Escrita por: Paula Longhin
Betada por: Flávia C.
Revisada por: Thai Barcella






DOIS ANOS DEPOIS DO CHEETOS...

- ?
- Sim, quem fala? – Disse a menina, atendendo ao celular no meio da aula de encenação.
- É o . – Disse ele do outro lado do telefone.
- ? – Ela se espantou e tentou falar baixo. – ? Do McFLY?
- É... – Disse o menino do outro lado do telefone com as mãos suando. – , eu sei que nosso último encontro foi a quase dois anos e que eu não te ligo há tempos, mas hoje eu tive que ligar, eu sonhei com você pela terceira noite seguida.
- O quê? – Ela se levantou da cadeira e saiu da sala. – O que você está falando?
- É, , estou falando que sonhei com você, sonhei com a sua risada... – Ele disse do outro lado, como que em um sussurro. – Não consegui me conter e, quando vi, já tinha te ligado.
- , você está ok? – Ela estava muito confusa. – Você está dopado? Está bêbado e viu meu número aí no seu celular, é isso?
- ! Não estou nada não... - Ele estava nervoso. – Eu só lembrei-me de você e precisava ouvir sua voz.
- O que? – Agora ela não entendia mais nada mesmo. – , que confuso.
- É, eu sei, mas você está bem? – Ele disse, tentando ir além daquilo. – E as meninas? O tenta falar com a , mas não dá linha, o , bem esse... Eu não sei, o queria saber se a está bem... Então lembrei que tinha seu número e liguei, eles precisam falar com elas... Menos o , mas isso é outra história, porque ele vive largando e voltando com a , então eu não sei ele iria querer...- Cada vez ele se atropelava nas palavras, parecia nervoso demais.
- Estou, estou bem sim, estamos todas bem, e o celular da , bem, ah, sei lá, , a está bem... E a , ah... - Ela pensou no que falar. – Mas, faz tempo que você não me ligava, nem sei como você anda, o que anda fazendo e...
- Você ainda pensa em mim? – Ele a interrompeu.
- O que? – Ela estava com as pernas bambas.
- Sim ou não? – Ele perguntou do outro lado do telefone.
- , - Ela pensou. – sim. - E disse com uma lágrima no olho.
- , eu preciso ir ao Brasil, a gente precisa se falar... – Ele pediu.
- , eu... Eu nem sei o que falar. Tem tempos que a gente não se fala e...
- E você está com outra pessoa, é isso? – Ele perguntou desejando ouvir um não como resposta.
- Bem... – Ela começou, tinha que mentir, não podia simplesmente ignorar que ele havia se esquecido dela havia quase dois anos e do nada ligava. – Estou sim, eu estou começando com um cara aqui – Ela falou chorando.
- Ok, então... Então... – Ele estava aturdido. – Desculpa, , ah... Bem... Esquece isso... Tchau.
E desligou o telefone. Parecendo esquecer até dos amigos que contavam com aquela ligação como forma de aproximação das meninas. preferiu não contar nada para ninguém, não queria fazer as amigas sofrerem, pois nós já sofríamos a quase dois anos porque eles simplesmente se esqueceram de nós, não que esperássemos nada deles, nenhum tipo de obrigação, mas para quem fez juras de não esquecer para sempre, eles, e principalmente ele, o , nos fizeram sofrer mais que tudo. Pena que só fiquei sabendo dessa ligação depois de tudo resolvido.

QUASE DOIS ANOS DEPOIS DESSA LIGAÇÃO...

Eu não sei porque diabos me apaixonei por você...

Eram oito horas da manhã quando despertei mais uma vez ao som de POV. Com esse clima típico, Reading estava fria e caía uma fina garoa do lado de fora da janela. Abri os olhos, abri o flip do celular e parei a música. Olhei para os lados e vi que estava sozinha no quarto, a cama da estava vazia. Como hoje não tinha aula para o meu curso, resolvi acordar cedo mesmo assim para organizar meus recentes artigos e reportagens. Estava no oitavo semestre de Jornalismo e estava amarrotada de tantos artigos. Já havia se passado quase quatro anos desde que recebi a última ligação do , consequentemente, quatro anos desde que havia perdido meu celular, quatro anos em Reading e, finalmente, quase quatro anos que ele trocava de namoradas. Por mais difícil que fosse, quase todos os dias me pegava segurando o colar que ele havia me dado, era incrível, tentei tirá-lo duas vezes do pescoço, mas algo mais forte sempre falava mais alto, e, por fim, ele permanecia ali, intacto. Essas lembranças sempre vagavam pela minha cabeça quando acordava e via que nada mudou. Eu estava em Reading, no apartamento do campus da faculdade Jordan, somente com minhas amigas. Porém muita coisa havia mudado desde então em mim, já não exibia minha franja roxa, agora meu cabelo era curto, na altura dos ombros, e só havia esse tom nas pontas, afinal, jamais viveria sem o roxo no cabelo, meu rosto estava mais fino, eu estava melhor. As meninas também mudaram, a hoje exibia uma mecha pink no cabelo, o rosto mais largo, porém, a mesma por dentro. A continuava com seus cabelos lisos com as pontas enroladas, lindo como sempre, seus olhos pareciam ter se adaptado com o tempo da Inglaterra, pois parecem cada dia mais claros. Já a , essa mudou, deixou os cabelos lisos, claros, crescerem na altura das costas, cortou franjinha colegial e hoje exibe uma aparência mais menininha que antes quando tentava passar como mulherão. Parece que, com esses quatro anos, finalmente achamos nossas personalidades, devo admitir que nossos pensamentos também mudaram, e isso, na maioria das vezes, eu atribuo aos guys. Afinal, foram eles quem nos fizeram deixar de acreditar em fanfictions e ver a realidade, por mais dura e fria que ela seja. Mas estávamos bem.
Fui ao banheiro e vi que o pijama da estava lá, pendurado. Desci as escadas no nosso pequeníssimo apartamento, e fui para a cozinha, lá estava ela, com seus cabelos desarrumados, com um jeans e uma blusa velha, lendo algo que eu tinha certeza ser um texto.
- Bom dia, amiga! - Falei abrindo a geladeira. – Mais um teste de última hora?
- Bom dia. – Ela sorria alegremente. - O Josh acabou de me ligar, , ele conseguiu um teste para mim! Eu nem acredito, você tem noção? Esse teste é pra remontagem da peça Paramour, lembra?
- Claro que lembro, uau, , é sua chance! - Vibrei com a notícia.
- E eu não sei? , eu estou apenas terminando o curso e já fui indicada para esse papel, o Josh falou que essa é uma oportunidade de ouro, e eu não posso perder mesmo. Imagina se eu consigo o papel? É uma peça pequena, só aqui da cidade, mas, mesmo assim, esse espetáculo é famoso e a companhia também, o difícil seria compartilhar com a faculdade, mas para isso eu dou um jeito, sei lá, mudo meus horários, afinal, daqui a uns dois meses acabamos, né? As meninas vêm almoçar aqui hoje?
- Nossa! Seria demais mesmo, . As meninas? Eu não sei, a falou que talvez fosse direto da faculdade pro restaurante, parece que o chefe dela está obrigando todos os estagiários remunerados a trabalharem nesse evento de amanhã, ela disse que estava cheia de canapés para preparar e que estava trabalhando numa receita nova, agora, a , foi pra faculdade, mas volta sim.
- Que bom, depois que eu terminar aqui, eu ligo pra e peço para ela vir para cá. E você? Por que não foi para o campus também?
- Hoje não tenho aula, fomos dispensados porque a sala de edição está ocupada com umas tralhas do reitor, e hoje íamos para a edição do jornal dessa semana, mas ficou para amanhã! – Me aproximei um pouco. – O Matthew, coordenador do meu curso, está com uma puta raiva dele, disse que se não tirarem aquelas tralhas de lá, ele ia mandar um comunicado para a secretaria de educação...
- Mas ele tem esse poder? Afinal, ele é apenas um coordenador, né?
- Dizem que o reitor está meio que, saindo de cena, se é que você me entende, né, ?! Parece que ele se aposenta agora no final do bimestre.
- Ah, entendi, então por isso o alvoroço entre os coordenadores... Pra saber quem ele vai indicar, mas, cá entre nós, duvido que seja o Matthew, os dois vivem brigando.
- É verdade... – Disse fechando a geladeira com uma garrafa de suco de laranja na mão. – Mas não sei o que pode acontecer, espero que ele escolha o sucessor certo.
- Eu também.
Depois de um tempo, eu disse:
- Você sabe que talvez eles venham no restaurante do chefe da , né?
- O que? – pulou da cadeira. – Como assim? Eles, são eles?
- São eles, , os McGuys, você sabe, o show amanhã e o restaurante é patrocinador, então...
- A está com medo, né?
- E quem não estaria?
- Mas segundo o chefe dela, é impossível eles irem, porque nesse dia vai estar rolando um festão em London e eles nunca perdem festas, né?
- É. Talvez seja verdade, mas, em qualquer caso, nós não estaremos aqui mesmo, e a vai ficar na cozinha, ela provavelmente não verá eles, se eles forem lá. E a vai ficar ligada pra ajudar a se eles se cruzarem.
- Isso mesmo! – Falou , cruzando os braços, levemente brava. – Eu é que não piso no lugar onde eles estão, nunca mais.
- Pois eu também não, de e McFLY, eu só quero saber as novidades no assunto musical. Mas, enfim...
Eu e ficamos na cozinha durante um longo tempo, depois de comermos um bolo que muito me lembrou o da minha mãe, ajudei a com o texto.
Quando o relógio marcava nove horas, resolvi botar em ordem minha bagunça de arquivos. Subi para o quarto, passei pela nossa sala, que estava aparentemente arrumada. Não havia almofadas no chão, presumi que tinha arrumado toda a bagunça da nossa sessão cinema da última noite. Arrumei minha cama, troquei de roupa e peguei o notebook na mochila. Sentei na cama enquanto o sistema carregava. Como papel de parede estava uma foto do McFLY, um daqueles papeis de paredes que eu sempre peguei no Addiction, lindas montagens que sempre se revezavam na tela principal, olhei direto para o quarto rosto, no canto esquerdo da foto, lá estava ele, me encarando com aqueles lindos olhos azuis e sorrindo, aquele era . Desde o que acontecera no Brasil, havia se passado quase quatro anos, e, nesse período, ele tinha me ligado somente uma vez, logo nos dias seguintes, depois, quando ele e os guys foram para a Austrália, ele voltou com uma nova namorada e aparentemente havia se esquecido completamente de mim. Mas eu, burra e ingênua, continuava a me perder em sonhos com ele, noites já acordei assustada com os sonhos mais reais que alguém poderia ter. Embora a promessa dele tivesse sido ligar para mim, realmente foi verdade, ele ligou, e a culpa não era dele também, logo depois dessa ligação, ele viajou e eu viajei também, para cá, e meu número de telefone simplesmente não existia mais, perdi o celular na viagem e tive que comprar outro. Resultado: havia quase quatro anos que eu não ouvia a voz do . Por fim, acabei me conformando, e com a notícia de seus namoros, minhas esperanças acabaram por serem esquecidas durante esse tempo, afinal, quando ele voltou pra Inglaterra, nós éramos apenas amigos e assim continuaríamos a ser, porém, alguma coisa mais forte sempre me fazia lembrar dos seus beijos, de como ele era, do seu jeito, da cena de ciúme no supermercado, do Cheetos... Aquelas lembranças eram boas, mas sempre me faziam lembrar ele do jeito que eu não queria, me fazia lembrar o amor que ele despertou em mim, no seu último beijo.

Eu pensei que tinha tudo...

- Acorda, ! - Disse para mim mesma. - Você tem que arrumar seus arquivos! Tem que mandar isso para o London Dialy ainda hoje.
Despertada de todas aquelas lembranças que pouco me deixavam feliz, comecei a procurar o título de meus melhores textos, como o marcha contra a paralisação dos funcionários públicos do banco central, pelo qual recebi dez na faculdade e um grande incentivo da professora Emma. Escolhi meus melhores artigos e reportagens, e junto anexei um scanner do exemplar número 89, ano 8, cuja minha reportagem estava na capa. Era o meu maior orgulho!
Era impossível pensar em quantos arquivos eu colocaria no currículo, mas aquele estágio era importante demais. No fim, coloquei minhas qualificações, como técnica em Design Gráfico, Curso de Inglês completo avançado, Fluência em Espanhol e, por fim, o título de redatora do Jordan in Lives, o jornal da faculdade. Fiz cópias e guardei em uma pasta na mochila, dentro de vinte e quatro horas eu estaria indo pra London atrás do meu sonhado estágio remunerado.
Quando era meio dia, resolvi parar de falar com minhas amigas do Brasil no MSN e fui arrumar o que comer. Embora eu não soubesse cozinhar muito bem, peguei a para me ajudar e achamos uns congelados no freezer. Quando já estávamos colocando a lazanha no forno, a chegou.
- Oi, amores! – Falou ela, feliz. – Como foi a manhã das duas vagas que eu mais amo?
- Oi, Tchu! – Falei indo em direção a ela. – Foi ótimo, já fiz meu currículo, agora só nos resta London amanhã, hein, ?
- Pois é, oi, , - deu um beijo no rosto dela. – E nós não somos desocupadas, não! Olha aqui o meu texto, amiga, talvez eu seja a nova Joanne do Paramour!
- Uau, que tudo, ! – Falou abraçando a amiga. – Que demais, ah, amiga, você merece, aliás as duas, você vai ver, , esse redator do jornal vai adorar você, tenho certeza.
- Ah, , que linda, adoro você! – E, inesperadamente, pulei nelas. – Abraço coletivo! - Berrei rindo.
- Hey, que abraço coletivo é esse sem eu? – Falou entrando pela porta da cozinha. – Me esqueceram, foi? Quero ver como vocês vão comer. - Ela fez biquinho.
- Ah, que isso, ?! Vem aqui, sempre cabe o quarto membro do nosso quarteto! – Falou rindo e puxando a para o abraço.
- Nós somos muito tontas. Imagina isso, quatro mulheres, se abraçando no meio da cozinha em plena quinta-feira? – Falei quando todas já estávamos sentadas.
- É por isso que eu não tenho coragem de reclamar da minha vida. Tenho emprego! – e eu tossimos. – Desculpem, e, ainda por cima, num país lindo, com amigas maravilhosas. - Falou .
- E a questão do emprego é temporária, e , vocês vão ver. Agora, mudando de assunto, vocês estão realmente preparadas para fingir que nada vai acontecer amanhã? - Bonnie perguntou.
- Escutem, meninas... – Falei. – Isso, para mim, é apenas mais um show da minha banda preferida, não me importa os integrantes, minha fase tiete passou e vocês sabem o porquê. Não devemos nos preocupar, temos nossas vidas agora, não somos mais aquelas adolescentes ingênuas, veja você, , está trabalhando em um restaurante super chique, está namorando com o Pierre, francês mais lindo que nós já vimos, nossas vidas estão ótimas sem eles, não?
- É, eu acho o mesmo, . - falou. – Eu estou começando com o Josh, também, e está indo tudo certo até agora, não vai ser o que vai desarrumar minha vida novamente. Não vão ser os clones do Bart Simpson que vão estragar tudo.
- Então, é isso mesmo. Amanhã, vida normal, meninas, vamos para London e, para mim, a única coisa diferente aqui em Reading é o show da minha banda favorita, só.
- Eu vou estar enfiada em uma cozinha, cercada de canapés, petiscos e tudo mais que vocês imaginarem, por isso, nem terei tempo para pensar em besteiras como eles, e, além do mais, o Pierre vai estar ao meu lado, cozinhando.
- Isso mesmo, ! – Falou , apaixonada, imaginando a cena do casal cozinheiro. – E eu vou ficar aqui em casa e depois vou à agência pegar uns novos banners que estamos produzindo pra campanha da Zeiuk, aquela loja de roupas, sabem?
- Ah, sei sim, que tudo, , você não tinha falado isso para a gente. – Falou . – Que demais! Adoro os jeans da Zeiuk. Mas você vai com a gente pra London, né?
- É, também achei legal, mas a responsabilidade é grande, achei que ia poder ir com vocês para London, mas não vai dar.
- Ah, ô louco, hein?! - Falei me deitando na cadeira.
Depois dessa breve conversa sobre besteiras, como nós os intitulamos, os Bart Simpsons, cada uma tomou seu rumo, a foi apanhada pelo Josh e foi até o teste, a correu para o restaurante, a para agência, e eu, fui para a biblioteca estudar tudo que se estava na enciclopédia Britânica sobre o London Dialy.
Já era noite quando cheguei em casa e as meninas estavam super atarefadas, então, peguei o carro e fui buscar comida sozinha mesmo. Passei no fast food e pedi, quatro Burguers grandes, quatro milkshakes de chocolate e, pra variar, uma casquinha antes do meu lanche. Cheguei em casa e as meninas simplesmente voaram em cima da comida, coitadinhas, trabalharam o dia inteiro e a estava mega nervosa esperando o telefonema do coordenador da peça.
Ficamos sentadas ao redor da mesinha da sala, sobre almofadas, comendo e assistindo um pouco de televisão. Já era quase meia noite quando eu e a fomos arrumar nossas mochilas com o básico para a manhã seguinte, um moletom , um guarda chuva, papéis, currículo, carteira e mp3 carregado, tudo certo.
Fomos dar boa noite para as meninas e fomos dormir, logo a e a logo se deitaram também, afinal, a sexta-feira seria corrida para todas.

E tudo que sobrou são memórias?

