta e ele me deu uma almofadada.
- Vai tomar banho, vai. Eu quero dormir – fingiu irritação e se virou na cama.
- Eu te amo, Hall. – Estalei um beijo em sua bochecha e corri pro banheiro levando comigo a toalha, um moletom enorme do Niall e um dos meus tantos shorts deixados na sua casa.
- Eu te amo, sua chata – ele murmurou rindo.
Eu sei o que você tá pensando: “Quem diabos é Hall?”. A você, querido desinformado que não teve infância, Hall Jordan é meu personagem favorito de todos os tempos. Ele é o Lanterna Verde, querida criança. No dia mais claro e na noite mais densa todo mal sucumbirá quando o poder do Lanterna Verde encontrar, lembra? Essa frase resume tudo aquilo que eu via em Niall. Ele era o meu Lanterna Verde, o meu Hall Jordan. Eu sabia que no dia mais claro e na noite mais densa, Niall estaria ao meu lado pro que desse e viesse. Essa era só mais uma das nossas demonstrações de carinho, nos chamar por nomes considerados nerds. Ele gostava dessa brincadeira e eu não preciso dizer o que eu acho sobre isso, preciso?

Assim que saí do banho, vi Niall sentado na ponta da cama com as mãos em punho, parecendo prestes a esmurrar qualquer coisa.
- O que houve, grandão? – perguntei e ele indicou meu celular vibrando ao seu lado. Me aproximei curiosa e então vi o nome de na tela. Estremeci.
- Eu falo com ele – falou de uma forma quase psicótica e eu puxei o celular de sua mão.
- Ele é meu, Niall – falei da mesma forma e atendi o celular. – O que você quer? – perguntei seca depois de tomar fôlego e juntar toda a coragem que consgui achar em mim.
- ? Ah! Graças à Deus eu te encontrei!
Niall olhou pra mim e me entregou o fone de ouvido. Fiz que não, mas já era tarde demais. Eu sabia que se ele pudesse xingar de todos os nomes possíveis, assim ele faria, então fiz questão de implorar com os olhos que ficasse calado e me deixasse resolver aquela situação. E assim ele o fez. - Fala logo, . Eu tô ocupada.
- Nossa, . Não precisa ser assim tão fria comi... - Meu nome é .
- Eu sei disso, querida.
- Então me chame pelo meu nome – falei e vi Niall sorrir de lado. - Pra quê tudo isso? Eu liguei pra te pedir desculpas.
- Desculpas? – soltei minha melhor risada.
- Sim. Por todo mal que eu te fiz, por eu ter sido um covarde idiota hoje à tarde.
- Eu sei que foi. Agora só me resta tentar entender o porquê.
- Eu fiz aquilo por ciúmes, meu bebê.
- Me chama de meu bebê de novo e considere-se um homem morto. – li as palavras que saiam dos olhos de Niall e ele sorriu novamente.
- Não fala assim, . Eu só quero que você me perdoe.
- Eu te perdoo – falei e Niall me olhou confuso.
- Sério? Nossa, isso é ótimo . Não sabe como eu fico feliz em saber que você me perdoa. Acho que o meu coração vai pu...
- Tudo bem, . Eu já entendi. – rolei os olhos.
- Então, você tá livre amanhã à noite?
Idiota – os olhos de Niall gritavam. Eu sabia o que ele estava pensando. Ele queria que eu fosse à forra. Eu também queria isso, mas eu não iria ser tão baixa assim. Pelo menos não naquela época. Eu era besta demais pra pensar em alguma maldade.
- Eu disse que te perdoo, . Não disse que sou burra e que vou voltar a ser seu brinquedinho quando as garotas decentes dessa cidade te derem o fora. Agora vai procurar alguma liderzinha de torcida pra acabar com a tua seca vai, meu querido. – Niall prendia uma risada.
- Como é que é? , eu não tô entendendo o que você quer dizer.
- Eu tô querendo dizer que se eu ver a tua fuça por aí de novo, seja lá o que estiver acontecendo, se você se atrever a falar com a minha pessoa sem ter sido questionado, eu não vou medir esforços pra quebrar o seu lindo rostinho. Entendeu agora, ?
- Isso é uma ameaça? – perguntou irônico.
- Isso é uma promessa. E como já deve saber, eu nunca quebro uma promessa.
- Você não faria isso, .
- Duvida? – Sorri e desliguei o celular.
Por mais prazeroso que fosse ameaçar o , eu não ia aguentar falar com ele por muito tempo. Por tudo o que ele havia feito comigo naquele dia, como ele ainda teve coragem de me convidar pra sair?
- Eu tô tão orgulhoso de você, Sherly. – Niall sorriu.
- Eu também, meu caro Watson – falei sincera.

Você não tem ideia de como eu sinto falta desses apelidos de nerds que eu e Niall nos chamávamos. Aqueles tempos eram os melhores. Sem frescura nenhuma, dormimos na cama como sempre. Cada um numa extremidade por sermos ambos espaçosos. Assim que amanheceu o dia, eu passei a mão atrás de mim para tentar encontrar Niall, em vão. Me levantei um pouco e o encontrei sentado na sua extremidade da cama com o rosto afundado nas mãos. A porta do quarto acabara de bater, então logicamente presumi que alguém saiu dali naquele mesmo instante. Joguei minha toalha no chão e fui até meu melhor amigo.
- Niall? – chamei, sentando-me atrás dele e ele me puxou para um abraço forte. Eu sabia que não era coisa boa. Niall chorando nunca é uma coisa boa. Até aquele dia, ele só havia chorado no dia em seus pais se separaram, no dia em que eu o contei sobre a separação dos meus pais e quando nós brigamos por causa do . – Niall, o que aconteceu?
- Não posso te deixar. Não vou conseguir. – Ele soluçou e eu, pasma, levantei seu queixo para olhá-lo nos olhos. Seus olhos estavam marejados, ele já tinha chorado e agora estava sendo forte. Estava tentando ser forte por mim. – Caio acabou de vir aqui. Ele contou à tia Graça o que aconteceu e ela achou melhor... – ele mordeu o lábio e uma lágrima deslizou em seu rosto.
- Niall, depois eu deixo você chorar o máximo que você conseguir, mas por favor, grandão, termina essa frase – implorei e ele assentiu, suspirando.
- Você tá indo pro Brasil na semana que vem, . Vai morar com o tio Bernardo – ele disse num sussurro, porém sem mais nenhum indício de choro. Niall sabia exatamente o que ia acontecer a seguir.
Eu desabei a chorar em seus braços e estávamos de volta à mesma situação de mais cedo, no carro de , porém de uma forma mais profunda. estava na minha vida há alguns meses, aquela ferida ia cicatrizar. Mas Niall sempre esteve na minha vida. Era como o fim do mundo.

No dia da viagem, , Niall, sua mãe e seu irmão foram os únicos que acompanharam eu e Caio até o aeroporto. Nos despedimos de mamãe no dia anterior, já que ela não tinha o estômago forte para despedidas. Eu a entendia perfeitamente, era exatamente como ela.
- Promete que vai estar sempre comigo? – apertei minha gargantilha com um pingente prateado do cogumelo do Mario que havia ganhado de Niall no meu último aniversário.
- Sempre – ele apertou seu colar com o pingente dourado de uma clave de sol que eu havia lhe dado no seu último aniversário e me abraçou, depositando um beijo em minha testa.
- Por favor, aprenda a mexer no facebook – falei já com lágrimas nos olhos e ele riu.
- Pode deixar, pequena. Toma. – Se afastou um pouco e me entregou um anel verde delicado, com o símbolo do Lanterna Verde incrustado no topo.
- Você...?
Ele colocou o anel no dedo médio da minha mão esquerda e em seguida me mostrou sua mão esquerda com um anel idêntico ao meu, porém numa versão mais masculina.
- Cairdeas. I gcónaí. – Ele colocou a mão esquerda sobre o peito. Esse era o nosso cumprimento secreto. Aquilo significava 'amizade, sempre' em irlandês. Eu repetia as palavras em português e isso significava que não havia barreiras pra gente.
- Amizade. Sempre. – Fiz o mesmo e em seguida o abracei.
- Vôo 7433, com destino Recife, Brasil. Última chamada – uma mulher com uma voz nauseante falou.
- Bom, é isso – Caio falou abraçando tia Maura e eu me apertei mais contra Niall. – Obrigado por tudo, tia.
- Vocês são sempre bem vindos. – Tia Maura sorriu.
- Será que eu posso me despedir também? – perguntou com uma careta engraçada.
- Ora, ora, ora. Se não é o bicudo mais fofo que eu já vi? – Ri e o puxei. – Vem cá e me dá um abraço, rapaz!
- Nerd e mandona? Gostei dela. – sorriu e depositou um beijo na minha testa.
- Valeu pela carona, tá? – agradeci ao me afastar.
- Sempre que precisar, . – bateu continência.
- Até mais, Greg. – Abracei Greg. – Obrigada por tudo, mesmo. – Abracei tia Maura. - Eu te amo, grandão. – Abracei Niall pela última vez.
- Eu te amo, pequena.
Assim que o avião decolou, eu abracei Caio com todas as minhas forças. De alguma forma eu sabia que não voltaria àquela cidade tão cedo. E eu estava certa.

Quando chegamos na casa do nosso pai, em Olinda, os familiares mais chegados fizeram questão de nos receber com uma festa que durou no máximo uma hora, já que no outro dia eles iam viajar de férias para o Rio de Janeiro. Em poucas semanas eu já estava entrosada com os adolescentes da minha rua – que pareciam achar o máximo o meu jeito nerd de ser. O lugar, apesar de ser conhecido por ter um dos mais fervorosos carnavais do mundo, era tranquilo. Todos os dias eu acordava ao som dos bem-te-vis e dormia ao som de alguns grilos.
Assim que completei um mês no Brasil, Niall me enviou um presente: um violão. Ri assim que o vi. Niall sabia de todos os meus gostos e que o meu lado “artístico” só aflorava ao lado dele. Mas agora sem ele, eu teria que encontrar uma nova forma e encontrei de uma forma um tanto inesperada. Comecei a ir todos os dias aos lugares mais calmos que eu conhecia ali: a praia, o quintal (lê-se: o jardim que papai havia plantado na parte de trás da casa) e o meu quarto. Não sei quando exatamente, mas comecei a compor. E meus sentimentos mais profundos eram expressos em cada linha de cada música. A música, minha família e Niall eram tudo aquilo que eu mais prezava.
Marina – minha cunhada e uma das minhas melhores amigas -, me descobriu em um dos meus momentos de “inspiração” – quando eu pensava em Niall e na minha mãe –, cantarolando uma das minhas letras favoritas. Em uma ação conjunta com Caio, me gravou num desses momentos e levou a gravação para um velho amigo de seu pai. Dias depois, o tal velho amigo estava na minha casa tomando chá com o meu pai. Então eu descobri que o tal velho amigo era o Lenine, e que ele estava interessado em me lançar no mercado junto de uma banda de new rock chamada Koshtëmann, e precisavam de uma vocalista.
- Gente! – Lenine chamou ao entrar no estúdio onde as garotas faziam uma pausa no ensaio.
- Grande mestre! – uma loira de cabelos curtos levantou da bateria e fez uma leve reverência.
- Essa aqui é a . – Ele me apresentou e eu acenei após ajeitar meus óculos. – Sua vocalista.
- É a garota das composições? – a mesma o perguntou olhando para as demais garotas da banda.
- A própria – Lenine respondeu sorrindo e eu senti minhas bochechas corarem.
- Opa! – uma garota de longos cabelos escuros, com algumas mechas azuis, que estava no baixo correu para me cumprimentar. – . Muito prazer. – sorriu.
- Iane Veríssimo – a morena de rabo de cavalo que estava na guitarra acenou.
- Lee Kettner – a loira da bateria sorriu.
- E o Peppe? Cadê? – Lenine perguntou.
- Aquele desastre ambulante está bem atrás do senhor. – fez uma careta e Lee apontou com a baqueta para o garoto de cabelos castanhos escuros, com uma franja caindo sobre seus olhos derrubando alguma coisa no chão na parte externa do estúdio. Ri com a cena.
- Droga! – ele reclamou e entrou na sala.
- Esse é o Peppe Koshtëmann, . – Iane deu a dica. – Já que ele é o único homem da banda, decidimos que seria justo colocar o sobrenome dele como nome da banda já que é ele quem nos atura durante a TPM.
- Oi. – Sorri e ele sorriu de volta. Seus olhos verdes eram extremamente sapecas e profundos e até hoje ainda surtem em mim, o mesmo efeito que daquela primeira vez em que eu o vi: me traziam paz. - Ahn, oi. – Bagunçou o cabelo com uma das mãos e com a outra me cumprimentou. – , não é? – perguntou, olhando para Lenine ao meu lado.
- Exatamente – assenti.
- Então, vamos ver o que você faz. – Indicou o microfone no centro da sala.
- Ah, claro – concordei.
- O que você quer cantar? – Lee perguntou.
- Hmm, que tal Don’t Stop Me Now? – perguntei depois de Lenine ter me sugerido.
- Queen? A garota manja. – sorriu.

Nos demos super bem desde o início e acabamos nos tornando como irmãos. As composições deixaram de ser minhas ou do Peppe e se tornaram nossas. Quase um ano depois, no dia do meu aniversário de 16 anos lançamos nosso primeiro CD. Depois disso, as coisas começaram a acontecer numa velocidade exorbitante: os shows, os prêmios, as parcerias...
Fiquei feliz e muito orgulhosa ao perceber que várias pessoas se identificavam com minhas letras e emoções. Assim que lançamos o segundo álbum, fomos convidados pra fazer uma turnê nos EUA já que nos dois álbuns tínhamos músicas tanto em português como em inglês.
Chegando na terra do tio Sam, eu e Peppe fomos convidados a participar de dois episódios de Glee. Interpretamos dois irmãos órfãos que eram amigos de infância do personagem do Darren Criss e tinham uma crise de identidade. Fomos tocar no talk show da Ellen DeGeneres e eu fui entrevistada no Tonight Show, pelo Jay Leno, onde eu conheci o do Big Time Rush e nos tornamos grandes amigos.
Voltamos para os EUA para o lançamento do terceiro álbum e uma parceria com a banda The Maine, abrindo os shows para sua nova turnê. Recebemos um convite para participar de um episódio da série do Big Time Rush e, é claro, aceitamos. Interpretamos nós mesmos, porém numa versão arrogante e tínhamos uma rixa com o BTR. Por conta de um affair entre e eu, as duas bandas acabaram se entendendo e uma música em parceria das duas bandas acabou surgindo.
Todos ficamos muito surpresos ao perceber o sucesso que conseguimos conquistar fora do Brasil. Alguns nos comparavam com a Bieber Fever, mas nós nem ligamos. Afinal, contudo e por tudo, Justin continua por aí fazendo sucesso, não é?

Graças ao Twitter, ao Facebook e ao Messenger eu nunca perdi contato com o Niall. Meu melhor amigo também se deu bem através da música, que sempre foi sua grande paixão. Junto com , e mais dois amigos, eles entraram num concurso individualmente e ganharam como um grupo, tendo como grande prêmio um contrato milionário com uma grande gravadora. Fiquei super orgulhosa do meu grandão, por finalmente ter conseguido concretizar seu sonho. Também fiquei um pouco abalada quando soube que ele e o haviam se tornado grandes amigos, mas nada muito grave, afinal... Eu já tinha superado a fase “” da minha vida. Se eu namorei depois? Lógico, mas um único cara. Ele é aquele que me faz sentir especial. E não, não é o Peppe. Nem nenhum garoto de uma banda brasileira. Se você pensou em , acertou.
Assumimos o relacionamento sério há mais ou menos dois anos, mas devo lembrar de que o coitado sofreu até conseguir isso. Depois de muito penar, ele me livrou do trauma e me fez a pessoa mais feliz do mundo. é um dos poucos que sabem do que eu passei com o e me ajudou muito a superar isso. Ele vem ao Brasil durante as férias, e eu “moro” com ele sempre que não estou trabalhando. O que dá aproximadamente cinco meses ao ano. Se dá certo? Pra nós funciona perfeitamente. Eu fico na casa dele enquanto ele está trabalhando em studio e ele vem pra cá quando eu estou trabalhando em studio. Ficamos uns três meses sem nos ver, o que comparado ao tempo que ficamos juntos não é nada.
Mas porque eu tô lembrando de todas as fases da minha vida até agora? One Direction vem pra minha casa passar férias. Isso aí. Niall, – que eu conheço via Twitter, somente -, , e . . . Esse nome me faz ter lembranças indesejáveis. Tipo: de como eu era idiota quando estava perto dele. Mas também me faz ter lembranças boas: se ele não tivesse me humilhado daquele jeito, eu não seria metade do ser humano que eu sou hoje. Se hoje eu sei me valorizar é graças ao que esse garoto fez no passado.

Antes de dormir, peguei o celular e abri o Twitter. Seria meu último contato com o meu melhor amigo antes de ele dar as caras aqui na terra dos altos coqueiros.

@land: @NiallOfficial tá chegando. Mal posso esperar pra ver o meu grandão de novo {:
@LeeKettner: @land calma, garota. Ele só vem amanhã.
@PeppeTheKosh: @LeeKettner @land saudade não tem relógio.
@land: @PeppeTheKosh valeu irmão!
@NiallOfficial: @land Tô chegando, pequena. Saudade tá apertando demais.

Sorri ao ver o reply do Niall. Saber que ele sentia a mesma coisa que eu me fez sentir humana, se é que me entende.

@1D: Amanhã eu vou finalmente conhecer a tão famosa @land. Aleluia!
Retuitei o e ri do tweet que veio logo em seguida.
@: @1D Cuida dela pra mim, tá? Vai ter muito marmanjo querendo um pedaço.
@1D: @ Opa, pode deixar!
@land: @ @1D Nossa, segurança reforçada é?

O tweet que veio a seguir me fez estremecer, não sei ao certo porque. Mas acho que o simples fato de ele ter lembrado da minha existência me fez mal.

@1D: Esperando ansiosamente para ver @land de novo.



II - All Over Again


@Niall

Chegamos no Aeroporto Internacional dos Guararapes mais ou menos as 17 horas. Depois de dez horas enlatados no avião, desembarcamos na terra dos altos coqueiros. Eu estava mais que ansioso para ver minha melhor amiga de novo. Eu sei que nos falamos quase todos os dias, mas qual é? Eu não a vejo há quase cinco anos! E sim, eu estou preocupado com o que vai acontecer quando ela ver o . Ele mudou, isso é um fato. Mas demorou e muito. Assim que eu soube que ele estava no One Direction, falei pro que queria sair. Assim que o mudou sua postura de idiota valentão para cara responsável, passamos a ser grandes amigos, quase irmãos. O assunto ainda é muito delicado pra ele, e eu entendo isso. Sei que ele está abalado por irmos até a casa dela para uma temporada, mas agora tudo está diferente. Todos crescemos e amadurecemos.
- Tem certeza que ela vem? - perguntou, sentando ao lado dos garotos enquanto eu andava de um lado pro outro apertando o pingente que ganhei de com uma mão e o celular na outra.
- Ela me prometeu – respondi.
- Ok, sabichão. Isso significa alguma coisa? – perguntou.
- Harvie Godoy nunca quebra uma promessa – respondeu e eu o agradeci com o olhar.
- Assim espero. Não perderia isso por nada nesse mundo. – sorriu e todos nós olhamos pra ele, que rolou os olhos antes de começar a explicação. – Se bem me lembro, essa tal de prometeu que da próxima vez que visse o , independente da situação, ela quebraria seu lindo rostinho. – Cruzou os braços e bufou. - O garoto tem razão – concordou. – Sempre imaginei a sentando a mão na tua cara, .
- Isso é problema seu? – retrucou.
- Não temos tempo para problemas agora – disse com o olhar fixo na nossa frente. Segui seu olhar e entendi perfeitamente o que ele quis dizer: uma dúzia de garotas amontoadas vinham em nossa direção.
- Ouvi dizer que as brasileiras são as mais fervorosas. Vambora – disse , se levantando.
- Espera! – falei, prestando mais atenção à cena.
As garotas – e agora alguns garotos também – ainda não tinham percebido a nossa presença. Estavam pedindo fotos e autógrafos a uma garota de shorts cáqui, all star de cano médio vermelho e uma camiseta da mesma cor com a logomarca do Homem de Ferro que atendia aos pedidos sorridente. Forcei a vista e ao perceber seu coque frouxo e sua franja caída sobre seu Ray Ban preto, tive ainda mais certeza de que era minha melhor amiga. Continuava ela mesma, porém as roupas eram proporcionais ao seu corpo e o valorizavam muito bem.
- É ela. – Sorri abobalhado. – Rápido, me dá uma caneta – pedi a , que fez uma careta. Ele adquiriu o vício de fazer palavras cruzadas durante as viagens e numa viagem longa como a que tínhamos acabado de fazer, eu tinha certeza de que ele tinha no mínimo duas canetas nos bolsos.
- Qual a pretensão? – perguntou ao me entregar uma caneta.
- Não saiam daí! – ordenei, indo até o amontoado que cercava .
Me expremi entre duas garotas ruivas e consegui me aproximar pelas costas de . Forcei minha mente a se lembrar das aulas de português que eu tinha com a minha melhor amiga.
- Autografa minha camisa? – pedi. Na minha cabeça, meu português era perfeito.
Ela virou, pegando a caneta sem me olhar, já pronta para assinar a camisa, perguntando alguma coisa como “Qual o seu nome?”. Sorri automaticamente ao ver que ainda usava o anel que dei a ela no dia em que ela veio pro Brasil.
- Niall. Ou Hall. Watson, Stark, Taylor, Weasley, Dean, Spock. Ou se preferir, Grandão. Melhor amigo também serve. – Dei de ombros, após responder em inglês, e seus olhos pareciam fogos de artifício quando encontraram os meus.
- Grandão! – ela gritou ao me abraçar e eu tentei girá-la no ar, em vão.
- Ai, pequena. Não sabe como eu senti sua falta – falei, a apertando mais contra mim.
- Sei, sim. Ou acha que eu cresci e meu coração não? – Riu e me deu um leve tapa. – Preciso terminar isso aqui. Dois minutos? – pediu, juntando as mãos.
- À vontade! – Levantei as mãos em rendição e voltei até os meninos.
- Primeiro: cadê minha caneta? Segundo: deu pra virar poser de cantora brasileira agora, foi? – perguntou.
- Dude, eu sei que ela é gatinha, mas temos que esperar a sua nerd, lembra? – passou seu braço por cima dos meus ombros.
- Guys, aquela é a minha nerd. – Apontei para e , e levantaram num pulo. Ri com a cena.
- Aquela é a ? – perguntou e eu assenti em consentimento.
- Dude, eu queria ter tido uma nerd daquela na minha escola – comentou, entortando a cabeça para tentar vê-la melhor.
- Eu tive e me arrependo de não ter me interessado – falou e assobiou. – Dude, deve ser uma merda ser você agora. – Deu dois tapinhas nas costas de , que simplesmente o ignorou.
- Ela tá linda – disse com os olhos vidrados em .
Olhei para trás e vi minha melhor amiga se aproximando com um sorriso enorme no rosto e um brutamontes a tira colo.
- Ora, ora, ora. Se não é o bicudo mais fofo que eu já vi? – riu e puxou para um abraço, exatamente como tinha feito anos atrás. – Vem cá e me dá um abraço, rapaz!
- Nerd e mandona? Gostei dela. – sorriu e a soltou. – Preciso dizer que você está realmente muito melhor que da última vez que nos vimos. – Ele levantou sua mão fazendo-a dar uma “voltinha”.
- É, você também evoluiu, pokemon. – mediu de cima a baixo e soltou sua melhor risada.
- , tem certeza de que quer conhecer isso? – apontou para , que tomou uma pose galante quase no mesmo instante.
- A gatinha tá interessada em mim? – Piscou e levou um murro no braço.
- , certo? – perguntou e ele assentiu antes de ser abraçado por ela. – Eu faço questão de te conhecer. Soube que você é um amor de pessoa.
- Está feito. Esse não vai sair da zona de amizade. – zombou e nós rimos.
- Ela tem namorado, rapaz! Te orienta! – deu um tapa na nuca de , que resmungou um palavrão.
- Agradeço por me defender, . – abraçou o dito cujo, que sorriu discretamente. – É um prazer finalmente te conhecer.
- Digo o mesmo. O Twitter já não era mais suficiente.
- Sabe? Eu tenho uma prima que é muito sua fã. – tirou os óculos, colocando-os na gola de sua camisa.
- Sério? – cruzou os braços, realmente interessado.
- Uhum. A gente deveria marcar um encontro pra vocês se conhecerem. – sugeriu.
- Claro, por que não? Qual a idade dela?
- Onze anos – falou séria e eu, e demos início a uma crise de risos.
- Ao contrário do que esses bocós pensam, é sempre uma honra conhecer uma fã. Não importa a idade. – sorriu.
- É melhor guardar isso pra quando for pedir ao pai dela autorização pra levá-la ao show do Barney. – riu ainda mais.
- Quem é o bontião? - perguntei, apontando discretamente para o brutamontes que a acompanhava.
- Ah, esse aqui é o Pedrinho. - sorriu para o cara, que acenou de leve com a cabeça. - Caio achou mais seguro eu vir com ele já que ninguém pôde me acompanhar. - Deu de ombros.
- Imagina a altura do pulo com o impulso desses braços? - falou e riu, enquanto e o enchiam de tapas e eu massageava minhas têmporas.
- Quer que eu te arrume um babador, ? – perguntou a , que estava simplesmente estático olhando pra ela.
- Na verdade, eu tô precisando de uma babá. Se candidata? – arqueou uma sobrancelha, provocando minha melhor amiga.
Oh, shit. Do jeito que os dois se tornaram, se quiserem levar essa discussão à diante, a cobra vai fumar. Olhei para , implorando para que não continuasse.
- Desculpa. Saí desse ramo. – piscou e eu suspirei aliviado.
Rumo ao estacionamento do aeroporto, algumas garotas e alguns paparazzi nos reconheceram. De bom grado, posamos para algumas fotos e distribuimos autógrafos. quase teve um troço quando descobriu que dirigia um Santa Fe.
Sentei ao lado de , na frente, e atrás sentaram , e respectivamente. estava com o brutamontes de mais cedo num Honda Civic fazendo uma espécie de escolta até a casa da minha digníssima amiga, que ficava na cidade vizinha, Olinda. Fomos o caminho todo cantando The Beatles, Queen e Rolling Stones, o que veio bem a calhar já que Olinda fica a uma distância de mais ou menos uma hora do aeroporto.
Assim que estacionou murmurando “chegamos”, dei um pulo para fora do carro e os garotos fizeram o mesmo. A casa tinha um estilo de arquitetura colonial – sim, me informei antes de vir, caso minha melhor amiga ainda queira me questionar – e tinha um intenso tom de vermelho, com os detalhes em branco. Duas escadas nas extremidades da casa que fazia um contorno no jardim, davam acesso à uma varanda e consequentemente à entrada da casa. No jardim, as flores multicoloridas e as versões de anão de jardim dos personagem do Mario World deixavam bem claro que não tinha mudando tanto assim.
Uma garota loira apareceu na varanda e nos chamou para acompanhá-las e assim o fizemos. Chegamos na sala, que tinha alguns poucos móveis: uma estante, um rack – onde estava a TV -, um sofá e alguns puffs onde duas garotas estavam jogando Wii.
- Guys, essas aqui são Lee, e Iane. – apontou para a loira, a de mechas azuis e a morena respectivamente, que acenaram sorridentes. – Macacada, esses são Niall, , , e .
- Aquele ? – Iane perguntou em português e lhe lançou um olhar maligno.
- Eu sou o . – O dito cujo levantou a mão direita e eu agradeci mentalmente por ele não ter entendido a outra palavra.
- Onde está o Peppe? – perguntou.
- Ele foi no Tacaruna. Disse que ia ter muito macho numa casa só e isso não ia dar muito certo. Mas provavelmente ele aparece aqui pro jantar. – explicou.
- Vou ver como ele tá. – Iane largou o controle e saiu, seguida de e Lee.
- Qualquer coisa liga! – Lee gritou do jardim.
- Então, guys. Por favor, me acompanhem – disse .
- Garotas estranhas. – comentou enquanto seguíamos pelo corredor, cada um carregando sua mala.
- Mas bem gatinhas – falou assim que subimos as escadas e todos nós concordamos.
- Bom, garotos. Infelizmente alguns cômodos estão meio que ocupados e dois de vocês vão ter que dividir um quarto e os outros três vão dividir outro. Mas, ambos os cômodos são suítes. – falou, parando em frente à primeira porta no andar de cima.
- Tem vista pro mar? – perguntou e levou um tapa de .
- Todos os cômodos do primeiro andar tem vista pro mar, . – falou amorosa.
- Obrigado por me responder civilizadamente, . – sorriu, entrando no quarto a nossa frente.
- Dois ou três? – perguntou a Harvie, que fez 3 com as mãos. – Vambora. – deu um tapa em , que entrou com ele no quarto.
- Então, onde é o nosso quarto? – perguntei.
- Bem ali. – indicou a segunda porta à direita. – O jantar é as sete e meia. Por favor...
- Não vamos nos atrasar. – revirou os olhos. - Eu ia dizer nada de sapatos dentro de casa. Como eu lembro que não é um item muito utilizado na Inglaterra, tomei a liberdade de comprar sandálias pra vocês – disse, olhando direta e friamente para .
- Obrigado. – sorriu cínico.
- De nada. – sorriu do mesmo jeito.
- Qual é o jantar? – apareceu na sua porta, amenizando o inferno que seria se aquela “conversa” tivesse procedência.
- Comida brasileira. Da melhor. – piscou para .
- Quem é o chef? – perguntou.
- Tá olhando pra ela – eu disse e apontou pra si mesma. – Desce logo. Não quero comida mal feita.
- Sim, senhor. – bateu continência e se virou, rumo ao andar de baixo.
entrou no quarto e bateu a porta de forma consideravelmente forte. Jogou sua mala em cima da cama perto da janela e bagunçou o cabelo.
- Argh! – gritou ao se sentar na cama. – Aquela filha de uma...
- Hey, pega leve – falei ao pegar minha toalha. – Ela ainda é minha melhor amiga, lembra?
- Eu acho que não vou aguentar esse clima por muito tempo. – bufou.
- Mar, sol e calor? – perguntei.
- , gentilezas e ironias. Eu sei que eu fui um idiota, sei que o que fiz foi burrice, sei que ela disse que me perdoou. E eu pensei que ia conseguir levar tudo numa boa quando a visse de novo, mas parece que tudo veio a tona novamente!
- Dude, não tá sendo difícil só pra você. Tenho certeza de que a tá em um conflito interno e tá se segurando ao máximo pra não te bater.
- Nossa, ajudou pra caramba.
- , na minha opinião, que aqui é muito importante, você me surpreenderam. Eu pensei que tudo isso seria bem pior e aqui estamos nós: sem nenhuma discussão séria. Só relaxa, aja naturalmente. Vai ver que tudo vai se resolver.
- Agora ajudou. – sorriu e eu fiz o mesmo.
Nem eu tinha certeza do que eu havia falado. Tentei convencer a mim mesmo de que o conselho que dei à era o certo a se fazer e me deitei na cama, já que meu colega de quarto precisava esfriar a cabeça.

@

Por um momento eu pensei que não ia conseguir. Como é possível que ele ainda esteja mais bonito? Como é possível que por um tempo consideravelmente longo eu tenha esquecido que aquele era o cara que odiei todos os dias em quase cinco anos? Como é possível que por todo o caminho até minha casa eu tenha pensado em como seria beijá-lo de novo? Eu só posso estar louca! Só pode. Assim que desci pra cozinha, abri a geladeira e tomei um copo de chá gelado, o que automaticamente me lembrava de .
Depois de me certificar que as carnes estavam quase prontas, coloquei água pra ferver numa panela grande – já que hoje o jantar era pra um batalhão – e fui até a sala pegar o telefone, discando quase desesperadamente o número do celular de . Eu já estava acostumada a pagar horrores de conta de telefone, então não seria problema. Tudo o que eu precisava no momento era dele.
- Oi, amor. – eu não pudia vê-lo, mas sabia que estava sorrindo. Involuntariamente fiz o mesmo.
- O que é que você tá fazendo? – apoiei o telefone no meu ombro e voltei à cozinha pra terminar o jantar. - Jogando Wii com os caras, esperando a carona pro hotel. – assim que terminou a frase, , e gritaram “oi” sequencialmente. - E a minha nerd favorita? O que faz?
- To fazendo o jantar pra um bando de esfomeados britânicos que estão hospedados aqui em casa.
- Eles têm sorte – falou e eu ri. - Como você tá, amor? - Melhor agora. – ouvi gritar ao lado de e ri.
- Ele tem razão concordou. – E como está minha garota?
- Precisando de você – falei sincera.
- O que aconteceu? – perguntou preocupado após pedir silêncio aos garotos.
- Eu não vou aguentar isso por muito tempo, . Eu pensei que ia conseguir dar conta sozinha, mas não vai dar. Eu preciso de você aqui. – Prendi a porcaria do choro, que insitiu em se apossar da minha voz.
- Calma, . Vai dar tudo certo – falou amorosamente.
- Eu queria você estivesse aqui – sussurrei.
- , não faz assim... Você sabe que eu também queria estar aí, mas a turnê só termina daqui há duas semanas. Você vai ver, daqui a pouco eu chego em Olinda pra aproveitar o tempo que eu tiver com você. Mas por enquanto, conversa com o Niall. Afinal, ele é o seu melhor amigo, não é?
- É sim.
- Então, fica tranquila. Ele vai fazer de tudo pra te ajudar, eu tenho certeza.
- Obrigada, amor. – Sorri. – Manda um abraço pros rapazes, tá?
- Pode deixar. Manda outro pro seu batalhão. – Rimos.
- Até mais.
- ?
- Hmm?
- Eu te amo – sussurrou. - Eu te amo, – falei da mesma forma e desliguei o telefone, enquanto uma lágrima solitária descia pelo meu rosto.
- Dear God, que cheiro bom! – falou pausadamente e eu estremeci. – Você leva jeito pra isso, hein? – Entrou na cozinha e cruzou os braços, se escorando na porta.
- É melhor guardar as palavras pra quando o jantar estiver pronto, – falei, voltando minha atenção às carnes.
- ? – chamou e eu virei para vê-lo.
Por mais que eu ainda tivesse raiva dele, ouvi-lo me chamar pelo nome me dava um desgosto, até porque ninguém mais me chamava de desde meus dez anos. Ele estava sério e sua expressão o deixava mais atraente a cada segundo, me lembrando daquele garoto por quem me apaixonei no colégio. Tentei não me prender à isso e logo a imagem de surgiu em minha mente, me fazendo suspirar aliviada.
- O que foi? – perguntei sem demonstrar nenhuma emoção.
- A gente pode parar com isso? – Franziu o cenho e eu me fiz de desentendida.
- Isso o quê? – Franzi o cenho.
- Você sabe... – gesticulou e eu suspirei. – Isso já tem tanto tempo. Eu mudei, você mudou. Não tem por que a gente ficar se tratando assim, afinal somos adultos.
- Chamou minha atitude de infantil? – retruquei.
- Não, . Pelo amor de Deus, eu não quero brigar. – Se aproximou com um olhar aflito que mexeu comigo. – Eu só quero que as coisas se resolvam entre nós. Eu não aguento mais essa nuvem carregada sobre nós e os raios só caem em cima de mim! – Levantou as mãos.
- Acha que é fácil pra mim depois de tudo o que aconteceu? – sussurrei, contendo minha fúria a máximo. Por mais que eu quisesse gritar com naquele momento, se eu o fizesse, deixaria um clima insuportável pra todos naquela casa. E eu, definitivamente, não podia fazê-lo.
- E você tem certeza de que é pra mim. – Riu sem humor.
- Você não sabe o que eu passei, . – Me aproximei o máximo que pude, ainda usando o mesmo tom de voz, porém mais sério. Eu sentia seus olhos fixos nos meus e sua respiração começava a ficar irregular.
- E você sabe o que eu passei? – sussurrou de volta, cerrando os olhos e minha respiração começou a falhar. Seus olhos estavam fixos nos meus de tal forma que eu cheguei a pensar que podia ver minha alma e que eu podia tocar o íntimo do seu coração.
- Não comece tudo de novo, ...
- Você não tem ideia de como é bom ouvir você dizer meu nome de novo – sussurrou antes de me puxar e selar nossos lábios, colocando suas mãos firme e delicadamente em minha cintura.
Coloquei meus braços ao redor do seu pescoço e ele colocou uma das mãos na minha nuca. Nossos lábios se mexiam suavemente, mas eu sentia a velocidade com que nossos corações batiam: desastrados e decompassados, querendo sair dali. Até porque eram muitas emoções juntas para somente dois corações: raiva, frustração, paixão...
? Eu te amo. As palavras de ecoaram em minha cabeça e eu me separei abruptamente de . Como eu pude fazer aquilo com ? Como eu pude fazer aquilo com o único cara que me libertou do ódio que eu sentia e que aos poucos estava me afastando do mundo?
Voltei pra perto do fogão e hesitei um pouco antes de olhar para , mas ainda assim o fiz. Ele parecia tão abalado quanto eu e fitava o chão.
- O jantar está quase pronto – informei, voltando minha atenção às panelas, tentando apagar aquilo que acabara de acontecer.
- Vou avisar aos garotos. – Assenti e ele saiu da cozinha.
- Desde quando você é boa cozinheira? – Niall perguntou ao entrar na cozinha poucos minutos depois de ter ido.
- Desde quando eu sou cercada de seres esfomeados. – Ri.
- Dear God, que cheiro bom! Você leva jeito pra isso, hein? – entrou na cozinha repetindo as palavras de e eu senti algo revirando no meu estômago.
- Você tá bem? – Niall perguntou se aproximando e eu lhe lancei aquele olhar de “falamos depois”. Ele simplesmente assentiu.
- Quer ajuda? – perguntou ao chegar ao lado de e . – Posso terminar o arroz enquanto você toma um banho e se ajeita pro jantar – se ofereceu e todos os olhares da casa se viraram pra ele. – Único homem de uma casa fiel ao Jamie Oliver – explicou.
- Obrigada, chef . – Sorri e estalei um beijo em sua bochecha. – A cozinha é toda sua.
- Se eu pôr a mesa também ganho gratificação da anfitriã? – perguntou e eu assenti. – Onde ficam os pratos dessa casa? – Correu até o armário e eu saí da cozinha rindo.
Niall me acompanhou até o meu quarto, que fica exatamente na frente do seu. Tomei banho e me vesti no banheiro mesmo. Assim que voltei pro quarto, Niall me olhava pedindo explicações. Sentei ao seu lado na cama com as mãos nas coxas e ele colocou suas mãos sobre as minhas. Sorri ao ver que o anel verde ainda estava ali.
- Quer começar? – perguntou e eu assenti.
- O me beijou. Quer dizer, eu beijei e... Enfim, nos beijamos – expliquei em poucas palavras e os olhos de Niall pareciam querer sair de órbita.
- Detalhes, por favor. Mas não do beijo – pediu e eu me levantei.
- Ele me procurou na cozinha. Disse que não aguentava mais esse clima tenso entre a gente. Queria resolver as coisas.
- E pra resolver, você beijou ele? – perguntou quase compreensivo.
- Não! Eu queria xingar ele, queria bater nele, queria que ele soubesse de tudo o que ele me fez passar, mas aí...
- Vocês se beijaram – Niall completou minha frase e eu assenti. – Vem cá, pequena. – Deu duas batidinhas na cama ao seu lado e lá eu sentei, sendo abraçada pelo meu melhor amigo. – Como você se sente?
- Como eu poderia me sentir? Acabei de trair meu namorado com o garoto que eu mais odiava na vida! – Dei de ombros derrotada.
- “Odiava”? Não odeia mais?
- “Odiava”: o verbo está conjugado num tempo contínuo, Niall. – Revirei os olhos e ele riu, depositando um beijo em minha testa e em seguida se levantou, indo até a porta. – Não vai brigar comigo?
- Não agora. Tô com fome. – Passou a mão pela barriga e eu ri.

- Dear God! Casa comigo? – perguntou depois da primeira garfada, me fazendo rir.
- Acho que Ele não aceitaria essa proposta. – Niall apontou o garfo pra cima e nós rimos.
- Ele não, seu idiota. A !
- Desculpa. – Levantei minha mão direita e mostrei o anel de compromisso que me deu quando começamos a namorar. Olhei involuntariamente para , que comprimiu um grunhido e rolou os olhos.
- Dude, o negócio é sério! – disse, puxando minha mão delicadamente para ver melhor o anel. Na verdade, era uma aliança prateada extremamente delicada com alguns detalhes imitando o movimento do mar e uma pequena safira no topo.
- Há quanto tempo vocês estão juntos? – perguntou.
- 1 ano, 10 meses e 3 dias – disse Caio ao chegar na sala de jantar ao lado de Marina e depositou um beijo em minha testa. – Boa noite, maninha.
- Boa noite, gente. - Marina acenou.
- Guys, esses são Caio e Marina. Donavante meu irmão e minha cunhada. – Sorri, indicando os dois atrás de mim e os garotos acenaram com os garfos. – Jantar?
- Não, valeu. Vim ajeitar o estúdio e trouxe esse traste comigo. – Marina brincou e meu irmão a abraçou de lado. – Podemos?
- Ainda pergunta? – Arqueei as sobrancelhas, voltando a comer.
- Até mais. – Caio acenou e Marina mandou um beijo pra todos na mesa.
- Estúdio? – se limitou a perguntar.
- Na verdade é um mini estúdio. Assim que me mudei pra cá, Caio mandou construir um studio no porão. É lá que ficam os meus bebês. – Sorri.
- Violões? – perguntou.
- E guitarras, baixos, bateria e o piano - Niall respondeu.
- Podemos? – perguntou com cara de pidão.
- Claro. Depois que eu lavar a...
- Eu lavo a louça. – se ofereceu e Niall automaticamente lançou o seu olhar de agradecimento sobre ele, o que me deixou intrigada.
- Eu ajudo o e depois vamos todos. – Niall sorriu.
- É sério, tá muito bom. Qual o nome disso? – perguntou, apontando pro seu prato.
- Comida. – respondeu de boca cheia e nós rimos.
- Carne de panela à brasileira. Depois eu te passo a receita. – Pisquei para , que sorriu de volta.
Depois que e tiraram a mesa e eu lhes dei a devida gratificação, fui até a varanda do sítio, que ficava na parte de trás da casa, com pouca iluminação que dava uma vista magnífica das estrelas e da Igreja da Sé. Sentei em um dos bancos de madeira que estavam lá estrategicamente e pensei no que havia acontecido na cozinha entre mim e o mais cedo. Peguei meu iPod e coloquei a versão de Let It Be feita pelo Big Time Rush pra tocar. Coloquei minhas pernas em cima do banco e coloquei minha cabeça apoiada nelas. Senti algumas lágrimas caindo em meu rosto e me senti horrível ao lembrar que eu realmente gostei daquele beijo. Senti alguém sentar ao meu lado, mas nem me dei ao trabalho de levantar a cabeça para reconhecê-lo.
- O que aconteceu? – perguntou gentil e eu levantei o olhar, confusa. – Você aqui fora sozinha ouvindo uma música na voz do seu namorado; Niall, e tendo uma conversa séria na cozinha... – disse, limpando minhas lágrimas. – Eu posso parecer idiota, mas sei das coisas quando o assunto tem a ver com os meus amigos e sempre faço tudo o que eu posso pra ajudar.
- O que você já sabe? – Me ajeitei no banco para poder vê-lo.
- Eu, ahn... me contou o que aconteceu entre você e o na escola. E eu sei que ele não se orgulha nem um pouco disso.
O que eu estava pensando? Seria pedir demais querer que crucificasse o próprio amigo. Eu o entendia, embora não me sentisse nem um pouco confortável ao ouví-lo defender . Mas eu me sentia confortável em falar nesse assunto com ele, sentia que podia confiar nele.
- Eu pensei que eu fosse dar conta. Que vê-lo de novo não me abalaria nem um pouco pelo simples fato de eu me achar forte... Mas sem o aqui não dá – desabafei e ele me abraçou.
- Você é forte, . Mais do que pensa. Eu pensei que assim que você visse o no aeroporto iria meter a mão na cara dele – rimos -, mas foi totalmente o contrário. Você se comportou com elegância e classe, sem deixar a ironia de lado, claro. – Rimos novamente. – Yay, você está sorrindo! – Se afastou um pouco para me olhar com um sorriso divino nos lábios.
- Obrigada, . – Sorri sincera.
- Tô aqui pro que precisar. – Apontou pra si mesmo.
Minha consciência dizia pra eu não tocar naquele assunto, mas meu coração quase que implorava por uma resposta. Ainda um pouco hesitante, decidi perguntar.
- ? – chamei.
- Eu.
- O que você diria se fosse meu namorado e eu te disesse que eu e um cara que eu odeio praticamente a vida toda nos beijamos? – Mordi o lábio e ele fez cara de pensativo.
- Ficaria feliz por você não ter cometido assassinato – comentou, prendendo o riso, e eu não pude evitar o mesmo. – Não sei, . Talvez eu ficasse com raiva, talvez. Talvez eu terminasse o namoro. Talvez eu nunca mais te perdoasse. – Deu de ombros e um pânico enorme começou a crescer dentro de mim, fazendo com que algumas lágrimas voltassem a preencher meus olhos. – , não. Para! Não fica assim. – me abraçou novamente.
Só a ideia de jamais me perdoar me deixava totalmente transtornada. Eu sei que o que eu sentia por ele não se comparava ao que eu senti por na escola, mas a ideia de deixá-lo chateado e principalmente a ideia de ele nunca me perdoar por algo errado que eu fiz me deixava preocupada.
- Sherly? – ouvi Niall gritar e me levantei num instante.
- Tá melhor? – perguntou e eu assenti, enxugando as lágrimas com os indicadores.
- Vamos? – chamei sorridente.
- Agora sim. – sorriu de volta. – Vamos.


