05/07/2009 - 13h40min
Departamento de Polícia da Filadélfia.
- Posso ajudar? - Uma mulher loira de terno escuro, bem cortado, perguntou a um rapaz encostado no balcão de entrada da delegacia, com uma grande caixa, onde se apoiava com o cotovelo.
- É aqui que vocês reabrem casos antigos? - ele perguntou, dirigindo sua atenção a um homem negro e grande que apareceu atrás da mulher.
- É sim. Eu sou a detetive Lilly Rush e este é o detetive Will Jeffries – ela disse, mostrando o homem atrás dela, que agora se integrou ao assunto.
- - ele estendeu a mão e eles apertaram num cumprimento.
- O que tem aí para a gente? - o detetive disse olhando diretamente para a caixa.
- Vinte anos atrás, uma menina chamada foi morta dois meses antes de completar 18 anos, com três tiros no peito depois de um show em que cantou, e nunca acharam o culpado, nem a arma. Essa menina é minha irmã, e desde a morte dela minha família nunca mais sorriu. Mês passado meu pai faleceu, e só semana passada minha mãe teve coragem de limpar a casa em que morávamos na época do crime. Meu pai era um detetive aposentado e dedicou o resto de sua a tentando achar o assassino de minha irmã, mas nunca conseguiu chegar a lugar nenhum. Semana passada eu encontrei isso. - E então abriu a caixa, revelando milhões de papéis, pastas, fotos, coisas que o pai reunira na busca pelo assassino. - Todas as anotações do meu pai.
- Certo, e o que você quer que façamos? - ela falou, olhando uma foto com um grupo grande de amigos.
- Eu quero o maldito que matou da minha irmã preso. Quero a paz da alma dela. O policial da época fez tão pouco caso da morte dela... - Seus olhos se encheram de lágrimas. – Desculpem-me.
- Não tem problema. - Ela pegou a foto e apontou. - Qual delas é ela?
- Esta aqui. - Ele indicou uma menina loira, sorridente ao lado de outra morena de óculos e dele. - Este sou eu. - Indicou o rapaz ao lado da vítima. - Estas eram as melhores amigas dela. - Colocou o dedo na menina que estava no andar de baixo da escada, com um sorriso igualmente largo ao de todos e a de óculos. Eles estavam todos sujos de tinta, rindo. A casa era bonita, tinha uma entrada branca de janelas azuis e uma varanda grande. Tinha também mais quatro rapazes na foto, igualmente sujos e igualmente felizes.
- Nós estávamos pintando um mural para um trabalho da escola. - Olhando para a foto, com os olhos marejados, ele sorriu, como se uma lembrança boa lhe pegara de surpresa, como se depois de anos ele pudesse lembrar-se daquela cena como se tivesse sido ontem.
- Você está disposto a depor? - ela perguntou. Will, atrás, anotava tudo em um bloquinho.
- Sim. Tudo pela minha irmã.
- Flashback -
25/05/1989
- Anda, , a gente tem que terminar isso para sexta, hoje já é quarta! - disse , agachada com os dedos todos sujos de tinta, pintando um pedaço do céu.
- Calma, cara, só vou aumentar o volume. Adoro essa música - disse a menina, aumentando o volume e dançando junto.
- Cara, não sei o que você tanto vê graça em Michael Jackson! - disse, rindo. A menina começava a imitar o cantor dançando, ela usava um short jeans surrado e sua blusa favorita, cheia de estrelas.
- Vem logo! - deu uma pincelada no ar, sujando da barriga até o rosto. Ela ficou parada de boca aberta, como quem está inconformada. Todos estavam rindo muito, foi atrás de com um pincel na mão, e, na tentativa de sujá-lo, sujou . Assim, começou a guerra de tinta. Correram em volta da casa, todos eles cada vez mais sujos. Ao chegar ao jardim da frente, tropeçou e caiu em cima de . Eles ficaram se olhando por um momento até que ouviram risadas e uma pessoa falando: ‘Cara, vocês estão tão engraçados! Vem cá, eu vou tirar uma foto!’. Era a mãe de e .
- MONTINHO! - E sentiram uma montanha em cima deles. Um flash.
- Crianças, sentem ali na escada, vamos tirar uma foto decente agora. - Dito isto, todos os adolescentes se sentaram na escada, todos sujos e sorridentes. Mais um flash.
- End Flashback -
- Então, conte-me sua história. - Lilly disse pegando outra foto dentro da caixa. Eles estavam em uma sala de interrogatório, com uma grande janela espelhada e paredes forradas.
- Eu sou um ano mais novo do que ela. Nascemos no Brasil, mas nos mudamos para Boston quando eu tinha quatro anos. tinha cinco. – Ele, então, pegou uma foto - Estes eram nossos vizinhos: , , , , e . Nós ficamos amigos assim que nos conhecemos.
- Você ainda mantém contato com eles? – Ele, então, fechou a mão.
- Não. Principalmente com . - Sua expressão fechou. - Foi ele quem matou minha irmã.
- Como você pode ter tanta certeza? - ela olhou nos olhos dele por um momento, e o olhar estava pesado, ele guardava um rancor enorme dentro dele.
- Porque ele tinha o motivo. - Sua voz estava embargada e seus olhos se encheram de lágrimas, lágrimas de raiva. - Minha irmã sempre foi apaixonada por ele. Desde que nós nos conhecemos, ele foi o primeiro amor dela. Mas ele nunca deu bola, e dez anos depois ela se cansou, então eu a apresentei a um amigo meu que era louco por ela. E eles namoraram. Vendo que tinha perdido a atenção da minha irmã, começou a perder o controle da vida dele. Passou a beber muito, só fazer merda, e, com o álcool, ficou violento... Passou a fazer qualquer coisa para chamar a atenção da minha irmã, porque ele sabia que, como melhor amiga, ela não iria deixá-lo sozinho. Duas semanas antes da morte, ele se declarou para ela. Mandou-a terminar com o namoro e tudo o mais, mal se falaram durante esse tempo, mas ela prometeu que iria pensar numa resposta. Uma semana depois ela cantou num bar lá perto de casa, o Jack’s. - E tirou um caderninho de dentro da caixa. - E cantou essa música.
- Flashback -
06/07/1989
- Senhoras e Senhores, é com um grande prazer que hoje, aqui no Jack’s, vamos ter uma cantora da área. Todos a conhecem, todos a adoram, e hoje vão curtir mais ainda sua linda voz. Palmas, por favor, para a nossa brasileirinha, ! - E ela entrou no palco. Ela vestia uma calça jeans surrada com uma blusa vermelha aberta nas costas. O aquecedor estava ligado, mas ela sentia seus pelos da nuca arrepiar. Estava nervosa. Posicionou-se em frente ao microfone e ajeitou o violão. Olhou para a platéia, o bar estava cheio, podia ver seus pais no fundo, e na primeira mesa, bem em frente a ela, seus amigos. Na mesa ao lado, o namorado com os amigos dele. Eles insistiram tanto para ela tocar... Seus olhos se cruzaram com os de e ela sentiu náuseas. Por que ele sempre fazia isso com ela? Olhou então para . Não... Nada. Só a fazia se sentir como se fosse se atirar de um penhasco e ainda rir disso. Concentrou-se, então, para lembrar a letra da música. Era agora ou nunca.
- Espero que gostem. - Foi tudo o que disse.
Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
‘Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar.
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia...
E não adianta nem me procurar,
Em outros timbres, outros risos.
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu...
Olhou para , e ele estava com os olhos arregalados, sem ação. Todos os demais estavam calados. Como assim a garota perfeita cantando uma música triste? Sentiu que ia chorar, mas tinha que acabar essa música primeiro.
Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura.
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu...
Olhou novamente para , e ele estava chorando. As únicas pessoas que entenderam, além de , foram seus amigos. batia no ombro de , que olhava para o pé. Ele não conseguia olhar para . olhou para o fundo, para seus pais. Seu pai não entendeu, mas sua mãe estava com um olhar carinhoso, como quem esperava para consolar alguém. Faltava a última estrofe.
Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...
Acabou. Sentiu as lágrimas rolarem, fez uma rápida reverência e saiu pela coxia.
- Bem, isso foi... Interessante. Mas vocês viram que boa voz ela tem? - O apresentador voltou a falar. e subiram pelo palco e seguiram para a coxia em que havia entrado.
- ? - chamou. A menina estava num canto, chorando desesperada.
- Ele ficou muito mal? - Foi só o que ela perguntou.
- Você queria o quê? - falou seca, e lhe deu uma cotovelada. - Outch! Olha, amiga, não me leva a mal, eu adorei a música, acho que você tinha que ter dito isso mesmo, já tava na hora de por um basta. Mas não podia simplesmente conversar com ele? O que você fez foi despejar dez anos de amor não correspondido misturado com o atual ressentimento dele só decidir se declarar agora em três minutos. - E fez-se uma pausa. - Você queria que ele reagisse como?
- Eu não sei. - Ela levantou a cabeça. - Eu não queria magoá-lo. Mas ele queria uma resposta. Tá aí.
- Você tem certeza, amiga? - perguntou. pareceu parar para se convencer.
- Tenho. - Foi quando ouviram passos.
- x -
- , você está bem? - perguntou cauteloso. Desde que eles se desentenderam ninguém sabia qual era a reação de para nada. Tinham medo de dar um ‘bom dia’ e ele responder torto.
