Já ia para meu sétimo ano em Hogwarts, o que não era uma coisa tão boa assim. Eu sabia que depois desse ano não poderia mais voltar para o lugar que mais amava no mundo. Como será minha vida com o fim de Hogwarts? Como ficarão minhas amizades? E a Lily? Eu irei aguentar meus pais? Eu já não sei; não consigo imaginar o que será de mim. A única coisa que agora me conforta (ou talvez não) é saber que daqui a 16 horas eu estarei no trem do Expresso de Hogwarts.
Mal podia esperar pra ver Lily. Eu apenas teria de me empenhar em procurar três pessoas de cabelos castanhos e uma de cabelos ruivos. Quando eu vir saberei que é ela.
E como se lesse meus pensamentos, um minuto depois eu a vi e fui ao seu encontro, quase correndo. Nos abraçamos e ela, sempre doce, tinha que dizer:
- , que saudades. Parece que as cartas não resolvem.
- Ai, amiga, não fala assim que eu morro!
Entramos no trem depois de nos despedirmos de nossos pais e, depois de encontrarmos uma cabine vazia, só falamos de nossas férias, escola, vida...
- Ah, , minhas férias foram muito boas. Meus pais, Petúnia e eu fomos acampar. Ficamos por lá uma semana. Foi realmente bom.
- As minhas se resumiram ao que te contei nas cartas: quarto, TV, quarto, TV, quarto, TV. Só saí...
Não deu pra terminar a frase. A porta da cabine abriu com estrépito e postado diante dela estava James Potter, com a cara de bobo de sempre quando olha pra Lily.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntou Lily, com tal agressividade que eu tive certeza de ter perdido “parte do filme”.
- Eu te procurei pelo trem inteiro. Quero saber, por que não respondeu às minhas cartas? - Ele disse e eu precisei falar:
- Andou recebendo cartas dele? Nossa Potter, já está com o endereço da casa. É um progresso! - Falei e olhei pra ele erguendo as sobrancelhas e fazendo “legal” com os dois polegares.
- Eu que não vou responder a essas cartas ridículas. E quero saber onde achou meu endereço.
- Isso não importa. Pensei que gostaria de minhas cartas, são tão verdadeiras...
- Disso não duvido nada! - Pensei eu e me levantei para sair da cabine.
- O que pensa que está fazendo? - Perguntou Lily a mim.
- Vou dar um rolé. - Virei a tempo de ver James dar uma risadinha. Deixei aqueles dois lá se entendendo, já que tinha certeza de que a Lily não sairia dali sem saber como o Potter arranjou seu endereço.
Fui pensando enquanto caminhava e perdi a noção da hora; percebi também, depois de um tempo, que não sabia onde eu estava, só sei que nunca tinha ido a essa parte do trem.
Olhei em volta (porque o lugar tinha um tamanho extraordinário pra um trem) e por sorte vi uma cabine. Cheguei perto e vi que tinha uma pessoa ali dentro.
- Com licença, pode me dizer que horas são?
- 12:10.
Na hora reconheci aquela voz grave e largada, e pensei: Sirius! Na hora ele olhou pra mim e achei que tinha pensado alto, então tive de falar.
- O que houve com você? - Ele estava com os olhos inchados.
- Nada, . Sabe onde o James foi? – perguntou, querendo fugir do assunto. Eu não insisti.
- Lily.
- Ok.
Eu tomei impulso para ir embora, mas eu não queria e não ia fazê-lo.
- Como foram suas férias? – perguntei, querendo puxar assunto, e ele parece ter percebido.
- Não quero falar nelas. O que você veio fazer neste lado do trem?
- Ah, o James chegou lá e preferi deixá-los a sós, então vim dar um... Sirius? - ele pareceu ter parado no tempo. Não tinha olhos fixos como sempre, estavam desfocados e tristes.
- Quê?! Ah, desculpe! Tudo bem, aquele idiota vai ver a qualquer momento que não adianta mais. Ele só está desesperado porque é o último...
- Sirius, o que está acontecendo? Você parece cansado.
- Não dormi bem. - Mas ele percebeu que eu não engoli a história, a sorte dele foi o James ter chegado.
- E aí, ela descobriu como pegou o endereço?
- Não. Por isso voltei, ela queria me matar.
- HAHAHA... Vou indo, tchau James, tchau Sirius. - e fui andando!
Tinha alguma coisa errada com o Sirius e eu ia descobrir o que era.
O jantar de recepção foi ótimo e Dumbledore, como sempre, disse belas palavras de boas vindas.
Apesar de todo o cansaço, eu não queria dormir. ”Talvez seja a euforia de estar de volta”, pensei. Mas algo lá no fundo me dizia que não, que na verdade eu tinha era PREOCUPAÇÃO. Subi ao quarto com esse pensamento e, mesmo assim, quando encostei a cabeça no travesseiro, dormi profundamente.
**
Lily, com toda a sua gentileza e delicadeza, me acordou aos berros, me sacudindo e dizendo:
- Espanta essa preguiça que vai começar o café da manhã. Quer se atrasar?
- Quero. - disse com a voz cheia de sono.
- Mas não vai. Levante-se agora, temos que nos arrumar.
- AAAH, te odeio. – disse, jogando o travesseiro nela, fazendo-a rir.
Nos arrumamos e descemos pra o centro da sala comunal da Grifinória. Do nada me bateu uma angústia em lembrar que esse ano era o último e que eu não mais jogaria os lixos da minha mochila na lareira. Ri de leve ao lembrar de ter feito isso e um elfo ter aparecido pra me bater e me chamar de feia.
Chequei ao salão principal e fui logo pegando a geléia. O nosso horário já começara mal: 1º tempo de história da magia. 2º e 3º tempos de poções. 4º e 5º tempos de adivinhação. URGH! Eu simplesmente detestava essas matérias.
Depois desse dia bem cansativo, cheguei morta e cheia de tarefas à sala comunal.
Assim que entrei, quis sentar na poltrona fofa e confortável em frente à lareira, mas o meu querer não foi concedido: já havia alguém sentado nela. Fui com energia o bastante para lutar pela poltrona. Quando cheguei perto vi que a pessoa era o James.
- Ah, James, por favor, sai e me deixa sentar aí? Tô super cansada!
- Ah, ta bem. Vem. - disse e eu tratei de fazer minhas atividades.
Olhei para a sala e não tinha mais ninguém. Consultei o relógio e já eram 23:48h. Decidi terminar amanhã o trabalho de adivinhação. Levantei-me e fui em direção ao quarto.
- Unf! Unf! – ouvi em algum canto. Sabia que tinha mais alguém ali.
- Oi? Quem está aí? Olha, seja quem for, já esta tarde; acho melhor... - de repente do outro lado vejo uma cabeleira ondulada mexer. Sim, era Sirius.
-Sirius? O que houve? - falei chegando perto dele e me agachando, pois ele estava sentado no chão.
- Nada. - disse limpando o nariz com as costas da mão.
- Sirius, por favor, me conta o que está havendo. Sabe, você não é assim e eu não gosto de... Vê-lo... Assim. - disse pausadamente, porque ele levantou o rosto e olhou nos meus olhos. Eu MORRI. Que olhos... Pelas pernas de Merlin.
- Olha, eu não gosto de falar disso. É particular.
- São seus pais?
- Também, mas eu não quero...
- O que aconteceu?
- Você não entenderá.
- Mais do que você imagina. – disse, sentando ao seu lado e o abraçando. Oh meu Deus, que corpo!!!
- É que meus pais fazem pressão e me “humilham” por não ter sido da Sonserina e aqueles idiotas adoram meu irmão e agora o veneram por ter... Ter...
- Ter o que, Sirius? - perguntei preocupada, segurando sua mão.
- Ter se tornado comensal da morte. - disse. Ele estava realmente triste. Eu fiquei chocada.
- Sirius, isso... Isso é realmente horrível, mas fica tranquilo. Você nunca foi de ligar, o que te preocupa tanto já que era tão previsível?
- Chegou a um ponto extremo, . Eles queriam me obrigar a me tornar comensal, então, no fim do ano passado, eu fugi da casa dos meus pais e fui morar com o James. Então, eu soube que o Régulo se tornou comensal. Unf! A minha tristeza é saber que o pouco de amor entre mim e minha família está prestes a acabar.
- Ah, Sirius, não diga isso. Apesar de tudo eles te amam. Não fica mal, por favor! - passei a noite inteira conversando com ele, tentando consolá-lo. Às 2:07 eu resolvi dormir, estava cansada.
- Sirius, já passam das duas da manhã, acho melhor irmos dormir. Vem, levanta.
- Obrigado por tudo, . - ele falou e olhou em meus olhos. Ficamos os dois olhando um para o outro. Ele foi chegando perto aos poucos, mas, contra mim mesma, fui em direção às escadas. Só subi depois de vê-lo subindo. Entrei no quarto e todas, obviamente, estavam dormindo. Eu sonhava com ele a cada minuto e isso me fez indagar: o que está havendo comigo? Eu já tinha parado de gostar dele, será que estou gostando de novo?
Eu precisava desabafar, não dava mais pra esconder minha condição. Falar para o James pareceu resolver, mas agora não é mais o bastante. Eu não queria incomodá-lo nem chateá-lo, ele estava desesperado para se entender com a Lily, e eu não queria preocupá-lo com meus pensamentos. Por isso eu chorava escondido.