- Acorda, , está na hora. O trem sai em quarenta e cinco minutos! - Ela nem se moveu. – Anda, , estamos perdendo a hora. - Falei quando vi que estávamos um pouco atrasadas.
- Ok, ok, estou levantando. Que horas são? - Disse se espreguiçando um pouco e abrindo os olhos.
- São seis e quinze e, se não andarmos logo, vamos perder o trem, minha entrevista é às dez horas. – Falei abrindo uma gaveta e pegando um jeans. – Anda, .
- Estou indo, estou indo.
Nos arrumamos na pressa, comemos qualquer coisa na cozinha, demos tchau para a e pegamos uma caroninha no carro da que estava indo para a agência. Chegamos à estação pontualmente, compramos as passagens e minutos depois estávamos passando por lindas árvores, embora o tempo estivesse embaçado, a Inglaterra é simplesmente fascinante, tudo se encaixa em perfeita harmonia na paisagem.
A viagem foi quieta, acho que fiquei melhor ouvindo música e me preparando para a esperada entrevista, mas ainda havia a preocupação de chegar cedo e ajudar a no restaurante, pois nós sempre éramos as “garçonetes reforço” em ocasiões assim.
- Ainda bem que chegamos! – Falei ao pôr os pés na estação Central de London. – Não estava mais agüentando ficar sentada quieta, estava me dando agonia.
- Qual é, ?! Você adora esse trajeto, só está reclamando porque você está nervosa, é normal.
- E o pior é que eu sei disso! – Falei me espreguiçando, começando a andar. – Vamos por aqui, o jornal é logo ali. - O “logo ali” era o cruzamento entre duas ruas movimentadíssimas, um local à lá Planete Diário, do Smallville, um prédio gigantesco, com uma cara bem Britânica, porém bem mais longe do que eu me lembrava, eu e andamos mais de seis quarteirões gigantescos. Afinal, ainda não sei porque não pegamos um táxi. - Bem, chegamos! – Disse olhando para o relógio e conferindo que já eram nove horas e quarenta e cinco minutos. - Esse é o London Dialy! É lindo, não?!
- Realmente, , é lindo! - Disse ela olhando para o prédio num estilo renascentista maravilhoso. - Mas eu ainda não sei porque tinha que ser tão longe. - Disse ela, brava.
- Ô louco, hein?! Andamos quarenta e cinco minutinhos, você está muito sedentária só porque comprou um carro. - Falei rindo.
- Eu estou sedentária? E você que ligou seu novo brinquedinho só pra ir à bomboniere a dois quarteirões da Jordan? Antes você fazia isso a pé... - Ela riu ainda mais.
- Ah, nem é brinquedinho, se não fosse aquele emprego na biblioteca, era podre, mas enfim, aquilo ajudou muito...
- E suas economias, lembra?! - Interrompeu-me ela.
- É, e as economias. Agora, por favor, vamos parar de discutir o nosso sedentarismo e vamos entrar. Tenho certeza de que tem umas vinte pessoas na minha frente, já. – Parei para pensar. – Mas, sei lá, estou com medo. Acho que devemos ir embora, eu não tenho chances mesmo.
- Cala a boca, .
me empurrou, e a porta girou, uma pequena escada levava ao segundo andar. A escada era meio escura e apertada, porém, ao fazermos uma leve curva para a direita, surgiu aos meus olhos uma mesinha com uma única mulher, de meia idade, aparentemente recepcionista.
- Bom dia, mocinha. - Disse ela a mim, enquanto eu estava pasma com aquilo tudo.
- Ãn, ah, bom dia. Bem, eu tenho uma entrevista com o senhor James Webber, a senhorita poderia me dizer como encontrá-lo?
- Ah, que gentil, senhorita, claro, meu bem, a sala dele é logo aqui, a direita, a única sala separada, mas devo lhe pedir para esperar junto com eles, ali. – Ela apontou para um grupinho de umas doze pessoas. - Eles também estão aqui para a entrevista. Bem, de qualquer modo, gostei de você, o senhor Webber gosta de personalidade, então mostre isso a ele, e use uma linguagem jovial, ele gosta disso. - Acrescentou ela dando uma piscadela. - Todo velho gosta.
- Obrigada! – Disse abrindo o meu sorriso mais sincero, adorei aquela jovem senhora. – Pode deixar, vou fazer meu melhor, muito obrigada. Vamos, . – Disse virando-me para ela. – Vamos ali.
Sentamos e esperamos junto com os outros, uns tinham cara de mal, havia um grandalhão louro que muito me lembrou um comensal da morte, outros tantos mais velhos e apenas um mais ou menos da minha idade, que parecia, se não mais, no mesmo nível de amedrontamento do meu. Todos ali pareciam já ter uma experiência em entrevistas, “Ok”, pensei comigo, “Ponto negativo para mim.”.
- , acho que aquela ali tem uma cara de mal, não?! - Disse depois de um tempinho quieta.
- Tem, por isso estou começando a achar que eu estou no lugar errado, . – Virei para ela. – Só tem pessoas experientes aqui. Fora aquele mocinho ali, o de franja.
- É, ele parece tão deslocado quanto nós.
- É verdade, mas ele também não aparenta estar muito ligado, não é?! Está com o mp3 no...
- Olivio Woodstok.
A entrevista começou. O primeiro já estava entrando na sala quando minha agonia atingiu o topo. “Ai, Jesus”, pensei, agora eu morro de nervosismo.
Passados alguns minutinhos...
- Paul Wanderfell.
O mocinho do mp3 e da franja se levantou, não pude deixar de notar que ele era o único ali que estava vestido de uma maneira informal, assim como eu, que usava uma sapatilha roxa xadrez, um jeans preto com caveirinhas e uma baby look preta básica. Ele usava jeans, All Star, e uma camisa xadrez.
Dois minutos depois, a entrevista dele, a mais rápida havia acabado, porém, como nenhum outro havia feito, ele voltou e se sentou novamente na minha frente.
- .
Era eu.
- Boa sorte, amiga, eu estou aqui te esperando. E lembre-se, seja você.
- Valeu.

Ao lado da vitória, está o seu destino...

Entrei na sala e dei de cara com um homem de uns cinquenta anos, barrigudo, carrancudo e aparentemente bravo.
- Sente-se aí, mocinha. - Disse ele, a voz grossa.
- Obrigada. - Respondi, minhas mãos estavam suando frio.
- Então, , o que te traz aqui? Uma brasileira jovem, o que procura no meu jornal?
- Procuro o que eu sempre quis, procuro oportunidades de fazer o que eu mais gosto, que é escrever.
- Estive olhando seu currículo, realmente, impressionante, você tem um bom método crítico, é redatora do jornal da Jordan, eu estudei lá, sabia?
- Ãn, não sabia, mas é legal isso.
- Não examinou minha vida antes de vir aqui? - Espantou-se ele, empertigando-se na cadeira.
- Não. Deveria? - Espantei-me ainda mais.
- Você é segura de si, então. Você e aquele moço que saiu daqui a dois minutos, me deram a mesma resposta, os únicos. Todos os outros investigaram minha vida de cabo a rabo, tudo que eu dissesse, eles diriam que sabiam, aposto que aquele grandão louro sabia até minha comida predileta. – Completou, rindo.
- Bem, desculpe, mas eu nem pensei nisto.
- É aí que está, precisamos de pessoas que pensem diferente, não queremos mentes iguais no nosso jornal. Gostei de seus textos de cara, e ainda mais de você, por ter sido autêntica, é desse espírito que um jornalista deve aspirar, e você o tem. – Ele demonstrava certo contentamento nas palavras. – Bem, senhorita , você é a nossa nova estagiária do London Dialy, você e aquele moleque ali... – Ele me apontou o mocinho da franja. – Os dois vão ser parceiros, é melhor se darem bem, ou os dois estão fora. Seus dias de trabalho serão acertados com ele, pelo menos três vezes eu quero vocês aqui na redação. Chame ele aqui, por favor?
Me levantei e chamei o moço que parecia tão perplexo quanto eu, quando, de repente, disse:
- Estou com medo dele.
Espantada, respondi:
- Ele me assusta também, mas fazer o que, né? - Abri um sorriso e entramos na sala. Ele sentou-se na cadeira ao lado da minha.
- Bem, Paul, essa é , sua parceira aqui no London. Ela é de Reading e em primeiro lugar precisamos decidir os horários de trabalho.
- Oi, . – Disse ele me dando um beijo no rosto. – Eu sou Paul Wanderfell.
- Oi.
- Apresentados, vocês se resolvam com minha secretária agora. Como primeiro tema, como vocês tem em comum o modo de escrever a crítica, então, investiguem onde o presidente da câmara municipal está indo quando sai da prefeitura no meio do dia e volta só depois do expediente, quero isso resolvido até quarta-feira.
Eu e Paul nos encaramos e respondemos juntos:
- Ok.
- Então vão, e mãos à obra.
Nos levantamos e eu abri a porta.
- E então? – Perguntou assim que fechamos a porta atrás de nós. – Como foi? Fala logo, , estou angustiada, roí minhas unhas até.
- Estou dentro, você está falando com a nova estagiária do London Dialy! – Falei, feliz da vida. – Ah, esse aqui é o Paul, ele é meu parceiro.
- Oi, Paul, meu nome é , que legal que vocês não estão sozinhos, fiquei com medo da cara daquele homem.
- Nós também! - Respondeu Paul. – E aí, , veio só passear ou veio com o intuito de curtir com a minha cara mesmo? - Falou ele rindo. Tinha um sorriso bonito.
- Que?! Eu não estava curtindo com a sua cara. A gente só estava comentando, né, ? Que você parecia ser o único normal, parecia, porque agora não parece mais. - Defendeu-se .
- Ah, qual é?! Estou zuando vocês, eu nem ligo, também pensei com meus botões a seus respeitos, tinha achado a muito roquinho, olha essa calça dela, caveirinhas numa entrevista de emprego?! - Ele ria.
- E você? De All Star! Olha quem está falando. – Ataquei, rindo da situação.
- Acho que tivemos impressões erradas, afinal, não é? Mas que tal sairmos daqui? Estou cheia dessa salinha, já. - Falou .
- Isso, que tal um chá? Nada melhor para comemorar. - Disse ele quando começávamos a andar.
- Uma cerveja ou uma caipirinha iria bem, né, ? - Completei rindo.
Paramos na mesa da senhorita que me recebeu tão bem e pedimos auxílio no que deveríamos fazer. Ficamos ali parados um bom tempo, decidindo o que faríamos e acertando os horários, assinamos o contrato e fomos a uma sala minúscula que agora nos pertencia. Demos uma olhada geral e decidimos voltar pra arrumar aquela bagunça mais tarde. Minutos depois estávamos descendo pela escada apertada.
- Vocês são brasileiras, né? - Perguntou ele quando atravessamos uma rua parada.
- Somos, mas estamos aqui há três anos e meio, já.
- Acho legal o país de vocês, aqui é sempre muito bem comentado, do futebol, do carnaval, das mulheres... – Ele desenhou um violão com as mãos. – E das belezas naturais de lá.
- Bem... – Comecei, rindo junto com a . – Lá tem tudo isso sim e muito mais, eu adoro meu país, mas, aqui no UK, é realmente outro universo, eu gosto daqui. Têm todas as suas belezas européias, e, para eu, que odeio calor, isso aqui é um paraíso.
- Éca, odiei você! - Completou ele, rindo. – Eu queria morar na África, para pegar um bronze, olha meu braço branquelo, queria morar aonde o sol me deixasse moreno...
- Ou com um belo câncer de pele, né, seu down! Olha tua cor, você nunca vai pegar um bronze. No máximo, iria ficar igual a um camarão. - Completou , rindo.
- É... – Disse ele, desapontado. – Não precisa me lembrar isso. Mas, enfim, aonde querem ir?
- Sei lá, não conheço London muito bem, qualquer pub está bom. Você é daqui, né?
- Sou, nasci aqui em London, moro com minha irmã. Minha mãe se aposentou e se mudou para o interior com meu pai.
- Ah, entendi, falando em mães, preciso ligar pra minha depois. Pra contar a novidade.
- Isso mesmo, somos os novos estagiários do melhor jornal de todo o UK. - Disse ele abrindo a porta de um pub pequeno, mas apinhado de pessoas.
Entramos e bebemos umas cervejas, chá, que era o combinado, nem vimos. Quando demos conta do horário, já eram três horas, estava começando a garoar, abrimos nossos guarda-chuvas e pegamos os moletons. Eu, e Paul fomos passear um pouco, já tínhamos tempo de sobra hoje, mas ainda precisávamos voltar para arrumar o nosso escritório. Decidimos ir a uma famosa papelaria, aonde sempre iam famosos lançar singles e CDs, compramos alguns blocos, canetas, papéis de formulários, e mais pertences de jornalistas. Descobri que Paul era fotógrafo também, ele tinha vinte e cinco anos e já era formado em fotografia e estava no quarto ano de jornalismo, assim como eu. Pegamos um táxi de volta ao Jornal, apinhados de caixinhas. Havia duas mesinhas na sala, escolhi a da janela. Coloquei minhas coisas na mesa e tratei de passar, literalmente, um pano no chão, que estava meio sujo. Depois de limpa, a salinha pareceu um pouco maior. Já eram sete horas quando saímos do jornal, acompanhados por Miss Emily, a secretária do Webber.
- Tem certeza de que não querem dormir na minha casa? Minha irmã não liga, não é cansativo irem embora agora de trem? - Perguntou Paul quando estávamos numa esquina, prontos para nos separarmos.
- Acho, Paul, temos que ir, minhas amigas estão esperando por notícias e, além do mais, são só duas horas de trem, antes das dez estamos em casa.
- Bem, se é assim, boa viagem, então. - Disse ele me dando um beijo no rosto e cumprimentado também.
- Valeu, e você, boa noite, e para a senhorita também, Miss Emily. Você foi um amor comigo.
- Ah, o que é isso, querida, boa noite, e até segunda.
Depois disso eu e pegamos um táxi para a estação central.
- Ah, não! , você não falou que o último trem que saia daqui só ia às dez? O de Reading partiu as sete. E agora? Miss biruta? - falou assim que descobrimos que o trem já havia partido.
- Ah, mas é o que estava no papel dos horários, , olha aqui... – Puxei ela para ver o papel. - Olha aí, moça, cadê o trem pra Reading?
- Ah, senhorita... – Disse uma mocinha mais nova que nós. – O trem das nove está enguiçado. Daqui não sai mais nenhum trem pra Reading, só se... – Ela sorriu. - Vocês pegarem o trem da estação 5.
- E é longe essa estação? - Perguntou .
- Não, é logo na marginal aqui do lado, vocês pegam a marginal e vão reto, alguns quarteirões.
- Ok, e que horas esse sai?
- Sai às dez e meia.
- Ok, então é esse mesmo, . - Acho que vou ligar para a minha mãe, . - Comentei enquanto entrávamos no carro.
- É, liga para ela sim. - Disse ela sorrindo.
Uns segundinhos depois...
- Mãe?!
- Oi, , como é que está?
- Estou bem, mãe, estou muito bem...
- Conseguiu o emprego? - Perguntou ela, me interrompendo.
- Consegui! - Soltei um gritinho de alegria.
- ! Que ótimo, filha, você merece, querida, que bom, nossa! Que feliz.
- Eu sei, mãe, que alegria, e ainda por cima o redator me elogiou, ai, mãe, que legal, nossa, estou tão feliz!
- Eu também, , que ótimo, que maravilha. Você merecia isso. Mas como vão ficar seus horários?
- Ah, mãe, eu combinei com o Paul, ah, Paul é meu parceiro, ele tem vinte e cinco anos e mora aqui em London, ele conseguiu o emprego também, a gente tem até uma sala, é pequena, mas...
- Uma sala? Mas como esses Britânicos são metidos! – Disse ela rindo. – Aqui no Brasil se você tivesse um cantinho pra colocar o computador seria muito.
- Eu sei... – Disse rindo. – Mas é assim aqui, ah, mãe, que alegria, eu nem acredito, mas, enfim, parando de falar de mim, está tudo bem aí? O ligou? Como ele anda?
- Ligou sim, ele está bem, na Finlândia, ele comprou uma casa de tortas velha, e as suas estão fazendo sucesso. Ele ligou e pediu teu número porque ele perdeu o celular dele no meio da neve.
- Só ele mesmo, na neve? – Perguntei rindo. – Ele tem problemas sérios... Mas, enfim, vou ligar para ele depois. Mãe, vou desligar, eu e a estamos numa marginal aqui em London, o trânsito está meio lento, a gente está indo pegar o trem de volta, ela está te mandando um beijo.
- Manda outro para ela, , e cuidado aí, hein, mocinha?! Você e as meninas, todo cuidado é pouco. Me liga no domingo, ok?
- Ok! Beijos, mãe.
- Beijo, se cuida.
- Ok, bye bye. – Desliguei. - O comprou a lojinha de tortas do velho. - Falei sorrindo
- Ah, sabia que ele ia conseguir, queria comer uma torta de frango dele, agora.
- Eu também! – completei. – Mas por que não estamos andando? - Perguntei ao taxista.
- Desculpe, mas tem um engarrafamento logo ali na frente, acho que deve ser por causa da chuva de hoje à tarde.
- Mas precisamos pegar um trem, senhor, ele sai às dez e meia. Será que dá tempo? – Perguntei.
- Acho que sim. - Respondeu o senhor de cabelos brancos carrancudo.
Com o trânsito lento eu e estávamos reclamando, mas quando o carro parou de vez foi um drama total, tinha uns duzentos metros de engarrafamento, e eram quase nove horas.
- , acho melhor irmos a pé, dá até para ver o começo da marginal daqui, a estação é logo ali, em quinze minutinhos estamos lá.
- É, acho melhor irmos mesmo. - Falei brava.
- Hey, moço, - se dirigiu ao motorista. - a gente vai descer aqui mesmo. Toma aqui o dinheiro, e obrigada.
- Por nada, e se vocês querem chegar à estação 5, leva uns 15 minutos a pé mesmo. Vai dar tempo sim.
- Ah, valeu, tio. - Disse puxando a para fora do táxi.
Pegamos as mochilas, colocamos nas costas e fomos para a calçada esquerda, era como estar caminhando entre uma carreata, muitos carros parados, alguns com apenas uma pessoa, outros com crianças que voltavam da escola com os pais, outros com executivos, era estranho, London era calma no assunto trânsito, nem se comparava a São Paulo.
- , acho melhor atravessarmos. A estação é do outro lado e parece que lá na frente está pior.
- É, vamos por aqui. - Apontei um caminho livre entre dois carros. Quando fomos atravessar, uma moto teve a mesma idéia e passou tão rápido que simplesmente nos deu um banho de água. - Ah! Que nojo! – Berrei, olhando para minha roupa.
- Ah! Eu mato aquele filho da mãe! , olha para mim!
A estava coberta de água suja da cabeça aos pés e percebi pela expressão dela que eu estava também.
- Volta aqui, seu filho da mãe! Volta aqui! – Berrei, revoltada.
- É verdade, olha pra gente, , como é que a gente vai pegar um trem assim? - Berrava a , desesperada.
Todos os ocupantes dos carros próximos estavam nos olhando. Um cara abriu o vidro do carro e disse.
- Heys vocês, até que estão bem bonitinhas sujinhas. - Dizia rindo igual a uma hiena.
- Ah, vai se catar, filho da mãe! - Berrei revoltada, e indo pra cima do cara. me segurou.
- Não, ! Não vale a pena, deixa esse... – Ela pegou fôlego. – IDIOTA pra lá e vamos indo. Ain, que raiva! - Gritou ela.
- Ah! O que mais pode dar errado hoje? Nós perdemos o trem e estamos encharcadas de água suja. O que mais, meu Deus? – Berrei, desesperada. Quando disse isso, senti a primeira gota de chuva no meu rosto. O desapontamento foi tão grande que não tivemos coragem nem de pegarmos os guarda chuvas. Resultado, atravessamos para o lado certo, e mais iluminado, e caminhamos na chuva.
- Acho que isso só pode ser destino, olha pra gente, , em London, molhadas da cabeça aos pés, mas pelo menos a gente está feliz.
- É, pelo menos isso, mais um dia pra nossa história, né? - Perguntei rindo
- É sim, mais um dia daqueles... - gargalhou. - Espera aí, meu celular está tocando, vem aqui nessa loja.
- Ok, está parando de chover. Vamos aqui embaixo. - Disse apontando para um toldo listrado.
Em algum carro ali perto...
- Cara! - exclamou.
- Que foi, ?
- Lembra da ? A do Brasil? Juro que ouvi a risada dela.
- ? – Exclamou , passando a mão no queixo. – Amiga da ?
- É, cara, eu juro que ouvi a risada dela. - Disse , perplexo.
- Sei lá, ás vezes é seu estômago roncando de fome. Deve ser isso, tu não ouviu risada nenhuma, não, é impossível, né? Ela é do Brasil.
- É, mas eu ouvi! – Disse ele encostando-se no vidro do carro, quando olhou para fora. – ALI! , olha ela ali! Olha, . - gritava.
se acomodou para ver melhor e viu. Ali estava a menina brasileira que falou e, ao seu lado, estava ela, a .
- CARAMBA! - Gritou . – É a mesmo, é aquela ali do lado dela, não é?! É a ?
- É sim, , olha o cabelo roxo, olha ali as pontinhas.
Eles estavam em um carro com vidros escuros a menos de dois metros das garotas molhadas de chuva.
Do lado de fora do carro...
- O que é que elas falaram? - Perguntei nervosa, sentando no banco frente à loja fechada.
- Que eles estão no restaurante. Elas viram o , então é bem capaz deles todos estarem lá, aquele filho da mãe daquele e o idiota do .
- É. E elas? Ele as viu? - Perguntei angustiada.
- Não, a se enfiou na cozinha e a deu um jeito de se esconder dele correndo para o banheiro, agora elas estavam na cozinha.
- Ufa! Ainda bem. Espero que eles não as vejam. Seria uma situação desagradável. Ver eles de novo, fora de cogitação, né?!
- É, mas vamos indo porque parece que o tempo finalmente limpou, não está mais chovendo.
- É, vamos indo. - Disse me levantando.
Dentro do carro...
- Cara, elas estão molhadas.
- E daí? - Disse que não tirava os olhos do vidro, mirando a garota do cabelo roxo.
- E se elas ficarem doentes? Elas estão a pé, molhadas e mesmo assim, olha lá... – Ele apontou pro vidro e viu as duas garotas brincando de jogaram água uma na outra. – Elas são as mesmas babacas. - Completou rindo.
- A está bonita, olha lá, elas cresceram, né? – Disse o , babando. - Cara elas estão indo embora. Elas não podem ir embora. Nos devem uma explicação.
- Explicação? - Espantou-se .
- Claro, por que estão aqui?! Hey, motorista! – se levantou do banco traseiro da van. - A gente vai descer, se o trânsito andar, pára o carro aqui do lado.

