Crepusculinho


Escrita por: Giovanna Davanso
Betada por: Mari Morgon




CAPÍTULOS: [Prólogo] [1] [2] [3]



Prólogo


“Eu já estive perto de “quase-mortes” durante toda a minha vida, já que nunca fui tão forte e preparada quanto às demais garotas de minha idade, é isso o que se ganha por ser uma humana frágil. Mas nunca imaginei encontrar coisas que realmente pudessem ser perigosas, até para as pessoas mais preparadas que eu já conheci.”
Capítulo 1


Estava cansada da rotina que minha vida seguia a tanto tempo. Desde que os meus pais se separaram, eu passava alguns finais de semana com meu pai, mas nunca precisei de mais do que uma semana para querer voltar para casa, onde eu morava há anos com minha mãe. Depois de algum tempo decidi tentar uma vida diferente morando com o meu pai por algum tempo, mas jamais pensei que gostaria tanto a ponto de não voltar mais para casa.
A decisão foi algo totalmente espontâneo, e minha mãe quase não acreditava nas palavras que saíam da minha boca, era uma decisão fortemente tomada onde ninguém conseguiria me faz repensar no que estava prestes a fazer.
- Mas, filha, você tem certeza do que está fazendo? Não quer pensar mais um pouco?
- Não, mãe, eu tenho certeza, é isso que eu quero agora.
- Mas, , você nunca gostou de passar mais do que uma semana com seu pai, e agora quer ir morar com ele!
- Eu sei disso, mãe, mas agora é hora de tentar mudar isso! Não seja egoísta e me deixe ficar com meu pai por algum tempo. Eu irei te ligar toda a noite se for necessário, mas me deixe ir, por favor.
- Tudo bem, meu amor, você sempre soube o que estava fazendo desde criança. Então, se é esta sua decisão, eu irei deixar você ir, mesmo que isso me parta o coração! Ai... minha filhinha, o meu bebê.
- Mãe, não faz isso... Você sabe o quanto eu te amo e que em breve estarei com você. Aproveite esse tempo para viajar, reencontrar suas amigas, visitar a vovó e o vovô e tudo o que você tiver direito! Quem sabe até encontrar um namorado.
- Você é tão engraçada! - ela riu - Pensando por esse lado, acho que será uma oportunidade interessante para nós duas.

Estávamos a caminho da rodoviária, quando me peguei pensando em como seria sair de uma cidade tão pequena e simples como a minha para viver com meu pai em uma cidade grande e cheia de luxúrias. São Paulo era realmente inacreditável perto de Itatiba, algo um tanto surreal. Eu estava preparada para todas as ocasiões, e me sentia feliz com a minha decisão mais do que nunca.
era minha melhor amiga há pelo menos uns dez anos e nós nunca nos separamos nem por uma semana, era como se fossemos irmãs, mas com endereços e pais diferentes. Eu me senti mal por deixá-la naquele lugar e seguir para a cidade grande, então decidi levá-la comigo pelo primeiro mês, já que estávamos de férias e sem planos.
adorou a idéia e seguiria para São Paulo um dia depois de mim, assim não ficaríamos tanto tempo separadas e eu teria tempo de arrumar a casa para recebê-la, já que o meu querido pai, , não era tão bom com arrumações e com a alimentação quanto era em seu trabalho.
Meu pai sempre ganhou a vida trabalhando - na empresa -, e nunca pensou em fazer outra coisa que não fosse aquilo. Adaptação nunca foi o seu forte, assim como não era o meu também.

