Quatro anos. Quatro anos sem ele. Realmente não sei como sobrevivi, porque cada vez que ele se afastava eu ficava sem ar. Mas toda vez que juntávamos nossos lábios era como se eu fosse ao céu e voltasse novamente em questão de segundos. O gosto dele, tão doce e amargo ao mesmo tempo me causava arrepios. Agora, aquelas lembranças são apenas... Lembranças.
Eu sinto sua falta.
Tanto que no início eu pensei que ia enlouquecer.
Mas não, o tal ele não é meu namorado. Já foi um dia. E eu quero tanto negar pra mim mesma que eu não sinto a dor da sua falta, que eu não quero sua mão segurando a minha e sua voz em meu ouvido me acalmando. Quero afundar minhas mãos em seu cabelo macio e chorar, se é que eu tenho lágrimas.
Agora ele está desembarcando dentro do aeroporto central de Massachucets recebendo abraços e beijos de familiares e talvez até sua nova namorada.
E eu agora estou sentada no meu carro, no estacionamento do aeroporto de Massachucets. Não sei quem ou o que me levou até aqui, mas eu apenas estou aqui.
Esperando.
Sufocando.
Checando.
Ainda não sei o que ou por quê. Talvez por ele.
.
Eu levo um de meus dedos à minha boca, mordiscando uma cutícula recém-nascida. Nervosa.
Lentamente, subo meus olhos até a porta principal, que está sendo aberta.
Então todas as minhas dúvidas tinham a mesma resposta: .
Uma mecha de seu cabelo insiste em cair em seus olhos profundamente . Eu me encontro sufocada, esquecendo de respirar. Rio baixo, surpreendida comigo mesma. Depois de tantos anos, eu ainda sou uma tola por ele.
Sua mão pousa em seu queixo com vestígios de uma barba lisa e ali permanece por alguns segundos. Aproveitando sua parada repentina, eu viajo meus olhos pelo seu corpo. Charmoso como sempre, ele usa uma blusa xadrez com mangas dobradas até o cotovelo, uma calça jeans clara e um sapato de homem importante.
Encontro-me rindo novamente, pensando que foi ontem que eu o ensinei a amarrar os cadarços de seus tênis, quando éramos bem pequenos.
viaja seus olhos pelo estacionamento, procurando provavelmente seu carro novo que seus pais pretendiam o dar quando ele voltasse da faculdade. Sim, ele havia voltado da faculdade, ou melhor, ele havia voltado de Oxford. Aposto que agora ele é um ótimo advogado.
Seus olhos pousam no meu carro e eu abaixo minha cabeça junto com meu corpo rapidamente. Checo meu visual enquanto o engano. Meus cabelos estão compridos e meio ondulados, como sempre foram. São de uma pigmentação nem clara nem escura. Eu uso uma calça jeans escura, uma regata branca e uma rasteirinha que havia botado assim que levantei e dirigi até aqui.
Escuto uma batida no vidro do motorista e me levanto com uma força incrível, batendo no volante.
“Au.” Eu sussurro, encarando parado do lado de fora do carro. Ele sorria. Esplendorosamente sorria, com certeza. Meu sorriso se abre instantaneamente e eu abro a porta do carro, inspirando algum ar puro e, é claro, o perfume do ser magnífico na minha frente.
“Hum, oi, ...” Eu digo, colocando as mãos nos meus bolsos traseiros e desviando o olhar.
“Oi, . Aposto que você está aqui por coincidência.” Ele ri, se encostando no carro vizinho. Ele está descontraído, totalmente, na frente da sua ex, que sou eu.
Bem, não te contei por que terminamos, né? O problema foi que um namoro à distância não ia dar certo, de qualquer jeito. Três meses depois que ele foi pra Oxford, nós terminamos via web cam. Foi horrível e eu fiquei de luto umas semanas, pois eu e namorávamos desde a sétima série, quatro anos juntos, foi difícil e está na cara que a gente ainda se gosta, só temos medo de tentar novamente.