Mas por que com a ? Nem somos tão amigos assim; beleza, ela estuda comigo, namorou comigo e a conheço há um tempão, mas isso não é muita coisa. Acho que foi falta de amigo: James com a Lily; Remus muito ligado aos estudos; Peter é o mesmo que nada, só dá pra falar besteiras com ele. Não tinha ninguém. Mas eu acho que a verdadeira razão é que desde o ano retrasado que rola alguma coisinha entre a gente. Eu percebo que ela sente algo por mim, e eu, eu não sei, talvez eu sinta também, mas eu acho melhor deixar isso fluir direito.
Pela manhã, desci com o James e o Peter ao salão principal. Remus já tinha descido. Sentei e fui comendo torrada com ovos. James me contou o dia anterior, dizendo que ele e Lily tiveram uma conversa tranquila na aula de poções. Acho que ele não percebeu que estudo na mesma sala que ele e que ele já tinha me dito isso umas quarenta e quatro vezes. Ele foi falando e eu fingindo ouvir. Três minutos depois a ruiva apareceu na porta e o James tratou logo de empurrar o Peter pro outro lado para a Lily sentar ali. Mas, lógico, ela não sentou a menos de seis metros dele. Algum tempo depois eu vi a , como de costume atrasada para o café da manhã. Ri de ver que ela quase caiu de comer tão rápido para não chegar tarde à aula.
Eu me sentia mais feliz. Passei a maior parte da aula de feitiços observando a . “Por Merlin!”, disse batendo na minha cabeça, será que de fato eu a queira? Bem, eu quase a beijei ontem... AAAAAAH!
Depois daquele dia, não nos falamos, só trocávamos olhares e sorrisos. Eu queria falar, mas não na frente de todo mundo, por isso esperei até a sexta de noite.
Os dias se passaram e a sexta-feira chegou. Esperei-a na porta da sala comunal logo depois do jantar. Ela chegou lá eram 20:05.
- , posso falar com você? – pedi timidamente e ela aceitou com um aceno de cabeça.
Fomos eu e Sirius andando pelo jardim. Por que ele estava fazendo isso? O que ele queria comigo? Já era bem difícil pra eu estar alimentando esperanças por uma coisa que eu sabia que não daria certo, que não aconteceria. Mesmo assim eu aceitei.
Sentamos à beira do lago e ficamos observando o luar. Como o Sirius não disse nada, eu falei.
- Sirius, você melhorou muito seu humor. Não vejo mais você chorando pelos cantos. Isso é ótimo!
- É, com certeza. – ele disse, sorrindo e olhando o céu – Eu precisava conversar com alguém e parece que você foi a melhor que encontrei.
- Espero ter superado as expectativas. – falei rindo. Ele me olhou e me deu uma vontade imensa de beijá-lo.
- Você lembra quando nós dois fomos à floresta negra e você se agarrava em mim de medo? Me lembro de ter sorrido bastante. – ele disse e eu me lembrei do nosso caso no quinto ano.
- Lembro, claro que lembro. – falei com a voz um pouco aérea.
- O que houve? – perguntou ele.
- É que eu me lembrei da época que nós namorávamos e porque terminamos.
- Eu também. E tudo começou aqui, lembra?
- Sirius, eu não gosto de falar dessas lembranças. – falei me virando para olhá-lo.
- Por que não? Foi uma época tão boa. – ele falou com cara de desentendido.
- Só pra você. Eu só sofri e, apesar de te perdoar, isso ainda mexe comigo.
- Bom saber que isso não acontece só comigo. – uma coisa: MORRI.
- Como assim? Você não gostava de mim. Você me disse isso (não só pra mim, né?!)!!
- Naquela época eu realmente não gostava, mas sei lá, desde que se despediu de mim no ano passado... Desde que te encontrei no trem alguma coisa em você me deixa nervoso e abobado. Na segunda eu quis... Beijar você.
- Eu percebi.
- E por que não permitiu?
- Porque foi assim que as coisas aconteceram no quinto ano. Eu não quero sofrer como eu sofri. Sirius, eu tentei te esquecer ficando com outros caras, mas é impossível. Você foi o único cara que eu amei e amo, e sabendo do que acontece comigo, você me fez uma pessoa triste... – Ele me interrompeu.
- Não diz isso...
- Digo... E mesmo você me fazendo isso, eu te perdoei. Continuei sendo sua amiga. Eu te quero, Sirius, mas eu não cavarei minha própria cova.
- Mas eu também te quero.
- Me custa crer nisso.
- Deixa-me fazer você crer. – falou chegando perto de mim – Por favor... Deixe-me...
- Eu não quero sofrer, Sirius. Nem ser um simples passatempo. Poupe-me. – e saí em direção ao castelo, deixando ele me chamar, e uma leve chuva começou a cair naquele momento, lavando meu rosto juntamente com as lágrimas.
Cheguei ensopada ao quarto aquela noite. Contei a Lily o que tinha acontecido e ela aparentemente me compreendeu perfeitamente. Conversamos mais um pouco e depois fomos dormir. Eu decidi ignorar Sirius para sempre; não tem mais chance.
Os meses se passaram e por mais incrível que possa parecer Sirius não parecia triste. Sempre que eu o via ele estava acompanhado por uma garota e isso me fez ter certeza de que eu estava certa. O feriado de Natal vai chegar amanhã e eu vou ficar só outra vez. Lily vai pra casa (me chamou pra ir com ela, mas eu não quis. A irmã dela, Petúnia, e eu, não nos damos muito bem). E eu não vou pra minha casa nem que a vaca tussa! Só me resta ficar. A boa noticia é que aqui não é tão ruim.
- Amiga, tem certeza que não quer ir comigo?
- Tenho, Lily, você sabe, eu prefiro não fazer confusão. Mas obrigado, Feliz Natal e se divirta muito. Ah, me manda um pedaço de bolo e peru. – rimos juntas e nos abraçamos. Ela entrou no trem e eu voltei para a escola. Fui adiantar meu trabalho de transfiguração sobre como os pré-históricos faziam para caçar usando feitiços!
**
O dia de Natal foi frio e alegre. Era nessas épocas que eu via como a Lily fazia falta. A festa no salão principal foi ótima, mas eu preferi sair de lá e aproveitar pra ficar só na sala comunal. Fui andando pelo castelo até chegar à escadaria de mármore. Sentei-me ali e senti que estava chorando. Aquele seria o meu último natal em Hogwarts. Isso me deixava triste, muito triste. Minha vista estava embaçada quando ouvi uma voz:
- Quer conversar? – eu sabia quem era, mas não queria que fosse ele (ou queria?)!!
- Só estava pensando que esse é o meu último Natal aqui em Hogwarts... – falei, tentando não soluçar.
- Não fica assim. Eu te entendo. Também sinto o mesmo, mas o que me conforta é saber que vou ter natais tão felizes quanto os que tenho aqui. Eu também me sinto só: James, Remus e Peter voltam pra casa no Natal. James queria que eu fosse com ele, mas eu não queria perder isso, já que é o último... – ele falou, sentando-se ao meu lado. Eu morro, ah, eu morro.
- Eu tenho pensado muito sobre esse ser o meu último ano aqui. Eu nem me diverti nas férias por causa disso. Você, especialmente você, sabe que isso aqui é a minha segunda casa. Não sei se vou conseguir viver longe de Hogwarts. – uma lágrima caiu do meu olho esquerdo. Sirius, mais rápido que eu, a limpou com um dedo. Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me abraçou como nunca antes.
- Ah, , eu também estou triste. A pessoa que eu amo não acredita nas minhas palavras e isso me deixa mal. – Sirius, por mais incrível que possa parecer, deixou escapar lágrimas ao falar isso – Assim como ela, tentei encontrar outra pessoa, mas é impossível.
- Sirius, não chore, por favor. A questão talvez não seja não acreditar em você; você não é dos garotos mais confiáveis e talvez a garota esteja insegura por não querer sofrer mais do que já sofreu. – eu disse, chorando. Eu o queria, mas não podia confiar.
- , o que é preciso fazer pra você confiar em mim?
- Sirius, talvez simplesmente não dê mais pra eu confiar em você. Já teve a chance uma vez e não deu o devido valor. Não sei se consigo lhe dar outra.
- , eu preciso de você; não percebe? Eu nunca chorei por alguém e estou chorando por você...
- Não é o suficiente... – talvez tenha dito isso por ser normal pra mim, mas reconheço que estamos tratando de Sirius Black – Sirius, para, por favor.
- O que é suficientemente simbólico pra você acreditar que eu te amo?
- Não sei se vou acreditar, esse é o problema. Você me feriu demais. – Disse me levantando – Você não sabe o quanto eu quero acreditar...
- Então acredita. Eu te amo e você me ama. Eu só não sei expressar direito. – Ele disse também se levantando.
- Eu te amo, mas não posso acreditar que sente o mesmo por mim. Eu pensei que isso era verdade quando nós tínhamos quinze anos e hoje temos dezessete.
- E era verdade...
- Então por que você fez aquilo? - Gritei.
- Porque eu não sabia o que era amar alguém. – Ele falou baixo, mas com urgência – E agora eu sei o que é amar. E estou sofrendo por amar alguém que não acredita em mim.
