Summer air reminds me of
(O ar de verão me faz lembrar)
All the feelings of your love
(Todos os sentidos do seu amor)
And what it was like
(E como isso era)
When we were together, oh
(Quando nos estávamos juntos, oh)
Era verão novamente. Eu estava feliz da estação ter voltado depois de um ano ausente, não só porque eu não suportava mais o frio que estava fazendo em Missoula (também ninguém mandou eu me mudar para uma cidade terrivelmente fria), mas porque eu e minha família estávamos prestes a partir em férias para o Caribe.
Havia se passado quatro anos desde a partida de . Foi bem difícil superar no começo, mas minha vida não podia parar no tempo por isso. Algumas semanas, ok alguns meses, depois de ser ‘abandonado’, eu conheci Rachel - uma mulher linda, inteligente, bem sucedida e... gostosa. Nós apenas ficamos no inicio. Sabe, eu não queria me relacionar e ter a chance de ver minha vida escorrendo por entre meus dedos novamente. Não, obrigado; mas eu e Rachel passamos a nos ver com mais freqüência a cada semana e, no fim, ela ficou grávida. Então nós nos casamos. Não foi como meu primeiro casamento; fora bem mais simples, uma cerimônia para poucas pessoas e sem festa. Não que não fosse importante para nós, mas precisávamos dar prioridade ao nosso filho naquele momento.
Você deve estar pensando que eu me casei com Rach só pelo James (nosso filho), mas eu, realmente, a amo. Não se compara ao que senti por , mas assim mesmo é amor.
Estávamos muito empolgados com a viagem, afinal, nunca havíamos ido para um lugar diferente juntos; não com James já ‘crescidinho’. Enfim, estava arrumando minhas malas enquanto passava um programa que eu nem sabia qual era na televisão do meu quarto. Pus a última camiseta dentro da mala , fechei-a e resolvi ver se o que passava era algo interessante. Antes não tivesse me interessado pelo programa. Passava ‘A Última Sessão de Cinema’ em suas cenas finais. Droga de canal de filmes antigos. Suspirei e pus o volume do aparelho o mais baixo possível, lembrando-me de . Fazia tanto tempo que não nos víamos, eu não sabia mais nada de sua vida.
Como podia isto acontecer?
Walking all along the beach
(Caminhando pela praia)
You were never far from my reach
(Você nunca esteve longe do meu alcance)
And you help me
(E você me ajudava)
Through stormy weather
(Nos tempos de tormento)
Flashback
e eu caminhávamos de mãos dadas sobre a areia da praia em que nos casamos, ela nunca fora muito movimentada, e o clima estava extremamente agradável naquela manhã nada comum de maio.
- , você anda muito chorão. – disse , rindo do meu biquinho.
- Não to, não – imitei uma criança prestes a cair no choro.
- Para com isso, Bouvier! Você vai dar a volta por cima nessa crise empresarial – ela me beijou na bochecha.
- Se é você que está dizendo, então eu vou mesmo.
- Claro que vai! Eu sempre estou certa.
- Poço de humildade – sorri, fazendo-lhe cócegas.
soltou-se de meus braços e começou a correr. Observei-a por um tempo. Como eu amava seu jeito infantil e sensato de ver as coisas, ela era simplesmente fantástica.
Flashback Off
- Querido, ta me ouvindo? – ouvi a voz de Rach recuperando-me de meu devaneio. Quando ela havia chego ao quarto?
- S-sim – menti.
- O que eu dizia, então? – soltei um pigarro, tentando desesperadamente me lembrar o que exatamente ela dizia, não gostava nada de ser desatencioso.
- Desculpa, amor – rendi-me.
- Não tem problema, era só um comentário sobre o filme – se era assim, que bom que não ouvi mesmo. Me lembrar de assistindo o fim do filme, já fora o suficiente. – Jimmy dormiu, mas temos que sair agora de qualquer forma. Você põe as malas no carro?
- Claro.
Desliguei o televisor de vez, depositei um beijo na testa de minha esposa e peguei as duas malas em nosso quarto. Andei até a porta ao lado de nosso quarto e deixei as malas no corredor antes de entrar no quarto de James. Ele tinha o sono muito leve, e eu não tinha a intenção de acordá-lo. Observei-o em sua cama : ele estava com a mão direita apoiada na cama e a cabeça repousava sobre sua mãozinha. Que coisa linda eu e Rachel havíamos feito. Fiquei parado na porta, apenas olhando-o como um bobo. Não sei quanto tempo fiquei na mesma posição. Sai de meu transe quando senti uma mão delicada em minhas costas.
- Vamos, papai coruja – ela sorriu para mim e me deu um selinho. Peguei a mala nada pequena - diga-se de passagem - de James e desci com tudo, pondo as malas no porta-malas do táxi que já nos esperava em frente a nossa casa. Voltei para a porta de casa com a intenção de trancá-la e entrei no carro, seguindo Rach.