“Pois é... Na verdade, eu adoro o capuccino dessa cafeteria do aeroporto, sabe?” Eu digo, vermelha e meio sem jeito. Ele ri, jogando seus cabelos lisos pro lado e sorrindo novamente. Perco meu equilíbrio e me seguro em meu carro velhinho que eu ganhei quando comecei a faculdade de Biologia aqui em Mscts mesmo. Ele se inclina e me segura, dando uma olhada no Bob, meu carro.
“Ele ainda está inteiro.” Ele diz, rindo.
Perto demais.
Perto demais!
Meu alerta dispara, ele está a apenas 30 cm longe de mim.
“Você ainda é fraca para perfumes, eu deveria saber, me desculpe.” Ele diz, se afastando. Merda, eu xingo para mim mesma.
“Não, eu estou bem, sério. Então... Como está você? Parece legal, mais... Alto.” Eu digo, me aproximando novamente e sentindo meus joelhos vacilarem um pouco, mas me seguro em seus braços, fingindo afagar o mesmo, bem de leve.
“Estou bem e... Bem, obrigado. Você parece bem também, seu cabelo está mais escuro e seus olhos menos brilhantes desde a última vez que os vi.” Ele leva sua mão na lateral de meu rosto e afaga ali. Eu me afasto, franzindo a testa.
“Eu fico assim sem você. Uma noite sem lua, um sol sem brilho. Clichê.” Eu rio após falar as simples palavras que ele deveria não acreditar, mas ele sorriu novamente e meus joelhos me traem, de novo!
Ele não perde tempo e me segura pela cintura, me olhando dentro dos olhos. Agora eles brilhavam, pois lágrimas estão nascendo. Elas caem sem aviso e ele as tira do meu rosto.
“Você não tá afim de ir lá pra casa e tomar um vinho pra comemorar minha e sua formatura?” Ele diz, mantendo a distância e soltando minha cintura.
“Hum... Ok, se não for incomodar.” Eu digo, abrindo a porta do meu carro e escorregando pro banco de motorista. Ele pega meu braço antes que eu pudesse dar a partida.
“Posso ir com você?” Ele pergunta, sorrindo de um jeito simpático.
“Claro.” Eu digo, imediatamente. Ele mantém o sorriso e dá a volta no carro, abrindo a porta e sentando no banco traseiro.
Eu ligo o carro e nós dois botamos o cinto. Ele pega o celular e digita uma mensagem para seus pais.
Eu começo a dirigir lentamente e um estalo ocorre em minha cabeça.
“Hey! Feliz aniversário.” Eu digo, sorrindo e desviando minha atenção para ele por um segundo. Ele sorri em resposta, afirmando com a cabeça.
“Você lembrou.” Ele diz.
“Eu sempre lembro.” Eu retruco. Ele ri.
“Lembra do seu aniversário de 14 anos? Nós íamos fazer uma semana de namoro e eu resolvi de dar um presente estranho: nosso primeiro beijo. Ok, eu não era tão atirada e foi um droga, uma troca de baba, mas melhorou com os anos.” Eu rio, lembrando da cena nitidamente. Seus olhos passeiam pelo meu corpo, parando em meus olhos.
“Com certeza que eu lembro! Sua língua tinha gosto de bala de morango e eu tinha acabado de comer cachorro quente. Foi uma coisa bizarra. Mas eu sempre gostei de você porque você nunca me dava o que eu queria. Demorava, você era difícil! Até rolar a nossa primeira vez com 16 anos, eu tive que quase implorar pra você, dar uma aula sobre necessidades masculinas.” Ele ri.
“Eu sempre tive medo, você sabe. Mas depois da primeira rolou segunda, terceira, quarta e por aí vai. Teve um dia que rolou na piscina da sua casa quando seus pais estavam viajando. Lembra? Foi engraçado, mas legal. Essa sensação de ser pega a qualquer momento me excita.” Eu digo, rindo e passando a mão pelos meus cabelos. Ele me olha meio surpreso e depois sorri.
“Você não mudou nada, . Sempre se excitando com coisas proibidas como sexo na escada de emergência.” Ele diz.
“Hey, essa aí é nova, nunca aconteceu comigo. Não sei com você.” Eu digo, meio emburrada. Ele ri.
“Ainda não tive esse prazer.” Ele responde.