- Não sei. - Ele olhava na direção do pé, mas não via nada. Sua vista estava embaçada demais, molhada demais para ver qualquer coisa. - Ela escolheu o .
- , você já devia ter isso em mente. - falou, tentando medir palavras. - Desde os cinco anos que ela é sua melhor amiga, e desde então ela era apaixonada por você, e você nunca deu bola. - Os olhos de se encheram mais. - Agora que ela conseguiu ficar com mais alguém, você tem que entender que ela não iria te aceitar de mão beijada cara. Dez anos são MUITA coisa!
- Eu sei, cara... Mas eu tinha uma esperança - ele falou fraco. - Será que eu devo falar com ela? - Ele olhou para , como quem pedisse permissão.
- Dá um tempo, . Ela saiu do palco tão abalada quanto você. As meninas foram lá falar com ela, quando elas saírem, você vai.
- x -
pediu um tempo sozinha e assim as meninas fizeram. Encontraram os meninos no bar.
- , eu não vou deixar você ir atrás da minha irmã bêbado. Você sabe que o álcool não tem te feito bem - falou tirando a segunda garrafa de cerveja da mão de . Ele não negou. Faria qualquer coisa pra tentar reconquistar . As meninas se sentaram em bancos ao lado de e . O clima estava pesado.
- Eu já posso ir? - perguntou, olhando para as meninas.
- Ela pediu um tempo... - disse. - Mas acho que ela não precisa saber que você sabia disso. - E piscou. então se levantou e rumou até a coxia. Minutos depois, ouviu-se um barulho alto de tiro, quatro disparos. Todos se assustaram e correram para o lugar de onde os disparos vieram: da coxia. Ao chegar, a cena que se via era uma apagada, com o corpo mole, no colo de um ensanguentado. sentiu os joelhos fracos e de repente tudo se apagou.
27/07/89
Era um dia triste. Um dia cinza, chuvoso, o verde da grama não era mais verde, os pássaros pararam de cantar, a cor que predominava era o preto. Em volta de um caixão, duas meninas, quatro meninos. Faltava alguém. Alguém que, depois de duas semanas desaparecido, acabara de chegar.
- O que você está fazendo aqui? - Um irmão enfurecido teve de ser segurado por dois braços. - Você não é bem vindo aqui! Por sua causa ela se foi! Eu vou acabar com você! Me solta, ! - Grito de desespero, de raiva, de dor, de uma alma que nunca mais vai conseguir viver um dia sem a lembrança de que algo está faltando.
nada dizia, apenas chorava, olhando todos os seus amigos que o olhavam com um olhar acusador. Nenhum deles acreditava nele. Olhou para o caixão. De repente sentiu um vento quente.
- , calma! Para com isso! - então sentiu algo estranho, sentiu um arrepio na espinha ao sentir um vento quente, que lhe deu forças para segurar .
, por sua vez, respirou fundo. Por alguma razão, aquele vento quente lhe lembrou do abraço de sua irmã, o abraço quente, acolhedor. Ele então apenas olhou para , e as lágrimas rolaram mais, como se nunca fossem parar.
- Boa tarde. Posso ajudá-los? - Uma mulher de aparentes 30 anos, cabelos castanhos e compridos abriu a porta.
- ? - Uma mulher morena baixa, com um homem grande e branquelo bateram na sua porta.
- Sim? - Uma expressão de dúvida tomou conta do rosto da mulher.
- Somos os detetives Kat Miller e Nick Vera, e gostaríamos de perguntar sobre o assassinato de , que aconteceu há 20 anos. - A mulher, então, abaixou os olhos. Sua expressão de dúvida passou para uma tristeza profunda.
- Eu não estou pronta... - A mulher sussurrou.
- Desculpe-me, não ouvi.
- Eu disse que não estou pronta. Não quero lembrar sobre isso. Foram os piores anos da minha vida. - As lágrimas, então, começaram a cair. Ela virou a cabeça para o pé e sentiu uma mão em seu ombro, olhou em frente e viu a detetive abrir um sorriso solidário.
- Estamos aqui para lhe ouvir, não para lhe acusar. Nós apenas queremos resolver uma injustiça.
- x -
Sentados à mesa da cozinha, ouviram alguém entrar em casa.
- Coé, imunda, eu trouxe pizza para a gente... - Uma mulher da mesma idade, de óculos e cabelos morenos e curtos parou na porta com a caixa da pizza na mão. A mesma expressão de dúvida tomou conta do rosto da mulher ao ver sua amiga chorando, com duas pessoas com distintivos na mesa da cozinha. - O que é isso? - Sua voz quase não saiu.
- Eles reabriram o caso da . - E a caixa de pizza foi ao chão. Por algum motivo, esse foi o caso mais traumático da vida daquelas pessoas.
- Como assim reabriram? Descobriram qual foi a arma do crime? - Ela puxou uma cadeira, ignorando a pizza no chão, e se sentou ao lado de . fora absolvido por falta de provas que o julgasse culpado, como, por exemplo, a arma do crime que nunca fora encontrada.
- Não me leve a mal, mas é um caso sigiloso. Não podemos falar de nada na sua frente, a não ser que você esteja envolvida na história. - Kat falou, enquanto as três observavam Nick pegar a pizza e trazer para a mesa.
- Ah, desculpe-me. Sou . Uma das amigas dela que estava com ela na noite do assassinato. - Ela estendeu a mão. - Acho que isso facilita o seu trabalho. - E abriu um meio sorriso.
- Ah sim, muito. - Nick falou, abocanhando uma pizza. - Vocês não fazem idéia do quão difícil é achar pessoas nesse mundo grande.
- Vocês mantém contato com ? - Ela, então, tirou um gravador e deixou em cima da mesa.
- Então foi o mesmo? - abaixou os olhos.
- Não sabemos ainda. Precisamos dos depoimentos de todos para tirarmos qualquer conclusão - disse Kat. - Contem-me o que houve com eles antes do show.
- Flashback -
22/06/1989
- Ai, gente, eu não sei...
- Vai, ! Você tem que cantar aqui! - falou, empolgada. - Sua voz é linda! Você precisa cantar pelo menos uma vez, para você ver se gosta. Se gostar, você entra para essa vida de fama, se não gostar, você volta ao seu sonho original de ser professora. O que você tem a perder? - sorriu fraco.
- Eu não sei... - Ela andava murcha esses dias, ninguém sabia o porquê.
- , amiga, o que houve? - perguntou, chegando mais perto das amigas. - Você não dá uma gargalhada faz quase um mês! - Pausa. - Não, eu não contei. Só chutei. - E riram.
- Ai, amiga... Eu não sei. Eu tô preocupada. - Ela mexeu com o canudo a sua bebida. - Eu ando insegura. Insegura com meu namoro, insegura comigo... Parece que algo ruim vai acontecer.
- Ai, , vira essa boca pra lá! - disse, dando três batidas na mesa. - Mas como assim insegura com o namoro? O é louco por você!
- Mas eu não sou louca por ele - ela falou simplesmente. Momento de silêncio. - me beijou. - Ela deu uma golada na bebida. Os olhos das duas amigas se arregalaram.
- COMO ASSIM? Ele te beijou tipo... Do NADA? Simplesmente te pegou e te beijou? - fez um escândalo e se encolheu na cadeira.
- Dá para fazer MENOS escândalo, ? - E colocou as duas mãos na boca de .
- Fala, amiga, com detalhes. - Ambas a olhavam com atenção. No rosto, um misto de surpresa com alegria. Todos sempre quiseram que esses dois finalmente vissem que são feitos um para o outro. Ele era escandaloso e ela era discreta. Ela gostava de dançar e ele de tocar, ela cuidava dele e ele cuidava dela, ela o amava... E agora ele a amava.
- Foi assim:
- Sabe no sábado passado que meu irmão e meus pais estavam na casa dos meus avós, nós sete saímos, e o foi me deixar em casa? Então... Nós chegamos em casa e ficamos conversando um pouco do lado de fora, até que esfriou. Eu o convidei para entrar, tiramos os sapatos e fui para a cozinha preparar um chocolate quente pra nós dois, como eu sempre fazia.
- ...
- Oi, - ela continuava a olhar dentro dos armários. Ele estava escorado na porta da cozinha branca e simples da menina. tinha as mãos nos bolsos e tentava não olhar para a garota.
- Fala. - Ela o olhou e ele fitou seus olhos enquanto pigarreava.
- Nós somos amigos há quanto tempo? Dez anos? - Ele puxou uma cadeira e ela voltou a preparar o chocolate quente.
- É, por aí... Dez, onze... Por quê?
- Nada. Eu estava pensando... Você é feliz? - Ela o olhou com uma cara estranha.
- Se eu sou feliz? Como assim, ? Feliz com a nossa amizade?
- É... Com a nossa amizade, com o seu namoro... - imaginou aonde aquilo poderia parar, mas tentou tirar aquela idéia da cabeça. Era passado.