Você correria? E não olharia para trás?

Na rua...
- Hey, , pára com isso. Já estou toda molhada. - Dizia .
- Qual é, ?! A gente está molhada mesmo, uma agüinha a mais não faz mal, e além de tudo...
- Hey, ! - Olhei para trás, uma voz conhecida me chamava ou era impressão minha?! Era ele, novamente na minha frente, sorrindo meio espantado. - ? É você? - Perguntou ele correndo para nos alcançar.
- ? É o , ? E, ali, atrás dele, é o ? , são eles? Não! São eles? - Perguntei incrédula enquanto dois rapazes vinham em nossa direção. Quando ele chegou mais perto, eu vi seu rosto. Era ele sim! Como podia? Eles não estavam em Reading? Eles não tinham um show lá? Meu Deus, meu mundo girou!
- ? É você mesmo, né? - Perguntou ele quando chegou à minha frente.
- ? Mas, como assim? Que é que você está fazendo aqui?
- ? - Perguntou .
- Oi, !
- Oi? O que está acontecendo, ? - Perguntou , espantada como eu.
- Eu que sei. - Respondi espantada.
- O que vocês estão fazendo aqui em London? - Perguntou .
- A gente mora em Reading, a veio fazer entrevista.
- Reading? - Exclamaram os dois juntos.
- É, Reading sim e, se vocês nos dão licença, - Puxei a pelo braço. - temos que pegar um trem. Até mais.
- Hey, espera aí! - Disse , segurando meu braço.
- Me solta, . - Disse me virando e encarando aqueles olhos que jurei jamais voltar a ver.
- Espera um pouco. Faz quase quatro anos que a gente não se fala, custa conversar?! - Perguntou ele, fazendo aquela carinha.
- Custa. Temos que ir. - Disse , me puxando pelo braço.
- Então a gente vai junto com vocês. - Disse , se postando para caminhar.
- Vamos, . – Disse, ignorando o comentário de .
Começamos a andar e eles vieram atrás.
- Por que estão molhadas? - Perguntou .
- Porque levamos um banho de uma moto. - respondeu, séria.
- Ah, que chato isso. - Comentou ao meu lado.
- Que é que vocês estão fazendo aqui em UK?
- Moramos em Reading, já falamos.
- Ah, é. Bem, tem tempo que vocês moram aqui? - Perguntou o .
- Tem quase quatro anos. - Respondi seca, caminhando mais rápido
- Quatro anos?! - Exclamaram os dois juntos.
- Isso significa que logo depois... - Começou o .
- Daquelas férias, viemos morar aqui, isso mesmo. - Completei.
- E por que não nos falaram? - Perguntou .
- Porque não, ué. - Respondeu .
- Mas o que vocês estão fazendo? Estudando? Trabalhando?
- Parem de fazer perguntas. - Exclamei brava.
- Ah, claro, olha, quem está no direito de pedir alguma coisa, a menina que não me atendia, que veio para cá sem nem falar, e que está toda molhada, nervosinha em London, grande moral você tem, . - Disse .
?”, falou o meu intimo! Estava nervosinha mesmo.
- Me poupe, , quem vê pensa que vocês se lembram muito da gente, se não fosse pela banda, eu mesma já teria esquecido seus rostos. Então querem dizer logo o que querem e irem embora? – Disse, parando de andar e colocando as mãos na cintura. - É melhor, não é?
- Eu me lembrei de vocês assim que ouvi a risada da . - Defendeu-se o .
- Qual é, senhorita convencida?! Quem vê pensa. Você nem atendia aos meus telefonemas, por que hein?! Eu acho que mereço uma explicaçãozinha. Não acha? - Falou , ignorando o comentário do .
- Claro, falou o ! Eu perdi meu celular vindo para cá, satisfeito? Eu perdi. E, outra, eu não te devo explicações, vai pedir para a sua namorada, não para mim! - Falei brava enquanto e só olhavam.
- Perdeu? – Repetiu ele, atordoado. - Ok. Mas isso não é motivo para você não me dizer que vinha para cá. E quanto a minha namorada, você pode me dizer qual? Porque, pelo que eu saiba, eu estou solteiro.
Aquilo caiu como uma bomba em mim.
- Não queria te dizer nada porque... Por que... - Enrolei a resposta.
- Porque, ah, sei lá, nem sei porque a gente não disse, talvez porque nós não quiséssemos interferir na vida de vocês, só isso, talvez. - Salvou-me .
- Mas vocês deveriam ter nos dito! – Disse . – A gente não sabia, por isso acabamos nos afastando.
- Ah, claro! – Respondeu . – É óbvio, não é, ? A culpa é nossa, que enquanto a gente se matava de ralar aqui, vocês estavam curtindo a Austrália?! Façam-nos o favor, chega de drama.
Eles se olharam pasmos, acho que perceberam que não éramos as mesmas meninas adolescentes ingênuas. Foram salvos pela buzina do carro.
- Hey, vocês dois! – Gritou o motorista. – O trânsito andou. Vamos?
- Vamos? Vamos aonde mesmo? - Perguntou o tapado do .
- Nós não vamos, não. - Disse o .
- Ah, vão sim! - Falei irritada.
- Por quê? – Perguntou o erguendo a sobrancelha. - Nós queremos conversar com vocês.
- Porque nós não queremos conversar. - Disse .
- Mas nós não vamos deixar vocês andarem sozinhas nesse breu e, ainda por cima, molhadas. - Disse .
- Ah! – Exclamou a . – Claro, olha a preocupação dele, ! Até parece gente, assim. - Terminou com um ar desdenhoso.
- Eu sou gente... - começou.
- E, queiram vocês ou não, não vão andar sozinhas nesse escuro molhadas, para onde estão indo? - Perguntou .
- Para a estação cinco. - Respondi.
- Ok, a gente deixa vocês lá, ok?
- Não, a gente está quase chegando, vamos a pé mesmo, obrigada. - Respondi.
- A questão não é essa, a questão é vocês estarem molhadas. Vão ficar doentes desse jeito, está esfriando e daqui para Reading de trem são duas horas, de carro é uma. A gente leva vocês, que tal? - Perguntou .
- Maluco! - Exclamei alto.
- Ou vocês vêm com a gente de carro ou nós vamos com vocês de trem, decidam. De carro é mais rápido, e ainda por cima é fechado, vocês não passariam frio. Decidam. - Insistiu o .
- Vocês ainda não perceberam que nós não queremos? Nossa, que saco, acho que já deu de McFLY por hoje, hein, ?
- Deu nada não! - Gritou , eu pulei e também.
- Isso aí, , não deu não. Vocês são estranhas, estão no nosso território e ainda querem exigir alguma coisa? Aqui, quem manda, somos nós. - Disse o , erguendo novamente a sobrancelha.
- E vocês vão fazer o que? - Perguntei insolente. – Nos sequestrar? Haha, me poupe. - Caçoei.
- Sequestrar? Boa idéia, , pega ela. – E, enquanto falava, já estava com a no ombro, batendo nele com os punhos fechados. - Já.
- Peguei! – Gritou me agarrando e me jogando no ombro.
- Me solta, ! – Berrava enquanto batia nele com os punhos fechados. – Me solta, agora.
- Me põe no chão, ! – gritava enquanto entrava na van. – Me solta.
- Pronto. - Falou ele sentando-a no banco e prendendo a passagem com as pernas.
- Nos deixem sair. - Berrei assim que fez à mesma coisa.
- Não.
- Nos deixem sair, agora. - Berrou .
- Não, e, motorista, sai dessa marginal e pega o caminho que a gente fez, vamos voltar para Reading.
- Voltar? - Exclamei.
- É, fizemos um show lá.
- Como assim fizeram? Que horas são?
- Fizemos e são... – Ele ergueu a manga da camisa. – Onze horas.
- Onze Horas! – Exclamei. – , perdemos o trem.
- E agora? - Perguntou ela se afundando no banco.
- Agora vocês não têm escolha, ou vão com a gente, ou ficam aqui hoje. - Disse com um sorrisinho maroto no rosto.
- Grande consolo. - Respondi emburrada.

Eu não quero pensar em você...