Laying in the summer grass
(Deitados na grama)
You told me not to talk so fast
(Você me disse pra não falar tão rápido)
As I told you, how I feel
(enquanto eu dizia a você como me sinto)
You made me feel right at home
(Você me faz sentir em casa)
You told me I was not alone
(Você me disse que eu não estava sozinho)
And you knew
(E você sabia)
Just how I feel
(como eu me sentia)
I know we talked about it
(Eu sei, nós falamos sobre isso)
Eu estava deitado no gramado do senhor Leypon, ele estava sentado em sua cadeira de balanço na varanda de sua casa. Ele não parecia nem um pouco chateado comigo ou com o corpo esculpido deitado ao meu lado.
Desde quando ele havia me perdoado? E desde quando Rachel e eu estávamos na Califórnia?
Senti minha cabeça girar e uma voz que eu não ouvia há anos me perguntar se estava tudo bem. Era , minha . Abracei-a com certo desespero, com muita saudade de sentir seu corpo tão próximo do meu. Foi uma sensação tão boa, como eu queria ficar ali com ela para sempre.
- Calma, – ela sussurrou em meu ouvido.
- , eu amo você, não me abandone nunca, nunca, nunca mais, promete? – eu disse atropelando as palavras. Ela sorriu e me beijou. Meu Deus, como eu senti falta disso.
- Eu também te amo, apressadinho, eu nunca te abandonarei, mesmo quando eu estiver longe eu vou estar presente aqui – ela pôs a mão direita em minha cabeça – e principalmente aqui – ela pôs a mão esquerda em meu peito, em cima de meu coração. Sorri, me sentindo tranqüilo, ela sempre sabia o que fazer para me deixar bem.
Voltamos a deitar na grama, de mãos dadas, com nossos dedos enlaçados, apenas observando algumas nuvens brancas que se formavam no céu, nada mais foi dito.
Acho que eu acabei adormecendo na grama do senhor Leypon. Abri meus olhos com uma rapidez assustadora ao perceber que não estava mais ao meu lado. Para onde ela tinha ido, cadê minha menina?
Ouvi uma voz muito distante chamar por meu nome repetidamente, e, definitivamente, não era , mas eu conhecia aquela voz.
- , querido, chegamos – dizia Rachel em meu ouvido, depositando um beijo em meu pescoço logo em seguida. – Você dormiu logo no inicio da viagem – ela sorriu para minha cara de interrogação.
O que estava acontecendo comigo? Eu tinha superado , certo? Por que essas constantes lembranças e agora até sonhos com ela? Droga, droga, DROGA!
I just can't get around, and
(Eu não posso dar a volta por cima, e)
Desembarcamos e alugamos um carro no aeroporto mesmo, nunca pensei que tudo seria tão fácil e prático! Seguimos para o hotel onde havíamos feito reserva há meses atrás. Rach era muito perfeccionista e exigente para ter a oportunidade de se hospedar em um lugar qualquer. Estacionei em frente ao hotel e logo um recepcionista veio até nós para levar nossas malas e nos guiar até a recepção; enquanto isso, um motorista estacionava o carro alugado.
Era tão estranho ter tantas pessoas a minha disposição. Fazia muito tempo que eu não sabia o que era isso, desde... esquece.
Chegamos ao balcão da recepção e uma mulher ruiva, que aparentava ser alta (não sei ao certo, pois ela estava sentada em um bacon alto pelo que notei) e nova, nos atendeu com um sorriso um pouco forçado; a pobre coitada deveria estar enlouquecendo com o número de pessoas no local.
- Sou Kristen. Posso ajudá-los? – perguntou-nos a moça num tom simpático, mas não era exatamente a expressão que ela tinha.
- Sim, nós temos uma reserva no nome de – sorri para ela.
- Ok, preciso de sua identidade.
Depois de todo o procedimento burocrático, ela me entregou a chave do quarto 501 e o homem que nos acompanhava desde a entrada do hotel nos levou até o elevador e apertou o botão que indicava o 5º andar. O elevador fez uma pausa no 3º andar, onde uma moça jovem com uma menina de uns três anos perguntou se o elevador descia e acenou positivamente com a cabeça ao saber que subia. Chegamos ao andar desejado e saímos da caixa asfixiante de metal. Odeio esses locais que te dão falta de ar.
O quarto em que passaríamos quase um mês, era grande: tinha duas camas de casal, uma televisão, uma estante, um guarda-roupas, uma mesinha e um banheiro, obviamente. James havia acordado, acho que ele também dormiu durante todo o vôo, pois estava elétrico e Rachel cansada, tinha até olheiras, coitada.
- Amor, eu vou dar uma volta com o Jimmy para você descansar – disse-lhe fraternalmente. Às vezes, nem me sinto casado com Rachel.
- Obrigada – ela me beijou na bochecha em agradecimento.