- Aonde você quer chegar, ? - Ela perguntou seca, de costas para ele. Um silêncio se instalou e ela estranhou. Ela queria ouvir a resposta mais do que qualquer outra coisa, queria ouvir que ele a amava, mas tinha medo de isso acontecer. Mas não ouviu. Não ouviu nada. não disse nada. Apenas sentiu duas mãos em sua cintura a virando, e, então, sentiu os lábios de juntos aos seus. Não o afastou. Não conseguiu. Tudo o que conseguiu foi abrir a boca para dar continuidade ao beijo. Ela tinha as mãos apoiadas na pia da cozinha, e ele ainda estava com as mãos em sua cintura, a beijava com uma delicadeza como se ela fosse de porcelana. jurou ter ouvido o barulho de sinos, sentiu o céu-da-boca formigar com o beijo, e, de repente, a xícara que estava na sua mão caiu no chão, se quebrando e os assustando. Separaram-se em um pulo e ficaram se olhando. Ele ia abrir a boca para falar algo quando ela falou:
- Acho melhor você ir para casa. - Ela estava vermelha, se sentia envergonhada, e, ao mesmo tempo, irritada. Como ele ousa depois de dez anos vir beijá-la? Logo agora que ela conseguiu namorar outro rapaz?
- Não quero... - Ele falou e ela o olhou com os olhos embargados.
- Dez anos, . - Os olhares se encontraram. - Eu estava ali por dez anos. Você nunca percebeu. Disse que eu era amiga demais para pensar em outra coisa. Não é justo. - Ela se abraçou e olhou para o chão.
- Desculpe-me pela demora... Mas agora eu tô aqui. - Ele se aproximou e segurou os ombros da menina. - Agora eu tô aqui para o que der e vier. - Ela se soltou dos braços dele e andou, pisando num caco de vidro, furando o pé. Ela cambaleou, mas ignorou a dor, precisava falar aquilo que estava na garganta tinha dez anos.
- Não, . Agora já é tarde. E o ? Ele é meu namorado. O que eu acabei de fazer, é uma coisa extremamente injusta com ele... - Ela tentava se manter firme nos dois pés, mas a dor do caco de vidro cravado na sola do seu pé era maior. Ela, então, tentou se equilibrar em um pé, mas preferiu se sentar. - Agora já é tarde demais, .
- A gente tem que ver isso, , se não tirar pode infeccionar. - Ele olhava para o corte no pé dela. - Quer que eu tire o caco de vidro?
- Não muda de assunto. Você não pode simplesmente chegar e me beijar e esquecer que eu tenho vida. Eu tenho meu orgulho, eu tenho meu namorado.
- Olha, , me desculpa. Mesmo. Eu não esperava que acontecesse assim, mas acontece, entende? A gente não escolhe. Me dá uma chance, por favor! Eu não sei mais o que fazer, tudo o que eu sei é que eu te amo. Por favor, me dá uma chance. - Ela olhou para o canto da parede e deixou as lágrimas caírem. Eram lágrimas de dor. Dor do corte no pé, que agora começava realmente a doer, e de dor no coração, de uma ferida recém cicatrizada aberta novamente.
- Eu vou pensar - ela falou olhando para a parede. , então, subiu as escadas correndo e pegou uma pinça no armário do banheiro. Voltou para a cozinha e pegou o pé da menina. Encontrou o caco de vidro e a menina gemeu de dor. Saiu. Fez um curativo e ela levantou.
- Obrigada. - Ela sorriu fraco. Abraçaram-se. juntou os lábios novamente e, novamente, não teve forças para recuar. Nem para continuar. Ficaram ali, parados, com os lábios grudados e nada mais. - Sério. Você precisa ir.
- Tá bom, gente, fala alguma coisa! - e olhavam para com as bocas abertas e os olhos arregalados.
- Eu não acredito. - foi a primeira a sair do transe.
- Mas, amiga... O que você vai fazer? - perguntou atônita.
- Eu não sei... - Ela falou olhando para o pé.
- O que você vai responder para ele? - Foi a vez de perguntar.
- Eu não sei... - Ela continuava olhando para o pé.
- End Flashback -
- Nossa. - Kat terminava algumas anotações. - O irmão dela sabe disso? Ele não falou nada disso no depoimento. Falou da paixão dela, mas não sobre o beijo.
- Ele não sabe. Nenhum dos meninos sabe. Só nós duas. Nem sei se sabe que nós sabemos. - disse, pegando um pedaço da pizza, que, até então, só Nick havia comido.
- Vocês conseguiram encontrar o ? - perguntou, depois de minutos de reflexão. - Ninguém nunca mais o viu depois do enterro. Ele simplesmente desapareceu. Eu não acredito que possa ter sido ele. Ele era apaixonado demais para fazer qualquer coisa com a . - Ela parecia falar sozinha, não se importando em olhar para ninguém. - Eu quero ouvir da boca dele o que aconteceu.
- Há tempos que eu não vejo os meninos - emendou. - Desde o enterro, cada um ficou no seu canto. ficou enfurnado dentro de casa, chorando e ajudando o pai a tentar solucionar o crime. não apareceu nem no enterro, imagina depois. Os meninos tentaram continuar com a banda, mas sem o não deu. Nós duas fomos as únicas que continuamos na cidade. - Kat anotou mais alguma coisa em seu bloquinho, e percorreu o olhar em toda a extensão da cozinha e, em uma cômoda ao canto, havia uma foto de , sorrindo, com duas velas em forma de estrela acesas, ao lado uma miniatura da estatua da liberdade, um pote de um cassino de Las Vegas com uma bandeira do Brasil dentro. Parecia um altar improvisado, e respondeu:
- O sonho da vida dela era viajar. Nós falávamos que quando tivéssemos idade para viajar sozinhas, iríamos para Las Vegas, para NY, e visitar a terra natal dela. - Ela olhava para a foto com carinho. - Então nós decidimos realizar os sonhos dela por ela.
- Aqui estão os endereços dos nomes que você me deu, Kat. - Disse Scotty, outro detetive envolvido no caso. - e estão morando em Los Angeles, está morando em Cleveland e trabalha em uma filial da rede de supermercados Wall-Mart. está em algum lugar de Ohio, só não conseguimos identificar onde. Já o ex-namorado está na mesma cidade, faz terapia a vida toda, parece que ele tem algum problema neurológico, ou algo assim.
- Finalmente, alguém que mora perto! - Kat disse, revirando os olhos. Todos riram. - Estou falando sério. Uma viagem de carro daqui até Boston dá uma dor, de tanto ficar sentada. Se é que me entendem. - Levantou, segurando sua xícara e empinando a bunda para os demais sentados na mesa. Estavam todos revendo as provas e tomando café.
- Enfim, o que descobrimos? - Lilly foi a primeira a se manifestar.
- Que ela estava envolvida em um triângulo amoroso entre ela, o primeiro amor e o primeiro namorado. Uma semana antes da morte, o primeiro amor foi atrás dela, dizendo estar apaixonado e a beijou, e, definitivamente, isso mexeu com ela. - Will disse, abrindo uma pasta de papel pardo, lendo as anotações que fizeram e comparando com as antigas. - Na noite do assassinato, foram ouvidos quatro disparos, mas o IML só encontrou três balas no corpo da menina. Balas de 9mm, provavelmente de uma Parabellum. Não foi encontrado onde o quarto disparo foi parar, assim como a arma do crime. Todos foram interrogados, foi a julgamento como principal suspeito, mas nunca encontraram provas suficientes para prendê-lo. O irmão ficou uma arara. Tinha plena certeza de que era .
- Como ele tinha tanta certeza? - Scotty perguntou, dando um gole no seu café.
- Ele diz que a irmã foi apaixonada por ele a vida toda, e quando ele acordou, ela estava com outro. Ele sempre teve uma raiva dele por conta da irmã; vê-la chorar por 10 anos por um garoto não deve ser agradável. - Lilly respondeu. - Ele era do tipo super protetor.
- As amigas dela dizem não acreditar que foi quem disparou. Dizem que ele era inofencivo em relação à . Eles eram melhores amigos acima de tudo, nunca iria fazer mal à ela. - Kat disse, relembrando sobre a conversa na casa das meninas.
- Será que alguém do bar onde ela cantou viu quem entrou com uma arma? - Scotty voltou a perguntar.
- Podemos ir atrás da mãe também. Eu sinto que ela sabe alguma coisa mais. - Lilly falou.
- Precisamos também contactar os rapazes - Nick falou - Podíamos trazê-los aqui.
- Sim, e o irmão quer ver o interrogatório de - Lilly disse. - Ele quer ter certeza se ele está falando a verdade ou não. Disse poder ajudar.
- Precisamos contactar o ex-namorado também - Scotty disse. - Bom, então vou chamar os meninos para cá. Eles que se desloquem.
- Então, eu e Kat vamos atrás do dono do bar. - Lilly falou, fechando a pasta que estava na sua mão.
- Então - Will começou -, ao trabalho, minha gente.
- Você é Jack? - Lilly perguntou para um homem que estava abrindo o bar.
- Não, Jack era meu pai. Ele faleceu há uns 5 meses. - O rapaz as olhava intrigado. - Posso ajudá-las?
- Pode. Eu sou a detetive Lilly Rush, e esta é minha parceira, a detetive Katherine Miller. - Mostraram os distintivos. - Estamos investigando o caso da morte da menina , que foi morta a tiros na coxia deste palco.
- Ah, o caso da menina . - Ele falou, pegando um copo e limpando-o com um pano. - Eu estava trabalhando para meu pai nesse dia, vi tudo o que aconteceu do bar. O garoto encheu a cara, estava desesperado.
- E aparentou estar armado, ou planejando alguma coisa? - Kat perguntou, ligando um gravador e o colocando no balcão.
- é o amigo, certo? Não, eu tô falando do namorado dela. Ele estava entornando, parecia perturbado. Mas eu não vi ninguém que desse a entender que fosse matar alguém.