- Você é a pessoa que eu quero, que eu amo, e talvez nada nesse mundo mude isso. Mas você me tratou como às outras e isso me magoou.
- Deixa eu te fazer feliz. Tenta acreditar. Se não for o suficiente, acabamos com isso. – Ele chegou perto e me encurralou na parede e me beijou como se fosse o último beijo que daríamos. Nesse momento eu pensei em dar uma chance à minha felicidade, mas decidi que iria pensar um pouco.
- Eu vou pensar. Não quero sofrer nem quero te ver triste. Não é por pena, eu realmente preciso pensar. Minha vida está em jogo. – e saí deixando o Sirius pra trás e fui ao salão comunal. Quem disse que dormi?
Naquela noite a sorte foi lançada. Já não sabia o que pensar nem o que fazer. Fiquei tão abobado que nem aproveitei os dias direito. No outro dia eu só queria vê-la; acho que rodei a escola toda atrás daquela garota. Ela, por outro lado, parece que estava tentando me evitar. Pobre , será que ela ainda não associou as coisas? Alguém diz a ela que eu sou um maroto e que eu posso e consigo tudo? Ok, nem tudo, mas isso sim.
Os dias demoraram a passar e eu ainda não tinha a resposta. AAAH! Que vontade de gritar. Já estamos no dia trinta e um e nada. Meus pensamentos foram interrompidos por algum barulho na janela (é, eu sempre fico vinte minutos antes da meia-noite no quarto). Cheguei perto e abri com força, deixando um pássaro entrar. Uma coruja das torres pousou ao lado da minha cama e estendendo a perna que possuía um bilhete. Tirei-o com certo “receio” e li:
Não sei se é o certo, mas vou dar uma chance a minha felicidade. Me encontre antes da meia-noite na frente da estufa quatro.
Não se atrase.
Eu fiquei paralisado. Não sabia o que fazer. Pra ter certeza do que eu tinha lido, li mais três vezes e saquei que já eram onze e quarenta e quatro. Desci as escadas correndo, deixando dois garotos e uma garota do quinto ano assustados. Não sei como, mas em sete minutos eu cheguei na estufa dois. Olhei em direção a quatro antes de voltar a andar (tinha parado pra respirar) e vi um ponto branco em toda a escuridão, coberto por um vestido verde-musgo e um lindo cabelo castanho-escuro caindo sobre os ombros. Ela me esperava sentada na frente da estufa. Corri. Corri como nunca. Ela se virou. Pra mim nada importava. Eu a queria e ela a mim. Dei-lhe um abraço e suspirei. Como eu queria que aquilo acontecesse... Ela se desvencilhou e começou a falar.
- Você sabe que eu não sei se estou fazendo a coisa certa.
- Não vai se arrepender - Falei urgentemente.
- Assim espero, Sirius. Você só terá essa chance e se vacilar...
- Não vamos falar disso agora. Tem que ser um momento feliz. -interrompi impaciente. Ela riu.
- Você está certo. Eu quero muito que isso dê certo.
- Eu também – Levantei-a pela cintura e a olhei nos olhos – Eu sou a pessoa mais feliz do mundo...
- Então somos dois.
- E vou te fazer muito feliz.
- Não chegará perto do quanto eu te farei.
Nos beijamos intensamente. Lá no alto fogos estouravam e o sino da torre de astronomia tocava. Rimos, mas não cortamos o beijo.
Eu tinha lá minhas dúvidas, mas eu queria ser feliz, não importava mais o que teria de fazer pra isso. Eu sentia, a cada toque, que Sirius realmente gostava de mim.
Foi muito bonito. Sabe aquelas cenas de cinema, quando os “mocinhos” se beijam e fogos, ”por acaso”, estouram? Pois é!
Aquele não era um simples beijo, era o beijo. Sem cortá-lo, fomos andando pra dentro da estufa. Pode-se imaginar que quebramos alguns vasos. Ele, que até agora me suportava entrelaçada em sua cintura, me pôs em cima da mesa, e com a mão esquerda apertando minha coxa e a direita na minha cintura, tirou a boca da minha e foi para o meu pescoço. Minhas mãos foram para sua camisa e fui levantando devagar. Ele largou meu pescoço, tirou a camisa de vez e jogou-a num canto. Voltei a passear meus dedos pelo seu peitoral enquanto ele desabotoava meu vestido. Como estava sentada, o vestido caiu, deixando apenas a parte de cima nua, então me levantei pra que ele caísse. A partir daí foi tudo muito rápido. Nós já estávamos sem nossas roupas íntimas, deitados no chão. Ele me beijava e me tocava de um jeito que eu só conseguia, involuntariamente, gemer baixinho e ele me calava com beijos mais do que ótimos.
Quando eram umas duas da manhã, a gente se vestiu e fomos abraçados, tentando não chamar muita atenção, para a sala comunal.
- Acho melhor irmos logo dormir antes que a profª. McGonagall apareça.
- Eu não to com um pingo de sono. Acha que eu vou dormir depois disso tudo, ?
- Eu também não to, mas o que quer fazer? Melhor subirmos logo.
- Vamos ficar aqui. Sabe, foi a melhor noite da minha vida.
- Da minha também, meu amor, apesar de nunca ter imaginado que a minha primeira vez seria numa estufa – Rimos e depois de um bom papo fomos dormir. Ou ao menos tentar.
Eu simplesmente não via a hora de contar a Lily.
**
De manhã, eu me levantei meio sonolenta, acho que só cochilei. Tomei um demorado banho, vesti uma camisa branca e um short jeans, chinelos e um rabo-de-cavalo. Desci e fui direto ao salão principal. A mesa estava cheia de frango, geleia, pão, torta salgada, suco de abóbora... Não tive demora: sentei e fiz um prato enorme. Quatro minutos depois, o Sirius entrou no salão bocejando e com mais sono que eu. Acenei e ele sentou-se do meu lado com um gostoso selinho de bom dia, o que gerou falatório de garotas fofoqueiras de todas as casas, até da sonserina. Olhei pra ele de boca aberta e ele deu uma risadinha.
Depois do café, fui direto pro quarto estudar defesa contra as artes das trevas e terminar o trabalho de herbologia sobre os usos do capim-amarelo da Albânia. Recebi uma carta dos meus pais e um presente.
Querida ,
Não pudemos mandar o seu presente no dia de natal, pois houve um imprevisto. A Loy ficou doente. Você vai adorar.
Beijos. Mamãe e Papai.
Fiquei preocupada com a Loy, minha irmã de sete anos, mas com certeza estavam cuidando bem dela. Abri o pacote. Ganhei um livro chamado “Elisa Bruce e os mistérios do fogo”, a quarta e última edição da série de uma escritora bruxa, Amanda Kills. Eu acompanho a saga desde os meus doze anos e só falta esse pra completar a coleção. Fiquei tão entusiasmada que me atrasei para o almoço. Levei o livro pra mostrar ao Sirius, mas ele não estava lá. Comi e esperei. Uma e meia da tarde, isso quer dizer que o almoço já acabou e nada do Sirius. Comecei a me preocupar. Saí andando pelos corredores, perguntando por ele, até escutei uma garota da sonserina zombar dizendo “Parece que ele não quer ser controlado por essa aí”, mas não liguei, eu estava preocupada. Procurei na sala comunal umas três vezes e depois fui ao jardim.
Respirei aliviada ao vê-lo deitado na grama olhando o céu. Cheguei perto dele.
- Posso me sentar? - perguntei sorrindo.
- Oi, amor, o que houve? - ele perguntou passando as mãos no rosto. Meu sorriso sumiu.
- Você desapareceu e não almoçou. E agora eu te encontro aqui chorando sozinho. Eu que te pergunto, o que houve?
- Ah, nada demais. Cansaço. - ele falou suspirando.
- Ah, é? Sirius, eu te conheço. Vamos, eu sou sua namorada.
- Ok. Eu recebi uma carta enquanto você estudava. Recebi uma carta dos meus pais. - ele tirou o papel do bolso e me entregou. A carta dizia:
Sirius,
Você nos desonrou e se uniu àqueles traidores de sangue. Queimamos seu rosto da nossa árvore genealógica e de nossas vidas. Você é a maior vergonha para nossa família, uma cobra gerada por mim.
Mr. E Mrs. Black.
- Quem eles pensam que são? Que pessoas horrorosas! Idiotas de primeira! Não fica triste...
- Não estou triste! Choro de raiva desses porcos. Odeio todos eles... Todos - E ele desabou a chorar.
- Ai, Sirius, não chora – Disse, deitando-o no meu colo e o acariciando – Tudo vai mudar, você vai ver. Eles vão ver o filho especial que eles têm. Não chora, por favor.
Conversamos a tarde inteira e depois fomos nos ajeitar para o jantar de bom retorno de natal e fim de ano. Estávamos loucos pra ver Lily, James, Remus e Peter.
- Amiga, que saudade. Como foi o seu Natal aqui? Entediante?
- Nem um pouco. – Disse segurando a mão de Sirius, que conversava com Remus.
- Como assim, ? Perdi alguma coisa? – Perguntou fazendo cara de zangada.
- Depois eu te conto, ok? Agora me fala: como foi o seu Natal?
- Ah, nada especial. Tenho que te mostrar o vestido que ganhei do papai e... Olha essa presilha – Ela tirou uma borboleta brilhante do bolso e abriu um sorriso enorme. – Adivinha quem me deu.