Capítulo 2


Depois de tudo pronto, com em casa comigo, com meu pai aprendendo a se organizar um pouco mais por minha causa e com todos os passeios que fazíamos diariamente, o tempo passou rápido demais para que alguém pudesse perceber, e logo as aulas estavam começando. teve que voltar para a pequena cidade e eu tive que me adaptar a grande cidade. Em breve teria alguns novos amigos, apesar de não gostar de muita gente em torno de mim.
Primeiro dia de aula, meu pai me deixou no Colégio e seguiu para o seu trabalho como de costume. Fiquei meio perdida, a princípio, e mal sabia onde seria a minha sala. Dirigi-me a secretaria no sentido contrário de onde todos os alunos estavam seguindo e fui em busca de informações sobre minha turma. Logo que entrei havia mais duas meninas que pareciam estar pedindo informações também, uma era loira e muito bonita, simpática até certo ponto e sua amiga era uma morena tão bonita quanto ela, mas me pareceu muito superficial naquele momento.
Nós três estávamos indo na direção apontava pela moça da secretária, íamos olhar nossas salas e aguentar um dia tortuoso naquele colégio. Comecei a conversar com a loira, cujo nome era e logo sua amiga também estava conversando com nós. As duas eram muito simpáticas e inteligentes, não demorou muito para que criássemos um laço afetuoso entre nós. O sinal tocou e então fui para a minha classe. , como havia pedido para chamá-la, era da minha classe também, então isso nos ajudou em alguns pontos. Passamos a maior parte do dia juntas, conversando e rindo, éramos muito parecidas.
A hora do intervalo chegou e algumas pessoas da nossa classe nos chamaram para ficar todos juntos, eu e a fomos, já que não conhecíamos quase ninguém. Após alguns minutos de conversa percebi a presença de um garoto, ele era alto, bonito, e muito elegante, andava com classe e sorria para todos, algo nele me atraiu completamente e não pude conter a curiosidade que criei sobre ele.
- Então, é... pessoal! Quem é aquele garoto ali?
- ! Mas já está interessada nos garotos daqui? – perguntou , rindo.
- Hãn... não, é só uma curiosidade, ele é um tanto chamativo.
- Ele se chama e é realmente muito chamativo, mas ele não conversa com ninguém além de sua irmã – disse Letícia, uma garota da nossa classe.
- Ah, bonito nome...
- Tanto quanto ele, mas pelo visto ele não é muito sociável. Deixa para lá, , você encontra outros por aí. Afinal o Colégio é realmente grande - disse .
- Mas eu nem pensava nisso, só perguntei por curiosidade! - falei, reprimindo um sorriso.
Havia mais algumas aulas e eu teria o prazer de olhá-lo mais algumas vezes naquele dia, mesmo depois de tudo o que ouvi no intervalo sobre ele. Foi como amor à primeira vista, mesmo que eu nunca acreditasse nessas besteiras.