O carro começou a andar e, com ele, perguntas surgiram como árvores durante o caminho.
- Você está mesmo fazendo faculdade de Jornalismo, ? - Perguntou o depois de um tempinho.
- Estou, sim.
- E o que vocês estavam fazendo aqui, hoje?
- Vim pra entrevista no London Dialy.
- No London Dialy?! – Exclamou ele, surpreso. – E aí? Conseguiu o emprego?
- Consegui sim.
- Uau, ! Que demais. Isso significa que você vai vir pra London?
- Não, não significa nada, vou continuar em Reading, tenho que terminar a faculdade.
Ele me olhou estranhamente. Parecia estar percebendo que realmente havia mudado algo em mim.
- Por que vocês estão assim? – Perguntou, por fim.
- Assim como? - Perguntou a .
- Vocês estão, sei lá, bravas?
- Bravas? – Perguntei. – Não estamos, não, só acho que não deveríamos ter nos encontrado. Destino filho da mãe.
- Por que não? Quando a gente voltou do Brasil, nós continuamos a ligar, eu te liguei pelo menos mais umas dez vezes. - falou.
- Pode ser, mas eu perdi meu celular, não tinha como eu saber. Mas você não me deve explicações, , já lhe disse, explique-se para quem lhe importa...
- ... – Interrompeu . – Dá para você pular aqui no banco de trás para a gente conversar?
- Nós temos alguma coisa para conversar, ? - Perguntou ela.
- Eu tenho. Você pode pular aqui?
Ela me olhou e respondeu.
- Ok.
Passou para o banco de trás da van e me deixou com no da frente. Fiquei calada, mas:
- Me explicar para quem, ? Para quem eu devo me explicar? - Perguntou ele, me encarando.
- Ah, , eu falei sem pensar, nem lembro o que eu falei, esquece, ok?
- Eu não esqueci, você disse que perdeu o celular, e eu acredito. Depois disse que eu não devia me explicar. Por que não devo? Afinal, a gente tem um laço, não? - Ele desabotoou a camisa, e, de dentro dela, saiu um cordão prata, com um pingente gravado SOS.
- Uau! – Exclamei pasma. – Você ainda o tem? Como assim, ? Por que você ainda carrega isso?
- Por quê? – Perguntou ele sorrindo e avaliando o cordão com as mãos, parecia um brinquedo naquelas mãos. – Porque foi você... – Ele falou mais forte. – Quem me deu. Eu não tirarei jamais. - Não respondi, mas ele tornou a falar. - Você não usa mais, ah...
- O seu pingente? – Interrompi, puxando para fora da baby look o cordão com as iniciais dele. – Esse aqui, né?
- Nossa, , você ainda tem! – Ele sorriu. - Eu nem sei o que dizer, uau, então quer dizer que...
- Não quer dizer nada, . - Falei seca.
- Pare de me chamar de ! - Ele se irritou, me olhava fundo, com uma expressão séria.
Fiquei aturdida, por fim, disse:
- Por que se importa?
- Porque falando assim até parece que não somos nada um para o outro.
- Mas... – Encarei-o, fitei todos os traços de seu rosto e percebi uma expressão inexplicável nele. – Nós não somos nada, eu fui uma fã, não é?! Não nos falamos há quase quatro anos...
- Você se define como uma fã? – Espantou-se ele. – Desde quando eu te classifiquei como uma fã? Você, desde o início, foi minha amiga, e você sabe disso.
- Ahn... - Aquilo me balançou. – Talvez isso seja verdade, mas isso foi há bastante tempo, né? Nem sei porque vocês ainda se importam conosco. Imaginei que nem se lembravam mais da gente.
- Bem, foi há quase quatro anos e nem sequer um dia desses anos deixei de pensar em você, , nem sequer um dia! - Ele se aproximou um pouco mais, fazendo nossos corpos se encontrarem de lado. – Por que então, agora que estavam aqui, você não veio me procurar?
- ... – Respirei fundo. – Digamos que você tenha coisas mais importantes, não é? Iria querer alguém correndo atrás de você? E, outra, eu estou na faculdade, minha vida não é como vida de um músico, eu tenho contas para pagar, emprego, tudo isso influência. E... – Olhei ainda mais naquela imensidão que são seus olhos. – Eu jamais teria coragem de te ver novamente.
- Coisas mais importantes? Coragem? Que papo é esse, ? Você sabe muito bem o que eu esperava de você, eu tenho um motivo para usar esse cordão há três anos, e é forte o suficiente para vir atrás de você quando você está tão perto de mim assim, como agora. – Ele fez menção de pegar minha mão, mas eu me afastei um pouco. – Você não entende?
- Entender? Ah, , eu não tenho o que entender! – Pensei um pouco. – Eu nem sequer imaginava que você continuasse com esse cordão no pescoço! – Ele fez cara de bravo. – Desculpe, mas é a verdade, eu nem sequer sabia se um dia voltaria a te ver, e, se voltasse, como seria esse dia. Tenta ver assim. Para mim, no meu modo de pensar sobre você, aqueles dias em São Paulo seriam apenas lembranças, e, realmente, nós não podemos fingir que foi ontem ou que nos falamos todas as semanas desde então.
- Como é que eu ia falar com você? Você não tinha celular, e nem sequer me avisou que vinha pra cá! – Ele fez cara de bravo. – Isso teria ajudado bastante, eu nem teria...
- Ido viajar? – Interrompi-o. – Ah, qual é, ?! Eu sei muito bem, tanto quanto você, que isso não teria mudado nada...
- Me deixa terminar? – Pediu ele, erguendo a sobrancelha e eu assenti. – A questão é que se você tivesse me dito, talvez eu não precisasse ter te pego a força hoje.
- Talvez, mas a questão é justamente essa, , se eu tivesse dito, hoje eu seria apenas seu passado, talvez nossa amizade durasse apenas alguns dias.
- Como você pode falar isso? – Perguntou incrédulo.
- Não estou te julgando, , simplesmente acho que você não precisa se explicar comigo, e estou ficando realmente arrependida de ter te tratado mal, afinal, você é apenas um moço me fazendo um imenso favor.
- Moço? Favor? Desde quando você fala assim comigo, ? - Perguntou ele, falando um pouco mais alto, fazendo bater a perna na parte de trás do meu banco.
- Desde quando... Ah, , nem eu sei mais. - Encostei a cabeça no banco. - Talvez eu devesse mesmo ser mais gentil com você...
- Você é gentil! - Disse ele se deitando no banco também, colocando o rosto na altura do meu. – Só não consigo entender o porquê de você estar me tratando assim.
- Talvez... – Aproximei os lábios do ouvido dele. – Por medo.
Ele não respondeu, aposto que entendeu o que quis dizer, e o resto do caminho fomos ouvindo e no banco traseiro. Parecia que ele, o , estava falando coisas que para mim faziam mais sentido do que as que o havia me falado.
Percebi que havíamos chegado a Reading quando ele se espreguiçou no banco ao meu lado.
- Então... - Começou . – Aonde vocês moram?
- Vamos ao New Moon. As meninas estão lá, e aposto que ainda está aberto.
- Ao New Moon? O restaurante? - perguntou, curioso.
- É, - se intrometeu na conversa. - a trabalha lá.
- A ? – se espantou. – Cara, isso é sorte demais! Os meninos foram para lá!
- Já sabemos. - Comentei meio infeliz, agora tudo ia começar de novo e, finalmente, os quatro McGuys estariam na minha frente novamente.
- Já sabem? Mas como? - Perguntaram os dois juntos.
- e nos ligaram.
- Ah, okay. Então, motorista, segue para lá de novo.
Minutos depois viramos a esquina e deparamos com uma cena inesperada, a fachada do restaurante estava lotada de fãs ansiosas para verem os guys. Havia muitas meninas com cartazes, não pude me conter e quando vi:
- Olha aquela ali! – Apontei para uma menina com seus treze anos. – Com o cartaz “ casa comigo?”. – Falei essa última frase indignada. – Como que pode?
- Háhá! – Exclamou ele, feliz ao meu lado. – Está vendo, ?! Parece que tem gente mais bem informada que você, estão até pedindo para casar comigo, sinal de que estou mesmo sozinho! – Ele colocou a mão no queixo. – E, vendo bem, ela não é feia.
- Cala a boca, ! – Falei brava. – A menina não tem nem uns quinze anos.
- Qual é, ?! Ele está te zuando! – se meteu na conversa. – Até parece que ele iria querer ela.
- Ah, pensando bem, vocês dois talvez combinem, duas crianças. – Falei, colocando mais intensidade nessa última palavra.
- Isso tudo é o que, hein, ? – Perguntou ele ao meu lado, com a sobrancelha erguida. – Ciúme? – Ele parecia sentir que ainda exercia um imenso poder sobre mim.
- Ah, me poupe, . – Agora não tinha mais jeito, ele tinha percebido, e eu não sabia se estava com mais raiva ou com mais vergonha. – Não tem nada a ver. - Bufei.
- Ok, , agora, vocês dois aí... – se meteu na conversa para me salvar novamente. – Podem nos dizer como vamos entrar no restaurante?
- Ih, é verdade, nós, tudo bem, . Mas e eles?
- Nós... – se moveu um pouco para frente, a fim de ver através do vidro. – Vamos descer também, junto com vocês.
- O que? – Espantei-me e o encarei. – Mas o combinado não era só de vocês trazerem a gente aqui?!
- Eu não combinei nada! – falou e eu ouvi a dar um pedala nele. – Nem você, né, ?
- Ah, é... - Falou ele, sorrindo maroto. – Também não combinei nada.
- Beleza então, os dois esquecidinhos aí... – se meteu na conversa. – Como VOCÊS pretendem descer?
- A gente, ué, a gente entra por alguma outra entrada... – se inclinou. – E, ô, motorista, desce aí e entra lá e pergunta se tem como a gente entrar, afinal, nossa festa em London melou, e eu estou com fome! – Ele fez cara de cachorrinho que caiu do caminhão. – Estou em fase de crescimento.
- Cala a boca, ! - deu outro pedala nele. – Você tem na casa dos vinte anos de idade e está falando que precisa crescer?! – riu. – Ah, esqueci, é por que esse é seu sonho, né?
- Ah, cala a boca, ! – Agora, quem levou um pedala foi ela. – Nem é. Preciso comer, e parece que alguém conhece bem minha vida para saber até dos meus sonhos, né?! - Ele sorriu maroto, deixando-a corada.
- Ok, meninos... – O motorista falou, interrompendo o recomeço da discussão. – Vou lá ver como vocês entram.
Ele saiu do carro e nos deixou esperando por alguns segundinhos.
- Vocês podem entrar por uma entrada aqui dos fundos, ou... – Ele puxou um saco preto que agora segurava. – Se vestirem de cozinheiros. Peguei isso aqui, tem dois aventais e chapeis, acho que servem em vocês...
- Quero ir de avental! – falou batendo palma, parecia uma criança. – Quero ir disfarçado, adoro quando isso acontece.
- Own, que gracinha! – falou zoando ele. – Parecia uma criancinha! – Ela riu. - Que foi, ? – Perguntou ao ver a cara do menino.
- Você sempre me zoa. - Ele fez biquinho. – Assim não é justo, poxa.
- Ah... – se arrependeu. – Eu não estava zuando, parecia mesmo uma criancinha, foi fofo. – Ops, foi isso que ela falou para mim ao terminar de falar.
- Oba! Ganhei meu dia! – Ele se aproximou para beijar o rosto dela, mas ela se afastou. – Desculpe. – Pediu ele, sem graça.
- Tudo bem...
- Então coloquem logo esses aventais, né?! - Pedi impaciente, vendo aquela cena. – Vamos enquanto as meninas estão no outro lado.
pegou o outro avental com o motorista e colocou por cima da roupa, pegou os chapeis e deu um ao , que o colocou feliz na cabeça.
- Ok, então, acho que podemos ir, e, vocês duas... – nos indicou. – Não desgrudem de nós, afinal, está uma doideira aí fora e vocês podem ser reconhecidas.
- Reconhecidas? – Perguntamos eu e ao mesmo tempo, espantadas.
- Ih, dude, a gente não falou para elas. – falou. – Quando a gente voltou do Brasil, tinham fotos nossas... Vocês me entendem, com vocês, no show e depois no aeroporto.
- O que? – Perguntei espantada, aquilo nunca se passou na minha cabeça. – Fotos? Nossas com vocês?
- É, tinham umas cinco fotos. E de cada um separado. – completou. – A e o , o com a , você... - Ele apontou para a . – E o ... - Ele pausou, mas eu já sabia o que ele iria dizer. – E de nós dois.
Saímos do carro correndo para uma entrada escondida entre árvores, era muito escondida e nem eu havia percebido a presença dela ali, mesmo já indo inúmeras vezes no New Moon.
Conseguimos entrar em segurança, mas dentro estava um caos parecido com o do lado de fora. Seguranças nas janelas segurando as cortinas, o chefe da correndo de um lado para o outro com o Pierre nos calcanhares.
- Para onde a gente vai? – Perguntei no ouvido da assim que os meninos se distraíram um pouco. – A gente tem que evitar um estrago maior.
- ... – sussurrou. – Vamos para a cozinha, tenho certeza que as meninas estão lá, e eles... – Ela apontou para o e para o . – Nem vão perceber quando sumirmos, eles estão procurando os outros dois.
- Ok! – Murmurei. – Quando eu falar vai, a gente vai para a cozinha.
- Ok.
- Hey, vocês duas! – chamou. – Vamos procurar os meninos?
- Ahn... – Olhei para e depois me virei. – Vamos. Vamos por aqui! – Indiquei um caminho cheio de pessoas e tumultuado. – Eles devem estar na mesa 17, é a melhor.
- Ok, vamos.
Começamos a andar nos calcanhares deles, que estavam tão aturdidos com aquela movimentação que nem sequer perceberam quando eu e saímos por um cantinho, passamos pelo Pierre e fomos para a cozinha.
- ! – exclamou feliz ao me ver entrar pela porta. – ! Ai, amigas, que bom que vocês voltaram, a gente está desesperada.
- Desesperada? – Bonnie se virou. – Oi, meninas. Vocês sabem que a gosta de um drama mexicano! – Ela riu e nós também. – Aqui está bem tranqüilo, lá fora que está uma loucura e só por causa deles.
- Então eles ainda estão aqui? – perguntou. – Quero dizer, está tarde.
- É, eles estão aqui desde as nove. Mas logo que chegaram as fãs vieram, então, eles estão meio que ilhados aqui, mas... – se aproximou. – O que eu achei mais estranho é o fato deles não estarem nem aí. Estão comendo desde que chegaram, como se nada estivesse acontecendo.
- Ok, temos que falar uma coisa... – Comecei quando já estávamos num cantinho da cozinha vazio. – Viemos com eles.
- O que? – Perguntou . – Eles? Com quem? O e o estão aqui.
- Sabemos... – disse. – Mas o e o estavam em London, indo para uma festa, e viram a gente.
- Viram vocês? Como assim? – empertigou-se na cadeira.
Eu e contamos a história inteira desde o momento em que pegamos o táxi até cinco minutos atrás.
- Uau! – exclamou. – Ele se lembrou da sua risada?
- Parece que sim! – Respondeu , corando. – E o da , foi ele quem chamou.
- É, e depois trouxeram a gente para cá porque estávamos molhadas. - Respondi vagamente, meus pensamentos estavam do lado de fora daquela cozinha, imaginando no que eles estariam pensando quando descobrissem que não estávamos mais com eles. – Mas já estamos secas. – Respondi, finalmente. Ficamos ali por um tempo sem falar nada, cada uma parecia estar perdida nas próprias lembranças. - Passei na entrevista! – Falei por fim, aquela já não era mais a grande noticia do dia.
- Uau, ! – abriu um mega sorriso. - Você merecia, amiga. E... – Ela sorriu marota. – Agora só temos uma vaga no grupo.
- Hey! – se defendeu. – Eu não sou vaga! – Fez biquinho.
- A gente sabe, Tchu! – falou, abrindo um sorriso meigo. – E isso é só até segunda, se Deus quiser.
- E ele vai querer, Tchu! – Falei fazendo figa.

Não tenho para onde fugir...

Aquele assunto foi morrendo aos poucos e logo estávamos novamente submersas em pensamentos.
- Acho que vocês podem vir por aqui... – Falou Jhon, o chefe da , abrindo a porta e dando passagem para... Saímos correndo para debaixo de uma mesa enorme de fazer macarrão, senti meu joelho derrapar no chão e arder um pouco, pois minhas roupas ainda estavam um pouco úmidas.
Os McGuys estavam quase saindo quando alguém viu uma mecha de cabelo da .
- Vocês estão aqui?! – exclamou meio puto da vida, se abaixando na altura da mesa onde estávamos em baixo, espremidas as três. – O que vocês fazem aí em baixo? Se escondendo da gente? Valeu pelo perdido.
- Filho da mãe! – Exclamei baixinho, me levantando morta de vergonha. – Ah... – Comecei, sem graça, vendo a cara dos quatro. – Sabe como é, né...
- Espera aí! – falou passando por eles, olhei para e a vi suspirar fundo. – Você nem veio cumprimentar a gente, , e você também, ?! – Disse ele apontando para e, ao fazer isso, passou na frente da luz e viu o rosto da , que arrumava a roupa um pouco suja de farinha. – ? Você estava aqui? - Espantou-se ele.
- Oi?! – Começou a , tímida. – Ah, oi, ! Eu estava aqui com a ! – Ela se virou na direção da , que não estava mais lá. – ? Cadê você?
- Estou aqui! – Ela se ergueu de trás de uma prateleira cheia de mantimentos enlatados, com a cara rosada de tanta vergonha. – Estou aqui.
- ? – repetiu meio bobo. – Você? Mas, espera aí, o que vocês fazem aqui? ? – Ele estava de boca aberta, como ela podia continuar a ser tão linda, ou, se não, mais linda ainda do que ele se lembrava?
- Bem... – Comecei tímida. – A gente, estava, estava...
- Tentando se esconder da gente! – falou bravo, fazendo seu rosto adquirir um tom levemente rosado. – Valeu, , e vocês também. Que recepção, depois de quase quatro anos sem nos vermos, é assim que se recebe um amigo?
- Well, desculpem... – começou. – A gente nem pensou e daí viemos falar com as meninas assim que chegamos, desculpem! – Ela se dirigiu ao e ao . – Desculpem.
Eles se olharam com caras completamente sem interpretação, eu olhei para as meninas e as vi mais chocadas do que eu; uma cena confusa.
- Ok, e agora vocês podiam nos explicar por que ficaram aqui? Eu mereço um oi, né? – falou, bravo.
- Desculpa, ! – Fiz menção de andar na direção dele. – Como você está? – Dei um abraço nele. – Que saudades de você.
- Estou bem! – Respondeu ele, ainda me abraçando. – Mas, e você? - Ele me soltou e me encarou. – Como é que anda minha amiga brasileira, hein? Está tudo bem com vocês?
- Ah, está sim, , acho... – Pensei um pouco. – Que está tudo MUITO bem. - Sorri de lado para ele.
- E eu? – falou. – Menina do Cheetos! Cadê meu abraço? – Ele fez cara de pidão.
- Ah, ! – Me joguei em seus braços que se encontravam abertos. – Que saudade de você, ! – Sorri para ele. – Você está ótimo, sabia? Está lindão! – Sorri ainda mais.
- Own, obrigado, são seus olhos! – Disse ele, convencido.
- Convencido. – Dei de língua para ele.
- E você? – olhou para . – Não vai me dar um oi, não? – Fez carinha de cachorrinho sem dono.
- Ah, ... - Ela estava meio receosa. – Desculpe. - Se adiantou e o abraçou também. - Como você está? Que saudades de você.
- Estou bem! – Ele a afastou para poder avaliar o rosto da garota que estava parada na sua frente, suas feições, seu jeito, sua alegria no sorriso, continuavam iguais. – Eu também senti saudades de você.
- Ah, ... - Ela depositou um longo beijo na bochecha esquerda do garoto, fazendo-o corar um pouco. – Você continua gentil.
- E, você, ? – se referiu a menina que permanecia calada. – Não me dá nem um beijo? Nem um abraço no velho, ?
- Bem... – Ela fez charminho, antes de se aproximar e beijar de leve suas bochechas. - Como você está, ? Está bem? Parece que você não mudou muito. – Disse ela, sorrindo encabulada.
- Estou bem também! - Ele beijou as bochechas da menina e percebeu que ao toque de seus lábios elas esquentaram e adquiriram um tom rosado. – Eu nem acreditei quando te vi, ou melhor, quando vi vocês... – Ele apontou para nós. – Era bom demais para ser verdade. – Ele se aproximou do rosto da . – E eu mudei sim, e, segundo esses animais... – Indicou os guys e aproximou a boca perto do ouvido dela. – Estou melhor.
- Ahm... – Ela ficou bamba com a proximidade dele. – Que bom, .
Ficamos todos se encarando por alguns segundinhos, até:
- Então quer dizer que vocês já se conheciam? - Perguntou Jhon.
- Bem... – falou. – Digamos que sim, tivemos a sorte de conhecê-las em outros tempos.
- Uau, isso é bom, hein, ? – Jhon se aproximou e deu um tapinha no ombro dela. – Conhecer o McFLY, são poucas pessoas que podem dizer isso.
- É. - Concordou ela meigamente, encabulada.
- Então, vocês querem sair daqui ou não? - Jhon tornou a falar.
- Claro. – falava. – E vocês vão com a gente, né?
- Nós? – Perguntamos juntas.
- É, vocês... – falava, agora. – Não adianta fugir da gente de novo.
- Mas não estávamos fugindo. – Defendi-me. – A deixou cair um anel. – Falei com a cara mais lavada desse mundo.
- Anel? – perguntou. – Ahm? – Ela me olhou, e a encarei, como podia ser tão lenta assim? – Ah, é, meu anel. – Terminou ela com um sorrisinho falso.
- Sabemos. – disse.
- Bem, então, vamos indo. – falou. – Cabe todo mundo na van, né?
- Cabe sim! – falou. – Tem lugar de sobra, e a gente está com o carro do aí, também.
- É, pode ir alguém no meu carro. Eu não ligo! – falou desligado, era o que menos parecia estar gostando da presença da , que até agora foi a que menos falava, estava roxa de vergonha e estava quieto também. - Quem vai com quem?
- Eu vou com a , com a e com você, pode ser ? – falou.
- Pode. – Ele nos encarou. – Vamos?
- E nós? – perguntou.
- Vocês vão com a gente, na nossa van. – falou. – Você e a vem comigo e com o . – Ele sorriu maroto, corou.
- Ok! - Respondi.
Para sairmos deu muito trabalho, havia muitas fãs na saída dos fundos e, para disfarçar, eu e as meninas saímos primeiro, seguindo cada duas para um carro diferente.
- Conversamos em casa, sem falta, assim que chegarmos, ok? – Falei, enquanto saíamos, quase num sussurro. – Temos muito para falarmos.
- Ok, e, gente... – estava nervosa. – Estou apavorada, eles conseguiram nos separar.
- Calma, . - segurou a mão dela. – Eu vou com você e vou ficar do seu lado.
- Ok. - Respondeu . – E o ? Por que está assim?
- Não sei... – Respondi. – Vamos, o carro dele é esse aqui. - Abri a porta. - Vem logo, .
Demos um tchauzinho para e para e entramos no carro azul metálico do , e um minuto depois ele e o estavam entrando no carro. Senti um movimento do lado de fora e vi algumas fãs empurrando o carro.
- Meu Deus! – Exclamei chocada. – Que doideira.
- É sempre assim? – perguntou.
- É! – se virou para nos olhar. – As vezes até pior.
- Vamos sair logo daqui, né? – falou, colocando o cinto de segurança do passageiro.
- Vamos! – Concordamos as duas juntas.
O carro começou a se movimentar.
- Para onde vamos? – perguntou quando mudava de marcha na saída do restaurante. – Aonde vocês moram?
- No campus da Jordan. – Eles fizeram cara de desentendidos. – Da faculdade Jordan.
- Uau, vocês estudam lá? – respondeu. – Então quer dizer que vocês são inteligentes. Não conheço ninguém que já tenha estudado na Jordan, só o tio da... – Ele, percebendo a mancada que tinha dado, tinha que terminar de qualquer jeito. – .
- ? – Perguntei passando a mão no cabelo para arrumá-lo.
- É. – Ele respondeu. - Ela mesma.
- Quer dizer que você está com ela de novo? – perguntou tímida, com um fiozinho de voz.
- É, a gente voltou. – Ele respondeu tímido, era um assunto meio constrangedor, afinal, ele e a tinham ficado muito próximos naqueles dias no Brasil.
- Legal! – Comentou ela, sorrindo e apoiando a cabeça no vidro do carro.
No outro carro...
Um silêncio constrangedor reinava entre e . e estavam no banco de trás conversando sobre o que havia se passado nesses quase quatro anos. E pareciam estar se entendendo bem.
- Bem... – começou tímido, mexendo no cabelo com os dedos. – Então, , como você está?
- Ah, estou bem, , estou feliz aqui. – Ela sorriu e percebeu que o rosto do garoto corou um pouco, aquilo a deixou feliz. – É bem legal morar aqui.
- É. Bem, eu não sei como é morar em outro lugar, mas é legal aqui, sim! – Respondeu tímido em relação ao olhar penetrante que a garota agora lançava em sua direção. – Você trabalha no New Moon, né? Adorei a comida daqui! – Ele passou a mão na barriga e ela não pode conter o riso. – Foi você quem fez?
- Bem, na verdade eu só ajudei a preparar, porque eu sou ajudante, na verdade... – Ela decidiu que era melhor falar. – Quem cozinha é o Pierre, meu namorado.
- Bom, então fala para ele... – Ele parou de repente de falar e percebeu a importância das palavras da menina. – Namorado? Você namora?
- Ahn... – Ela se enrolou um pouco, estava nervosa e suava um pouco. – Sim, e ele é o cozinheiro chefe.
- Quantos anos ele tem? – Perguntou ele, sem cerimônias, afinal, estava chocado e curioso.
- Tem vinte e seis. E é francês. – Respondeu ela, com um sorriso pouco convincente, um pouco incomodado.
- Francês? – estava chocadíssimo. – Você e um francês, ? Sempre achei que fosse te ver, bem... – Ele olhou-a e não viu expressão de aprovação nas expressões da garota. – Deixa para lá.
- É, ...

