Contagious Chemistry


Escrita por: Marela N.
Betada por: Caah Souza




Tudo está aparentemente bem nessa véspera de dia das crianças. Os demônios parecem estar controlados. Eles não são iguais àqueles demônios que eu assisto em Supernatural várias e várias vezes, que morrem e desaparecem com uma estaca no peito ou qualquer coisa assim, são pequenos demônios que querem que suas mães comprem a mais nova Barbie e pirulitos.
Alguns corredores eram o que bastavam para eu finalmente pegar o maldito box de Harry Potter para e fugir daqui. Malditas lojas de departamento, os brinquedos deviam ficar consideravelmente longes de coisas de adulto, por mais que eu ainda ache que Harry Potter não é coisa de adulto.
O que eu sentia sobre a semana do dia das crianças era algo completamente horrível, já que naquela semana, há 13 anos, meu pai deixou toda a família sem qualquer explicação. Não gostava de pensar que enquanto as crianças da minha escola ganhavam presentes de seus pais, eu só continuava a pergunta para minha mãe onde o meu teria ido. Continuando minha jornada, passei a pegar os DVDs de Harry Potter e o box de alguma série para ocupar meu final de semana, e fui para o caixa, o lugar onde criança nenhuma ia, já que não eram eles que produziam o dinheiro.
Caminhei até o carro esperando que tudo acabasse logo, odiava aquilo, era pior que enfrentar uma maratona de Vampire Diaries, filas no banco ou um término de relacionamento. NADA era comparado ao dia das crianças e justamente por isso tinha um namorado com a mesma opinião. Ele considerava dia 12 de outubro dia de Nossa Senhora da Aparecida, odiava qualquer loja de departamento nessa época e não queria ter crianças, posso ter achado alguém melhor? Bom, quem sabe sim, principalmente se ele fosse um cavalheiro que não fazia a namorada vir em um lugar infernal só porque odeia a ideia de ter crianças por perto. Acho que ele se esqueceu do meu lado da história.

Missão realizada com sucesso e passe livre para casa. Ou quase. Resolvi passar na casa de meu melhor amigo, , dar o ar da graça. não estava em casa mesmo, acabara tendo que ir resolver qualquer assunto de onde trabalhava e disse que chegaria tarde.
Já conhecia o porteiro do prédio e qualquer outro funcionário daquele lugar, então fui direto para o elevador, esperando fazer uma surpresa, o que aparentemente era impossível, considerando que quando cheguei ao seu andar, ele já estava me esperando na porta.
- Bom dia, estranha, o que posso fazer para te ajudar? – Ele riu.
- Quem sabe me deixar entrar e me sentar no seu belíssimo sofá de couro, meu dia não foi fácil até agora.
- Não costumo deixar estranhos entrarem, mas para uma tão bonita eu mudo de ideia, só me diga o que aconteceu, .
- Nada que importe, na verdade, só tive que ir a uma loja de departamento aqui perto para comprar umas coisas pro , só isso.
- Só isso? Você odeia aqueles lugares e ele ainda te faz ir lá. Qual seu problema? Só me diga realmente porque ainda não deu um pé na bunda daquele idiota, porque se for só por sexo, pode ter certeza que isso outra pessoa ainda melhor pode te oferecer, se você me entende. – Simplesmente odiava quando falava disso. A quantidade de vezes que ele pedira para dormir comigo é maior que a quantidade de episódios de seriados que assisti durante minha vida toda, e isso não é exagero.
- Propostas sem sentido a parte, você sabe por que eu não dei um pé na bunda dele, é por causa de uma coisa chamada amor, acho que já é o suficiente. E outra, ele só não foi lá sozinho porque teve que ir ao escritório.
- Para começo de história, Dona , você também me ama, então isso é uma puta falta de sacanagem – bater ou esmurrar, eis a questão - e o que ele queria que era tão urgente? Prendedor de roupa, sal, revista de moda, vassoura? Porque depois que eu o encontrei na rua com aquele cachecol da Sonserina, sinto muito, ele está me saindo mais gay que o normal.
- Você está precisando seriamente de noites inesquecíveis, , e enquanto você não conseguir isso, vou pra minha casa, tenho mais o que fazer além de ouvir propostas indecentes do meu melhor amigo.
E antes que ele pudesse me deter, saí pela porta sem nenhuma despedida.