A viagem dura mais alguns minutos, minutos esses que passamos em silêncio. Eu estaciono atrás do carro dos seus pais e saio do carro, esperando ele fazer o mesmo.
Ele me acompanha até a entrada e abre a porta. Adentro a casa e estranhamente a cheiro. Ele ri. Eu rio. Estava com o mesmo cheiro de sempre. Eu repentinamente dou de cara com os pais dele.
“Sr. E Sra. , oi!” Eu digo, abraçando os dois de uma vez.
“, querida! Sentimos saudades de você.” Sra. diz, eu sorrio.
“Também senti, tia!” Eu digo, sorrindo.
“Hey, vamos lá em cima, .” me convida e eu aceno para os pais dele, o seguindo.
Subo as escadas atrás dele e corro na sua frente, abrindo a porta de seu quarto, onde eu já dormi milhares de vezes. Encontro sua cama e pulo nela, sentindo o cheiro de colcha limpa. Sinto ele pular ao meu lado e me viro, dando de cara com seu rosto a menos de 10 cm do meu. Eu sorrio e aliso seu cabelo liso de leve. Meu corpo tremia de um jeito ruim e eu só queria me esquentar. Eu não suportava aquela distância, mesmo que mínima, entre mim e ele. Como se lesse meus pensamentos ele envolve minha cintura e cola seu corpo no meu, por um momento eu tive que me lembrar de respirar. Seus olhos param em minha boca e em poucos segundos sua língua já passeava dentro da minha boca. Seu gosto é como boas palavras de calma e prazer. Em 55 segundos meu corpo estava pegando fogo, no bom sentido. Eu giro contra seu corpo, colocando uma perna de cada lado do seu quadril. Deslizo minhas mãos em seu cabelo e tenho a certeza que ele havia voltado para ficar comigo. Sua boca se desgruda da minha lentamente. Eu queria mostrar que estava normal e que não estava querendo mais, mas minha respiração descompassada dedurou a minha mentira. Ele ri.
“Senti tanto sua falta. Do seu corpo. Da sua boca. , casa comigo?” Ele me pergunta. Eu perco o ar e seus olhos ficam preocupados. Respire, respire, respire!, eu conversava comigo mesma.
“Você... não está brincando, está?” Eu pergunto. Ele sorri.
“Claro que não. Nós ficamos 4 anos longe um do outro. Todo dia eu pegava sua foto e te imaginava ao meu lado, na minha cama. Foi o suficiente pra eu perceber que você é sempre será a única mulher da minha vida.” Ele diz, sorrindo. Mas não era um sorriso qualquer, era o meu sorriso, o que ele só usa pra mim e eu sabia bem disso. Eu sorrio, sentindo as lágrimas virem à tona novamente.
“Eu te amo, meu Deus! Eu te amo tanto que chega a doer. E não precisava nem perguntar, a resposta será sempre sim, sempre sim pra você, . Eu te amo, nossa, eu te amo muito.” Eu digo, nervosa demais para conter as lágrimas e a felicidade explícita em minha voz. Ele sorri mais ainda e volta a me beijar. Meu corpo automaticamente responde, tremendo um pouco e vacilando nos joelhos. Eu acho que vai ser assim, pra sempre. Não importa quantos anos nós temos ou teremos, cada toque, cada beijo, é sempre algo diferente e muito bom. E nós ficaremos juntos para sempre, felizes com a presença de cada um.
FIM
Nota da autora Oiiiii, lindinhas! Bom, minha primeira short fic (a segunda está pior que esta, eu acho, e jajá vai estar no site), espero que tenham gostado, porque pra mim foi uma delícia escrever e imaginar meu par perfeito como o Chace Crawford (isso mesmo, o Chace de GG) e não riam de mim, pois sei que a maioria queria ter alguém tão gato e fofo como ele para sempre ao seu lado. Então, mais uma novidade para as fãs de Soul Mate, minha outra fic que não é short, muito pelo contrário, a Come Back To Me é escrita no tempo presente e confesso que foi meio difícil, pra quem tá acostumada com o pretérito perfeito/imperfeito/mais-que-perfeito.
Mas, espero que tenham gostado mesmo, eu adorei! E não esqueçam dos comentários fofos ou feios, rs, kisses ;*
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