III - I Wanna Hold Your Hand


Acordei cedo pra caminhar e depois ir ao mercado. Tinha que comprar comida para aquele batalhão que passou boa parte da madrugada no estúdio. O beijo com o na cozinha, hoje completa uma semana. Nesse tempo todo, eu não tive coragem de falar com o , não depois do que fiz a ele. Minha comunicação – forçada – com o se resumia a cumprimentos básicos como “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”.
Coloquei um short preto, uma camisa cinza de ombro caído por cima do biquini amarelo, meus tênis e amarrei meu cabelo num rabo de cavalo bem preso. Passei o máximo de protetor solar que consegui e coloquei meus óculos escuros, rumo ao andar de baixo.
- Bom dia – alguém murmurou no sofá.
- Bom dia, . – Sorri.
- Tivemos a mesma ideia? – Levantou e então eu vi que ele também estava pronto pra uma caminhada.
- Espero que consiga acompanhar meu ritmo. - Pisquei e ele gargalhou.
Descemos algumas (lê-se: muitas) ladeiras e chegamos no calçadão. Nos aquecemos e começamos a nossa caminhada. Fomos conversando e rindo de algumas trapalhadas cometidas por ambos. Estava tudo tranquilo até eu lembrar de algo que havia me intrigado a semana inteira. Decidi não perguntar nada até sentarmos para descansar num quiosque já perto da Praia do Quartel.
- Isso aí. Andamos mais de um quilometro. – me ofereceu uma garrafa de água e sentou ao meu lado.
- Correção: já demos duas voltas e daqui a pouco temos que ir ao mercado e só depois vamos voltar pra casa. Calculando tudo dá uma média de aproximadamente sete quilometros. – Abri a garrafa e bebi do líquido após corrigi-lo.
- Você nunca vai deixar de ser nerd, né? – Fez o mesmo e eu baguncei a cabeça negativamente.
- , tenho uma pergunta. – Tampei a garrafa e a coloquei ao meu lado.
- Faça. – Deu de ombros.
- O que aconteceu com o depois que...? Você sabe.
arregalou os olhos e tomou do líquido. Respirou fundo umas cinco vezes antes de decidir falar, o que me assustou.
- Ele ficou muito mal, . Ele desenvolveu tipo um complexo de inferioridade e ficou malzão. Ele sofreu muito, se xingou muito e penou muito até voltar a ser o meu melhor amigo. Foi uma época muito tensa. Não gosto muito de lembrar disso. – Franziu o cenho e eu assenti, tentando ser compreensiva ao máximo.
Mordi o lábio com essa resposta. A verdade é que meu cérebro não conseguia assimilar direito o que tinha acontecido com as palavras de . Eu vivi aquela situação. Eu virei piada na escola por causa de . Eu mudei minha vida completamente por causa dele. E ele entrou numa bolha de tortura depois disso. Até que eu queria que ele sofresse, mas eu não conseguia pensar direito. Por que ele sofreu tanto com algo que ele tinha premeditado? Por que ele sofreu tanto com algo que, pelo meu ponto de vista, foi feito para seu próprio deleite e lazer?
- Desculpa – pedi ainda confusa e ele riu.
- Para com isso, . Não quero que você tenha pena dele, ainda mais sabendo tudo o que você passou por causa dele. Eu só te peço pra tratá-lo de forma um pouco menos ácida, pode ser? Até porque, mesmo eu gostando muito de você, ele é o meu melhor amigo. – Sorriu sapeca e eu retribuí sorriso. – Vamos pra água? – convidou e logo estávamos os dois –eu de biquini e ele de calção– na água, brincando e relaxando.
Eu sabia como era aquele sentimento. Proteger alguém com unhas e dentes. Eu faria de tudo por Niall e sabia que ele faria o mesmo por mim. De alguma forma, eu tinha certeza de que Niall tinha as mesmas atitudes que teve agora a pouco diante de um assunto tão delicado quanto aquele era.

- Bom dia – cantarolei, entrando em casa com , que carregava as sacolas do mercado.
- ! – apareceu sorridente na escada.
- O que tem pro café? – Peppe perguntou, saindo da cozinha.
- Bom dia pra você também. – Sorri sarcástica e ele sorriu do mesmo jeito. As duas bandas estavam se dando muito bem e Peppe e quase se tornavam melhores amigos. – Tapioca, cuscuz, frutas e suco.
- Goiaba? – Peppe levantou as sobrancelhas e eu simplesmente assenti, sendo acompanhada por ele, e até a cozinha. – Deixa o suco comigo.
- Obrigada. – Sorri.
- Posso? – perguntou.
Na semana passada, ensinei ao como penerar a goma de mandioca e ele até que gostou da parte de ficar com as mãos brancas. Subi pro meu quarto e pro dele, cada um tomando o seu merecido banho. Coloquei um vestido fresquinho, coloquei os óculos e prendi o meu cabelo numa trança de lado. Assim que cheguei na cozinha, ri com o dançando Michael Jackson todo sujo de goma.
- Acostuma, é assim mesmo. – Nialler riu atrás de mim na porta da cozinha e estalou um beijo na minha bochecha. – Dormiu bem, pequena?
- Uhum. E você, grandão?
- Muito bem. O vento aqui é um ótimo sonífero. – Se jogou numa cadeira e eu ri.
- Olha, . Eu penerei tudinho e quase não derrubei nada no chão. Tô melhorando! – me mostrou o pote onde tinha penerado a goma com um sorriso orgulhoso nos lábios.
- Muito obrigada, . – Sorri e estalei um beijo em sua bochecha, em seguida dei um tapa na nuca de Peppe. – Obrigada pelo suco, marmota.
- De nada – ele murmurou, indo até a geladeira.
- ? – chamei ao ouvir passos na escada.
- – o mesmo levantou a mão ao entrar na cozinha e eu sorri simpática. Lembrei da noite do beijo e isso me deixou com um arrepio na espinha, mas utilizei de todo o meu autocontrole para não deixar um clima desconfortável para os outros habitantes da casa.
- Cadê o ? – perguntei educadamente e Niall assentiu, aprovando meu tom de voz. Certas coisas não mudam mesmo.
- Tá no banho. Quer que eu o chame? – levantou as sobrancelhas, sentando ao lado de Niall.
- Você bem que gostaria, né? - Peppe falou, fazendo todos rirem.
- Lógico. Faço de tudo para vê-lo despido. E não precisa ter ciúmes, Peppe. Faria o mesmo por você. - piscou com um sorrisinho malicioso e nós rimos mais ainda.
- Tenho que te desapontar dessa vez agora, . não ficaria muito feliz em ser atrapalhado por você e não pelo - brinquei e mais risos. A maioria vindos de . - Então, agora eu tenho que pedir que todos desapareçam daqui pra que eu possa fazer um desjejum bom e saudável pra vocês. – Apontei para cada um presente no cômodo, deixando –que apareceçeu na porta assim que eu terminei a frase– por último.
- Qual é? Acabei de chegar – resmungou, fazendo bico e eu bati palmas, expulsando todos da cozinha.
Niall insistiu em ficar pra me ajudar. É claro que eu não consegui tirá-lo da cozinha a força e acabei cedendo. Fiquei com a função de preparar as tapiocas enquanto ele as recheava.
- Agradeço pela cordialidade – Niall se pronunciou depois de uns cinco minutos de conversas insignificantes.
- Eu não ia me sentir muito bem se os garotos ficassem no meio do fogo cruzado – respondi sincera.
- E eu não? – Niall virou pra mim com as mãos na cintura, me fazendo rir.
- Você tá acostumado – dei de ombros e recebi um pedala.
- Bom dia. – bocejou, chegando na cozinha e eu sorri simpática. Niall apontou para a sala e mesmo sem dizer uma palavra, entendi que fora uma ordem.
- Beleza. O que você quer falar? – perguntei, colocando mais goma na frigideira.
- Que precisamos de mais comida – disse, olhando pela janela da cozinha, cuja vista dava pra frente da casa, e eu franzi o cenho. – Suas amigas acabaram de chegar. E eu tô com uma fome enorme. – Apontou com uma colher para a janela e eu rolei os olhos.
- Horan – murmurei e ele bufou discretamente.
- O já tá sabendo do que aconteceu entre você e o ? – perguntou num tom sério e eu enrijeci.
- Não – respondi rápido. – Não tive coragem nem de falar com ele depois do que aconteceu.
- , faz uma semana hoje. Não acha que ele vai desconfiar de que tem alguma coisa errada por você ter passado tanto tempo assim sem falar com ele?
- Eu sei, Niall. Mas eu me sinto horrível. Nem que eu quisesse ia conseguir falar com ele sem me sentir a pessoa mais nojenta do mundo. Eu tenho medo do que pode acontecer quando ele souber de tudo – desabafei e ele suspirou. Niall se aproximou de mim e me segurou pelos ombros, virando-me para olhá-lo.
- Representou alguma coisa pra você? – Arqueou as sobrancelhas e usou um tom sério, porém prestativo.
- Eu não sei. – Mordi o lábio e ele suspirou de novo. Por mais que eu quisesse mentir para Niall, jamais consguiria. Eu simplesmente não consigo mentir para o meu melhor amigo.
Niall me abraçou e eu afundei minha cabeça em seu peito, sentindo meu rosto esquentar e meus olhos marejarem. Ele afagou meu cabelo e depositou um beijo em minha testa. Niall sabia mesmo como me acalmar.
- Vai ficar tudo bem. Você vai ver, tudo vai se resolver. – Niall segurou meu rosto em suas mãos e com os polegares limpou as lágrimas que corriam pelo meu rosto. – Mas liga pra ele, tá? – Sorriu sereno e eu assenti.

- ! gritou ao atender o telefone e eu sorri automaticamente. De longe, ele é a pessosa mais legal, idiota e engraçada que eu já conheci na vida.
Decidi seguir o conselho/ordem do meu melhor amigo. De alguma forma, eu sabia que eu ia acabar contando pro o que aconteceu na cozinha. Eu não consigo guardar segredo pra ele.
- Hey, . Como é que você tá?
- Tô bem, criatura. E você? - Tô bem também. E os meninos? Aprontando muito?
- Não precisa fingir que se preocupa com a gente, . Eu sei que você ligou pra saber do . - falou.
- Me sinto ofendida!
- Vai dizer que é mentira? - retrucou.
- Não tenho nada a declarar quanto à essa baboseira. O tá aí?
- Tá cagando! gritou e eu não pude deixar de rir.
- Ele tá aproveitando a jacuzzi. respondeu de forma séria e riu alto.
- E a turnê? Como tá?
- Tá muito...
- Ô sua curupira nordestina, pensei que não fosse ligar mais! interrompeu e eu sabia que tinha tomado o telefone das mãos do outro.
- Desculpa, mas tenho outra boy band pra cuidar. Ou você esqueceu que tem um bocado de britânicos aqui em casa? – Tentei não rir do comentário do e ele bufou.
- Mas olha só! Não faz nem duas semanas que eles invadiram a sua casa e você já tá falando feito eles!
- Mas eu sempre tive sotaque britânico!
- Mas ele tá mais puxado!
- Liga pra ele não, . gritou.
- Ele tá com inveja porque é o quem tá tomando conta da tua cozinha! gritou e eu tive que rir. sempre gostou de cozinhar. E quando eles vieram pra minha casa, ninguém podia chegar perto da cozinha.
- Quem é? – ouvi perguntar.
- Uma nerd praiera. respondeu e o que eu ouvi a seguir foi uma mistura de risadas, um vento fazendo uma zoada estranha e uma grande gritaria de “olés”. Ri tentando imaginar correndo atrás dos meninos, que por sua vez jogavam o telefone um para o outro quando chegava perto.
- Tchau, ! - os meninos em coro.
- Idiotas. murmurou e eu ri. – Amor?
- Hey.
Por mais ferrada que eu estivesse emocionalmente, quando eu ouvia a voz de , tudo parecia se acalmar.
- Quanto tempo, né? – Riu e eu fiz o mesmo. – Aconteceu alguma coisa de ruim?
- Conversamos sobre isso quando você chegar, tá bom? – senti minha voz falhar.
- Se você prefere assim, então, sem problema.
- Como foi o show no Hawaii? – perguntei animada. Sabia o quanto ele amava aquele lugar. - Foi maravilhoso. Fiz outra tatuagem e o invejoso do fez uma igual. - Ri.

- Vai? Deixa? - juntou as mãos fazendo cara de anjinho ao lado de Lee, que ria ao ver o garoto implorar pra jogar mímica.
Estávamos todos na varanda do primeiro andar. Niall tinha descido com e para fazer pipoca e nós, que sobramos, ficamos brisando olhando o sol ir embora.
- Você tem ideia do quanto isso é ridículo? - perguntou.
- E infantil - completou.
- Eu acho fofo e bem propício para o momento. - Tirei meus óculos e os entreguei a Peppe.
- E começou o momento infância mode on da ... - Peppe rolou os olhos.
- Ela também tem nostagia infantil? - apontou pra mim e Iane assentiu positivamente. - Olha que legal, . Arrumou uma coleguinha pra brincar com você - zombou.
- Não arrumei uma coleguinha. Arrumei a melhor coleguinha, tá? - deu língua, passando um de seus braços sobre meus ombros e eu sorri feito uma criança.
- Grandão, acho que você vai ser trocado - falei inocentemente quando meu melhor amigo apareceu na porta com e , cada um com dois potes enormes de pipoca. Ele semi cerrou os olhos, fitando .
- Infancia mode on? - perguntou e Peppe murmurou um "ã han", pegando um pote de pipoca das mãos dela.
- Bora começar. - me puxou para o canto (ok, soou meio tarado) e começou a sussurrar. - Qual o tema?
- Que tal personagens de séries e filmes? - sugeri no mesmo tom e ele esfregou as mãos, parecendo animado com a ideia.
- Quer ir primeiro?
- Tudo bem. Vou começar com Jack Sparrow. - Sorri.
- Ah, não, ! Eu queria esse! - Cruzou os braços, fazendo bico e eu ri.
- Tá bom, patão. Fica com ele, eu fico o Johnny English. - Sorri.
- Isso começa hoje? - Niall perguntou de boca cheia, jogando uma pipoca em mim.
- Vai, little - gritei, sentando no colo do meu melhor amigo, que colocou uma pipoca na minha boca.
tomou uma pose estranha e levou as mãos aos dreads inexistentes.
- Jack Sparrow - falou e em seguida jogou uma pipoca em sua boca.
- Qual é? - reclamou.
- Esse é sempre o primeiro personagem dele - Niall explicou e eu olhei furiosa para .
- Tá vendo! Eu deveria ter começado! - Joguei umas pipocas nele, em seguida correndo até ele, distribuindo tapas nele enquanto os outros riam de nós.

@
Droga, eu me sentia um idiota. Um idiota feliz, mas ainda assim um idiota. As coisas com a não estavam tão ariscas como antes, o que já é um avanço – forçado, eu sei. Mas ainda assim eu me senti idiota pelo que fiz ela passar. Eu conheço o , não somos amigos nem nada, mas ele é um cara super legal. Provavelmente contou a ele sobre o que aconteceu no colégio. Provavelmente, é meio gay eu estar preocupado com o que outro cara pensa. Mas eu não gostaria de estar no lugar dele, fato.
- Hey, guris. – apareceu na porta do quarto que eu dividia com Niall e o sorriso dele se alargou. Ele estava realmente interessado naquela garota. – O povo tá na varanda esperando vocês.
- Todo mundo já chegou? – perguntei.
- Yep. E é melhor andar logo. – Piscou e saiu.
Fomos logo depois dela. Ao chegarmos na parte de trás da casa, uma rodinha formada em volta de uma fogueira ria demasiadamente enquanto fazia cara de quem não entendeu enquanto Peppe tentava parar de rir para consolar o coitado. Tradução: falou merda e estão rindo às custas dele.
- Odeio quando isso acontece e eu não tô por perto – Niall resmungou, sentando ao lado de com o violão em mãos.
- Somos os rejeitados, Horan. Aceite – zombei, sentando ao lado de Lee, que comentou alguma coisa em português fazendo , Peppe, , Iane e Niall lhe lançarem um olhar macabro.
- Bora começar? – perguntou percebendo o clima de repente tenso.
- Com certeza. – concordou, pegando um cavaquinho.
- Com qual vocês querem começar? – Peppe perguntou ao pegar seu violão e esfregou as mãos, energeticamente.
- Tampem os ouvidos – alertou e assim as meninas o fizeram.
- U2! – gritou de uma forma completamente gay e as meninas riram.
- Sunday Bloody Sunday? – Iane arqueou as sobrancelhas e Peppe, e Niall começaram a tocar numa versão de samba (n/a: exatamente. Viva Sambô!).
, Lee e se levantaram para dançar. Lee tentava ensinar aos meus companheiros de banda como se deve sambar, mas ao invés disso eles acabaram tropeçando em seus próprios pés e caíram. Eu ri com a cena. Depois de umas quinze músicas, Iane, Lee, , e foram dormir.
- Chega de samba, né? – riu, pegando o violão das mãos de Peppe. Como eu amava aquela risada.
- Pode ser a última? Eu tô com sono. – bocejou, apoiando a cabeça no ombro de Niall.
- Pode ser. Diz uma aí, – Peppe falou.
- Acho melhor não – falei sincero.
- Qual é? Você ainda não escolheu nenhuma. Não acha isso injusto, não? – falou e eu dei de ombros. Olhei para Niall, que assentiu e começou a dedilhar I Wanna Hold Your Hand. Respirei fundo antes de começar a cantar, sabia que isso ia mexer com os meus sentimentos de uma forma profunda.

Oh, yeah. I’ll tell you something
I think you’ll understand
When I say that something
I wanna hold your hand.
Oh, please. Say to me
You’ll let me be your man
And please say to me
You’ll let me hold your hand.

Não sei em que momento exatamente, mas acabei entrando num mundo paralelo onde somente eu e estávamos. Não conseguir tirar meus olhos dos de nem por um segundo sequer. E seus olhos pareciam não querer largar dos meus. Essa foi a música que dançamos quando saímos pela primeira vez. Era uma lembrança boa. Aquela foi a primeira vez que eu não precisei ser , o capitão do time de futebol ou vocalista da One Direction. Só , um garoto como qualquer outro. Naquela noite eu não precisei ser o idiota super popular da escola. Só precisei ser eu mesmo, com neuras, imperfeições e manias. Eu mesmo.

And when I touch you I feel happy inside
Is such a feeling that, my love
I can’t hide, I can’t hide, I can’t hide.

Já não se ouvia mais o violão. Me levantei, indo em direção a e lhe estendi a mão. Ela a pegou, cantando a música quase que num sussurro. A segurei pela cintura e ele colocou as mãos em meus ombros, e assim começamos a dançar.

Yeah, you
You've got that something
I think you'll understand
When I'll
Fell that something
I wanna hold your hand
I wanna hold your hand
I wanna hold your hand
I wanna hold your hand.

A música acabou com um misto de nossas vozes. Seus olhos estavam confusos, mas brilhavam tanto quanto os meus. Ela deitou a cabeça em meu ombro e eu fechei os olhos, apoiando meu queixo em sua testa, afagando seus cabelos.
- Por que você mudou? – perguntou num sussurro e eu abri os olhos.
- Eu queria fazer por onde pra te merecer – respondi sincero.
se afastou e limpou uma lágrima que descia pelo seu rosto. Olhei em volta e já não tinha mais ninguém além de nós dois, as estrelas e as luzes da Igreja da Sé. Até mesmo a lua havia se escondido nesse momento.
- Por que essa ceninha? – perguntou um tanto grossa e sua voz falhou.
- Era o que eu queria te dizer. – Puxei sua mão e a coloquei sobre meu peito. Meu coração batia acelerado e ela me conhecia o suficientemente bem pra saber o significado disso. – É assim que ele fica quando você tá por perto. Não posso mais esconder isso. – Dei um sorriso fraco.
- Mas tinha que ser logo essa música? – Puxou sua mão de volta, cruzando os braços e se afastando de mim.
- Essa é a nossa música. Ela transmite exatamente o que eu sinto por você. E você sabe disso – dei de ombros.
- Não posso mais fazer isso - murmurou mais para si mesma do que pra mim. - Não posso me machucar de novo. - Fui até ela e segurei suas mãos, olhando profundamente em seus olhos.
- Não vou permitir que se machuque de novo - prometi e o silêncio reinou por alguns instantes.
- Boa noite. – forçou um sorriso e entrou em casa.
- Boa noite – murmurei quando ela bateu a porta de casa.
- Boa noite pra você também – falou, me abraçando por trás. Quase dei um pulo de susto, o que a fez rir. – Relaxa, . Tô aqui como sua amiga pra te ouvir. – Me puxou para o banco e eu prendi o riso. – Senta aí – ordenou e eu o fiz.
sentou sobre seus joelhos na grama a minha frente e colocou as mãos apoiadas nos meus joelhos, olhando pra mim.
- Ahn... – franzi o cenho.
- Frescura agora não, né? Pode começar! – Apontou seu longo e fino indicador pra mim. – Tá afim? Não tá? Qual o plano de ataque? E se não der certo? O que você vai fazer? Já pensou nas possibilidades? – disparou rápido.
- Whoa oh! Peraí! Respira. - Levantei as mãos.
- Por que os homens são sempre tão lerdos? - Olhou pra cima. - Anne ? Lembra? – fez cara de ‘dã’.
- Que tem ela?
- Que tem ela? Que tem...? Que tem vocês! Quero que vocês fiquem juntos, ora bolas - resmungou, colocando as mãos na cintura.
- Você é meio pirada, garota - falei sincero.
- Eu sou a pirada que vai te fazer reconquistar a garota que você quer.
- Tem certeza que você é amiga da ? – indaguei.
- Por ser amiga dela eu tô aqui – falou séria, o que me deixou confuso. era legal, divertida e totalmente sem noção, mas eu sabia da sua fama de tomar as dores dos outros. – Vai, querido. Começa a falar!
- O que eu posso dizer? – Levantei as mãos.
- Pode começar com o que você sente por ela – falou e eu arqueei uma sobrancelha. – Beleza, a gente pula essa parte porque já tá muito manjada, né? Então, me conta o que você sentiu pra ter feito aquela besteira no passado.
Suspirei.
- Eu tive vergonha. Não dela, de mim mesmo. Eu não queria fazer aquilo com ela. Gostava dela, ainda gosto, mas é que... O foi o único que não me julgou, o único que disse tudo bem por eu estar me "misturando" - fiz aspas no ar, esperando que falasse algo. Como ela não disse nada, prossegui. - Eu realmente ia assumir tudo naquele dia, mas quando eu percebi o que os imbecis achariam de mim... Não me orgulho do que fiz a ela. Sei que fui um idiota - conclui meu desabafo, soltando meus ombros. Falar aquilo pra alguém que não fosse um dos caras, meus melhores amigos, me fez sentir mais leve. Mesmo remoendo uma dor íntima, eu me senti bem.
- Obrigada por ter falado numa boa, - ela falou e eu sorri fraco. - Sei que é difícil, mas tô aqui pra te ajudar.
- Ajudar? - franzo o cenho.
- Lógico. Acho linda a ideia de vocês dois juntos. - Ela piscou e eu não consegui conter um riso abafado. - Diz logo, qual o plano? - Tentar reconquistá-la – dei de ombros.
- Tudo bem, garanhão. Já entendi essa parte. Como você vai fazer isso? – perguntou e eu franzi o cenho. Realmente não estava entendendo nada. Mas se estava disposta a me ouvir...
- Ainda não sei – confessei.
- Você tem certeza de que já namorou com a ? – Me olhou séria e eu ri sem humor.
- Ela mudou muito...
- Nem tanto quanto você imagina. Ela continua nerd e maluca. A única diferença é que ela virou uma Ice Queen em relação a você. Mas só em relação a você – falou como se estivesse contando um filme.
- Por que quer me ajudar, ?
- Ela é minha melhor amiga, - deu de ombros.
- Sua melhor amiga que está namorando o e me odeia profundamente - falei. - É sério, . Não deveria estar me odiando também nesse momento? - Arregalei os olhos e ela riu. - Por que tá fazendo isso? - perguntei agora sério.
suspirou e eu me arrependi de ter perguntado ao perceber seu olhar fixo no céu.
- Eu sei que isso vai parecer ridículo, - riu sem humor - mas eu conhecço aquela macaca suficientemente bem. Sei que ela gosta do , mas... - ela parou para encarar. - Não é ele quem ela ama. - Riu torto.

Fui pro quarto com as palavras de martelando em minha cabeça. Murmurei um simples "boa noite" ao passar pela sala para quem quer que estivesse ali. Cheguei no quarto e Niall não estava lá. Quarto de , presumi. Me joguei na cama e quase tive um troço quando uma coruja piou do lado de fora.
Ri de mim mesmo. Olhei atentamente para o telefone no criado mudo. nos proibira de usar os celulares para ligar para fora do país, e se ainda assim usássemos, ela nos deixaria num interior com uma trouxa e um cantil. Tirei o telefone do gancho e disquei o número da minha casa. Sim, tenho consciência de que é madrugada na Inglaterra.
- Hello? - minha irmã atendeu num sussurro.
- Pontual como sempre. - Ri do fato de ela estar chegando da balada e ela bufou.
- Também sinto sua falta, .
- Sei disso - respondi e tinha certeza de que ela estava revirando os olhos. - Precisamos conversar - tomei um tom sério.
- É a , né? - perguntou preocupada e eu suspirei em consentimento. - Não posso fazer muita coisa à distância, .
- Sei disso, sissy. Mas preciso te ouvir, mesmo que não seja o que eu quero - falei sincero.
- Dê tempo ao tempo, dear. Se tiver que ser, será.
- Obrigado - sussurrei.
- Eu te amo, garoto.
- Eu te amo, garota.
- Não desamina não, tá? - falou de forma engraçada e eu ri. - Boa noite, gatinho.
- Boa noite. - Sorri e desliguei.
Não sei quantas vezes eu suspirei, mas aquilo pareceu me acalmar.
- Juro que se você suspirar mais uma vez eu te jogo da janela - comentou deitado na cama de Niall, fazendo sua presença ser notada. - Tá tudo bem?
- Vai ficar. Assim que eu descobrir o que fazer. - Sorri fraco.
- Não se preocupa. Mesmo não tendo ideia do que ela disse, faço minhas as palavras da zinha. Ela é sua irmã e quer seu bem tanto quanto eu - deu de ombros.
- E me enche o saco tanto quanto você também. - Joguei um travesseiro nele e rimos.
- Tô aqui pro que precisar, .
- Sei disso, . - Assenti e ele sorriu.
é quase como um irmão pra mim. Meu melhor amigo, sem dúvidas. Não sei se teria segurado a barra se ele não estivesse comigo. Não tô nem aí se isso soou gay. Caras também têm sentimentos e amigos verdadeiros.


IV - Why Can't We Be Friends?


Acordei com uma leve dor de cabeça por lembrar do que houve há dois dias no jardim de . Amanhã iremos todos para a casa de praia de Lee em Porto de Galinhas, que é uma praia que eu sempre quis conhecer. Por que só amanhã? Porque temos que esperar chegar da turnê. Pois é. Vou fazer todo o possível para ignorar o casalzinho. Wish me luck!
Niall não estava mais no quarto quando eu levantei. No primeiro andar, silêncio. O que é completamente estranho. Depois de arrumar minhas malas, resolvi descer.
- Dia? - perguntei ao chegar na cozinha, onde e Iane preparavam alguma coisa enquanto fuçava a geladeira.
- Tarde. - Iane sorriu de um jeito meigo apontando para a panela de onde vinha um cheiro delicioso de frango.
- Cadê o Leprechaun? - Sentei na bancada.
- Foi com Caio e Marina pegar o no aeroporto. Daqui a pouco estão chegando - respondeu.
- E antes que pergunte, não foi junto. Tá em reunião. - Iane fechou a mão em hang loose imitando um telefone.
- Salada de frutas? - ofereceu e eu assenti. - Vamos. - Me puxou para a sala com um pote de salada de frutas em mãos.
- É só pra tapear. O almoço já vai ficar pronto - Iane gritou da cozinha, me fazendo rir.
- Bom dia! - sorriu e apontou para o puff ao seu lado. Sentei ali e ela me abraçou. sentou ao lado de e Peppe no sofá e me jogou o pote com a salada de frutas.
- O que é isso? - Indiquei o programa que acabara de voltar do comercial, dividindo a salada com .
- Lembra da entrevista que uma loira fez com Niall e no começo da semana? - perguntou e eu assenti.
- Vai passar aí. - Peppe apontou pra TV.
- Já começou? - perguntei.
- 3, 2, 1... - apontou para a TV e a loira que apareceu aqui no meio da semana para entrevistar os dois e e Niall apareceram sorrindo um para o outro.
- Todo mundo sabe que se uma amizade foi escrita pelo destino, não há distância ou tempo que virem obstáculos. - traduzia o que a loira falava, simultaneamente. - A gente vai conversar agora com dois amigos que mesmo com um oceano de distância, nunca deixaram de ser os melhores amigos do mundo. - a loira foi até a área externa, que reconheci como o jardim de . - Eles são da banda Koshtëmann - a tela mudou rapidamente para um breve slide com fotos de em shows, programas e premiações. - e Niall Horan, da One Direction. - um slide, agora de Niall, passou da mesma forma.
Assim que a imagem voltou, mostrou e Niall sentados nos banquinhos do jardim. vestia uma camiseta do Lanterna Verde e um short jeans branco com as pontas desfiadas e All Stars da mesma cor da camisa. Niall vestia uma camiseta branca e uma bermuda cáqui. Olhei mais atentamente para a bermuda que ele usava.document.write(Malik). Aquela é a sua bermuda, sim. - riu.
- É um prazer conhecê-los. - Peppe passou a traduzir o que a loira falava ao se sentar perto dos dois, que ainda sorriam. - Vocês mal tem 20 anos. Há quanto tempo são amigos? - Niall e tiveram uma breve troca de olhares.
- 15 anos em agosto. - Niall respondeu em português e fotos dos dois juntos desde a infância até a última foto que postaram no Twitter assim que saimos do aeroporto na semana passada passaram rapidamente num slide.
- Como vocês se conheceram?
- Foi logo no meu primeiro dia de aula, assim que eu me mudei pra Inglaterra. Alguns protótipos de valentões queriam roubar o meu lanche e o Niall me defendeu. Ele tinha cinco aninhos só, mas mesmo assim já era o defensor dos fracos e oprimidos. - sorriu para Niall, que piscou pra ela.
- A partir daí nossa afinidade só foi aumentando e acabamos nos tornando irmãos. - Niall sorriu.
- E como foi quando a veio pro Brasil? - Foi tenso. Tanto pra ela quanto pra mim. Mas por conta de algumas coisas ruins que aconteceram, eu entendi que ela precisava daquele tempo. E se ela não tivesse vindo pra cá, também não teria realizado seu sonho, então tudo deu certo no final. - Niall deu de ombros, sorrindo.
- Awwn, que lindo, gente! - abraçou Niall, que a abraçou de lado.
- Nossa, e o destino foi tão legal com vocês que vocês acabaram trabalhando no mesmo ramo. - a loira falou.
- Eu não poderia estar mais agradecida por isso. - sorriu.
- Achei tão fofo vocês dois. Vocês usam quase que uma aliança. - A loira falou e Niall e mostraram o anel de amizade eterna deles. - Tem toda uma história por trás disso, não tem?
- É uma pacto de amizade que nós fizemos no dia em que a veio pro Brasil. Ela sempre foi muito fã do Lanterna Verde e eu sempre gostei do juramento dele. Então eu quis dar ênfase a ele. Nossa amizade é meio que superprotetora. - Niall explicou.
- Primeira vez no Brasil. O que os meninos estão achando?
- Está sendo incrível. Tantos nós quanto os Koshers estamos aproveitando muito.
- Como é a convivência entre as duas bandas? - a loira perguntou e apareceu um pequeno slide com fotos nossas (One Directions & Koshtëmann).
- Os meninos são incríveis. São super engraçados, nos divertimos muito juntos.
- É hilário e contagiante passar os dias com as meninas e o Peppe. Espero que essas férias se repitam todos os anos.
- Então, prontos para começar o jogo? - a loira perguntou e os dois concordaram. Um flash seguido de uma caricatura dos dois apareceu na tela com os dizeres “Te Conheço?”. Assim que a imagem voltou pra eles, a apresentadora tinha um papel em mãos e Niall e tinham uma prancheta cada. - Primeira pergunta, valendo 10 pontos: Qual o cantor favorito do seu melhor amigo? Responde primeiro, Niall.
- Michael Bublé. - respondemos eu, e juntos.
- Michael Bublé. - Niall respondeu e comemorou, mostrando na prancheta sua letra delicadamente corrida.
- Qual o seu, ?
- Phill Collins. - respondemos eu, Peppe e junto com a TV e Niall sorriu, mostrando sua letra de forma.
- 10 pontos: Qual a comida favorita do seu melhor amigo?
- O que você acha? - perguntou a e eu.
- Niall Horan? Comida favorita? Ainda tô pra ver. - declarou e nós rimos.
- ? - a loira perguntou e ela suspirou. Automaticamente lembrei do que me disse no nosso primeiro encontro. Levei ela ao cinema e, acredite, ela levou uma marmita com a panqueca de lasanha do Horan. Duvido que você vá encontrar comida tão gostosa quanto essa!, ela dizia. Niall pode ser um ótimo cozinheiro -quando quer- mas ainda prefiro a comida da minha mãe.
- A panqueca de lasanha do Nialler. - respondeu e Niall mostrou que havia escrito exatemente isso.
- Niall?
- Eu ainda não decidi. Com tanta comida gostosa no mundo, é crueldade ter que escolher uma só. - Niall fez bico e nós rimos.
- Ainda valendo 10 pontos, qual o filme favorito do seu melhor amigo?
- Grease ou Simplesmente Amor? - perguntou.
- Acho que os dois. - deu de ombros. - E a ? Star Wars?
- Só tem um único filme que aquela garota ama mais que Star Wars. - Peppe riu.
- Ainda é Indiana Jones? - perguntei à , que assentiu rindo.
- Niall?
- Grease e Simplesmente Amor são os meus favoritos. - Niall sorriu e mostrou que havia escrito exatamente isso.
- ? - a loira perguntou e após uma rápida troca de olhares, e Niall começaram a cantarolar a música tema de Indiana Jones. - Ok, essa pergunta agora vale 20 pontos. Na opinião do seu melhor amigo, qual é a pessoa mais talentosa da sua banda? Niall da Koshtëmann e da One Direction.
- Um só? - perguntou e a loira afirmou.
- E não podem ser vocês mesmos. Assim, digam os outros integrantes primeiro e o escolhido deixa por último. Justifique cada um, pode ser? - a loira perguntou e os dois concordaram. - Niall?
- Peppe, você é um gênio, sério. - Niall olhou diretamente para a câmera. - Lee, você me lembra minha mãe.
O riso predominou.
- Só eu acho que a Lee vai matar ele depois disso? - perguntou ao chegar da cozinha com Iane, ambos rindo.
- Iane, você é muito fofa e toca muito, mas a é simplesmente...
- O pote de ouro que ele procura no final do arco-íris. - interrompeu e a onda de risos voltou, fazendo corar violentamente ao meu lado, assim como Niall na TV.
- É bom você arrumar um trevo de quatro folhas, porque vai precisar. - Niall murmurou para e nós rimos mais ainda.
- ? - a loira chamou e ela virou a plaquinha onde estava escrito cercado por corações. - Sua vez.
- Deixando bem claro que eu amo todos vocês! e eu temos uma conexão psíquica muito interessante. e eu somos super parecidos, na verdade. Às vezes a gente esquece que cresceu. é super fofo, é um verdadeiro gentleman. Mas tem uma aura toda especial ao redor do que faz com que ele se destaque. Sem dúvidas, na minha humilde opinião, é o mais talentoso da One Direction. - sorriu.
Eu não consegui pensar direito. Nem teria como. Minha boca não produzia som nenhum, meus olhos brilhavam e meu sorriso não poderia estar maior. O motivo? Na noite depois da entrevista, Niall e praticamente nos obrigaram a assistir a entrevista quando passasse. Eles disseram que nunca foram tão sinceros em suas vidas inteiras e que precisavam que todos nós assistíssemos a ela.

@
- Você quer fechar em quantas músicas? - perguntei a Lenine no telefone enquanto encarava a lista de músicas já prontas para o próximos álbum.
- Quinze. Vinte no deluxe edition. - respondeu.
- Vinte músicas? - perguntei meio incrédula.
- Sim, minha flor. As parcerias com os gringos. - explicou pacientemente.
- Ah, bom. Então assim, sim. Quem já confirmou?
- John (Cooper, do Skillet), Toby Mac, Nick Jonas e seu amiguinho sortudo. - Sim, eu ri da brincadeira feita sobre Nialler.
- E o misterioso? Já resolveu?
- Não adianta, zinha. Não vou lhe contar que é agora. - zombou e meu sorriso foi pro espaço. - Falando em gringos, cadê o seu?
- Pedrinho foi com Caio, Marina e Niall pra resolver isso, já que me convocaram pra uma reunião urgente via Embratel - falei séria e ele riu.
- A Cyz tá preocupada com o prazo e eu também, só isso! - se defendeu ainda rindo.
- Meu senhor, eu ainda tenho um mês inteiro e mais uns dias de férias. Até lá, você vai ter suas quinze músicas!
- Quantas faltam?
- Só seis, meu senhor. Por favor, relaxe.
- É você que está surtando, minha linda. - Riu e eu acabei fazendo o mesmo. - Aproveite suas férias com juízo, ouviu?
- Tem certeza de que é pra mim que você pede isso? - brinquei, me referindo a Lee que, por alguma razão, sempre acabava nos tablóides durante as férias. Por alguma razão pode ser traduzido como ela gosta muito de inventar moda, se é que me entendem.
- Seu namorado vai pra Porto também. Sim, é pra você mesmo. Beijos do velho.
- Maluco! - brinquei e desliguei.
- Minha linda, minha flor! Abra a porta, por favor! - Lee gritou do corredor (ok, essa última rima NÃO FOI PROPOSITAL, juro).
- Entra. - gritei de volta e Lee, Iane, Peppe e adentraram o recinto. - E aí? - Sorri.
- Vimos a entrevista. - Iane foi direto ao ponto, sentando ao meu lado na cama.
- Deixando claro que eu assisti em casa e estou com uma vontade incrível de matar um duende! - Lee levantou uma mão e eu engoli seco.
Legal. Eles viram! Meu melhor amigo me fez prometer que seria super sincera ao responder a Angélica no Estrelas após eu tê-lo feito prometer a mesma coisa. É claro que sabíamos do jogo, mas eu não tinha ideia de que a “pergunta valiosa” era referente à isso. Mesmo que eu pudesse escolher Niall, eu escolheria o por causa da bendita promessa. E agora, meus companheiros de banda/carrascos eternos vão me cobrar uma explicação e na melhor das hipóteses zoar com a minha cara.
- E o que vocês acharam? - perguntei com a melhor cara de desentendida que pude fazer. Vale ressaltar que eu não sei atuar, então imagine a careta formada em minha face.
- Que o Horan te fez prometer sinceridade e que você estava doida pra quebrar essa promessa na hora da entrevista. - Peppe falou, mordendo uma maçã. - E que você ainda sente algo por ele.
Esbugalhei meus olhos. (Por essa ser uma fiction livre e por eu achar o uso de palavrões algo completamente desnecessário, desculpe a expressão completamente idiota e sem sentido que vem a seguir.) Oh, freezing hell!
- E o que eu deveria falar em uma ocasião dessas? - perguntei.
- Não precisa falar nada, a gente te conhece. - Lee abanou a mão no ar e eu engoli seco.
- Eu acho que a relação de vocês já melhorou bastante. Nem se insultam mais em público! - , a garota a quem eu devo o atributo de melhor amiga, finalmente se declarou.
- Que relação? Gente, não existe nenhum tipo de relação entre eu e o ! - fiz o favor de relembrar àquele povo que parece ter tido amnésia. Onde já se viu? Eu e ele. Relação. Ora, por favor. Marminino! (antes que pergunte, é uma gíria nordestina típica de Olinda/PE)
- Mas poderia existir. Ah, qual é, ? O cara mudou. Dá uma chance. Na minha opinião, vocês dariam ótimos amigos. - Cruzou os braços.
Pensei em protestar, mas me contive. tinha razão. Ai, caramba. tinha razão! Aquilo até que fazia sentido. Por maior negação que fosse como namorado, eu nunca o vi falhar como amigo. Daquele tipo de amigo que tá lá pro que der e vier, seja pra dar bronca ou pra bajular. Daquele tipo de amigo pra vida toda. Esse sempre foi . - E você tá esperando o que mesmo? - Peppe perguntou, me despertando do meu devaneio.
- Vocês me deixarem sozinha por um tempo. - declarei, me levantando.
- Whoa, música boa chegando. - Lee comemorou e eu bufei.
- Quando precisar, me chama. - Peppe bagunçou meu cabelo e eu rolei os olhos.
Um a um, todos sairam do meu quarto, me deixando sozinha com meus pensamentos a respeito de uma possível amizade com . Não era má ideia. Mas também não vou classificá-la como boa. Não mesmo.
Meus sentimentos estavam trabalhando junto com minha mente. Merda, vem mesmo uma música por aí. Por mais que eu estivesse com os sentimentos à flor da pele naquele momento nada parecia querer contribuir pra que uma música surgisse. Ah, merda!
TOC TOC TOC
- Eu juro que se... - abri a porta com todo meu furor por ser interrompida em meus pensamentos e acabei dando de cara com um assustado a minha frente.
- Calma, . Só quero saber se você tem preferência pro jantar. - Levantou as mãos em rendição.
- Desculpa, . - Corei e ele sorriu simpático.
- Tudo bem. Mas e então? Alguma preferência? - Arqueou as sobrancelhas e eu franzi o cenho.
- Massa à putanesca? - sugeri a primeira coisa que veio a minha mente.
- Simples, rápido, prático e gostoso. Até o jantar, . - Sorriu e desapareceu pelo corredor.
- De nada. - Fechei a porta atrás de mim e me joguei na cama, levando minhas mãos à cabeça, massageando levemente minhas têmporas. Faço isso toda vez que ajo idiotamente. Certas coisas não mudam.
TOC TOC TOC
Ok, não vou assustar outro pobre indivíduo em vão.
- Quem é? - perguntei.
- Your bo-bo-bo-bo-bo-bo-bo-boyfriend. - uma voz completamente conhecida cantou do lado de fora e eu me sentei num pulo.
- ... - sussurrei e ele abriu uma fresta da porta com um sorriso divino nos lábios.
- Hey. - Piscou e eu corri até ele, sendo bem recebida em seus braços.
Assim que parou de me girar no ar, juntei nossos lábios, puxando levemente os cabelos de sua nuca enquanto ele me envolvia pela cintura firmemente. Sim, estávamos matando toda a saudade que podíamos naquele momento, mas então a imagem de olhando pra mim com aflição na cozinha veio a minha mente com toda força no mesmo instante em que a falta de ar não permitia mais que eu e continuássemos o beijo.
- Não imagina o quanto eu senti sua falta - falei assim que quebramos o beijo com nossas testas coladas.
- Tenho uma pequena ideia. - Sorriu divinamente e eu não pude evitar o mesmo, abraçando com todas as minhas forças. Ele estava ali, comigo. Nada iria me fazer tão forte. Não demerecendo meu Nialler, de jeito nenhum. Sim, eu me sentia forte por ele estar por perto. Mas agora com aqui, toda minha insegurança havia partido pra algum lugar longínquo. Talvez para Mordor, talvez para Narnia ou até mesmo Vulcano. O importante é que meu está aqui comigo.
- Precisamos conversar - falei num sussurro.
- Definitivamente - concordou, depositando um beijo em minha testa e me puxando delicadamente para a cama.
sentou escorado no encosto da cama e eu joguei minhas pernas em cima das suas. Deitei minha cabeça em seu peito e passei minhas mãos em seus antebraços enquanto ele afagava meus cabelos.
- Eu beijei o - sussurrei.
Eu não ia aguentar muito tempo, então decidi falar logo antes que aquilo ficasse complicado. Mesmo que isso me custasse o respeito de . Ele, por sua vez, respirou fundo antes de falar.
- Eu beijei a Jennette.
Me sentei entre suas pernas, praticamente me levantando para vê-lo. Seu olhar estava aflito. Assim como o de na cozinha. Fechei os olhos tentando expulsar o dos meus momentos particulares com meu namorado.
- Desculpa, . Eu... - Selei nossos lábios antes que ele pudesse argumentar.
- Por que não pulamos essa parte e seguimos em frente? - sugeri.
- Me perdoa? - Arqueou as sobrancelhas.
- Só se você já tiver me perdoado! - apontei e ele sorriu.
- Não vai se repetir - sussurrou e juntou nossos lábios.
Aquele nem de longe era um beijo calmo. Estávamos com saudades um do outro. Acabamos de confessar algo ruim e nos perdoado. Você deve estar me achando uma idiota por estar aliviada por ele ter beijado a Jennette. Sim, estou com ciúmes. Mas pelo menos não nos julgaremos por algo que ambos fizemos. Nada como um dia cheio de emoções!
Fomos diminuindo o ritmo do beijo até terminarmos com alguns selinhos. Olhei para , que sorria abertamente e me acomodei em seus braços, mas dessa vez sentada entre suas pernas com minhas costas em seu tronco.
- Então, - deitou sua cabeça em meu ombro - devo presumir que você não quer mais matar o ?
- Oh. - Ri sem humor. - Os macacos sugeriram tentativa de amizade. - Arregalei os olhos com a palavra. Ainda não tinha me acostumado com essa ideia.
- Não é má ideia - falou e eu me virei para vê-lo. - O que foi? Falei o que eu acho. Aliás, ele me parece ser um bom amigo. - Deu de ombros.
- Conclua seu raciocínio. - Ajeitei meus óculos.
- Faz muito tempo, . Vocês mudaram. Sei que o que ele fez foi horrível, mas você ja parou pra pensar no por que até o Niall tem ele como amigo? - Abri a boca para protestar, mas logo me interrompeu. - Nem vem com “Eles precisam! Trabalham juntos!” e blá blá blá. Você sabe que a amizade deles vai além disso. Sim, estou preocupado com o que pode acontecer, mas vocês já estão grandinhos demais para infantilidades. Além do mais, já pensou se fosse você no lugar dele? Estaria arrependida e garanto que ter a amizade dele seria como uma redenção pra você, não ia? Seja sincera. - Cruzou os braços e eu me segurei para não espancá-lo.
Infelizmente, para a minha desgraça, sempre estava certo quando me aconselhava. No quesito Amizade ele já tinha passado por tudo. E quando eu digo tudo, é tudo mesmo. , e também, e na troca de experiência entre os Rushers, meu probleminha com era mínimo. E sim, criança. Eu estava me mordendo de raiva por dentro por saber que aquilo era verdade.
- Então, acha que eu devia ir falar com ele? - perguntei, mordendo o lábio inferior e fitando o lençol que forrava a cama. levantou meu queixo e me olhou sorrindo. Ah! Como aquele sorriso operava milagres.
- Yep.
- Ok, então. - Me levantei e minhas pernas me guiaram em direção à porta.
- Hey. - chamou e eu me virei para vê-lo. - Vai dar tudo certo.
- E se eu surtar?
- Eu vou estar aqui. - Sorriu terno e eu não pude evitar um sorriso.
Minhas pernas me guiaram involuntariamente para o quarto que e Nialler dividiam. Levantei minha mão para bater na porta, mas meu coração disparou e minhas pernas me levaram de volta ao meu quarto antes que eu pudesse fazer alguma coisa.
- ? - perguntou preocupado.
- Tô bem. - Suspirei e ele me abraçou.