Continuei meu caminho para casa pelas ruas de Nova York. Quando cheguei aqui, jurava que seria uma daquelas estilistas famosas e só andaria de taxi, com um copo de café na mão e roupas perfeitas. Acabei como estilista, mas com meu próprio carro e sérios problemas com cafeína.
Entrei em casa, que ainda estava vazia, e guardei os DVDs na grande estante destinada só para eles. Eu era compulsiva com seriados de televisão e não me contentava em apenas assisti-los uma única vez, por isso comprava tudo que podia. era um viciado sem controle em Harry Potter e tinha, depois da minha aventura de hoje, todas as edições possíveis dos filmes e dos livros.
Segui meu caminho até o jardim de inverno, carregando meu ipod comigo para ter finalmente um momento de paz. Pensei em levar algum esmalte e pintar as unhas, mas eles estavam distante demais.
Fiquei algumas horas naquele lugar, pensando no que havia acontecido desde que conheci , já fazia cinco anos e tudo ainda continuava tão bom quanto no início. Sentia-me tão perdida com 17 anos que não acreditava que aquilo iria durar mais de um mês, ou até uma semana. Na verdade, queria deixar tudo que era de Baltimore em Baltimore. Pretendia ser para sempre livre de qualquer lembrança daquele lugar, mas e me fizeram mudar de ideia.
Pensar em era pior ainda. Ele sempre foi o melhor pra mim, mesmo quando eu queria sair na porrada com ele, foi até quem me apresentou , ele só não esperava que nós começássemos a namorar e que durasse tanto. Ultimamente, ele voltou a falar com , mas não do mesmo jeito que antes. Holly, uma amiga de Nova York, dizia que era apaixonado por mim, o que gerava grande rejeição por , já que ele é meio ciumento demais da conta. No começo, preferia não acreditar, mas depois das inúmeras vezes que ele tentou me agarrar ou convencer que eu deveria passar pelo menos uma noite com ele, considerei a hipótese. Pensamentos e pensamentos depois, ouvi alguém abrir a porta, e quando olhei no relógio, percebi que fiquei por mais de quatro horas ali sentada.

Me levantei e fui em direção a sala, de onde podia escutar passos. Ao chegar ao meu destino, encontrei um mais bonito do que eu realmente me lembrava e foi por pouco que não corri para tirar suas roupas. Ele sorriu quando me viu, provavelmente tendo a mesma ideia que eu tive segundos antes.

- Hey, , desculpa por hoje, sei que você odeia aquilo, mas aquela reunião não teria fim e... – Antes que ele tentasse terminar sua justificativa, passei meus braços pelo seu pescoço e dei um beijo.
- Esquece isso, já foi.
- Mas, , você odeia aquilo e...
- , foi uma ida ao inferno, eu sobrevivi, já foi, esquece.
- Você tem probleminha.
- Já percebi isso quando tive coragem de aceitar namorar com você, o que vem depois não é nada. – Chame sempre, não se esqueça, sempre te rende um bônus extra.
- Comentários malvados a parte, hoje a noite você é minha, nós saímos às nove.
- Tudo bem, chefe.
- E outra coisa, você tem que prometer não ficar brava por isso.
- Eu prometo, .
- Sem dedos cruzados?
- Sem dedos cruzados. – Sim, nós odiávamos o dia das crianças, mas às vezes agíamos como as crianças.
- Por favor, sem anunciar que você vai sair comigo em lugar nenhum, principalmente no seu Twitter, onde o provavelmente aperta atualizar de cinco em cinco minutos.
- Eu não entendo porque, mas se você quer assim, combinado.
- Você sabe por que, ele sempre tenta aparecer ou achar algum jeito de estragar e eu não gosto nenhum pouco das atitudes que ele tem com você, . Mas de qualquer jeito, use a roupa que está dentro de uma capa no guarda-roupa, sem perguntas.
- Mais alguma coisa, chefe?
- Me dê um beijo, nesse exato momento.
- Quem sou eu pra dizer não.
Ele me puxou mais pra perto e com as mãos na minha cintura, me beijou como sempre fazia. Esperava nunca ter que parar com aquilo, e esperava que ele também não. Alguns segundos depois, já estávamos deitados no sofá ainda na seção de amasso. Essa era a principal vantagem em morar junto, ninguém para entrar na sala de repente e acabar com o clima. Quando sua camisa já estava jogada em algum canto da sala e a minha estava prestes a parar no mesmo lugar, concordamos que era melhor deixar aquilo para mais tarde.
- Acho que vou comer alguma coisa, , quer também? – Acredite, ele era o cozinheiro da casa.
- Sim, acho que não comi nada hoje.
- De novo. – Ele disse preocupado – Me promete que vai comer melhor amanhã? Acho que vou passar o dia todo fora de novo, mas quero que você coma.
- Prometo, , eu prometo.
Ele continuou seu caminho depois que deu um beijo em minha testa. Fiquei parada por alguns minutos, apenas pensando, e quando me dei conta, fui pegar a camisa jogada.