- Falta muito? – perguntou, impaciente.
- Não, , não se preocupe, logo, logo você estará a caminho de London, a caminho de uma mega festa. - Disse me virando um pouco no banco do carro e cochichando no ouvido da . – A gente não devia ter vindo com eles.
- Hey! – exclamou alto. – Eu ouvi isso! E se a donzela aqui... – Ele apontou para o . – Está com pressa, que fosse embora sozinho. Eu vou deixar minhas amigas em casa.
- Mas eu não disse isso! – estava confuso. – Eu só perguntei, eu jamais trocaria vocês... – Ele se virou e apontou para mim e para a . – Por uma mega festa. E outra, ... – Ele se virou para frente novamente. – Fica quieto e dirige.
Depois disso fomos calados, eu estava mais confusa do que tudo e não ousava cochichar nada para a , com medo deles ouvirem, por fim, eu e ela nos falávamos por olhares, que, por sinal, ficavam cada vez mais assustados. Chegamos ao campus da Jordan quando o relógio marcava uma hora da manhã. A van que trazia os outros parou junto com o nosso carro, e minutos depois estávamos os oito na porta do prédio.
- Estão entregues! – disse sorrindo. – Que belo prédio esse de vocês.
- Ah, obrigada, , você foi realmente um amor! - Disse sorrindo. – E, quanto ao nosso prédio, é por isso que dizemos que somos apaixonadas por England, isso aqui é a coisa mais linda desse mundo.
- Realmente... – entrou na conversa. – Um prédio lindo.
- Ah, qual é, ?! – sorria malevolamente. – Quem vê pensa que você entende de construção.
- E, você, ? Entende o quê? – perguntou, defendendo . – Pára de zuar o ! - Ele abraçou , eu e as meninas rimos.
- Háhá! – falou enquanto eu e as meninas estávamos rindo descaradamente. - Vai zuando, .
- Brincadeira, amor! – apertou as bochechas do , e foi aí que e riram também.
- Bem... – Comecei depois de algum tempinho. – Vocês querem entrar? – Aquilo era a pergunta mais contra os meus princípios que eu fiz na minha vida, eu estava chamando eles, os clones do Bart Simpson para entrarem no nosso apartamento. - Sei lá...
- Está tarde para vocês voltarem, não está? – Perguntou , ingenuamente.
- Estamos acostumados a pegar estrada tarde da noite, meninas. – falou. – Mas, por outro lado, estamos com dois carros, e um é meu, e, sinceramente, eu acho meio perigoso dirigir sozinho a esse horário.
- Bem, se vocês quiserem... – Comecei enrolando. – Sei lá, nosso apartamento é pequeno, mas...
- Sempre cabe mais quatro? – perguntou sorrindo meigamente para mim, e isso me fez ir a lua e voltar em menos de um segundo.
- Isso. Sempre cabe. - Falei sorrindo.
- Então, quem topa ficar? – perguntou e os meninos ergueram as mãos. – Então fechou.
- Isso, vamos entrar. - Falei dando passagem para os outros entrarem no prédio. Todos nos apertamos no elevador e subimos para o terceiro andar. Era um prédio nas terras da Jordan, mas não era ligado com a instituição, era mais parecido como um residencial do Brasil. Chegamos ao nosso andar e a abriu a porta do apartamento 17.
- Uau! – exclamou. – Isso aqui é pequeno?
Todos entraram e falaram a mesma coisa. Embora só tivesse quatro quartos e um era completamente cheio de tralhas, nosso apartamento tinha uma sala de estar grande, que era ligada a cozinha. Na nossa sala cabiam três colchões de casal no chão sempre que fazíamos festa do pijama.
- Bem, essa é nossa humilde moradia! – Falei indicando o sofá para eles se sentarem.
- Humilde? – estava espantado com os detalhes, e com as paredes, cada uma colorida de uma maneira, uma com a cara de cada menina. – Se isso é humilde, isso porque nunca foram a minha casa.
- Que isso, está uma bagunça, afinal, hoje é sexta e a faxineira só vem de terça. – falou sentando num pufe laranja no chão.
- Pelo menos aqui tem faxina, minha casa não vê faxina há uns dois meses! – falou, arrancando gargalhadas de todos.
- Bem, acho que está tarde, é melhor vermos um jeito de vocês dormirem. – falou.
- É, vamos fazer assim. Temos cinco colchões, e três são de casal. Então, nós ficamos com dois de casal e vocês, podem ficar com os dois de solteiro e um de casal, ok? – Falei.
- Pode ser, sim. – agradeceu. – Tudo para não pegar pista sozinho nesse horário.
- Ah, , está com medinho, é? – caçoou.
- Não é medo, seu idiota! – defendeu-se. – É precaução.
- Sei. - disse rindo feito bobo.
- Alguém me ajuda a pegar os colchões lá em cima, então? – falou e de pronto se ofereceu. - Ok, vem comigo, .
- Ok! – Ele sorriu maroto, mas ignorou o sorriso do menino.
- Acho que vou trocar de roupa, afinal, está um pouco úmida ainda e não está muito limpa. - Falei.
- Bem... – começou dizendo. – , aonde fica o banheiro?
- Ah, meu Deus! - Bati a mão na testa. – Que cabeça a minha, estava me esquecendo, vocês querem tomar banho?
- Bem, sim! – concordou timidamente. – Depois dos shows ficamos suados e um banhinho cairia bem.
- Ok, vou pegar toalhas para vocês, um minuto.
Me levantei e subi as escadas do apartamento. Entrei no meu quarto e tirei todas as toalhas brancas que vi na minha frente, depois fui ao meu banheiro e da e vi se estava ok, fui para o da e da e estava tudo certinho. Desci as escadas com as toalhas nas mãos e encontrei os colchões jogados no chão e os pufes encostados na minha parede.
- Estão aqui! - Disse me aconchegando ao aglomerado de pessoas na minha sala. – Temos dois banheiros. Decidam quem vai primeiro.
- Eu vou! – disse enquanto virava-se para o . – E eu durmo com você, porque tenho certeza que não vai sobrar colchão de solteiro para mim! – Ele fez cara de coitadinho.
- Claro, meu amor! – dramatizou. – A gente dorme junto, gatinho.
Todas rimos e percebi ficando mais a vontade com nossos risos.
Ele e pegaram suas toalhas e foram para os banheiros, para o meu e o para o outro. Ouvi alguém me chamando no andar de cima e fui ver quem era.

- Fala, . – Disse entrando no quarto e me deparando com ele apenas enrolado na toalha, quase morri.
- , tem problema se eu ficar de boxer? É porque eu não tenho mais roupas e dormir de jeans é horrível. - Pediu ele com carinha de coitadinho, fazendo biquinho.
- Ah, ahn... – Fiquei aturdida com aquela visão que estava até meio boba. – Pode sim, , não tem problema não. – Terminei a frase com um sorrisinho tímido.
- Obrigado! – Ele se aproximou e beijou meu rosto, senti um arrepio percorrer todo meu corpo, o toque de seus lábios na minha pela era incrível. – Você continua sendo um amor. - Ele sorriu e voltou para o banheiro.
Minutos depois de terminarmos de colocar lençóis nos colchões, o desceu as escadas, com o cabelo molhado, bagunçado na toalha, com a camisa aberta e apenas de boxer. Quando o vi, quase morri, ainda estava aturdida com seu beijo na minha face.
- Mas como você é folgado, ! – gritou ao vê-lo de boxers. – Você não está na sua casa, sabia?
- Eu sei, , seu retardado! - Ele riu na minha direção. – Acontece que eu pedi para uma das donas dessa casa, e essa dona deixou, porque dormir de jeans é desconfortável, mas já que você não gostou, pode dormir de jeans. Eu acho até melhor, assim nos poupa de ver algo estranho. – Ele ria ainda mais, mostrando aquele sorriso meigo, de menino feliz que ele tinha.
- Opa, então demorou! – falava feliz. – Dormir de jeans não dá mesmo. E... – Ele se virou para mim e as meninas fizeram o mesmo. – Valeu, .
- Fazer o que? – Perguntei, me virando para as meninas que apenas concordaram com a cabeça. – Deixem eles, só não fiquem andando por aí assim, fiquem a vontade só na hora de dormir, ok?
- Ok! – disse, colocando imediatamente a calça e sorrindo maroto para os outros meninos.
- Bem, só falta a gente, ! – disse. – Vamos tomar banho, baby? - Ele fazia uma cara engraçada, era um verdadeiro palhaço.
- Sai fora, ! – falou. – Meu negócio é com o aqui! – Ele abraçava o que ria feito doido.
- Bando de bicha! – falou, deitando-se num colchão de solteiro no canto da parede.
- Olha quem fala! - se virou. – Isso é ciúme, zinho? Você sabe que eu te amo, Tchu!
- Ok! – tentava não rir. – Então vão logo tomar banho porque eu quero dormir logo.
Depois disso, eu e a fomos para a cozinha, onde esquentamos um pouco de leite e pegamos o bolo de chocolate na geladeira. Fomos para a sala e os dois meninos já haviam descido do banho.
- Bom, gente, podem comer! – Disse indicando o bolo. – Foi a que fez, e, enquanto isso, eu vou tomar um banho, estou imunda e estou precisada de um banhinho.
- Isso mesmo, ! - se levantou. – Estou com você, depois daquele banho de água, precisamos de um chuveiro quentinho.
Seguimos pela escada e fomos para o nosso quarto.
- ... - chamou. – O que a gente está fazendo?
- Não sei! – Disse pegando um pijama na gaveta. – Mas não é nada demais, estamos só ajudando amigos, só isso.
- Amigos? , você sabe tão bem quanto eu que eles não são só amigos.
- Sei, mas prefiro não pensar nisso. – Disse me virando e encarando-a. – Eles merecem nossa ajuda, trouxeram a gente aqui, não passamos frio, e, ainda por cima, são gentis com a gente, mesmo depois de terem nos visto debaixo de uma mesa, escondidas.
- É verdade! – Ela riu. - Que vergonha! Nossa! Eu não sabia aonde enfiar minha cara quando eles apareceram e nos viram.
- Nem eu, por isso, vamos deixar tudo como está, afinal, é só por hoje, depois tudo vai voltar ao normal.
- Isso aí.
Depois disso fui para o banho, e, quando desci, todos estavam se deliciando com o bolo.
- Mas isso é muito bom mesmo, ! – falava, comendo o bolo feliz da vida. - Está ótimo!
- Valeu, . – Respondeu ela timidamente.
- E você, ? Que cara é essa, Tchu? – perguntou.
- Sono! - Respondi aérea. – Estava tão nervosa ontem que não dormi direito e meus olhos estão pesados, só isso.
- Ah... – falou. – Falando nisso, acho que devemos dar os parabéns para a nova jornalista do London Dialy, não?!
Todos se viraram na minha direção e começaram a bater palmas, de imediato, corei. - Ah, gente! – Comecei rindo, morta de vergonha. – Parem com isso, por favor! – E mirando pelo canto do olho, lancei nele uma almofada.
- Ai! – Exclamou ele.
- Só porque foi você quem começou! – Expliquei rindo da cara dele, que, em seguida, riu também.
Ficamos ali por mais um tempo, conversando sobre o show deles, eu falando de como havia gostado do novo CD, e da turnê deles, de como a banda tinha evoluído e tal.
- Bem, acho melhor dormirmos, então, né?! – disse, espreguiçando-se.
- Isso! - se levantou. – Vamos, meninas?
- Vamos! – Respondi me levantando também e ajudando a a se levantar do pufe.
- Bem, boa noite, então! – disse. – E obrigado por deixarem a gente ficar aqui.
- Que isso! - Disse feliz. – Vocês são nossos amigos, não é nada demais, boa noite.
- Boa noite, meninas! - disse feliz, se levantando do sofá e indo para o colchão, passando por mim e dando um beijo em meu rosto. – Boa noite.
- Boa noite, . – Disse, por fim, subindo as escadas, indo ao encontro das meninas.
Todas, de imediato, fomos para o meu quarto e, ao passar, fechei a porta.
- Reunião, agora! – exclamou sentando na sua cama. – O que está havendo, meninas?
- Não sei! – começou. – Mas acho que fizemos o certo.
- Também acho! – falou. – Embora eu não me sinta bem.
- Eu também não, mas íamos fazer o que? Deixarmos eles irem embora sozinhos? E o ? Como ia?
- É verdade! – comentou abrindo uma gaveta e pegando um pijama. – Os deixem aqui, por hoje, amanhã acaba isso e tudo volta ao normal.
- Espero. - Disse me deitando no colchão ao lado da . – Vamos dormir, está tarde.
- É, boa noite, Tchus! – mandou beijinhos para todas. – Durmam com Deus!
- E com os anjinhos! – Disse fechando os olhos e me cobrindo.

Eu posso ver um novo dia que esta cheio de novos erros...

