Chocolate


Escrita por: NOME DA AUTORA
Betada por: Flávia C.




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- Manhêê! - gritei achando que ela estaria em casa, que erro o meu. Ela já deveria estar em algum spa. Andei até a cozinha, sempre acordo com fome. Deparei-me com um recado na porta da geladeira: ‘Fui passar o dia no spa, não quis te acordar, querida’. Eu já desconfiava, mas ainda bem que ela sabe que não era para me acordar, eu gosto de acordar sozinha. Peguei um iogurte qualquer na geladeira e fui até a sala para me sentar (lê-se: jogar) no sofá. Pra variar, nada que me interesse passando na televisão e o tédio estava me dominando, odeio isso. “Mais um dia insuportavelmente entediante na minha vida, valeu mesmo, não precisava” pensei alto olhando para cima. Tenho certeza que ninguém lá em cima vai com a minha cara.

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- Merda de sol! – eu odeio acordar com o sol na cara, assim eu não consigo dormir de volta. Quer saber? Vou comer, eu sempre acordo com fome.
Desci até a cozinha, pra variar, ninguém em casa. Mas meu café da manhã estava prontinho no armário: salgadinho e refrigerante! A minha sorte é que eu sou demais e, não engordo, me mantenho gostoso.
Eu estava indo para sala, assistir à televisão mesmo que não passasse nada que preste, eu como sou muito inteligente, fui tentar ligar a televisão com o salgadinho em uma mão e o refrigerante na outra, resultado: Refrigerante no tapete! Alguém lá em cima me odeia, só pode... Mas vai me conhecer rapidinho, quando minha mãe ver essa mancha no tapete e me queimar vivo. Como eu sou bonito e bonzinho, vou para o andar de cima, e, acertarei umas contas com aquele povo que me odeia.

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Na boa, o que eu ainda estou fazendo dentro de casa, sem chocolate? Vou agora mesmo comprar, como posso suportar um dia de tédio, sem chocolate? Vou ao mercado AGORA!

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Ah, não! Era o último refrigerante, droga! Vou ao comprar refrigerante e aproveitar pra abastecer meu armário com salgadinhos, doces e mais precisamente, chocolate. Dias tediosos têm que ter chocolate, independente se for homem ou mulher. Dias assim, têm que ter comida!

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Andar pelos corredores do mercado num feriado do dia do gari, não é tão legal assim, mas estou aqui por uma causa nobre: Comprar chocolate! Mas cadê a merda do corredor de coisas que engordam?

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Que cestinha equipada! Comida congelada, refrigerantes, salgadinhos, bolachas... Falta só uma coisa: Chocolate, mas não é qualquer chocolate...

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“Finalmente esse maldito corredor, mas cadê o chocolate que necessito? Ahh, minha caixa de Ferrero Rocher, só tem uma, dei sorte... é minha!” Meus olhos brilharam diante da última caixa de Ferrero, mas fui surpreendida assim que coloquei minhas mãos cheias de dedos na caixa: Uma mão que não era a minha, também segurava a caixa.

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- Er, licença? – me preocupei em ser educado com a garota, mas ela já não se preocupou tanto quanto eu...
- Ei, eu vi primeiro! – o olhos delas estavam contrastando com sua expressão de estou–em-uma-guerra. Falando em olhos, que olhos, hein?
- Me desculpa, mas nós colocamos a mãos juntas. – nossas mãos estavam dividindo o mesmo espaço, a minha estava sobre a dela, mas quem se importava? Isso estava ficando tão interessante...
- Eu estou decidida a levar isso pra casa. – ela continuava a me olhar, nervosa, ela era muito sexy quando estava nervosa... Eita! Sai! Eu não posso querer pegar a minha adversária. Tarde demais...
- Mas que coincidência, temos isso em comum então. - eu sorri irônico e ela sorriu da mesma forma: uma ironia misturada com um eu-vou-ganhar-a-guerra.

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Aquele garoto estava me irritando seriamente.
- Eu não saio deste mercado sem esse chocolate! – minha voz era calma, ironicamente, claro. Eu estava explodindo por dentro. O pior é que ele continuava sorrindo com aquele sorriso lindo e aquele perfume estava me intoxicando, agarraria aquele moleque lindo e irritante daqui a pouco. Mas eu tinha que me controlar.
- Nossa... Mais uma coisa em comum. – ele sorria tentando me provocar, só pode. Ele ia me seduzir e pegar o meu chocolate.
- Olha quanta comida tem aí, dá pra uma semana de fossa e eu só quero esse chocolate. - fiz a minha melhor cara de cachorro sem dono pra ver se funcionava.