Acordei no meio da noite. Passei minha mão pelo criado mudo ao lado da minha cama e liguei o abajur para, é óbvio, deixar tudo claro. dormia profundamente ao meu lado com um de seus braços em minha cintura. Sorri automaticamente ao lembrar da sorte que tenho por tê-lo. Depositei um beijo na bochecha de , que sorriu com os olhos ainda fechados.
- Já é hora de acordar? - perguntou num sussurro, forçando seus olhos para ficarem fechados.
- Nope. Pode continuar dormindo. Tô indo pro estudio. - sussurrei de volta.
- Odeio quando seu talento tira você de mim. - resmungou, fazendo biquinho e se virou pro outro lado da cama.
- Own, que fofo. - Derreti um pouquinho, me debruçando por cima dele, distribuindo beijinhos por seu ombro descoberto. - Eu prometo que amanhã vamos passar o dia todinho juntos, tá bom?
virou rápido, me puxando e ficando por cima de mim com um sorriso maroto nos lábios.
- Aguardo ansiosamente. - Piscou e me deu um selinho.
- Boa noite. - sussurrei assim que saiu de cima de mim e aproveitei para bagunçar seu cabelo. Sim, eu amo fazer isso.
Saí do quarto descalça, não queria correr o risco de acordar nenhum dos meninos. Depois eu encontraria o calçado de algum dos meninos lá por baixo. Só eu quem percebeu agora o quão estranho é estar numa casa onde você é o único ser do sexo oposto?!
Ok, voltando a minha inquietação madrugueira. Não conseguia pensar em nada além do conselho que recebi de todas as pessoas possíveis e imagináveis sobre ser amiga do . E minha querida fonte de inspiração resolveu se pronunciar.
Assim que cheguei no estudio, agradeci mentalmente a Niall por ter esquecido suas sandálias (lê-se: pranchas) por lá. Lenine, Peppe, Caio, Marina, Cyz ou qualquer outra pessoa me mataria por entrar no estúdio descalça. Peguei Sheldon (o violão que Peppe me deu de aniversário no ano passado) e meu caderno de rascunho que ficava perto do piano junto com uma pote cheio de canetas, já prontos para qualquer situação. Sentei no chão e coloquei Sheldon sobre minhas pernas. Assim que minha mente firmou uma linha de raciocínio fixa, peguei Sheldon e comecei a segui-la. Meus sentimentos agora seriam expostos. Gosh.
Eu prensava meus dedos de forma quase masoquista contra as cordas do meu violão enquanto algumas lágrimas faziam o favor de saltarem dos meus olhos rumo ao chão. As palhetadas rápidas e constantes seguiam à risca a letra que minha mente construía numa ação conjunta com meus sentimentos.
You used to be the one I'd run to
{
Você costumava ser a pessoa pra quem eu correria}
But now I tend to run you right into the ground
{
Mas agora eu costumo correr de você bem no chão}
Sorry I was such a fool
{
Desculpe, eu fui tão tola}
Never saw your point of view
{
Nunca vi pelo seu ponto de vista}
Can we start over somehow?
{
Podemos começar de novo, de alguma maneira?}

Nenhuma outra parte da música fazia tanto sentido pra mim naquele momento. Assim que percebi que meu estoque de lágrimas havia esgotado, deixei Sheldon de lado e me deixei guiar até o piano.
- We don't need to fight anymore. Where's the love we had before? - Sorri automaticamente ao lembrar do sorriso de .
O sentimento que de mim transbordava naquele momento era profundo demais. Mesmo que eu o tenha escondido no canto mais profundo e escuro do meu coração - onde eu havia jogado todos os meus sentimentos por -, eu gostaria que aquilo acontecesse. Queria que o que aconteceu conosco no passado fosse só e simplesmente um grande mal entendido que tomou proporções exorbitantes. Mesmo desprezando aquela ideia meu coração disparava com a simples cogitação dos sentimentos que eu tinha por na escola.
Peguei o caderno de rascunho e escrevi tudo o que eu havia cantado, deixando uma linha de distância entre as frases para poder cifrar de forma mais legível, digamos assim. Peguei meu celular - que por sorte havia levado - e pressionei o primeiro número da discagem rápida.
- Kosh, tá sóbrio? - minha voz falhou.
- ? O que houve? - perguntou com voz embargada porém preocupada.
- Pode vir aqui? - Barulho de coisa caindo do outro lado da linha? Yep. - Peppe, o que foi isso?
- Lembra do porta retrato que a Lee me deu com uma foto de uma jumenta?
- Sim, claro. - Tentei não rir.
- A partir de agora, não existe mais.
- Meus pêsames.
- Chego em dez minutos, .
- Tô no estudio. E por favor, tente não quebrar nada quando entrar na minha casa. - zombei.
- Tô chegando, tá? - respondeu meio estressadinho.
- Obrigada.
Peppe realmente não demorou. Mostrei a música, ou pelo menos o que eu havia escrito dela, no piano, sem medo de chorar na frente de um dos meus melhores amigos. Ele conhecia minha forma de composição melhor que ninguém, afinal sempre dividíamos as composições.
- Obrigado, . - Peppe sussurrou reproduzindo um solo no Sheldon.
Sei que parece estranho agradecer por uma coisa tão simples como mostrar uma música - que não está terminada ainda, por sinal - já que a primeira coisa que fazemos é chamar um ao outro para terminar a dita cuja, mas sabíamos como era difícil expor os sentimentos algumas vezes. Por isso agradecíamos.
- O que vai mudar? - perguntei, olhando para a letra no meu caderno e Peppe suspirou, parando de tocar.
- Não vou mudar nada, só acrescentar. - pegou a caneta e escreveu nas linhas abaixo.
- Você canta essa comigo? - pedi, observando-o escrever.
- Já que você insiste. - Sorriu de lado ainda sem me olhar. - Será uma honra, senhorita . - Olhou pra mim e piscou, arrancando de mim o maior sorriso do mundo.
- Obrigada, Kosh.
- De nada, .




@
Não conseguia dormir. Nada relacionado ao fato de estarmos indo a uma das praias mais bonitas do Brasil em algumas horas, não mesmo. havia chegado e só saiu do quarto de para buscar comida para os dois. ? Nem se deu ao trabalho de dar boa noite aos seus convidados. É, também não ligo pra isso. O que me incomodava era ela estar lá em cima com ele e não comigo. Isso só me lembrava de como eu fui estúpido anos atrás.
- Insônia? - Niall perguntou ao se jogar na sua cama.
- Não - respondi simplesmente.
- Que passa, então?
- Nada. - Suspirei, me virando pro outro lado da minha cama.
- , já passamos da fase de não conhecer os trejeitos dos outros, certo?
Merda. Ele tinha razão.
- Vou ser bem indiscreto - falei, me sentando na cama e Niall fez o mesmo, pareceu bem interessado. - e estão trancados no quarto há muito tempo, não acha? - perguntei receoso e ele caiu na gargalhada.
- Não que isso seja da nossa conta, ... - Niall ainda estava se recompondo. Duende miserável, você me paga. - Mas não é o que você está pensando. Não sei se você se lembra, mas fez voto de castidade.
- Foi? - fiz careta e Niall riu mais ainda, afirmando.
Eu tinha esquecido desse pequeno detalhe. Realmente, havia me dito que não via lógica nenhuma em ir pra cama com um cara com quem não tivesse um compromisso tão sério quanto casamento. Alívio imediato? Confere.
Sim, depois disso dormi tranquilo. Não tão tranquilo quanto eu queria, mas eu estava mais tranquilo definitivamente. já não me parecia uma ameaça tão grande agora. A não ser que a pedisse em casamento.

- Todo mundo pronto? - Caio, o irmão da , perguntou e todos os presentes na sala olharam para a escada. - Por favor, me diz que não são eles... - Fechou os olhos e massageou suas têmporas, se referindo a e que eram os únicos que não haviam descido.
- Ouvi isso! - gritou do andar de cima.
- Vamos? - apareceu na escada com sua mala e a de sendo seguido pela mesma, que não escondia o quão feliz estava por estar ali.
- Peraí, quem vai com quem? - perguntou e logo se agarrou ao braço de de forma engraçada.
- Eu preciso do Santa Fé - sussurrou dramaticamente e todos nós rimos.
- Tudo bem, . Se quiser pode dirigi-lo. - piscou e eu já estava vendo a hora do meu melhor amigo enfartar ali mesmo. Sei o que você está pensando e sim, ele já dirigiu carros melhores. Ele só tem uma enorme queda por carros grandes, principalmente pelo Santa Fé. Acho que é por que nunca o deixamos ter um. Medo é uma das razões mais concretas.
- , tem certeza disso? - perguntou inseguro. Ele sabia exatamente o risco que as pessoas que os acompanhassem teriam. - Tem certeza absoluta disso?
- é tão ruim assim? - Peppe perguntou.
- Não queira nem saber... - assegurei.
- Encontramos alguém a sua altura, amorzin. - Lee passou seus braços pelos ombros de Iane, que mandou ela se ferrar.
- Direção perigosa? Parece legal. - sorriu.
- Não se anima, não . É você quem vai dirigir se ele travar. - alertou e deu língua.
- Grandão? - chamou e ele assentiu. - Ótimo. Então vamos eu, , Niall, e?
- E mais uma menina, né? Não acha que tem muito macho num carro só não, filha? - Caio cruzou os braços e rolou os olhos de uma forma fofa, causando em mim um sorriso involuntário.
- Iane? - chamou e a mesma assentiu. - Satisfeito? - Agora virou-se para o irmão, que assentiu com um leve sorriso nos lábios.
- , e nos sigam. - apontou para si mesma e para Lee, que fazia uma dancinha estranha repetindo “Yeah Beach Party!”.
- Pedrinho nos espera lá fora. - Marina se pronunciou pela primeira vez, apontando para Peppe, Caio e Tião (o labrador de Peppe).
- Vamos. - me puxou pela camisa rumo à frente da casa de , onde os carros estavam estacionados.
Assim que chegamos a Porto de Galinhas, a distribuição dos quartos foi logo o assunto principal. Depois de muita discussão, ficou assim: Caio e Marina na suíte; Peppe, , Lee e no quarto das beliches; , , Niall e Iane no quarto das camas boxes; , e eu no quarto das camas d'água. O brutamontes se prontificou a dormir na sala.
Distribuidos, todos - com exceção de Caio e Marina - fomos à praia.
- Duas pizzas? - propôs subliminarmente uma corrida até a água.
- Não sou o Niall, - respondi e ela cerrou os olhos.
- Claro que não. Ele não é chato.
- Garanto que não. - Ri. - Ainda quer ir pra água? - Arqueei uma sobrancelha e sorriu.
Corremos feitos duas crianças - o que aqui poderia ser lido como e , mas até que eles estavam quietos - até a água. logo pulou nas costas de Niall, e Iane e começaram uma “guerra d'água” contra Lee e eu. Olhei para trás involuntariamente a procura de e a encontrei brincando e rindo com na areia. Ela sorria como uma criança encantada pelo castelo da Cinderela na Disney e, gosh, ela estava linda. Observei atentamente a cena e sim, desejei mesmo estar no lugar dele só pra fazê-la sorrir daquele jeito.
- Pensa pelo lado positivo, ela só teve um único namorado esse tempo todo, então não precisa dar uma de Scott Pillgrim quando vocês voltarem - falou de forma simpática e eu ri.
- Talvez seja melhor pra ela ficar com - falei sincero. Ele a fazia feliz, o que mais posso dizer? Mas não posso negar que eu com certeza não mediria esforços se a pudesse ter em meus braços novamente. Jamais a magoaria de novo. Faria de a mulher mais feliz do mundo, sem dúvidas, se ela me desse essa chance. Mas até o presente momento, um dos nomes da felicidade dela é . Sou idiota demais pra deixar a minha garota ser feliz ao lado de outro cara?
- Pode até ser. Mas e o melhor pra você?
- Não me importo. Que ela seja feliz com meu sofrimento. - Dei de ombros.
- E desde quando você é masoquista? - se aproximou, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha. Ah, é. Meu melhor amigo não gostou nem um pouco do que ouviu.
- Não sou. Mas se isso faz a feliz, fazer o quê?
- Às vezes é muito depressivo, sabia? - se aproximou, mexendo nos cabelos.
- Caramba, já me superou e deixou bem claro que me odeia. Ela tá namorando! O que vocês querem que eu faça? - indaguei.
- Preciso realmente te lembrar? - perguntou atrás de mim e me virei para vê-la. Ela tinha exatamente a mesma expressão de . - Reunião do Clubinho e ninguém me chama né? - Deu um tapa no braço do , que riu sem humor, ao contrário de que riu feito uma hiena.
- Não quero atrapalhar isso - menti, indicando e se beijando na margem.
- Ah, você quer sim. E sabe disso. - apontou seu indicador fofinho (isso mesmo, fofinho, longa história) pra mim.
- Você vai falar com ela. Hoje à noite. - ordenou e eu suspirei.
- Se eu fosse você nem pensaria em desobedecê-la. - comentou e eu bufei derrotado.
- Mas como eu vou fazer ela me escutar? - perguntei.
- Você sabe exatamente como. - estalou um beijo em minha bochecha.

@
- Sai, ! Pára! - gritei em meio minha crise de risos provocada pelas cócegas que meu namorado fazia em mim. Eu já estava praticamente deitada na areia e não parecia estar disposto à uma trégua.
- Só sob uma condição! - ele respondeu sem parar nem por um segundo de fazer cócegas em mim.
- Tá bom! Tá bom! Eu faço! - gritei, me rendendo e sentou ao meu lado, tirando suas mãos da minha barriga.
- Seja rápida - disse, me ajudando a levantar.
- NIALLER! - gritei e o mesmo, que estava a alguns metros de nós numa conversa estranhamente animada com Iane e Peppe, se virou pra mim.
- Diz! - gritou de volta.
- Te desafio a sambar. - Olhei de soslaio para , que prendia o riso.
- Oh, então aceita o meu desafio? - Meu melhor amigo sorriu malicioso e eu rolei os olhos.
No carro, Niall me desafiou a dançar irlandesamente. Esse foi o melhor termo que eu achei pra... Ah! Você me entendeu! Eu disse que só faria isso no dia em que ele sambasse. Bom, Iane e - que queriam muito ver minha desgraça - me incentivaram a aceitar, mas no fim das contas neguei. E então, meu namorado começou seu ataque de cócegas contra mim assim que chegamos na praia e você já sabe o resto.
Meu Grandão se aproximou e chamou todos para se aproximarem com ele e, é claro, os outros o fizeram. Pois é, minha desgraça está próxima.
- Primeiro as damas? - Niall sorriu.
- Essa não é uma boa hora pra ser cavalheiro, Hal. - Sorri, irônica.
- Ok, então. Lee!
- Tô aqui. - Aquela macaca loira sorriu e junto com Peppe começou a fazer samba à beat box.
Ok, não posso negar, ele não foi assim tão ruim. Ele ainda tentou, mas como todo bom gringo que se preze, ele não conseguiu fazer nada muito além de mexer os pés e pagar mico. Minha vez chegou e eu olhei para o fuzilando.
- Eu te amo. - Rindo, ele mandou um beijo no ar e cerrei os olhos em desaprovação.
- Você me paga - falei entre dentes.
Niall e começaram a fazer o beat box de uma música tradicional irlandesa. Eu só conseguia mexer meus pés de forma estranha, quase frevando e é lógico que todos riam da minha cara. Assim que finalizei minha “performance”, acabei me desequilibrando e caí justo nos braços de . Me perdi em seus olhos por alguns segundos, mas estes foram suficientes para que eu me sentisse como aquela adolescente doida pelo capitão do time do futebol da minha escola novamente. Seus olhos, mais uma vez, foram bem sucedidos na tarefa de me deixar desnorteada e sem noção de nada ao meu redor. Algumas palavras formavam sentido em minha mente, e droga, eu precisava ficar sozinha com Sheldon.
- Cuidado, moça. - sorriu um pouco e eu retribui.
- Obrigada. - Assenti e me soltei dele. - Tenho que ir, gente.
- Ah, qual é? Não precisa se esconder, não foi tão ruim assim! - tentou me animar e eu ri.
- Não é isso, . É que eu preciso do Sheldon.
- Você sabe quem é esse? - perguntou à e eu ri mais ainda.
- Não se preocupe, já me acostumei a ser trocado pelo dr. Cooper. - deu de ombros fingindo tristeza e eu lhe dei um selinho.
- Eu te fiz uma promessa - falei, olhando profundamente em seus olhos.
- Eu sei. Vai lá. - Ele sorriu. Uma das coisas que eu mais admiro em é a compreensão que ele tem com os meus momentos estranhos de inspiração. Sim, também o amo por esse e outros motivos.
e meus companheiros de banda já estavam acostumados com isso, mas meus convidados pareceram estranhar. Peppe se prontificou a explicar enquanto eu me despedia de todos.
Quando cheguei em casa, tomei meu merecido banho e assim que troquei de roupa tirei Sheldon rapidamente do case e comecei a dedilhar à medida que as frases que me vieram quando olhei para iam se encaixando na melodia. Ela estava quase pronta. Caramba, ela estava quase pronta. Meu último passo é mostrar aos meus macacos e ver se alguma coisa precisa ser mudada.
Continuei adaptando minha voz ao tom da música até o momento em que algumas batidas na porta me tiraram do meu devaneio.
- Entra - gritei.
- Podemos conversar? - Niall perguntou, entrando no quarto que estávamos dividindo.
- Claro - concordei, deixando Sheldon em cima do case. Niall pulou na cama, sentando ao meu lado. - Que passa, papi? - brinquei e ele riu sem graça, coçando a nuca. O-oh. Nada bom.
- , sabe a ? - Nialler entrelaçou nossas mãos e, caramba, como estavam gélidas! Oh, gosh.
- Grandão? - sussurrei, um incentivo pra que ele continuasse.
- Eu tô na dela, pequena. - Sorriu com um brilho lindo no olhar e suas bochechas coraram. Sorri automaticamente e nossos olhos se encontraram rapidamente. Niall estava encabulado demais pra sustentar o olhar e eu estava feliz demais para fazer o mesmo.
- Vocês formam um casal fofo - declarei por fim, fitando o sol ir embora no interior pela janela do quarto.
Nossos olhares se encontraram de novo, mas dessa vez se sustentaram. Sim, eu já vi meu melhor amigo apaixonado mas ele parecia ainda mais radiante que da última vez que o vi assim.
- Você pode me ajudar? Eu não quero estragar tudo - sussurrou e eu o abracei de lado.
- Você não vai estragar nada. Primeiro porque eu não vou deixar e segundo... Você nunca conseguiria estragar alguma coisa - declarei no mesmo tom e ele riu fraco. - Tem um restaurante ótimo aqui perto. O dono é amigo da gente, posso ligar pra ele e pedir pra reservar a melhor mesa pra vocês. adora a comida de lá.
- Rápido e sutil, hein? - Niall concluiu e eu ri baixo.
- Deixe ela escolher o que vocês vão comer. Conte piadas, brinque e pelo amor de Deus, em hipótese alguma toque no assunto Britney Spears. simplesmente não a suporta. Vou fazer o possível pra conseguir essa reserva pra amanhã.
- Você ainda é a melhor, . - Ele depositou um beijo em minha testa.
- Eu ainda sei disso, Nialler - respondi sapeca e nós rimos, nos levantando.
- Obrigado, senhorita Potts.
- De nada, senhor Stark.

- Por favor, por favor, por favor! - pedia repetidamente com as mãos cruzadas e uma carinha difícil de resistir. Mencionei que ele estava de joelhos no meio da cozinha?
- , levanta! - Ri e ele o fez. - Não vou te mostrar a música, ainda nem mostrei pros macacos!
- Música nova é? - Tia Lucy entrou na cozinha, sorridente como sempre. - Desculpa, . Mas eu tenho prioridade.
- TIA LUCY! - gritamos eu e meu namorado como duas crianças histéricas e corremos para abraçá-la.
Tia Lucicleide - ou Lucy, como a chamamos desde sempre - é a mãe do Peppe e faz o papel de mãe de todos nós quando estamos em turnê. Pra mim, ela é a mulher mais guerreira do mundo. Não órfã, não sofrida, não mãe solteira, ela é uma guerreira. O cara que gerou o Peppe - exatamente, nada de pai. - pulou fora quando a então namorada disse que estava grávida e que os tios a expulsaram de casa por isso. Então, tio Eduardo - pai da Iane e amigo de infância da tia Lucy -, a levou pra morar com ele e os pais até que ela pudesse se sustentar sozinha, o que aconteceu dois anos depois quando ela terminou a faculdade.
No ano passado, ela foi diagnosticada com câncer e então os pais da Iane se ofereceram pra ficar com ela durante o tratamento em São Paulo, por isso raramente a viamos em Recife, só quando estava disposta o suficiente para viajar. Até aqui, ela está indo muito bem e nos deixando ainda mais orgulhosos. Seus cabelos extremamente pretos estavam cortados da mesma forma que da Ellen DeGeneres e seus olhos castanhos transmitiam a esperança que ela tinha no tratamento e também a alegria de viver cada dia que ela tinha. Peppe só tem um sobrenome e com muito orgulho. O nome da banda não deixa de ser uma homenagem a ela.
- Que saudades! - encheu seu rosto de beijinhos enquanto eu delicadamente tentava puxá-la pra mim.
- Sai, . Ela é minha! - declarei. Agora eu estava abraçada de forma possessiva a tia Lucy.
- Calma! Tem tia Lucy pra todo mundo! - ela entrou na brincadeira, levantando as mãos rendição e nós rimos. - Ainda bem que Peppe não está aqui pra ver essa brigalhada toda.
- Verdade. Ciumento do jeito que é, acho que eu não sairia daqui sem um hematoma. - riu. Ele tinha razão. Peppe é extremamente ciumento quando o assunto é a mãe dele.
- Onde está o meu bebê possessivo, aliás? - tia Lucy perguntou.
- Ele tá lá em cima - informei enquanto voltava a preparar um lanche para e eu.
- Juízo, ouviram? - tia Lucy riu ao subir a escada. Não pude evitar e ri também.
- Quando vai me mostrar a música? - me abraçou por trás e estalou um beijo em minha nuca.
- Ouviu tia Lucy. Ela tem prioridade - tentei ficar séria e murmurou junto ao meu ouvido.
- Pena... Assim eu não posso te mostrar a música que eu escrevi com .
Virei para fitá-lo e sim, ele tinha um sorriso malandro nos lábios. Gosh, ele realmente sabe meus pontos fracos.
- Não tem problema, eu ligo pra ele. - Passei meus braços envoltos em seu pescoço e ele sorriu vitorioso.
- Caso não lembre, ele está namorando. E você sabe muito bem que nunca atende o celular quando está namorando.
- Ah, mas ele vai me atender. - Franzi o cenho, segura do que dizia, aproximando meu rosto do seu.
- Não se eu te manter ocupada. - sorriu malicioso e selou nossos lábios docemente.
Sua língua fazia o contorno dos meus lábios e eu aproveitava cada sensação que ele me proporcionava enquanto puxava levemente os cabelos de sua nuca. Não tínhamos nenhuma pretensão de aprofundar o beijo, só estávamos ali, curtindo o momento, curtindo um ao outro. Eu logo entraria em estúdio para o quarto álbum e momentos assim ficariam raros, mesmo estando em minha casa pelos próximos meses.
- Coz the world stops when I put my arms around ya, around ya. - cantou num sussurro com nossos rostos ainda próximos e eu sorri involuntariamente, simplesmente adoro quando ele canta pra mim. - Oh, whoa. And nothing even matters, and nothing even matters. They can all talk and say what they want about us, about us. Oh, whoa. And nothing even matters, and nothing even matters...
Eu e tínhamos quase que uma obsessão por essa música. Sempre concordamos que ela é a melhor música romântica de Big Time Rush, sendo seguida de perto de Any Kind Of Guy. Nossa amizade começou com nossa concordância e bom, aqui estamos.
Ficamos em silêncio, curtindo um a presença do outro. Eu estava no meu paraíso. Estaria se um pigarro incomodado e audível não invadisse a cozinha fazendo com que eu e nos afastássemos um pouco.
- Desculpa. Não quis atrapalhar. - falou, abrindo a geladeira com as bochechas coradas, fazendo uma careta que eu sempre achei a mais fofa. Ele estava incomodado com o que acabara de ver e isso de certa forma deixou alguma coisa dentro de mim feliz. Ai, droga. Por que eu ainda o conheço tão bem? Por que eu ainda fico abalada por ele?
- Tá tudo bem, . Eu já estava de saída mesmo. - sorriu simpático e olhou pra ele tão intrigado quanto eu. Como assim de saída? - quer falar com você, eu só estava fazendo companhia a ela enquanto você não chegava.
, eu juro que te mato!
- C-co-c-comigo? - perguntou com as sobrancelhas arqueadas, enquanto se encostava no balcão do outro lado da cozinha e balançou a cabeça positivamente.
- Bom, você tá aqui, então... - beijou minha testa.
- Você me paga - sussurrei.
- Você ainda vai me agradecer por isso - sussurrou de volta e eu esmurrei seu abdômen discretamente. Ele simplesmente riu fraco. - Até mais, . - Sorriu mais uma vez e saiu do recinto.
O silêncio que predominou fora completamente incômodo, como se era esperado. O único som que se era ouvido era o que os dedos de faziam quando colidiam contra o mármore do balcão. Eu não tinha a mínima ideia do que dizer... Digo, eu sei o que devo dizer. Mas não sei como dizer a ele. E principalmente, dizer a ele.
- Então, você queria falar comigo? - perguntou, cruzando os braços.
- S-sim - balbuciei e ele sorriu torto.
- Legal, eu também tava querendo falar com você - respondeu meio nervoso.
- Sério? Então... Ahn, por que não começa? - sugeri.
- Primeiro as damas. - Levantou as mãos e eu assenti. Claro. Senso de cavalheirismo miserável.
Fechei meus olhos e respirei fundo. Não acredito que vou mesmo falar isso.
- Desculpa - pedi.
- Pelo quê? - perguntou num tom desconfiado e eu abri meus olhos com muito custo, desviando o olhar pra que ele não fosse direto na direção de .
- Por ter sido tão rude com você nos últimos dias - tentei usar o tom mais doce e arrependido que eu tinha mas tudo o que eu consegui foi uma voz puramente trêmula.
- Eu mereci. - deu de ombros e eu finalmente o encarei nos olhos.
- Você me perdoa ou não? - perguntei já um tanto impaciente e ele levantou as mãos.
- Não acho que há necessidade disso, mas se você insiste, tudo bem. Eu te perdoo - falou calmo e eu me arrependi um pouco da forma como eu havia lhe falado. Na verdade, eu queria correr até ele e ser bem recebida em seus braços.
Balancei a cabeça, espantando todos os pensamentos estranhos que invadiam minha mente. Caramba, o que tá acontecendo comigo?
- Era só isso? - perguntou quase num sussurro, me acordando do pequeno transe no qual eu havia entrado. Sua expressão seria normal se você olhasse de relance. Mas se você conhecesse realmente aquele ser de aparência divina a minha frente saberia exatamente que ele estava tentando esconder sua aflição. parecia não querer sair dali, parecia ter esperança de que eu ainda tivesse algo mais pra falar.
- , concordo com você. Somos adultos, não temos mais porque continuar com essa idiotice imatura de deixar tudo tenso entre nós. Então, você toparia ser meu amigo? - perguntei ainda com receio, mordendo o lábio assim que a última palavra saiu. Um meio sorriso - triste, por sinal - se formou nos lábios de e logo foi se transformando na mostra de todos os seus dentes.
- Tudo bem, por mim - deu de ombros com o sorriso ainda estampado em seu rosto.

@Niall
- Calma aí. Repete. Ela disse “amigo”? - perguntou, sorrindo feito um bocó numa pequena reunião no quarto que ele dividia com e . simplesmente assentiu em concordância com um meio sorriso nos lábios.
, que estava sentado na janela, começou a assobiar. , que estava sentado ao meu lado na cama de de frente para o mesmo e , olhou pra mim com uma careta e eu simplesmente passei as mãos pelos cabelos, nervoso.
Por mais que eu aprovasse e incentivasse uma amizade de com , acho que sei onde isso pode parar. Eles juntos de novo ou mais afastados do que já estavam. De todo jeito isso vai sobrar pra mim. E pro . E pro . Hey, eu gosto do . Ele tem sido um ótimo namorado pra minha pequena, mas ainda torço pra que ela volte com o , até porque, seria mais fácil controlar as coisas com ela namorando um dos meus amigos. Gostou da minha opinião não? Me processe!
- Não vai falar nada? - me perguntou e eu simplesmente dei de ombros.
- Caso não tenha percebido, nada do que eu fale vai interferir nos seus atos - falei simplesmente.
- Muito sábio o menino Horan. - filosofou na janela e duas batidas foram ouvidas na porta.
- Entra! - gritamos todos e entrou sutilmente no quarto. Fiz questão de incorporar Zayn por um instante e me certificar que meus cabelos estavam em perfeita ordem. No way deixar a me ver feio.
- Eu tô começando a me chatear com vocês. Poxa, eu também quero que esses dois idiotas fiquem juntos! - murmurou, sentando ao lado de , que simplesmente sorriu maroto enquanto recebia alguns tapas dela.
- Podemos? - perguntou, ainda sorrindo, e cruzou os braços.
- Está aberta oficialmente essa sessão da Assembléia , hoje contando com a presença especial do senhor Niall Leprechaun Horan. Todos de acordo? - falou.
- Amém! - os meninos declararam em coro e eu fiz de tudo para conter meu riso. Pois é, fui bem sucedido!
Mas, peraí, calma. também queria juntá-los? Essa garota fica mais perfeita a cada segundo que se passa.
- Eu não acredito na incompetência de vocês. Se não fosse a me contando o que aconteceu, eu nem ia saber! - reclamou.
- Eu ia contar - se defendeu.
- Mas quando, criatura? - ela gritou de um jeito engraçado e todos nós rimos.
- Mas e então? Como minha melhor amiga vê o ocorrido de hoje à tarde? - perguntei.
- Ela tá caidinha. - deu de ombros e eu vi a hora do ter uma parada cardíaca ali mesmo.
- Ela disse isso? - perguntou por todos nós enquanto ajudava a se desentalar com o que havia dito.
- Não, mas eu sei que sim. Acho que vocês sabem muito bem que se quiser ver a verdade por trás das palavras de Ann deve olhar em seus olhos. Aquela ali não me esconde nada. - Abanou as mãos, convicta no que falava. Não tiro sua razão. sempre fora muito simples de decifrar se você a olhar nos olhos. Fica a dica!
- Por Deus, ! Você quase matou o garoto! - falou, levando uma mão ao peito e com a outra apontava para , que agora parecia já ter se acalmado.
- Tá tudo bem. - insistia em meio a soluços. Se bem que ele já estava bem melhor que antes. - Alguma coisa a mais, ?
- Além do fato de você não ter dito o que deveria, não. - franziu o nariz e ficou realmente fofa ao fazer isso.
- Ela acabou de me dar uma chance, você acha que eu já ia com tudo pra cima? - Ele parecia realmente preocupado e eu fiquei feliz por ele ter pensado assim. Se desapontar a minha pequena de novo, ele não volta para UK vivo.
- Mas é justamente por isso, seu jumento! Você já jogou Mario com ela?
- Peraí, o que isso tem a ver? - perguntou, franzindo o cenho. estapeou a própria testa murmurando alguma coisa em português sobre uma pessoa chamada Maria e sua bicicletinha.
- Horan, por favor! - pediu impaciente e eu arregalei meus olhos, ainda sem entender o propósito da pergunta.
- Lógico que sim - respondi.
- Qual a coisa que ela mais odeia que seu oponente faça?
- Ganhar dela? - arriscou.
- Perder tempo parado num precipício ao invés de pular logo - respondemos eu e juntos. De fato, aquela história até fazia sentido.
- Aleluia! - ela ergueu as mãos aos céus e agradeceu à tal Maria. - Então você ainda tá perdendo tempo porque mesmo? - ergueu as sobrancelhas e se levantou num pulo, arrancando um sorriso orgulhoso de . - Ela tá com o Tião no quintal.
saiu do quarto num disparo que me causou uma gargalhada. Logo os palpites do que poderia acontecer começaram, mas logo foram interrompidos quando uma voz conhecida se aproximava no corredor.
- Quarto cheio, hein? Ótimo, adoro visitas. - sorriu simpático e retribuímos o sorriso.
- Como a tá? - perguntou.
- Contrariada, mas já está se acostumando com a ideia. Como reagiu?
- Ele agora é uma pilha de felicidade. - respondeu.
- Obrigado, . - agradeceu sincero.
- Eu quem tenho que agradecer. Tenho certeza que vai ser uma amizade muito produtiva. - sorriu.
- Bom, garotos, vou dormir. Amanhã é o meu dia de correr com o Tião. - se levantou.
- Te acompanho até seu quarto. - Me levantei e recebi olhares maliciosos dos meus melhores amigos assim que sorriu em resposta.
- Tudo bem. Boa noite. - acenou, saindo do quarto sob um coro de “boa noite”.
- Arrasa, Horan! - gritou assim que eu fechei a porta do seu quarto e logo as gargalhadas escandalosas dos seres que lá dentro ficaram foram ouvidas de forma abafada.
Aquela garota a minha frente não saía dos meus pensamentos nem por um segundo. A vontade de agradá-la crescia a uma velocidade estranha dentro de mim. Eu simplesmente amo tudo nela. Seu jeito brincalhão, seus olhos doces, suas expressões engraçadas e fofas, sua amizade incondicional com , sua relação com meus amigos... Ela tem o poder estranho de me deixar sem ar com um simples olhar. Sim, eu estou apaixonado por .
Não foram nem dez passos do quarto -- até o quarto de , mas pelo silêncio que se mantera, parecia até o vasto caminho do corredor da morte. Ok, peguei bem pesado agora. Só falo merda quando tô nervoso, fato.
Parados na frente da porta do seu quarto, ambos olhávamos para cantos distantes. Ela para seus pés e eu para as luminárias. Minhas mãos estavam nos bolsos da frente da minha bermuda e os braços de se enlaçavam pela cintura.
- Então... - começou e eu olhei pra ela.
enrolava uma mecha do seu cabelo e ainda olhava para o chão.
Puxei seu queixo levemente e nossos olhares se encontraram. Passei meu polegar por sua bochecha e ela fechou os olhos, o que me fez sorrir. Coloquei minha mão em sua nuca e juntei nossos lábios suavemente por alguns segundos, sentindo suas mãos se apoiarem em meu peito. Afastei um pouco meu rosto do seu e senti ela sorrir. Ótimo, porque eu estava fazendo o mesmo.
- Topa sair comigo amanhã? - perguntei num sussurro ao abrir os olhos, encontrando os dela.




@

Peppe, aquele infeliz, conheceu uma menina na praia e agora tá num encontro com ela. Beleza, nada contra ter um encontro. A questão é que ele esqueceu de brincar com o Tião. Não entende né? Pois eu explico: Tião é aquele tipo de cachorro morcego. Passa o dia dormindo e dá a louca de noite. Não estou reclamando de ter que brincar com o Tião, adoro isso. Mas Peppe não fez nem um mínimo carinho no pobre coitado antes de ir.
Graças à Deus, apareceu pra me ajudar com essa pequena criança. Bom, nós parecíamos duas crianças.
Não preciso dizer o quanto me diverti com e Tião. Mas preciso dizer que eu já não estava mais vendo ele como , o babaca que me fez sofrer ou um dos vocalistas da One Direction. Eu estava vendo ele como , meu mais novo amigo, alguém que aceitara ser idiota ao meu lado. E isso me lembrou do garoto por quem me apaixonei. Fofo, doce, simpático e um eterno menino viciado em video games.
Mas então imediatamente lembrei de , meu namorado. Aquele que colocou o sorriso de volta em meu rosto.

- AAAAAAAAAWN! VOCÊ TÁ TÃO LINDA!
E esta sou eu bajulando minha melhor amiga. Ela aceitou sair com o Nialler, mas também nem tinha como ela não aceitar. Ela tá super na dele assim como ele tá na dela. Mas sério, ela está divina. Conhecendo meu Hall, existe a possibilidade de ele desmaiar quando a vir.
- Acha que ele vai gostar? - se analisou mais uma vez no espelho.
- Estúpido seria ele não gostar. - Iane sorriu e Peppe entrou no quarto.
- A macaca 2 já tá... - se interrompeu, olhando de cima a baixo. - Ele não merece tudo isso...
- Merece sim! - estapeei Peppe, que ria. - O que o Peppe tá querendo dizer é...
- Você tá linda, . - Peppe completou, sorrindo.
- É melhor levar um pote de ouro. Nunca se sabe o que pode acontecer quando se sai com um duende. - Lee tirou onda e levou almofadadas de todos os presentes no quarto.
- Isso é inveja. É só porque você encontrou seu príncipe e ela continua encalhada como a baleia do Twitter. - Iane sorriu.
- Ain, vocês só estão me deixando mais nervosa... - sentou na cama e nós a rodeamos.
- Não precisa ficar nervosa. - falei amorosamente.
- Mas e se o Niall não gostar de mim?
- Me diz uma única pessoa que não goste de você. - Peppe cruzou os braços.
- Britney Spears. - fez uma careta.
- Mas você também não gosta dela, então não vale. - Lee deu de ombros e nós rimos.
- Vão estar aqui quando eu voltar? - perguntou num tom baixo.
- Sempre. - respondemos todos juntos com um sorriso enorme nos lábios.
sorriu de volta, agora ela estava confiante. Não pra seduzir o Nialler, porque isso eu tenho certeza que ela já fez, mas pra ser ela mesma. E consequentemente, isso vai fazer meu melhor amigo se apaixonar mais e mais por ela.
- Preciso ver meu bebê. - brinquei e saí rumo ao meu quarto, onde Niall estava se arrumando com todos os garotos na sua cola, inclusive .
- Quem é? - perguntou, abrindo uma fresta da porta e eu sorri.
- Cadê meu Nialler?
- Hmm, possessiva. - fez careta e eu pude ouvir perguntando quem era. - É a .
- ENTRA! - um coro masculino gritou em uníssono e deu espaço para que eu entrasse no quarto. logo voltou ao seu posto.
Assim que entrei no quarto dei de cara com uma cena até certo ponto engraçada. Niall estava na frente do espelho com Louis de lado e do outro, ajeitando sua roupa. Harry e Liam colocavam em pauta o que e o que não fazer enquanto ajeitava o cabelo do meu melhor amigo.
- Uau, depois nós é quem somos complicadas. - sentei na cama e Niall logo se virou pra mim.
- Fica quieto! - Louis, e falaram na mesma hora.
- Como ela tá? - Niall perguntou, ignorando os outros três.
- Perfeita. - sorri e Nialler se virou novamente para o espelho.
- Eu tenho que ficar perfeito! Ouviram? - meu Grandão ordenou com voz trêmula e os garotos riram.
- Steve! - chamei, indo até meu melhor amigo e ele olhou pra mim, aflito. Os meninos se afastaram um pouco e eu agradeci com o olhar.
- Capitão América é uma merda com as mulheres! - fez o favor de lembrar.
- Mas no final ele ficou com a única que ele queria, lembra? - perguntei e Niall assentiu em concordância.
- Preciso te lembrar o que aconteceu depois? - sussurrou para que só eu ouvisse e eu lhe lancei um olhar macabro.
- Então... - voltei a olhar para meu melhor amigo com o olhar mais doce que eu tinha. - Você lembra do Ron e da Hermione? Do Spock e da Uhura?
- Lembro. - assentiu, ainda nervoso, em consentimento.
- O que acontece com eles?
- Todos ficam juntos no final.
- Precisaram de alguma coisa além de ser eles mesmos? - arqueei as sobrancelhas e ele me abraçou.
- Obrigado, .
Sim, eu tenho consciência de que ele é um garoto experiente no quesito garotas, até porque SIM, ELE É UM DOS VOCALISTAS GOSTOSÕES DA ONE DIRECTION. E ai de quem queira me dizer o contrário. Mas a questão é que eu nunca o vi tão nervoso para impressionar uma garota antes. Eu faria de tudo ao meu alcance pra que ele se sentisse confiante e confortável pra ser o exímio cavalheiro que ele é. E poxa, essa garota é a minha melhor amiga. Se ele a magoar, sabe que tá ferrado. A recíproca também é verdadeira.
Niall terminou de se arrumar (lê-se: de ser arrumado pelos meninos) e seguiu até o quarto de para buscá-la para o encontro. Depois que eles sairam com Pedrinho de choffer - que por sinal não parecia muito disposto para ficar de vela - fomos todos para a sala nos preparar para o twitcam surpresa com os fãs.

@land: Rushers! Directioners! Koshers! Vcs têm 15 minutos para descobrir qual surpresa estou preparando pra vcs :B

- Fazendo o quê? - Caio perguntou, sentando ao meu lado no sofá.
- Tuitando. E você?
- Me despedindo da minha irmã. - Estalou um beijo na minha testa e eu ri. - Até.
- Até.
Meu iPhone apitou umas 300 vezes. Eu queria poder conseguir responder todas as minhas mentions, mas não se você sabe como é ter mais de 50 por segundo. É uma missão impossível!

@: Com @land preparando uma surpresinha #toallmyrushers.
@1D: @land Surprise, surprise #toallmydirectioners
@PeppeTheKosh: @LeeKettner @land @VeryIane #toallmykoshers
@1D: Surpresas com @land #toallmydirectioners. :)
@jaredmaine: @land se for de chocolate eu quero!
Não preciso dizer que ri alto com o twitte do Jared, preciso? tuitou algo sobre estar chateado por não estar no Brasil e de repente uma coisa que eu não esperaria nem no fim do mundo, aconteceu.
@dannymcfly: @land DM, sweetie. Xx

- AAAAAAAAAAAAAAH! - gritei, pulando no sofá loucamente.
- , tá tudo bem? - perguntou preocupado e eu assenti com o maior sorriso que já consegui ter.
- O que aconteceu, macaca? - Lee perguntou.
- DANNY JONES ME MANDOU UMA DM! OH MY GOSH! DANIEL ALAN DAVID JONES! O DANNY! O DANNY! - gritei, pulando em , que não fazia nada além de rir.
- E o que diz? - perguntou, ainda rindo e só então eu percebi que ainda não tinha lido a tal DM.

“Hello, lady! Como vai? Trabalharemos juntos em breve. Xx. Danny. ”
Calma, ôe, calma. Como assim eu vou trabalhar com Danny Jones? Será que ele é o tal artista misterioso que o Lenine...?
Não tive tempo pra pensar em mais nada. Tudo à minha volta se apagou.

@

Eu estava no quarto com e escolhendo os adereços que usaríamos na twitcam quando um grito demasiadamente agudo que não durou nem dois segundos reberverou pela casa. Desci as escadas quase que na velocidade da luz quando finalmente associei o grito à pessoa, mas principalmente pela mensagem passada por ele. Lee pedia ajuda.
Cheguei na sala e encontrei inconsciente no sofá com e Lee ao seu redor tentando reanimá-la.
Meu coração parou. Ou batia rápido demais. A questão é que eu não conseguia sentir nada além do medo de que alguma coisa séria tivesse feito mal a minha garota. Eu estava simplesmente estático.
- O que aconteceu? - perguntou ao chegar e só então eu percebi que os garotos tinham descido comigo.
- Eu realmente não sei. - respondeu atordoado.
- ! - Lee gritou e o mesmo apareceu na sala em questão de milésimos.
- ? Amor? Responde! - se pôs ajoelhado ao lado de . Ele não escondia sua preocupação. Nenhum de nós escondia.