Aquela noite foi inquieta, porém, de tão cansada que eu estava, acabei dormindo como uma pedra e só fui acordar quando me chamava para tomar café.
- Anda, , já fiz o café da manhã e eles já acordaram, só estamos esperando você.
- Ahn... - Abri os olhos lentamente e vi a luz do sol invadindo o ambiente. – Que? Que horas são?
- São quase nove horas. Anda, vamos tomar café.
- Ok! – Disse me levantando e arrumando o cabelo com as mãos. – Só vou ao banheiro.
- Ok, vai ao meu, a está no de vocês.
- Ok.
Me levantei, troquei de roupa e fui até o banheiro das meninas. Peguei minha escova de dentes, minha escova de cabelos e me arrumei. Prendi o cabelo num rabo de cavalo frouxo, mas nem liguei, os fios soltos não incomodavam. Lavei o rosto e, quando estava saindo do banheiro, ao fechar a porta, ouvi uma voz.
- Bom dia, ! – dizia andando em minha direção. – Dormiu bem?
- Ah, bom dia, ! – Disse, me encaminhando na direção dele. – Dormi muito bem, sim! – Disse me espreguiçando, não pude deixar de notar a expressão de alegria no rosto dele. – Estava precisada de um soninho.
- Que bom! – Ele se aproximou e beijou meu rosto. – Ótimo dia, então. - Olhei para ele meio aturdida e retribuí o beijo em seu rosto, senti meus lábios esquentarem ao se aproximar de sua pele. Fui me afastando devagar. – Hey... - Ele segurou meu braço. – Por que faz isso?
- Isso? Fiz o que, ? – Perguntei, não entendendo nada.
- Você sabe... – Ele segurou mais forte meu braço e aproximou os lábios do meu ouvido, fazendo com que eu me arrepiasse. – Assim eu fico com medo do que posso sentir novamente.
Olhei para ele e não consegui entender nada, sentir novamente? Ele, o , com medo? Que história maluca era essa?
- ... – Pedi com a voz fraca, ainda aturdida em pensamentos. – Me solta! – Desvencilhei meu braço daquelas mãos. – Não fica bem, vamos descer, estão esperando.
- Ok. - Ele disse, meio bobo com minha reação, percebeu que eu balancei. – Vamos, convencida! - Ele sorriu maroto.
- Falou, Mr ! – E dei um pedala nele.
Descemos as escadas e todos já estavam na sala.
- Demorou, hein, madame?! – exclamou ao me ver.
- Ah, qual é, ?! Não está vendo que ela estava fazendo coisa melhor, não?! - disse do nada e pude perceber minhas bochechas esquentarem um pouco.
- Ah, cala a boca e come logo, ! – deu um pedala nele e sorriu marota em minha direção.
- E, para informar, eu não estava fazendo nada, não. – Falei me sentando entre e .
- Não, porque eu não quis. – disse enfiando um pão na boca.
- Ah! – Exclamei indignada, e bati no braço dele que apenas se virou e sorriu.
Depois daquela cena, o clima descontraiu um pouco.
- Então... - disse ao terminar o café. – Vamos que horas?
- Como assim, ? – Perguntei. – Vocês ficam para o almoço, hoje é sábado e é dia da cozinhar. – Terminei, feliz.
- Comida da ? – perguntou. – Estou dentro, se vocês quiserem ir, podem ir, eu vou ficar.
- Nossa, ! - se virou para ele. – Vai ficar só para comer?
- Não! – Ele sorriu meigamente. – Vou ficar só porque é você quem vai cozinhar.
- Own, que lindo, amor, assim eu até fico com ciúme! – falou, arrancando gargalhadas de todos.
- Sai pra lá, . - disse rindo feito bobo.
- Eu quero ficar também. – falou.
- Eu também! – disse e se virou para o . – E você, , fica também, já que a gente está aqui, ficamos para o almoço, ué.
- Ok, então, mas eu quero ajudar. - Pediu com os olhinhos brilhando.
- Que ótimo! – falou feliz. – Ajuda é sempre bem vinda. – Ela sorriu e o quase babou na toalha da cozinha.
- Ok, então acho que agora podemos arrumar aquelas coisas da sala, né? – falou.
- Vamos, eu ajudo você, . – falou e se levantou, puxando a mão da menina que o seguiu apreensiva.
Na sala...
- , me ajuda a pegar esse colchão, primeiro? – Ela apontava para o colchão de casal.
- Claro, amor, ajudo sim. – Ele sorriu e ela tremeu. Ela resolveu ignorar a palavra do menino e subiu as escadas como se nada tivesse acontecido. Chegaram ao quarto delas e colocaram o colchão na cama dela. - Esse aqui é seu quarto? – Ele perguntou, sentando-se na cama.
- É sim, eu e a dormimos aqui. - Ela foi em direção ao banheiro. – Você espera eu prender meu cabelo?
- Claro, eu espero para sempre, se você quiser! – Disse ele sorrindo na direção dela, que agora abria a porta do armarinho do banheiro.
- Pronto! – Disse ela, segundos depois, saindo do banheiro. – ! – Exclamou ao vê-lo deitado na sua cama. – Levanta, seu vaga. – Terminou rindo.
- Ah, qual é, ?! Estou só aprovando seu colchão! – Disse sorrindo e ela tremeu novamente.
- Mas você dormiu nele. - Disse ela com a mão na cintura.
- Mas... – Ele se levantou ligeiro e a puxou na cama junto com ele, ela caiu ao seu lado. –... Não com você.
- ! – Ela exclamou ainda boba. – O quê é que você quer?
- O que eu quero? – Ele fez cara de pensador. – Eu quero falar com você, explicar tudo de verdade.
- Explicar o quê? – Ela se fez de desentendida. – Você não me deve explicações, .
- Devo sim! - Ele se aconchegou no corpo dela, agora eles estavam muito próximos, deitados de barriga para cima, conversando. – Sinceramente, aqueles dias no Brasil foram os melhores da minha vida, e tudo isso por sua causa. – Ele se virou e encarou a menina, que estava vermelha com a situação. – Desculpe por ter ligado apenas algumas vezes e por aquele dia que eu liguei e depois desliguei correndo, eu estava mal aquele dia, tinha sonhado com você, e, por erro meu, só meu, ter deixado a menina da minha vida passar...
- Ah, ... - Ela começou, não esperava por aquilo, jamais pensou no que diria se ele lhe dissesse algo assim, afinal, ela tinha raiva dele. Raiva? Já não existia mais. - Eu nem sei o que te dizer...
- Então diz que me desculpa! – Ele a interrompeu. – Eu preciso saber que, pelo menos, você não me odeia...
- Eu não te odeio! – Ela o interrompeu. – Mas não dá para fingir...
- Então você me odeia mesmo...
- Eu já disse que não te odeio, , mas é complicado fingir que...
- Não precisa mais falar, você me odeia e não quer falar para não me magoar, tudo bem, , mas eu quero que você saiba que desde que ouvi tua risada novamente...
- Eu não te odeio, eu te amo, . – Ela disse escondendo a cabeça no peito do menino, que nesse instante abriu um imenso sorriso. Pegou o queixo dela e a olhou profundamente, depois disso, selou aquele momento com um beijo apaixonado. Ela sentiu suas entranhas pegarem fogo, era muito boa aquela sensação. Porém ele era , ele era o clone do Bart Simpson. Ela não podia, ela não podia... Mas não queria quebrar o beijo, estava bom, estava apaixonado, ela estava com ele, abraçada, deitada na cama, o seu amor, o seu verdadeiro amor, e depois de tanto tempo, ela merecia aquele beijo... Por fim, ele quebrou o beijo para respirar um pouco e continuou deitado.
- Se eu te dissesse uma coisa, você acreditaria? – Disse ele segurando a mão da menina que sorria abobalhada.
- Fala, não custa nada tentar! – Ela sorriu para ele.
- Você acredita em reamor?
- Reamor? – Espantou-se ela.
- É! - Disse ele a encarando e passando a mão de leve nos cabelos escuros da menina. – Reamor, é quando a gente se apaixona pela mesma pessoa, depois de um tempo.
- Bem... - Ela começou, tímida. – Até agora eu não sabia que esse era o nome para isso, mas... – Ela parou para pensar um pouco, dizer isso era completamente contra seus princípios. – Acredito sim, pode ser que isso aconteça de verdade com as pessoas.
- Sabe por quê? – Ele se aproximou e falou no ouvido dela. – Porque você me fez reviver o amor que sentia por você há quatro anos.
- ... - Ela começou, tímida, estava vermelha. – Nós passamos só dois dias juntos...
- Mas eu já disse. – Ele a interrompeu. – Esses dois dias foram os melhores da minha vida! – Ele se aproximou novamente e disse, escondendo o rosto. – Eu falei de você para a minha mãe.
- O que? – Ela se espantou e levantou, ficando sentada na cama. - Você falou o quê?
- Falei de você, falei quem você era, falei das suas qualidades, falei como você era importante para mim, mas falei também que não queria criar algo impossível, afinal, você era do Brasil e eu daqui.
- Então, quer dizer... – Ela parou para pensar. – Que se eu tivesse dito...
- Isso, se você tivesse dito para mim que vinha para cá...
- Nós poderíamos...
- Ter ficado juntos até hoje, e, talvez, para sempre. – Terminou ele, analisando a cara de espanto dela. Ela nada disse, mas não pode conter as lágrimas quando realmente percebeu o que havia feito, ter desperdiçado quase quatro anos de sua vida, xingando ele, desejando jamais ter conhecido ele... Aquilo era demais. – Hey! – Ele falou, passando a mão no rosto da menina. – Não chora, não. Eu não falei isso para te ver chorando...
- Eu... Eu... – Ela gaguejava. – Não... Sei o que... Dizer... Então... A culpa foi... Minha... – Disse ela em um soluço alto.
- Não, não, ! – Ele passava a mão pelos cabelos dela. – Não é isso, não é culpa sua... - Ele soluçou também, aquela menina chorando era de partir o coração. - Eu quem devia ter ligado, a gente podia ter conversado, mas, por favor, não chora.
- ... – Ela disse agarrando forte o peito do menino em um abraço. – Por favor, me desculpa? – Ela pediu com os olhos vermelhos, por onde ainda saiam lágrimas.
- Desculpar o que, amor?! Eu gosto de você e esses anos foram horríveis, eu juro que o que eu falei agora sobre reamor foi verdade! - Ele afastou o rosto da menina de seu peito e a encarou. – Eu juro.
Mal pode terminar de dizer isso quando sentiu os lábios quentes e molhados de lágrimas dela encostando aos seus. Aquele foi o beijo mais apaixonado que os dois receberam e provaram na vida. Em suas memórias, aquele beijo permaneceria para sempre.

No resto da casa...
- Gente, cadê aqueles dois? – Perguntei quando fomos para a sala e vimos que a maioria dos colchões ainda estavam ali. – Eles saíram da cozinha há quase meia hora.
- ... - começou. – Acho que só você não percebeu que o queria falar com a , sozinhos...
- Ahm? – Olhei para os outros que concordaram com as cabeças, até as meninas. – Bem, então... – Estava com vergonha. – Vamos levar esses colchões lá para cima.
- Ok! - falou. – Eu pego o meu e a o dela, enquanto isso... – Ela apontou para mim e para os meninos. –... Vocês arrumam a sala, ok?
- Ok! – Respondemos.
Demorou pouco tempo para arrumarmos a sala e logo estávamos todos sentados em pufes ou no sofá. Assuntos foram surgindo, risadas eram cada vez mais altas, e as coisas que os meninos falavam, os tornavam cada vez mais o McFLY que eu me lembrava, tontos, bobocas, mas encantadores, e o , ah, o , toda vez que ria virava para mim, aquele sorriso me balançava cada vez mais.
- Oi gente! – disse, descendo as escadas com as mãos levemente entrelaçadas com a do . – Está bom o assunto aqui, hein?! Do meu quarto eu estava ouvindo sua risada, .
- Ah... – Corei. – Nem sou só eu que estou rindo! - Olhei para o e vi ele me zuando. – Você também, , estava rindo igual bobo das coisas que o falou.
- Ah... – Ele me encarou sorrindo. – Agora jogou a culpa para cima de mim, convecida?
- Háhá! – Comecei a rir, e recebi uma almofada na cabeça vinda do .
- Hey! – Ele disse rindo por causa da almofadada que me deu. – Eu falo coisas alegres, estão vendo? Não sou o mais retardado.
- Cala a boca, ! – ria. – A gente só ri das coisas que você fala porque você é retardado.
- Háhá! – riu. – Essa foi boa, ! - Ela sorriu e o menino não pôde deixar de sorrir também, afinal, ela era linda, meiga e ainda o achava engraçado. – Olha a cara do .
Todos nos viramos e vimos um rindo abafado, um pouco bravo.
- Ah, coitadinho, gente! – se aproximou e beijou o rosto do garoto, inesperadamente. – Todo mundo zoa você, né, ? Junte-se ao clube, honey, porque nessa casa, eu sou a mais zoada. - Ela terminou, sorrindo.
- Bem... – Ele estava bobo com o beijo da menina em sua face. – Se for assim, estou no clube também, porque esses bichas aqui só me zoam.
- Bicha é você, dude! - falou. – Eu não sou, não! – Ele puxou a para perto dele, que agora se sentava num pufe.
- Ok, já entendi, ! – disse bravinho. – Já entendi o recado.
- Bem... – tentou mudar de assunto. – Acho que vou dar uma olhadinha na cozinha para ver se temos tudo que eu preciso para fazer o almoço. – E se levantou. observou a menina se levantar e por pouco não a seguiu, pela expressão no rosto do garoto, ele queria falar com ela ali, naquele exato momento, e cada segundo se perdia, pois logo eles estariam indo embora, mas... “Ela tem namorado!”. Disse ele a si mesmo. – Gente... – Disse ela voltando da cozinha minutos depois e interrompendo uma pequena briga entre e , discutindo sobre uma música dos Beatles. – Acho que precisamos ir ao mercado, preciso de umas coisinhas para fazer minha receita.
- Que receita, Tchu? – Perguntei.
- Nossa feijoada, ué. – Ela respondeu sorrindo.
- Ah! – e gritaram ao mesmo tempo.
- Quanto tempo que a gente não faz, amiga! – completou.
- É verdade, ai... - Parei e fiz uma cara engraçada. - Mal posso esperar para sentir aquele gostinho na boca.
- Ah, é verdade, como é boa...
- Hey! – Os meninos chamaram juntos, fazendo nós nos assustarmos um pouco.
- Que é que é fei... Feijoa, o que? – perguntou. Não pude deixar de rir, e as meninas também.
- Desculpem, nós nos empolgamos... – Respondi ainda rindo. – É feijoada.
- Feijoada? – repetiu. – E o que é isso?
- Bem... - começou. – Vocês conhecem feijão, né? – Eles assentiram. – Então, feijoada é um prato brasileiro feito com feijão preto. - Ela parou e pensou em como explicar. – Mas não é só feijão, na NOSSA feijoada. – Ela frisou a palavra. – Não vai carne de porco, vai calabresa, carne seca, e uns ingredientes secretos, é divino! – Terminou ela com os olhinhos brilhando.
- Então eu quero comer, sim! – falou sorrindo. – Tudo que vem do Brasil é bom, e, se é receita de vocês, deve ser melhor ainda.
- Bem, modéstia a parte... – sorriu. – É uma das nossas melhores receitas, né, Tchu’s?
- É sim! - Respondemos.
- Bem, então quem vai ao mercado? Eu tenho que ficar aqui para cozinhar o feijão.
- Eu fico para te ajudar, , posso? - perguntou tímido.
- Claro, pode sim, .
- Então, vamos nós no mercado de novo, ? – se dirigia a mim.
- Só vou se eu puder trazer um Cheetos. – Falei rindo e lembrando o passado.
- Claro, como nos velhos tempos. – Ele se levantou e me deu a mão para levantar também.
- Ok, então, e a gente? – disse meio tímido. – O que a gente vai fazer?
- Bem... – falou. – Hoje eu acordei com vontade de jogar vídeo game. Que tal uma jogada?
- Uau! – estava espantado. – Você gosta de vídeo game?
- Bem... – Ela disse tímida. – A gente sempre jogou, né, meninas? – Todas nós assentimos. – E quando a gente veio para cá, a única coisa que nós fazíamos nos finais de semana eram partidas intermináveis no vídeo game.
- Nossa... Vocês são mesmo malucas! – disse sorrindo e recebeu um pedala da . – Malucas como a gente, maluco por vídeo game. – Ele disse fazendo biquinho e recebendo um beijo dela.
- Ok... – Disse sem graça ao ver aquela cena. - Que coisa mais meiga, mas, enfim, mãos a obra, então, vamos, ?
- Vamos.
- Ok, vou pegar as chaves do meu carro.

Acho que estou sonhando de novo...