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- Olha quanto chocolate tem nesse corredor, você quer logo este? – aquela cara de gatinho do Shrek me deixou até com pena, mas eu não ia ceder tão fácil. Bandida, estava querendo me seduzir... E estava conseguindo. - Mas faz tempo que eu estava querendo esse chocolate e eu vou levar. – ela estava com a mesma expressão da sua frase anterior, mas depois deu lugar a uma expressão um pouco mais agressiva. Ela era irritante, se não fosse tão gostosa, eu a chamaria de gorda até ela se sentir culpada e largar o chocolate.
- Que tal assim: - comecei a levantar minha proposta brilhante – eu compro a caixa e a gente pára ali na pracinha e come o chocolate. – eu a olhei com dúvida, no começo ela entortou a boca, mas depois abriu um sorriso.

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- Não parece tão ruim assim, você quer a caixa e eu também quero, acho que essa sua idéia é melhor que nada. – esbocei um sorriso. É, ele venceu, parcialmente. – Mas se você não fosse tão gostoso eu te bateria até conseguir essa caixa. – eu e minha enorme boca, às vezes dá tanta raiva desse meu defeito de falar sem pensar. Agora ele já sabe o porquê ele venceu essa. Fiquei tão sem graça, tampei minha boca com as mãos como se adiantasse alguma coisa. Mas ele também ficou sem graça, que fofo... Epa! Foco aqui.
- Se você não fosse tão... Linda, eu te chamaria de gorda até você desistir do chocolate. – ele me mediu de cima a baixo antes de dizer ‘linda’, ele teve que escolher essa palavra antes de me elogiar, talvez ele tenha pensando que eu ia bater nele se ele me chamasse de gostosa do mesmo jeito que eu o chamei. Ao contrário de mim, ele pensou antes de falar, talvez ele só esteja querendo me agradar, mas eu fiquei corada do mesmo jeito, ele também ficou, esquece o foco, ele é fofo.

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Eu resolvi falar o que eu estava pensando, tudo bem que ela soltou sem pensar, mas fazer o que se eu sou gostoso mesmo? Gostoso e humilde. Eu tava a fim de deixá-la bem sem graça mesmo, do mesmo jeito que ela me deixou, eu fiquei vermelho até a unha do pé eu acho, odeio quando as mulheres fazem isso comigo.
- Vai pegar mais alguma coisa? – ela ainda estava sem graça quando perguntou. Eu sou demais.
- Não, você vai? – eu também sorria, porque além de ser demais, eu sou uma pessoa feliz.
- Também não. Você vai dividir essa caixa comigo, promete, né? – ela ia soltando a caixa devagar, receosa.
- Prometo. Eu não sou tão mau assim, por mais que pareça, eu não saio por aí tirando caixas de chocolates das mãos de garotinhas inocentes. – eu olhei pra ela e ela concordou com um sorriso lindo. Aquilo estava interessante, ela me interessava. – Vamos? – eu sorri e ela concordou novamente sorrindo. Ela tinha um sorriso lindo, daqui a pouco eu não me responsabilizarei pelos meus atos.

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Ele pretendia me seduzir em cada sorriso, só pode. Não que eu não estava querendo fazer a mesma coisa utilizando os meus. Ele é muito gostoso e... Epa! Sai pensamentos impuros! Fomos até o caixa e enquanto ele pagava, eu colocava as besteiras tudo na sacola, deixei o chocolate fora. A gente saiu e sentou num banquinho da praça em frente ao supermercado. Nós dois tentávamos abrir a caixa desesperadamente e ao mesmo tempo. Aquilo estava engraçado a gente tinha que rir.
- Vão achar que a gente não come há três dias. – eu ainda dava risada, mas dessa vez sem tentar abrir a caixa. Ele conseguiu abrir, mesmo rindo. - Tcharam! – ele disse de um jeito engraçado e começamos a rir de novo. A gente parou de rir pra comer os bombons, estávamos cientes que se continuássemos rindo iríamos engasgar, nos sufocar, ir pro hospital, morrer e fim. Ok, não exagero mais. Voltando ao bombom, nunca comi um Ferrero Rocher tão bom, ele tinha um gosto especial.

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Já estava na hora de parar de rir e comer o tão sonhado bombom. Cara, até a risada daquela menina me encantava, aliás, qual era mesmo o nome dela? Er... Eu nem tinha perguntando, essa é a hora: - Eu estou comendo chocolate com uma pessoa que eu nem sei o nome? – sorri e coloquei um bombom inteiro na boca.
- . – ela sorriu ao pronunciar o nome.
- . – eu comecei a reparar na boca dela, estava suja de chocolate no canto, eu sorri pra ela e avisei claro: - Tem chocolate aqui. – eu coloquei a ponta os meus dedos perto do cantinho onde tinha chocolate. Ela sorriu envergonhada, e tirou o chocolate com um dos dedos. Mordi meu lábio inferior, merda, eu acho que ela viu. Pelo menos ela sorriu um pouco mais envergonhada só.