#FLASHBACK ON

Saí pelos corredores do colégio com o maior sorriso do mundo. Não teria treino depois da aula, então eu sairia mais cedo que o normal. teria que ficar por conta de um trabalho de literatura e disse que eu poderia esperar no carro.
Assim que cheguei no estacionamento, que por sinal estava vazio, me deparei com cena um tanto engraçada: dois nerds discutindo sobre Justice League e The Avengers. Confesso, não pude deixar de rir. Um deles eu reconheci como Aaron Develon, o parceiro ruivo de nas aulas de química. Era incrivelmente engraçado como aquele garoto fazia questão de se vestir como um professor de matemática dos anos 70. A garota com quem ele estava discutindo (isso mesmo, uma garota) eu reconheci das aulas de história e do jornal de fofocas da escola. Era , a namoradinha do Niall Horan em suas já conhecidas camisas de super heróis por cima de um jeans largo. Eles dizem ser só amigos, mas a escola toda comenta que rola algo mais. Horan é aquele cara que tem tudo pra ser popular, mas estraga tudo andando com os nerds.
- Qual é, Aaron? Você sabe muito bem que... - se interrompeu ao ver Develon desfalecendo à sua frente.
Num ato involuntário, corri até os dois. já estava ajoelhada com a cabeca de Aaron em suas coxas e ele estava bem pálido. A garota ainda o chamava, dando leves tapas no seu rosto, mas ele não respondia.
- Ah, qual é, Develon? Vai apelar mesmo? - a garota repetia ainda batendo em Aaron.
- O que aconteceu? - perguntei, me abaixando ao lado dos dois.
- A pulsação tá normal. - me ignorou ao analisar um dos pulsos no garoto.
- O que aconteceu? - repeti.
- Aaron fica estressadinho quando contesto a participação do Batman na Justice League. - a garota agora fuçava sua mochila de Develon.
- Mas ele tá bem?
- Claro que não, idiota. - fez cara de deboche e eu fiz careta. Fui mesmo chamado de idiota por uma nerd?
- E o que você vai fazer? - perguntei um pouco rude. Não gostei nada de ser chamado de idiota por uma pessoa que é o subsolo da cadeia escolar.
- O óbvio: reanimá-lo! - ela puxou um sachê de café de dentro da mochila. - Isso! - comemorou, abrindo o sachê.
- O que é...?
- Aaron é viciado em café, por isso sempre tem um sachê na mochila. - a garota explicou, abrindo o sachê e o passando na frente das narinas de Develon. - Sei que é idiota, mas nessa hora realmente ajuda. O cheiro forte do café vai fazer ele despertar. É bem lógico, na verdade. Somente idiotas não saberiam o que fazer nessas horas.
Fiquei observando Aaron Develon despertar de súbito. Eu estava curioso, confesso. Ele ainda estava deitado no chão e tinha um sorriso orgulhoso nos lábios enquanto enrolava as pontas do sachê e colocava de volta na mochila de Develon.
- Hey, cara. Você tá bem? - perguntei, o ajudando a levantar.
- S-sim. - ele balbuciou, levando as mãos à cabeça. - Obrigado.
- Por ter feito nada? - indagou ao se levantar. Ok, essa nerdzinha tá começando a me irritar. Está na hora dela estudar diplomacia escolar. Onde já se viu se referir a mim com esse tom?
- Olha aqui, garota... - virei pra ela e pela primeira vez nossos olhos se encontraram. Perdi as palavras e não consegui pronunciar mais nada. Não conseguia raciocinar mais nada, eu estava perdido dentro daqueles olhos que estavam quase escondidos atrás de seus óculos enormes.
- Desculpa ferir seu ego, sr. capitão. Mas estou acostumada a falar com a realeza acéfala desse colégio da maneira que merecem, nunca fui boa atriz. - falou num tom de deboche, me trazendo à realidade novamente. Incrivelmente eu já não ligava mais para suas ironias.
- Está tudo bem. - afirmei, com um breve sorriso e franziu o cenho diante de minha resposta.
- Tem certeza? - Aaron perguntou com uma careta.
- Sim, absoluta. - balancei a cabeça positivamente. - Eu sou . . - estendi minha mão e simplesmente a encarou sem a menor pretensão de segurá-la. A garota olhou assutada para Aaron, que simplesmente assentiu e então a garota me cumprimentou. - E você é?
- Anne . - respondeu, desconfiada.
- Encantado. - sorri e beijei o dorso de sua mão. olhava pra mim estática e bom, eu me sentia estranho.
- Ok, então né? - ela recolheu a mão e ajeitou os óculos.
- Te vejo por aí? - perguntei com certa esperança.
- Acho melhor não. Não quero parecer com isso. - indicou com o queixo as líderes de torcida que se aproximavam com , Parker e Goldman.
- Ora, ora, ora... O que temos aqui? - Christie, a líder de torcida com quem Parker estava saindo naquela semana perguntou forçando um tom sexy. Em outras ocasiões eu acharia isso bonito, mas no momento eu sentia nojo. Eu não queria nada mais que estar perdido nos olhos de novamente.
- Dois futuros ganhadores do Prêmio Nobel cercados por um bocado de idiotas. - Niall Horan apareceu, passando um braço pelos ombros de , que sorriu. Não me pergunte porque, mas sinceramente estou incomodado.
- Que cheiro de é esse? - Frankie, a namorada de Goldman fez careta.
- É o que seu... - Aaron tampou a boca de antes que terminasse a frase.
- Não queremos confusão. - Aaron afirmou.
- Claro que não. - Parker sorriu cínico. Se tem uma única coisa que ele adora é confusão.
- Já estamos indo. - me pronunciei, enfim lançando um olhar significativo para Parker e Goldman.
- Claro. - Goldman forçou um sorriso.
- Tchau. - acenou com um sorriso cínico enquanto nos afastávamos. Parker e Goldman foram para o carro que dividiam - é, eu sei que é estranho - e eu segui meu melhor amigo até seu carro.

#FLASHBACK OFF

Corri em desespero até a cozinha, pegando o pote de café mais fácil que consegui encontrar. Voltei para sala no mesmo pique e abri o pote, fazendo exatamente como fez com Aaron.
- Vamos, . Acorda! - torci baixo e abriu os olhos vagarosamente e um alívio tomou conta de mim. Entreguei o pote a Lee sem ao menos olhar pra ela, minha prioridade é .
- Funcionou! - comemorou, me ajudando a sentá-la no sofá.
- Você tá bem? - perguntei preocupado, olhando em seus olhos e ela assentiu.
- Claro que sim, idiota. Vou cantar com Danny Jones. É lógico que eu tô bem! - por mais que tivesse se esforçado pra fazer um tom sério, não conseguiu conter o sorriso enorme que se formou em seus lábios. Sorri involuntariamente. Ela estava bem. Ela sempre fora apaixonada pelo Danny, agora ia realizar mais um sonho. E acima de tudo: ela estava bem.
O alívio foi geral. passava as mãos freneticamente pelos cabelos como fazia sempre que passávamos por um momento de pura adrenalina e aquele com certeza fora um. abraçou e eu me afastei um pouco, me esforçando ao máximo para não transparecer meu ciúme. Tentei deixar que o conforto por estar bem tomasse conta de mim.
- Ok, então vamos começar? - sugeriu.
- Tenho que fazer a contagem, calma! - Peppe se levantou com o papel de rascunho na mão. - Vou falar o nome e o personagem, se você estiver em condições de fazer a palhaçada, diz check, pode ser? - todos concordamos. - Lee Kettner aka Sue Sylvester?
- Check!
- Zayn Malik aka Noah Puckermann?
- Check!
- Liam Payne aka Finn Hudson?
- Check!
- Iane Veríssimo aka Emma Pullsbury?
- Check!
- Louis Tomlinson aka Kurt Hummel?
- Check!
- Harry Styles aka Blaine Anderson?
- Check!
- aka William Schuester?
- Check!
- aka Rachel Berry?
- Check!
- Peppe Koshtëmann aka Mike Chang? - Lee perguntou
- So freaking check! - Peppe gritou e nós rimos. - Bora lá, cambada!
Fizemos nossa pequena homenagem à Glee: Season 2, já que Iane tinha nos pedido alguns dias atrás. Foi engraçado. Foi muito engraçado. Lee é uma ótima Sue Sylvester. Nota mental: nunca irritá-la.
Muita gente perguntou por Niall e , então o poder de engodo do entrou em ação. Até agora não sei qual foi a resposta mais estranha que ele havia dado: “Algumas pessoas vão à Lua por causa das grandes festas” ou “O preço do petróleo está diretamente relacionado ao plantio de alface”.
Um a um, todos foram dormir e eu não estava com nenhum pingo de sono. Resolvi dar uma volta na praia deserta, que ficava praticamente no quintal da casa de Lee e pra não ficar tão solitário, levei Tião comigo. Prometi a Niall que o esperaria acordado, ele realmente estava nervoso pro encontro e provavelmente vai precisar de alguém pra escutar o garoto apaixonado que ele vai ser quando voltar. Depois de brincar um pouco com o labrador gigante de Peppe, me sentei na areia, apreciando a lua que estava refletindo sua beleza na água. Senti alguém sentar ao meu lado e nem precisei me virar para me certificar de que era ela. Me permiti sorrir.
- Foi um susto e tanto, hein? - comentei, olhando sutilmente para , que tinha seus olhos fixos no céu. Sua expressão era suave e até um pouco travessa, mas seus olhos entregavam que alguma coisa a preocupava.
- Como você sabia do lance do café? - perguntou e eu ri fraco, voltando a apreciar a lua.
sempre foi muito direta, odiava rodeios e eu admirava isso nela. Ela mesma julgava esse artifício uma benção e uma maldição.
- Aaron Develon teve um mal súbito uma vez e a garota mais inteligente que eu conheço fez praticamente a mesma coisa, fazendo questão de ressaltar o quão idiota eu era por não saber disso. - respondi como se estivesse narrando um filme.
- Muito bem feito da parte dela. - falou no mesmo tom.
- Foi mesmo.
- E o pobre garoto?
- Ficou bem, afinal não poderia ter melhor socorrista.
- Você não consegue esquecer esse dia, não é? - perguntou num fio de voz e eu virei para vê-la. olhava para o chão e suas bochechas estavam levemente coradas.
- Você consegue? - devolvi a pergunta e então nossos olhares se cruzaram. Aquela mesma sensação de estar perdido no paraíso que se apossou de mim quando a conheci estava presente.
- Não recebi resposta.
- Não posso esquecer do dia em que minha vida começou a fazer sentido. - falei e ela desviou o olhar. Levantei seu queixo delicadamente, encontrando seus olhos marejados e isso me apertou o coração.
- Eu amo e ele me ama. - declarou.
- Não como eu te amo. - afirmei convicto e se levantou, secando as lágrimas, andando de um lado para o outro.
- Não posso fazer isso com ele. Não de novo! - murmurava pra si mesma.
Eu sabia exatamente do que ela estava falando. não queria passar por aquela situação de novo. E eu entendia perfeitamente o porquê. Pude ver como ela ficou mal quando traiu e fazê-la sentir mal é a última coisa que eu quero. No fundo, fiquei satisfeito por vê-la preocupada com isso, em fazer a coisa certa.
Me aproximei dela e levantei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim.
- Não vou permitir que isso aconteça. - falei sincero e uma expressão confusa tomou conta de seus olhos.
- Não?
- Não me perdoaria se fizesse. - dei de ombros.
- Não se importa de me ver com ele?
- Me importo com você. - deixei bem claro.
- Só isso? - ela pareceu desapontada.
- Acima de tudo, quero sua felicidade. Mas não vou descansar até te ter de volta, . Isso é uma promessa.

@Niall

- Então seu filme favorito é Grease? - perguntou entre risos e sorri de lado.
- Pois é, né?
- Sempre achei que você gostasse mais de filmes de ação e tal. Nunca imaginei que você fosse gostar logo de Grease e Simplesmente Amor!
- Fazer o que? Harry acabou me viciando nesse filme. - dei de ombros e ela riu ainda mais.
Quero explicitar que estou apaixonado pela minha acompanhante, mas isso já não é novidade. Mas também estou morrendo de amores pela comida desse restaurante, que, deixando bem claro, não se compara ao Nando'S. O lugar é bem aconhegante. O estabelecimento é todo em uma madeira escura e adota uma decoração bem praiana.
Eu repetia mentalmente as palavras de , sobre como me comportar enquanto me deliciava com o prato que pediu, chamado Sarapatel. Ela estava sorrindo vitoriosa e isso a deixava mais irresistível.
- O que foi? - perguntei, com um sorriso já se formando em meus lábios.
- Tô esperando. - ela gesticulou graciosamente.
- Você estava certa. A comida daqui é realmente maravilhosa. - sorri sincero.
- Melhor que o Nando'S, né? - sorriu encorajadora e eu neguei com a cabeça.
- Nando'S é único!
- Ainda te faço mudar de ideia. - deu de ombros e eu ri um pouco alto demais.
- Quando eu te levar no Nando'S, quero ver quem vai implorar pra morar lá.
- Veremos, então. - ela sorriu sapeca, acenando para alguém atrás de mim. Olhei para trás instintivamente e vi o garçom que estava nos servindo concordar com a cabeça e se voltar para a cozinha.
- Isso é um desafio? - arqueei uma sobrancelha e ela sorriu mais ainda em concordância. - Costumo vencer desafios.
- Então não fique chateado quando perder esse.
Ficamos mais uma hora no restaurante que descobri se chamar Barcaxeira Restaurante. Depois que saimos do restaurante, resolvemos passear numa praça próxima a casa de Lee. Pedrinho não estava mais na nossa cola, havia ficado no carro lendo jornal.
- São lindas, não? - perguntou assim que nos sentamos num banco.
Olhei para cima, encontrando um céu divinamente estrelado e depois tornei a olhar para , que observava as estrelas, maravilhada. Por mais linda que fosse por fora, não foi a primeira coisa que reparei nela. Assim que a "conheci", numa conversa com a minha Pequena via Skype, pude ver o quanto ela se importava com todos ao seu redor. Depois que chegamos em Olinda, pude conhecer a menina com quem eu compartilhava o atributo de melhor amigo da . Achava incrível a forma como ela trata meus amigos e principalmente a forma como cuida deles. Fui conhecendo aos poucos a pessoa maravilhosa que ela é e me apaixonando mais a cada segundo.
- Elas brilham por você. - sussurrei e ela olhou para o chão, corada.
- Não é muito justo você citar a letra da minha música favorita. - ela sorriu, nervosa.
- Por quê? - coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e ela olhou pra mim.
- Porque assim fica difícil resistir. - ela corou um pouco mais e eu sorri, acariciando seu rosto.
- Ótimo. Não resista. - coloquei minha mão em sua nuca e selei nossos lábios suavemente.
Nossas línguas dançavam sincronizadas e eu sentia choques por toda extensão dos meus braços, onde gentilmente passava suas mãos. Já não me importava com as estrelas. Naquele momento, tudo se resumia a nós dois.

Cheguei em casa pisando em nuvens. Deixei na porta do seu quarto e me despedi com um beijo doce. Aquele, sem dúvida, foi o melhor encontro da minha vida!
Entrei no quarto e reparei que Iane e já estavam dormindo. E eu estava, provavelmente, com um sorriso estampado na cara e ele só aumentou quando minha melhor amiga olhou pra mim com expectativa.
- Como foi? - perguntou num sussurro assim que sentei ao seu lado na minha cama e só então reparei quão vermelhos seus olhos estavam.
- Foi perfeito, mas... - passei meu polegar em sua bochecha ao ver que ali ainda existia uma lágrima. - O que aconteceu aqui?
- Não quero estragar sua noite perfeita com os meus problemas de adolescente bizarra. - rolei os olhos enquanto tirava meus sapatos, me jogando na cama logo em seguida.
- Deixa de frescura e conta logo. - puxei pela cintura, fazendo-a deitar em meu peito e ela riu sem humor. - Desembucha. - falei em português e rimos juntos.
- . - ela respondeu e eu suspirei. Por que eu não estou surpreso mesmo?
- Continue.
- Ele disse que não vai desistir de mim. - a voz dela falhou e ela comecou a brincar com minhas mãos em cima da minha barriga. - Que isso foi uma promessa. - ouvi minha melhor amiga fungar e passei meus braços pelo seu tronco, apertando-a contra mim.
- ...
- Eu amo . - sussurrou e eu ergui as sobrancelhas. Folguei o abraço e passei a acariciar seus cabelos no breve momento de silêncio que se sucedeu.
Eu sabia que ela estava sendo sincera, mas que também não tinha tanta certeza do tipo de amor que sentia pelo .
- E o que você sente pelo ? - perguntei sem nem ao menos pensar direito. Agora que já estava dito, instintivamente me responderia e isso me preocupa.
- Deus sabe o quanto eu queria dizer que não sinto nada. - confessou num tom cansado. - Mas depois de tudo que fez por mim...
- Então seu amor por na verdade é gratidão? - engoliu seco e eu suspirei mais uma vez. - E ?
- Eu não quero amá-lo. - confessou e voltou a chorar, sendo amparada, mais uma vez, em meus braços. - Não quero me machucar de novo.
- Não vai. - prometi, depositando um beijo em sua testa logo em seguida. - Eu não vou deixar.




@

- Ah, qual é? Vai ser divertido! Vamos?! - eu praticamente implorava ajoelhada no sofá ao lado de enquanto ele tentava ignorar o fato de eu estar quase arrancando seu braço de tanto puxá-lo.
- Niall, sua melhor amiga quer me desmembrar. - olhou para Niall, que estava no outro sofá junto com Iane e , e com a mão livre apontou pra mim.
- O que foi, pequena? - Nialler perguntou pacientemente.
- Eu quero levar vocês na Sé e o tá com frescura! - cruzei braços e pernas, sentando ao lado do dito cujo.
- Frescura nada! A gente acabou de chegar de Porto. Dá um tempo, ! - defendeu-se.
- Vocês vão embora em quatro dias e ainda nem foram na Sé, poxa! E caramba, a Sé é a coisa mais linda à noite!
- tem razão. - Iane falou e eu ergui as mãos.
- Aleluia! A sanidade se faz presente no recinto! - declarei e puxou meus óculos, saindo do sofá num pulo.
- A sanidade bla bla bla... - mesmo com tudo embaçado pude ver a silhueta de numa pose bem gay.
- Devolve! - bati os pés feito uma crianca birrenta.
- Nope. - declarou e eu dei língua. Tenho três anos, problem?
- Devolve pra menina, ! - Iane ria.
- DEVOLVE NÃO! - gritou.
- Você me paga mais tarde, sua macaca! - cruzei os braços e bati os pés mais uma vez.
Tentava raciocinar um plano no mesmo instante que uma silhueta se aproximava de , que ainda me zombava. Cerrei meus olhos na tentativa falha de identificar a pessoa e então a pessoa tomou meus óculos das mãos de e numa velocidade estranha os colocou em mim.
- Hey! - reclamou.
- Seus óculos, senhorita. - estalou um beijo em minha bochecha e eu pulei nele, no sentido mais literal da palavra.
- Muito obrigada mesmo, , meu herói! - gritei enquanto enchia seu rosto de beijinhos e ele ria. Tentei relevar o fato de estar amando aquela situação, já que a risada de é uma das coisas que mais amo no mundo.
- Ah, qual é? Eu só passei três meses fora! Não é possível que eu tenha perdido meu posto! - uma voz grave invadiu a sala e meu sorriso se alargou de uma forma exorbitante.
Me virei e corri ao encontro do meu verdadeiro herói, meu amigo, meu companheiro e a pessoa que mais me faz bem: meu pai. Ele estava numa viagem a trabalho na Guatemala e bom, eu estava realmente com muita saudade dele.
- PAPAAAAAAAAAAI! - gritei enquanto ele me girava no ar.
- Ela gosta de gritar, né? - perguntou a Niall assim que meu pai me colocou no chão, tampando os ouvidos e meu pai confirmou, nos fazendo rir.
- Como está, princesa? - papai perguntou, tirando a franja dos meus olhos.
- Bem melhor agora. - confessei com um sorriso enorme e ele sorriu de volta. Niall pigarreou e nós rimos mais uma vez.
- Como vai, Niall? - papai perguntou, abraçando Nialler.
- Ótimo, tio. E você?
- Bem, garoto. Quanto tempo, hein?
- Verdade, tio. Estava com saudades. - os dois se olharam por alguns instantes e então desataram a rir. Eu sei que pode parecer estranho, mas amo o fato do Niall considerar meu pai como um pai.
- ! Rapaz! Como vai? - papai o abraçou.
Confesso que senti um arrepio na espinha. Meu pai ainda lembrava do meu "namoradinho de escola" como ele gostava de chamar. E sim, eu estava um tanto preocupada com isso, afinal papai não tinha a mínima ideia de que era ele o garoto que me fez amadurecer antes do tempo.
- Estou ótimo, e o senhor? - perguntou com um sorriso lindo nos lábios.
Por que estou pensando nisso mesmo? Por que a cada cinco segundos meus cérebro insiste em me lembrar da beleza do garoto a minha frente? Mas isso é normal, certo? Achar um amigo bonito é normal, eu acho. É. Deve ser. Pois eu acho Niall lindo. Peppe também é um príncipe. é definitivamente gostoso. é um amor. arranca suspiros por onde passa. E ... Dispenso comentários. Um simples olhar de e você já se sente...
Mas peraí, que raios eu tô pensando? Eu tô louca, só pode!
- Fica pro jantar? - perguntei, abraçando meu pai de lado.
- Queria muito, mas já prometi a Caio e Marina que jantaria com eles.
- Aquele comedor de brócolis! Eu mato ele! - cruzei os braços, fazendo bico, e desatou a rir. Acontece que meu irmão tem esse vício um tanto diferente: ele come brócolis o tempo inteiro.
- Prometo que amanhã eu almoço aqui, pode ser? - papai arqueou uma sobrancelha, olhando cúmplice para Nialler, que sorria abertamente. Aquilo só podia significar uma coisa: papai cozinharia pra nós.
- Claro! - respondemos eu e meu melhor amigo juntos.
- Ótimo, crianças. Agora eu tenho que ir. Conhecem o comedor de brócolis, se eu me atrasar, tô frito! - riu.
- Descansa, pai. - falei sincera e ele rolou os olhos.
Assim que papai foi embora, as pessoas que habitavam minha casa finalmente decidiram me ouvir e foram se arrumar para o nosso passeio pelo Alto da Sé. Bom, todos menos . Ele estava trabalhando numa música nova e não sairia dali nem sob ameaça de morte. às vezes é tão que assusta.
Fomos à pé mesmo, até porque aquele bando de sedentários tinha que se livrar desse mal, né?
- Tem certeza de que não preciso disso? - perguntou, apontando para uma mochila que estava levando cheia de "disfarces". - , uma das vantagens de se morar em Olinda é que todo mundo te trata como um gringo qualquer. - Lee disse admirando as unhas, caminhando ao lado de .
- Ahn? - Niall franziu o cenho.
- É que o pessoal aqui não é muito ligado em bandas internacionais e tals. Pra eles é tudo gringo. - explicou, dando de ombros.
- Peraí, quer dizer que ninguém vai reconhecer a gente? - perguntou um tanto assustado.
- Sim, vão reconhecer. Mas vocês estão com a gente. E, sem querer ofender, somos mais famosos que vocês aqui e ninguém nos trata diferente. Praticamente crescemos nesse lugar, conhecemos todo mundo. - Peppe parou em frente a Igreja de São Francisco e apontou para o chão onde tinham rabiscos no concreto. - Tá vendo isso aqui? - apontou para um enorme "PKIV" no chão e os meninos concordamos. - Eu e Iane fizemos quando tínhamos 11 anos.
- A Igreja estava em reforma e o cimento ainda estava mole. Peppe sugeriu e eu pensei "Tudo bem". - Iane sorriu entrelaçando seu braço com o de Peppe e voltamos a andar.
- Tá vendo aquilo ali de azul? - Lee apontou para o muro do outro lado da rua onde estava pixado em azul piscina "Lee Das Olinda" e mais uma vez todos concordaram. - Meu primo fez aquilo há uns quatro meses quando a gente voltava de uma festa.
- Lembro bem disso. - comentei entre risos, recordando de Lee correndo as ladeiras atrás do coitado do garoto.
- Você tem alguma marca também? - perguntou enquanto virávamos a esquina de entrada da Sé.
- Sim. É ali na frente. - respondi, apontando para a grande mangueira [n/a: o pé de manga, gente! tá, parei] a uns 20 metros de nós.
- O que você colocou? - perguntou super animado, me fazendo rir.
- Cassa Rato! - gritou, fazendo os meninos franzirem o cenho automaticamente.
- Cassa o quê? - Nialler perguntou.
- Cassa Rato. Do nordestinês "piriguete". - Lee tomou uma pose séria e eu corri atrás dela ouvindo os meninos rindo atrás de nós.
Paramos de correr ao chegar ao lado da Igreja da Sé. Parei em cima de uma das luzes que tinha no chão e esperei aquele povo enquanto Lee pendurava seu braço em meu pescoço.
- Você me paga. - cantarolei.
- Pago nada. Você nunca consegue me fazer pagar. - Lee riu e eu abri minha boca, incrédula.
- Que passa? - Niall perguntou assim que chegaram onde estávamos.
- Sua melhor amiga na tentativa falha de se vingar de mim. - Lee riu mais ainda, abraçando pela cintura.
- Que maldade. - comentou, rindo também.
Simplesmente balancei a cabeça em negação e acompanhei aquelas criaturas até a frente da Igreja. Os meninos estavam mararvilhados com a arquitetura que Nassau nos concedeu. Continuo nerd, 2 beijos. Mas um deles me chamava atenção. estava literalmente na porta da Igreja com o seu olhar fixo no brasão que estava em cima da porta. Não sei se por conta da iluminação ou por si só, mas os olhos de tinham um brilho diferente. Ele estava encantado. Como sempre dizia estar quando aprendia alguma coisa nova sobre uma cultura diferente. Fiquei admirando as chamas que brincavam em seus olhos enquanto seus lábios se erguiam num sorriso admirado.
- É lindo, não é? - deixei escapar quando me coloquei ao seu lado, também admirando a arquitetura da Igreja. concordou silenciosamente, ainda com os olhos no brasão. - Pelo menos a invasão holandesa nos deixou uma herança legal. Se eles não tivessem nos concedido sua arquitetura, Recife e Olinda não teriam metade dos pontos turístico-históricos que têm hoje e muito provavelmente a economia pernambucana estaria em maus lençóis. - sorri discretamente e olhou pra mim com uma sobrancelha arqueada.
- É tão difícil assim calar a boca e simplesmente admirar? - perguntou e eu ri.
Essa frase já me era extremamente conhecida. Sempre fazia programas eruditos com e bom, o uso dessa frase era constante.
- Senti falta dessa frase. - confessei, sorrindo ao encarar o chão, sentindo o olhar de sobre mim. Ruborizei de imediato e percebi que estava prendendo o riso. Essa reação também era constante. Se bem me lembro, mudaria de assunto pra me deixar mais confortável.
- Quando vai me mostrar sua marca? - perguntou com falsa indiferença e eu reprimi um suspiro.
- Vamos lá. - girei em meus calcanhares e rumei até a mangueira, sendo seguida de perto por .
Me abaixei em frente à árvore e passei minha mão direita sobre a marca que tinha deixado ali anos atrás, feita na base da mesma.
- What I've Overcome? A sua música? - perguntou, enquanto repetia meu ato recém executado de sentar ao lado da árvore.
- Sim. - me limitei a dizer, mas devo confessar que sorria internamente por ele ter reconhecido. - Meu primeiro ano na Koshtëmann e eu estava incrivelmente inspirada. Ligava pra Niall todos os dias e passava horas lembrando de tudo o que tinha acontecido comigo. Então eu sentei aqui depois da escola, quando olhei pra árvore a letra veio.
- É uma das minhas favoritas. - sorriu e eu não pude evitar o mesmo.
- Obrigada. - franzi o cenho, pensando se era realmente a palavra certa a usar.
- ! - gritou e eu virei para vê-la, enquanto corria ao nosso encontro.
- Eu.
- A gente vai comer tapioca. - ela estalou os lábios, estendendo a mão para levantar.
- Vocês não cansam de comer isso não? - perguntou já de pé, me ajudando a levantar.
- Você fala como se odiasse. - dei um tapa em seu ombro e ele bufou.
Fomos até o Observatório esperar Iane, Peppe e que tinham ido comprar as tapiocas. Niall e finalmente se desgrudaram (nossa, fui extremamente dramática agora) e minha melhor amiga veio me dar atenção.
- E aí, ? - perguntou, passando um braço em meu pescoço.
- Ah! Finalmente lembrou que tem uma melhor amiga, ? - arqueei uma sobrancelha, divertida, e levei um pedala. - Outch!
- Você mereceu! - apontou e nós sentamos na amurada, apreciando a vista que nos era proporcionada: o céu estava extremamente estrelado para um dia de maio e as luzes do sítio histórico estavam especialmente convidativas.
- Mas e você e o Grandão? Como estão? - perguntei e ela suspirou apaixonadamente, levando seu olhar para ele. Sorri involuntariamente com isso. Eles estavam felizes e isso é o que importa.
- Ele é incrível. Doce, gentil, fofo, engraçado... - ela falou e eu ri. - Por que não nos apresentou antes?
- Você realmente acha que eu não o teria feito se pudesse?
- Você poderia ter feito isso antes!
- E o tempo, onde fica? - levantei as mãos.
- Em algum lugar entre as 24hrs que temos ao dia! - ela imitou meu gesto.
- Tá, desculpa. Mesmo que eu não pudesse ter feito nada sobre, desculpa! - dei de ombros e ela sorriu satisfeita.
- Bem melhor. - ela piscou e eu ri fraco. - E você e o ? Como estão? - ergueu uma sobrancelha
- Ele é um bom amigo. - tentei sorrir. Eu sabia onde ela queria chegar, e bom, vale a pena tentar pra ver se ela desiste fácil.
- Digo seu romance reascendente.
- Nossa, que escolha peculiar de palavras. - tentei disfarçar.
- Nada disso, meu amor. Hoje você não me contorna. - tratou de colocar seu melhor sorriso irônico e eu bufei. - Gotcha! Pode começar.
- Ele é um ótimo amigo. - ponderei.
- Não tente me enrolar, ... - balançou a cabeça negativamente, ainda sorrindo. - Você sabe que não vai funcionar.
- O que você quer que eu diga, afinal, ? Que eu ainda o amo? - perguntei num sussurro, contendo a minha cólera.
- Eu só quero que você me diga a verdade. O que você realmente sente. Porque nós duas sabemos que em quatro dias o Nini vai embora e quem vai ficar aqui pra catar as suas pitangas sou eu. - ela adotou meu tom de voz porém de uma forma maternal. - Não que eu esteja dizendo que o vai te machucar de novo, porque eu tenho certeza que ele jamais faria isso. Mas provavelmente você vai se arrepender de tê-lo deixado partir, por não ter dito a ele que você o ama e vai chorar por dias, se bem te conheço. E só pra explicitar: eu te conheço melhor que ninguém, . - se afastou enquanto eu contiuava a encarar o chão, absorvendo o que minha melhor amiga tinha acabado de me dizer.
Eu sentia cada uma das palavras como pontadas profundas por todo o meu corpo, mas numa área especifica, aquilo parecia doer mais: meu coração. A possibilidade de estar certa é grande. Mas as possibilidades de... Ah, qual é? Eu tô pensando nisso mesmo? Dude, meus amigos estão aqui. Querendo se divertir porque vão embora em quatro dias.
Ah! Não acredito que vou ficar longe do Nialler de novo! E poxa, adotei o como meu irmãozinho mais novo. E o ? Nossa, vou sentir muita falta do , ah se vou. E o , então? Foi tão bom ter ele por perto de novo... Ele é um ótimo amigo. E tem o ... Foi uma experiência um tanto diferente. Depois de todos esses anos de ódio e rancor, conseguiu me derreter com apenas um olhar, me fez esquecer de quase tudo o que passamos. Quase tudo, porque agora eu só lembrava de como éramos felizes juntos e de que agora eu tinha um ótimo amigo. E em como ele conseguia estar mais bonito que antes, mais charmoso também, e o gosto de seus lábios ainda me intoxicavam e... Dude, eu preciso parar com isso! ! ! ! Eu preciso pensar em !
A verdade é que está me fazendo sentir como nunca antes. Ou melhor, como eu me sentia antes com ele, e bom, me parece ainda melhor. Ele me faz sentir como eu nunca senti com . E isso é extremamente preocupante. Eu preciso me decidir.

@

Depois de sugar tudo o que eu podia do meu subconsciente, deitei na poltrona que tinha no estúdio e anotei mentalmente para pedir ajuda a e Peppe pra terminar a música quando voltassem. Peguei o iPhone e vi duas mensagens:
"Wazza, bro? Espero que esteja tudo bem. Tenho uma música nova e to louco pra te mostrar. Por favor, me diga que está recebendo inspiração suficiente para compor! Abraço no povo. Love ya, babe. Xx, ."
- Gay. - ri quando terminei de ler a mensagem de .
Senti um arrepio na espinha só de reconhecer o número da outra mensagem.
"Oi, . Espero que esteja tudo bem entre você e a , mesmo. Odeio admitir, mas sinto sua falta. É isso. Xoxo, Jen"
Fechei os olhos e mordi o lábio inferior, tentando resgatar o gosto de Jennette em minha boca. Me dei um tapa de súbito pelo meu pensamento inconsequente. não merece isso.
Minha história com Jennette é antiga e nunca ficamos juntos verdadeiramente, mas parecemos imãs: sempre que mesmo espaço, difícil manter separados.
Acontece que eu sempre gostei de Jennette, mas ela nunca me deu bola. Assim, ficamos algumas vezes, mas ela nunca quis compromisso. Eu? Sempre fui aquele tipo de cara que prefere uma relação séria. Minhas esperanças me pareciam perdidas quando Jen me disse que jamais teríamos um compromisso sério. Mas então conheci e com ela a oportunidade de algo mais constante, mais estável, já que Jennette nunca havia me prometido nada. Não estou usando , longe disso! Realmente a amo. Como melhor amiga, mas amo. E esse relacionamento acabou sendo um refúgio para nós dois. Tanto pra mim em relação a Jennette, quanto pra ela em relação ao .
Decidi esquecer do assunto por um momento e abri o Twitter, com o intuito de me acalmar.

@: Ei, pessoinhas! Como estão?
@Paquita: @ Bem, obg u.u
@: @Paquita Como está o passeio?
@Paquita: @ Só falta tu, tatu :/
@ddlovato: @Paquita @: dispensando um passeio? Tá doente filho?
@: @ddlovato @Paquita HAHA MORRO DE RIR COM VOCÊ, DEMETRIA!
@Paquita: @ddlovato @ Ignora e ri, Demi.

Bufei, rindo, e atualizei minha timeline.
@1D: Linda noite em Olinda na ótima companhia de @land.

E com esse tuite veio uma foto anexada. Curioso - e devo confessar, esperançoso. - abri o link: tomava uma batida de morango num canudo neon e beijava sua bochecha. Observei a foto mais atentamente e encontrei o sorriso escondido de . Sorriso situado no lado direito acompanhado de uma leve mordida de lábio. Sorriso só usado quando ela está, digamos assim, saltitante, mas se força a controlar sua felicidade. Na maioria das vezes quando lembrava dos dias bons que passara com .
Sorrindo, retuitei a foto. Eu não era o único a estar confuso, afinal. Isso, talvez, fosse nossa redenção.

- A LUA ME TRAIU! ACREDITEI QUE ERA PRA VALER! - e entraram em casa gritando, seguidas de um gargalhante, um que tentava cantar junto, um Niall e um fazendo uma coreografia estranha e um que ria fraco, balançando a cabeça negativamente. As duas estão muito alegrinhas, o que, segundo meus conhecimentos, significa que tomaram duas ou mais batidas. Ou que esqueceram de avisar que não bebem. É.
- Que passa? - perguntei a , que no momento me parecia o mais sóbrio.
- QUAL É A MÚSICA, MAESTRO? - as duas gritaram em uníssono, causando risos em todos.
- Dude, por que elas ficam bêbadas com batida de fruta? - perguntou, ainda rindo.
- Nenhuma das duas bebe. - dei de ombros.
- Gandãããão! - se jogou nas costas de Niall.
- Oi. - Niall sorriu amorosamente.
- Bora brincar de eu já? - perguntou infantil e Niall olhou pra mim.
Num instante, já estavamos sentados no chão com copos e garrafas de coca cola. Sim, coca cola. Sou o mais velho e não pretendo deixar ninguém bêbado aqui.
- Eu começo! - embolou as palavras e eu ri. - Eu já gritei com a minha mãe. - ela, eu e tomamos um gole.
- Eu já fiz strip. - confessei e tomei um gole, acompanhado de , e .
- Eu já beijei alguém que está presente. - sorriu sapeca enquanto tomava um gole junto com Niall, , , e eu.
- Peraí, quem você beijou? - apontou pro . - Por que, garanto que a mim não foi.
Olhamos todos incrédulos para após um rapido raciocinio. Ela e se olhavam, prendendo o riso.
- Projeto de caridade na 8º série. O do era barraca do beijo. - deu de ombros.
- Não me olha assim, Horan. Não foi nada fácil! Eu demorei quase o dia inteiro pra convencer essa mina a me beijar. - apontou para , que desatou a rir.
- Vou parando. Não quero descobrir mais segredos do passado obscuro da minha melhor amiga. - Niall se levantou e se agarrou a perna dele.
- Ah, qual é? Acabou a brincadeira? - fez fico e nós rimos.
Peguei , já sonolenta, e a levei para o quarto, deitando-a na cama e a cobrindo em seguida. Depositei um beijo em sua testa e desejei boa noite, vendo-a se ajeitar angelicalmente na cama. Suspirei.
é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. Ela merece alguém que a mereça de verdade. Alguém que tenha lutado por ela. Tá, beleza. Pode aumentar esse sorriso, criança. Eu realmente estou falando do .
Saí do quarto, mexendo freneticamente nos cabelos, na esperança de que o atrito me fizesse ter uma ideia brilhante para resolver os conflitos internos que assolam e eu. Mas meu raciocínio foi interrompido por um murmúrio vindo do terraço e para lá segui, encontrando sentado de pernas cruzadas, olhando pro nada e cantarolando All My Lovin'. Sorri internamente. Essa pode ser a chance que eu estava esperando.
- Tenho uma pergunta. - falei, me enconstando na porta e pude perceber que se assustou minimamente.
- À vontade. - permitiu, me parecendo um pouco desconfortável.
- O que sente por ? - ele arqueou as sobrancelhas e mordeu o lábio, provavelmente pensando no que me responder, então continuei. - Não estou aqui como o namorado da , sim como amigo do . Então não se preocupe.
- Vai muito além de palavras, mas posso garantir que a amo. - respondeu brevemente, ainda desconfortável.
- Tenho outra pergunta.
- Mais uma?
- É a ultima, prometo. - olhei pra ele como se o pedisse permissão e ele gesticulou pra que eu continuasse. - Promete que nunca vai abandoná-la, não importa o que aconteça? - perguntei cauteloso e arregalou os olhos.
- Claro. - respondeu convicto, mas ainda assustado. - Mas, por que você...? - deixou vago e eu suspirei.
- é uma garota incrível. Ela merece tudo do melhor da vida por simplesmente ser digna disso. Não te fiz prometer que vai fazê-la feliz, porque você já faz. Não te fiz prometer protegê-la, porque sempre fez isso. Sei que jamais magoaria ela de novo, então só peço que não a abandone, nunca. Ela é uma menina preciosa, . Não a deixe escapar. - dei dois tapinhas em seu ombro e me virei em direção ao corredor.
Não era tudo o que eu queria dizer, mas já era suficiente.
- ? - chamou e eu virei sutilmente para vê-lo. - Por que não me fez prometer que a amaria?
- Nah. - abanei a mão no ar num ato bem gay, devo admitir. - Porque nisso você já é especialista.




{n/a: deixa essa música carregando, beleza?}

@

Acordei com uma dor de cabeça infernal que, por sinal, não vai passar tão cedo. E sim, o motivo foi a batida de morango que eu tomei ontem. O que me lembra que eu pedi aquela porcaria sem álcool por conta da minha intolerância ao mesmo. O resultado é uma dor de cabeça miserável e um humor nada simpático.
Tomei um banho e coloquei meu pijama do Aquaman, já que não tinha planos de sair de casa pelo resto da tarde. Coloquei meus oculos e fiz um coque desfiado enquanto catava minhas pantufas do Aquaman pelo quarto inteiro. Niall me trouxe de Londres, já que era o único par que eu não tinha na minha coleção. Não me pergunte porque, mas as encontrei em cima do notebook. Analisei meu reflexo no espelho e dei de ombros, já tomando rumo para o andar de baixo.
Desci as escadas tendo como música de fundo a voz nada feliz de Lee. Me assustei ao ver as meninas, Peppe, Lenine e os nossos pais na sala, um tanto inquietos.
- O que tá acontecendo aqui? - perguntei, transparecendo calma, e Lee se pôs ao meu lado com uma feição nada contente.
- Ótimo, você chegou. Agora quer fazer o favor bater na cara desses dois inconsequentes? - Lee apontou pra Peppe e Iane, que estavam abraçados no sofá enquanto tia Lucy afagava o cabelo da morena.
- Marlee, por favor! - tia Hortência, mãe da Lee, repreendeu.
Olhei pra Lenine, que tombou a cabeça para o lado, indicando Peppe e Iane. Me ajoelhei à frente dos dois e juntei nossas mãos.
- O que aconteceu?
- Lembra do Renan? - Peppe perguntou e eu assenti, tentando não fazer careta. Iane terminou com ele duas semanas antes dos meninos chegarem. Dou graças a Deus por isso. - Há uma semana, Iane vem desconfiando de que esta grávida - arregalei os olhos com a palavra mas não interrompi. -, e bom, esse foi o assunto quando eu a deixei em casa ontem. Só que ele tava lá dentro, não me pergunte como já que eu mesmo peguei as chaves dele, e acabou ouvindo. Ele disse que se fosse verdade, ele ficaria com a criança até tirar o último centavo da Nane.
Que fique claro: só a chamamos de Nane quando o objetivo é acalmá-la.
- Aquele filho de uma...
- Lee, deixa ele terminar. - repreendeu.
- O que aconteceu depois? - perguntei calmamente.
Peppe abriu a boca algumas vezes mas não emitiu som algum e em segundos vi um iPad sendo posto a minha frente aberto num site de fofocas.

"IANE ESTÁ GRÁVIDA DE PEPPE, afirma o ex-namorado da guitarrista, Renan Oliveira, em seu perfil no Twitter. Iane e Renan terminaram há cerca de dois meses o relacionamento conturbado de quase 1 ano e desde então a morena só é vista aproveitando as férias ao lado de seus companheiros de banda e dos gatos da One Direction. É uma acusação muito séria a de Renan, mas pode ter um fundo de verdade. Afinal, Peppe e Iane juraram amor eterno um ao outro, certo? Não podemos confirmar nada já que a assessoria da banda não se manifestou. Mas nós estamos de olho, Koshtëmann."

Terminei de ler o artigo horrorizada e olhei para Peppe como se pedindo um manifesto.
- Disse que se existisse, o filho seria meu. - deu de ombros e eu abracei os dois.
- Contem comigo, entenderam? - senti os sorrisos dos dois e me afastei. - Foi idiota, mas completamente nobre.
- Acho que falo por todos quando digo que tenho orgulho de vocês. - Lenine falou e nós concordamos. - Mas não podemos fazer nada enquanto não tivermos o resultado.
- Já foram no médico? - perguntei.
- Vamos gravar Right Beside You e estamos indo logo em seguida. - Iane se pronunciou pela primeira vez e eu assenti.
- Cyz deve estar chegando em meia hora, mas se quiser já ir ensaiando com o Niall, ele está lá em baixo com Caio e Marina. - Lenine deu de ombros e eu assenti mais uma vez.
- Claro. Só preciso comer alguma coisa.
Ele assentiu e eu fui pra cozinha acompanhada por e tomamos café da manhã em absoluto silêncio. A situação de Peppe e Iane martelava em minha cabeça. Eu pedia a Deus, repetida e silenciosamente, que os poupasse de qualquer sofrimento e que os desse força para o que quer que acontecesse. Eles são pessoas extremamente especiais e completamente incríveis, aquilo não poderia estar acontecendo. Mas o fato de Peppe ter "assumido o filho" de Iane me fazia sorrir.
- Desculpa pelo que eu disse ontem. - interrompeu o silêncio e a minha linha de raciocínio.
- Não precisa pedir desculpas. Você tem razão, como sempre. - sorri fraco, terminando meu desjejum e ver minha melhor amiga sorrir de volta foi aliviante.
- Mas sabe que eu te amo, não sabe, sua vaca louca?
- Você insiste em demonstrar da forma mais linda possível me apelidando carinhosamente, sua idiota do cabelo azul. - ri e ela me abraçou.
- Hey, florzinhas. - Cyz apareceu na porta da cozinha. - Estão prontas?
- Claro. - respondemos juntas.
- Ótimo. Porque não temos muito tempo. - ela se aproximou e sentou conosco à mesa.
- O que houve? - perguntei preocupada.
- Acabei de gravar com Peppe e Iane. Achei melhor mandar os dois para o médico logo, afinal isso realmente é caso de urgência. E caso não lembrem, vocês têm um show mais tarde. - apontou e eu bati minha mão na testa. Não acredito que eu realmente esqueci disso! Todo ano acontece o Festival Chico Science, que dura dois dias e preza a música, a cultura e a ação social. Faríamos o show de abertura do evento. - Conversei com Niall e ele disse que vocês ensaiaram um pouco nas férias. Espero realmente que seja o suficiente pra que fique impecável o mais rápido possível. Temos que chegar no Chevrolet Hall às sete pra passagem de som.
- Vai correr tudo bem. - codinome Otimismo declarou.
- Agora vamos. Caio se autointitulou o diretor do videoclipe. - Cyz declarou e nós rimos, seguindo-a até o estúdio.
Niall estava extremamente saltitante, afinal era nossa primeira parceria - de muitas que ele prometeu que faríamos. Caio filmou todo o ensaio de todos os ângulos possíveis e eu fiquei realmente feliz por vê-lo feliz. Não houve um mísero quarto de hora em que não ressaltasse o quão matadora eu estava com o meu pijama e as pantufas do Aquaman. Ouvimos o resultado pela última vez e ficamos extremamente satisfeitos. Decidimos também que vamos apresentar Right Beside You esta noite pra comemorar o sucesso da parceria.
Então, quase que na velocidade da luz, corri para o meu quarto assim que Cyz gritou 'Finito!', a fim de me aprontar para a passagem de som e, consequentemente, pro show.