Minutos depois estava saindo da garagem no meu, novo, mas não zero, carro mini.
- Você está muito bem, sabia? – Disse ele assim que começamos a andar.
- Como assim? – Perguntei, ligando o rádio estava tocando I will be, da Avril Lavigne. [n/a: a letra dessa música é linda, ouçam!]
- Eu não posso te imaginar melhor... - Disse ele sorrindo sincero. – Está em um ótimo emprego, já tem carro próprio, fazendo o que sempre quis. É legal isso.
- Ah, entendi! – Disse sorrindo enquanto fazia uma curva para a direita. – Bem, é, não posso mesmo reclamar da minha vida em quase nada. – Quase? Ah, ele tem que entender esse quase...
- É, mas você está muito bem, eu fiquei tão feliz quando te vi, e, agora, vendo como sua vida está, nossa, quanto tempo se passou, hein?! E eu ainda me lembro daqueles dias. Incrível, né?
- Não sei, eu não sou incrível e ainda me lembro daqueles dias também! – Disse rindo, alegre. – Parece que no fim nem mudamos tanto.
- É, mas você está bem melhor. – Disse ele, com firmeza.
- Como assim? – Perguntei distraída.
- Bem, você, ah, , você está mais feliz, dá para ver no seu rosto, o quanto você gosta daqui, o quanto batalhou para isso.
- Bem, isso é verdade, só de estar aqui, ah, , você não sabe o quanto me faz bem! – Abri a janela e deixei o vento bater em meu rosto e bagunçar meu cabelo. – O quanto esse vento me faz bem, o quanto eu estou feliz por ter minha própria vida, eu sempre sonhei com isso, sabe, em ser independente, em ter meus sonhos.
- Eu acho que te entendo, era isso que eu buscava antes do McFLY. - Ele também estava recebendo vento, que, por sinal, bagunçava o cabelo dele, não muito porque era meio curto, mas, mesmo assim, ele estava lindo. – É como se tudo isso fosse mágico demais...
- É, é magia sem fim. – Disse olhando para ele enquanto parava em um sinal fechado.
- Você também está mais bonita.
- Ah... – Comecei distraída. - O que? – Voltei ao normal.
- Você está mais bonita.
- Ah, , pára, vai, acho que nem mudei tanto! – Estava com as bochechas ardendo de vergonha. – Continuo a mesma boboca.
- É, mas você está mais bonita, está mais alegre, está mais... Bem, mulher! – Disse ele, corando.
- Eu era menininha? – Perguntei, obviamente.
- Não, não era, não! – Disse ele depressa. – Você era adolescente, e hoje não, hoje você é a . A minha .
- Como assim? – Perguntei entrando no estacionamento do supermercado. – O que você quer dizer, ?!
- Que por mais que você tente negar... – Ele se aproximou de mim, que já havia estacionado o carro e agora soltava o cinto. – Seus olhos não mentem! – Ele se aproximou mais. - Que por mais que você negue, ou tente me dizer para te soltar, você sabe que a gente sempre vai ter algo.
- Ah... - Ele estava muito perto, eu estava suando frio, minhas pernas tremiam, ele sabia que causava isso em mim e a cada segundo se aproximava mais. – , bem... Ah... – Comecei a gaguejar. – Você... Sabe que, bem, não é assim...
- O que não pode ser assim? – Ele perguntou erguendo a sobrancelha e a menos de uns cinco centímetros do meu rosto. – Já não basta os anos que a gente ficou sem se ver, que eu não pude ouvir ao menos sua voz, os anos que você me fez de bobo?
- Ah, , não me faça parecer a culpada! - Estava com vontade de chorar, mas eu tinha que segurar aquelas lágrimas, não era o momento. – Você sabe, eu te falei que perdi o celular, e... Eu não queria, não quero ser um peso na sua vida... Já te disse.
- ... - Ele segurou meu rosto com as duas mãos e me prendeu forte contra a porta do carro. - Fica quieta e escuta. – Ele me encarou e sorriu com a minha expressão. – Você não disse que vinha, ok, eu não posso falar nada porque a gente não tinha nada quando você veio para cá, mas agora, agora você vai me ouvir. – Ele parou para pegar fôlego, mas logo começou. – Esses anos todos, esses três, quase quatro anos, eu não tirei esse cordão do pescoço por um motivo, e sabe qual é? – Ele perguntou.
- Ah... – Estava numa situação complicada, com o rosto nas mãos dele, e presa entre ele e a porta do carro. – Não...
- Bem, devia saber, eu não o tirei porque ainda tinha esperança de te ver novamente, de te falar o quanto ele significa pra mim... - Ele sorriu. -... O quanto você significa pra mim. Eu gosto de você. Por que você acha que eu não parei com nenhuma namorada desde aquele ano? Simplesmente porque meu coração já é ocupado por uma pessoa, e essa pessoa é você. Cada beijo que eu dava em outra mulher, era você que eu procurava, eram seus lábios que eu queria sentir, seu perfume, seus olhos com imensas camadas de lápis que eu queria encarar, suas mãos que eu queria sentir no meu cabelo, em minhas mãos, eu queria seu ser junto de mim, pra gente poder ser um só para sempre.
- , ah... Eu nem sei o que dizer. – Estava pasma, estava feliz, estava confusa, estava com tudo e mais um pouco. – Eu já te pedi desculpas por não ter dito, ah, que idéia tonta essa minha de não falar, nem sei porque não lhe disse... – Estava difícil conter as lágrimas agora, deixei que algumas escorressem por minhas bochechas que agora estavam em conflito. – Ah...
- Shh... – Disse ele escorregando a mão para a minha boca. – Não fala mais nada, e não chore. - Ele enxugou uma lágrima com a outra mão. – Não vale a pena chorar por isso, eu estou tentando te dizer que agora que você está aqui, quero dizer, agora que eu sei que você está aqui, você não vai mais me impedir de fazer meu coração feliz, de fazer ele ter a dona dele, ah, ... – Ele passou as duas mãos pelo meu rosto, delicadamente, fechei os olhos. –... Se você soubesse o quanto me doeu entrar naquele avião e ver você ali, de mãos dadas com as meninas, foi a coisa mais difícil que eu fiz, e depois... – Ele estava triste. – Quando seu telefone não dava sinal, eu ligava, ligava e nunca ia, até que aparecia uma garota, outra e depois outra, mas nenhuma delas era você, em cada beijo, eu procurava você, procurava a menina do Brasil, a Senhorita convencida, que roubou meu coração.
Quando ele terminou de falar, não pude resistir, ele, o cara que eu mais odiava no mundo, mas também o cara que eu mais amava, o único que amei em toda minha vida, aquele que minha alma desejava tão profundamente, aquele que eu me inspirava e procurava em cada palavra que escrevia e que lia, estava ali, me dizendo coisas que nem nos sonhos mais profundos eu imaginei ouvir, me fazendo sentir uma pessoa melhor, me dizendo que, mesmo depois de eu ter mentido (ocultado) para ele, ele ainda me queria, que me amava. Já era a minha raiva, já era o Bart Simpson, naquele momento, fiz aquele beijo valer minha vida. O beijei como jamais beijei ninguém, ali mesmo, dentro do carro, em uma manhã cinzenta em Reading, dei-lhe o beijo mais apaixonado que alguém poderia receber, fiz valer a saudade de quase quatro anos, e ele também, retribuiu aquele beijo com sua alma, com leveza, com cuidado, com amor, com paixão, com um mix de emoções. Era como se, finalmente, eu pudesse ser feliz novamente, como se minha alma tivesse encontrado sua verdadeira razão de viver, seu verdadeiro intuito de estar aqui, e esse era ele, seu nome: , meu único e eterno amor.
Ficamos ali por algum tempo, quando finalmente rompemos o beijo, ele sorria para mim, que estava toda torta no banco do motorista, encostada na porta, sorrindo abobalhada.
- Então... Como nos velhos tempos, não? – Disse por fim, sorrindo para ele que agora mirava o céu com os olhos.
- É... – Disse distraído. – Como nos velhos tempos, afinal, parece que ainda somos os mesmos por dentro.
- É... – Disse distraída. – Acho que sim.
- Vamos ao mercado, então? – Ele perguntou sorrindo.
- Vamos. - Sorri e abri a porta do carro. – Vocês ainda têm que provar nossa feijoada.
- Mal posso esperar. – Disse ele indo ao meu lado e pegando minha mão. – Posso, né?
- Bem... – Fiz charminho e sorri, ah, meu Deus, que ALEGRIA! – Pode sim. Ele sorriu.
Eu e fizemos as compras e chegamos em casa mais felizes do que nunca, de imediato subi as escadas e contei tudo para as meninas e eles, ficaram na sala nos zuando. Todas ficaram felizes, afinal, elas sabiam o quanto eu o amava, e amo ainda hoje.

Por todo esse tempo que você esteve comigo, por toda a minha vida, sempre estarei com você...

Descobri do telefonema do na hora do almoço, eles nos contaram, mas nem tivemos uma reação negativa, afinal, quase tudo parecia estar se encaixando. Nem brigamos com a . Ela, por sinal, estava toda amores com o , eles até combinaram de se ver no domingo, iam almoçar na casa da mãe dele, segundo o próprio, sua mãe era a pessoa que mais precisava conhecer a . Para os dois, tudo estava se encaixando.
Um clima leve rondava na casa, embora houvesse apenas dois casais ali, o clima de amizade tomava conta do lugar, a e o eram os mais felizes, ele ria feito bobo de tudo que ela falava e fazia, ela, mexia com os cabelos de uma maneira que deixava ele de queixo caído, dava gargalhadas gostosas e sinceras, enfim, eram os dois bobocas da turma. Turma? Bem, é isso mesmo. Foi assim que o se despediu de nós naquele dia: “A gente logo se vê de novo, turma!”. Por falar nele, bem... Não posso dizer que ele e a estavam todos íntimos, pois estaria mentindo, eles estavam felizes, ah, isso estavam, os dois se compreendiam, os dois inteligentes, animados e bobocas. Ah, aqueles dois se merecem mais que ninguém nesse mundo, a não ser... Eu e o !
Aquele sábado foi realmente um dos melhores da minha vida, jamais esquecerei o quanto estava feliz. Já não havia raiva em mim, era mais do que óbvio compreender tudo da maneira que ele explicou.
O fim de semana passou, a semana passou... Tudo ia bem... No jornal, minhas reportagens iam de vento em popa. O Paul era um bobão, porém inteligente e escrevia como eu. Estávamos em inteira harmonia, isso era, e ainda é, demais, eu fazia o que gostava e, de quebra, tinha um parceiro mais bobo que o homem aranha. Sim, homem aranha, ele se intitula assim, acredita? Bem, no jornal tudo maravilhosamente bem. Mas, nessa semana, aconteceu algo engraçado que me lembro bem.
- Não vou abrir, e você não vai entrar! – Disse brava, não dando passagem para o entrar no apartamento. – Você não quis falar comigo e hoje quem não quer papo sou eu. – Terminei enfezada, estava ouvindo música no mp3, estava triste por ele ter me ignorado na coletiva por um motivo idiota.
- ... - Ele dizia espantado. – Eu não tinha entendido e quando vi já tinha...
- Feito o errado! – Disse fechando a porta e me encostando a ela por trás, deslizando devagar até atingir o chão e chorar um pouco.
- Eu não vou sair daqui até você falar comigo olho no olho! – Ele disse por fim e ouvi-o se sentando. Por mim ficava ali eternamente, “IDIOTA”, pensei comigo.
Me levantei, olhei para a escada e me lembrei que estava sozinha, plena quinta-feira de noite, final de bimestre, a estava na peça (sim, ela conseguiu o papel da Joanne), a estava de folga, mas estava correndo atrás do Pierre para ver se eles ainda tinham jeito, afinal, ele ouviu ela falando no telefone com a , dizendo que ainda sentia algo pelo , sim, ela se sentia culpada e tentava salvar o relacionamento dos dois. E a ? Bem, esta estava enfiada em algum pub, pensando em algum outdoor qualquer. Fui para a cozinha quando começou Too Close For Confort a tocar, sim, aquela música, em toda minha vida foi a que mais me fez refletir, a que eu mais gostava, a que mais me fazia enxergar as coisas, tocava agora que me encontrava encostada na bancada da cozinha, com um copo de leite na mão, olhos vermelhos, consciência pesada e o meu amor na porta. Depois de ouvi-la duas vezes, resolvi espiar a porta e ele ainda estava ali.
- Que é que você faz sentado aí? – Perguntei abrindo a porta e vendo ele sentado no chão, apoiado na parede com os olhos escondidos, sobrancelha erguida, expressão inexplicável, ele simplesmente adora me deixar na dúvida. – Não queria falar comigo terça-feira e hoje está na minha porta para que? – Perguntei, colocando a mão na cintura.
- Será que você poderia apenas me ouvir? – Ele disse como se fosse algo simples, afinal, ele me ignorou só porque o Paul atendeu meu celular e ele foi logo pensando besteira, depois, na coletiva que nós fomos cobrir, ele me ignorou na frente de todos e nem sequer atendia minhas ligações. Quem ele pensa que é?
- Por quê? – Perguntei andando um pouco, estava fodida de raiva.
- Deixa disso, eu sei que você é curiosa e quer ouvir o que eu tenho a falar! – Ele disse cínico.
- O que? – Ah, agora ele me enfezou. Eu tenho vergonha na cara, ok? – Claro, ah, , se liga, Tchu, tenho mais coisa para fazer, estou cheia de textos para passar para o computador.
Quando me virei para entrar, ele me segurou pela perna, caí de costas em cima dele e apenas o olhei com a expressão: CORRE QUE EU TE MATO AGORA, ENTENDEU?!
- Fica aqui, por favor! – Ele disse antes que eu pudesse dizer algo. – Por favor! - Pediu com cara de cachorrinho, aquilo sempre me balançava, malvado, sabia meu ponto fraco e abusava de mim nisso, ele é mau quando quer.
- Fala logo! – Falei saindo de cima dele e me sentando ao seu lado.
- Hey, eu não sabia que ele atendia seu celular, e quando ele falou, ah, , você sabe como eu sou, lembra do supermercado no Brasil? Foi a mesma coisa... Ah...
- Lembra como terminou aquele dia? – O interrompi, sim, naquele dia foi o fim de algo muito curto, mas imensamente intenso, foi o fim do começo.
- Lembro e não quero que termine igual, não agora que a gente está junto. – Dizia ele com a expressão mais meiga que eu já o vi fazer.
- Então pensa melhor nas coisas que você faz! - Passei os cabelos para trás da orelha e finalmente tirei o fone do ouvido, tocava alto ainda a música, a mesma música se repetia pela milésima vez. – Você me conhece, acho que conhece muito bem ao ponto de saber que eu odeio isso, odeio quando não acreditam em mim, odeio quando me excluem, odeio quando me ignoram, odeio quando fingem que eu não existo, odeio quando a pessoa que faz isso é você, odeio ficar na cozinha ouvindo Too Close...
Fui interrompida por um beijo. Ah, qual é?! É um beijo do , podia deixar para terminar de xingar assim que ele me soltasse, e ia continuar, não sou o tipo de pessoa que deixo tudo ser apagado por um beijo, jamais fui e não sou até hoje.
- Pelo menos assim você ficou quieta! - Ele sorriu tímido, parecia com remorso. – Você consegue ficar mais linda ainda quando fala sem parar, é incrível.
- Agora vem agradando, né? Me chamando de linda, sendo que não sou, me beijando a força...
- Hey, você deixou eu te beijar...
- Cala a boca que você não tem direito de dizer nada! – Disse me encostando na parede, fazendo cara de má, adorava ver ele com medo, medo da gente brigar, ele simplesmente fazia uma cara de medo engraçada. Não segurei o riso.
- Do que você está rindo? – Ele perguntou, sério.
- Da sua cara de medo quando eu brigo com você. – Respondi rindo. – É muito engraçada! - Agora eu ria da cara que ele fez de indignado. – Essa também é digna.
- Ah, você acha engraçado me ver com medo da gente brigar? – Fiz que sim com a cabeça, já sabia aonde aquilo ia terminar. – Bem... – Ele se inclinou para cima de mim. – Então nada me impede de rir também.
E, dizendo isso, ele partiu para cima e começou a fazer cócegas em mim de uma maneira frenética. Os fones saíram de minhas orelhas, o mp3 caiu no chão, eu rolava de um lado ao outro, ele estava em cima de mim, com os grandes olhos azuis lacrimejantes de tanto rir, e quando ele percebeu que eu já não conseguia quase nem respirar, saiu de cima de mim.
- Muito engraçado, Mr. ! – Falei quando recuperei o fôlego e encostei-me à parede, estávamos da mesma maneira como estivemos em São Paulo há quase quatro anos atrás, com os lábios vermelhos, com os rostos com expressão indefiníveis, com os corações pulsando loucamente, mas imensamente compreendidos pelo outro.
- Prometo que nunca mais duvido de você, e deixar de acreditar em você... – Ele começou. – Nem sei o que me dá, acho que é medo de te perder, afinal, é tudo tão duradouro e recente ao mesmo tempo, é como se você pudesse sumir logo e eu nunca mais fosse te ver, como se você fosse apenas um sonho, que na verdade você ainda está no Brasil, é medo isso, eu sei, mas é por amor...
Agora quem calou a boca dele com um beijo fui eu. Já disse como ele conseguia ficar mais lindo ainda quando estava nervoso e falava tudo correndo? Engolindo palavras, tremendo, suando? Bem, é assim que eu o deixo, nunca o vi assim com ninguém, acho que esse é meu dom, coitadinho. Mas aquele beijo foi bom. Nos “pegamos” ali no chão mesmo, uma pegação leve, sou moça de família. Depois daquilo, tudo acabou bem naquela noite. Ele ficou em casa e posso dizer que foi uma noite inesquecível e engraçada. Cabe a vocês imaginar o que fizemos... Depois de um filme de comédia romântica bobinho na televisão, um balde de pipoca, a não estando no quarto. Bem, posso dizer que ele já me conhecia bem.
Estávamos felizes, porém nossos dias com a turma eram raros, os meninos faziam show quase todo fim de semana e isso atrapalhava um pouco, mas a turnê pelo país estava a apenas duas semanas de acabar, afinal, e no próximo fim de semana era aniversário do . Os dias seguintes passaram voando. No fim de semana, veio junto com o bolo do , a surpresa, o estava definitivamente solteiro. Sim, segundo ele, a já era para sempre, sem voltas. Foi ele quem terminou e parecia bem ao nos contar.
- Acho que finalmente os ventos estão soprando para o seu lado, hein, ? – Perguntei naquela noite de sexta, quando os meninos foram embora, e a junto com o . – Acho que você me entende, né, ?
- Claro, ! – Disse ela vindo com o resto do brigadeiro que havia sobrado e se sentando na minha cama. – Agora, , caminho livre...
- Como assim, meninas? – Ela estava entendendo, mas tinha vergonha de assumir. – Não estou entendendo nada.
- Ah, não! – Disse rindo. – Até parece, , eu vi! – Pisquei para a . – Sua carinha de felicidade quando o disse que estava solteiro.
- Ah, é disso que vocês estão falando? – Ela sorriu. – Bem... Ah, qual é?! Está todo mundo bem, eu só fiquei feliz porque ele é meu amigo e disse que assim seria melhor, eu só quero o melhor para ele.
- Ah, claro. A gente sabe, Tchu! – ria e eu também. – Mas agora nada impede de vocês reviverem os velhos tempos, assim como a e o , ou a e o .
- Ah, meninas, vocês sabem... Meu caso é complicado e eu não estou esperando nada dele, a gente se dá bem, vocês vêem, mas somos só amigos mesmo! – Ela disse tímida.
- Bem, isso é o que você diz! – Comecei. – Na minha opinião, você e o só não voltaram ainda porque ele estava confuso, você acha que ele não percebeu também? Até os meninos falaram! - Parei um pouco, mas logo continuei. – O me disse que o disse para ele que não gostava mais da por um motivo.
- Que motivo? – , “a lenta”, perguntou.
- Er! – Dei um pedala nela. – O motivo está na sua frente, ô, sua Jones.
- Ah, nem vem, , não mesmo! – sorria envergonhada, mas estava amando descobrir aquilo. – Acho que nem é por isso.
- Ai! – passava a mão pela cabeça, acho que o pedala foi forte. – Doeu, mas, enfim, eu concordo com a , duvido que agora nada aconteça entre vocês.
- O problema não é esse... – Ela disse se deitando. – Eu tenho medo de sofrer de novo, já não basta o tempo que eu demorei em beijar outro cara depois do que aconteceu no Brasil, você viram, quase um ano, um ano inteiro pensando nele, e, ainda assim, até hoje não fiquei sério com ninguém por causa dele e vocês sabem...
- A gente sabe, , mas tenta dar uma chance para a vida, se acontecer alguma coisa, deixa rolar... Afinal, não temos mais nada a perder, não é? – Perguntei me deitando no colo dela. – Olha para mim, arrisquei e estou aqui, rindo e sorrindo, feliz da vida, e quero te ver assim também, amiga, você, de todas nós, é a que mais merece.
- Isso mesmo, você merece ser feliz, amiga! – começou e se deitou também. – Falando em felicidade, eu tenho que contar uma coisinha também...
- O que? – Perguntamos juntas assim que vimos um sorrisinho no rosto dela.
- Bem, sabem aquela hora que eu fui com o pegar mais bebidas? – Assentimos com a cabeça. – Bem, ele me mostrou a foto.
- Foto? – Perguntamos.
- É, a foto do Brasil, uma que ele tirou de mim, bem, eu nem me lembrava daquela foto, mas ele sim, e fez tudo na surdina para me impressionar! - Ela agora suspirava, relembrando cada palavra que ele havia lhe dito. – Bem, ele disse que não tinha se separado daquela foto, que sempre olhava e lembrava-se de mim, que queria que a gente pudesse ficar junto de novo, que me achava a pessoa mais legal desse mundo... – Ela agora corou de vergonha. – Que me amava...
- Ah, que lindo! - Exclamei sem querer. – Que coisa fofa, .
- Nossa, nem fala, foi perfeito, ele disse coisas tão lindas, me pediu perdão, nossa, foi simplesmente maravilhoso, e... – Ela começou a enrolar. – A gente ficou.
- Ahhh! – Gritamos eu e e pulamos em cima dela.
- Que coisa fofa, . – disse assim que nos sentamos na cama.
- E não é? – falava feito boba, minha amiga estava feliz, não a via assim há pelo menos umas duas semanas, quando seu namoro terminou. – Estou tão feliz, quero dizer, a gente só ficou, e ele é o , mas, segundo ele, ah, ele queria ficar comigo para sempre, disse que me amava, nossa, gente, estou tão feliz.
- Ah, , você merece, e apesar dele ser , a gente sabe que ele jamais iria te magoar, todas vimos o quanto ele ficou feliz quando soube que você estava solteira de novo, o quanto ele ri das besteiras que você fala só para te ver feliz, e tudo que ele faz para você.
- É, realmente, talvez isso seja mesmo verdade. – Disse ela, por fim, sonhadora, se apoiando num travesseiro. – Acho que mereço ser feliz. E minha felicidade se resume a há quatro anos.
- Merece sim.
Aquela noite terminou em confissões, eu dizendo como era bom tudo aquilo que estávamos vivendo, de como era bom estar ali, com minhas melhores amigas, de como era maravilhoso ter o e os guys em nossas vidas, de como era sem explicações aquilo tudo que estávamos vivendo.