- Mas você o viu portando uma arma? Ou qualquer outro?
- Não. Nós achavamos que era um bairro tranquilo, que não era preciso revistar as pessoas antes de entrar. - Ele colocou o copo no lugar e arqueou as sobrancelhas em sinal de falta de ânimo. - Depois desse incidente o bar perdeu a clientela. Muita gente deixou de vir para cá, porque dizem que é assombrado. Disseram que a alma da menina vaga por aqui. Mas é tudo mentira. Nunca mais aconteceu nada, mas, mesmo assim, lendas urbanas assustam o pessoal. Apesar da mãe dizer que continua vendo a garota.
- A mãe?
- Sim, ela diz ter visto a filha com o tal garoto que disseram que a matou. - Ele deu de ombros. - Eu sei lá se é verdade, mas se a menina apareceu para esse garoto, e não o fez nenhum mal, talvez isso queira dizer que não foi ele. - Ele fez uma pausa para pensar. - Ou então que foi ele e ela estava dizendo que o perdoava. Eu não sei, não entendo essa coisa de fantasma ou sei lá. Só sei que a mãe dela a viu. E começaram a dizer que a velha estava louca.
- Você tem o endereço dela?
-x-
- Senhora Patrícia? - Kat perguntou, mostrando o distintivo.
- Sim? - Uma senhora baixa e um pouco gordinha abriu a porta. Ela tinha os olhos fundos e escuros, como se tivesse chorado por muitos anos.
- Eu sou a detetive Katherine Miller, e esta é a detetive Lilly Rush. Nós estamos investigando sobre o assassinato de sua filha, . O irmão dela reabriu o caso alegando ter novas evidências.
- Ele ainda está tentando provar que era culpado? - Ela balançou a cabeça como que se já estivesse esperando por aquilo. - Entrem, eu vou lhes fazer um café. - Ela abriu a porta da casa branca, com janelas verdes, a mesma que era o fundo da foto que trouxe para Lilly. Entraram, a casa era simples, mas bem decorada, tinha um ar acolhedor. Sentaram-se na mesa da cozinha.
- Então, o que precisam saber? - Patrícia entregou uma xícara para cada uma e se sentou, esperando o café passar.
- Você sabia que sua filha havia visto algumas semanas antes do acidente?
- Sabia. Ela me contou tudo. Aliás, eu que a incentivei a ficar com .
- A senhora sabia também que o IML descobriu que ela não era mais virgem?
- Sabia. E esse foi um dos motivos de eu ter falado para ela ficar com . - Ela olhou para a xícara vazia e pareceu pensar. - Foi na primeira vez em que achou estar certo de que a amava. Disse que ela era a mulher da vida dele. Minha filha, boba e apaixonada, se deixou levar. De certa forma eu não me importei. Eu sempre soube que eles foram feitos um para o outro. Mas ele a magoou muito. Depois daquela noite, ele agiu como se nada tivesse acontecido e voltou para a ex namorada. Ela ficou arrasada. Foi aí que passou a ter raiva de . Ele ficou sabendo, aliás, todos ficaram sabendo do incidente, e, de fato, foi muita falta de consideração da parte dele. Depois daí, demorou um pouco para a ferida sarar. Foi aí que arranjou esse . Nunca fui muito com a cara dele, mas ele parecia fazer bem para , então...
- Então, porque você a incentivou a ficar com ele, se você não gostava dele?
- Olha, eu sempre fui religiosa, e sempre achei que Deus escreve certo com linhas tortas. Eu achei que, se ela fosse atrás de , ele não iria aprender nada. Poderia fazer a mesma coisa que fez da primeira vez. Se ela ficasse com , ia aprender que não era só estalar os dedos e ela vinha. E além do mais, se ela e estivessem predestinados um ao outro do jeito que eu imaginava, então não importa se ela se casasse com , mas na frente, no futuro, os destinos iriam se encontrar novamente. - Ela se levantou e foi pegar o café, que havia passado. Ela pegou as xícaras e colocou o café. - Açúcar ou adoçante?
- Açúcar. - Ambas falaram em uníssono e se entreolharam. Patrícia colocou o pote de açúcar no meio da mesa para que elas se servissem.
- Ouvimos que a senhora ainda vê a sua filha. Isso é verdade? - Ela parou e deu uma risadinha irônica.
- Provavelmente estão me achando louca, não é? Depois que ela se foi, eu tentei entender o porquê disso. Às vezes Deus tinha um plano maior para ela. Ela sempre foi super protetora com as pessoas que a amam, principalmente . Então eu imaginei que, aqui na Terra, ela não estava conseguindo protegê-lo. Às vezes Deus estava precisando de uma ajudinha, e precisava dela lá em cima, para protegê-lo.
- Mas ele é o principal suspeito do assassinato dela. Como Deus pode pedir para ela proteger o próprio assassino?
- Eu não sei. - Ela deu de ombros. - Eu não estou a par dos planos de Deus, só estou falando o que eu vi.
- O que você viu?
- Não me leve a mal, eu sei o que eu vi, não estou ficando louca. Uma semana antes de se mudar, acho que dois dias depois dele ter sido inocentado, eu fui visitar o túmulo da minha filha. E, de longe, eu o vi, junto com ela. Ela estava de branco, ele encostava a cabeça no ombro dela e ela mexia no cabelo dele, como sempre fazia quando ele estava precisando de ajuda. Quando me viram, ele se levantou e saiu. Ela ficou me olhando, sorrindo, até desaparecer por completo. - Ela olhava para o café e sentiu uma lágrima correr. Um vento quente entrou pela janela e ela olhou através dela. - Eu sempre sinto a presença dela. Acho que ela vigia a todos nós. - Disse, com o olhar perdido na direção da jánela, como se falasse para , ou para si mesma. - Fico querendo saber como ela deve estar lidando com isso tudo.
- Isso tudo o quê?
- O que aconteceu depois. Cada um foi para um lado, a vida dos meninos, principalmente a de , saiu dos eixos. não se conformou com nada disso, , e não se falam mais, eles costumavam ser super amigos, mas ninguém se falou mais de então. - Ela respirou fundo e deu outra golada no seu café.
- Então, o senhor era amigo da menina? - Scotty perguntou a um rapaz de estatura mediana, com cabelos escuros e porte fraco.
- Sim, eu era amigo dos dois, eu estava lá naquele dia. - Ele estava sentado e Scotty andava de um lado para outro na sala de interrogatórios.
- Você viu o que aconteceu? - O rapaz respirou fundo e relatou o acontecido.
- Flashback -
06/07/1989
- Eu já posso ir? - perguntou, olhando para as meninas.
- Ela pediu um tempo... - disse. - Mas acho que ela não precisa saber que você sabia disso. - E piscou. , então, se levantou e rumou até a coxia.
- Vocês acham que é uma boa idéia? - perguntou, olhando para os amigos.
- Deixa eles se entenderem, que mal tem? - deu de ombros.
- Gente, o que o tanto fala com a ? - olhou para uma mesa não tão longe da deles e eis a cena que se via: virava o terceiro copo de cerveja direto e esbravejava alguma coisa em seu ouvido.
- Eles são primos, oras. - deu de ombros. - Está todo mundo com os nervos a flor da pele hoje, porque eles estariam outro modo? - E logo puxaram outro assunto, , por outro lado, prestou atenção em , que passava por eles esbaforido, em direção ao outro lado do palco, e em seguida, , com um ar de irritação. Minutos depois, ouviu-se um barulho alto de tiro, quatro disparos. Todos se assustaram e correram para o lugar donde os disparos vieram: da coxia. Ao chegar, a cena que se procedia era de uma morta, nos braços de um amigo, daquele que ninguém poderia esperar algo do gênero, daquele que ninguém mais viu depois deste dia.
- Kat, estamos com uma testemunha do caso de lá dentro. - Scotty apontou para a sala dos interrogatorios, para a qual rumava.
- Sério? Conseguiu encontrar ? - Tomou o mesmo rumo de Scotty.
- Não. Estamos com o ex namorado aí. - E entraram. Do outro lado da janela espelhada, estavam Lilly, , mais grisalho, mais magro, mais abatido, e outra mulher.
- Meu cliente só responderá aquilo que for de sua preferência. Ele sofreu demais com essa história e não possui saúde mental suficiente para suportar a dor de relembrá-la. - A mulher falou ajeitando o cabelo de em sinal de grande intimidade.
- E você é quem? - Lilly perguntou.
- Eu sou a advogada, psiquiatra, conselheira espiritual e prima de . - Ela falou, erquendo o nariz em pose de poder. - Estou há 20 anos tentando acalmar o pobre coração partido, tudo graças aquela piranhazinha... -
- Por favor, mantenha o mínimo de respeito. - Lilly a interrompeu. - Eu quero saber da opinião de , guarde as suas para você. - Ela, então, se virou para o homem problemático e perguntou. - Então, , o que aconteceu? -
- Ela estava me evitando havia algumas semanas. Estava distante, não retornava minhas ligações, não só minhas, mas de todo o pessoal. Nem sabia o que estava acontecendo com ela. Ela nem olhou para mim antes de subir ao palco. Só olhava para . E a amava tanto. Por que ela me ignorou desse jeito? Eu podia ter resolvido os problemas dela! - Ele olhava para a prima como uma criança. A prima bateu na cabeça dele em sinal de carinho e falou:
- A culpa não foi sua. Todo mundo sabia que ela não prestava... Continua falando com a moça, se você achar que não dá mais, me avisa... -
- Tá... - Ele respirou fundo e voltou a atenção para Lilly. - Depois que ela cantou, ouvi uma conversa de com os meninos e eu fiquei intrigado....