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- Então, , o que te levou a sair comprando comida pra uma semana de fossa? – o que era aquilo que ele tinha feito? Apesar de eu estar parecendo uma idiota que não sabe comer sem me sujar, ele me olhava de um jeito. Agora ele só colocava mais um bombom na boca.
- Salgadinho e refrigerante não é de dia de fossa. Chocolate tudo bem, mas o resto não...
- Que seja...
- Estava entediado na verdade. Mas eu vim comprar refrigerante porque eu derramei o último no tapete. – ele deu uma risadinha engraçada estilo: eu-sou-um-pestinha-haha, que me fez rir da risada dele.
- Nossa... – foi só o que eu consegui dizer.
- Na verdade quando eu estou sem nada pra fazer, eu só penso em comer. Ou quando eu acordo, sempre acordo com fome... – eu levantei dois dedos, concordando, não podia falar, porque eu estava de boca cheia, já não bastava eu já ter ficado com a boca suja. – E você? – ele perguntou, acho que não me percebeu concordando, mas tudo bem.
- Temos mais isso em comum. – eu sorri usando as palavras dele, olhei de novo para a caixa e o vi pegando o último bombom. – Ah, não, ! – eu choraminguei.
- Que foi? – ele ainda não tinha colocado na boca e eu consegui pegar o bombom da mão dele. – Ei, eu peguei primeiro... - dessa vez, ele choramingou.
- Mas eu roubei... – sorri vitoriosa desviando de suas tentativas frustrantes de pegar o bombom de volta, ele estava ficando cada vez mais próximo de mim. Ok, pára tudo que é agora que eu agarro esse bofe! Calma, , se controle, foco em continuar com o chocolate em mãos. Mas com um bofe daqueles, eu não preciso de chocolate nunca mais. Ok, sai pensamento impuro, concentração no chocolate, ou não...

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Esse chocolate vai ser meu, eu tentava de todos os jeitos pegá-lo, mas todo o meu foco estava desviado pra , até que ela colocou na boca, tirando as minhas chances, lícitas, de conseguir o chocolate. Eu já estava tão próximo dela, olhando pra ela, que eu já nem me importava mais com o chocolate, não me responsabilizo pelos meus atos a partir de agora.
- Deveria ter dividido comigo, eu faria isso com você, mas agora... Vou ter que pegar de outro jeito... – eu disse quase sussurrando, na minha voz mais sexy e a beijei. Ela já tinha engolido o chocolate, menos mal. Eu definiria aquele beijo como no mínimo gostoso, tinha gosto de Ferrero e nossas línguas quentes interagiam o tempo inteiro. Ela alisava as minhas costas e bagunçava o meu cabelo. Eu bagunçava o cabelo dela e apertava a sua cintura. Eu até pude ouvir os velhinhos que alimentavam os pombos no banco ao lado se afastarem dizendo: “Que pouca vergonha”. We don’t care.
Quando o beijo terminou, era como se tirassem todo o oxigênio da face da Terra, nós dois buscávamos ar. Eu sorria, abobado, não muito diferente dela.
- Estava com gosto de Ferrero? – ela perguntou sorrindo.
- Não. – eu sorri da cara de espanto que ela fez, foi engraçado.
- Tinha do que então?
- De BIS! – eu a puxei para mais um beijo, intenso, com vontade. Estou começando a achar que eu tenho um fã-clube em algum lugar lá de cima.

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Eu puxava o cabelo dele, ele puxava o meu, apertava minha cintura e choques elétricos se espalhavam por todo meu corpo. Aquele beijo era tão intenso e ao mesmo tempo tão... Doce. (n/a: que beijinho doce, que ele tem... ok, parei) Paramos pra buscar ar e quem disse que a gente achou? A boca dele estava bem vermelha, a minha deveria estar no mesmo estado. Estou começando a achar que lá em cima todos me amam. Nunca achei que num dia tão tedioso e uma busca por chocolate ia acabar tão... Gostoso. Alguém me lembre de pegar o telefone dele assim que eu ter ar pra perguntar.

FIM



Nota da autora:
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a minha professora de Física e ao meu professor de Sociologia. Por uma aula de tédio que me fez escrever essa fic.
Agradeço por existir o McFly na minha vida pra eu escrever essas coisas sem noção =) e agradeço a você que leu (ou perdeu o seu tempo).
Agradeço a Emily por ter me emprestado a lição de Física.
Agradeço a minha Beta Maroca o/
Obrigada a todo mundo! –qq
eu não sou uma garotinha ingrata.. u_ú
Beeijones :*

Outra fic: Três coisas que não foram ditas



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