Porque finalmente posso dizer eu te amo sem medo, minhas esperanças se resumem a você...

No fim de novembro tivemos uma folga, as aulas terminaram, agora, só nos restava, no ano seguinte, a entrega dos certificados e mais nada, eu já era uma Jornalista! Sim, meu maior sonho realizado. As meninas mal se cabiam de tanta felicidade, a estava mega empolgada com a expansão da peça, já tinha o papel de protagonista, e agora a peça faria uma temporada em London, isso significava ela em London, e o em London...
A finalmente se assumiu com o , eles estavam mais felizes do que jamais pensei que veria alguém, ela estava feliz no restaurante, sonhando com a possibilidade de agora virar chefe, e ele, bem, bastava apenas estar ao lado dela para se ver feliz, sim, ele é o cara mais de bem com a vida que conheço, tudo sempre está ótimo, tudo sempre está bem, ele é um verdadeiro de bem com a vida. Em relação a e o , eu e a acertamos em cheio, sim. Ele e ela não se desgrudavam e quase sempre ia a algum pub escrever alguma coisa, aliás, ela mostrou para ele um caderno que ele tinha dado para ela no Brasil cheio de anotações e ele, sem nem hesitar, pediu pra usar alguns versos em suas canções, yeah, novas canções do McFLY estavam a caminho, e isso fazia com que os dois se aproximassem cada vez mais.
Por fim, eu e o . Bem, o que dizer quando se é namorada de ? Sim, namorada, ele me pediu em namoro no fim de semana seguinte ao aniversário do , e eu, como uma legítima apaixonada, disse sim na hora. Eu simplesmente não tenho palavras para expressar como é passar os dias ao lado de alguém que se ama, e que ama você também. Minha vida é um verdadeiro conto de realidade. Depois de tudo que passamos, depois das confusões e de todos os conflitos, hoje posso dizer que essa época foi o início da minha vida, sim, comecei a viver a quase seis anos atrás, quando encontrei no mercado, quando quase neguei a ele um Cheetos, ah, o Cheetos, devo minha vida à aquele salgadinho.
O aniversário do . Foi no nosso primeiro aniversário dele juntos que conheci sua família, quem me tratou super bem, e fiquei feliz em saber que fui a única namorada a ser apresentada à família numa data tão especial. No Natal, estávamos todos juntos na casa do , que a essa altura do campeonato estava todo amores com a , já que os dois haviam voltado. Aquele Natal foi o melhor de minha vida, por ser o primeiro, ele jamais sairá da minha cabeça como lembrança daquele ano. No ano novo, meu melhor amigo, o , veio para Reading e finalmente pude apresentar a ele o meu namorado. O ficou amigo dos meninos porque, se não era mais, era pelo menos no mesmo nível de retardamento que eles, sim naquele ano novo ouvi muitas besteiras, mas teve seu lado bom, finalmente comi a torta de frango dele, ah, que saudade daquele gostinho.
Depois disso, muita coisa mudou, mas para melhor. Depois de março, quando recebemos nossos diplomas, pouco a pouco acabamos nos mudando para London, a primeira foi a . Para surpresa de todos, o chefe dela, o John, ia abrir uma sede do New Moon lá e precisava de uma chefe, e essa pessoa era ela. Com a novidade, ficamos todas mega felizes e orgulhosas, afinal, o sonho dela era ser chefe de um grande restaurante.

Esse é o caminho que a história segue...

Sonhos a parte, nossas vidas estavam mudando, agora éramos apenas três no apartamento, mas não por muito tempo. Logo depois disso, a arranjou um emprego numa agência publicitária de London e já que eu e a trabalhamos em London também, não havia mais motivos para permanecer em Reading.
- Bem, acho que hoje é um dia muito estranho, não? – Perguntei à quando estávamos dando a última olhada pelo nosso apartamento, já vazio. – Sentirei saudades disso tudo.
- Eu também! – Disse ela com lágrimas nos olhos. – Lembra quando chegamos aqui?
– Claro que lembro, estávamos com tanto medo, sozinhas num país novo, na faculdade, com saudades de casa...
- Parece que aconteceu tanta coisa desde então, né? – Perguntou ela, me interrompendo.
- É, e como aconteceu, olhe para nós, já somos mulheres feitas, com vidas e carreiras... – Agora eu chorava também. – Mas, mesmo assim, somos as mesmas ainda, né? – Disse, por fim, sorrindo.
- Sim, . - Ela enxugou uma lágrima com a manga do moletom e me abraçou. – Promete para mim, amiga, que não vamos nos separar e que não vamos mudar jamais?
- Ah ,, é claro que sim! – Respondi abraçando-a forte. – Depois de tudo que passamos, continuamos as mesmas, as mesmas quatro amigas, fortes e unidas, e não se esqueça... – Olhei-a. – Vamos ao infinito e além.
- Isso! – Disse ela se afastando e fechando a porta principal. – Vamos ao infinito e além.

19 meses depois...

- Que tal se as mocinhas andassem mais rápido, hein? – gritou na sala enquanto os outros estavam em pé, nervosos.
- Já estamos indo, amor! – respondeu descendo as escadas do nosso novo apartamento em London. – As meninas que estão demorando! – Ela se inclinou e beijou o namorado.
- Hey, , desce logo que a gente está começando a se atrasar e isso não pode acontecer! – berrou, eles estavam nervosos por causa do show, aliás, todos estavam.
- Estou indo! – Disse assim que apareci na escada. – Estou indo.
- Uau! – pensou, apesar de todo esse tempo ter se passado, quase seis anos, ela continuava a mesma, com seu estilo, com suas roupas de caveirinhas, com mechas roxas no cabelo, e com uma imensa camada de lápis nos olhos.
- Demorei tanto assim, Tchu? – Perguntei ao me aproximar dele, como ele estava lindo, agora já era um homem, mas com a alma de um eterno moleque, alma de Petter Pan, como eu costumo dizer que os guys têm.
- Não é isso, , é que a gente tem que chegar cedo, afinal, hoje é a inauguração dos Jogos Olímpicos e a gente vai tocar ao vivo para o mundo inteiro, então eu nem estou nervoso, sabe...
- Ah, amor... - Falei interrompendo-o. – Não tem porque você se preocupar, vai dar tudo certo, vocês sabem disso! – Me virei para os outros que estavam muito nervosos. – Tudo vai se sair bem! - Disse por fim, dando um beijo demorado no .
- Chegamos! – Disse e , descendo as escadas.
Estávamos os oito reunidos para o dia mais importante de carreira do McFLY, eles iam fazer a abertura dos jogos Olímpicos de London 2012, na frente da Rainha, na frente do mundo inteiro, sim, os nossos meninos iriam encantar o mundo inteiro.
- Vamos, então? – falou andando abraçado com a , indo em direção à porta.
- Vamos! – falou puxando a pela mão.
Era cedo. O sol da manhã nos cobriu como num convite pelo maravilhoso dia que se estendia a nossa frente. Entramos nos carros e seguimos para o estádio. Quando chegamos, meu coração começou a pulsar de uma maneira frenética, o chão tremia, sim, a alegria dos ingleses era demais. Todos estavam nervosos, mas alegres ao mesmo tempo, o estava com as mãos tão apertadas as minhas que eu podia sentir seu sangue correndo rapidamente por suas veias.
- Calma, amor! – Disse me virando para ele assim que pisamos no estádio, todas as meninas estavam tentando acalmar os meninos também. – Vai dar tudo certo, você é o melhor, vocês são e sabem disso. – Terminei sorrindo.
- Ah, , estou tão nervoso, tenho medo de errar, estou suando frio...
- Cala a boca, ! – Falei isso e dei-lhe um beijo bem dado, segurei firme sua nuca e prendi seu rosto contra o meu. Assim que parti o beijo, encarei-o. – Você sabe que é o melhor, que consegue fazer isso, e assim vai encantar o mundo inteiro.
- Ah, , você sabia o quanto é bom ter você do meu lado? – Ele perguntou me dando um selinho demorado.
- Na verdade, não! – Disse fazendo charminho.
- Bem, pois deveria, afinal, você é a Senhorita convencida, né? – Ele perguntou erguendo a sobrancelha e sorrindo.
- Ah, falou o Mr. ! – Falei rindo e dando um peteleco na testa dele.
- Ai, amor, doeu. – Ele fez cara de coitadinho.
- Desculpa! – Fiz biquinho.
- Ok, desculpo! - Ele disse rindo, que coisa mais fofa! - Nem tenho o que falar quando você faz isso comigo, sempre me acalma.
- Faço o que? – Perguntei.
- Isso! - Ele disse se referindo a nada. - Quando é você mesma, quando cala minha boca quando estou nervoso, como é meiga e decidida comigo...
- Bem... – O interrompi. - Acho que é meu dom...
- Hey, vocês do McFLY, dez minutos. – Disse um cara da organização.
- Bem, meninos... – começou a dizer. – Subam naquele palco a arrasem, ok?
- Isso mesmo! Arrasem! Mas nada de muitos sorrisos, ok, ? – falou brincando e assentiu.
- É verdade, você também, , não sorria demais porque o mundo inteiro vai querer você! - falou agarrando o namorado.
- Ok, a gente não sorri demais, ok? – disse.
- Isso serve para vocês dois também, viu? – Apontei para o e para o e a concordou.
- Ok, meninas! – disse, indo ao lado de , que agora estava ao lado do , que estava ao lado do .
- Boa sorte. – Dissemos juntas, dando as mãos, aquilo estava virando rotina.
- Vão se sair bem sem a gente? – perguntou.
- Claro que sim, somos um quarteto, - disse sorrindo e nos abraçando com dificuldade.
- Ok, estamos indo. – disse e se dirigiu a e deu-lhe um beijo apaixonado.
Logo e se moveram também e beijaram as namoradas. Fui ao encontro do que continuava parado.
- Arrasa, tigrão! – Disse no seu ouvido e beijei-o com o mais puro amor, o amor que ele me fazia sentir cada dia mais forte e que aumentava a cada beijo.
Ele sorriu e piscou para mim. Depois disso, eles foram para uma sala e nós para o camarote. Esse foi o dia em que o McFLY abalou o mundo! O dia em que os meninos encantaram o universo, o dia em que meu namorado e meus amigos foram os homens mais felizes do mundo e, finalmente, o dia que eu e minhas melhores amigas atingimos o Infinito e Além!



FIM



Nota da Autora: Ok, beem acho que esse final deve tentar amenizar os comentários da primeira.. Não tinha como eu mudar muita coisa pq na primeira eles já tinham características, então ia complicar.. Mais enfim, ENCARNE UMA JUDD POR ALGUMAS HORAS!? Bem, oke dizer? É difícil explicar o que sinto quando escrevo, e principalmente o que sinto quando escrevo sobre McFLY. Essa fic é meu talismã, afinal nela pude descrever como seria a vida de sonhos imortais como eu a descrevo. Queria dizer que as amigas não são inventadas, me inspirei em pessoas para compô-las mais não citarei nomes, vocês sabem que eu falo de vocês. E posso dizer que eu amo vocês de verdade, embora moremos em cidades diferentes, McFLY nos uniu em um bem maior, e tenho orgulho de dizer que as considero amigas. Vocês são pessoas que me compreendem e isso as fazem ser consideradas minhas amigas. agora agradecimentos... primeiro a cada pessoa que me fez incentivos para escrever essa fic, que quando eu dizia me dizia que queria ler, isso foi realmente um grande incentivo, obrigada mesmo. A minha beta, por que sem ela isso não passaria de um texto qualquer.. obrigada Bruna. E em terceiro lugar o mais importante, aos guys, que são minha fonte de inspiração, que são minha vida, que são o meu tudo. McFLY forever and ever! Bem, é isso aíi... obrigada a todos que estão lendo isso.. é realmeente muito importante pra mim... eh Alan seu EXU, olha minha fic akee! E saiba qe você é o Alvo viu! Porco da montanha... oaskoaksoaksokaso Beem, tchau antecipadamente, ishi lembrei de outro ser aí, que odeia ler e disse que leria um resumo da minha fic, yeah! Consegui um milagre, Alex, é de ti que eu to flando... aoskoaksoaksokaoskaoskoaksokaos Obrigada mesmo! Escrever aqui é simplesmente dmais! xD
Gente é isso aíii. To pensando em escrever outra fic.. se gostarem dessa me avisem ok? Add ae galera.. paulalongh@hotmail.com
McBEIIJOS!
By: Paulaa Longhin
McFLY 4ever! S2




comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.