- Flashback -
- , você está bem? - ouvia a conversa calado, queria saber o que estava acontecendo.
- Não sei. Ela escolheu o . - sentiu uma pontada de felicidade e ciúmes ao mesmo tempo. Como assim escolheu? Isso não era uma opção, era e ponto final. Eles foram feitos um para o outro, ele não imaginava a vida sem ao seu lado, não sabe como agüentou viver até aquele momento. Ela tinha que ser DELE.
- Será que eu devo falar com ela? - Ele olhou para , como quem pedisse permissão.
- Dá um tempo, . Ela saiu do palco tão abalada quanto você. As meninas foram lá falar com ela, quando elas saírem, você vai. - precisava pensar. Precisava saber o que fazer. Há dias que ele não conseguia se concentrar em nada. Olhou para sua prima, que estava ao seu lado e a viu balançar a cabeça como quem confirmasse algo. Levantaram-se e foram para o bar. Ele precisava de álcool. Depois de cinco cervejas em 10 minutos, ele estava muito tonto, só o que ouvia era a voz de sua prima ecoando na sua cabeça, algo que não conseguia assimilar e entender o que era. Olhou então na direção do palco, ela não calava a boca. Viu entrando na coxia e foi atrás. Escondeu-se atrás de umas caixas de som que se encontravam nos bastidores, a alguns metros entre a saída e eles dois. Conseguiu ouvir toda a conversa entre eles.
- ? - Ela olhou na direção da coxia e viu . - A gente precisa conversar.
- ... É melhor não. - Ela olhou para o fundo dos bastidores, mas voltou a olhar para . - Eu não tenho mais o que falar. - Ela se levantou e deixou o violão de lado.
- Mas eu tenho. Só não sei se é a hora certa para falar. Eu não quero que você sofra. Vem aqui. - E se abraçaram. Um abraço demorado, apertara o abraço. , chorando, falou: - Olha, pequena, se eu não fui esperto o suficiente para perceber isso antes, não é culpa sua. Eu só quero que saiba que eu sempre vou te amar, e que pra sempre você vai ser a minha pequena, e, em primeiro lugar, minha melhor amiga. - Deu um beijo no topo da cabeça dela e de repente ouviram-se disparos. soltou o abraço, e caiu no chão, baleada. Ele guardou a arma no cós da calça e a abraçou. sentiu um braço em seu ombro e viu ser sua prima o puxando para fora do bar. Saíram sem serem vistos, estava atormentado. O amor de sua vida estava ali, morta, pálida, e ainda por cima, nos braços de outro. Ele não podia acreditar. Sua vida não tinha mais significado algum.
- End Flashback-
- Então você VIU disparando contra ? - estava tremendo, chorando, extremamente abalado com aquilo tudo. Ele pareceu parar e pensar no que lhe havia sucedido naquela noite, e mais lágrimas lhe rolaram.
- Ele já não falou que viu? Você quer que ele fale mais o que? Ele já não esta abalado demais pro seu gosto? - E então ela o abraçou, para tentar fazê-lo parar de chorar. - Eu também vi, se você ainda não acredita, ou não tem competência para... -
- Olha aqui, garota... -
- Garota não, meu nome é . - Interrompeu Lilly, seca.
- , que seja. Estou tentando fazer meu trabalho. Se você não sabe ser profissional, o problema não é meu, é seu. Então fique quieta ou queira se retirar. -
- Não, ela fica. - disse, depois de secar as lágrimas. - Sim, eu vi balear . -
- Você viu onde foi parar a quarta bala? - Lilly estava de pé, com as mãos em cima da mesa em sinal de falta de paciência.
- Como eu vou saber? Ele estava abraçado com ela. Ele sacou a arma de muito perto, não deu para ver aonde foi parar, só sei que eu o vi atirando. - Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.
- Você tem noção do que esta afirmando? Você está acusando de assassinato e isto é muito sério. Você tem certeza disso? - Minuto de silêncio. pareceu pensar em seu conflito interno e então respondeu:
- Tenho. Plena certeza.
- ? - Um homem alto, loiro, com um ar de cansaço olhou na direção do detetive Scotty com um ar de interrogação. Ele estava para abrir a porta de casa quando foi chamado.
- Sim... Posso ajudá-lo? -
- Pode sim. O senhor está preso sobre a acusação da morte da menina , no dia de 6 de julho de 1989. Você prestará depoimento pelo departamento de polícia da Filadélfia e estará preso até que se prove o contrário. Tem o direito de ficar calado, ou o que dirás será usado contra você. - Scotty dizia, enquanto algemava o rapaz. Ele não lutou, não questionou. Parecia conformado.
-x-
Departamento de Polícia da Filadélfia.
- Senhor . Ouvi muito o seu nome esses dias. - Lilly dizia. não falava nada. Apenas olhava para baixo. Por trás do vidro espelhado, estavam os detetives Scotty e Kat, além de algumas pessoas que precisavam ver isso. Entre elas, estavam um irmão magoado, duas amigas tristes e três rapazes amargurados. Todos estavam ali. Todos precisavam estar ali. Precisavam estar ali para apoiar um amigo, mesmo ele não sabendo, mesmo ele não se dando conta. Mas todos precisavam estar ali, todos precisavam ter certeza daquilo que todos concordavam: a inocência de .
- Você não vai falar nada? Por favor, não me vá ser um chorão. Já me basta o outro que mal conseguia falar, precisava de babá e tudo o mais. - Ela revirou os olhos.
- O que você precisa saber? - Ele perguntou, enfim, olhando para ela.
- A verdade. -
-x-
estava inquieto, mal falara com os outros. A cara amarrada, braços cruzados, olhos fixos em , que estava de costas para o vidro. e assistiam a tudo abraçadas os outros meninos, todos rezavam para finalmente conseguir a paz dele.
- Eu não tenho tanta certeza de que ele é inocente não. - Scotty falou, olhando para . - O tal do deu um depoimento super convincente, onde ele provava e afirmava que viu disparar a arma, que viu o momento em que a menina caiu morta. - E era verdade. Tudo sempre indicou que fora , nem ele se defendia mais. Mas ainda tinha uma vaga esperança de que alguém conseguisse desfazer isso, seja lá o que fosse.
- Eu tenho certeza de que foi ele. - falou sozinho, ainda com os olhos fixos em .
-x-
- Eu fiquei sabendo de muitas histórias suas, . - Lilly estava com um ar tranqüilo. apenas olhava para ela, esperando as perguntas. - Soube que você era o melhor amigo dela. É verdade?
- Sim.
- E, sendo melhor amigo, ela devia ter um carinho especial por você, não?
- Tinha. - Ele respirou fundo. - Nós nos amávamos.
- Não foi isso que me disseram. - Lilly agora andava ao redor da mesa, ela andava de um lado para o outro na sala vazia. - Ela era apaixonada por você, você nunca deu atenção a isso. - abaixou a cabeça. - E ela sempre esteve ali, de braços abertos para você. A primeira vez que você pareceu se der conta disso, ela esteve ali até demais. Se entregou de corpo e alma para você, e o que você fez? A deixou de lado, como se fosse nada. Afinal, ela era sua amiga, a qualquer momento que você precisasse se aliviar, ela estaria ali não é mesmo? - Ela fazia gestos e sentia uma pontada na boca do estômago, como se tomasse um soco.
-x-
- Como assim? Ela esta falando no sentido figurado, né? - se virou para e , e elas desviaram o olhar. sentiu o sangue subir. - ESSE FILHO DA PUTA DORMIU COM A MINHA IRMÃ? EU VOU MATÁ-LO!
- , olha o escândalo. Agora, infelizmente, não tem mais o que você fazer, então, guarda o show e para de ser ciumento. Eles se amavam de uma maneira meio fora do comum, mas da maneira deles. Vê se entende isso, cara! - surtou. se voltou para o espelho, furioso.
-x-
- Então, você voltou para sua vida de garanhão. Deixou de lado a noite que vocês tiveram, os sentimentos da garota, para voltar a ter uma vida vadia.
- Era pressão demais! O que eu tive com ela foi muito intenso, eu nunca tive algo assim antes, eu fiquei com medo!
- Por isso você voltou a procurá-la um tempo depois, seguro de que ela iria lhe aceitar de volta. - Ela agora se debruçou na mesa, chegando o rosto mais perto do dele. Ele estava ficando nervoso.
- Eu senti falta dela. Precisava dela de volta na minha vida, eu a queria para mim. - Ele falava nervoso, como quem se desculpasse de alguma coisa.
- Mas ela estava namorando, um namoro feliz, um namoro de verdade.
- Aquilo não era namoro! Ela não gostava dele tanto assim. Ele a venerava, isso era irritante, até para quem estava de fora!
- Por isso você queria a atenção dela de volta. Você começou a beber, a brigar, a bater nela. Para conseguir atenção, afinal, você sabia que ela nunca iria te julgar.
- Eu nunca levantei um dedo contra ela! E eu não bebia para chamar a atenção dela! Eu tinha vergonha dela me ver daquele jeito. Eu não queria que ela tivesse me visto naquele estado. - Ele agora estava de pé, se defendendo fielmente.