@

- Vambora, ! - gritei pela quadragésima vez, esperando o dito cujo no sofá da casa de .
A pedido de - que me ameaçou de morte se por acaso eu não fosse com a roupa que ela escolheu pra mim. - eu estava com um jeans escuro, uma camisa azul clara que tinha um enorme chapéu vermelho com detalhes dourados {n/a: chapéu de paquita}, com os dizeres "Made in " nas costas, All Stars brancos e só. Os outros já estavam no local do show, que por sinal ficava a apenas quinze minutos de carro da casa de , deixando eu, , e sob a responsabilidade de Pedrinho, já que eles tinham que estar lá mais cedo para a passagem de som.
Os caras já estavam no carro, e como sempre era o nosso atraso.
- Aqui estou! - declarou ao descer as escadas ajeitando a camisa branca com os dizeres " Anne , YODADDYLETCHUDATE?" que vestia junto com um jeans claro e All Stars pretos.
- Que pouca vergonha é essa? - perguntei, olhando incrédulo para sua camisa.
- Desculpa se você foi idiota o bastante pra não comprar uma dessa pra você. - levantou as mãos e eu bufei.
- Vamos. - declarei, seguindo para a garagem.
estava com uma camisa verde água onde tinha algo em português de preto e embaixo o autógrafo de Iane de vermelho. vestia uma camisa vermelha com "I'M MRS. KOSHTËMANN" impressa em letras garrafais e um mustache sob o que estava escrito.
- Vocês, por acaso, são gays? - perguntou ao entrarmos no carro.
- Falou o cara com camisa de orkuteiro. - falou .
- Desculpa se eu sou kosher e sei o que significa. - deu uma piscadela ridícula e nós cruzamos os braços de forma desafiadora.
- O que, exatamente, isso significa? - arqueei uma sobrancelha.
- Caso vocês, idiotas desinformados, não saibam, um dos cantores contemporâneos favorito da é o Phillip Phillips que ganhou o American Idol. - coçou o queixo forjando inteligência e, numa reação simultânea, rolamos os olhos.
- Prossiga, . - pediu.
- Uma vez ela tuitou dizendo que seria um sonho realizado ouvir o famoso "Yo Daddy Letchu Date?" do próprio Phillip. Aí Colton Dixon, amigo íntimo do Phillip e kosher assumido, levou o cara pro show da Koshtëmann em Atlanta e eles invadiram o palco gritando 'Hey, ! What's your number? Yo daddy letchu date?' E no outro dia, isso foi o assunto mais falado no Twitter. - sorriu orgulhoso e o bufar foi uma reação geral.
Chegamos no local do show e bom, estava literalmente fervendo. Fomos conduzidos até a frente da grade, já que acabamos por recusar ficar isolados no camarote. Sorridentes, atendemos os pedidos de fotos e autógrafos.
- HAAAI! - Niall apareceu saltitante e sorridente (lê-se: duende) como sempre, com uma camisa amarela com uma seta preta apontando para o seu rosto e os dizeres "EU SOU LEENDO" - ou algo do gênero - e as meninas atrás de nós gritaram histericamente, nos fazendo rir. O palco inteiro estava escuro e um único holofote estava mirado no irlandês. Ele começou um discurso em português e nós adotamos o ato de repetir o que o público falava. Só consegui entender suas últimas palavras. - Iane Verissimo, , Peppe Koshtëmann, Anne e Lee Kettner... KOSHTËMANN!
Niall saiu do palco ainda saltitante sob gritos e aquele único fecho de luz se apagou. Confesso que meus nervos atingiram seu êxtase. Já tinha visto apresentações deles pelo YouTube, mas não se compara. Afinal, esse é o meu primeiro show da Koshtëmann ao vivo.
Os telões se acenderam numa contagem regressiva de 10 segundos e o público - incluindo eu e os garotos - gritava a contagem. A partir do quinto segundo, símbolos apareceram: o que indicava o quinto segundo era um raio branco; o quarto, era um laço laranja; o terceiro era o mesmo chapéu vermelho que estava em minha camisa; o segundo era um óculos verde e o primeiro era um mustache. Os gritos aumentaram quando um facho de luz foi posto sobre , que estava sentada num dos amplificadores no meio-fundo do palco, com a cabeça baixa.
- I know you hear me. Won't you give me a sign? - ela introduziu Desperate na forma acapella, levantando o microfone logo em seguida e só então eu percebi que Niall e tinham se juntado a nós, pois gritavam a continuação da música.
- YOU'VE GOT ME DESPERATE! - a multidão cantou e sorriu, se levantando e a iluminação se fez em flashes, acompanhando o solo de introdução da música. {n/a: se quiser ouvir a música, tá aqui}
E preciso confessar que ri feito um retardado ao perceber como estavam vestidos. vestia shorts vermelhos, camisa branca listrada e suspensórios. Iane estava oficialmente aclamada como versão feminina do Niall. Peppe vestia calca social, camisa e paletó azul marinho. usava xadrez vermelho e shorts cáqui. A música chegou ao fim e Lee se levantou, fazendo viradas impressionantes na bateria, vestindo uma varsity jaquet vermelha com um "K" bordado em branco do lado esquerdo e shorts pretos.
- Sejam muito bem vindos ao Festival Chico Science! - gritou e eu só entendi porque Niall traduziu.
O show seguiu com músicas de todos álbuns e, claro, estávamos basicamente gritando as músicas - inclusive as em português - e nos divertindo bastante. parecia uma pipoca, raramente parando de pular. Iane fazia umas dancinhas bem engraçadas e caretas, digamos, bem fotogênicas. Peppe, vez ou outra, fazia uma gracinha pro público mandando beijinho ou fazendo algumas gayzadas. não parava quieta, andava (lê-se: corria) o palco inteiro. Todos tinham um brilho incrível (e totalmente compreendido) no olhar. A sensação de estar no palco é realmente incrível e, em nenhum momento, você pensa em dar menos que o seu melhor.
De repente, todo o palco se apagou e no telão apareceu uma em preto e branco tocando piano. A voz de Peppe surgiu no mesmo instante que um facho de luz foi jogado sobre os dois no piano azul, no canto esquerdo do palco. Eles faziam um cover quase angelical de Decode, do Paramore {n/a: mais ou menos assim}. Ouvi um fungar e olhei pro lado encontrando meu melhor amigo com lágrimas nos olhos.
- ? - chamei, prendendo o riso e ele me olhou. - Tá tudo bem?
- Sim. - assentiu, limpando os olhos. - É que aceitou minha sugestão. - sorriu e eu o abracei brevemente. Amigo sensível, eu tenho.
Ao fim da música, a iluminação mudou para um vermelho com alguns fachos brancos e olhou diretamente pra mim com um enorme sorriso sapeca. Olhei em volta pra confirmar se era eu realmente o alvo do seu olhar e quando tornei a olhá-la, ela piscou pra mim. Peppe se levantou, puxando num abraço para a ponta do palco e a introdução me fez arregalar os olhos.

You know I've always got your back girl
So let me be the one you come running to
Running to, r-r-running

Se eu não conhece Peppe e , eu diria que eles estavam em um jogo de sedução. Ele jogando o maior charme pra cima dela e ela, bom... Rindo de tudo.

You just call my name
I'll be coming through, coming through, I'll get coming

pegou o microfone da mão de Peppe e passou a empurrá-lo para o outro lado de palco, enquanto assumia os vocais da música.

On the other side of the world
It don't matter, I'll be there in two, I'll be there in two, I'll be there in two
I still feeling it everytime
It's just something I have to do
Now ask me why I want to

- JUMP! - Peppe gritou antes de começar o refrão.

It's everything about you, you, you
Everything that you do, do do
From the way that we touch, baby
To the way that you kiss on me
It's everything about you, you, you
The way you make it feel new, new, new
Like every party it's just us two
And there's nothing that could point too
It's everything about you, you, you
Everything about you, you, you
It's everything that you do, do, do
It's everything about you

- Come on, guys! - apareceu ao lado de uma Lee saltitante no teclado e todos nós gritamos histericamente. Ela começou a descer os degraus que levavam até a parte frontal do palco e colocou óculos escuros, fazendo uma dancinha no maior estilo black diva e piscou na direção do meu amigo irlandês. Olhei pro lado a tempo de ver Niall sorrir bobo e piscar de volta.

Guess I like the way you smile with your eyes
Other guys see it but don't realize that it's my, my loving
There's something about your laugh that it makes me wanna have too
There's nothing funny, so we laughing, no-no-nothing

Iane, rindo, continuou cantando diretamente para Peppe, que já estava à sua frente no maior estilo Dom Juan.

Every minute it's like a last song
Let's just take it real slow Forget about the clock that's tick-tick-ticking I still feeling it everytime It's just something I have to do Now ask me why I want to

It's everything about you, you, you
Everything that you do, do, do
From the way that we touch, baby
To the way that you kiss on me
It's everything about you, you, you
The way you make it feel new, new, new
Like everybody, it's just us too
And there's nothing that could point too
It's everything about you, you, you
Everything about you, you, you
It's everything that you do, do, do
It's everything about you

Peppe puxou a mão de , colocando-a em seu peito e ela piscou sorrindo para Iane antes de encarar o Koshtëmann.

And you have always been the only one I wanted
And I wanted you to know without you I can't face it
All we wanna have is fun
But they say that we're too young
Let 'em say what they want

It's everything about you, you, you
Everything that you do, do, do
From the way that we touch, baby
To the way that you kiss on me
It's everything about you, you, you
It's everything that you do, do, do
Like everybody it's just us too
And there's nothing that could point too

It's everything about you, you, you
Everything about you, you, you
It's everything that you do, do, do
It's everything about you

A batida parou e as luzes se apagaram, o que não impediu o público de gritar histericamente.
O telão se acendeu mostrando um pequeno Niall e uma mini de no máximo sete anos sentados no balanço de um parquinho que reconheci como o que fica atrás da nossa antiga escola. Eles riam e faziam caretas a medida que tomavam mais impulso no brinquedo.
- O que estão fazendo? - reconheci a voz da mãe de Niall e o irlandês virou para a câmera.
- Fazendo caretas. - respondeu sorridente.
- Niall está me ensinando a trocar os olhos, tia. - sorriu.
- Ah, é? E como faz? - perguntou e ficou "zarolha", fazendo todos rirem enquanto o mini Niall sorria orgulhoso.
A cena mudou para o quarto de Niall na casa da mãe dele, mostrando o mesmo acordado com um sorriso no rosto e se ouvia cantando parabéns enquanto adentrava no recinto.
- Quê que você tá fazendo aqui tão cedo? - Niall sentou na cama com a cara amassada.
- É seu aniversário, campeão. Desde quando eu quebro as regras? - falou divertida, sentando ao lado de Niall.
- Não seria você mesma se quebrasse as regras. - Niall ponderou.
- Vamos, vamos! Diga! Quero saber o que você vai reclamar de aniversário!
- Por que está fazendo isso, ? - apontou para a câmera.
- Bom, quando você ficar famoso no mundo inteiro eu vou poder dizer que sou a eterna melhor amiga que sempre acordou Niall James Horan no dia do aniversário e que tenho direito de fazer isso pela eternidade... Quer dizer, isso se você não me trocar por uma bff caça fama que não saiba nem onde fica a Grã-Bretanha. - Niall riu e sua atitude foi refletida em todos.
- Deixa de ser besta, .
- Não vai me trocar, então?
- Jamais! - afirmou convicto.
- Como pode ter tanta certeza? - Niall olhou pra cima e depois estendeu as mãos em direção a . - Hey!
- Me dá meu cupcake. - falou um tanto sério.
- Estressaaaaaaaaado. - cantarolou, nos levando aos risos.
- Eu, Niall James Horan, no dia do meu aniversário de 14 anos - respirou fundo e sorriu. -, reclamo o direito de passar o resto da minha vida ao lado da minha melhor amiga, Anne , haja o que houver. E prometo, que independente da circunstância, estarei sempre ao seu lado.
- Para todo o sempre? - perguntou com a voz falha e Niall sorriu abertamente.
- E sempre e sempre, amém. - {n/a: coloque Right Beside You agora} o telão se apagou e a bateria introduziu uma música.
apareceu já trajando outras roupas assim como , Niall e o resto da banda.
Um banco grande de madeira escura estava no centro do palco e e Niall para lá estavam, sentados nos braços do móvel.

I've seen it and felt it
Hopelessness with no lifeline

Niall começou cantando, olhando diretamente para que, aposto, estava se contendo para não chorar.

The wicked are feeding on
Innocence and our decline
You and I we are the same
Torn apart by different things
All our faith is barely alive
But we're going to make it through the night
I want you to know

When the world is on your back
And you think that you will never last
When you're lonely and you are confused
I'll be right beside you
When the walls are closing in
And you think you'd rather sink or swim
When you think there's nothing left to lose
I'll be right beside you
I'll be with you

We are precious
More than priceless is our worth
Loved by the Father
Heaven's children here on earth
You and I we are the same
Lifted up above the pain
By its wounds we have been healed
And by our love it is revealed
I want you to know (I need you to know)

When the world is on your back
And you think that you will never last
When you're lonely and you are confused
I'll be right beside you
When the walls are closing in
And you think you'd rather sink or swim
When there's nothing left to lose
I'll be right beside you

Hold on, don't you let go of me
I'll be here through it all
Hold on, when you're ready to fall
I will carry you
I will never leave you
I will lift you if you fall

When the world is on your back
And you think that you will never last
When you're lonely and you are confused
I'll be right beside you
When the walls are closing in
And you think you'd rather sink or swim
When there's nothing left to lose
I'll be right beside you
I'll be with you

entrelaçou sua mão livre com a de Niall e a levou ao coração, deitando a cabeça no ombro do duende, que a abraçou.
- I'll be right beside you.




@

- Até daqui a pouco. - Niall sorriu, juntando nossos lábios logo em seguida.
Mas o encanto foi interrompido pelo idiota, que nesse momento também pode ser conhecido como meu parceiro.
- Tá, tá, tá. Vocês têm tempo pra isso mais tarde. Agora a gente tem muito trabalho pra fazer. - gritou e eu senti alguém me puxar pelo braço, me afastando do meu príncipe irlandês, que simplesmente ria.
- Eu te odeio, . - resmunguei ainda sendo puxada por ele até a área de recreação, onde ficaríamos o resto da tarde.
- Também te amo, . - Sorriu, idiota, e eu o enchi de tapas até nosso destino.
Como manda a tradição, nos dividimos para cada área de atendimento do FCS. Só que dessa vez, a linda e maravilhosa One Direction está conosco esse ano, o que significa que também foram divididos: estava com Peppe no stand de artesanato; Já estava com Iane na oficina de música junto com meu leprechaun; e Lee foram destinados ao atendimento dentário; e estavam juntos na assistência social.
Se eu pudesse escolher um único evento para trabalhar no meu ano, seria o FCS. Sim, dispensaria VMA, KCA e o que tiver de 'A' para estar nesse único evento anual. Aprendi com meu avô - que Deus o tenha - que nada na vida vale a pena se você não fizer por alguém. Você não tem ideia do quão gratificante é escutar um 'Obrigado, tia '. A maior alegria que tenho, sem dúvida, é de fazer algo de bom para os outros.
- Parabéns. - falei meio que no automático ao constatar que a data de hoje é 11 de maio. Dia do aniversário de namoro da e do .
- Pelo quê? - perguntou, entregando mais um bambolê para uma garota que já rodava seis deles na cintura e eu mal podia acreditar no que acabara de ouvir.
- Hello! Hoje é seu aniversário de namoro! - dei-lhe um tapa bem no meio da testa e eu podia jurar que estava vendo um fantasma tamanho susto ele me deu com aquela cara de idiota gargalhante.
- E aquela... - colocou as mãos na cintura num ato bem gay, devo ressaltar. - Aquela criatura esqueceu! - riu e uma sobrancelha minha se auto arqueou. Como assim não me parecia dar a mínima pra essa data?
- Rodrigo! - gritei o nome do monitor mais próximo e ele veio até nós. - Preciso de cinco minutos. - apontei de mim para , que me parecia confuso.
- Vai pela sombra. - abanou a mão e eu agradeci com o olhar.
Puxei o garoto para debaixo da mesa - o único lugar 'fechado' que tinha por perto e que eu podia denominar de meu escritório - e respirei fundo, filtrando uma única vez tudo o que eu tinha em mente.
- Que porcaria de realcionamento é esse que não se comemora mais aniversário? - contive o tom da minha voz e o vi sorrir debochado, cruzando os braços. Peraí, esse garoto tá me tirando?
- Diga-me você, ó presidenta do Clube . - ergueu uma sobrancelha e eu pude sentir o ar me escapando.
Zilhões de pensamentos me ocorreram, mas nenhum me parecia bom o suficiente pra ser compatível com o que eu acabara de ouvir.
- O que você sabe? - minha voz saiu um tanto esganiçada, mas pelo amor de Deus, a voz de quem sairia perfeita nesse momento?
- O que eu sei é que e se amam, apesar de tudo e eu não posso mais sacrificar a felicidade de duas pessoas por um capricho meu, por me sentir confortável namorando a . - explicou devagar, como se quisesse ter certeza de que eu entenderia tudo da maneira certa. E, como num estalar de dedos, senti meu sangue ferver com uma dúvida que atingiu.
- Você tava usando minha melhor amiga? - lhe estapeei sem dó ou misericórdia e ouvi uma risada escandalosa em troca.
- Claro que não, ! Tá louca?
- Então se explique, homem! - levantei as mãos e ele riu novamente. - Caramba, . Para de rir!
- Tá. Tudo bem, . Parei! - levantou as mãos em rendição e respirou fundo. Whoa oh. Não (lê-se: nunca) vem coisa boa quando alguém respira dessa forma antes de falar. - O que Jennette e têm em comum? - me olhou com aqueles olhos de buldog mando que pede carinho e eu senti meu coração derreter no mesmo instante em que meu cérebro ligou os pontos.
- O namoro é o refúgio de vocês. - sussurrei e o vi assentir. - Isso é tão ridículo quanto eu acho que é? - franzi o cenho e riu fraco.
- Você já sabe como acontecia meu relacionamento com a Jennette e confesso que apesar de tudo eu ainda sinto algo por ela, sabe? E a ... - riu fraco. - , você, melhor que ninguém, sabe que aquele único ato foi capaz de mudar a vida dela, mas não de acabar com o sentimento que eles têm um pelo outro.
- E o que você vai fazer? Terminar com ela? - ele simplesmente assentiu. - Hoje?
- Não. Depois que os meninos forem embora.
- Ah! Qual é, ? Não vai nem dar o gostinho da reconciliação na minha pátria amada, idolatrada, salve, salve? - ergui uma sobrancelha e ele negou. - Por quê?
- O que seria da reputação de Anne 'Segue Regras' se terminasse um relacionamento à noite e começasse outro ao amanhecer?
- Ela jamais faria isso. - conclui. - Poxa, . Você só não é um gênio porque esse posto já é meu.

@

Cheguei em casa esgotada. Não estou reclamando, amo o Festival e amo ser voluntária, só que isso realmente acaba com as minhas energias. Os meninos se apresentaram no show de encerramento logo depois de Lenine e um pouco antes de nós. Em homenagem ao cara que dá nome ao festival, encerrando o evento com Maracatu Atômico, como de praxe.
Confesso que ri quando chegamos em casa e ameaçou, aos gritos, tomar banho com o sistema de irrigação do jardim porque todos os banheiros já estavam ocupados. Como fui a primeira a terminar, ofereci a ele o banheiro do meu quarto e juro que jamais o vira tão saltitante.
Resolvi que seria bom apreciar as estrelas nesse raro céu limpo de maio e fui para o sótão, carregando Sheldon comigo. Ajeitei meu corpo num dos colchonetes que estavam espalhados pelo chão logo após abrir a janela que, estrategicamente, ficava no topo diagonal direito, me dando uma visão privilegiada das estrelas.
- Hey! - a voz do meu melhor amigo chegou aos meus ouvidos. - I'm looking up for me star girl. I guess we're stuck in this mad world. Things that I wanna say, but we are milion miles away...
- Se divertiu hoje? - perguntei enquanto Niall se sentava ao meu lado.
- Demais da conta. - sorriu com o seu português enrolado que saiu mais como um espanhol muito feioso.
- Não tenta reproduzir tudo aquilo que você escuta a Lee falar em português, tá bom? - ri e ele deu língua.
- Amei o festival.
- É maravilhoso, não é?
- Gostei de ver o se declarando pra Evanna em português. - rimos e a imagem do garoto se comunicando com a namorada no Skype que a Iane inventou de fazer na hora do show. E por 'se declarando' subentenda coisas do tipo seu globo ocular ilumina a mim nos momentos de escuro.
- Nah. O melhor foi você cantando Ont Thing pra paquita. - cutuquei e vi meu Grandão ruborizar de imediato.
- O photoshoot que a gente fez hoje a tarde foi bem legal. - desconversou e eu ri.
- Por mais que eu odeie quando você muda de assunto, foi realmente muito divertido.
- Queria poder te levar na mala.
Após essa declaração de Niall, um silêncio um tanto quanto incômodo se procedeu. Abracei meu Grandão com força e pude senti-lo estalar os lábios na minha testa. Não queria que ele fosse. Não queria ficar longe dele de novo. Seria doloroso demais. Principalmente depois de toda aquela reviravolta inesperada. Digo, minha relação com . Não vai ser a mesma coisa longe de Niall. Muito menos longe de .
- Brilha brilha estrelinha... - comecei a cantar do nada, talvez na tentativa de acabar com aquele clima de tristeza e a risada de Niall invadiu o lugar, causando o mesmo resultado em mim. - Eu te amo, Grandão.
- Eu te amo, Pequena.

x

Aeroporto Internacional dos Guararapes, Gilberto Freyre. O que preferir. Ouvia gritos do lado de fora da sala em que esperávamos. Via abraçada à Niall, num momento extremamente fofo. Me via agarrada aos braços de e enquanto via falar com alguém no telefone, provavelmente com a mãe, e comia algo com Iane e Peppe. E, como se pudesse ser diferente, Caio filmava a tudo.
- Promete que vai me mandar dm todo santo dia? - perguntei a e , que me respondeu com um sorriso meigo. - E você, little ? Vou receber dm todos os dias?
- Claro, mommy. - sorriu e estalou um beijo no topo da minha cabeça.
- Aí! - Lee chegou esbanjando discrição, praticamente se jogando no colo de . - Só uma dica: se tiver frango frito no menu do lanche do avião, não peçam. Senão seus queridos companheiros de voo vão querer acabar querendo pular do avião. - piscou e riu.
- Falou a voz da consciência? - perguntou.
- Da experiência mesmo. - Peppe disse e todos rimos. Memória ruim, apesar de divertida. Não aconselhável a ser partilhada. Sorry.
- Hey. - apareceu com um sorriso meio que forçado, o qual eu conhecia muito bem. Ele sempre sorria assim nas despedidas. - Chegou a hora, gente.
Quase que por instinto, me apertei contra o tronco de . Odeio despedidas. Odeio ficar longe das pessoas que eu amo.
- Hey, mommy. Te mando uma sms por refeição, não se preocupa não, tá? Eu prometo. - estalou um beijo em minha testa e eu sorri.
- Boa viagem, Little . E cuidado, tá bom? - me afastei e ele sorriu, beijando minha bochecha.
- Não se preocupa. Ele não vai sair por aí feito um louco. - se aproximou e eu o abracei.
- Se certifica de que ele vai comer na hora certa e que não vai engravidar ninguém? - pedi e ele riu.
- Não sei se posso garantir essa última parte. - depositou um beijo em minha bochecha e eu ri.
- Manda um beijo pra sua mãe e pras meninas, ok? - ele simplesmente assentiu. - Boa viagem, .
- Quero meu abraço! - ouvi cantarolar atrás de mim e eu praticamente me esmaguei contra ele. - Eita. Isso sim é o que eu chamo de abraço profissional. - riu e eu o estapeei.
- Cuida dele pra mim, tá? - indiquei com o olhar e tive a impressão de que a boca de ia se rasgar tamanho sorriso que estava nela. - E entrega os presentes direito! Não quero sua mãe reclamando comigo de que acabou ficando com o presente da Evanna. - apontei mas aquele idiota parecia não me ouvir mais.
- Eu vou tomar conta do seu , não se preocupa. - bateu continência, ainda sorrindo, e apareceu quase que do nada com aquele sorriso que dizia que não queria partir. - Tô indo, ! Tchau, . - me abraçou uma última vez e saiu para se despedir dos outros.
- Não deixa ele explodir os ovários de ninguém, ok? - supliquei e riu, me puxando para um abraço extremamente aconchegante. - Faça uma boa viagem e se cuida, tá bom? Promete que vai ficar bem, certo?
- Te prometo. - senti seu sorriso e mordi o lábio, me impedindo de sorrir. - Deixei uma coisa pra você na minha cama. - sussurrou, fazendo aquela divertida corrente elétrica atravessar o meu corpo e eu assenti. - Eu te amo. - declarou e, se eu não estivesse abraçada a , provavelmente já estaria no chão, tamanho impacto aquelas palavras tiveram sobre mim.
Me afastei, ainda contendo meu sorriso, tentando tranformá-lo em algo forçado, o que se tornou mais que impossível quando o vi piscar pra mim com um sorriso estupidamente lindo nos lábios. Juro que tentei, mas pareceia que era apenas uma memória distante perto de . E isso me fazia sentir péssima.
Ao perceber que todos já haviam se despedido, olhei para a única pessoa que poderia arrancar de mim uma cachoeira nessa despedida. E ela veio, de fato, no mesmo instante em que abracei Niall com tudo o que minha força permitia.
- No dia mais claro e na noite mais densa - declarou num sussurro fraco e só então eu percebi que ele estava tão acabado emocionalmente quanto eu. A única diferença é que, mais uma vez, ele estava sendo forte por mim. - Todo mal sucumbirá quando o poder do Lanterna Verde encontrar.
- Não sei se consigo sem você, Grandão. - me apertei mais contra ele e o senti afagar meus cabelos.
- Vou estar sempre ao seu lado, Pequena.
- A recíproca é verdadeira. - ri fraco junto ao meu melhor amigo e ele me empurrou de leve, nos afastando consideravelmente.
- Cairdeas. I gcónaí. - e aí, com a mão esquerda sobre o peito, Niall estava conjurando nosso cumprimento secreto. Não tive outra alternativa, nem mesmo que eu quisesse ter outra, e fiz o mesmo que ele, repetindo as palavras em português, que por sinal, sairam completamente emboladas. Nialler me abraçou novamente, impedindo que o transtorno fosse maior e eu jamais poderia agradecê-lo o suficiente por isso. - Não chora assim, . Você não quer que eu abra o berreiro no meio do aeroporto, quer? - ri com isso e Niall se afastou minimamente, mas o suficiente para limpar minhas lágrimas e me olhar nos olhos. - Você vai saber o que fazer. - discretamente, indicou com os olhos e eu simplesmente assenti, abraçando ele mais uma vez.
- Obrigada. - sussurrei e senti seu sorriso. - Agora você precisa ir, Nialler.
- Você também, . - estalou um beijo em minha testa. - Até agosto.
- Até agosto. - repeti.

Subir aquelas escadas não me parecia mais tão divertido, tão necessário, tão prazeroso. Afinal, eu já tinha consciência que não encontraria meus meninos quando chegasse ao topo dela. Então decidi que desceria para o estúdio, já que uma estrofe inteira martelava na minha cabeça.
- Hey. - ouvi chamar na porta do estúdio e levantei minha cabeça o suficiente para vê-lo. - Você tá bem?
- Tô sim. Só preciso de um tempo sozinha. - sorri fraco e ele assentiu.
- Sabe que qualquer coisa é só me chamar, certo?
- Sei sim. - ele mandou um beijo no ar e então saiu do estúdio. - Tudo bem, sweetie. - olhei para Sheldon de forma extremamente profunda. Não me chame de louca. Sou musicista. Faz parte. - Hora de trabalhar.
Eu já não ligava para a forma como meus dedos latejavam e meu estômago não tinha se manifestado quanto à falta de alimento. Olhei para o relógio na parede e constatei que eu já estava há quase 4 horas no estúdio, bufando em seguida ao lembrar que eu tinha travado. Prometi a mim mesma que não incomodaria Peppe porque o mesmo tinha decidido com Iane que hoje era o dia de receber o resultado. E, bom, pelos meus cálculos, a essa hora eles estão na clínica. Olhei para os zilhões de papéis que estavam espalhados pelo lugar e me foquei no que estava a letra mais recente.

The waves are crashing down on me
{
As ondas estão se quebrando em mim}
But I know that this cannot be the end, be the end...
{
Mas eu sei que esse não pode ser o fim, ser o fim}
Right now I feel like copping out
{
Agora mesmo, estou com vontade de pular fora}
Will You hold me up, if I just say
{
Você vai me abraçar forte se eu disser}
That I will stay?
{
Que eu vou ficar?}
I will hold out to this hope that I have
{
Eu vou me agarrar à essa esperança}
You gave me a promisse, you gave me a promisse
{
Você me fez uma promessa, você me fez uma promessa}

Eu já tinha uma estrofe e o começo do refrão. Agora só me faltava o resto da música. Odeio travar. Odeio quando não consigo terminar algo que já me parece estar na ponta da língua. Me espreguicei - estalando boa parte dos meus ossos - antes de seguir rumo à sala pra pedir ajuda a .
- Hey, ! Você... - parei quase que imediatamente ao vê-lo sentado com o rosto em mãos, aparentemente chorando. - , hey! O que houve? - cheguei ao seu lado como um relâmpago, sentindo minha preocupação inteira se voltar pra ele.
- Há quanto tempo não passa de rotina? - sorriu fraco e eu estremeci. Por mais subliminar que tenha sido a mensagem, eu a via com a mais pura clareza existente. Engoli seco, sentando-me ao seu lado.
- Era como um refúgio pra mim. Algo seguro. Sem riscos. - confessei sem nem ao menos saber de onde essas palavras vinham e senti me abraçar de lado.
- Pra nós dois, . A culpa não é somente sua. - sorri com isso. - Acabamos pondo em risco nossa felicidade inteira. E depois dessas férias, depois de ver que vocês sobreviveram à tudo aquilo, eu não tive dúvidas. Não podia mais atrapalhar isso.
- Assim me sinto culpada. - fiz bico e ele riu.
- Não era essa minha intenção, desculpe.
- Mas e você e a Jennette? - franzi o cenho.
- Não se preocupe com a Jennette, . Nos resolvemos depois. O assunto é você e o , nem tente desviar. - apontou e nós rimos. - Vocês foram feitos um pro outro, . Não tem pra onde correr.
- ? - ele murmurou, indicando que eu deveria prosseguir. - Como pode ter tanta certeza? Digo, sobre e eu?
- Todo mundo já sacou isso, . Vocês se amam, tá na cara. Não posso atrapalhar isso. Ninguém pode! é o seu presente, passado e futuro, gata.
- Me convença de que não é palhaçada sua. - levantei o rosto para vê-lo e ele fez uma careta fofa, indicando que seria fácil.
- Ele olha pra você da mesma forma que o Niall olha pra paquita. - sorriu e eu entrei em choque. sempre evitou comparações. E Niall nunca fingiu seus sentimentos. Para comparar uma situação envolvendo os sentimentos de Niall significava que ele tinha a mais plena certeza do que estava falando. Sorri com isso. - Ele é o cara perfeito pra você, .
- Assim como eu espero que ela seja a garota perfeita pra você. - falei sincera e ele me apertou.
- Se a Jennette não for a garota certa pra mim, paciência. De nós dois. - deu de ombros.
- Agradeço por tudo, . - me apertei contra ele.
- Mas, então? O que você queria?
Os sentimentos estavam mais que aflorados e isso nos ajudou a ter uma música novinha em folha. Bem melhor que o esperado, na verdade. Assim que terminamos You Gave Me A Promisse, resolvemos anunciar o término do nosso namoro de uma forma um tanto diferente. Trocamos nossas bios no twitter para ''s little sis' e ''s big bro' e postamos uma foto logo em seguida segurando plaquinhas com her/his ex.

@: @land é a melhor namorada do mundo. Sorte do cara que tem o coração dela.
@land: Espero que a garota que conseguir o coração de @ realmente o mereça. Se não eu a parto em um zilhão de pedaços :D

- Você vai assustar minhas pretendentes desse jeito. - riu ao ler meu tuite e eu arqueei uma sobrancelha. Estávamos na varanda, deitados no chão, aproveitando o pôr do sol. Um hábito antigo que temos e não planejamos perder nem tão cedo.
- Elas precisam saber o que pode acontecer se, por algum acaso, mexerem com um dos meus meninos. - ele riu.
- Seus meninos? - fiz que sim. - Isso por acaso inclui , e ?
- E , e .
- Imagino quando você tiver filhos... - riu e eu o encarei feio.
- Olha quem fala. O cara que disse que a filha só namoraria depois da pós graduação. - no mesmo instante ele fechou a cara e uma vontade de rir imensa se fez dentro de mim.
- Vem cá, . Cê tem mais o que fazer não?
- Pra sua sorte, tenho. Vou pra casa do Peppe daqui a pouco, preciso de um banho. - joguei todo o meu peso em cima de antes de me levantar.
- Você precisa parar de pensar que alguma coisa é pesada pra mim.
- Tá bom, Hulk. Vou pedir o apetite do Niall emprestado. Meu metabolismo não é tão rápido quando o dele, e aí você vai conhecer uma coisa pesada. - apontei e ele riu.
Segui, então, para o meu quarto. Mas algo me atraía para o quarto em que Niall e ficaram hospedados. Não sei explicar exatamente porquê, mas uma vozinha na minha cabeça repetia que eu deveria entrar lá. Decidi não contestar, já que toda vez que eu resolvo pensar em algo e analisar todas as possibilidades eu acabo perdendo alguma coisa.
Usei de toda a minha calma para abrir a porta e sorri automaticamente ao sentir a mistura dos perfumes de Nialler e ainda presente no cômodo. Eu poderia jurar que sentia as lágrimas rolando em meu rosto, eu sentia essa vontade de chorar. Mas ao invés de caírem, as lágrimas resolveram iluminar meus olhos, refletindo a imagem de uma caixa amarela em cima da cama onde dormia. Lembrei então do que ele havia me dito no aeroporto. Sorri fraco. Saber que ainda tínhamos chance era bom, mas ao mesmo tempo saber que ele estava longe me doía.
Me sentei na cama e peguei a caixa com cuidado. Nela, havia desenhadas cadeias ramificadas e isso me trouxe uma lembrança incrível, fazendo com que uma lágrima solitária se arriscasse a descer por minha bochecha.

#FLASHBACK ON

Depois de ter sido interrompida na aula de química e ter recebido uns 28342834 recados de terceiros, resolvi dar uma chance ao tão admirado . Mas não pense que é porque caí na lábia daquele garanhão de meia tigela, não! A perseverança dele era algo louvável.
- Como estou? - perguntei a Niall depois de ter me trocado pela zilhonézima vez. Mas ao invés de receber uma resposta do meu melhor amigo, tudo o que eu recebi foi um olhar de rabo de olho. - Niall, tô precisando da sua ajuda! - cantarolei.
- Odeio quando você apela! - murmurou, antes de descer da janela onde estava sentado e ficar entre mim e o espelho.
- Dá pra falar logo? Odeio me atrasar.
- Fique aqui, então. Não vai se atrasar. - sorriu idiota e eu lhe estapeei o braço.
- Não posso. Dei minha palavra, lembra?
- O que eu disse pra você não fazer, se me lembro bem.
- Niall, me diz logo como eu tô e eu te deixo em paz, tá? - me alterei um pouco e ele levantou as mãos, fazendo careta. Subentenda como tá bom, mamãe. Ele praticamente ficou me arrodeando por uns 130 segundos e então parou a minha frente com a mão no queixo.
- Ele não merece que você use seu All Star do Joker. - concluiu com o cenho franzido.
Bufei e recebi um abraço do meu melhor amigo seguido de um 'Tá linda'. Ouvi minha mãe avisando que tinha chegado e desci acompanhada de Niall, que tentou de tudo para deixar assustado. Deixo as caretas dele por sua imaginação em risco.
Queria poder dizer que odiei. Queria poder dizer que foi a pior coisa da minha vida. Queria poder dizer que optaria pela morte caso fosse a única alternativa além de outro encontro com . Mas não posso mentir pra mim mesma. Não posso acreditar que realmente gostei de sair com ele, um ser acéfalo que só sabe correr atrás de uma bola e que só passa de ano por causa do time. Não acredito que agora eu o estou classificando como Um cara legal e com grandes possibilidades de ser minha paixonite. Não acredito que estou segurando a mão dele enquanto ele usa a outra pra dirigir, e ainda por cima estou gostando disso. E que raios de calafrios são esses? Por que esse movimento todo no meu estômago? Ai meu Santo Leonard Nimoy! Ajuda!
- Me diverti muito hoje. - confessei quando estacionou na frente da minha casa e pude vê-lo abrir um sorriso enorme.
- Acabei de ser tomado pelo alívio. - suspirou, fazendo uma careta engraçadíssima e eu ri com vontade.
- Não precisa falar assim. Eu entendo sua língua, ok?
- Minha língua? - arqueou uma sobrancelha e eu assenti. - Qual seria ela? Acefalês?
- Tentativa inteligente, devo admitir. Mas, não. Sua língua é idiotano. Niall é especialista nessa língua, aprendi com ele.
- Chama seu melhor amigo de idiota?
- Você chama o seu de gay! - apontei e ele levantou as mãos, rendido. Olhei para minha casa e tive de revirar os olhos ao encontrar Nialler nos observando da janela do meu quarto. - Meu idiota está me esperando. - apontei na direção de Niall e respirou fundo.
- Tudo bem. - forçou um sorriso antes de sair do carro, dando a volta no mesmo para abrir a porta pra mim. - Vamos, milaide? - me estendeu sua mão e não tive como conter um sorriso bobo. Naboo, o que está acontecendo comigo?
Caminhamos até a porta da minha casa em silêncio, de mãos dadas e sorrisos abestalhados no rosto. Subi os dois degraus que me separavam da varanda e me virei para encarar que, por um milagre, estava da minha altura.
- Só assim pra eu poder te encarar sem ter torcicolo. - pendi a cabeça pro lado esquerdo minimamente e riu.
- Obrigado por ter aceitado sair comigo. Espero que a gente faça isso mais vezes.
- C-c-claro. - respondi assustada e o vi tirar uma caixinha amarela do bolso.
- Vire-se, por favor? - pediu e eu hesitei por um momento. Mas então ele intensificou seu olhar sobre o meu e eu resolvi me virar.
- É agora que você passa uma faca no meu pescoço? - perguntei e ele riu fraco.
- Quase isso. - senti ele passando uma corrente pelo meu pescoço e olhei imediatamente para baixo, encontrando o pingente de um lego em formato de coração e juro que senti uma lágrima querer sair.
- O-o-o qu..?
- Meu coração pertence à você agora. - ele me segurou pelos ombros, me virando para vê-lo. - Imagina que é o meu coração, tá? - gesticulou de forma cômica e eu ri fraco.
- Tem certeza disso? - perguntei segurando o pingente, me perdendo na profundidade dos olhos de .
- Você é a única pessoa que pode cuidar de mim. - ele sorriu da forma mais fofa possível e eu o abracei com todas as forças.
Oh, Spock. Estou eu apaixonada por ou é só o tempo?

#FLASHBACK OFF

Peguei aquele pingente e o levei até meus lábios, depositando um leve beijo nele. Eu raramente o usava no pescoço, somente quando saía com , mas esse colar estava sempre enrolado no meu pulso, onde eu podia cuidar bem dele. Lembro quando o devolvi a . O entreguei a um dia antes de viajar junto junto com o recado Cuide dele você mesmo. Doía em mim ter de devolvê-lo, mas ainda sim o fiz. Meu orgulho sempre foi uma coisa difícil de lidar.
Olhei então para dentro da caixinha, onde encontrei um pequeno papel com a grafia que eu reconheceria até com catarata.
Ele sempre será seu, assim como eu. xx – .




@

Odeio quando meus sonhos se resumem a um buraco negro. É a sensação mais esquisita que pode existir, acredite! Felizmente, fui acordado por um berrante com direito a um coro adicional de Single Ladies feito por Niall, e . Ri assim que percebi que eramos os únicos acordados no avisão - ou pelo menos os únicos que já estavam cansados de dormir - e me juntei aos meus melhores amigos.
- Você não está solteiro. Casamos oficialmente há 6 meses, esqueceu? - declarou assim que comecei a cantar com eles.
- E o resto da nossa vida não conta? - fingi ofensa.
- Estávamos nos preparando para nossa fase conjugal.
- Que só se consumou quando você começou a sair com a Evanna? - arqueei uma sobrancelha e ele assentiu.
- Exatamente.
- Guys, eu amo a vida que levo. Mas não aguento mais ficar enlatado. - resmungou, fazendo bico.
- Só mais 20 minutos, my child. - acariciou os cabelos do outro, que sorriu abertamente, nos fazendo sorrir também. É. Somos um bando de gays.
O iPhone de Niall apitou num toque que indicava que havia lhe mandado uma mensagem e isso me provocou o pensamento de como ela teria reagido ao colar. Eu sei que foi algo forte, afinal eram as nossas lembranças que aquele colar trazia a tona, eram os nossos sentimentos que ele retratava. Nosso primeiro encontro, nossa primeira dança, nossa primeira conversa sem sarcasmo implícito...
De certa forma, ainda me sinto como aquele garoto que não pouparia nenhum esforço para conseguir a antenção da nerd da escola. Que estava a total mercê de Anne . A única diferença entre e aquele garoto é que eu jamais teria coragem de trair a confiança de novamente.
Ai, cruzes! Agora eu tô falando de mim mesmo na terceira pessoa!
- O que a mommy disse? - perguntou um tanto quanto serelepe.
- Que os boatos são verdadeiros. - Niall sorriu, olhando diretamente pra mim e eu senti um arrepio na espinha. Ele não é de guardar segredos. - Todos eles.
- Então Peppe e Iane estão realmente grávidos? - perguntou um tanto inseguro, com toda razão. Afinal, o assunto era extremamente complicado. - Sim. - respondeu, fitando atentamente seu celular. - Parece que vou ser padrinho.
O sorriso que tomou conta do rosto de acabou contagiando a todos. Depois de algumas mensagens trocadas descobrimos que Peppe e Iane não poderiam estar mais felizes com a notícia e, felicidade comparada, era a de Lee e , os padrinhos da criança. O melhor de tudo foi descobrir que eles não estavam levando o bebê como uma obrigação. Estava feliz por eles. Mas aquele olhar de Niall sobre mim me deixava intrigado. O Leprechaun nunca me olharia assim sem um motivo.
Não tive muito tempo para pensar nisso. O avião pousou e minha prioridade se resumia a ver minhas meninas. Minhas queridas meninas.
- Prontos? - perguntou antes de sairmos no saguão de desembarque, cercados por alguns seguranças, e todos assentimos numa sincronia assustadora.
Flashes, barulho, autógrafos, abraços... Duvido que exista melhor trabalho no mundo inteiro, quem sabe até no universo. Em nenhum momento me arrependo de ter audicionado aquele dia. Tenha certeza, buddy, que o brilho que está presente nos olhos dos garotos agora se repete também nos meus. Simplesmente amo conversar com as minhas meninas, abraçá-las, fazê-las sorrir... E, se não fosse por Evanna, eu passaria o resto do dia junto a elas.
- Evita, mi amor... - começou enquanto íamos para o estacionamento. - Você já tem seu homem, pra quê precisa de nós?
- Talvez, só talvez, eu possa estar preocupada com vocês e quero me certificar que terão um bom descanso. - ela fez cara de inocente, abraçando o namorado e nós fizemos um clássico coro de 'owwn'.
- Ou talvez, só talvez, tenha ligado pra você pedindo pra que tomasse conta da gente e, como recompensa, te daria uma coisa super cool. - Niall, na tentativa fajuta de imitar a voz de Evanna, declarou ao entrar no carro.
- Eu prefiro a primeira opção. - levantei a mão, ouvindo os meninos concordarem comigo.
No caminho para o apartamento de Evanna - onde passaríamos a noite - e , que praticamente gritavam cada detalhe da nossa estadia em Olinda, foram interrompidos pelo meu celular e o pedido da minha irmã de colocar no viva-voz.
- Pronto. - anunciei.
- Oi, gente. - como resposta ela teve uma mistura de ois, olás e alôs. - Como foi a viagem?
- Só eu acho que ela está boazinha demais? - perguntou.
- Direto ao ponto, Skye. - pedi.
- Niall, já contou a eles? - automaticamente todos, com exceção de Evanna, que estava dirigindo, viramos para Niall.
- Depende do que estiver se referindo.
- . - senti meu corpo estremecer só com a simples menção do nome dela. Afinal, Niall já tinha me lançado aquele olhar nada legal de mistério. Ô, ansiedadezinha chata!
- Pode contar, Skye. Eu deixo. - deu de ombros e minha irmã riu.
- e terminaram.
Eu queria gritar. Eu queria muito poder gritar. Mas, mais do que tudo, eu queria poder estar ao lado de nesse exato momento me certificando de que ela seria minha e só minha.
- Há quanto tempo? - perguntei, sentindo olhares nada discretos sobre mim.
- Algumas horas após vocês decolarem eles anunciaram no Twitter. - dito isso, puxou seu celular numa velocidade incrível.
- “Big Kosh Broke Up”, “4EverOurMrs” e “ & ” nos TT's mundiais. - anunciou e assobiou logo em seguida.
- Como vocês estavam junto dos mesmos recentemente, estou recebendo várias ligações a respeitos. Querem saber, principalmente, se você teve alguma influência na decisão, Niall. - todos viramos para Niall, que negava sorrindo.
- já é bem grandinha e sabe tomar suas próprias decisões. Meu dever, como melhor amigo, é apoiá-la, gostando ou não.
- Nossa assessora gostaria de mais alguma coisa? - perguntou.
- me tuitou dizendo que me mandou presentes. Chego a sua casa em meia hora. - e desligou.
E esse foi o lado real de Skye: o de assessora-irmã-sabe-e-manda-em-tudo que é adepta da descortesia. E é assim que nós a amamos!
Mas no momento, isso não me é interessante. Nem mesmo a minha querida jetlag me parece interessante, deveras. Meus pensamentos estavam totalmente em .
- Ok. Peppe tem uma entrevista marcada pra daqui a pouco. Então, deixem as coisas na sala e depois a gente arruma, beleza? - Evanna gritou assim que entramos em seu apartamento.
- Deixa, amor! Só eu escutei o que você disse! - gritou de volta, se jogando comigo e no sofá.
- Eu ouvi.
- Você não conta, .
- Dá pra calar a boca? O pai do meu afilhado vai falar agora! - ordenou sério, já ligando na MTV e tudo o que fizemos em troca foi fazer silêncio e prestar atenção, já que todos estávamos realmente curiosos pra saber o que seria falado na entrevista.
Enquanto a garota - novata na MTV, devo dizer - dava as notícias sobre as bandas de indie rock, ficamos conversando sobre os mais diversos assuntos e Evanna nos providenciou o melhor do chocolate caseiro: BOLO!
Mas aí a garota cujo o nome é Stevie - vai entender o porquê - anunciou que era chegada a hora de falar com Peppe, via webcam.
- E então, Peppe? Dispensamos cordialidades?
- Aprendeu rapidinho, Stevie. Gostei de ver. - riu.
- Estou extremamente curiosa, sério. Dizem os bons ventos que 'Unbreakable' vai ser o álbum mais agressivo da Koshtëmann. O que tem a dizer sobre isso?
- Agressivo? Eu acho que não usaria essa palavra, é tão... Agressiva! Acho que a melhor palavra pra definir 'Unbreakable' é emocionalmente agitada. Tanto eu quanto estávamos muito inspirados mesmo em todas as canções do álbum. Passamos muita coisa como banda e como indivíduos e tudo isso está em 'Unbreakable'. Só mais uma expressão de quem somos.
- Nossa, que profundo isso.
- Não senti a profundidade. - comentou e recebeu em troca um coro de 'shhhhhh'.
- Podemos falar agora sobre e ? Afinal, é algo que todos queremos saber, realmente! Foi tão inesperado!
- Pois é. Eles não estão mais juntos. - Peppe fingiu um biquinho e um ‘oooh’ pôde ser ouvido da pequena platéia. - Mas eles continuam amigos. Continuam felizes. Felizes por serem amigos. E é isso que importa.
- Então eles terminaram por conta da amizade? - Stevie perguntou.
- Pela fraternidade, na verdade. Eles passaram a se amar como irmãos e resolveram que era hora de acabar. Eles estão, definitivamente, numa boa.
- Podemos dizer, então, que ela já tem algum pretendente? - Peppe riu após a pergunta e eu senti os olhares de todos os presentes na sala sobre mim. Mas não desviaria minha atenção da TV. Não agora.
- Pretendentes, eu diria. - ponderou e alguém gritou.
- Então eles realmente terminaram? - perguntou mais uma vez e Peppe afirmou com a cabeça. E eu vi a TV ser desligada por Evanna logo em seguida.
- Hey! - Niall protestou.
- Ele precisa pensar. - puxou seu namorado e Niall pelas orelhas e saiu do cômodo, recebendo de mim um sorriso agradecido.
“Eles realmente terminaram?” essa pergunta me subiu e ecoou por minha mente por um tempo considerável. Eu sei. Ele veio conversar comigo antes da viagem, mas eu não pensei que desistiria dela assim, tão rápido. E o que é ainda pior: tão rápido. Sei que parece imaturo e totalmente ridículo, mas pensei que travaríamos uma batalha pra ver quem ficaria com a garota. Não que ela seja um prêmio, longe disso. Mas ela escolheria ficar com quem ela amasse. E eu torcia ardentemente para que fosse eu.
Mas o idiota do Peppe tinha que dizer “pretendentes”. O que significa que não sou o único que a quero. Claro que não! Veja quem ela é! O mais próximo de perfeição que se pode encontrar no planeta! Eu devia saber que não seria assim tão fácil.
Tentando afastar esses pensamentos contrários ao meu final feliz, resolvi ligar a TV novamente, decidido a conseguir mais do que simplesmente especulações e comentários vindos de Peppe, a única pessoa no mundo que não sabe dar os detalhes de algo quando são necessários.
- ...essa idiota que acabou de sair com a Lee, foram fazer compras e essas coisas. É que o resolveu comprar uma iguana de presente pra ela já que o Niall foi-se embora. - Peppe não precisou dizer o nome pra que eu entendesse que ele falava de . Sei que esse foi um comentário idiota, mas necessário. Afinal, devo escrever o que sinto, certo?
- E o nome dele vai ser Niall ou ? - Stevie perguntou.
- Na verdade ela resolveu chamá-lo de James . A forma que ela encontrou de homenagear Niall, e ao mesmo tempo. Eu sei, louca. Mas fazer o que? - deu de ombros e Stevie riu. - Ó! Acabei de receber uma mensagem. - pegou o celular da mesa de centro a sua frente e mostrou a imagem de segurando a tal iguana enquanto Lee segurava algumas roupas de cachorro.
Mas não era isso o que me chamava atenção na foto. Uma pequena mas completamente perceptível gargantilha enfeitava o colo de . E, nela, estava o pingente. E no meu rosto, agora está estampado o maior dos sorrisos.