- Mentira! Foi o James? Sério? - Perguntei abismada – Parece que também perdi algo.
- Perdeu sim, mas eu te conto depois. - Dei língua pra ela e rimos.
O jantar foi realmente agradável. Eu estava com muita saudade daquela ruiva safada. Eu, Lily, James, Sirius, Remus e Peter ficamos quase a noite toda conversando no salão comunal, até que...
- O que vocês estão fazendo acordados a essa hora? - Perguntou a profª McGonagall.
- Ah, só... estávamos pondo o papo em dia. Já vamos dormir. - Fomos para o quarto. Eu e Lily chegamos rindo da cara da professora lá dentro. Nos trocamos e deitamos.
- Anda, fala primeiro, Lily. – Disse e ela olhou pra mim com uma cara que eu não conseguia definir. Era risonha e cansada... Raiva, sei lá.
- Ok, mas depois é a sua vez. Lembra que o James tinha meu endereço?
- Lembro.
- Ele me mandou cartas nesse Natal. Eu, sei lá, não conseguia mais ignorar. Eu precisava responder, e eu fiz isso.
- O que você respondeu?
- Ele me disse que gostaria que eu conversasse com ele e eu disse que podíamos tentar. - Ela disse com um imenso sorriso.
- OMG! Finalmente você tomou vergonha na cara e vai dar uma chance pra ele. Ai, que emoção. Ele deve estar pirando. Mas e a presilha?
- Foi presente de Natal dele – Ela pegou a presilha e olhou-a sorrindo, acariciando-a com um dedo.
- Ai, amiga, que lindo. Finalmente você aceitou que é louca por ele. Vocês vão ser tão felizes. Já to vendo: vão ter uma menininha ruivinha e um menininho de olhos verdes.
- Tá... Mas e o Sirius? Vamos, é sua vez – Ela falou enfatizando o “sua”. Respirei fundo. -Foi nessa semana de Natal que tudo aconteceu. No dia vinte e cinco eu saí pela escola pra espairecer e... - Contei a ela tudo o que aconteceu nesse dia. Ela parecia... surpresa.
- E então, depois disso, o que você fez?
- Cara, eu sei que isso pode definir minha vida e pode piorá-la, mas eu quis correr o risco sabe?! Sem ele eu não sou tão feliz e aí eu aceitei. - Contei exatamente tudo. Ela quase gritou quando falei que foi minha primeira vez e eu fiz de tudo pra tapar sua boca. - Lily, fica quieta. Para de escândalo, deita aqui agora – Ela não parava.
- , pode contando, quero todos os detalhes – Ela falou pondo o dedo indicador na minha cara. Eu ri.
- Tá, mas promete que vai ficar quieta e calada.
- Pronto - Disse levantando a mão direita e pondo a esquerda no peito. Eu mal comecei e ela já tinha começado a gritar e se agitar. Aos poucos eu contei tudo e fomos dormir, pois amanhã, aff, aula.
POV Sirius on
- Então você... você dormiu com ela?
- É, James, e para com isso de ficar com cara de idiota. Eu quero que você me conte o que te deu na cabeça pra comprar uma presilha para Lily. Eu ainda não me perdoei por ter te dado o endereço dela.
- Sirius, o ano ta acabando. Não aguento mais. Eu a quero só pra mim e vou chamá-la pra sair. Vou passar todos os feriados pra Hogsmeade com ela – Ele disse meio choroso e com cara de sonhador.
- Você a terá, meu amigo, você vai ver – Disse batendo a mão em seu ombro.
POV Sirius off
Os dias de aula que se passaram depois da volta dos meninos foram muito entediantes. Os N.I.E.M.’S estavam mais perto que nunca e o meu tempo para o Sirius e o dele pra mim eram curtíssimos. Havia dias que tínhamos de nos falar nos intervalos das aulas, já que na sala a minha atenção era total no assunto.
Como eu simplesmente reparo em tudo, percebi que a Lily estava ficando um tanto inquieta. E eu sabia por quê.
- Amiga, por que você não se declara de uma vez pro James e ficam juntos?
- Ah, , é difícil. Eu o rejeitei esses anos todos e só agora eu sinto que quero isso. É meio vergonhoso pra mim. – Ela disse baixando a cabeça e alisando a barra da almofada. Sentei-me perto dela e a abracei. Eu já tinha um plano pra mudar essa situação e eu ia pôr em prática.
Na sexta-feira de noite eu e o Sirius nos encontramos na frente do lago. Eu aproveitei a oportunidade.
- Sirius, posso pedir um favor?
- Claro que sim.
- É que... a Lily, ela está com medo de ser rejeitada pelo James e por isso não quer se declarar. E…
- Ele vai convidar ela para ir à Hogsmeade sábado que vem. Diz pra ela ir se preparando e também pra aceitar sem criticá-lo. É o último ano e ele não vai aguentar muito, está desesperado.
- Ah, ela vai adorar isso. Mas, por falar, no último ano... hm... como a gente vai ficar quando isso terminar?
- Eu estive pensando, eu tenho um bom dinheiro de herança no gringotes... Estava pensando em sair da casa do James e trabalhar como auror. Posso comprar uma casa no centro e então ficaremos perto um do outro. – Ele falou segurando minha mão e me olhando sério. – Você poderia vir morar comigo.
- Bem, seria ótimo, mas acho melhor isso só acontecer quando tivermos nossos empregos e vidas estabilizadas. – Eu achava muito cedo pra isso.
- Você está certa. Foi só uma ideia...
- E uma ótima ideia. – Falei, envolvendo-o num abraço e o beijando de leve.
**
Na segunda-feira de noite a Lily chegou mais branca do que é no quarto. Logo pensei: Pirraça correu atrás dela com uma caixa cheia de cobras. Eu estava errada.
- Ele... ele...
- Ele quem, menina?
- James… ele me... me…
- Te o que, Lily? Fala! – Tava aflita, mas perguntei rindo um pouco.
- Ele me convidou pra ir à Hogsmeade sábado que vem com ele. – Ela abriu um sorriso enorme.
- E você, aceitou? – “Que pergunta idiota!”, pensei.
- Claro que sim. Você devia ter visto a cara linda de bobo dele – Olha só quem tava falando, ela estava que nem pinto no lixo. Eu logo vi: a noite vai ser longa. Ela passou o resto da noite falando do James.
Eu, por incrível que pareça, passei o resto da semana estudando. Tinha de deixar tudo pronto pra no sábado poder ir tranquila à Hogsmeade. “Toc, toc, toc”
- Pode entrar. – Falei.
- , posso falar com você? – Sirius entrou parecendo preocupado e se sentou ao meu lado na cama.
- Ah, oi, amor. Como conseguiu subir? – Falei.
- Tenho meus truques. Eu queria falar contigo.
- Fala.
- , eu estava pensando, e se nós pudéssemos ficar aqui em Hogwarts e não ir à Hogsmeade nesse sábado? – Ele sorriu maroto. OH GOD! Serrei os olhos.
- E o que nós vamos fazer sozinhos esse sábado? Hein, com todos esses quartos vazios? Com todas essas salas vazias? Hein, o que faremos? – Falei engatinhando na cama devagar na direção dele (não lembro de ter ficado tão tarada assim). Ele me puxou de uma vez e me jogou na cama, deitando-se por cima de mim.
- Sabe, acho que você sabe. – Sirius disse beijando meu pescoço. Ok, não pudemos fazer muito, as garotas já iriam chegar.
Quarta, quinta, sexta... finalmente sábado. A Lily estava quase dando pulos. Fiz tanto drama fingido que ela quase desiste de ir sentar com o James, que também implorou pra ela sentar com ele, pra tomar café. Me sentei ao lado do Sirius e esse pareceu ter sido o meu pior erro. Ele estava vermelho, com lágrimas nos olhos e parecia furioso. Fiquei com medo, confusa.
- Sirius, você está bem? - Perguntei preocupada.
- Você tem cinco minutos pra sair daqui e ir até à torre de astronomia. – Disse ele e saiu da mesa, indo em direção à porta.
- Sirius, o que houve? – Tentei, mas já era tarde. Olhei pra Remus e ele estava com cara de muito preocupado.
- Acho melhor se preparar pra ter muita paciência. Anda logo, senão vai piorar as coisas – Disse ele pra mim.
- Mas o que...? – Agora eu estava preocupada.
- Vá. – Foi o que ouvi antes de ir. O que aconteceu? Por que ele está assim? Eu ia descobrir logo, feliz ou infelizmente.
Cheguei no alto tremendo e me segurando firme nas coisas.
- Sirius, o que aconteceu? Você está estranho... Sirius, fa... - Não pude completar.
- O que significa essa porcaria dessas fotos? - Ele falou, jogando um envelope pequeno no chão, perto de mim, com toda força. Peguei o envelope e abri. Lá tinha fotos minhas de uma forma um tanto íntima com Jhon Will, da sonserina.
- Sirius, eu juro que eu não sei nada sobre isso.
- Ah, não? Então como foi que tiraram fotos suas com o Will?
- Eu não sei, Sirius, por favor. Beleza, eu já fiquei com ele, mas não foi nada.
- Eu não quero saber, , as fotos estão aqui e o que me interessa é saber por que você me traiu dessa forma com esse idiota. - Ele começou a gritar, eu, a chorar.