- Mas você, ainda assim, a queria.
- Ela era a mulher da minha vida, eu tinha certeza disso.
- Mas ela estava com um namorado. Estava feliz, estava continuando a vida dela sem você.
- não era namorado para ela! Ele era problemático! Ele era estranho! Ela sempre se estressava com ele por causa dessa mania de colocá-la sempre em primeiro lugar em tudo!
- E por isso você achou que ela iria escolher você.
- Eu tinha que tentar... -
- Mas ela não escolheu. Ela preferiu o louco, ela preferiu o outro. Isso não te deixou feliz.
- Ela era a garota perfeita para mim. Ela não podia ter escolhido ele. Eu a queria para mim.
- Por isso preferiu a ver morrer a deixá-la viva, com outro.
- Eu não queria... Eu tentei ajudar, ela não sobreviveu. Ela estava fraca... - agora chorava. Suas lágrimas saíam com certo desespero. Assim como as lágrimas das pessoas do outro lado do espelho. abraçou , que soluçava. deu um beijo no topo da cabeça de , que tampava a boca em sinal de surpresa e bateu no ombro de .
- Por isso você atirou nela. Se ela não podia ser sua, não seria de ninguém.
- Não. Você entendeu errado. Eu não atirei nela. Eu não queria vê-la morta. Eu deveria ter ido no lugar dela... - Ele se embolava nas palavras.
- Como assim?
- Eu era o alvo. Era eu quem deveria estar morto. Ela se meteu na frente, ela quis me proteger, eu sou o culpado dela não estar mais aqui. - Ele escondeu o rosto nas mãos e soltou o corpo na cadeira. Lilly olhou para o espelho e deu de ombros, como se não entendesse.
- O que você quer dizer com isso? Você não disparou?
- Não. Eu já disse que nunca levantaria um dedo para ela, eu podia estar magoado, mas nunca a machucaria...
- Flashback -
- Eu já posso ir? - perguntou, olhando para as meninas. Estava inquieto, precisava conversar com a garota.
- Ela pediu um tempo... - disse. - Mas acho que ela não precisa saber que você sabia disso. - E piscou. se levantou e rumou para a coxia. estava encolhida, chorando, agarrada do violão. Aquilo partiu seu coração, e sentiu que voltaria a chorar.
- ? - Ela olhou em sua direção e seu olhar era pesado, era triste, não havia brilho algum que lembrasse a menina que ela sempre fora. - Ô, pequena, a gente precisa conversar.
- ... É melhor não. - Ela olhou para o fundo dos bastidores, mas voltou a olhar para . - Eu não tenho mais o que falar. - Ela se levantou e deixou o violão de lado.
- Mas eu tenho. Só não sei se é a hora certa para falar. Eu não quero que você sofra. Vem aqui. - E se abraçaram. Um abraço demorado, apertara o abraço, era um abraço estranho, parecia um abraço de despedida. tirou isso da cabeça e, chorando, falou: - Olha, pequena, se eu não fui esperto o suficiente para perceber isso antes, não é culpa sua. Você tem a sua vida, e se você quer ficar com ele, eu vou entender, não vou impedir, eu quero é que você seja feliz. Eu só quero que saiba que eu sempre vou te amar, e que pra sempre você vai ser a minha pequena, e em primeiro lugar, minha melhor amiga. - E deu um beijo no topo da cabeça da menina. Ela nada falou, só chorou mais. Quando de repente se ouviu um som de estalo, e eles olharam para o fundo da coxia. O estalo vinha de uma pistola que estava armada na mão de um choroso, magoado e trêmulo.
- Você está me traindo não está, ? Você ama esse daí, você nunca me amou. - Ele tremia, seu olhar era de desespero. puxou para trás de seu braço, tentando se fazer de escudo.
- Olha, , não é nada do que você esta pensando, cara. Ela quer você, ela ama você. Abaixa essa arma, não faz nenhuma besteira. - começava a tremer. O pânico subiu à sua cabeça e ele lutava para continuar calmo.
- Eu ouvi a música que ela escreveu pra você. Ela nunca escreveu uma musica pra mim, mas pra você ela escreve. Ela nunca me dá tanta atenção quanto dá a você, ela nunca me dá tanto valor quanto dá a você. Fala sério, você acha que eu sou idiota? Eu sei que ela está me traindo, eu sei que ela ama você. - Ele falava extremamente nervoso, mexia com a cabeça como num tique nervoso. estava paralisada pela presença da arma, o pânico tomara conta dela.
- , baixa essa arma! - Foi só o que ela conseguiu falar.
- Admite! - gritou com ela. - Admite que você ama mais esse aí do que a mim!
- Esta bem. - Ela se posicionou ao lado de . - Amo. Por muitos anos eu amei a ele. Mas é um amor diferente do que eu sinto por você. Eu te amo, mas não do mesmo jeito que ele. -
- Você o ama mais, né? Pode falar. Você não vai mais amá-lo mesmo... Ele vai estar morto... - engoliu em seco, e arregalou os olhos.
- , se você atirar nele, você vai para a cadeia. Aí, eu não vou poder amar nem você, nem a ele. Seu tiro vai sair pela culatra, não vai dar certo. - Ela estava começando a chegar para frente, e a segurou.
- Não quero saber. Pelo menos, eu não vou ter que me preocupar com ele. - Ele voltou a apontar a arma para . - Beije-a.
- O quê?
- Beije-a, eu tô mandando. Eu sei que você quer. Eu quero ver. Quero ver o amor que eu não tenho. - Ele voltou a chorar.
- , isso já tá ficando ridículo. Abaixa essa arma. Não tem necessidade disso.
- Cala a boca! - Ele agora apontou a arma para ela. - Sabe, você não é uma boa namorada. Você me traiu, não me ama, não gosta de ficar comigo... Não sei por que eu te amo tanto assim... Deve ser seu encanto. Você é como uma sereia, sabia? Encantou-me há uns cinco anos, e só agora eu caio na sua rede, e agora é que está realmente começando a doer. - Ninguém entendia o que ele falava, estava nervoso, falava o que lhe vinha a cabeça e não se importava em se fazer entender. Ele mirou novamente. - Foi mal, cara, mas ela é a mulher da MINHA vida. - E disparou. Disparou quatro balas. Sua mão estava tão trêmula que o primeiro tiro foi de raspão pela barriga de , as outras três, se colocou na frente, e, ao invés de acertar , todas acertaram em seu peito. Ao ver o que fez, ficou parado.
- ... ! - segurava a menina, que caía já pálida, em seus braços. - Não... ... Pequena... - Seus olhos se encheram de lágrimas, o ferimento em sua barriga não foi notado, ele estava mais preocupado com a menina. Olhou para , e ele já não estava mais lá. Então, olhou para a menina, que, com um último suspiro, abriu um sorriso fraco, e passou a mão no rosto do rapaz.
- Eu te amo. - Sussurrou. E, então, o braço caiu. Seus olhos fecharam e sua cabeça pesou para trás. , ajoelhado, a puxou para mais perto, sujando mais ainda sua roupa de sangue, ele chorava desesperado, quando ouviu um movimento vindo da coxia. Ouviu um grito que parecia ser de . Mas ele não tirou os olhos da menina. Ele não podia acreditar que o amor da vida dele estava ali, morta, na última tentativa dela de protegê-lo, e ele nunca dera valor a isso.
- End Flashback-
- Por que você não falou isso no seu primeiro depoimento à policia? - Lilly perguntou, depois que havia se acalmado.
- E de que ia adiantar? Eu era culpado. Se eu não tivesse ido procurá-la depois do show, ela ainda estaria viva, se eu tivesse dado valor a ela a tempo, ela ainda estaria viva, se eu não tivesse ido atrás dela, afinal, antes mesmo do show, ela ainda estaria aqui. Então, eu sou o culpado! - Ele fez um momento de silêncio. - Sem falar, que seria um fardo maior para . - Ele olhou para o pé.
- ? O que ele tem a ver com isso? -
- Ele a apresentou a esse . Se ele me odeia por tê-la feito chorar, imagina se soubesse que ELE apresentou a irmã ao seu assassino? - , do outro lado do vidro, se sentiu desolado. O ar lhe faltou, e ele e escorou na parede do fundo. Foi se arrastando até sentar. Ele então começou a chorar. Desesperadamente. e se sentaram ao lado dele, na tentativa de amenizar a dor, mas elas mesmas choravam tanto quanto ele.
Lilly coçava as têmporas. continuava na sala, ela estava na sala do outro lado do vidro.
- Cara, que barra. - falava. Todos os seis estavam sentados no chão, ao lado de . - Carregar esse segredo por quase vinte anos é muita coisa... - Ele falou mais para si do que para qualquer um.
- Mas nós não sabemos se ele está falando a verdade. - Scotty lembrou.
- Pô! Depois de um depoimento desses, você ainda tem dúvidas de que ele esta falando a verdade? - perguntou, se levantando.
- Mas o outro depoimento não teve nenhuma informação que batesse com essa. Não sabemos quem está dizendo a verdade.
- Precisamos chamar aqui novamente. - Lilly falou. - Quero outro depoimento dele.
- Providenciando. - Kat disse, pegando o telefone. se levantou para pegar uma xícara de café, e olhou novamente na direção de , e viu, além dele, uma pessoa, vestida de branco, lhe abraçando. Como estavam de costas, não soube diferenciar.