Fui a caminho do quarto, curiosa para ver a roupa que ele tinha separado para mim. Chegando lá, encontrei um lindo vestido frente-única preto, algo que com certeza vinha dos anos 60. Embaixo estava uma sapatilha de ballet preta com uma fita de cetim.
Era incrível como ele sabia a roupa que ficaria bem em mim.
Era mais incrível ainda como ele sabia a roupa que ficaria bem em mim e que eu, com certeza, amaria.
Ainda não satisfeita, continuei procurando roupas no guarda roupa, para quem sabe encontrar o que ele vestiria naquela noite. Não tive muito sucesso, principalmente porque fui pega no ato.
- Você é muito curiosa, sabia?
- E você é muito silencioso, sabia? Mas adorei a roupa que você escolheu.
- Sabia que você iria gostar, mas agora, vem comer.
- Já ia reclamar que estava demorando, acho que vou desmaiar se não comer logo. Preciso voltar pro escritório, lá pelo menos lembram de me alimentar.
- Claro, você com fome é um porre, quem aguenta?
- Tonto.
Chegando à cozinha, fiquei impressionada com o que vi.
A mesa estava coberta de waffles, cereais, panquecas, morangos e sucos. Olhei assustada para , tentando entender como seria possível cozinhar tudo aquilo em menos de quinze minutos. Ele entendendo a mensagem no meu olhar, logo respondeu:
- As panquecas e os sucos fui eu, mas o resto teve ajuda do padeiro.
- O padeiro estava aqui? – Fiquei mais assustada ainda, estava ficando surda ou o que?
- Mais ou menos, enquanto eu te distraía na sala ele terminou de organizar o que já tinha preparado antes. Sou um gênio ou não?
Ele realmente era um gênio.
E eu realmente estava com fome.
Antes que eu pudesse falar de novo, ele me guiou até uma cadeira e me ajudou a sentar.
Normalmente odiaria qualquer tipo de ação melosa, mas hoje ele estava fofo o suficiente para eu aceitar.
Ele nos serviu e comemos conversando sobre qualquer assunto idiota. Até que uma pergunta veio a minha cabeça.
- , por que você está fazendo tudo isso?
- Não posso te agradar, ? Poxa.
- Pode, claro que pode, mas isso só é... Estranho.
- Não é não. Só quero que você se alimente bem, e depois daqui, você vai direto para um banho, já são sete horas.
- , você sabe que eu me arrumo rápido e eu quero assistir Gossip Girl e...
- Sem acordo hoje, , você vai direto para o banho e sem reclamar.
- Posso te odiar?
- Duvido que você consiga.
Ele estava certo. Eu não conseguiria.
É claro que já tentara antes, quando ele me deixava com ciúmes ou esquecia de alguma coisa, mas meu ódio só fazia eu querer ele mais perto de mim.
Quando terminei de comer, obedeci o que ele disse antes e fui direto ao banheiro.
Chegando lá, adivinhe? Mais uma surpresa.
Na borda da piscina havia vários laços coloridos e algumas velas verdes.
Era incrivelmente encantadora a maneira como ele não era clichê.
Preparei a banheira e entrei assim que ela estava coberta de bolhas. A água estava boa o suficiente para horas e horas, e agradeci mentalmente por ter me mandado para o banho tão cedo.
Mas, para acabar com o encanto, meu celular começou a tocar.
E para piorar, era .

- !
- Oi, .
- Você está bem? Saiu correndo hoje.
- Você quer o que? Por favor, . Você sabe que é meu melhor amigo e eu não quero ficar sem você, mas se você continuar assim, não posso fazer mais nada.
- Você sabe o que eu quero, .
- NÃO, EU NÃO SEI. Se o que você quer inclui um passe pra eu ficar sem o , pode esquecer. Antes que eu pudesse ouvir sua resposta, entrou no banheiro e tirou o telefone da minha mão e o desligou.
- Não fica triste por ele, por favor. Agradeço a minha vida a ele por ter te apresentado para mim, você lembra?
Eu me lembrava, muito bem, por sinal.

Flashback.