- Você acha que eu seria capaz de fazer uma coisa dessas com você?
- Você mesma disse que já ficou com ele. Quem sabe...
- Olha, Sirius, eu simplesmente não tenho essa capacidade que você tem.
- Como é que é?
- É isso: Você pensa que eu esqueci o que você me fez? Pensa que eu esqueci que você falou pra escola toda que não me queria de verdade e que só estava me iludindo? Que eu era uma qualquer?
- Isso já faz muito tempo...
- Mas eu não esqueci. Eu não te trai, mas bem que você merecia.
- Ah, é isso que você acha? Bem, agora você pode fazer a porcaria que quiser. Pra mim você nunca foi realmente importante - Ele disse e saiu da torre. Eu vi lágrimas no rosto dele, mas eu também estava chorando. Desesperadamente chorando. Desci as escadas quase caindo. Eu não conseguia acreditar que ele foi capaz de acreditar naquela mentira e ainda me dizer que eu não era importante pra ele. Eu não queria acreditar que aquilo era verdade, mas não podia negar que a desconfiança cresceu.
Eu fui direto pro jardim, sem me importar com os olhares curiosos. Sentei em qualquer lugar e deitei minha cabeça nos meus braços apoiados nos joelhos e chorei. Eu não sabia se chorava por ele ter acreditado que o traí, ou por ele ter me dito que eu não importava. Eu tinha todos os motivos do mundo para esquecer o Sirius e viver feliz (será?), mas sabia que eu teria de correr atrás dele, pelo menos dessa vez. E eu vou. Vai ser difícil, mas eu não vou entregar o Sirius de bandeja para aquelas garotas. HAHA, não mesmo.
Levantei e fui indo sozinha para Hogsmeade. Tentei controlar meu choro quando passei uns vinte centímetros da Lily. Como imaginado, ela nem percebeu, afinal o James era mais interessante. Fui andando meio sem rumo por Hogsmeade. As pessoas passavam e acenavam enquanto eu dava um sorriso xoxo(que não sabia de onde vinha) e chorava. Sentei na neve, olhando para as colinas que ficavam perto de Hogwarts, e lamentei que a minha melhor fase lá tivesse acabado.
POV Sirius on
Ah, que ótimo. Eu to aqui, no sábado, em Hogwarts, no quarto, chorando, sozinho. Eu sei que peguei pesado com ela dizendo que não importava, o que é mentira, mas eu não acredito que ela fez isso. Eu não quero acreditar nisso, mas parece impossível. Depois de tudo o que eu fiz por ela, pra ter ela... Mas nós precisamos conversar, com certeza precisamos. Ah, que droga, como ela foi capaz de fazer isso?! Quer saber?! Vou à Hogsmeade tentar me distrair um pouco. Ficar chorando aqui não vai adiantar nada.
Saí do quarto e fui andando pelos corredores do castelo. Era estranho estar indo à Hogsmeade sozinho em pleno janeiro. O James sempre foi o meu companheiro fiel, mas agora está se divertindo com a Lily. Ah, que droga! Tudo dando certo pra ele e pra mim...
Quando cheguei em Hogsmeade, fui direto ao três vassouras. Fiz questão de sentar lá atrás, e pedi umas quatro cervejas amanteigadas de uma vez. Depois da terceira rodada, eu vi, meio embaçado, o Remus entrar pela porta. Chamei por ele, o que chamou muita atenção por eu ter gritado o nome dele, e Remus veio em minha direção de cabeça baixa e sentou perto de mim.
- Como você tá? – Perguntou ele.
- Triste.
- Como foi? – Perguntou, tirando o gorro e pondo sobre a mesa.
- Horrível. Ela negou. Eu não acreditei e ela me jogou na cara a história do quinto ano. Daí eu disse que ela não era tão importante pra mim e terminamos. Mas ela ficou com raiva por “não ser tão importante pra mim”. Ah, que droga. - Falei, pois derramei um pouco da cerveja na minha calça.
- Como você teve coragem de dizer uma coisa dessas, seu imbecil?
- Sei lá, eu tava estressado. Puts, ela me traiu. Eu não pensei.
- Mas não deveria ter dito isso, Sirius. Você precisa ter controle sobre o que fala.
- Mas eu... - Derramei o copo de cerveja no chão. – Mas eu controle... tenho... eu tenho controle. – Falei meio zonzo e pegando outro copo cheio da mesa.
- Me dá esse copo e levanta o rabo daí. Você ta super bêbado. Vamos pro castelo em vinte minutos. Anda, bebezão, vai logo.
- Tá, pera, dá um tempo. – Levantei e minha cabeça girou. O Remus me segurou, apoiou meu braço em seu pescoço e saímos do bar. Qualquer garota que passava na rua eu acenava e mandava beijinho, o estranho é que eu acho que não às conhecia... Ah, deixa pra lá, acho que tô bêbado. O Remus ficava me puxando e mandando calar a boca.
Voltei pra Hogwarts com o rosto inchado. Não vou dizer que estava menos triste, mas eu tinha parado de chorar um pouco. Eu estava sem rumo, perdida. Eu sabia que tinha de ir atrás dele, mas eu ia deixar a poeira baixar.
Fui seguindo o pessoal e subi para o quarto. Eu só queria dormir e esquecer tudo. Eu não estragaria o dia da Lily com isso, nunca. Deitei, mas não consegui dormir. Vi a Lily chegar já tarde da madrugada, mas ela não percebeu que eu estava acordada. Enfim, no final eu acabei dormindo.
Pela manhã não acordei com muito ânimo. Fiz minha higiene pessoal, pequei um casaco e desci. Como era muito cedo, fiquei zanzando pela escola até que resolvi ir à sala do Prof. Slughorn. Pra que?
- Bom dia, professor. Desculpe estar aqui a essa hora, mas preciso falar com o senhor.
- Entre, minha querida. Em que posso ser útil?
- Olha, professor, vai ser estranho o que vou lhe perguntar, mas é muito importante que me responda – Falei séria.
- Ok. – Respondeu ele assustado.
- Tem sumido algum ingrediente do seu estoque de poções, professor?
- Bem, não que eu saiba, minha querida. Mas por que a pergunta?
- Nada, só me diga. Algum aluno pediu alguma informação sobre a poção polissuco? – Ele me olhou como se... sei lá; se tivesse algo estranho em mim.
- Não, querida, ninguém.
- Faça um favor, professor?! Confira o seu estoque e me diga se falta algo na hora do café, ok?
- Está bem, mas por... – Interrompi.
- Obrigada. Bom dia e perdão por qualquer coisa. – Saí, deixando-o confuso, mas foi necessário. Eu vou descobrir quem fez isso, ah, vou.
No café eu não toquei na comida. A Lily contou como foi o dia e eu apenas completava com “Ah, que bom.", "Own, que lindo!”.
- , o que houve? Você não para de olhar para o prato.
- Olha, não quero te preocupar com minhas coisas. Esse é o seu momento.
- Amiga, você ta com os olhos inchados. Me conta agora.
- Eu e o Sirius. Brigamos ontem e... Terminamos. – Desabei. Ela me abraçou e eu contei tudo.
- Eu sou uma boba, nem te notei. Desculpa, por favor.
- Relaxa. Unf! Eu to bem. Quando eu descobrir quem armou isso tudo, eu mato a desgraçada.
- Hey, calma aí! Já temos duas pistas: com certeza foi uma garota e ela tem uma câmera mágica. Ah, e conhece o Will o suficiente para pedir isso.
- Eu tenho uma ideia, mas você vai ter de convencer o James.
- A que?
- Eu quero que ele ameace o Will e o pressione a falar quem armou.
- Tá ok.
- Ótimo. O Sirius chegou. Ah, que droga. - Disse e deitei no ombro dela. Ela alisou meu cabelo e me acalmou. Trinta minutos depois o professor Slughorn chegou com uma ótima notícia: O estoque tinha sido saqueado e tiraram a poção polissuco. O resto do domingo foi tedioso. O Sirius passava a trocávamos olhares. Tínhamos coisas a dizer um para o outro, eu sabia disso.
Na tarde de segunda a Lily me encontrou sentada perto da estufa 4.
- O James concordou em fazer as “ameaças”. – Disse fazendo aspas com as mãos no ameaças.
- Tá bem. Diz a ele que vai ser hoje à noite, quando todos estiverem dormindo. Eu já vi o Will andando pelos corredores tarde da noite.
- O James me contou que o Sirius ta super mal por vocês terem terminado, mas algo o impede de acreditar em você. Claro que é muito óbvio que você não o traiu, mas enfim, parece que ele não consegue aceitar isso.
- Eu entendo. As fotos eram bem sérias. Mas eu já estou cuidando disso. Me diz, e você e o James?
- Não sabemos o que é direito, mas estamos mais que amigos. No sábado quase nos beijamos, mas aconteceu um acidente na cozinha da casa de chá. Ele fez cara de raiva por isso, mas ficou muito preocupado, perguntando se eu tinha me cortado. Só que o acidente foi a três metros de nós. Nem tinha como bater em mim. – Rimos.
- Eu quero ver se ele vai ou não pedir logo pra ficar contigo. – Falei sapeca. Ela abriu um sorriso, ruborizou, os olhos brilharam e baixou a cabeça. Nem tirei onda, imagina.