@

- Sai daí, Caio! - gritei, pulando no meu irmão e então começamos uma guerra de travesseiros.
Sei que Niall, Greg (e agora e ) são meus queridos irmãos postiços, mas nem por isso tomaram o lugar de Caio. Tá certo que as vezes eu dou mais prioridade aos outros garotos, até porque eu tenho Caio aqui a hora que eu quiser, e tá certo também que não temos mais a mesma convivência de antes, mas ele continua sendo o meu irmão. Aquele com quem eu divido os - raros e extremamente preciosos - momentos em que nos comportamos como as mesmas crianças que se chamavam de cabelo de palha e banguela no frio intenso de Londres.
- Como é bom saber o quanto amadureceram. - ouvi a voz computadorizada da minha mãe vinda do notebook na ponta da cama e, junto com Caio, me deitei de frente ao mesmo, sorridente como uma criança travessa.
- Oi, mainha. - dissemos em coro e ela riu.
- Olá, meu anjos.
- Feliz...
- Dia
- Das
- MÃÃÃÃÃES! - gritamos juntos e ela riu de uma forma que eu sempre achei encantadora.
- Recebeu seus presentes? - perguntei.
- Niall chegou há meia hora, e muito obrigada. São todos lindos. - Queria poder estar aí. - Caio fez bico.
- Também queria que estivesse, meu amor. Mas, pelo que me lembro, eu criei dois adultos extremamente responsáveis que não podem deixar seus trabalhos pra ficar comigo.
- Eu deixo numa boa. - levantei a mão e Caio concordou comigo.
- Bom, pelo menos eu tentei.
- É o nosso primeiro dia das mães sem a senhora, poxa. - Caio lembrou.
- Sabe de uma coisa? Encarem como o primeiro dia das mães confuso de vocês. - falou e eu franzi o cenho.
- Deveras, estou confusa.
- A maioria das pessoas normais passam o dia das mães com as mães e o dia dos pais com os pais. Mas, como vocês dois são crianças especiais...
- Ela quis dizer estranhos. - concluimos juntos.
- ...a partir de hoje vocês vão passar o dia das mães com o Bernardo e o dia dos pais comigo. - sorriu vitoriosa e eu e Caio começamos a aplaudi-la. Minha mãe é uma gênia, me processe por isso.
- Tu, Graça , és a Marie Curie da atualidade! - Caio praticamente gritou no meu ouvido.
- Quem você acha que é Marie Curie, Caio, querido?
- Não tenho a mínima ideia, mas sei que ela foi uma mulher muito inteligente.
- Ele tentou. - baguncei os cabelos no meu irmão enquanto minha mãe ria.
- E o que meus anjinhos têm a me contar?
- A terminou com o . - Caio apontou.
- Caio! Era pra ser noticiado com calma, sabia?
Eu sei, eu sei. Ela ia descobrir a qualquer momento mesmo. Mas a dona Graça é apaixonada pelo , então eu queria dizer isso da forma mais delicada possível.
- Isso é verdade?
- Lamento desapontá-la, mainha.
- , espero sinceramente que não tenha nada a ver com aquele garoto . Acho que sabemos muito bem tudo o que você sofreu por causa dele e, se não fosse por , só Deus sabe como você estaria agora!
- Não foi por causa do , mãe, ele não tem nada a ver com isso! Isso é uma coisa minha e do .
- Quer então que eu acredite que o garoto por quem você sempre foi apaixonada e que passou quase dois meses morando na sua casa não tem nada a ver com o fim do melhor relacionamento que você já teve?
- Isso não tem lógica! Eu só tive dois relacionamentos na minha vida inteira!
- Mas você não precisava acabar com o único que dava certo!
- Mãe, não estava mais dando certo. - eu tentava a todo custo manter meu tom calmo, mas, caso você não saiba, nunca se defende uma causa com serenidade, pelo menos não com a minha mãe.
- Como não, ? é o mais perfeito...
- Basta! - a voz do meu pai falou aos meus ouvidos e, por puro instinto, abracei Caio. Eu já sabia o que vinha a seguir. O que acontecia toda vez que os dois se falavam. Involuntariamente, lágrimas já haviam começado a brotar dos meus olhos enquanto Caio amaciava meus cabelos, tentando me acalmar e provavelmente a si mesmo também.
- Não me diga que vai defender esse moleque, Bernardo.
- Vou, Graça. Vou. não é um moleque. É um rapaz admirável.
- Claro. O mesmo que tirou minha filha de mim.
- Graça, será que você ainda não percebeu que isso não é sobre você?
- Será que você ainda não percebeu que a minha filha acabou de jogar a única chance de felicidade plena que ela tem fora?
- Ninguém estava feliz com essa relação, Graça. Só mesmo você pra não perceber que nem muito menos estavam felizes nesse relacionamento!
- e se amam!
- Da mesma forma que e Niall! Como irmãos!
- não é bom o suficiente pra minha filha!
- e a nossa filha se amam, Graça. E não é você quem vai impedir eles dois de serem felizes juntos.
- Pois este relacionamento não terá a minha benção.
- Azar o seu. - e desligou.
Me vi apertando meus braços ainda mais em torno de Caio e senti ele depositar um beijo em minha testa. Estávamos nos consolando simultaneamente. Só Deus sabe o quanto ver os dois discutindo nos destruia por dentro!
- Tá tudo bem? - Caio sussurrou e eu assenti, me sentando de forma correta ao seu lado, limpando as lágrimas.
- Me desculpem por isso. - papai pediu, passando as mãos pelo cabelo freneticamente.
- Obrigada por ter defendido . - agradeci sincera.
- Não ligue pra sua mãe. Querendo ou não, ela só quer o melhor pra você. Do jeito dela, é claro. - simplesmente assenti e me levantei, pronta para ir pra casa. - Você não quer dormir aqui?
- Eu vou pra casa. Não posso deixar o sozinho. - sorri fraco e ele assentiu.
Me despedi do meu pai e do meu irmão com um aperto enorme no coração, afinal depois de tudo aquilo que acabara de se suceder foi extremamente tenso. Deveras, chega a ser compreensível mamãe não gostar de . Por causa dele eu me mudei pro Brasil e passei a morar com o meu pai. Mas acho que é perceptível a mudança dele, o amadurecimento. Pra que até Niall, Caio, e meu pai o estejam apoiando, ele deve realmente ter mudado.
O que me deixa mais chateada nisso tudo é que eu realmente amo , mas eu nunca faria nada contra meus princípios. Sendo que um deles é obedecer meus pais a qualquer custo. Mesmo que eu não more mais com eles, mesmo que seja contra a minha vontade.
Talvez por alguma força sobrenatural, ou talvez por uma ordem de Gandalf, tive a oportunidade de não terminar meu dia em lágrimas.
Odeio ser pombo correio, mas como é pelo benefício comum (lê-se: pra que você fique sorrindo que nem o idiota ao meu lado) me vejo obrigado a enviar essa mensagem. Acho bom você não se acostumar a ficar solteira, já que está disposto a tudo pra te ter com ele. Odeio me intrometer nesses assuntos, mas sou seu melhor amigo, fazer o que? Boa noite, pequena. Te amo. Mas acho que te ama mais. xx




- Acorda, garota! Tá na hora de levantar! - a voz de chegou acompanhada da claridade repentina me atingindo.
- Com licença, mas eu gostaria de continuar dormindo. - declarei com voz embargada, me escondendo sob as cobertas.
- Não pedi sua opinião. - cantarolou e por muito pouco a almofada que eu joguei em sua direção não a acertou.
- Me deixa em paz!
Eu sei que resmungar abraçada a um travesseiro trajando um pijama do Speed Racer e tendo ao meu lado uma tigela cheia de chocolates pode ser tida como uma revolta um tanto quanto infantil, mas o que mais posso fazer? Estar de TPM já me causa um sono sobrenatural, principalmente se eu estiver abalada emocionalmente: isso só aumenta o meu anseio pelo universo onírico!
- ... - ela esticou a voz, sentando ao meu lado. - Ela não falou por mal. - acariciou meu braço com um sorriso sereno nos lábios.
- Quem sabe? Ela nunca gostou do mesmo.
- Ela só não teve oportunidade de conhecê-lo, só isso. Aposto que em alguns meses ela já vai até pedir uma lista com nomes possíveis para seus futuros netos! - - riu e eu me sentei, rindo fraco.
- Acho difícil, . Dona Graça só consegue ver o filho metido do bancário que planejou, desde o dia do seu nascimento, me humilhar na frente de Deus e o mundo!
- Ela não exagera não, hein? Se amostra! - fez careta e eu ri fraco. - O que vai fazer sobre isso, ?
- Honestamente? Ainda não sei. Está fora de cogitação desobedecer meus pais, vai contra os meus princípios. Mas também não posso negar o que sinto por , muito menos o que está acontecendo entre nós. - soltei os ombros, recebendo um abraço aconchegante da minha melhor amiga.
- Relaxar. É isso o que você vai fazer. - murmurei de forma que ela entendesse que eu precisava de explicação. - Do jeito que você mais gosta: rodeada de crianças barulhentas que fazem seu nome ficar engraçado por causa do sotaque. - sorri sincera.
Minha premiação favorita de todos os tempos sempre será o Kids Choice Awards. Até porque em nenhuma premiação eu posso usar a desculpa das crianças pra agir como uma.
- Obrigada, .
- Disponha. Agora vamos logo antes que o café fique podre. não tá aqui pra me ajudar! - se levantou espirituosamente e eu franzi o cenho.
- Onde ele foi?
- No tio Bernardo. Saiu assim que eu cheguei. - deu de ombros.
Tentei não deixar meu pensamento nessa última informação, mas não foi nada fácil. adora convencer a minha mãe a entender o meu lado da história, o que, raramente dá errado, e conversar com o meu pai sobre pesca. Com os fatos decorrentes de ontem, duvido que o assunto tratado na casa do meu pai é pescados. Princiaplemente porque sabe que, se fizesse isso em casa, eu o impediria de alguma maneira.
- Esse bicho vai me morder! - levantou uma espátula, na tentativa ridícula de se precaver contra , que dormia em meu colo tranquilamente.
- Ele nem tá acordado! - ri e ela bufou.
- Ele é da família dos aligators, ! Isso é tudo encenação pra provar da minha carne! - fez drama e eu gargalhei descaradamente. sempre conseguiu ser mais exagerada que a minha mãe e eu sempre gostei disso, principalmente porque isso sempre me proporciona boas risadas.
- Text! Text! Text! Text! - chegou na cozinha cantarolando com uma voz 'robótica' com o meu telefone móvel em mãos. - Bom dia! - estalou um beijo em minha testa, colocando o objeto na mesa, enquanto eu lhe lançava o olhar de 'conversamos depois'. - Bom dia, chef ! - ele a abraçou.
Tendo como música de fundo uma discussão infantil de como estava fazendo tudo errado e só conseguia cozinhar, abri as mensagens.
'P-party people! Woo hoo!
Como está a brasileira mais chata do universo? Sentindo minha falta, provavelmente. Kiddin! Só queria saber se você vai ficar aqui em casa ou vai pra casa do durante o KCA. E, por você, me refiro a Lee, Iane e . Sabe como é, pajama party. Espero que venham. Katelyn, Victoria, Ari, Jennette e Liz vêm também. Miranda ainda está em dúvida, mas enfim... Love ya! xoxo
'
Eu responderia a Erin imediatamente se a decisão coubesse somente a mim. Converso com as meninas mais tarde, mas provavelmente ficaremos lá mesmo. Sabe como é, não se recusa uma pajama party.
'Hola, mi amor! Yo... Não, pera, isso é espanhol! -q
Enfim, muito obrigada mesmo pelos presentes. Amei todos! Principalmente o que não foi diretamente pra mim! Valeu mesmo, . E, antes que eu me esqueça: vai querer ajuda pra escolher o vestido de noiva? Skye xx
'
Senti minhas bochechas arderem. Os membros da família sempre tiveram o poder de me deixar sem graça. Skylar principalmente. E ela sabe disso.
'Ainda bem que gostou de tudo! xx'
E enviei.
'Aparentemente a costa oeste vai ser atingida por uma corja de brasileiros liderados por uma tal de Anne . Oooooooooooh, isso me cheira a paintball. :pp'
'Ouvi dizer que há um tal de Phillip LaDon Phillips Jr juntando um time de derrotados na Georgia. É melhor se preparar! xx'
'Mommy! Acabei de comer um delicioso bolo de banana e, como prometido, estou te informando que não estou morto e nem fui sequestrado por um psicopata. Ah! Agradeço pela homenagem, mas espero que um lagarto levar meu nome não signifique que eu seja pegajoso. Ou nojento. Você entendeu! Mas mudando de assunto... E aí, mommy? Quando vai me arrumar um daddy? Love u. xoxo (é assim né?) Little '

Sorri sinceramente, um tanto quanto aflita de saudades por causa do - o cara -, enquanto - o lagarto - acordava no meu colo.
'Muito bem! Alimente-se corretamente e você vai crescer forte e saudável como o Niall. E nada disso! Significa que eu sinto sua falta e te acho extremamente fofo e inteligente. Bom, no momento você é feito um bebê sintético: só tem garantia de mãe. Mas se isso for um problema, encontramos um daddy pra você. Te amo, garanhão. xoxo (tá certo!) Mommy .'
'Eu te amo.
'
Involuntaria e conscientemente, senti meu coração disparar a medida que um sorriso se formava em meus lábios. E eu me via, mais uma vez, como uma menininha apaixonada suspirando às custas de uma mensagem de texto. já havia me reconquistado, mas ele não precisava saber disso. Não é nem um pouco prudente já ir assumindo outro compromisso, por mais que eu saiba que isso vai acontecer uma hora ou outra. Mas ele também não precisa saber que eu sei disso.
'Bom pra você. .'
Ainda sorrindo feito uma idiota, enviei a mensagem. - Vê se não é a coisa mais linda minha bebê apaixonada? - sorriu com os cotovelos apoiados no balcão e o queixo sobre as mãos, piscando freneticamente.
- Isso não adia nossa conversa. - tratei de ficar séria, apontando o indicador para a cadeira a minha frente. - Sente-se, rapaz. - ordenei, ouvindo rir enquanto rumava para a sala, alegando que seria bem mais interessante ouvir as versões individuais da conversa mais tarde.
- O que quer, ? - riu, faceiro, ao sentar-se.
- O que estava fazendo na casa do meu pai?
- Eu conversei com a sua mãe. - deu de ombros.
- Ficou louco? Agora ela deve estar pensando que eu te mandei convencê-la!
- Claro que não! - segurou minhas mãos sobre a mesa. - Eu disse a ela como me sinto, como você se sente, como essa farsa já não colava mais. - deixei meu queixo cair enquanto absorvia as últimas palavras dele.
- Você usou mesmo a palavra farsa?
- O equivalente. - deu de ombros e eu levei minhas mãos às têmporas, tentando não explodir.
- Vou morrer! - concluí num sussurro.
- Deixa de drama, . Não se preocupa! Dê a ela duas semanas. Assim que chegarmos a LA ela vai ligar pedindo perdão, guarde o que eu digo! - me estendeu uma barra de chocolate que, me processe, eu não pude recusar.
- E se isso não acontecer?
- Acho bem possível que sua mãe não resista a pressão de 1 milhão de rushers. - piscou e eu rolei os olhos.
- Eis aqui - ergui a barra. - o último chocolate que irei comer em vida! - dramatizei, fazendo com que praticamente rachasse de tanto rir.
Acontece que minha mãe é uma das pessoas mais difíceis de lidar no universo. Não me entenda mal, eu amo minha mãe incondicionalmente, mas não é assim tão fácil fazê-la admitir quando comete um erro. Por mais que papai, , ou qualquer outra pessoa tente convencê-la da mudança de e de que é inevitável que algum dia a gente fique junto, sei que a única pessoa que pode confrontá-la quanto a isso sou eu. Sei também que o dia em que isso vai acontecer está perto. Só me resta não fugir.

- Iane, cê tá melhor? - Lee perguntou ante a porta do banheiro na quadragésima vez em que Iane saiu do estúdio às pressas por causa do enjoo matinal.
- Não tem com o que... - e ela foi interrompida por um som não muito agradável cujo significado prefiro não descrever.
- Por quanto tempo isso vai acontecer mesmo? - Peppe perguntou, sentado no corredor, visivelmente preocupado.
- Segundo as leis naturais, 9 meses. - o olhei e ele bufou.
- Não quero ser chata nem nada, mas não dá mais pra ensaiar pela manhã. Pelo menos não enquanto esse pequeno fanfarrão não vier ao mundo. - declarou.
- E o que sugere? - perguntou Peppe.
- Vamos pegar leve nos ensaios e só fazê-los à tarde e à noite. Qual é? Estamos adiantados! Pro término do CD só faltam as parcerias mesmo! O que, vale ressaltar, só vão sair no deluxe.
- simplesmente sugeriu algo brilhante baseado em argumentos extremamente válidos? - Lee me encarou e eu assenti, olhando para Peppe logo em seguida.
- Que é?
- Tô esperando sua declaração!
- tem razão. Iane não pode estrapolar em nada e acho que nunca estivemos tão adiantados. - deu de ombros. - E o seu veredicto, ?
- O meu? - olhei sutilmente para minha melhor amiga. - Acho que Niall James Horan tá sendo muito útil ao fazer o lado certo do cérebro de funcionar. - ri com Lee e Peppe enquanto dava língua.
- Gente? - Iane saiu do banheiro com um sorriso amarelo e logo Peppe se pôs ao seu lado.
- Melhor? - ela simplesmente assentiu, sendo abraçada pelo Kosh logo em seguida.
Uma vontade enorme de chorar teve que ser contida por mim. Sempre desconfiei que Peppe e Iane formam o casal perfeito. A forma como se olham, o jeito como se tratam, o respeito que eles têm um pelo outro... Nada na relação deles é algo forçado! É tudo tão extremamente natural que deixa qualquer pessoa, por mais insensível que seja, suspirando. Inclusive eu.

@Niall

- Já tá tudo no carro? - perguntou pela zilhonésima vez enquanto chegávamos ao estacionamento do estúdio.
- Opa! Minha vez de responder! - Josh esfregou as mãos e fez uma pose hilária logo em seguida. - Já!
- Fogos! Josh deu uma resposta monosilábica! - festejou a caminho do seu carro e nós rimos.
- Só eu acho que o ensaio de hoje foi promissor? - perguntou, recostando-se no ombro de Josh.
- Caliente, eu diria. Por conta da dança mágica do acasalamento desse aí. - apontou pra , que deu língua.
- E aí? Alguém quer ir lá pra casa? - Sandy perguntou. - Tenho lasanha de microondas, uh?
- Parece tentador. - ponderei.
- Eu tô fora. É aniversário do Bruce e eu prometi a Evanna que faria o jantar. - declarou, já entrando em seu carro.
- Isso, ! Me troca pelo seu sogro! Quinze anos de rugas e muito azar pra você! - Sandy apontou e , como o garoto gentil e educado que é, lhe mostrou seu dedo médio.
- Comida de graça? Eu tô dentro! - anunciou.
- Collette tá de folga. - expliquei e Sandy pareceu entender. É impressionante como vira Niall na ausência da sua governanta!
- ?
- Tem nada melhor pra fazer mesmo. - deu de ombros.
- ?
- I'm in!
- Horan?
- Eu... - fui interrompido por um toque nada discreto vindo do meu celular, uma sirene de polícia, o que indicava que tia Graça estava ligando. - Alô? - atendi, intrigado. Por mais que eu ame a mãe da minha melhor amiga, ela só me liga em duas situações: feriados ou emergências. Que eu me lembre, hoje não é feriado.
- Niall, preciso que venha aqui. Se não for muito incômodo, claro.
- Não, não, não tia. Tudo bem. Eu chego aí em uma hora.
- Obrigada, Niall. - e desligou, me deixando demasiadamente confuso, encarando meu telefone.
- O que houve? - perguntou.
- Sua sogra quer me ver. - franziu o cenho e eu abri rapidamente a sms que acabara de chegar. - E ela quer que você vá comigo. - franzi o cenho e senti o clima ficar tenso de repente.
- Não pode ser coisa boa. - concluiu e eu simplesmente assenti. Não esconderia nada dos meus melhores amigos.
- Vamos? - perguntei a e ele concordou, jogando as chaves do seu carro para Josh.
- Cuidado com ele!
Como eu já imaginava, o trânsito estava um caos. Nada comparado ao que pode acontecer na casa de tia Graça, mas enfim. Semana passada, descobri que e tia Graça discutiram brabo, com direito a interrupção de tio Bernardo - pra isso acontecer, a coisa tem que estar feia mesmo! O motivo, como de praxe: . Ela ficou chateada com o término do namoro de e , mas isso não tem nada a ver. O problema é que ela sabe que é apaixonado por , e vice e versa, e sabe que há grandes possibilidades de os dois ficarem juntos novamente. Francamente, eu nunca entendi o por que do ódio que tia Graça sente por . Digo, o motivo por ela ainda odiá-lo. Se até mesmo , a mais prejudicada nessa história toda, o perdoou a ponto de se permitir amá-lo novamente, por que tia Graça ainda mantém esse sentimento?
- Por que ela quer me ver? - perguntou assim que passamos da entrada do nosso antigo bairro.
- , não! Ela confia em você, só não quis te preocupar.
- O que aconteceu, Horan?
- No dia das mães, quando e Caio falaram com tia Graça no Skype, elas brigaram... - suspirei. - Por causa de você.
- Eu? - arregalou os olhos. - Mas o que eu...?
- Caio contou sobre o fim do namoro e tia Graça deu um ataque. Acontece que e ela discutiram e tio Bernardo tentou amenizar a situação, mas aí tia Graça te acatou e ele te defendeu.
- E... - pigarreou. - É por isso que estamos aqui? - apontou para a antiga casa de no instante em que entramos na rua em que eu passei minha infância.
- Exato. - suspirei ao estacionar o carro. - Vamos precisar de sorte.
Saímos do carro e caminhamos a passos lentos até a porta da casa azul turquesa a nossa frente. Quanto mais adiássemos a conversa, melhor. Caso você não lembre, eu passei praticamente minha vida nessa casa e conheço tia Graça tão bem quanto seus filhos. Por isso eu sei que, pelo tom de voz, forma de convite e pelo silêncio ao nos atender na porta, não significam nada de bom.
Assim que entramos, reparei na decoração, algo que eu não fazia há muito tempo. Não havia mudado muita coisa desde que se foi: as paredes com os mesmos tons pastéis, os móveis com os mesmos arranjos, as mesmas fotos... E isso me causava um aperto no coração. Não é de hoje que eu sei que tia Graça faz de tudo pra não sofrer. Nem que isso seja uma baita de uma nostalgia.
- Por favor, sentem-se. - pediu e assim o fizemos, tomando lugar no grande sofá de couro preto. - Bom, não sou do tipo que gosta de rodeios, então vou direto ao ponto: quero que fique bem longe da minha filha. - vi arregalar os olhos enquanto eu bufava. Sinceramente, não acho que isso vá dar muito certo.
- Desculpe, eu acho que eu não...
- Você me ouviu perfeitamente, . Quero você bem longe de .
- Não acho que isso vá acontecer.
- Quero que saiba que estou disposta a pagar por isso. - ouvi rir descaradamente e controlei a minha vontade de fazer o mesmo. É meio impossível de acreditar que aquelas palavras, realmente, haviam sido ditas pela mãe da minha melhor amiga.
- Tia, isso é ridículo! - me manifestei pela primeira vez desde que entramos na casa.
- Ridícula é a possibilidade de ver minha filha com esse garoto.
- Afinal, qual é o seu problema com ? - não pude conter o tom da minha voz, e então, tia Graça tornou seu olhar para o teto. Uma maldita mania que ela e têm que indica que nada vai ser dito na presença de terceiros. Droga! - ?
- Eu?
- Talvez queira visitar sua mãe já que está por aqui, certo? - o olhei rapidamente e agradeci por ele ter entendido de primeira, murmurando um 'com licença' antes de me deixar sozinho com a mãe da minha melhor amiga.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, deixando que nossos pensamentos preenchessem o local nas raras vezes que nossos olhares se cruzavam. Eu sei, eu sei. Isso é estranho. Mas é a felicidade da minha melhor amiga que está em jogo e, se bem me lembro, prometi a mim mesmo que a defenderia a todo custo. Ainda que eu tenha que enfrentar a mãe problemática dela.
- Tia?
- Sim?
- Estou esperando. - levantei minhas mãos e ela me encarou por alguns instantes, fitando o chão logo em seguida.
- Não que isso seja da sua conta - suspirou -, mas eu tenho motivos concretos pra não querer e juntos. - deu de ombros e eu franzi o cenho. Só eu tô com o pressentimento de que não vem coisa boa? - Assim que Caio e Bernardo foram para o Brasil, logo após o divórcio, eu resolvi visitar um pub, já que dormiria na sua casa. E acontece que eu acabei conhecendo um homem. - Ok. Nada bom, nada bom, nada bom. - Bom, é normal que depois de uma certa quantidade de drinks você se torne a pessoa menos prudente do mundo e eu, bem, acabei me envolvendo com esse homem. No outro dia, eu acordei ao lado de Klaus , num quarto de hotel barato. - riu sem humor e meus olhos se arregalaram. You just gotta be kiddin me! - E, por mais alguns dias, nós continuamos nos encontrando e eu até estava nutrindo um sentimento por ele, sabe? Ele me fazia bem, me fazia feliz... Até que eu descobri que ele era casado. Por cinco semanas, eu fui tudo aquilo que eu mais abominava nas mãos de um . Não vou deixar que isso aconteça com a minha filha.
Por mais estático que eu estivesse, eu precisava de uma resposta rápida. Por . Por . E, consequentemente, por mim.
- Tia, eu...
- O tio de me fez sofrer muito. Nem sobre o meu cadáver eu vou deixar que a minha filha se envolva com essa família. - voltou à postura de ditadora e, como num desenho animado, uma luz pareceu se acender em minha cabeça.
- Não é porque um giz de cera está quebrado que a caixa inteira deve ser jogada no lixo. - fiz menção ao que ela disse a mim quando eu tinha oito anos e tia Graça abriu a boca pra retrucar. Agora ela vai me ouvir! - Olha, o que ele fez foi errado. E a senhora também se precipitou! Mas não significa que isso vai acontecer com e . Eles se amam. Isso tá bem claro pra todo mundo! Se não der certo, é problema deles. Mas eles têm o direito de tentar. E isso, a senhora não vai poder impedir. Eu não vou deixar.



- !
- ME SOLTA, !
- NÃO POSSO! EU TE AMO DEMAIS PRA FAZER ISSO!
Enquanto as outras pessoas se abraçavam e conversavam civilizadamente, esta foi a minha recepção no aeroporto. Claro que, presenciada por umas 100 pessoas.
- , tira ele daqui, por favor? - implorei.
- Não mesmo. Seu amigo, seu problema. - levantou as mãos e eu olhei pro .
- Não fui eu quem o mimou. - deu de ombros e eu dei língua.
- Senti falta disso. - disse, abraçada a .
- Aeroporto vazio por que pegamos o voo de madrugada? Também. - Lee sorriu.
Após conversar com alguns koshers e rushers, seguimos todos para a casa de , para descansar merecidamente. levou Pedrinho, Marina, Caio e Lee no seu carro enquanto , Iane, Peppe e eu fomos no carro de e a amostrada da foi de moto com o, também amostrado, .
Iane foi a primeira a cair na cama, tendo seu exemplo seguido por Marina segundos depois. Após uma pequena batalha interna, mandei pra mamãe a mesma mensagem que tinha mandado para Seu Bernardo - Acabei de chegar na casa do . Nada de sequestro, muito menos morte. Xx - e resolvi que era melhor dormir. Afinal, mais tarde os meninos iriam à POP Crush e nós gravaríamos com TobyMac, Nick Jonas e John Cooper.
Mas o sono não quis chegar de jeito ou maneira, pro meu azar, e então um passeio na área da piscina me pareceu algo plausível.
- Também não consegue dormir? - a voz do Kosh chegou aos meus ouvidos assim que me sentei na espreguiçadeira, vendo-o sentar ao meu lado logo em seguida.
- É sempre bom ter companhia na hora da insônia. - sorri, me abraçando brevemente a ele.
Ficamos ali, aproveitando o silêncio da noite estranhamente quente, cada um concentrado em seus próprios pensamentos. Eu poderia descrever os minutos seguintes dessa forma. E descreveria se o indivíduo ao meu lado fosse qualquer outra pessoa. Mas acontece que eu e Peppe temos uma conexão sinistra que é definida por saber exatamente o sentimento que atinge o outro em momentos bem específicos. Como agora.
- A rainha dos nerds está confusa. - riu.
- Ela não é a única. - devolvi e Peppe suspirou, encarando o chão. - O que aconteceu, Kosh?
- Durante o voo, quando todos dormiam, eu e Iane... Bom, nos beijamos. - sorriu fraco e eu não pude deixar de notar uma certa alegria saltitante dentro de mim.
- E você... - prendi meu sorri da melhor forma que pude. - Você quer me dizer o que se passa na sua cabeça?
- Eu só... - comprimiu os lábios. - Foi diferente. Diferente de tudo e de todas... Eu já fiquei com amigas próximas, mas com a Iane foi totalmente diferente. Eu me senti completo, como se fosse a única coisa que eu quisesse pro resto da vida, sabe? Poder ficar ao lado dela, protegê-la...
- Amá-la. - completei e ele suspirou, soltando os ombros.
- Amá-la.
- E o que te impede? - perguntei num sussurro.
- Tudo! Eu não sou o tipo de cara com quem ela namoraria. Quem dirá... - mordeu o lábio inferior eu então percebi que Peppe estava a ponto de chorar, não só chorar! A ponto de desmoronar, realmente, o que só vi acontecer uma única vez, quando o avô da Iane morreu. - Sempre disse que ia casar com ela porque nunca achei, nem acho, que alguém possa cuidar dela melhor que eu. E, se ela me permitisse, hoje mesmo eu casaria com ela, mas...
- Mas o quê, Peppe?
- Isso não vai acontecer, . - sorriu triste e eu franzi o cenho.
- É você quem vai impedir?
- Ela merece um príncipe, . Não eu.
- Mas você é um príncipe, Kosh! - ele riu. - Você é gentil, compreensivo, firme e um idiota quando necessário. E você é leal...
- , eu saio com uma garota diferente por quinzena.
- Nunca sem o consentimento da Iane! E, cá entre nós, você só sai com 300 garotas pra pagar uma de machão. - ele riu fraco. - Não vê o que isso significa? - arqueei as sobrancelhas. - Se vocês se amam, têm o direito, devem ficar juntos! - ele me encarou.
- O discurso é outro quando se trata do . - enrijeci de imediato.
- O assunto aqui não é ele.
- Mas pode ser. - arqueou as sobrancelhas.
- Peppe, eu não vou falar dele agora.
- Mas eu quero que fale.
- Mas eu não quero.
- Tem medo, ?
- É claro que não!
- Então por que não fala?
- Já disse: não quero.
- E se eu te obrigar?
- Não procede.
- Ah, não?
- Não mesmo.
- Você o ama?
- Sim. - Peppe sorriu a medida que eu me xingava mentalmente dos piores nomes que poderiam existir (orc, carlomana, chitauri, hater) com as mãos na boca. É claro que Antonio Giuseppe Koshtëmann me conhecia como poucos. Lógico que ele usaria o método “várias perguntas rápidas seguidas” pra me pegar. De novo. - Ótima estratégia. - tentei desconversar.
- Foi, é?
- Não vai funcionar de novo, Kosh.
- Não preciso que funcione. Já consegui o que queria. - deu de ombros, ainda sorrindo, e eu franzi o cenho.
- Que seria?
- Sua curiosidade.
- E qual a finalidade?
- Descobrir quando você vai contar isso a ele.
- Não vou.
- Ah, claro que não! Ele já sabe.
- Seu argumento é baseado em que fatos?
- Os mesmo que deixam claro que você o ama.
- Que seriam?
- A música que vamos gravar amanhã. - franzi o cenho e Peppe bufou. - The Love We Had Before. Ou você esqueceu que preferiu gravar quando chegasse em LA?
Senti um choque me atravessar. Cantaríamos uma música que eu tinha escrito durante o período que os meninos passaram lá em casa, totalmente baseada no que tinha acontecido entre e eu.
- Não tem como ele saber que foi pra ele. - tentei argumentar.
- Claro. Porque eram Lee e que passavam grande parte do tempo brigando, certo? - rolou os olhos.
- Ok. Tá na hora de dormir, não acha, Peppe? - perguntei, me levantando, na tentativa de adiar aquele assunto, e ele riu.
- Acho que sim. Não quer aparecer com olheiras na fotos do KCA pra que o veja, certo? - riu, cretino, e voltamos para dentro, seguindo para nossos respectivos quartos.
Mas o sono não me chegou cedo. Toda vez que eu fechava os olhos lembrava de cada momento bom que passei com : quando ele me levou pra conhecer a família e a família num dos seus piqueniques anuais; o meu aniversário de 15 anos, quando ele me levou para o Museu da Literatura; o jantar de boas vindas do papai na embaixada brasileira... Até que isso me levou à memória da primeira vez que fomos ao Aragorn, onde ele me pediu, oficialmente, em namoro, quando ele me disse, pela primeira vez, eu te amo.

#FLASHBACK ON

- Não! - gemeu ao ver seu placar. O que, modéstia a parte, não era nada comparado ao meu. - Como consegue? - me encarou ainda com o rosto torcido.
- Jogo Sonic desde meus dois anos, . - pisquei e ele apontou.
- Não é justo.
- Dev? - chamei, já me virando para o ruivo.
- Jogo limpo. - ele decretou e meus amigos bradaram por eu tê-los "vingado". Por mais que nunca tenham sofrido nada nas mãos de , eu sabia que eles não queriam seu bem só por ser um deles. - Quem é o próximo?
- Vem! Você precisa de um drink! - o puxei pela mão rumo ao balcão de cedro, pedindo um Frodo Baggins pra mim e um Clássico Mordor pra ele. Na língua dos mortais: um milk shake de flocos e um de morango.
- Me sinto um merda perto de você. - declarou cabisbaixo e eu ri.
- Bem vindo ao clube! - Luca Di Mariano, que nos serviu, declarou ao ouvir o murmúrio de e logo foi atender aos outros.
- Quem é esse? - perguntou com uma sobrancelha arqueada.
- Meu sparrin. - dei de ombros e ele franziu o cenho, suavizando a expressão logo em seguida. O que acontecia quando tentava entender algo que eu dizia, mas desistia no meio do caminho. - E então? O que está achando?
- É como um point normal. Só que ao invés do lugar moderno, da azaração e das bebidas vocês têm uma taverna, jogos e milk-shakes. - ponderou. - Eu gosto. É bem legal. - concluiu, sorrindo.
- Fico feliz que tenha gostado. - sorri de volta, encarando o letreiro em neon com o nome do estabelecimento acima do "bar", o único toque "moderno" no ambiente rústico. - Cresci aqui. É como o meu terceiro lar. - senti segurar minha mão em cima do balcão e sorri mais um pouco. Eu me sentia bem com ele, mesmo sendo o que eu gosto de classificar como acéfalo. Deveras, ele não se comportava como um deles, só andava com eles e, a cada dia mais, eu conseguia ver a diferença e aceitá-lo no meu mundo. Era engraçada essa sensação. Trazer alguém de um universo completamente diferente para o seu e gostar disso.
- ! - Crispim Harris, dono do lugar e um grande amigo, apareceu do outro lado do balcão e eu, rapidamente, deixei minha mão longe da de .
- Hey, Cris.
- Quem é seu amigo?
- . - o próprio se apresentou, cumprimentando-o e Crispim sorriu.
- Crispim Harris. Bem vindo ao Aragorn!
- Obrigado.
- Quais as novas? - perguntei.
- Estou te procurando desde a semana passada. Niall não te contou? - senti meu estômago revirar. Desde que comecei a andar com , meu melhor amigo se afastou por não aprovar esse "relacionamento".
- Não, ele não disse nada. - ajeitei meus óculos, na tentativa de me manter firme. - É muito grave?
- Depende do seu ponto de vista... - franzi o cenho e ele continuou. - Não se assuste, mas vou precisar das suas habilidades com engenharia. Dev! - chamou e o mesmo chegou até nós em questão de segundos.
- Sim, senhor?
- Leve até o nosso pequeno problema, por favor.
- Mas e... - me virei para , que sorriu sereno.
- Tudo bem, . Eu vou ficar bem.
Dito isso, fui guiada por Aaron Develon até a parte superior do estabelecimento, onde ficavam guardadas as máquinas que não tinham mais conserto. Não são vendidas pro ferro velho porque, mesmo não funcionando, continuam sendo relíquias. Só pra esclarecer.
- Aqui está. - apontou para um Street Fighter antigo, a primeira versão, pra ser mais exata.
- Oh, my Spock! O que aconteceu aqui?
- Gale estava jogando na semana passada e travou do nada. - deu de ombros e eu comecei a analisar o exterior da máquina, constatando normalidade.
- Já tentaram ligar?
- Harris não deixou que ninguém chegasse perto.
- Caramba, esse é um dos mais populares. Não dá pra ficar parado. - murmurei ao tentar ligar a máquina, em vão. Mirei a caixa de ferramentas na prateleira no fundo da sala e bufei. Odeio quando tenho que abrir uma das máquinas. É como se estivesse cortando uma parte de mim. Mas, mesmo antes que eu pudesse chegar até lá, um vidro quebrado se fez ouvir seguido de um grito que ecoou pelo estabelecimento inteiro.
- BRIGA!
Senti meu corpo reagir a um choque que o atravessara enquanto meus neurônios insistiam em salientar que eu trouxera o único capaz de provocar briga num pub nerd.
- Por favor, me diz que não foi com ele? - implorei sem interromper o processo que estava pra começar.
- Lamento te desapontar. - respondeu e eu não pensei duas vezes antes de seguir a passos largos para o andar de baixo.
Antes mesmo de chegar ao meu destino, eu já conseguia projetar a minha frente a cena que me aguardava no final das escadas. Eu já me xingava (e odiava) plenamente por tê-lo trazido a um lugar onde é odiado. Ah! Eu jamais teria o perdão de depois disso.
Contrariando minhas expectativas, tudo já estava normal. Quer dizer, tudo, exceto por estar me esperando no lugar completamente vazio à meia luz.
- Hey. - ele sorriu timidamente e, por mais que eu estivesse surtando por dentro, tentei agir com naturalidade.
- Hey, . - sorri. - Onde está todo mundo?
- Tá passando Crash Gordon no cinema ali da esquina e eles disseram que não podiam perder.
- Flash Gordon, quis dizer? - cruzei os braços e ele assentiu. - E a briga? Qual o motivo? - arqueei uma sobrancelha e ele engoliu seco.
- O ruivo e aquele com nome de carro queriam ficar na mesma cadeira, por isso a briga. - deu de ombros e eu cerrei os olhos. Até onde ele iria?
- E o Cris te deixou aqui sozinho?
- E-eu disse que te esperaria, aí ele me deixou ficar.
Fechei os olhos, balançando a cabeça pra tentar entender o que estava acontecendo. Pra começar, não existe cinema em Woodcomb Falls e Flash Gordon é bem raro; Oliver e Maveric não sabem nem levantar a voz, quem dirá brigar! Dev jamais mentiria pra mim, acho que ele lembra de ter um dos seus cartuchos favoritos roubados da última vez que fez isso. E Cris tê-lo deixado sozinho... Estranho. Muito estranho.
- , o que tá...?
- Shhhh! - ele se aproximou perigosamente, quase encostando seus lábios nos meus. - Eu preciso que você me escute agora, ok? - simplesmente assenti, ainda não entendendo o motivo de eu não conseguir me manifestar verbalmente. - Aconteceu tanta coisa nesses últimos meses... - ele riu, se afastando um pouco. - Nunca achei que pudesse viver tudo isso com alguém, com você... Eu não sei o que você fez, garota - apontou sorrindo - , mas você mexeu seriamente com todo o meu conceito de vida.
- Palavras bem elaboradas. - concluí.
- , por favor! - murmurou e eu levantei as mãos em rendição, não antes de fingir trancar minha boca e jogar a chavae por meus ombros. - Talvez seja um pouco rápido demais, mas quem liga? Devemos agir de acordo com nosso instinto, certo? - mais uma vez, me limitei a assentir, mas dessa vez eu tinha meu cenho franzido. Qual o problema desse garoto hoje? - Anne ... - respirou fundo, sustentando um sorriso torto enquanto tomava minhas mãos nas suas. - Eu sei que eu sou só um acéfalo provedor de entretenimento brutal através de um jogo estúpido cujo objetivo é correr atrás de uma bola e acertá-la num retângulo no final do campo, mas eu tenho sentimentos, dentre eles a capacidade de amar... De te amar... Quer namorar comigo?
Senti meu coração falhar 10000000000000 batidas enquanto eu tentava raciocinar uma resposta ao que acabara de ouvir. Estava realmente acontecendo?
- Se eu fosse você, responderia logo, . Não é nada legal ficar na expectativa com o Oliver pendurado nas suas costas. - Luca murmurou de detrás do balcão, nos fazendo rir, e só então eu percebi que ele e minha trupe de nerds estavam observando a cena.
- Sim. - respondi num sussurro e, no instante seguinte, eu já estava nos braços de , ouvindo um sincero e inesperado "Eu te amo" antes que ele selasse nossos lábios, tendo como música de fundo os aplausos e gritos dos meus colegas.
Antes que eu pudesse perceber, minha mão já estava em sua nuca e a outra espalmada em seu peito enquanto ele me envolvia pela cintura, me fazendo ficar mais próxima a ele, como se isso ainda fosse possível. E, mais uma vez, eu me sentia pisando em nuvens. Como se fosse a minha festa de formatura na Frota Estelar ou... Não. Eu me sentia melhor que qualquer mundo fictício pudesse ser. Aquilo era real. era real.

#FLASHBACK OFF

Me peguei sorrindo abestalhadamente e até mesmo uma lágrima fujona descia em meu rosto. Era a melhor lembrança que eu tinha de . Não é de hoje que ele consegue me surpreender, mas nada comparado aos últimos meses. Ele estava me surpreendendo pela capacidade de me fazer querê-lo, ignorando o que se passou. Ele me tem. E acho que ele sabe bem disso.