- , porque mesmo você quer me apresentar para alguém? Eu sou destruidora de relações alheias, não sei fazer amigos, imagine namorados!
- Não tenho culpa se você é a única solteira que sobrou e esse meu amigo está meio sozinho ultimamente. E, por favor, uns beijinhos não fazem mal a ninguém.
Continuamos nosso caminho pela festa do meu pretendente.
Admito que fiquei nervosa.
Por mais que eu gostasse de aparentar que estava feliz sozinha, não me sentia tão bem assim. Não era legal sempre sobrar quando saía com as minhas amigas que tinham namorados. Não gostava da ideia de que nenhum menino me achava legal ou bonita o suficiente para querer me ter como namorada.
E foram por esses pensamentos que não saí correndo.
E se eu fugisse e aquele fosse o cara? E se ele fosse o melhor?
Naquele exato momento, avistei um menino de cabelos castanhos e bagunçados acenando para mim e .
- Oi, ! E você é , certo?
- Isso mesmo – disse tentando parecer normal.
- Bom, crianças, já fiz minha parte, agora vocês que se entendam.
Foi justamente esse comentário que mudou tudo.
- Crianças... – Eu e rolamos os olhos ao mesmo tempo.
E rimos ao mesmo tempo.
E também pensamos “aquele/aquela pode ser o/a certo/a” ao mesmo tempo.

Final do flashback.

Cinco anos não era pouca coisa.
E realmente agradecia por eles.
Só que nunca seria a garota dele, mas um dia ele acharia a perfeita.
- Melhor deixar isso para lá. Não quero que você fique triste justamente hoje, .
- É, melhor mesmo, mas já vou me trocar. Pega uma toalha para mim?
Ele saiu do banheiro para pegar a toalha e eu fui para o chuveiro.

Alguns minutos depois, já estava vestida e encarando o espelho, esperando criatividade para fazer alguma maquiagem.
Acabei por passar apenas gloss e rímel.
Quando olhei no relógio, ele já marcava oito e cinquenta.
Encontrei na sala.
Ele usava um jeans escuro com uma camisa azul.
E por alguma razão, ele estava com uma lanterna na mão.
- Já está pronta? – Eu afirmei com a cabeça que sim – Então vamos, acho que tudo que eu precisava já está no carro.
Segui o caminho até a garagem e estranhei quando no lugar do carro, que normalmente ficava estacionado lá, encontrei um impala preto.
Mas antes que eu pudesse questionar já começou a explicar.
- Achei que a gente podia sair do padrão e o mais diferente que eu achei foi esse. Pode ficar tranquila, ele funciona perfeitamente, se bem que não seria uma má ideia se ele resolvesse parar de funcionar no meio do nada...
- Tarado.
Ele olhou mais uma vez para sua mochila para conferir se tinha colocado tudo o que precisava e foi em direção à estrada.
Ele não colocou uma venda nos meus olhos, mas também não fez questão nenhuma de contar para onde iríamos.
Para minha surpresa, fomos ao lugar mais bonito em toda Nova York.
A ponte do Brooklyn.
Ele me ajudou a descer do carro e rapidamente tirou tudo da mochila e montou um piquenique com todas as minhas comidas preferidas, como cachorro quente e muffins. Quando o relógio começou a se aproximar da meia noite, começou a agir estranho, mas estranho do que qualquer outra véspera do dia das crianças.
Mas quando finalmente a meia noite chegou, ele respirou fundo e começou:
- Sabe, o dia doze sempre foi horrível, nunca gostei dele e tudo mais. Mas de um certo jeito, ele sempre marcou meu ano, de uma maneira ruim, mas marcou. E agora, eu queria mudar ele pra um dia marcado de boa maneira e é por isso que eu te trouxe aqui.
Eu estava parada e sem ação. Não sabia como reagir, nem o que falar.
Ele tirou uma caixinha azul da mochila e entregou pra mim.
- Isso não é um pedido de casamento, por mais que pareça, é só uma confirmação que um dia esse pedido vai vir.
Eu abri a caixinha e dentro dela estava um anel de compromisso.
Ele pegou a caixinha e colocou o anel no meu dedo, e é claro que sendo o , o momento não podia ser sério.
- Droga, esqueci o meu em casa.
E nós rimos juntos de novo.
E nós pensamos “esse é o/a certo/a” juntos de novo.

FIM





Nota da autora: Hey! Espero que tenham gostado da fic :) Ela foi escrita para um challenge interno do site, quando eu fui beta, e meses depois eu resolvi abrir o arquivo e apaixonei pelo o que escrevi. Uma ótima fic para o dia dos namorados que tá perto (a fic vai entrar depois, mas tá valendo).
xoxo, Marcela.




comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.