Depois do jantar o James preferiu ir para a sala comunal e depois sair. Eu queria ir junto e ver de longe. A Lily nem pensou duas vezes, ficou na sala esperando nós dois. As onze e trinta e sete saímos do quarto de dedos cruzados pra encontrá-lo e falando baixinho.
- Olha, James, queria pedir que você não dissesse nada ao Sirius. Eu vou provar que não o traí.
- Fica tranquila. A Lily me disse pra não falar.
- E por falar em Lily, quando vai ser o próximo passo, digo, pedi-la em namoro?
- Amanhã. O que acha: de noite, na frente do lago? – Ele fez uma cara de vergonha tão fofa.
- Hum, hum. Melhor no pôr do sol, ela aprecia mais. E aquele lago à noite a assusta. Ela me disse no terceiro ano.
- Ah, ta bom. Valeu pela dica. Posso pedir um favor?
- Claro.
- Não diga nada a ela.
- Positivo, maroto. – Ele riu nervoso.
- Ok. Olha nossa presa ali. – Ele estava andando apressado pelo corredor que dava à biblioteca. O James mandou eu me esconder.
- Will, quero falar com você. – Disse o James.
- Não tenho tempo para imbecis.
- Ótimo, então não vai se importar de deixar seus gostos pra depois. Só quero uma informação, afinal, que garota te ajudou com as fotos que acabou com o namoro do Sirius? – O Will riu.
- Acha que vou entregar quem fotografou? Pergunte a sua amiguinha. Idiota. – O James o encostou na parede. O Will deu-lhe um soco na barriga – Não vou contar, filhote de leão miserável. Seu amiguinho vai provar demais no jogo quinta que vem. – E deu um chute no braço de James, que tinha caído de dor. Levei-o à enfermaria com a conversa que ele caiu da escada e fui chamar a Lily. Madame Ponfrey quis nos expulsar, mas o James pediu que a Lily ficasse, então ela permitiu e eu voltei ao quarto.
Quando entrei no salão comunal, o Sirius estava descendo as escadas. Ficamos nos encarando e eu quebrei o silêncio.
- Já que você não quer acreditar em mim, só queria que soubesse que te amo muito pra isso. Você sabe que eu fui e estou sendo sincera. E quando eu descobrir quem fez isso com a gente, você vai voltar pra mim. Vai ser meu. E vou dizer isso pra todo mundo. – Subi deixando-o calado.
Na quinta-feira desci ao grande salão para engolir alguma coisa antes do jogo mestre: Grifinória contra Sonserina. Eu e Lily estávamos eufóricas para ver essa verdadeira terceira guerra mundial. Ela não parava de gritar: “James, meu lindo, você vai ganhar”, mas eu entendo, namorar um jogador de quadribol é muito bom.
O jogo começou de forma tensa. Com três minutos de jogo uma batedora da Grifinória estava no chão, desacordada.
- James, vai pra direita e deixa o Will comigo.
- Sirius...
- Vai agora! – Disse e ele foi rápido. A Penélope é a melhor batedora do time e agora a perdemos. A minha raiva do Will já estava enorme e eu resolvi não tirar satisfação pela traição, mas ele estava pedindo uma briga.
Passei por baixo de Lucas, artilheiro da Sonserina, e roubei a goles dele. Passei pra o James, que foi em cima de Michael, goleiro da Sonserina, e marcou no aro da direita. Michael pegou a goles e passou para Will. Alice, apanhadora da Grifinória, foi atrás do pomo e eu atrás de uma briga certa. O Will me viu de longe e segurou mais firme a goles. Estava com a mão segura na vassoura dele quando...
- E Alice pega o pomo de ouro, que rende 150 pontos à Grifinória, que ganha o jogo com exatos 180 pontos perfeitos.
Aterrissamos eufóricos, mas faltava algo pra mim. Ou não.
- Ei, Sirius. O que foi? Tá com raivinha por ter te trocado por mim e quer descontar agora? – Falou o idiota.
- Olha aqui, você não tem absolutamente nada a ver com isso, seu merda! Vai embora antes que eu perca a cabeça. – Falei quase o matando por pensamento.
- Tá com medo? Vem pra cima, seu covarde. – Aquilo foi a gota d’água. Larguei a vassoura e já fui com o braço levantado e punho fechado. O James me segurou com uma força imensa que eu não sei onde ele encontrou.
- Me solta, James. Eu vou acabar com esse imbecil! – As pessoas já estavam em volta.
- Cara, isso só vai piorar as coisas. Vamos embora antes que a profª. McGonagall chegue. Anda, vem.
- Vai embora, idiota, e é muito bom você não me encontrar só a noite pelos corredores... – Eu disse.
- Por que? Você vai me agarrar e chorar no meu ombro, seu corno? – Juro que se não tivesse ninguém ali eu o mataria. Mas como não deu, fuzilei-o com o olhar. Imagino que estava vermelho e lágrimas rolavam pelo meu rosto. James me levou ao castelo e me mandou tomar um bom banho.
- Cara, você acha mesmo que a fez isso?
- É triste, mas depois do que o Will disse hoje, eu acredito. Ele falou com muita confiança. Vou esquecê-la e seguir minha vida. Ela vai ficar pra trás.
- Sirius, põe a cabeça no lugar.
- Chega, James! Acabou!
POV Sirius off
Eu tentei não acreditar que não tinha mais jeito, mas o Sirius não suporta traição. E eu sabia disso. Os meses foram passando e tentar provar que eu não tinha o traído deixou de ser prioridade. Achei melhor esquecer e não sofrer. Não sofrer ficou um pouco mais difícil quando eu vi o Sirius de mãos dadas e beijando a Sophya Lewis, da Corvinal. Pus na minha cabeça que não deveria ficar triste, afinal, ele estava feliz. Apesar de tudo, eu tinha certeza de que o amor do Sirius por mim não tinha acabado totalmente. Mas foi no dia vinte e três de maio que tudo mudou.
Eu tinha esquecido um livro na biblioteca e resolvi buscá-lo, apesar de já ser um pouco tarde. Deixei a Lily e o James namorando a sós um pouco e saí da sala comunal. Cheguei na biblioteca, que estava com a porta aberta, o que era estranho a essa hora da noite. Peguei o livro e fui saindo, tentando não fazer barulho.
- Ai, Jhon, vamos sair daqui. Imagina se o Sirius me pega com você aqui? – Eu não acreditei. A Lewis e o Will juntos.
- Ah, você nem gosta dele. Só quer popularidade. Você é minha, sua boba.
- É, mas o que nós armamos pra ele e a acabou com ele. Imagina se ele me pega com você? Mesmo que a não tenha feito nada, mas... Foi muito bom me transformar na só pra acabar com esse romance de merda dela com o meu Sirius.
- Oh, você falando assim machuca, né?!
- Ah, fica quieto e me beija, vai.
- Então foi você! Você acabou com o meu namoro – Disse eu. Estava a ponto de matá-la. Eles pararam de súbito.
- Pena que descobrir isso não adianta nada.O Sirius agora é meu. E contar a ele não vai adiantar.
- Sua vadia, miserável. Por que isso? O que eu te fiz?
- Ele estava ficando comigo quando “descobriu” que te amava. – Falou fazendo aspas com as mãos no descobriu – Então eu dei o troco. O Sirius não suporta traição e eu sei disso, então essa foi a melhor alternativa – Ela levantou e veio andando em minha direção.
- Sua vaquinha – Foi a única coisa que saiu antes de ir pra cima. O Will pegou a varinha em uma rapidez incrível e o que eu ouvi foi “estupefaça”.Depois um breve relance de alguém entrando na biblioteca antes de tudo escurecer.
POV Sirius on
- ! , meu amor, fala comigo. ”Ennervate”.
- Si... Sirius. – Ela falou e caiu nos meus braços, desmaiada. Deitei-a no chão com cuidado.
- Seus imbecis, filhos da mãe.
- Qual é, Sirius, veio salvar a amada? – Disse Will.
- Sirius, meu amor, ela vaio me bater por ciúme. Por sorte o Jhon passou na hora e estuporou ela. – Disse Sophya com cara de sonsa.
- Eu ouvi tudo, sua vadia. Você armou tudo pra acabar com meu namoro. Eu não vou discutir com vocês. – Falei bufando.
- Que bagunça é essa? – Perguntou o Prof.ª McGonagall.
- A precisa de cuidados. A madame Ponfrey está na enfermaria? –Perguntei desesperado.
- Sim, senhor Black. Leve-a para lá rápido. Will e Lewis, amanhã vocês e o senhor Black irão me explicar o que houve aqui... – Enquanto ela falava eu peguei nos braços e levei-a correndo para a enfermaria. Se acontecesse alguma coisa com ela...
Acordei meio tonta. Olhei em volta. Eu definitivamente não estava no meu quarto. Senti uma dor enorme na cabeça, que logo senti no corpo inteiro. Parecia ter levado uma surra daquelas.
Pus a mão na testa e tentei me levantar, mas fui interrompida.
- A senhorita não está em condições para se levantar. Vou pegar alguma coisa para você comer. - Disse madame Ponfrey.
- Espere! O que houve comigo? – Senti uma dor muita forte no braço esquerdo.
-A senhorita, segundo o senhor Black, foi estuporada. E quando chegou aqui vi que seu braço estava quebrado.