@

As melhores músicas? (risos). Nem considero minhas músicas tão boas assim! Mas as que mais gostei de ter escrito, dei pra duas intérpretes incríveis. São as minhas favoritas, porque me tiraram da minha zona de conforto, sabe? Escrever country e R&B foi inigualável.
- A quais músicas ela se refere? - Josh, que lia a entrevista da à Cosmopolitan comigo, perguntou.
- A Little More Free da Katelyn Tarver e Mean Girls da Rachel Crow. - , que tinha outro exemplar da revista em mãos, respondeu, do outro lado da sala.
Você se vê cantando em outros ritmos?
Eu cresci no meio do rock, mas qual é?! Eu sou brasileira! Meu sangue traz um pouquinho de cada ritmo, eu gostando ou não. Sem dúvidas, eu me aventuraria em outros ritmos. Tanto que, em Unbreakable, teremos uma parceira acústica e uma pop rock. Talvez mais pra frente a gente faça até um samba, um maracatu... Por que não?
Pra finalizar, já tem data marcada pra começar a turnê de Unbreakable?
Sim! Esse ano começaremos a turnê na América Latina, no começo de julho. Depois passaremos ao hemisfério norte e daí África, Europa, Ásia e Oceania. Direto e sem descanso. Aguardem surpresas!
Terminei de ler a entrevista, desacreditado. Passei e revisei as duas folhas destinadas à entrevista com em busca de qualquer coisa que dissesse, ou ao menos insinuasse, algum ponto ao meu favor, mas nada. Nenhuma referência à 'One Direction', muito menos a ' '. Muito pelo contrário! Perguntaram se ela estava saindo com o filho do Billie Joe Armstrong. O que, só pra constar, não está acontecendo.
- Alô! - adentrou a casa acompanhado de Niall e Sandy, todos com caixas de pizzas em mãos.
- Oh! Saiu a revista! - Nialler se aproximou de sorrindo, sentando no chão ao lado deste, após pegar seu exemplar, folheando-o energeticamente. - Já leram a entrevista? - me limitei a bufar e então segui para o outro sofá, entregando meu exemplar a Josh, antes de me deitar no móvel.
- Que pasa? - ouvi Sandy perguntar.
- tá chateado porque a não jurou amor eterno a ele na entrevista. - declarou com os olhos vidrados na TV, onde passava America's Next Top Model, e eu lhe mandei meu dedo médio.
- E também porque estão especulando que ela tá saindo com o Joey Armstrong. - Josh completou.
- Posers. - enfatizou. - Será que ainda não perceberam que era o Kennedy Brock com ela na Melrose Avenue? - murmurou e eu me levantei num estalo, sentindo meu sangue ferver enquanto encarava as almofadas.
- Guys, vocês não querem ajudar o Dan a lavar o carro, não? - perguntou.
- Mas ele é chato! - Josh reclamou.
- Josh, por favor? - Niall pediu e, num instante, já estavam todos, com exceção de Niall e , fora do recinto.
A ideia de estar saindo com outro cara me perturbava bastante quando não deveria. Por mais que eu soubesse que ela sairia com seus amigos, por mais que eu soubesse que eles eram só amigos. O motivo? Ela deveria estar saindo comigo, a mídia deveria estar especulando sobre nós e não sobre ela e um cara qualquer.
- , você tá legal? - me tirou da minha pequena zona de auto tortura e eu assenti, mesmo sem ter certeza daquilo.
- Kennedy é só um amigo. Um grande amigo que tem namorada. Não deve se preocupar. - Niall cruzou os braços com um sorriso brando e eu ri sem humor.
- Claro que é. Todos são. - concordei com sarcasmo.
- , você precisa entender que ela não é mais aquela garota cujos únicos amigos acham um mangá mais atraente que ela. - explicou, calmo. - Grande parte dos caras da nossa idade querem, realmente, ficar com ela.
- Ideia que também não me agrada nem um pouco. - Niall ressaltou.
- Claro. Como se esse fosse o maior dos meus problemas. - o leprechaun me encarou de cenho franzido.
- Qual seria o seu maior problema, ?
- O problema - me levantei - é ela estar saindo com outros caras e não comigo. O problema é que, desde que ela e o terminaram, as pessoas especulam sobre ela estar num novo relacionamento. Acreditem, até o já passou por essa lista de especulações, menos eu!
- Qualquer cara com quem a é vista mais de duas vezes já é considerado namorado dela pela mídia. - meu melhor amigo continuou. - Você deveria ser uma das pessoas a entender isso melhor que ninguém.
- O que acontece é que depois de tudo o que aconteceu em Olinda, nós dois não avançamos em nada. Eu nem sei se ela lembra que eu existo! - explodi.
- Ah, ela lembra. - riu de escárnio, também aumentando o tom. - Você só manda uma mensagem a cada duas horas! É difícil não lembrar de você assim, certo?, pelo amor de Deus! A enfrentou a própria mãe, ela tá quebrando os próprios princípios só em falar com você. Você não sabe o quanto ela tá confusa com tudo isso! Então para de reclamar, que o destino faz o resto, senão quem vai ficar contra esse relacionamento sou eu. - marchou ao sair, me deixando de olhos arregalados. Raras eram as ocasiões em que brigávamos e, mais raras ainda, as vezes em que estava errado.
Olhei para Niall como se pedisse ajuda e ele riu, apontando para o caminho que tinha seguido.
- Seu melhor amigo quem disse, não tenho nada a ver com isso.

- O que você quer? - perguntou, assim que abriu a porta do quarto que dividia com Josh quando ficávamos na casa de .
- Admitir que você está certo em todas as conclusões? - arrisquei e ele bufou, deixando a porta aberta para que eu entrasse enquanto seguia para o centro do cômodo. - , você sabe que não é nada fácil pra mim! Eu já perdi a uma vez, já fiquei sem ela por muito tempo! Eu não posso arriscar...
- Mas você já tá se arriscando, ! - me interrompeu, voltando a me encarar. - Você não entendeu ainda que, se quiser ela de volta, vai ter que deixar isso acontecer naturalmente.
- E se eu disser que não consigo? Que preciso dela aqui, comigo, nesse instante?
- Então você ainda não tá preparado para tê-la de volta. - respondeu num tom calmo e eu senti como se meu estômago tivesse sido espancado. Sutil, . Como sempre, sutil.
- E o que você me sugere? - perguntei no tom mais infantil possível. Não queria dar outro motivo para que meu melhor amigo brigasse comigo.
- Aprenda a confiar na , no que ainda une vocês dois. - concluiu e saiu do quarto.
É claro que as palavras de ainda ecoaram na minha mente durante todo o meu tempo de consciência e inconsciência também. Será que eu não estava confiando em ? Será que eu não estava confiando no nosso amor (se é que eu ainda posso chamá-lo assim)?

Acordei com Josh e gritando no quarto ao lado. Não demorou muito pra que a dupla dinâmica invadisse meu quarto, me carregando para a sala quando eu me recusei a levantar de boa vontade. , e Niall estavam espalhados pelo sofá, tapete e poltrona, respectivamente, no mesmo estado que eu, que fui jogado ao lado de no tapete.
- O que tá acontecendo aqui? - perguntou, num bocejo.
- Calado. - Josh ordenou.
- Cadê os outros? - Niall perguntou, olhando em volta.
- Foram espertos o suficiente pra sair daqui ontem à noite. - , que de nós era o menos sonolento, respondeu.
- Desafortunados sem coração, você quer dizer. - Josh apontou.
- Qual a lógica nessa frase? - replicou e Josh deu de ombros, forjando superioridade.
- E o que a gente tá fazendo acordado às - chequei o relógio na parede. - 8 da manhã mesmo?
- 8 em ponto? - perguntou e eu franzi o cenho.
- Que importância isso tem? - Niall perguntou e o celular de apitou.
- Woo hoo! Tá na hora! - esfregou as mãos enquanto eu encarava os outros na vã esperança de que alguém me respondesse o que estava acontecendo ali.
Josh, então, ligou a TV e logo colocou no E!, fazendo com que algumas sobrancelhas se arqueassem quanto ao seu ato.
- What the...?
- Shhhhhhhh! - foi interrompido por , e Nialler me encarou, perguntando silenciosamente se os garotos tinham se drogado. Em resposta, simplesmente dei de ombros, encarando a TV logo em seguida.
- O dia mau começou e já estamos recheados de notícias bem quentes... - o apresentador do programa, ambos tendo nomes que eu não tenho a mínima ideia, anunciou, sorrindo abertamente.
- Ela disse que seria a primeira matéria, certo? - perguntou e Josh simplesmente assentiu.
- Maconha estragada? - perguntou a mim num sussurro.
- Ou qualquer outra coisa do tipo. - sussurrei de volta.
- Há exatamente quatro horas, e o baterista da One Direction, Josh Devine, fizeram uma twitcam onde respondiam somente perguntas sobre a vida sentimental da banda.
A imagem mudou para e Josh, trajando as mesmas roupas que estão agora, aparentemente na cozinha.
- Niall e estão namorando? - Josh leu a pergunta. - Na minha opinião, já deveriam estar casados, mas isso você tem que perguntar a eles.
- Vocês sabem que é a alma gêmea de quem? Amo vocês! - tentou imitar a voz de uma garota. - e Evanna são, definitivamente, almas gêmeas. Não tenho dúvida.
- Acho que gostaria que a alma gêmea dele fosse a Anne Hathaway ou algo do tipo. Ele só sabe falar nela.
- Mas a Anne é casada.
- Quem mais seria perfeita pra ele? - Josh franziu o cenho.
- Ouvi dizer que a Hayley Kiyoko tá solteira. - lembrou e os olhos de se arregalaram ao meu lado.
- Tem razão. Eles ficariam muito bonitos juntos.
- Próximo!
- Vocês já sabem qual a minha opinião sobre quem deveria ser a Mrs Horan, então... - encarou .
- Quem seria sua alma gêmea, Josh?
- Scarllet Johansson. E a sua, ?
- Seria a Natalie Portman, mas ela me traiu. Então eu diria, Naya Rivera. Ela é incrível.
- Faltou a alma gêmea do .
- Eu, particular e sinceramente, acho que ele e a mommy formam um lindo casal.
- E quem é a sua mommy?
- Anne , a pessoa mais estranha e legal do mundo que faz o coração do bater mais forte.
- Feita essa declaração... - a imagem voltou para o apresentador, mas o ignorei para olhar pasma e friamente para . Como ele pôde fazer isso? Nos expor de uma maneira tão... Exposta?
- . - declarei apenas, num tom que exigia respostas.
- Que é? - perguntou de volta.
- Por que fizeram isso? - perguntou quase tranquilo, pra não assustar o garoto e ele sair correndo antes de responder. Longa história.
- Caso não tenha percebido, fizemos um favor àquele ingrato. - apontou pra mim.
- Como é?
- Não era você quem tava reclamando que ninguém especulava sobre você e a ? Pois então, eu te ajudei.
- Qual é o seu problema? - me levantei com um tom nem um pouco amigável. - Como você ainda tem coragem de falar que me ajudou?
- Pelo amor de Deus! Agora tá todo mundo falando de você dois. Não era isso que você queria?
- Mas você não tinha nada que...
- Será que dá pra parar? - o grito de Niall reverberou pela sala, trazendo como consequência o silêncio, que só foi interrompido pelo celular de tocando descontroladamente.
- Alô? - , que estava mais próximo do objeto, atendeu, e todos nós o encaramos com expectativa. Mesmo não tendo ideia do que ela gritava no telefone, era perceptível que aquela garota não estava nada feliz. - Terminou? Ótimo. - apertou qualquer coisa no telefone e apontou pra nós. - Agora repete pra todo mundo.
- , SEU CACHORRO DIABÉTICO! O QUE TE DEU NA CABEÇA PRA EXPOR A E O DESSE JEITO ENQUANTO A GENTE TÁ TRAVANDO UMA BATALHA COM A COCADA DE SAL QUE É A MÃE DELA PRA DEIXAR ESSES DOIS FICAREM JUNTOS? A TUA SORTE É QUE AQUELA COISA DE ÓCULOS GIGANTES SAIU COM O E NÃO TEM A MÍNIMA IDEIA DO QUE TÁ ACONTECENDO, SENÃO VOCÊ ESTARIA MORTO! - gritou num só fôlego.
- Cachorro diabético? - repetiu.
- Cocada de sal? - Josh franziu o cenho.
- E você, Devine, também não fica muito atrás.
- Mas eu...
- Você não tem direito de falar nada, garoto. Você tá tão ferrado quanto um cavalo no mar e, caso não te... - ela parou de repente e todos nós esperamos. Mas nada veio.
- ? - Niall chamou, preocupado.
- Tia Graça tá ligando. Falo com vocês depois. - explicou rapidamente com voz assustada e fraca, desligando logo em seguida.
Todos, sem exceção, encaramos e Josh. Sei que não se zangaria com ele. O que não significa que ela não se zangaria comigo. O que é pior: significava que a mãe dela se zangaria concosco. O que também quer dizer que, se eu ainda tinha algum crédito com a minha futura sogra, eles tinham acabado de se desintegrar. Graças a dois bêbados idiotas que chamo de amigos.
- Relaxa, a ainda te ama. - sorriu e eu balancei a cabeça negativamente, tomando o rumo de casa.




@

(coloca essa música pra carregar se quiser, ok?)

Respirei fundo, repetindo mentalmente o nome de todos os membros dos Vingadores enquanto tinha minha cabeça encostada na parede; Peppe, à minha frente, ouvia algo em seu iPod de braços cruzados, meneando algumas vezes com a cabeça; , à minha esquerda, calada estava enquanto seus olhos fitavam o chão; Lee, à minha direita, estava igualmente calada, num momento raro em que não estava tamborilando os dedos; Já Iane, estava no cômodo ao lado que havíamos deixado há pouco, produzindo as duas músicas que tínhamos gravado mais cedo.
Nick ainda não tinha aparecido para gravarmos a música (o que na minha opinião foi muito bom, já que o clima no estudio não está nem um pouco legal), mas não era essa a nossa maior preocupação. A espera, que tinha como consequência um silêncio ensurdecedor, era em prol de uma ligação dos representantes da gravadora e, consequentemente, da banda. O vídeo de e Josh teve muita repercussão e afetou ambas as bandas e isso fez com que Caio (nosso empresário) e Marina (nossa RP) fossem convocados para um reunião de emergência.
Senti meu bolso vibrar e de lá tirei o aparelho que provocava tal reação, constatando que o motivo fora uma mensagem de .
Reunião chata -__-
Imediatamente, respondi:
Você montou o circo, Little . Agora vai ter que esperar o espetáculo acabar.
- Idiota europeu. - bufou, guardando o celular e eu arqueei uma sobrancelha. - Seu filho mimado. - apontou pra mim e eu ri fraco.
- Ele é jovem, . Precisa fazer besteiras. - dei de ombros e ela me olhou feio. - Qual é? Eu não vou condenar o garoto por algo que ele fez bêbado.
- Concordo com a nessa. - Peppe piscou e eu fiz uma ligeira reverência, sentindo meu bolso vibrar novamente.
Desculpa, . Eu não fiz por mal, juro. Não quero que fique chateada comigo. s2 s2 xxxxxxxx
Ri um pouco do exagero de Josh, mas logo respondi.
Não estou chateada com você, Josh. São coisas que acontecem. Fique tranquilo, está perdoado B) xx
- ? - Lee chamou.
- Fala.
- Aquele não é Danny Jones no final do corredor? - apontou e eu senti meu coração acelerar assim que fiz menção de olhar para o lugar onde ela indicava.
E lá estava ele. Lindo. Divo. Quase tropeçando em suas próprias pernas. E com um sorriso inconfundível. Daniel Alan David Jones. Vindo em minha direção.
- E aí, paçocas? - ele arriscou um português, provocando risos nos outros, mas eu estava abismada demais pra expressar qualquer reação.
- Hey. - Peppe foi o primeiro a cumprimentá-lo.
- Ótimo português, Jones. - sorriu ao abraçá-lo.
- Você é mais baixinho do que eu lembrava. - Lee franziu o cenho e Danny riu, se virando pra mim.
- Motus non est pax. Ignorantia non est scientia. Nullus affectus est serenitas. Non est confusa est consonantia. Mors non est Virtus. - (n/a: Não há emoção, há paz. Não há ignorância, há conhecimento. Não há paixão, há serenidade. Não há caos, há harmonia. Não há morte, há a Força em latim.) falei no automático e Danny ergueu uma sobrancelha.
- No planeta dela isso significa que você é uma das inspirações dela e ela está nervosa pra caramba por estar te conhecendo. - Lee explicou.
- Awnn! - ele juntou as mãos, inclinando a cabeça levemente para a esquerda. - Você é bem mais fofa do que eu pensava. Vem. - me estendeu sua mão e eu, tremendo, a peguei. - Vejo vocês mais tarde, pessoal. - sorriu e entrelaçou meu braço no seu, me guiando pelo corredor.
- Onde vamos? - perguntei sem conter meu sorriso. Danny Jones é um dos meus heróis, qual é? Ele pode estar me sequestrando, mas eu ainda o amo.
- O clima não está muito legal depois do chat dos meninos, tenho certeza de que esse é o motivo daquele silêncio todo. - declarou assim que pegamos o elevador. - Pensei que seria bom te tirar dali. Afinal - sorriu -, ainda temos que escrever uma música, lembra?

- Chegamos. - Jones declarou ao estacionar na frente de um enorme prédio, cuja existência eu não fazia ideia. - Bem vinda ao museu do Cinema Mudo, .
Sem perder um único segundo, corri com Danny e logo estávamos dentro do prédio, sendo recepcionados por um enorme - e com um gráfico impressionante - holograma do Charles Chaplin. Mas antes mesmo que eu pudesse parar pra admirar alguma coisa, Daniel me puxou para a parte de trás do prédio, o equivalente ao jardim.
- Danny, o quê...?
- Shhhhh! - ele me sentou (é, você leu direito, criança) num dos bancos do tal jardim, sentando-se ao meu lado logo em seguida. - Olha pra frente e aproveita.
Seguindo seu conselho/ordem, encarei o lago à minha frente, que estava cheio de sapos, vale ressaltar. Acredito que dois minutos se passaram desde que eu comecei a pensar no quê um bando de sapos num lago teria de especial. Dois minutos de um pensamento inútil, que fora quebrado com o badalar dos relógios do museu, indicando que já eram 3 da tarde. E foi, então, que a coisa mais bizarra do mundo aconteceu: os sapos começaram a fazer barulhos distintos que, ouvidos todos juntos, harmonizavam Love Me Tender.Senti minha boca se abrir involuntariamente a medida que meus olhos se arregalavam e Danny ria ao meu lado. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que eu estava vendo, ou no caso, ouvindo. Os sapos pararam de "cantar", mas eu continuava incrédula, sem saber o que dizer. A essa altura, eu já não sabia nem o que pensar.
Senti meu bolso tremer mais uma vez e tive de me recobrar a consciência para ler a mensagem que chegara. Sim, culpa dos sapos.
Awnnnn, ... Você é a melhor. Se não me matasse, eu casaria com você agora mesmo! xx
Me senti ruborizar de imediato com a mensagem de Josh. Era tudo o que eu precisava agora: outra pessoa capaz de me fazer ruborizar.
- Seu namorado? - Danny perguntou e eu ri.
- Nem de longe.
- Então, posso ler? - perguntou sorrindo como uma criança e eu lhe entreguei o aparelho. - Então esse lance sobre você e o é verdade? - devolveu-me o celular e eu dei de ombros. - A senhorita faria o favor de me responder verbalmente? Ainda não sei fazer isso, sabe? Ler pensamentos e tal...
- Que resposta espera ouvir?
- A verdade. Só ela. - respirei fundo e dei de ombros, mais uma vez. Se meu ídolo, com quem eu nunca tinha feito contato na vida, já conseguia tirar suas próprias conclusões sobre e eu, de quem mais eu esconderia?
- É exatamente o que você pensa que é. - conclui.
- Sério? Porque eu acho que ele vendeu a alma pra te conseguir. - me limitei a rir da careta que Danny fez, expressando estar confuso. - Dá pra ver que vocês se gostam. Formam um lindo casal.
- Agradeço, mas não somos um casal. - sorri e ele se levantou.
- Ainda. - piscou e eu franzi o cenho. - Ele te ama e você ama ele. Simples! Nada mais certo do que serem felizes juntos. - sorriu infantilmente, acenando para os pombos que acabaram de levantar voo, bem perto de nós.
- Está se sentindo bem? - perguntei, ajeitando meus óculos, pensando seriamente em recomendar um amigo psiquiatra a Danny.
- Me sinto maravilhoso. - manteve o sorriso, dessa vez me encarando. - Vamos escrever nossa música?
- Claro. - sorri, me levantando também. - Danny?
- Hmm?
- Obrigada por ter me trazido aqui. - falei sincera e recebi um abraço aconchegante do meu ídolo.
- É pra isso que servem os amigos. - sorri automaticamente com isso. Ele disse que era meu amigo. - Só mais uma coisa. - se afastou o suficiente para que eu pudesse ver seus olhos. - Lembra de uma música do Take Me Home chamada I Would?
- Claro. - era uma das minhas favoritas dos meninos porque fora escrita em parceria com McFly, mas ele não precisava saber disso.
- Deixa eu te contar um segredo sobre ela. - se aproximou novamente, praticamente colando sua boca em meu ouvido. Danny Jones é exagerado quando quer, eu devia saber disso. - Essa música fala de você. - sussurrou, me puxando para fora do museu, seguindo comigo até o estúdio.

-... e Alejando Sanz. - Liz terminou, sorrindo.
- Sua vez, . - Katelyn me cutucou.
Estávamos todas sentadas na enorme cama de Erin, rodeadas por baldes de pipocas e doces, vestidas de nossos pijamas favoritos e falando (lê-se: fofocando) sobre os mais diversos assuntos: uma típica gurl party. Não que eu não goste desse tipo de reunião social, de fato, eu adoro! É esse o raro momento em que eu ajo como uma "garota normal". Mas minha mente estava bem longe de San Diego, em Londres pra ser mais exata. Depois de ter escrito e gravado "Honesty" com o Danny, percebi que, por mais que eu tentasse, eu não conseguia imaginar meu futuro sem . Se não tê-lo ao meu lado no presente já se tornara doloroso, traçar um futuro sem sua presença seria devastador. E eu não estava disposta a isso. Por tal motivo, eu já tinha decidido que falaria com Dona Graça e assumiria tudo o que sinto por , sendo do gosto dela ou não.
- ? - Ariana estalou os dedos na minha frente e eu passei a piscar freneticamente, voltando ao meu espaço-tempo real.
- Sim?
- Seu top 3 de latinos. - Victoria falou como se fosse óbvio e eu ajeitei meus óculos.
- Ahn, ok. Vamos lá. Gael Garcia Bernal, Lionel Messi e Carlos Pena.
- Nossa, o Carlos tá na lista. - Katelyn fez falsa surpresa.
- Acho que deixei bem claro quando disse "Amigos não valem"! - Erin jogou Cheetos em mim.
- Mas é claro que vale! Ele é latino, isso que importa! - me defendi.
- Esqueçam o Carlos! - Iane declarou. - Eu tô é surpresa de ver o Gael nessa lista. Nem sabia que a conhecia ele!
- Qual é? Ele fez um dos meus filmes favoritos!
- Qual? - Elizabeth arqueou uma sobrancelha.
- Diário de uma motocicleta...
- Ele é um cara importante nesse filme, certo? - Victoria franziu o cenho.
- Yep. Che Guevara. - respondeu.
- Porque só o meu top 3 causou discussão? - fingi indignação. - O da Lee foi bem mais polêmico!
- Não há nada polêmico em Mario Lopez, mi amor. - a acusada deu de ombros.
- Mario Lopez e sua bunda suculenta não é polêmico, deveras. - repeti as palavras de Lee e Ariana desatou a rir ao meu lado.
- Isso tudo é frescura porque o não é latino. - abanou a mão no ar e eu me senti ruborizar de imediato, ouvindo as zoações das meninas.
- Então é verdade? - Katelyn sorriu.
- Não oficialmente. - declarei e o quarto quase explodiu em gritos.
- Quem mais vota em - pra casal do ano? - Ariana levantou as mãos.
- Oh, não. Esse título pertence a Mrs Horan ali. - apontei para , que olhou pra mim exalando fúria enquanto as garotas riam.
- É verdade. Precisa ver como ela fica quando ele liga. - Iane riu. - Nini disse que meus olhos brilham mais que rubis e que sente minha falta. - imitou a voz e a fala de e, mais uma vez, as meninas riram.
- Olha aqui, Ver... - foi interrompida pela música tema de Dragon Ball GT (aka o toque do meu celular), que causou silêncio imediato no recinto e me tornou o centro dos olhares. Me levantei depressa, indo até a cômoda onde havia deixado o aparelho.
Senti meu coração acelerar e um sorriso se apoderou de mim junto a uma felicidade repentina no momento em que vi o nome que piscava na tela.
- É o ? - Liz perguntou.
- Claro que é! Olha esse sorriso! - Erin apontou.
- Tá esperando o quê pra atender? - Victoria levantou as mãos e eu balancei a cabeça, levando o aparelho ao ouvido logo em seguida.
- Alô? - atendi, apreensiva.
- Vida longa e próspera. - a voz de saiu nervosa e eu franzi o cenho.
- , o quê...?
- Ah! Não acredito que você esqueceu. - lamentou e eu me vi obrigada a respondê-lo adequadamente, como fazíamos há cinco anos.
- Que a Força esteja com você.
- Por que diabos você tá fazendo essa saudação? - Lee perguntou e eu fiz sinal pra que ela esperasse.
- , você tá legal? - perguntei.
- Ficaria bem melhor se você aparecesse na varanda. - meus olhos se arregalaram e, a passos lentos, eu segui em direção à varanda do quarto de Erin. Ele não estava falando sério, estava?
- Você lembra da consequências por me dar sustos, não lembra? - perguntei ainda caminhando, tendo algumas "seguidoras", igualmente curiosas e apreensivas.
- Lembro sim.
- Ótimo. - declarei a um passo da porta da varanda.
Respirei fundo e então dei o passo final até meu destino, olhando imediatamente para o quintal, encontrando sorrindo em minha direção.
Senti minhas pernas fraquejarem e, se não fosse por e Katelyn, eu já estaria no chão, junto ao meu telefone. Eu procurava dentro de mim uma única razão pra que tivesse feito aquilo, mas não conseguia pensar nada além de "Ele te ama e você ama ele. Simples!". Bendito Danny Jones!
Mas, de alguma maneira estranha, minha razão parecia estar trabalhando em conjunto com os meus sentimentos ao me indicar que aquele seria o momento perfeito para ter de volta.
- Ele quer que você desça. - Iane olhou para mim com um sorriso de ternura e eu assenti, pegando o primeiro robe que vi pela frente e correndo para o andar de baixo na minha maior velocidade.
Assim que cheguei na porta que dava para o quintal de Erin, parei, tendo um sorriso escondido em alguma parte da minha feição. Fui ao encontro de (que, ao contrário de mim, tinha um sorriso largo no rosto) a passos lentos, ainda formulando mentalmente o que dizer a ele.
- O que faz sem óculos, ? - franziu o cenho e eu apertei mais o robe contra meu corpo, cruzando os braços em seguida.
- Uso lentes quando venho à gurl parties... O histórico de danos aos meus óculos é bem grande, então passei a evitá-los. - respondi categoricamente e ele riu. - O que faz aqui? - perguntei, talvez, por impulso. Alivia, eu tô confusa aqui também. - Quer dizer, você deveria estar em Londres. Se souberem que você está em LA, é provável que...
- Sei bem das consequências. - suspirou, colocando as mãos nos bolsos da calça. - Mas eu queria me desculpar pessoalmente pelo que... Bom, você sabe. Não foi nada legal os garotos te exporem daquele jeito...
- Mas expor a pode né? - a mesma gritou, sendo rapidamente repreendida pelas meninas e eu simplesmente rolei os olhos. Amo minha melhor amiga, mas seu comentário fora completamente desnecessário. Principalmente porque me lembrou que tínhamos espectadoras.
- Enfim... - deu de ombros e eu assenti.
- Fico feliz que tenha vindo. - ele sorriu. - Só assim podemos esclarecer algumas coisas.
- Coisas como?
- Coisas como... - suspirei. - Qual vai ser o dia oficial do nosso aniversário? - me senti ruborizar no mesmo instante em que ouvi isso na minha própria voz. Acho que é de conhecimento geral que eu jamais diria isso numa situação normal. E esse é o ponto: desencadeava algo em mim que me fazia agir completamente fora dos meus padrões de normalidade. Como: ignorar alguns princípios que jamais pensei em infringir; não me importar com um ato irresponsável que, tecnicamente, me trouxe danos; ou começar um relacionamento apenas algumas semanas após ter saído de outro. Esse era o efeito que surtia em mim.
- Você... - ele crispou os lábios, o que dizia claramente que ele tentava conter um sorriso. - Você acha que a data de hoje seria um bom dia?
- Cálculos indicam que é o dia propício. - conclui e vi abrir seu melhor sorriso, me puxando prontamente para um abraço.
- Tradução, por favor! - Liz gritou.
- Isso foi um sim, jumenta! - Erin bradou.
- Não foi nada romântico, só pra constar! - Victoria exclamou e, no segundo seguinte, Lee já estava ordenando que todas entrassem.
Ficamos ali abraçados, sorrindo bobamente um para o outro com as nossas testas coladas. Eu me sentia completa, como nunca antes, e uma vontade gritante de jamais sair dos braços de crescia dentro de mim. Senti, então, sua mão em meu queixo, o que levou meus lábios ao encontro dos seus e, numa perfeita sincronia, se moldaram uns aos outros enquanto nossa respiração se tornava uma só. Eu me sentia feliz.
Plenamente feliz.

@

- Ele ainda não chegou.
- Ai... Essa resposta não é legal. - levei minha mão livre à boca, com o intuito de roer minhas unhas, mas Alisha me acertou com um pente, fazendo com que minha mão voltasse ao braço da cadeira enquanto nossa hair stylist, agora sorridente, voltava sua atenção ao meu penteado.
- , a distância entre Los Angeles e Londres não é a mesma entre Recife e Olinda. Se acalma.
- Eu tô calma! O problema é a sua melhor amiga que parece ter esquecido tudo o que aprendeu em geografia e fica me mandando uma sms a cada cinco minutos dizendo que o ainda não deu notícia.
- Então, manda a se acalmar.
- E você acha que eu já não fiz isso? - gritei e Alisha pigarreou, sinal claro de "ou você sossega ou minha escova acerta a sua cara". - Mas ela não me escuta! - passei a sussurrar. - Na cabeça dela, eu sou o Magneto e tô mantendo o avião do aqui na América. - Niall riu alto.
- Olha o exagero...
- Não é exagero! - ralhei, ainda sussurrando e pude ouvi-lo rir novamente. - Tá, talvez seja. Mas a culpa não é minha de ter ficado paranóica depois de Anne entrou na minha vida.
- Não se preocupe. Acontece com todos. Eu vou tentar falar com ela, ok?
- Obrigada!
- Agora eu tenho que ir. Vamos à casa do pra compor.
- Tudo bem. Você precisa trabalhar.
- Prometo que vou assistir o KCA.
- Pra se arrepender de não ter vindo.
- Eu ligo mais tarde, . - sorri involuntariamente e, no instante seguinte, senti meu celular ser tirado de mim.
- Fica de pampa, sangue bom. É nóis! - , o ladrão safado de celular, falou em português antes de desligar o telefone. Senti minha sobrancelha se arquear enquanto sentia meu eu inflar igualmente em fúria e incredulidade.
- . - declarei simplesmente, colocando tudo o que sentia naquela mísera palavra.
- Tenho assuntos para tratar com a senhorita, então: shhh! - olhei pra ele de esguia, recebendo um beijo no ar em troca.
- Então por que não pergunta a ?
- Porque Cameron não me deixou falar com a princesa estelar dele. - fez careta e a imagem do nosso stylist gritando com veio à minha cabeça, me fazendo rir discretamente.
- Prossiga. - conclui.
- É oficial? - bufei, ainda não acreditando que aquele idiota tinha desligado na cara do Nini pra me perguntar isso.
- O rapaz sai de Londres e pega o primeiro avião pro Canadá porque não tinha voo direto pra LA, chegando lá pega outro voo, caça o endereço da casa da Erin, quase brigou com o porteiro pra chegar aqui dentro e você ainda tem a coragem de me perguntar se é oficial? - tentei me fazer de calma, mas não aconteceu. não atura pergunta idiota. precisa parar de falar de si mesma na terceira pessoa.
- Deveria checar suas fontes novamente, . Eu trouxe o do aeroporto pra cá. Deixando claro que a minha pergunta era referência a você e ao duende loiro, já que eu não tinha dúvidas que e voltariam antes mesmo que o segurança tivesse tempo de expulsar a gente. - cruzou os braços sorridente e eu me senti corar de imediato, ouvindo uma risadinha de Alisha. Rapidamente, tratei de me recompor. não pode ruborizar na frente de outras pessoas. precisa parar com isso.
- Não acho que isso seja do seu interesse. - disse simplesmente, tentando não expressar meu nervosismo na voz.

- Todos prontos? - Caio perguntou e todos assentimos, saindo um por um do veículo, sendo logo alvo de flashes enfurecidos. Ainda não estávamos no tapete laranja, mas estávamos agindo como se já estivéssemos lá.
estava toda sorrisos, até conversando com quem quer que a parasse no caminho, ela estava. Peppe e Iane estavam rindo de algo que Lee falara enquanto autografava a camisa de um garoto de 10 anos de idade. Eu estava mais preocupada em não cair daqueles edifícios erguidos sob as solas dos meus pés. Odeio salto alto, fato. Mas eu faria esse sacrifício da mesma forma que o fizera tantas outras vezes: tão somente pelos fãs.
- Calma aí, gracinha. - Peppe riu, me segurando para evitar que eu fosse ao chão no instante em que pisamos no tapete laranja.
- Tá madura, ? - riu do comentário de Lee ao passar por mim, para nos juntar classicamente para as fotos, posando como pessoas normais.
- Não começa, Marlee. - retruquei, mantendo um enorme sorriso no rosto.
- Eu te disse pra vir de sapatilhas. - cantarolou.
- Não vou nem comentar isso.
- Hora das palhaçadas. - Iane sorriu e logo já estávamos posando nas maneiras mais estranhas possíveis.
Era uma das coisas mais legais dos tapetes, sério. A maioria das pessoas se comportava com glamour e tal, mas de tanto andar com Big Time Rush acabamos aprendendo a não nos comportar como pessoas normais. Não que a seja. Porque não somos.
- Koshtëmann! - Maddison saudou assim que chegamos na área de entrevista.
- Maddie! Maddie! Maddie! - Peppe e começaram a cantar e bater palmas enquanto Lee improvisava um beatbox e eu, Iane e Maddison dançávamos.
- Estava com saudades de vocês. - Maddison fez bico, me abraçando de lado.
- Também sentimos sua falta, Maddie. - Peppe apertou as bochechas dela.
- Vocês estão concorrendo a Grupo Favorito, Música Favorita, Gata e Gato do ano... - Maddie contou nos dedos. - Qual a expectativa?
- Deixando bem claro que todos os que estão concorrendo merecem, acho que seria bem legal levar os prêmios pra casa, mas não vai adiantar muito se a Lee não levar o Gata do Ano. - Iane declarou, por pouco não levando uma tapa da Marlee.
- Então esse é o prêmio mais esperado?
- Definitivamente! - afirmamos eu, Peppe e juntos.
- Falando em esperado, hoje é o lançamento oficial do clipe novo single de vocês, Right Beside You, e o novo álbum de vocês, Unbreakable, é um dos mais esperados do ano! Como se sentem?
- Extremamente gratos, na verdade. Nada disso seria possível sem os nossos koshers, eles são perfeitos, não seríamos nada sem eles. - declarei, vendo meus amigos concordarem comigo.
Ficamos mais alguns instantes com Maddison e então seguimos para dentro da arena tão bem conhecida por todos nós. No caminho, conversamos com alguns fãs e também com amigos que não víamos há algum tempo e então fomos para os nossos lugares. Todos menos Peppe, que apresentaria com Jennifer Lawrence, o primeiro prêmio.
- Ele já deu notícia? - se havia chegado, mas ela nada respondeu. Essa... Coisa de óculos enormes! Odeio quando me escondem coisas. Me sinto excluída, me processem por isso.
Não sei se foram minutos, segundos ou horas depois, mas nos chamaram para trocar de roupa e subir ao palco. No camarim, estava toda sorrisos e, pelo que Iane me disse que, mesmo não tendo revelado o que era realmente, não tinha nada a ver com .
- Preparada para ganhar o prêmio, Gata do Ano? - Peppe perguntou enquanto trocava de roupa e Lee bufou, nos fazendo rir. Antes que pergunte, estamos mais acostumadas a ver Peppe trocar de roupa na nossa frente, ele não liga muito pra essas coisas. Nenhuma de nós protestou até hoje, nem mesmo . Mas eu sei que Iane já teve uns ataques ao ver Peppe assim. Just for record.
- Preparada para descobrir o motivo do sorriso da gringa e do violeiro, isso sim. - Lee retrucou, calçando seus sapatos e os dois ditos deram início a um riso compulsivo. Lee os chamava assim quando queria implicar porque, de certa forma, eles não gostavam dos respectivos apelidos. Quando os alvos eram Iane e eu, as palavras usadas eram 'amoeba' e 'barraqueira', respectivamente.
- Eu sei que a intenção foi implicar porque você está vulnerável em relação ao prêmio, mas o resultado não deu muito certo. - a abraçou de lado e Peppe se pôs a sua frente.
- Logo você vai descobrir, gata. - piscou e Lee bufou mais uma vez.
- Estão prontos? - Caio adentrou o camarim se deparando com todos nós devidamente vestidos. - Ótimo. Vocês têm trinta segundos para colocar e então, me sigam. - ele entregou a cada um de nós sua respectiva caixa com nossos fones in-ear.
Pros fones desse trimestre - sim, trocamos a cada três meses porque a sensibilidade deles se vai muito rápido quando se toca rock -, escolhemos o tema 'times'. O de Peppe e o meu têm o escudo do Sport; o de Iane, Náutico; o de Lee, Palmeiras: o de , Liverpool. Todos com os fones e as roupas em seus devidos lugares, seguimos Caio até o palco recitando a oração do Pai Nosso.
- Que a Força esteja com a gente! - minha melhor amiga declarou assim que subimos no palco escuro e então nos arrumamos para a apresentação.
Primeiro, passariam o clipe de Right Beside You e, assim que terminasse, nós tocaríamos Core Of My Addiction, que foi escolhida por uma votação no Twitter como a que deveríamos tocar hoje. Uma enorme tela preta estava à nossa frente, nos separando do palco principal onde Robert Downey Jr nos anunciava, com direito a um rio de elogios. Se bem conheço uma tal de , ela está fazendo o máximo para não chorar nesse momento. Ela é tão apaixonada por esse cara que já chegou a dizer que, quando tivesse filhos, um deles se chamaria Robbie em homenagem ao mesmo.
O Homem de Ferro saiu do palco e as luzes diminuiram. No centro da tela preta, os dizeres "O amigo ama em todos os momentos. É um irmão na adversidade" - uma referência à passagem bíblica de Provérbios 17:17, uma das favoritas de - apareceram nas letras de todos nós, inclusive Niall, e, logo em seguida, passou aquele mesmo vídeo de Niall e que passamos no FCS. Ao fim deste, a melodia de Right Beside You invadia o lugar junto com vários flashes desde vídeos da nossa infância (no caso de Peppe, Iane, Niall e ), palhaçadas antigas e novas da banda, momentos em família, bastidores da nossa primeira turnê com os caras da The Maine, os garotos do Big Time Rush, nossas férias com os garotos da One Direction até alguns momentos de Peppe e com seus respectivos pets.
Devo confessar que o clipe ficava extremamente mais legal numa tela enorme que no computador de Caio, é. Tanto que eu podia ouvir Iane fungando logo atrás de mim.
A última nota soou e a cortina preta começou a se erguer, indicando que deveríamos introduzir a próxima música. Um holofote num tom lilás focou em , que estava de cabeça baixa no centro do palco, e então Peppe iniciou. (coloque a música agora)

I'm aching, transparent
Your eyes see right through me
I'm dependent and shaking
I'm falling to my knees

começou a se movimentar e isso foi refletido em todos nós. Por mais que ela seja a mais nova da banda, é ela quem nos "guia" no palco. Toda essa energia que ela exala quando canta acaba contagiando à todos nós e nos dando uma certa direção do que fazer no palco.

And I can't contain this
You're the only one I need
I'm hooked and I cannot hide it
Your love's controlling me

You're the core of my addiction
I want to live, want to lose myself in You
You're the heart of my obsession
I want to live, but I would die for You
I'm addicted

Após minha melhor amiga e Peppe cantarem o refrão, segui, com Iane, até a ponta do palco, sorrindo e fazendo caretas para algumas crianças que cantavam e dançavam junto com a gente. Também na ponta, do outro lado do palco, Peppe e faziam exatamente o mesmo que nós.

Impulsive, enraptured
This yearning's captured me
I'm determined, I'm not pretending
You are my destiny

I can feel the freedom
You're the only one I need

Voltamos para o centro do palco, nos preparando para o giros sincronizados que eu e Peppe faríamos quando cantasse recovery.

I'm alive and finally breathing
You're my recovery

You're the core of my addiction
I want to live, want to lose myself in You
You're the heart of my obsession
I want to live, but I would die for You
I'm addicted

God, I've waited for this day
I'll never run away
And You won't have to chase me

Pisquei pra , que sorriu, levando seu olhar para Peppe no instante seguinte. Acompanhei, também olhando para o Kosh, que se aproximava de Iane enquanto cantava o refrão pela última vez.

I'm addicted
I'm addicted to You

E então Antonio Giuseppe Koshtëmann fez uma coisa que levou todos os presentes aos gritos: assim que tocou o último acorde, ele puxou Iane para um beijo extremamente romântico no palco.




@

Após a linda cena de amor no palco do KCA, ganhamos o prêmio de Música Favorita com Desperate e Lee ganhou o tão esperado prêmio de Gata do Ano. Deixando claro que ela vai ser zoada o resto do ano por causa disso. Peppe perdeu Gato do Ano pra fofura em pessoa que apresentou o prêmio de Melhor Game comigo, Andrew Garfield. E, eu devo confessar, meu coração apertou quando vi o vídeo que os meninos gravaram agradecendo pelo prêmio de Melhor Grupo. Eu sei que não tem nem 24 horas que esteve aqui, mas eu já sentia falta dele. Da mesma forma que sinto falta de não ter ataques de uma adolescente apaixonada.
- Eu te amo, sabia? - Colton (sim, o Dixon) sorriu quando eu disse que deixaria ele ficar no nosso time no paintball beneficente que aconteceria em duas semanas.
- Eu só não entendo o motivo de você não querer ficar no time do Phil. - confessei, observando meus melhores amigos dançarem ao som de The Pussycat Dolls no after party do KCA.
- Ele sempre perde! - chiou e eu tive de rir do seu pequeno drama.
- Não chore, pequeno Dixon. Você não vai mais perder. - apertei sua bochecha e ele sorriu. - Mas fique sabendo que não sou eu quem vou contar ao georgia boy que você mudou de lado. - pisquei, bebendo do suco de abacaxi que estava em meu copo.
- Quem mudou de lado do quê? - Hannah Blackwell, a noiva de Phillip, apareceu rindo ao lado do mesmo e Colton olhou pra mim com certo desespero.
- Colton explica a vocês.
Phil cruzou os braços, encarando o loiro e eu segui em direção à pista de dança, onde pude enxergar Kennedy e Jared que conversavam animadamente com Katy Perry. Fiquei por um tempo observando aquela cena. Kennedy era um grande fã dela e Jared não ficava atrás. Talvez isso explicasse os enormes sorrisos infantis nos rostos dos dois. Kenny me viu e seguiu até mim, após pedir licença aos outros dois. Seu sorriso não deixara seu rosto e isso me fez sorrir.
- Oi, gatinha. - ele piscou e eu ri.
- Olá, Kennedy.
- Ouvi dizer que você é, oficialmente, a garota de um tal de . - Kennedy sorriu de uma maneira extremamente suspeita e eu sustentei um sorriso de orgulho.
- Ouviu certo. Ao contrário do que aconteceu há algumas semanas. - dei de ombros, segurando a minha vontade de rir e ele logo se emburrou. O ocorrido foi: ele perguntou se estava namorando com Peppe, Iane com e Lee com , mesmo tendo recebido uma sms de John no dia anterior dizendo tudo o que havia descoberto quando nos falamos pelo Skype um dia antes de virmos para L.A.
- Eu já disse que me deram as informações erradas.
- Não deram, não. - Jared riu, pondo-se ao meu lado e depositando um beijo em minha testa. - Parabéns pelo namoro, . Lee acabou de me contar.
- Obrigada, Jared. - sorri.
- Kennedy tá feliz também, ele só não se acostumou com a ideia de que você não vai namorar com ele.
- Suas palavras me ofendem, Monaco. Somos noivos, nosso compromisso vai além de um mero namoro. - Kennedy cruzou os braços e eu não pude não rir.
- Deixando seu noivo escandaloso de lado - Jared riu por Kennedy ter rolado os olhos. -, quero te fazer um pedido. O que acha de ajudar seu melhor amigo de Tempe a se recuperar de um rompimento? - franzi o cenho assim que ouvi isso e foi inevitável sentir meu coração se apertar. Então me perguntei se o havia visto antes/durante/depois do evento. A resposta é não. John se dizia "meu melhor amigo de Tempe" por, na maioria das vezes, concordarmos em tudo. Por ele, eu tenho o mesmo carinho que tenho por Peppe e isso significa que sempre tomo parte em tudo relacionado a ele.
- O que aconteceu? - perguntei com uma certa apreensão e, após uma breve troca de olhares com Kennedy, Jared suspirou.
- Gwen terminou com ele há alguns dias.
- Quatro pra ser mais exato. - Kennedy completou.
- E ontem ela postou uma foto com... Outro... Cara... - Jared gesticulou estranhamente, como se tentasse fazer aquilo não parecer a desgraça que aquilo era.
- Eles estavam quase se engolindo, vale ressaltar.
- O John acabou com duas garrafas de Jameson em uma hora e depois foi beber mais, ainda não sei como ele não entrou em coma alcoólico, mas enfim... Ele não veio hoje porque não conseguia levantar. Todos já tentamos falar com ele, mas parece que ele não escuta! Desde o começo a gente disse que ela não era pra ele, mas respeitamos a decisão porque ele é o John, nosso amigo desde sempre.
- Garrett tentou animar ele, Pat argumentou dizendo que era só uma maré de azar e que aquilo só acontecia uma vez na vida e eu disse que a garota certa pra ele tá por aí em algum lugar, mas... - Kennedy levantou os ombros, com a testa franzida. - Ele se trancou no quarto dizendo que só sairia dali quando o vinho acabasse.
- E o hotel é aqui perto? - perguntei, já procurando alguma coisa para convencer John a conversar comigo.
- 10 ou 15 minutos. - Jared deu de ombros e eu assenti.
- Podem me levar até lá?
Depois de explicar rapidamente a Peppe - "John precisa de mim, tenho que ir" -, saí com Jared e Kennedy rumo ao hotel em que estavam hospedados. Pat e Garrett ficaram na festa após insistir que não os deixaria ir, afinal Iane e Peppe tinham se acertado e Lee estava numa conversa animada com um dos meninos de All Star Weekend. O caminho inteiro, Kennedy me dava mais informações sobre o que havia acontecido e Jared me lembrava sobre como não começar uma conversa com O'Callaghan. Chegamos no hotel e logo já estávamos na frente do quarto de John. Bati na porta um tanto receosa, mas ciente do que deveria ser feito.
John é meu amigo e foi uma das pessoas que mais me ajudou quando eu precisei, principalmente em relação a problemas amorosos. Ele foi quem disse que eu deveria tirar da minha experiência ruim com uma nova música, algo que fosse inspirador, inclusive pra mim. Muitas vezes eu quis dar com a língua nos dentes e falar pro mundo todo que era, na verdade, um sem vergonha, salafrário, filho de um Nazgûl nascido nas mais tenebrosas cavernas de Mordor, criado por um Orc, mas John - e - sempre me mantiveram, hmm, digamos que eles me mantiveram na linha.
A questão é que, John me ajudava a não pensar nas coisas ruins que eu sentia por . E, quando eu pensava, ele dava um jeito de me fazer tirar algo de bom da situação. Devo muito a ele e não pouparia esforços para ajudá-lo.
- Quem é? - uma voz fraca e embargada perguntou e o estado de John me veio a mente: bêbado e depressivo. Eu não conseguia imaginá-lo assim, digo, depressivo, mas as provas estavam do outro lado da porta.
- Uma amiga. - disse simplesmente.
- Amigas não prestam! - a voz pareceu mais próxima, mas ainda assim sua intensidade era fraca.
- Amigos também não, mas isso não me impediu de vir até aqui. - respondi prontamente, ouvindo Jared sussurrar um "Essa foi boa" logo em seguida. Um silêncio se estabeleceu por alguns instantes e eu presumi que John estivesse pensando. Ele é uma das poucas pessoas que conheço que consegue refletir quando bêbado. Logo a porta se abriu, mas John não apareceu.
- A amiga vai entrar? - perguntou e eu olhei rapidamente para Jared e Kennedy, antes de entrar no quarto.
- Obrigada. - disse, logo após dar uma bela observada no quarto. Nada estava bagunçado, ao contrário do que pensava, a única coisa que me parecia fora do normal era a quantidade de caixas e papéis de chocolate.
- O que quer? - John perguntou, sentando na cama, pegando uma das caixas e eu sentei ao seu lado.
- Saber como você está. - riu fraco, colocando um bombom na boca.
- Monaco e Brock não contaram?
- Não é o mesmo de saber por você. - dei de ombros, aceitando o chocolate que ele me oferecia.
- Estou assim. - apontou para as caixas e depois para algumas garrafas de vinho, que eu não tinha visto até o momento, na cômoda. - Fazendo gordices pra ver se a depressão passa.
- Não há motivos pra estar depressivo, sabe disso.
- . - me encarou sério, como se perguntasse que merda eu acabara de falar.
- John. - retruquei do mesmo jeito.
- Ela era diferente, ok?
- Todas somos, Johnny. - dei de ombros.
- Eu ia... - comprimiu os lábios, provavelmente para evitar o choro que estava estampado em seus olhos. - Eu ia propor. Digo, ia chamar ela pra morar comigo e, se desse certo, eu ia propor. Mas eu já tinha certeza de que era ela!
- John... - o abracei quando percebi que ele não resistiria mais. - Para com isso, John. Sua garota não vai gostar nada de saber que você estava chorando por outra enquanto poderia estar escrevendo uma música que, futuramente, vai chamar de dela. - fiz bico e ele riu fraco, apertando mais o abraço e me soltando logo em seguida.
- Eu daria tudo pra estar com ela agora. Com a garota certa. - sorriu e eu passei meu polegar em seu rosto, limpando suas lágrimas. - O que você faria?
- Em qual situação?
- Se você - segurou minhas mãos, me forçando a encará-lo. - tivesse a chance de estar ao lado do seu par perfeito, mesmo que isso traga rejeições de pessoas que você realmente ama... O que você faria? Lutaria por isso? - senti meu coração acelerar o ritmo à medida que aquelas palavras se tornavam a minha realidade. lutou por mim durante um bom tempo, até vir escondido para LA só pra me pedir perdão ele veio e, em troca, o que eu havia arriscado por ele? Quer dizer, confrontar minha mãe com a ajuda de meu pai não é o que pode ser considerado risco. Eu precisava agir, dar um basta nessa situação.
- Sim. - sorri, sendo retribuida juntamente com um abraço.
Passamos o resto da noite assistindo filmes melosos e comendo doces na companhia de Jared e Kennedy. John disse que seria bom curtir a felicidade alheia um pouco e, bem, foi muito bom. Há tempos eu não passava um tempo com ele e até uma música começou a nascer. Não iria deixar John naquele estado, eu não tinha coragem, então Pat me ofereceu seu quarto, que era o mais próximo do quarto de John - o cômodo ao lado. O menino Kirch dormiu no sofá que ali havia e eu fiquei com a cama.