No fim do dia voltei para a casa de , preparei o jantar, fiz meus deveres de casa e logo caí no sono de tão cansada. Para minha real surpresa, no meio da noite acordei porque tive um horrível pesadelo, sonhei que tinha sido morto por animais que eu jamais tivesse visto, então não consegui mais dormir.
Logo o dia clareou e eu tinha que ir para o colégio de novo. Arrumei-me em trinta minutos e esperei pelo meu pai na garagem de casa. Quando ele saiu e meu viu ali parada com os pensamentos na lua, me deu um breve cutucão e começou a rir.
- Ai, pai, você poderia ser mais simpático pelo menos.
- Para de viajar e vamos logo, quero voltar cedo para casa hoje - ele disse rindo.
- Tudo bem, estou aqui faz tempo, o atrasado é você.
- Ok, mal-humorada, vamos então!
- Hunf, ninguém merece.
Saí com cara de brava e super irritada, cheguei ao colégio antes de dispersar meus pensamentos, e saí andando à procura dele para ver se estava tudo bem, a fim de me alegrar um pouco, depois de todo aquele mau-humor que me seguia. Quando menos esperava, esbarrei em alguém com força suficiente para fazê-lo andar uns dois passos à frente. Desculpei-me rapidamente, porém não havia percebido que aquele era . Quanto me dei conta, só tive o impulso de sair correndo para a minha classe e de não querer sair de lá nunca mais.
Por fim, o dia passou mais rápido do que imaginei, e não o reencontrei de novo naquele dia, GRAÇAS A DEUS, eu estava com muita vergonha ainda. Passei a noite pensando no que tinha acontecido e como ele me olharia na próxima vez. Isso me perturbou por um bom tempo.
As manhãs sempre chegavam mais rápido do que o fim do dia e eu não me conformava em como isso acontecia, mas eu sempre estava bem disposta e tentando ser bem-humorada. No dia seguinte, o professor anunciou que um novo aluno faria parte de nossa turma e que alguns já deviam conhecê-lo... Ao anunciar seu nome fiquei em um estado de choque, não conseguia me mexer nem um centímetro se quer. Estava num tipo de paralisia total, cérebro, corpo, alma e tudo o que tivesse direito.
entrou na sala e logo encontrou o meu olhar. Ele sentou-se ao meu lado, não por vontade própria, mas porque o professor pediu.
Era incrível o poder que aquele garoto tinha sobre mim, eu me sentia atraída por ele de uma forma um tanto diferente e, no entanto, ele se manteve o mais distante possível de mim naquela aula. Imaginei que isso fosse por causa do que havia acontecido no dia anterior quando eu quase o derrubei, mas não tinha sido tão ruim assim a ponto de ele fazer o que estava fazendo. Perdi-me literalmente em meus pensamentos e quando me dei conta estava sendo chamada pelo professor e toda a classe me olhando.
- Srta. , está com algum problema na matéria ou com o seu colega?
- Não, pro-pro-professor, estou bem – respondi sentindo-me corar naquele momento.
- Então, por favor, preste atenção na aula e deixe seus devaneios para outra ocasião.
- Sim, professor, me desculpa.
- Tudo bem...
A aula prosseguiu e eu tentei ao máximo prestar atenção em tudo o que o professor dizia, mas era quase impossível quando estava por perto, ele era tão incrível, tão fascinante que qualquer pessoa teria a mesma atitude que eu, ainda mais com ele bem ao seu lado.
O sinal para a hora do intervalo tocou, e ele foi o primeiro a sair da sala com toda sua elegância. Quando eu e minhas amigas chegamos ao pátio ele estava sentado sozinho e sua irmã nem ao menos estava lá. Fiquei me perguntando se havia acontecido algo de errado e se eu deveria ir falar com ele sobre isso, oferecer alguma ajuda, talvez. Assim que me sentei, fui obrigada a olhá-lo por um breve instante e fiquei novamente paralisada quando o vi olhando para mim também, e fazendo um gesto que demorei a entender, mas era um gesto pedindo para que eu fosse até lá. As garotas se animaram com isso mais do que eu, e me mandaram ir lá correndo. Fui com cautela, esperando não derrubar mais nada nem ninguém por distração e pagar um mico na frente daquele DEUS.
- Olá, , desculpe-me o inconveniente na sala hoje, estava um pouco alheio as pessoas.
- Ah, tudo bem, ... – e não consegui proferir nenhuma palavra a mais.
- Bom, como já sabe, meu nome é , e agora irei estudar na sua classe, se não se incomodar adoraria continuar sentando ao seu lado!
- Tudo bem, por mim sem problemas, você é um ótimo companheiro - eu disse, rindo.
- Muito obrigado, e digo o mesmo de sua companhia.

Capítulo 3


havia me convidado para um jantar num novo restaurante da cidade, parecia ser bem legal e não tive como recusar o convite. Ele me buscou às oito horas em ponto e meu pai até aproveitou para conversar com ele sobre motos, carros, e jogos de futebol enquanto eu me arrumava. Quando cheguei à sala os dois me olharam pasmos, achei que estivesse com alguma coisa borrada, ou com o vestido amassado, mas, então, os dois falaram juntos o quanto eu estava linda com aquele vestido e com aquele penteado, me senti muito satisfeita e terminei de descer as escadas lentamente.
pegou minha mão e me levou até o carro, partimos para o restaurante com rapidez, e logo já estávamos lá. Conversamos sobre alguns assuntos não muito interessantes, e sobre o colégio e logo estávamos jantando, ou melhor, EU estava jantando.
- Você não vai comer nada?
- Ah, não, estou sem fome hoje.
- Tem certeza disso? A comida está maravilhosa.
- Absoluta, irei tomar um suco, apenas.
Nosso diálogo sobre a refeição foi curto e foi estranho comer e vê-lo me admirar comendo, mas nada que não pudesse ser relevado, ele devia estar sem fome ou com má digestão e, por isso, não quis comer.