- Quem é aquela mulher? Advogada dele? - Ela perguntou apontando para o vidro, e Lilly e Scotty deram de ombros.
- Que mulher? - continuou olhando por um momento.
- Nada não. Deixa pra lá. - Ela terminou de pegar o café e continuou olhando para o vidro, até que a tal mulher desapareceu.
- Lilly? - Kat chamou, desligando o telefone. - Falo para vir hoje mesmo?
- Isso. Quero acabar logo com esse caso, liberar logo estas pessoas, elas também têm vida.
- Certo. 18h30min, então. - Kat falou e desligou o telefone.
- Vocês interromperam a consulta do meu cliente. Ele já não respondeu coisas o suficiente? Depois de desenterrar aquela história, ele precisou de uma consulta intensiva. - falou, sendo empurrada para a outra sala de interrogatório, que ficava do lado oposto à de , mas que coincidia com a sala onde e os outros estavam.
- Sim, mas acontece que encontramos novas provas, e preciso ouvir o depoimento dele novamente, para ver se bate. - Lilly disse, entrando Scotty e Will logo atrás.
- O que mais vocês precisam saber?
- Você sabia que era apaixonada por , antes de namorar com você? -
- Só responda se você quiser. - falou e ficou quieto.
- Eu estou lhe fazendo uma pergunta. Se você não responder, posso lhe prender por calúnia, pois tenho provas de que seu testemunho não é verdadeiro. Eu sei que você mentiu no último depoimento, então, acho bom você responder ao que eu estou perguntando, porque eu tenho o poder para lhe fazer ir à cadeia! - Lilly disse, já perdendo a paciência.
- Sabia. Mas o que isso tem a ver? - mantinha a calma.
- Ora, não sei. Diga-me você. Ela era apaixonada pelo melhor amigo. De uma hora para outra, vocês estavam fazendo o que, oito meses de namoro? - Scotty fingiu fazer as contas. - Não era meio estranho, depois de oito meses de namoro com você, ela cantar uma música daquelas para ele? Quem sabe isso não significasse que ela estava apaixonada ainda? Ou, pior, que ela estivesse lhe traindo?
- x -
- Gente, essa não é ? A prima maluca do ? - perguntou. Era a única em pé, assistindo ao depoimento. Quando ela falou, todos se ajoelharam e olharam pelo vidro oposto.
- ? - não reconheceu. Tentou lembrar, mas não conseguiu.
- É. Aquela garota que ficava dando em cima do , quando era da nossa sala. Aquela que tropeçou no pé dele e engessou o pé só pro ajudá-la com os livros? - falou e todos se lembraram. fechou a cara.
- Cara, essa garota era muito chata. Ela cismou que só porque eu “supostamente” quebrei o pé dela, era responsável por todos os dias de repouso dela.
- Aliás, ela era apaixonada por todos nós, lembra? Não esqueço o dia que ela fingiu se afogar na aula de natação só pro salvá-la. - disse, dando uma risada larga.
- Ou quando ela mandou uma carta anônima para a , dizendo que era pra ela desistir, que seria dela. - lembrou, rindo.
- Ou quando ela encheu o seu armário, , com sapo só porque você não quis ser parceira dela na aula de ciências. - falou, e todos riram.
- Claro! EU vou ficar do lado dela e de objetos pontiagudos? Eu não! Tinha amor à vida! Se com eu já corria risco, imagina com ela? - Riram mais ainda. , então, sentiu um sentimento bom, de nostalgia. Era bom, apesar do clima tenso, estar rindo novamente com os amigos. Ele sentiu uma presença estranha, uma presença que lhe trouxe uma felicidade, um calor humano, o calor da companhia de seus amigos, que tanto lhe fazia falta. Encostou, então, a cabeça no ombro de e essa lhe fez um cafuné. Ficaram ali, relembrando dos tempos de adolescentes, dos tempos antes do acidente. sentiu algo lhe envolver na cintura, olhou para trás, não tinha nada. Mas isso lhe fez sentir bem. Voltou a olhar para o julgamento.
- x -
- Mas ela me traia. - Ele falou, com a voz começando a falhar. - Eu sei que ela me traia. Mas eu a amava demais, a perdoei. - Ele olhou para , que lhe fez um sinal afirmativo com a cabeça.
- Perdoou mesmo? Ou isso é apenas uma fachada, para seu ódio interno? Você nunca ia conseguir receber o amor que ela tinha por ele. Ela já não te tratava tão bem, para ela te largar por ele seria um estalo.
- Mas ela me amava... - Sua voz saia pequena. Suas mãos suavam, e ele sentia o corpo tremer, estava começando a ficar nervoso e olhava para regularmente.
- Mas não o suficiente para você. Não tanto quanto você a amava. Alguma coisa estava atrapalhando...
- Mas ela me amava...
- Ah, claro. Ele! Se você se livrasse dele, ela seria toda sua. Não teria alguém para dividir o amor.
- Ele não a merecia...
- E você cuidou disso, não cuidou? Roubou a arma do seu pai, e trouxe-a em baixo da roupa, pronta, já com as balas, tudo direitinho.
- Não... Meu pai não tinha arma em casa...
- Então, onde você conseguiu a arma?
- Isso é um ABSURDO! Você esta o conduzindo a responder o que você quer ouvir! Ele já falou milhões de vezes que ele não foi o responsável, ele está muito perturbado desde então. - Lilly se levantou.
- Onde você conseguiu a arma, ?
- Não responda isso! - , agora, se levantara, em sinal de ofensa à Lilly. Ambas estavam de pé, o rapaz estava sentado, encolhido, chorando. Toda a verdade voltava à tona na sua cabeça.
- Responda a pergunta, , onde você conseguiu aquela arma? - Lilly perguntou, olhando diretamente para , quando ele pareceu acordar.
- Eu não queria acertá-la. Eu não queria machucar ninguém. - Ele estava chorando.
- Mas não foi isso que aconteceu, não é? Ela o defendeu. Ela ficou do lado dele, não do seu. Ela preferiu . Não você.
- Pára! - Ele se recostou na cadeira, tapando os ouvidos como uma criança mimada.
- Você estava com raiva, não estava? Você queria vê-li morto, não queria mais vê-lo perto da sua garota.
- Ele não a merecia! Ela não enxergava que com ele não ia ser feliz! - Ele gritava.
- Não responda! , você está sendo influenciado! Você sabe o que aconteceu! Ele atirou nela, você viu. Ela o está incriminando para você responder o que ela quer. - gritava de volta, na tentativa de impedir que mais informações escapassem.
- Quem lhe deu aquela arma, ? - Ela falava com calma. - Quem lhe deu a arma? Você a matou, ela não está mais aqui por sua culpa, o mínimo que você pode fazer é contar a verdade e...
- Eu não queria! Ela se meteu na frente! Eu nem sabia mexer numa arma! Foi tudo idéia dela! Ela me obrigou a fazer isso, ela me deu a arma! - E apontou para . - Ela falou que ela não era digna de me amar. Que ela merecia alguém melhor que ele, que ele não era digno de ficar com ela.
- ! Ele está delirando! Olha o que você fez com ele! - gritava, desesperada.
- Mas não foi isso que aconteceu não foi? Ela só queria ficar com ele.
- PÁRA! Eu já falei que não fui eu. Eu não quis fazer isso. - Ele chorava, gritando. - Eu nunca consegui machucar ninguém... - Ele mexia na cabeça como num tique-nervoso.
- Flashback -
- , isso já tá ficando ridículo. Abaixa essa arma. Não tem necessidade disso.
- Cala a boca! - Ele, agora, apontou a arma para ela. - Sabe, você não é uma boa namorada. Você me traiu, não me ama, não gosta de ficar comigo... Não sei por que eu te amo tanto assim... Deve ser seu encanto. Você é como uma sereia, sabia? Encantou-me há uns cinco anos, e só agora eu caio na sua rede, e agora é que está realmente começando a doer. - Ninguém entendia o que ele falava, estava nervoso, falava o que lhe vinha a cabeça e não se importava em se fazer entender. Ele, agora, mirou novamente. - Foi mal, cara, mas ela é a mulher da MINHA vida. - E, então, tentou disparar, mas não conseguiu. Não tinha forças. Abaixou a arma e olhou para o pé. deu um suspiro de alívio mas uma voz aguda foi ouvida.
- , deixa de ser fraco! - Olharam para o fundo da coxia, estava tudo tão escuro que mal enxergavam . - Você sabe que ela não te merece! Ela não merece o , ela não merece ninguém! - A mão de novamente foi levantada e a arma saiu de sua mão. Das sombras, apareceu que, sem experiência alguma manejando armas, disparou quatro vezes, quatro vezes trêmulas, acertando de raspão uma vez a barriga de e os outros três em seu verdadeiro alvo: .
- ... ! - segurava a menina, que caía já pálida, em seus braços. - Não... ... Pequena... - Seus olhos se encheram de lágrimas, o ferimento em sua barriga não foi notado, ele estava mais preocupado com a menina. Olhou para , e ele já não estava mais lá, nem sua prima, nem a arma.
Do lado de fora do clube, nos fundos, se desesperava de chorar, enquanto sua prima balançava a cabeça.
- Você é muito frouxo! - Ela falava irritada. - Ela não lhe merecia, ela lhe traía, não lhe dava atenção, e você ainda teve pena dela! Você é mesmo um frouxo! - Ela gritava com , que agora se encolhia no chão. - Você não fez nada de errado, primo. - Ela se agachou e passou a mão em sua cabeça, como em uma criança pequena. - Nada de errado...