- Então Sirius me trouxe? – Perguntei meio insegura. A queda foi tão forte que acho que bagunçou tudo aqui.
- Sim. Ele estava desesperado. Não queria te largar um minuto sequer. Hoje pela manhã sua amiga, a senhorita Evans, esteve aqui com ele e o senhor Potter. Ela também estava muito preocupada, mas tranquilizei-a. Black disse que hoje a noite virá aqui. Só espero que não tenha de expulsá-lo como na noite passada. Fique quieta, vou pegar algo para você comer. – Disse e saiu. Fiquei um pouco pasma com todas essas informações. Alguns minutos depois minha comida chegou. Cara, pode crer, a comida de Hogwarts é a melhor de todas. Depois de me alimentar, fui tratar de dormir.
Quando eu acordei, senti que alguém me acariciava os cabelos. Me virei devagar.
- , me desculpa por ter sido um idiota contigo?
- Parece que eu estava certa, não é?! Você é meu – Ele riu nervoso.
- Parece que você me conhece. Mas eu tenho que me desculpar, fui um desprezível.
- Hey, eu ficaria assim também, e você odeia traição. Eu te entendo – Segurei em sua mão – Eu não vou negar que fiquei magoada por você não querer acreditar em mim, mas eu sei que as fotos eram fortes e o que pensa sobre a situação.
- Eu fiquei louco quando te vi caída no chão. O Will levou uma bela detenção por ter te estuporado. Se não fossem os professores, eu dava uma bela surra nele. – Ele olhou pro meu braço – Caraca, ele quebrou o teu braço.
- Tudo bem. Isso não importa. Quando a gente se separou e eu te vi com a Sophya, quase morri. Você não tem ideia da falta que me fez. Você não querendo acreditar em mim... Foi muito triste. Estava desistindo de você.
- Pra mim também foi horrível. Senti muito a sua falta. Eu fiquei com a Sophya pra ver se te esquecia, mas você estava na minha cabeça o tempo todo. Meu coração é seu.
- Agora tudo passou. Vamos deixar tudo pra lá. O que importa é que eu te amo muito... muito... – E nos beijamos. Ficamos horas lá. Eu só poderia sair Deus sabe quando, então só me restava suportar o tédio da enfermaria.
* *
Mesmo tendo perdido o café da manhã, eu ainda tinha uma boa notícia: era sábado. E finalmente eu sairia da enfermaria. A Lily foi me pegar na intenção de fazer uma surpresa ao Sirius. Estava tendo treino de quadribol e a ideia era me levar até lá, pois o Sirius não sabia que eu sairia naquele dia. Fiz questão de não comentar nada com ele.
Quando apareci, o Sirius tomou um susto. Seu rosto mostrava surpresa e satisfação. Ele simplesmente não esperava que eu fosse ao treinamento. Ele pousou a vassoura, saiu de cima, deixando-a cair no chão sem delicadeza, e veio correndo em minha direção. Nos beijamos sem medo de nada, sem culpa alguma.
- Por que você não me disse que sairia hoje?
- Eu queria que fosse uma surpresa. - Falei com um sorriso enorme.
- Bem, foi uma ótima surpresa, com certeza. - Disse me beijando de novo. Do nada o Sirius segurou minha mão e saiu correndo, me levando junto.
- Sirius, aonde vamos? - Perguntei curiosa.
- Você vai ver.
Quando ia dizer que precisava respirar (se é que conseguiria falar), ele parou no pátio da entrada de Hogwarts.
- Ei, prestem atenção. - Ele falou alto, chamando a atenção de todos.
- Sirius, o que... - Perguntei. Todos já estavam olhando. Era muita gente. Não sei como a Lily chegou lá tão rápido.
- Eu só queria dizer que tudo que eu disse dois anos atrás sobre eu só disse porque eu sou um idiota. Mas essa garota aqui é o amor da minha vida. E nada nem ninguém vai acabar com tudo que eu sinto por ela. - Ele me beijou e todos gritaram e aplaudiram (com exceção de algumas garotas... e garotos). - Ah, Sophya, Will, que tal se vocês arrumassem um quarto em vez da biblioteca e deixassem as pessoas em paz? Cuidem da vida de vocês, seus merdas! - Sirius estendeu o dedo médio na direção deles e eu ri. Fomos ainda mais aplaudidos, não pelo fato de eles terem acabado com nosso namoro, mas pelo Will ser sonserino e por quase ninguém gostar da Sophya. Ah, e também por ele ter me estuporado. Eles bufaram e o Will lançou um olhar ameaçador ao Sirius, que retribuiu com um sorriso brincalhão e atrevido que só ele sabe fazer.
O resto do dia foi muito divertido e o Sirius quase implorou pra que eu ficasse a noite toda com ele, mas eu precisava da minha cama.
- Ah, tudo bem, , eu durmo lá com você. - Ele disse com um sorriso maroto.
- Ah, que garoto safado. - Disse rindo e dando um tapa no peito dele. - Mas é sério. Até amanhã. - Dei um selinho, levantei e subi. Deitei satisfeita e super feliz com o que o Sirius tinha feito a tarde. E pensando nisso, dormi tranquila.
Os dias foram se passando, junto com o mês de junho. Na noite antes de voltar para casa e finalmente (infelizmente) acabar Hogwarts, nós do sétimo ano da grifinória fizemos uma festinha de despedida com bastante cerveja amanteigada (só Deus sabe o quanto eu sentia falta de uma boa vodka). Eu e o Sirius conseguimos dar uma escapadinha no meio da noite enquanto o pessoal se embebedava. Fomos andar um pouco pelo jardim. Eu queria me lembrar de cada pedacinho daquele lugar outrora tão importante em minha vida. Guardar cada sentimento bom por todos ali dentro. Sentir cada cheiro existente naquela atmosfera. Cultivar cada amizade feita naquele lugar.
- Sirius, você vai sentir saudade daqui? – Perguntei depois de termos nos sentado na grama gelada. Eu estava entre suas duas pernas e seus braços me envolviam num abraço carinhoso.
- É difícil dizer, mas acho que sim. Sabe, é bom sair, resolver a minha vida, me ver longe das aulas; mas eu vou sentir falta dos professores, dos colegas, das bagunças com Pontas, Aluado e Rabicho, e, acredite se quiser, das detenções. – Ele disse e eu não contive o riso.
- É, eu vou sentir falta de tudo. Sabe, esse castelo foi minha casa durante sete anos e ir embora não vai ser fácil. Eu não consigo me imaginar longe daqui... Longe dos meus amigos... Longe da Lily... Longe de você. – Deixei uma lágrima escapar.
- Mas não ficarei longe de você. Acha mesmo que eu suportaria?
- Ok, Sirius, mas a nossa vida será imprevisível. E se demorar para você encontrar um lugar em Londres? Como ficaremos?
- Não se preocupe, isso não vai acontecer. E assim que eu arrumar um emprego, você vem morar comigo. Enquanto isso não acontece, eu não vou deixar você pra trás. – Ele disse, acariciando meu cabelo.
- Promete que nunca vai me deixar só? – Ele olhou para mim e segurou minha mão.
- Prometo. Sabe por quê? Minha vida não faria sentido sem você e eu seria um completo imbecil se te deixasse.
- Eu te amo.
- Eu te amo.
Ficamos olhando as estrelas e lembrando do meu primeiro ano, quando eu fiquei perdida no castelo e perdi as três primeiras aulas do dia. Rimos e nos divertimos. Foi o dia de despedida mais feliz da minha vida.
Voltamos para a sala comunal quase à uma hora da manhã. Lily e James estavam conversando baixinho no canto da sala. Havia mais algumas pessoas e a sujeira era grande.
- OPS! – Exclamei ao ver a bagunça. Dei boa noite ao pessoal e subi para tentar dormir um pouco. Coloquei minha camisola e deitei na cama. Um filme passou em minha cabeça. Cada ano. Cada dia. Cada minuto. Cada segundo. Nunca iria me separar do lugar onde eu fiz amizades eternas, onde a família conturbada que eu tinha não me afetava, onde eu conheci o meu verdadeiro, primeiro e único amor. Adormeci devagar com um sorriso idiota nos lábios (a Lily me disse).
**
Pela manhã eu estava mais nostálgica e pra baixo quanto se pode ficar. O grande sonho de ser feliz pra sempre eu estava realizando desde os onze anos. Um velho barbudo, companheiro do diretor Dippet, o professor Dumbledore, chegou batendo na porta. E ao ver meu rosto tristonho falou comigo pela primeira vez: “Por que está tão triste, minha querida? Na vida temos vários caminhos, mas aproveite ao máximo os caminhos férteis e claros pelo sol.” E então eu descobri ser bruxa e meus pais decidiram que eu iria pra Hogwarts, depois de se convencerem de uma vez por todas que eu não era louca e que bruxos existiam, com uma demonstração bem convincente do professor Dumbledore.
E agora, sete anos depois, eu estava indo mais uma vez pra casa, para nunca mais voltar. Eu e Lily ficamos horas na cama conversando sobre tudo. Finalmente ela e James tinham se acertado e eu tinha certeza de que alguém herdaria o óculos de armação redonda.