Os dias foram se passando e cada dia era uma descoberta sobre ele, muitas coisas eram totalmente anormais e eu tentava descobrir hipóteses para explicar cada uma delas, mas hipóteses não existiam. Ele era rápido, forte, elegante, inteligente, falava como se fosse de um século passado, não precisava se alimentar, raramente bebia alguma cosia e se mantinha afastado de todos os humanos possíveis, a não ser de mim.
Eu me encontrava cada dia mais ligada a ele e mais desligada do mundo, não conversava com meus amigos, passava a maior parte do tempo com ele conversando ou então em silêncio. Saíamos todos os dias, eu mal parava em casa, meu pai se sentia feliz por um lado, pois eu precisava mesmo sair um pouco e me distrair, mas também se sentia preocupado porque eu só saia com .
O tempo passou rapidamente e logo já era fim de ano, passou o ano novo comigo e com meu pai e logo depois dos votos de felicidade ele me chamou para um canto escuro onde não havia ninguém, além de nós dois.
A principio fiquei muito assustada e quis deixá-lo ali sozinho, mas o que sentia por ele me prendia ali ao lado dele independente do que estivesse para acontecer.
- Meu amor, já faz quase um ano que nos conhecemos e me sinto cada dia mais feliz por ter você comigo.
- Ah... eu também me sinto ótima com você, te amo tanto.
- Te amo além das palavras, mas preciso lhe confessar algo.
Um tremor ocorreu dentro de mim, esperando que ele falasse sobre qualquer problema familiar, mas eu estava preparada para tudo, estava convivendo com coisas sobrenaturais (para mim) há tempos demais, acreditaria até em fantasmas se ele dissesse que era um.
- Eu sou parcialmente um ser extraordinário, tudo em mim deve atraí-la e não lhe culpo por isso, mas existe algo que você deve ficar ciente! Quero lhe apresentar a minha família, mas antes você precisa saber quem sou eu verdadeiramente.
- Você está me assustando, fala de uma vez!
- Bom, você já deve ter percebido como sou diferente dos outros meninos da nossa idade, e como ajo diferente deles também.
- Realmente, você parece de um século passado.
- Eu sou na verdade de DOIS séculos passados, tenho idade suficiente para estar morto, talvez, mas me paralisei no tempo como um ser imortal. Não sou o único assim, a minha família também é.
- Co-co-como assim, você é imortal, você não tem 18 anos? Explique-me isso! – falei fascinada com tudo aquilo que ouvia.
- Bom tenho mais ou menos uns 200 anos, fui transformado aos 18 quando morria de uma epidemia que atacou a Espanha, mas o meu pai adotivo injetou um tipo de veneno em meu coração que o fez parar, e me fez ser alguém imortal. Ele não tinha escolha, eu estava morrendo lentamente, agonizando cada dia mais e aquela era minha única salvação.
- Uau, isso é incrível, você é simplesmente diferente de tudo o que eu já vi na vida. Eu te amo com tanta força, mais do que qualquer outra coisa ou pessoa e não me importo de você ser assim, IMORTAL. Mesmo que isso seja quase inacreditável, quero conhecer sua família, quero fazer parte da sua vida acima de qualquer coisa, é isso o que o meu coração quer! E... quem saiba um dia eu possa ser como você, poderemos ser felizes para sempre.
- Meu amor, eu nunca a transformaria. Você é perfeita assim, não há necessidades de você passar o que eu passei, podemos ser felizes sim até quando você for velhinha e morrer... e então eu me matarei por você.
- Não, eu não quero isso, eu quero ser como você, não quero ficar velha enquanto você se mantém assim, tão perfeito. Por favor, me deixe ser como você um dia.
- Podemos pensar nisso um dia, mas agora o importante é que você sabe quem eu realmente sou, e quero que sejamos felizes sem mentiras ou segredos entre nós, eu te amo e isso é tudo para mim! Andei durante todo esse tempo entre o seu mundo e o meu mundo à procura de um amor perfeito e descobri que nunca havia achado porque você ainda não existia, mas agora você está aqui bem diante de mim e nada pode nos separar a não ser sua vontade.
- Eu te amo e quero viver com você pelo resto da minha vida. Quero te fazer um homem feliz, compensar o tempo que você teve de esperar pela minha existência, eu te amo e isso é o que basta para mim.
Aquela cena mal parecia verdadeira quando terminei de falar, era tudo tão mágico... Um mundo que eu estava perto de conhecer e não fazia idéia de que existia na realidade, fora de meus sonhos! Aquele era o meu grande amor, era a pessoa que eu viveria e morreria por ela, e isso era tudo para mim. Não importava sua condição de existência, em como ela sobrevivia ao meu mundo, ou em como eu sobreviveria ao dela, o que importava era que estávamos unidos em um só corpo em uma só alma, e éramos as pessoas mais felizes, e seriamos assim por toda a eternidade.
E isso era o que bastava para mim e para ele.

Fim






comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.