- End Flashback -
- x -
- LOUCA! - gritava para . Ouvia-se tudo através da janela. sentia a culpa cair sobre sua cabeça, olhou para e sentiu um enorme remorso. Voltou a chorar.
- Ela foi longe demais! - falou, simplesmente. Viram Will algemar , que se rebateu na tentativa de se soltar, e levaram algemado também, mas este não lutou. Ouviram a porta se abrir, e viram Kat sorrindo.
- Caso resolvido. - Ela abriu a porta para que todos saíssem.
- x -
Do outro lado da janela, esperava seu julgamento. sempre esteve com ele, desde que ela se foi. Ele sempre a via em forma de um anjo, e, neste dia, ela não saiu de perto dele minuto algum.
- Você nunca se cansa de cuidar de mim? - Ele perguntou, olhando para o rosto do anjo, e este sorriu. Ela fez um coração com as mãos e ele sorriu. Eles costumavam fazer isso um para o outro, uma brincadeira interna. - Eu não me importo com o que decidirem. Pelo menos, você sabe que não fui eu. - Ele sentiu uma lágrima rolar, e ela passou a mão na bochecha dele, tentando secá-la. Mas seu toque era quase como uma brisa, e a gota continuou ali.
- Quase dá pra sentir alguma coisa... - Ele abriu um meio sorriso, quando mexeram na porta. olhou fixo e viu Scotty entrar.
- ... - Ele foi para perto do rapaz e pegou suas mãos. - Você está livre e inocentado de qualquer acusação sobre a morte de . - E tirou as algemas da mão de . Ele abriu um largo sorriso. - Conseguimos uma confissão. - E piscou para ele. Quando saiu da sala, viu todos os seis, seus amigos de infância, todos o esperando. As lágrimas rolaram imediatamente.
- Eu sempre soube que você era inocente! - falou, ao abraçar o amigo. Todos se abraçaram, e ficaram ali, abraçados, por um bom tempo. olhou para trás, e não estava mais ali.
- , você não acha melhor a gente falar para sua mãe? - perguntou, soltando o abraço e secando o rosto.
- Boa idéia... Vão indo para a saída, encontro vocês lá. - Ele falou e todos foram. Ficaram apenas ele e . - , eu...
- Não fala nada cara. - Ele sorriu. - Eu só fico feliz que, agora, tudo está resolvido, e a vai poder ir em paz, sabendo que ninguém mais está brigado com ninguém. - o abraçou com força.
- Me desculpa, cara. - Seus olhos transbordavam de tristeza, assim como os de .
- Sem problemas... - A voz de ambos estava embargada, e Kat passou ao lado.
- Oh, que momento bonito. Abraço geral, gente. - Então, ela, Scotty e Will abraçaram os dois, que começaram a rir.
- Eu queria agradecer muito mesmo por terem conseguido desfazer esse mal entendido, e pensar que eu passei 20 anos sendo injusto com você, ...
- Ih, cara, já passou. Passado. - Ele abanou o ar e todos riram. - Mas, sério, obrigado, mesmo.
- Nada mais que o nosso trabalho. - Scotty disse, imitando uma reverência. - Agora, se nos dão licença, temos mais um caso para resolver ali. - E apontou para o canto, onde se debatia, tentando sair das algemas.
- Boa sorte hein... Essa daí é doida. - falou e ele e saíram do prédio.
- Que saudades dessa casinha... - disse, olhando a casa branca de janelas verdes que foi cenário de grande parte de sua infância. Eles passaram a noite dirigindo. se sentou na escada, se sentou ao lado dela.
- A gente passou por bons bocados aqui, né? - E o imitou, assim como e .
- Foi aqui que a gente se conheceu. - lembrou. e se sentaram no último degrau, e um espaço sobrou, ao lado dos dois. De repente, a mente de todos eles viajou, ouviram-se risada de crianças, o barulho de um caminhão de mudanças...
- Flashback -
10h46min
- Mãe, eu quelo voltar pro Blasil! - falava, emburrado, se sentando no pé da escada.
- , é BRasil! - o corrigiu e ele deu língua.
- Ora, crianças, seu pai foi transferido para cá, o que vocês querem que eu faça? Deixá-lo vir sozinho? - Patrícia ajudava o pai das crianças a tirar as caixas do caminhão. - Olha, tem crianças ali, porque vocês não vão brincar com elas?
- Não quelo! - continuava emburrado.
- Deixa de ser chato, Cebolinha! - falou e deu mais língua. Uma bola de baseball caiu ao lado de . Um menino bochechudo, com um boné branco e vermelho veio até ela.
- Ô, menina, me da a bola aí. - Ela olhou para a rua, e lá tinha uma menina pequena de óculos com um cabo de vassoura maior que ela, e dois outros meninos com luvas de cozinha esperando.
- Não dou! Só se você deixar eu e meu irmão jogar! - Ela falou segurando a bola. O menino abriu um sorriso largo, faltando uns dois dentes.
- Tá bom. Vem jogar. - Ele pegou a bola e veio correndo. agarrou o braço de e o puxou para o meio da rua. Um outro menino, que tava com um capacete e uma luva de cozinha perguntou:
- Vocês sabem jogar? - Ele tirou o capacete e mostrou um sorriso mais banguela que o anterior.
- Não. O que é isso? - Ela perguntou.
- É baseball. Você nunca jogou? - A menina de óculos perguntou, chegando perto deles.
- Não, a gente veio do Brasil... Lá só tem futebol. - Ela falou, fingindo chutar uma bola.
- Blasil? Que legal! - Outro menino, aparentemente o menor de todos, que estava sentado na calçada com outra menina, se juntou à roda.
- Olha, menina do Brasil, eu sou o ... Mas é feio, então, eles me chamam só de . - E esticou a mão. Ela tirou a mão dele e o abraçou. Ele ficou vermelho.
- Meu nome é , e o dele é . - Ela disse, puxando o emburrado do irmão para dentro da roda de amigos.
- Oi, , eu sou a , e esse é o . - Ela disse, mostrando o menor banguelinha.
- Eu sou o ! - O com a luva de cozinha falou, abrindo um sorriso largo.
- E eu sou o , e aquela é a . - E apontou para a menina que tentava desamarrar o nó que deu no cadarço.
- Vem, a gente te ensina a jogar baseball e você ensina a gente a jogar futebol. - falou, puxando pelo braço. se sentou com e ficaram assistindo. Com o tempo, ele foi se soltando e já estava até torcendo pela irmã, que, depois de bater cinco vezes em com o cabo de vassoura, conseguiu acertar uma bola.
17h20min
Todos cansados, suados, sujos e com os joelhos ralados, sentaram na escadinha da casa dos brasileiros e começaram a rir. Até que a mãe de aparece com uma bandeja de limonada.
- Oi, crianças, eu sou a tia Patrícia, sou a mãe da e do . - Ela abriu um sorriso largo. - Eu fiz limonada, alguém quer? - Um coro de ‘oba’ foi ouvido e logo não tinha um só copo na bandeja. A mãe, então, deu um beijo na testa dos filhos e entrou, levando a bandeja. foi o primeiro a terminar e logo quis puxar outra brincadeira.
E assim foi o dia. Brincaram até estar tão escuro que e ficaram com medo de ficar do lado de fora. Foi aí que eles decidiram e combinaram que, a partir daquele dia, iam sair para brincar todos os dias, até que eles fossem grandes o suficiente para irem à escola...
- End Flashback-
- É... A limonada da sua mãe era muito boa, cara... - falou, depois de minutos de silêncio. Todos riram, e lhe deram uma tapa na nuca.
- Eu queria que a estivesse aqui... - falou, e levantou o olhar, da grama, olhou para a rua, onde uma menina, vestida de branco, apareceu, sorrindo.
- Ela está aqui. - Foi só o que ele falou. Todos olharam para a mesma direção que ele e ficaram em silêncio. Ninguém nunca vai entender o que aconteceu ali, ou porque ela só apareceu para todos naquele momento, mas, sem dúvidas, era ela. Era . Ela se aproximou e se sentou no espaço entre e , e todos permaneceram em silêncio... tinha medo de falar alguma coisa e ela sumir. encostou a cabeça no ombro dela e ela fez um cafuné. Estava começando a anoitecer, e eles assistiram o por do Sol dali mesmo, viram o Sol sumir por entre as casas, já que a casa verde era a última de uma ladeira sem saída, alta o suficiente para fazer da rua uma rampa de bicicleta. Mas, conforme o Sol foi sumindo, as lembranças foram adormecendo, ficando somente com o presente, que, pela primeira vez, eles estavam todos juntos, ou quase. Depois de quase 20 anos.
Patrícia via tudo aquilo da janela, e uma lágrima de felicidade lhe rolou os olhos.
- Eu sabia, Senhor, sabia que minha filhinha tinha vocação para anja da guarda. Agora, ela pode tomar conta dos sete juntos.
sentiu uma vontade de chorar, mas a sua anja lhe deu um beijo na testa e sorriu. Olhou para os demais, se levantando, abriu um largo sorriso e, com o vento, foi embora. Olharam para o céu, e uma estrela brilhou mais forte, como se piscasse.
- É... Ela gostava tanto de estrela, que agora é uma. - falou e todos ficaram ali, olhando a única estrela no céu que piscava.