Nos vestimos e descemos. Andamos pelo castelo e os arredores dele pela última vez. Me despedi de todos, até dos quadros e da gata maldita, Madame no-o-ora. Ainda tinha esperança de um filho meu dar veneno a ela... Entramos no trem. Tentamos nos distrair, mas a tristeza e desolação eram evidentes em todos nós. Eu sabia que podia vê-los quando quisesse, mas até podermos nos encontrar provavelmente demoraria. Estávamos à procura de emprego, o que iria nos deixar sem tempo.
Eu queria que o trem nunca parasse de andar e revivia mil vezes cada movimento ali feito. Tentamos nos distrair com sapos de chocolate e feijõesinhos de todos os sabores, mas acabamos nos lembrando do primeiro dia e de quando nos conhecemos. A nostalgia só cresceu, se é que era possível! Só deu tempo de acertar os últimos detalhes dos endereços trocados quando aconteceu. O trem apitou e soltou fumaça, segundos depois estava parado, e eu com os olhos fechados. Acabou. Os alunos mais novos passavam eufóricos pela nossa cabine, felizes por rever seus parentes. Eu sabia que meus pais estariam lá, me esperando na plataforma do trem que me levava para o único lugar que eu fui feliz e capaz de chamar de lar.
Abri os olhos e vi os meninos pegando suas malas e animais para sair dali. Fiz o mesmo com a ajuda do Sirius. Nos despedimos de todos, até do maquinista. Agradecemos à senhora dos doces por sempre ter algo pra nós e ser hipergentil. Remus foi embora com os pais depois de se despedir. O Peter também. Ficamos eu, Lily, James e Sirius. Eu e Lily morávamos nem tão perto, nem tão longe, então seria mais fácil o contato. O James ficou falando com os pais dela, e ela com os dele. Meus pais cumprimentaram todos e fizeram uma cara de surpresa quando me viram de mãos dadas com o Sirius, que riu baixo da cara deles.
- Não vai apresentar, ? – Minha mãe perguntou. Ele estendeu a mão que segurava a minha e meus pais a apertaram. – Onde está a Loy?
- Ela disse que te esperaria em casa. Acredita que ela disse que com nós dois ela não entraria em lugares muito pequenos, porque poderíamos acabar sufocando-a? – Disse mamãe. Levantei as sobrancelhas como quem diz “parece que não sou só eu”. “Sério? Que coincidência.” Pensei e rolei os olhos. A verdade é que a briga deles nos deixava cheias e eles brigavam por tudo. O Sirius sorriu da minha expressão e eu apertei sua mão, também achando graça da situação. Meus pais entraram noutra discussão e eu e Sirius fomos falar com o casal oficializado.
- Seus pais parecem animados com vocês dois. – Sirius observou.
- Eu pensei que seria mais tenso. – Disse Lily, que estava mais branca do que de costume. Um fantasma. – Seus pais são uma graça.
- Sua família também é legal. – James disse.
- Espera até conhecer a temível Petúnia. Aquela garota dá medo. – Eu disse e todos riram, menos Lily.
- Não fala assim dela. – Disse ela, fazendo uma cara emburrada.
- Ah, sua boba. Você sabe que eu to brincando. – Disse, dando um abraço nela. – O que vai ser da gente, hein? Pra onde você vai, Sirius?
- Ele vai voltar pra casa dos meus pais até achar um lugar e nem adianta fazer essa cara. Você sabe que quando a sra. Potter quer alguma coisa, tem que ser do jeito dela. – James disse e eu me senti aliviada.
- Você volta e não tem discussão. – Falou uma mulher alta que parecia muito com o James.
- Sra. Potter, cuida bem do meu namorado teimoso, ok?! – Pedi e ela assentiu sorrindo.
- É, e do meu também. – Lily falou – Ele precisa de um pouco mais de juízo.
- Ah, e como precisa. – Disse a sra. Potter e nós rimos enquanto o James ficava vermelho.
Nos despedimos e fomos para casa. Agora éramos adultos e tínhamos responsabilidades. Estava na hora de pôr em prática tudo o que aprendemos durante esses sete anos.
Quatro meses depois...
Nos comunicávamos por cartas. O Remus estava tendo dificuldades em arrumar emprego por ser lobisomem. Peter me mandava cartas raramente, mas perguntava por mim ao Sirius. James conseguira o emprego de auror junto com o Sirius, por meio de seu pai. Lily estava fazendo curso e havia sido pedida em casamento por James e agora eram noivos. Meus pais disseram que o Sirius deveria fazer isso, mas o que eles não sabiam era que eu não queria. Acho que não estava pronta. Quando conversávamos ao telefone um dia desses, ele perguntou se seria uma boa ideia, mas eu não me sentia preparada. Por falar em mim, eu estava fazendo faculdade de direito e trabalhava como estagiária numa joalheria famosa.
Ia todos os dias pra faculdade com a Lily, pois o curso dela era na mesma rua. Depois daquela despedida, ela só viu o James uma vez: quando foi pedida em casamento. Eu e Sirius não nos vimos. Eu não podia visitá-lo, porque estava ocupada com os estudos, e ele não vinha, porque quando não estava trabalhando (muito raro, pois estagiários do ministério são escravos), estava em Londres procurando um apartamento.
Era uma noite fria de inverno e estava chovendo. Estava em meu quarto, coberta, pensando na vida, me perguntando por onde estaria o pessoal da escola essa hora quando eu ouvi a campainha tocar. Não queria levantar, mas eu estava só em casa. Tocou outra vez. Levantei enrolada no edredom pesado e desci as escadas. Abri a porta e um homem de capa de chuva azul-marinho estava parado em frente a ela. Os cabelos, que chegavam ao pescoço, estavam totalmente molhados e colados ao rosto. Os ombros largos deixavam o peito pra frente e a coluna reta como se fosse o dono do mundo. Levantou a cabeça e olhou nos meus olhos com seus olhos azuis acinzentados. Era o dono do mundo. Do meu mundo. O que eu não cansava de sentir saudade. Os olhos que me perseguiam desde os onze anos. Os cabelos mais perfeitamente imperfeitos que eu já vi. O homem da minha vida!
- Sirius! – Gritei e soltei o edredom. Ele jogou a capa no chão e me abraçou. E eu não precisava de nenhum lençol para me esquentar. Já tinha os seus braços em mim pra isso. Nos beijamos e eu esqueci de tudo, só queria matar a saudade daquele beijo que já não provava havia quatro meses. Depois de um tempo assim, nos separamos e eu dei uma toalha pra ele se secar. Ficamos na sala, deitados no sofá, conversando.
- Finalmente você pôde vir me ver. – Falei abraçando sua cintura.
- Tenho uma novidade: achei um apartamento. E é meio próximo daqui.
- E você não me contou? – Perguntei fingindo estar ofendida.
- Eu queria fazer uma surpresa. Agora você vai poder me visitar todos os dias. E noites. –Ele disse maroto e eu soltei uma gargalhada, enterrando meu rosto em seu pescoço, o que o deixou arrepiado. – Ah, o James mandou um beijo pra você e pra Lily.
- Outro pra ele. Sinto falta daquele nerd.
Ficamos falando sobre o que tínhamos feito e eu fiz pipoca pra assistir um filme. Ele disse que a pipoca estava sem sal e eu quase enfiei o saleiro na goela dele abaixo, enquanto ele gargalhava e se defendia.
Dormimos ali, abraçados e envolvidos por amor e saudade infinita. Eu não precisava de nada e ninguém. Eu tinha Sirius Black. A paixão que me agitava e me acalmava ao mesmo tempo. Eu não temia nada e ninguém ao lado dele. Ele simplesmente era perfeito pra mim. Eu simplesmente era perfeita pra ele.
Abri os olhos e o encarei dormindo embaixo de mim.
- Eu te amo. – Sussurrei.
- Eu nunca vou te deixar. – Ele disse e eu sorri. E tive certeza que eu não enfrentaria esse mundo só. Eu o amaria... Pra sempre.
FIM
Nota da autora Geeeeeente DDD: Acaboou!! Eu to muito triste por ter chegado ao fim. Sei lá, é como terminar de ler um livro. CTHNL foi minha primeira fic feita e postada. Foi por ela que eu descobrir o prazer que é escrever.
Eu devo tudo a Barvin e a Nah que me encorajaram a fazer e postar essa fanfic *--* Agradeço a todo mundo que comentou e que acompanhou essa historinha aqui. Hoje não vai ter agradecimento de comentários, pois quero agradecer a todos por igual! Vocês serão sempre aquelas que viram minha primeira história. s2
Tenho que agradecer minha Beta e xará linda, a Letii, que me ajudou muito e já aguentou muita burrice minha (pessoa Jones é lasca)! Desejo tudo de bom a vocês e quero encorajar a todos a lerem mais e escreverem mais, pois não há nada mais perfeito que as palavras quando são usadas devidamente.
Link de outras fics minhas: /ffobs/q/quenoiteestranhaheinkate.html - Que noite estranha, hein, Kate?
/fanfics/m/meuodiadoamiguinhocolorido.html - Meu Odiado Amiguinho Colorido
/fanfics/d/depoisguerrapazamor.html - Depois da guerra, paz e amor
/ffobs/t/tudoacaboutudomesmo.html - Tudo acabou. Tudo mesmo.
/ffobs/u/umdiatalvez.html - Um dia, talvez...
Tem mais histórias minhas vindo por aí. Valeu pela força, gente, até as outras fanfics ((: o/