2 da manhã. Abri os olhos, encarando a única fonte de luz no quarto inteiro, também conhecida como meu aparelho celular que foi colocado estrategicamente a um palmo do meu rosto pra que eu fosse a única a acordar quando o mesmo vibrasse. Esperei naquela mesma posição por 30 segundos pra ter certeza de que Pat não tinha acordado. Levantei e rumei até a porta, tomando cuidado para não colocar muito peso sobre meus pés, principalmente perto de Pat.
Assim que cheguei ao corredor, sorri e digitei rapidamente números beeeeeem conhecidos. Acontece que, antes de dormir, tracei um plano para resolver as coisas com a minha mãe - e, consequentemente, com . Quer tentar adivinhar? Vai lá. Não, eu não vou apelar pro meu pai. Ou pro Caio. Muito menos pro - talvez pra ele, mas só um pouco. Outra tentativa? Isso! Exato! Acertou a criança que disse: 'Vai fazer o que então? Pegar um avião pra Londres?'.
Sim, eu estou voltando para Inglaterra, mais exatamente para Woodcom Falls depois de muito tempo e não, eu não acho que seja um plano infalível. Ele só é consideravelmente bom. Ele tem que ser, na verdade, porque estou abrindo mão do meu programa favorito, então é preferível que dê certo.
- Diz, sissy. - .
- Já pode vir me buscar?

@Niall

- ...ficou perfeira naquele Armani. - a apresentadora mais velha falou e as outras duas (mais o cara do outro lado), concordaram. Eu estava sentado na sala do apartamento de Evanna com a mesma e o namorado. Não tive tempo de ver o KCA porque, depois de me preocupar em não levantar suspeitas (ou alvoroço) ao buscar em Heathrow, tive que ir correndo para o estudio para que ele desse uma satisfação aos empresários da banda. Não que eu esteja arrependido, ou esteja reclamando, porque não estou, só estou contando os fatos que me impediram de ver um evento que gosto muito. O mesmo que a minha namorada participou. Por isso, estou de vela enquanto os outros fazem um torneio de FIFA na casa do Josh. - Quem é o próximo?
- Temos a banda Koshtëmann. - a magrinha que tinha nome italiano sorriu e uma imagem da banda onde todos pareciam dançar no tapete laranja tomou conta da tela. - Eles são sempre extremamente divertidos e esse ano não foi diferente. As meninas estavam simplesmente incríveis, charmosas e todas se vestiram muito bem. E Peppe causou mais suspiros que de costume quando apareceu.
- O que interessante é que - Kelly Osbourne começou. -, todos os modelos foram desenhados exclusivamente pra eles pela irmã da Lee, que é estudante de moda. Inclusive os que foram usados no show, que também estavam incríveis. Ela colocou a personalidade de cada um nos detalhes e isso deixou tudo mais incrível ainda.
- Eu adorei o fato de todos estarem bem clássicos, formais, bem chiques quando chegaram no tapete laranja. E quando eles se trocaram pro show, mostraram um lado mais punk, que na verdade é o estilo deles, mas ainda assim bem chique. A estilista, Olivia Kettner, que tem 17 anos por sinal, está de parabéns.
- O que mais me surpreendeu foi que não apareceu usando uma fantasia de super herói. - a plateia riu e eu rolei os olhos. Aquele comentário era realmente necessário? - O que eu acho que foi uma evolução, fico feliz de tê-la visto usando um vestido pra variar!
- É Joan Rivers, ela zomba até da Rainha. - Evanna sorriu gentilmente pra mim enquanto se levantava e eu esbocei um sorriso para agradecer.
- Ela tá magra demais pra uma grávida. - Sky comentou ao chegar na sala, fazendo careta e Louis começou a rir enquanto eu a encarava. - O que foi? Credo, Niall. Foi só um comentário inocente!
- E aí? Alguma notícia da ? - perguntou. Acontece que me ligou essa manhã dizendo que minha melhor amiga desapareceu. Não exatamente desapareceu. Ela avisou que precisava ajudar John O'Callaghan a resolver um problema e, pelo que soube, ela acabou dormindo no hotel mesmo. Mas ela não apareceu essa manhã e isso é preocupante pelo simples fato de nunca ter acontecido antes. Vale ressaltar que eles tiveram uma entrevista hoje no The Ellen DeGeneres Show e tiveram que dar a desculpa esfarrapada de que ela estava doente, enquanto os caras da The Maine e do Big Time Rush procuravam por ela, com exceção do que tinha uma consulta marcada. Citei, por acaso, que já são 7 da noite aqui em Londres?
- Nada. Pedi que me avisassem assim que ela aparecesse e até agora nada.
- Não se preocupe. Minha cunhadinha só deve ter se encantado por algum gibi raro e tá fazendo o impossível pra tê-lo na coleção. - Sky abanou as mãos no ar antes de me dar um sorriso reconfortante, o qual eu agradeci com um sorriso.
- Estava piscando, Nialler. - Evanna, que acabara de voltar da cozinha, me entregou meu celular e logo se sentou ao lado do namorado no sofá.
- Deve ser importante. - pensei alto ao ver que tinha quase 50 chamadas de um número desconhecido. Que não me parecia tão desconhecido assim. Forcei minha mente a trabalhar e então lembrei que das poucas vezes que aquele número aparecera no meu identificador de chamadas, era a voz de Greg que eu ouvia do outro lado. Claro! A linha alternativa que ele pediu que instalassem na casa da mamãe para que ela não desconfiasse que ele trabalhava mesmo quando passava fins de semana com ela (algo que ela odeia, por sinal. Que levemos trabalho pra casa e não que estejamos lá por um fim de semana, que fique claro), já que ela confiscava nossos celulares. A mesma linha que prometi nunca salvar nos contatos por ser muito útil à minha pessoa por muitas vezes.
- É a ? - perguntou e eu neguei, enquanto me levantava com o cenho franzido sem entender o porquê do desespero de Greg.
- Greg. - apertei o botão pra realizar a chamada e não pude deixar de notar que os três agora comentavam sobre as diversas razões pelas quais eu me preocuparia com uma ligação do meu irmão.
- Graças a Deus! Você está aí! Sabe quantas vezes eu liguei?
- 47. - respondi sem nenhuma cerimônia. - O que houve?
- está em Woodcomb Falls!
- Greg, você tem certeza disso? - perguntei num sussurro.
- Ela tá com uma peruca ruiva e umas roupas estranhas, mas tenho certeza de que é ela! Até porque ninguém nesse mundo tem coragem de passar pelo jardim da casa dos Kalabasteer e ainda dar bom dia pro Velho Fred! - arregalei meus olhos com essa afirmação. Deveras, era a única pessoa que tinha coragem (ou insanidade) o suficiente para dirigir a palavra ao velho mais mal encarado do bairro.
- E o que ela foi fazer aí?
- Eu não sei, mas ela tá parada na porta da tia Graça. Alguma suspeita? - arregalei meus olhos instantaneamente. enfrentaria tia Graça.
- Avisa a mamãe que eu tô chegando aí. - desliguei após ouvir o "Vem rápido!" de Greg e passei a juntar minhas coisas que estavam espalhadas pela sala: meu casaco, as chaves do carro e meus óculos escuros para ser mais exato.
- O que houve? - perguntou com o cenho franzido.
- está em Falls e eu preciso ir até lá. - olhei para Sky que, ao contrário dos outros que pareciam chocados, aparentava uma certa felicidade no rosto. - E não pode saber disso, entendeu? - apontei, mas não esperei para receber uma reposta. Saí em disparada pela escada, já que não tive paciência para esperar o elevador e o apartamento de Evanna ficar no 4º andar, chegando ao estacionamento alguns minutos depois.

- Onde ela está? - perguntei a Greg no momento em que desci do carro. Ele estava me esperando na varanda e parecia tão preocupado quanto eu. Digamos que seja quase que um dom dos Horan saber quando um (no caso, uma certa) pode estar numa encrenca gigantesca.
- Assim que você desligou, ela entrou. - ele levou as mãos aos cabelos e eu chequei meu relógio, repetindo seu ato logo em seguida. já estava ali dentro há 40 minutos.
- Eu vou entrar. - declarei, decidido, e Greg arregalou os olhos.
- Ficou louco?
- Não vou deixar ela enfrentar tia Graça sozinha, ela não sabe se defender! - gritei, apontando para a casa onde nesse momento elas deveriam estar trocando gritos e Greg suspirou.
- Você sabe que é quase impossível que elas entrem num acordo.
- Sei, mas não posso deixar minha melhor amiga sozinha nessa.
- Niall? - encarei meu irmão. - Tem certeza de que não quer que eu entre com você? - suspirei.
- Tenho. É melhor você ligar pro Caio e avisar que ela tá bem.
- Tudo bem. - ele assentiu e eu segui rumo à casa da frente, também conhecida como a casa de Graça .
Respirei fundo e decidi abrir a porta. Mesmo que tia Graça trancasse a porta, eu ainda tinha a manha. A porta podia ser aberta por uma série de toques dados na lateral da mesma, um tipo de sistema de segurança exclusivo. Antes que pergunte, isso é coisa da quando ela começou a fazer aulas de robótica. Assim, eu podia entrar na casa sempre que precisasse, o que pode ser entendido como nas madrugadas que minha melhor amiga me ligava pedindo por consolo após ver algum personagem fictício morrer seja lá qual fosse o mundo que ele fizesse parte ou simplesmente um dia em ela esquecesse as chaves de casa.
Voltando aos dias de hoje:
Entrei na casa e estranhei o silêncio e o vazio total daquele lugar. Imaginava que, a essa altura, teria de separar as duas. Continuei andando pela casa e, como da última vez que estive aqui, tudo continuava do mesmo jeito. Sorri ao encontrar em uma das cômodas, uma das minhas fotos favoritas: Greg, Caio, eu e no Wembley Stadium, no amistoso Brasil x Irlanda há quase 10 anos. e Caio estavam do lado direito da foto e eu e Greg do lado esquerdo, todos fazendo caretas.
- Nialler? - ouvi a voz de e me virei, abraçando-a. Ela pareceu se assustar, mas logo cedeu ao abraço.
- O que te deu na cabeça? - me afastei, segurando-a pelos ombros e fitando os olhos dela, sendo sério em cada palavra. - Por acaso pensou que ninguém ia descobrir por causa da sua peruca e dessas roupas ridículas? Até o Greg te reconheceu de longe! - Ela já não usava mais a tal peruca que Greg havia falado, mas ainda vestia roupas totalmente estranhas pra ela.
- Calma, Niall! - ela tentou se defender, assustada. - Eu posso explic...
- Como você se atreve a vir pra UK e não me avisa? Por algum acaso não confia mais em mim?
- Por Aslan! - ela riu nervosa e se afastou. - Nunca repita uma coisa assim, Niall! Eu nem sabia que ia fazer isso! Aliás, como ficou sabendo? - franziu o cenho.
- me ligou avisando. - coloquei uma mão na cintura e abanei a outra no ar.
- Espera! - ela apontou. - Se você sabe que eu tô aqui então já...?
- Não, ele nem sabe que você sumiu. - deixei claro e suspirou aliviada. - Como conseguiu chegar aqui sem ser percebida?
- Ser filha de um diplomata e ter um padrinho na Embaixada Brasileira do Reino Unido tem lá suas vantagens. Achei que você sabia disso. - deu de ombros e eu cerrei os olhos. - Você quer os detalhes, certo?
- Se os nomes Colaço e Delmiro estiverem envolvidos, nem precisa. - rimos. Estes são os melhores amigos do tio Bernardo e, bom, eles sempre nos ajudaram a aprontar seja lá o que fosse.
- Obrigada por estar aqui, Nialler. - ela me abraçou e eu beijei sua testa.
- Niall? - uma voz atrás de nós me chamou e eu suspirei. Era chegada a hora de enfrentar tia Graça.
- Olá, tia. - soltei o abraço e nos viramos para encará-la.
- ? - arregalou os olhos e minha melhor amiga cruzou os braços como um dos seus claros sinais de nervosismo.
- Oi, mainha. - sorriu fraco.
- O que fazem aqui?
- Eu vim conversar. - suspirou. - Sobre o . - percebi que tia Graça foi pega de surpresa, assim como eu, ao ouvir o tom convicto de .

Depois de quase sete xícaras de chá e alguns bolinhos de baunilha, tia Graça finalmente concordou ouvir o que tinha pra falar, prometendo que não gritaria nem faria nenhuma interrupção enquanto ela falasse. Mais uma vez me surpreendendo, pediu que fôssemos todos para o seu antigo quarto e, bom, para lá fomos. Como se fosse ser diferente, tia Graça mantinha o quarto de da mesma forma que mantinha qualquer outro cômodo da casa: exatamente como estava anos atrás.
O canto esquerdo do quarto ainda portava o mesmo papel de parede de HQs (Batman, pra ser mais exato) enquanto as outras paredes continuavam com o seu tom de branco desbotado. Os móveis de madeira escura ainda sustentavam os bonecos nerds e os prêmios nerds que minha melhor amiga ganhava e seu boneco do Yoda em tamanho real continuava ao lado da mini biblioteca no fundo do cômodo.
- Tudo bem. - tia Graça sentou na cama enquanto sentara num banco à frente da mãe e eu me encostei à parede perto da janela, cruzando os braços. - Pode começar.
- Bom... - suspirou. - Antes de tudo, eu quero esclarecer o que aconteceu com o e eu, já que a senhora não me deu oportunidade de dizer o que realmente aconteceu. No começo, sim, eu estava apaixonada por ele, como eu ainda sou, mas de uma forma diferente. havia se tornado o meu porto seguro já que eu não tinha mais Niall - me encarou brevemente. - e acabamos nos envolvendo. Passamos muito tempo juntos, nos divertimos muito, vivemos tudo o que tínhamos para viver e eu não me arrependo disso. Eu sempre vou amá-lo, sempre, mas não do jeito que a senhora quer que eu o ame. Sei que a senhora acha que isso foi tudo por causa do , mas não entende que isso foi uma coisa minha e do , que não diz respeito a ninguém mais além de nós dois. Aquele relacionamento já não era a mesma coisa há algum tempo, já não estava mais feliz com ele e eu também não.
- O que não justif...
- Shhhhh! - olhei para tia Graça com reprovação e ela pareceu surpresa, mas logo se calou.
- Dito isso... - encarou o teto por três segundos e voltou sua atenção para tia Graça. Me aproximei da minha melhor amiga, puxando um banco, e sentei ao seu lado, entrelaçando sua mão a minha para lhe passar segurança. - Eu sei que a senhora deve ter seus motivos, os quais espero serem bem concretos, para não aceitar meu relacionamento com , mas não é isso que vai me impedir de ficar com ele. - riu fraco, encarando nossas mãos. - Sabe? Não sei se a senhora se lembra de como se sentia quando começou a namorar com o papai, mas uma vez ele me disse que nunca se sentiu tão inseguro e corajoso ao mesmo tempo, que nunca se sentiu tão convicto de algo na vida. Ele queria estar com você e você com ele e isso ninguém seria capaz de impedir. - tia Graça reagiu novamente, parecendo desconfortável com a situação. - Não me importo que não goste de , mas lhe peço que não se intrometa e nem tente impedir. Vamos ficar juntos e não é a senhora que vai dizer o contrário.
Não tinha reação nenhuma a não ser sorrir e apertar mais minha mão contra a de . Minha pequena está crescendo e, bom, do mesmo jeito que isso me deixa orgulhoso, me dá vontade de chorar. Quer dizer, eu não precisei dizer nada para apaziguar o lugar e isso significa que ela está se tornando independente de mim. Nunca pensei que esse dia fosse chegar, sabe? sempre precisou de mim para a maioria das coisas (estudos sabemos que a situação é justamente contrária) e eu sempre achei que esse seria o meu dever eterno: estar aqui para ajudá-la no que fosse necessário e tomar conta dela. Será que é assim que os pais se sentem quando os filhos se tornam independentes?
Ok, Niall. Foco.
- Os não são confiáveis, . - tia Graça disse seca e eu tive a sincera vontade de mandá-la para o canto mais remoto do planeta mais distante da galáxia. - Você vai acabar se machucando de novo e, quando isso acontecer, não venha chorando pra mim.
- Se isso acontecer, não tem problema. - sorriu. - A vida não é feita só de lagos de chocolate e chuva de açúcar. Se machucar, errar, não ter razão... Tudo isso é horrível, sim, mas não significa que não vale a pena viver. Afinal, você nunca vai reconhecer a felicidade se não tiver passado um tempo com a tristeza.
- Se é isso o que acha... - abanou as mãos, fazendo pouco caso.
- Não é, não. É o que eu acredito. - se levantou e eu com ela, apenas observando enquanto ela depositava um beijo na testa da mãe. - Foi bom te ver de novo, mãe. - e rumou até a porta.
Sem hesitar, segui minha melhor amiga e a abracei pela cintura assim que deixamos a casa, guiando-a até a casa da minha mãe, do outro lado da rua. Fomos recepcionados por um grito de "Bem vindos de volta, crianças!" de mamãe, que estava na cozinha fazendo muffins, segundo Greg, desde o instante em que soube que eu e estávamos por aqui. Se bem a conheço, só vai sair de lá depois de preparar um banquete.
Entramos no meu antigo quarto - que agora tinha apenas minha cama, uma cômoda e meu antigo video game - e se jogou na cama cantando a música tema de Cavaleiros do Zodíaco, pulando freneticamente sobre a mesma.
- Cuidado! Eu ainda durmo nessa cama, louca! - gritei, fingindo repreensão e no instante seguinte ela se jogou em meus braços, ainda gritando a música.
- Guerreiro das estrelaaaaaaaaaaaaas!
- Sai daqui! - empurrei , que caiu na cama rindo e eu logo comecei a rir com ela.
- Você é muito chato, sabia?
- E é por isso que eu sou seu melhor amigo.
- E eu sou muito grata por isso. - já sem rir, ela se sentou me olhando docemente e eu a abracei, prevendo o que aconteceria a seguir.
chorou. Mesmo com toda a pose de durona que não se abala por nada, ela continua sendo a mesma garota sensível que eu conheci quase 15 anos atrás que chorou pelo simples fato de não ter mais lição de casa pra fazer. Dessa vez, no entanto, é bem mais profundo. Eu sei o quanto é importante para ter a aprovação dos pais em tudo o que faz, isso faz parte da personalidade dela, é um dos seus princípios. Tio Bernardo e tia Graça sempre a incentivaram em tudo o que ela quis fazer, então estar convicta de algo e não ter o apoio da mãe, com certeza, a desfaz. Ver defender o que acredita, mesmo indo contra a vontade de tia Graça foi sim importante, mas isso não a deixava mais feliz com isso. Agora, ela precisaria ser forte para não voltar atrás.
- Hey, vocês! - Greg apareceu no quarto e nem se incomodou em limpar as lágrimas, já perdi as contas de quantas vezes ele já presenciou essa cena.
- Hey, Greg. - ela sorriu, se levantando.
- Ignorando o fato de que a senhorita não ter falado comigo quando chegou à Falls - fingiu irritação e riu. -, vim aqui avisar que temos uma certa senhora extremamente animada dizendo que o jantar está servido.
- Já descemos. - Greg assentiu e saiu. - Melhor? - perguntei.
- Sim, mas eu preciso de um banho. - fez careta e eu ri.
- Acho que ainda tem alguma roupa sua por aqui. - franzi o cenho e segui até a cômoda, procurando por algo que pertencesse a . - Toalha! - joguei a mesma para trás e pude ouvir a porta do banheiro bater atrás de mim. Achei uma calça moletom antiga e uma camisa do Back To The Future e coloquei sobre a cama. - Vou descendo! - gritei, já na porta do quarto.
- Ok! - gritou de volta.
Assim que cheguei à sala, recebi dois braços envoltos em meu pescoço acompanhados de beijos na minha face inteira. Sorri. Sempre adorei as recepções calorosas de mamãe.
- Olá, dona Maura. - depositei um beijo demorado em sua bochecha, ainda abraçado a ela.
- Onde está minha ? - segurou meu rosto em suas mãos e olhou para o topo da escada, provavelmente procurando pela dita cuja. Acho que já estou acostumado com mamãe se preocupar mais com a pequena que comigo, afinal ela sempre quis uma filha, o que com certeza era pra ela.
- Tomando banho.
- E ela está melhor? - Greg perguntou quando entrei com mamãe na cozinha.
- Sim. - suspirei, sentando ao lado dele à mesa. - Nunca vi a tia Graça tão fria.
- É só uma fase, querido. Vai ver. Aquele coração ainda amolece, principalmente porque é da felicidade da que estamos falando. Nenhuma mãe quer que o filho seja infeliz. - mamãe concluiu, sentando ao meu lado e acariciando minha mão.
- Falou com o Caio? - perguntei a Greg.
- Sim. E ele disse que, muito provavelmente, uma certa garota brasileira, nascida no Panamá e criada na Inglaterra teria a cabeça cortada quando voltar à Los Angeles. - rimos.
- Então diga a ele que um certo rapaz brasileiro, nascido na Grécia, criado na Espanha e na Inglaterra vai ter que correr muito para cortar a cabeça da tal garota quando ela voltar à Los Angeles. - apareceu na porta da cozinha com as mãos na cintura e eu sorri automaticamente, tendo um lampejo de nostalgia ao ver como ela se vestia.
Mamãe, lógico, a recepcionou mais que fervorosamente e logo já estávamos todos rindo das piadas sem graça que Greg contava, como nos velhos tempos. Dona Maura, claro, conseguiu fazer com que corasse com seus elogios ao seu relacionamento com e derivados, como nos velhos tempos. Ela contava curiosidades sobre tudo o que passava na tv, como nos velhos tempos. E eu só fazia tirar uma com a cara de , como nos velhos tempos.
Eu adoraria que, assim como voltara a Woodcomb Falls, o tempo também voltasse para o momento em que eu conheci a garota que desde que me entendo por gente, chamo de melhor amiga e poder protegê-la mais uma vez.
- Grandão? - me chamou num sussurro enquanto, sentados no sofá, assistíamos um dos filmes de Star Wars com mamãe e Greg, que estavam no outro sofá.
- Diz, pequena. - respondi do mesmo jeito e ela corou, hesitando em responder.
- Esqueci minhas roupas no consulado, então estou usando uma cueca sua que achei na cômoda. Espero que não se importe. - ela corou mais ainda e eu não pude evitar: ri alto, recebendo a atenção dos outros dois, assim como tapas da minha melhor amiga.
- O que houve? - Greg perguntou com o cenho franzido.
- Nada. - respondi simplesmente, depositando um beijo na testa de , logo voltando a apanhar da mesma.




@

Acordei sentindo o peso de duas pernas na minha barriga. Nem precisei abrir os olhos para saber que Nialler estava no mais profundo sono possível. O café da manhã só não foi melhor porque tia Maura não estava lá por causa do trabalho, o que deixou os meninos no comando da cozinha, mas não tenho do que reclamar. Aprendi cedo que os Horan além de ótimos amigos, são excelentes cozinheiros. Me despedi de Greg após prometer que da próxima vez que viesse à UK traria Caio e ficaria na sua casa, já que ainda não o haviamos feito depois que Greg se tornou um homem casado.
Depois de um bom tempo no trânsito, Niall e eu conseguimos chegar ao Consulado para pegar minhas coisas e assegurar meu lugar no próximo voo de volta à LA. Isso e, claro, me arrumar devidamente como uma nerd que se preze. Não posso negar que me senti uma idiota mau agradecida depois de ter ocupado um quarto com as minhas coisas e não ter nem passado mais de duas horas lá. Eu teria quatro horas até que o jato que levaria alguns diplomatas para o Canadá partisse, então pedi a Niall um último favor.
– Chegamos. - meu melhor amigo estacionou e eu não pude evitar que meu coração batesse mais forte involuntariamente. Olhei pela janela e encontrei um enorme gramado na entrada de um prédio de cor azulada do outro lado da rua, onde mora. - Quer que eu te leve até lá?
– Quer subir? - devolvi a pergunta, finalmente encarando Nialler, que balançava a cabeça negativamente.
– Não sou do tipo que gosta de segurar vela. - deu de ombros e eu sorri, o abraçando da maneira mais viável no momento (lê-se: da forma mais estranha possível, já que ele não tiraria o cinto por nada. Longa história!) - Boa sorte. - Niall estalou um beijo em minha bochecha e eu saí do carro. - Não esqueça de ligar!
– Valeu pela carona. - bati continência e Niall deu a partida, indo em direção à avenida.
Encarei o prédio mais uma vez e atravessei a rua com uma certa apreensão. Para a minha surpresa (e total espanto), Skylar avisou ao porteiro que eu viria, mesmo que eu tenha decidido fazer isso esta manhã e só tenha contado a Niall. Enfim, foi um grande favor e eu fico devendo isso a ela.
Não demorou muito para chegar ao 7° andar, o andar de , e eu não fiquei tão surpresa assim que descobri que ele não morava na cobertura. Pelo que Niall contou, Skylar e dividiam o apartamento, já que ela também trabalharia com a banda. E, se bem me lembro, não existe ninguém com mais medo de altura que Skylar . Provavelmente os dois entraram numa espécie da acordo, já que jamais perderia a chance de morar num apartamento perto de Wembley.
Quando dei por mim mesma, já estava na porta do apartamento. Sorri involuntariamente e toquei a campanhia.
– Chegando! - o grito de surtiu um efeito mais que esperado: uma considerável aceleração dos meus batimentos cardíacos. Talvez tenham se passado apenas segundos do grito até o momento em que , provando de um beijo tão conhecido e ainda assim tão inédito para mim. Talvez minha recente paixão pela insanidade tenha afetado minha noção de tempo e espaço, porque não lembro de ter entrado no apartamento de ou de ter tirado meus óculos, muito menos de ter me deitado no sofá sob ele.
– Não que eu esteja reclamando, mas o que faz aqui? - , que estava tão ofegante quanto eu, perguntou ao se afastar lenta e minimamente.
– Resolvendo assuntos pendentes. - forcei minha vista para identificar o que era aquilo que aproximava do meu rosto e sorri ao perceber que eram os meus óculos.
– Por que será que eu tenho a leve impressão de que isso não se resume só a minha pessoa? - arqueou uma sobrancelha, depositando um beijo suave no meu queixo e se sentou, me puxando para sentar ao lado. - O que aconteceu, ?
– Conversei com mamãe ontem. - ajeitei meus óculos e encarei o chão. - Sobre nós dois. - não precisava olhar para saber que ele me fitava intensamente com preocupação.
...
– Ela ainda te odeia. - ri sem humor e tomou minhas mãos nas suas. - Não me importo com isso, não mais. Principalmente porque papai quase me deu um prêmio quando eu disse que estamos namorando.
– Você está bem? - levantei meu olhar, encontrando o seu, e sorri. Podia ver nos olhos de que eu tinha tomado a decisão certa, assim como vi nos olhos do meu melhor amigo na noite anterior e não pude conter uma certa alegria saltitante dentro de mim.
– Estou ótima. E agradeceria se não tocasse mais no assunto principal que me trouxe a Londres, já que tenho só mais três horas e alguns minutos antes de voltar a LA e ser bombardeada por perguntas. - apontei e riu, selando nossos lábios mais uma vez.

– Você está me desafiando? - arqueou uma sobrancelha, se aproximando perigosamente e eu simplesmente dei de ombros, fazendo cara de inocente.
– Todo mundo sabe que eu cozinho bem melhor que você. - abanei minha mão e fez cara de afetado, seguindo para o outro lado da cozinha.
– Agora é guerra! - apontou e eu ri.
– Cadê ela? Cadê? - ouvi a voz de e logo o mesmo entrou na cozinha como um furacão, me abraçando da forma mais possessiva possível. - Mommy!
Depois de passar duas horas jogando video games e aproveitando meu tempo restante com , decidi chamar os meninos para me despedir. Não teria coragem de vir a Londres sem falar com eles, se o fizesse, jamais me perdoaria.
– Poderia se comportar como um cavalheiro e deixar a menina respirar? - perguntou e assim me largou a contragosto, tanto que não fez cerimônia para entrelaçar sua mão a minha e permanecer ao meu lado. - Você não vai me deixar abraçá-la, não é?
– É claro que n...
– Vem aqui, . - estendi meus braços em sua direção (pelo menos o que não estava agarrado), o que nos rendeu um abraço bem desengonçado.
– Tudo bem, soltem vocês dois. - me puxou quase heroicamente, me empurrando em direção a Niall, que me recepcionou com um abraço de urso antes de me jogar em .
– O que foi isso? - gritei e Niall deu de ombros.
– Cansei disso. Antes você era só minha, agora todo mundo te quer. Eu não te quero, mesmo te querendo. - continuou suspendendo e soltando os ombros com uma expressão completamente estranha e todos nós franzimos o cenho.
– Isso é saudades da . - sussurrou e todos tivemos de concordar. Não demorou para que e começassem a implicar com Niall sobre isso, o que nos rendeu boas risadas.
Eu queria poder ter ficado mais tempo. Gostaria de ter aceitado a proposta de de manter o disfarce e continuar em Londres por mais uma semana. Mas também não me arrependo de ter voltado a tempo para pegar o voo para Los Angeles. Eu queria ter a chance de explicar minha decisão a todos (principalmente a ) e dizer o quão revigorante toda aquela aventura foi. Eu estava preparada para dizer a Peppe que consegui enfrentar minha mãe, dizer a Lee que consegui desabafar tudo o que estava entalado, dizer a Iane que tudo aquilo valeu a pena e dizer a que Niall sentia tanta falta dela quanto ela sentia dele.
Mas, principalmente, queria dizer a Caio sobre o peso que saíra das minhas costas quando finalmente segui seu conselho: defender o que eu queria. Queria poder dizer que pelo menos uma vez na vida fiz algo que ele me recomendou.

– O QUE TE DEU NA CABEÇA PRA SAIR NO MEIO DA NOITE E PEGAR UM VOO PRA LONDRES? - e foi essa a minha recepção ao pisar em solo americano, mais exatamente na garagem da casa de . É claro, como eu já imaginava, era a única a estar a ponto de soltar fogo pelas narinas. Iane apenas ria da reação da enquanto Lee e Peppe apostavam em quanto tempo ela estaria me abraçando e conferindo se eu não ganhara nenhum arranhão nessa aventura.
Por mais que ela continuasse a tagarelar como um papagaio superdotado no meu ouvido, minha atenção se prendeu à pessoa que estava escorada na porta que dava acesso à casa. Caio tinha uma expressão que acredito só ter visto cinco vezes na vida: seu nariz estava levemente franzido e uma de suas sobrancelhas fazia uma perfeita e alta curva enquanto um sorriso se firmava no canto direito de sua boca. E tal expressão me trazia uma vontade descomunal de chorar, principalmente porque ela significava orgulho. Não do tipo de orgulho que você sente quando alguém próximo ganha algum prêmio ou é eleito o melhor da turma. Mas sim orgulho de alguma atitude que foi tomada e que, consequentemente, transformou a pessoa que a tomara, de alguma forma. Do tipo que te faz ter muito orgulho de quem a tal pessoa se tornou. Foi isso que Caio me respondeu quando, após ver essa expressão pela segunda vez, indaguei seu verdadeiro significado.
? - dedos foram estalados na altura dos meus olhos e isso me fez voltar à realidade onde todos estavam presentes, não somente Caio e eu.
– Você nem ao menos está prestando atenção! - gritou enquanto , o dono dos tais dedos, ainda os estalava na minha frente.
– Eu tô cansada da viagem, só isso. Juro que não fiz por mal. - após me livrar da mão de com um tapa, segui em direção a minha melhor amiga, abraçando-a. - Senti sua falta, . - estalei um beijo na bochecha de antes que Peppe a puxasse para dentro da casa, sendo seguido pelos outros e me deixando sozinha com Caio.
– Você conseguiu. - declarou no instante em que a última pessoa, , cruzou a porta. Encarei meu irmão sem saber exatamente o que dizer ou o que pensar, embora eu estivesse com uma imensa vontade de abraçá-lo. Vontade essa que foi honrada no segundo em que me lancei na direção de Caio, colocando meus braços ao redor dele. - Sua aventura me deu um baita de um trabalho. - apontou e eu ri, me abraçando mais a ele.
– Prometo que te aviso, tá bom?
– Assim é bem melhor, obrigado. Agora... - se afastou, me encarando com uma sobrancelha arqueada. - Que presentes você trouxe pro seu irmão?
– Nenhum, ué. - dei de ombros, recebendo uma expressão incrédula em troca. - Você não me avisou que queria presentes, Caio! Como eu poderia saber?
– E como não? Você atravessou o oceano! Deveria ter trazido nem que fosse o lanche servido no avião pra mim!
– Mas eu...
– Não! Não quero saber. Me conta como Woodcomb Falls está. O que mudou? O Kalabasteer ainda mora por lá? Tem algum novato?
– Claro. Eu passei uma noite no lugar, só saí de casa para ir ao centro antes de pegar o voo e sei o que acontece em Falls nos mais mínimo detalhes. - rolei os olhos, rumando para dentro da casa com Caio no meu encalço.
– Você é uma inútil, sabia?
– A recíproca é verdadeira!

– Vai dar tudo certo. - sussurrei para Iane, que me sorriu docemente antes de me abraçar em agradecimento. Pude notar que ela estava tão nervosa quanto eu, e vê-la nervosa não é uma coisa lá tão comum. Depois de soltar do abraço, ela seguiu na direção de Peppe, que a recepcionou delicadamente com um beijo. Não pude deixar de sorrir com a cena, afinal, há tempos que eu esperava assisti-la, mas não consegui manter o sorriso por muito tempo, já que a tensão que predominava na atmosfera voltou a ser meu principal pensamento.
Você deve estar se perguntando qual o motivo para tanta agonia, já que estamos apenas na coletiva de imprensa do lançamento oficial de Unbreakable. Acontece que o disco não vai ser o único assunto tratado aqui. Já fazem duas semanas desde a minha fuga (segundo , histórica) para Londres e, após uma conversa da madrugada, Peppe, Iane e eu decidimos que já estava na hora de abrir o jogo sobre nossas respectivas situações.
, Lee, Marina e Caio nos apoiaram e isso acabou sendo um motivo a mais para falar tudo o que está acontecendo. Claro, sabemos que as reações vão ser das mais diversas, mas estamos prontos. Prontos para deixar a transparência da qual tanto queríamos partilhar com nossos koshers no começo da banda reinar.
– Dois minutos! - um dos rapazes da produção gritou e eu fechei os olhos fortemente, repetindo mentalmente o que havia dito a Iane enquanto sentia braços sobre meus ombros.
– Tudo bem, gente. Vem cá. - abri os olhos, me deparando com Caio. Marina (que me abraçava) e meus companheiros de banda ao meu redor. - Eu preciso que saibam que estou muito, mas muito orgulhoso mesmo de cada um de vocês. Não só pelas horas a fio em que vocês ficaram trabalhando nesse projeto, ou pelas decisões que tomaram, mas pelo pacote completo: por estarem sendo responsáveis e também por estarem apoiando uns aos outros. Não me importa como vamos ser vistos a partir de hoje, o importante é que estamos mais fortes, estamos mais unidos. Que se exploda o mundo, contanto que saibamos disso! Agora subam lá, arrasem e que Deus nos lembre de rir quando o mundo explodir. - entortou a boca e nós rimos, nos juntando num abraço em grupo.
– Deus, obrigado pela oportunidade incrível que o Senhor nos deu. Obrigado por nos deixar fazer o que amamos. Te agradecemos mais uma vez por Sua misericórdia e pelo Seu amor. Nos ajude a fazer e dizer a coisa certa, sabemos que Você está conosco e agradecemos por isso. Em nome de Jesus, amém.
– Amém. - repetimos todos assim que Peppe terminou, aplaudindo logo em seguida. Muitas pessoas acham desnecessário, mas todos nós prezamos por um momento de oração antes de momentos cruciais.
Formamos uma fila para seguir para a bancada da coletiva, apenas esperando pelo sinal que liberava nossa entrada. Dessa vez a nossa formação era em ordem de nascimento e, como sempre, eu era a última. Porém, em todas as outras vezes eu era a mais calma. Bom, eu não estava calma agora. O que significa que todo e qualquer movimento, seja brusco ou não, me assusta. Principalmente um abraço ladeado, como agora.
– Eu te admiro mais a cada dia. - a voz de chegou aos meus ouvidos e eu virei meu rosto, encarando-o em busca de uma explicação. - É preciso muita coragem para fazer o que vocês fizeram. - apontou para Peppe e Iane e depois tocou meu nariz, estalando os lábios em seguida.
– Dizem que coragem é apenas um jeito erudito de se dizer loucura. - comentei e ele riu, me abraçando devidamente.
– Vai dar tudo certo, lembra? - sorriu e instantaneamente eu fiz o mesmo.
– Em seus lugares! - levantei minhas sobrancelhas, mordendo o lábio enquanto ria, ajeitando minha franja.
– Vai lá. - deu uma leve batida na minha bochecha e eu segui para o lugar marcado por uma plaquinha com os dizeres " Anne ", ainda transbordando nervosismo.
Enquanto Caio explicava como se sucederia a coletiva (por pura burocracia), Lee batia freneticamente os dedos sobre minha coxa e, provavelmente, também era alvo dos dedinhos nervosos da nossa querida baterista, já que éramos as duas mais próximas a ela. Acredito que deve ter lançado um olhar mortífero na direção dela, pois a mesma parou no mesmo instante em que virou para encarar .
– Esta manhã, Unbreakable foi oficialmente lançado no mercado, e agora estamos muito felizes em poder anunciar as datas da turnê. - Peppe começou, tão sorridente quanto o resto de nós. Realmente estamos felizes por tudo o que está acontecendo, embora nossa apreensão por conta dos últimos ocorridos seja bem maior.
– Então, a turnê vai começar em Buenos Aires daqui há 15 dias e no dia seguinte, Rosario. Depois, Santiago, Monte Vidéo e Assunción para então, finalmente, começarem os shows nas capitais brasileiras. - Iane bateu palmas entusiasmada e foi impossível conter um riso quando soltou "Foca!" num sussurro bem audível.
– A turnê pelas Américas vai durar 47 dias, 32 minutos e 19 segundos exatamente se tudo correr como o planejado e então seguiremos para a Europa. - não fiquei surpresa ao receber um pedala de Lee e um olhar nada amigável de Peppe.
– Lisboa vai ser a primeira parada e temos certeza de que não haverá atraso dessa vez. - declarou, fazendo referência à última vez que estivemos por lá.
Um estagiário da produção acabou derrubando uma garrafa de água na mesa de som e isso nos rendeu um atraso de quase 2 horas, já que tiveram de buscar outra mesa e reajustar tudo de novo. Continuamos falando sobre a turnê, o que esperar, o que teria de novo, o que não mudaria e etc. Quando terminamos de explicar como funcionaria a turnê, Caio logo sugeriu que eles preparassem suas perguntas e não demorou para que a primeira mão fosse erguida e os gritos que chamavam a cada um de nós fossem ouvidos.
– Os boatos sobre a gravidez da Iane são verdadeiros? - perguntou um estranhamente animado senhor numa das primeiras cadeiras e Peppe balançou a cabeça em afirmação enquanto Iane se propunha a falar.
– Estou com 13 semanas de gestação e fico feliz em poder dizer que sou a mãe orgulhosa de uma linda menin...
– Como pai, devo ressaltar que é de minha preferência que seja menino. - Peppe interrompeu com voz serena e Iane rolou os olhos, rindo logo em seguida.
– Isso significa que você vai ter que se ausentar na metade da turnê? - uma voz um pouco mais longíqua perguntou e, com um sorriso meigo, Iane acenou em concordância.
– Assim que completar 7 de gestação a Nane volta pra Olinda, pra casa dos pais, apenas relaxando e cuidando do meu afilhado. - Lee se pronunciou. - E, antes que perguntem, vai assumir uma das guitarras durante um tempo.
– E também há outra coisa. - document.write(Gabe) lembrou. - Iane não foi muito simpática à ideia, mas todos concordamos e conseguimos uma pausa de dois meses na turnê, durante o último mês de gestação da Iane. Assim todos vamos aproveitar o baby Verkosh. - sorriu, encerrando o assunto, e eu não pude evitar um sorriso, prevendo que logo seria a minha vez de esclarecer - e confirmar - alguns boatos.
– Boa tarde. - uma garota que não parecia ter mais de 23 anos pronunciou logo após Caio indicar que seria dela a próxima pergunta. - Todos ficamos chocados com o fim do namoro de e , e mais ainda quando surgiram os rumores de que, apenas semanas depois, ela já estaria saindo com outros rapazes. Dentre eles: Joey Armstrong, Colton Dixon, Kennedy Brock e . Eu gostaria de saber o que você tem a dizer sobre tudo isso, .
Esboçando um tímido e minúsculo sorriso, eu apenas assenti de forma que entendessem que provavelmente teriam mais que apenas o boato da gravidez da Iane como verdadeiro.
– Bom, eu acho que Joey é um garoto incrível, mas adoraria saber de onde tiraram essa história, já que nós só nos vimos uma única vez num show da banda dele, Emily's Army, há quase 1 ano. - não contive uma risada (nem tão discreta assim), já que não tinha um único fundamento que pudesse ser no mínimo plausível para que tal coisa fosse afirmada. - A teoria de que eu esteja namorando o Colton é igualmente absurda, já que o mesmo tem uma namorada tão doce quanto ele e que, por sinal, é uma grande amiga minha. Quanto a qualquer comentário que façam sobre Kennedy, já não me surpreendo mais. Nos conhecemos há anos e em momento algum deixaram de especular sobre nossa possível paixão, mesmo quando eu estava com e Kennedy com Anita. E toda vez que ouvimos algo, simplesmente damos boas risadas e guardamos a tal matéria numa caixinha pra mostrar aos nossos filhos. - sorri enquanto a maioria das pessoas presentes ria.
– E sobre ? O que tem a dizer? - a tal garota voltou a perguntar e, dando de ombros, ajeitei meus óculos minimamente
– Bom, digo que os boatos são verdadeiros. Eu e estamos namorando.

@

– Ela admitiu?
– Não, idiota. Ela apenas contou um segredo pro mundo inteiro. - declarou, estapeando a nuca de logo após rolar os olhos.
Estávamos todos sentados no chão, assistindo a coletiva pelo site oficial da Koshtëmann durante a pausa nos ensaios e eu não conseguia parar de sorrir. Havia conversado com ontem durante toda a manhã (inglesa) pelo Skype e ela me fez prometer que não diria nada à imprensa por enquanto, pelo menos até que ela dissesse algo a respeito. Eu sabia exatamente o porque, então prometi. queria tomar a iniciativa dessa vez, queria ser a responsável por dar essa notícia aos fãs para garantir que eu não amarelasse de novo. De certa forma, isso me fazia pensar no quanto eu havia perdido em todos esses anos por ter sido um belo filho de mãe.
Por outro lado, eu me sentia extremamente grato por tudo o que aconteceu, da maneira exata como aconteceu. Afinal, se não fosse por isso, eu ainda seria uma desgraça e não teria minha de volta.
Sorri ainda mais com esse pensamento.
Há quanto tempo eu estava esperando pela oportunidade de me referir a ela como minha e não me sentir culpado por temer que isso não fosse se tornar realidade? Chega a ser hilário lembrar que eu tinha medo de um simples pensamento. Mas enfim, posso dizer que ela é minha sem medo de que o céu caia sobre mim. Que o mundo saiba e que os idiotas me idolatrem porque, senhoras e senhores: é minha.


FIM






comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.