- Que tal irmos à piscina, garotão? – James abriu o maior sorriso e saiu correndo para sua mala a fim de pegar suas roupas de banho. Ainda rindo, vesti a nós dois. Eu usava uma bermuda preta e uma toalha vermelha pendia em meu pescoço. Jimmy vestia uma sunga vermelha. Pus em uma mochila a toalha do pequeno uns brinquedinhos, suas bóias de braço e o protetor solar. Depois de tudo pronto, sai do quarto, vendo que minha esposa já dormia em um sono profundo.
Apertei o botão para chamar o elevador enquanto ouvia Jimmy contando o que faria quando estivesse na água. Crianças sempre acham que podem fazer mais do que seus corpinhos agüentam, mas eu também não ia falar isso para acabar com a felicidade do meu filho. A ‘caixa de metal assustadora’ chegou e entramos nela, que estava vazia. Achei isso estranho, pois era um hotel realmente grande, mas ignorei o fato, afinal, quanto menos gente em locais apertados, melhor para todos, e principalmente para mim.
Chegamos ao térreo e James saiu correndo pelo saguão em direção a piscina. Que menino esperto! Andei o mais rápido que pude atrás dele e o alcancei antes que ele pulasse na água, graças à Deus.
- Hey, baixinho! Você não pode fugir de mim assim, não! Quer matar seu velho do coração? – ele corou levemente e negou com a cabeça. – Vamos encontrar uma mesa antes, ok? – disse bagunçando seus cabelos
- Tá bom, papai – disse-me do jeito que conseguiu. Eu acho engraçada a forma como crianças de três anos falam.
Encontrei uma mesa quando já estava quase desistindo de ficar ali. Pus minha toalha em uma cadeira e a bolsa na mesa mesmo, retirando de lá as bóias. Já havia passado protetor em Jimmy, pois sabia que isso seria impossível perto d’água, o menino parecia peixe! Enchi as duas e pus uma em cada braço e o adverti para ficar perto de onde eu estava, deixando-o ir para a água logo em seguida.
Fiquei sentado por um tempo apenas olhando para ele se divertindo até que ele se engraçou para uma menina que não me era estranha; esse é meu filho mesmo, mal tem três anos e já está prestes a ter uma namoradinha. Ri do meu pensamento insano e fui até os dois, entrando na piscina; quando cheguei bem perto, percebi que era a mesma menina que vira no 3º andar.
- Julie, sai de perto desse tarado mirim! – disse uma mulher que estava de costas para mim, olhando fixamente para a garotinha.
- Mãe, é meu miguinho! – justificava a menina.
- Desculpa, ele não faz isso normalmente – eu disse, pondo a mão no ombro da mulher que se virou para me encarar por trás de seus óculos escuros – Não vai acontecer de novo.
A moça, que era muito bonita, ficou atônita a me ver. Será que havia algo no meu rosto? Meu cabelo estava estranho? Espere! Ele sempre fora estranho. O que era afinal?
- ? – ela disse meu nome vacilante. Espere um minutinho! Essa voz, esse cabelo, mais curto que o normal... Confesso: eu a conhecia! Na maior cara de pau, tirei seus óculos e me espantei ao ver que minhas suspeitas estavam corretas.
- ? – perguntei num sussurro. A vida estava levando isso para o lado pessoal. Ela me olhou com um sorriso amarelo. Parece que ela também estava desconfortável com aquela situação. – Há quanto tempo... – disse vagamente enquanto tudo que vinha acontecendo nas últimas horas voltava com todas as forças em minha mente.
- Mãe, posso brinca com o Jame? – perguntou Julie enquanto puxava seu braço. Ela apenas balançou a cabeça e logo as duas crianças se divertiam pela piscina novamente.
- Nós... podemos conversar? – perguntei, já não tendo certeza se era realmente só isso que eu queria. Saímos da água e fomos até a mesa onde minhas coisas estavam. Ofereci a cadeira ao meu lado para sentar enquanto um sentimento de confusão crescia cada vez mais dentro de mim. Ela estava tão linda, mais do que eu me lembrava; e desde quando ela tinha uma filha? Será que ela se casara novamente? Uma dor muito aguda atingiu meu peito quando tal pensamento passou por minha cabeça, e eu conhecia essa dor, mas eu não poderia ter ciúmes dela, certo?! Eu havia superado aquilo, ou será que não? E também, por que ela não poderia estar casada aos meus olhos? Eu estava casado! Definitivamente, eu estava pirando.
- Como você tem passado? – perguntou-me ela
- Bem – respondi meio aéreo. – Me casei de novo há quase três anos, desde que minha esposa engravidou de James, o “tarado mirim”. – percebi o quão estranha foi minha resposta, mas nem liguei ao ouvir uma leve gargalhada vindo dela ao ouvir minhas duas últimas palavras. Era bom ouvir aquele som novamente. – E você?
- Bom... Papai faleceu pouco tempo depois que... – ela fez uma pausa breve. – E agora eu estou cuidando dos negócios da família – concluiu meio cabisbaixa. Um silêncio estranho ficou entre nós, até que uma pergunta me veio à cabeça e antes mesmo de pensar bem, eu já a havia feito:
- Quantos anos têm sua filha? – ela pareceu espantada com a pergunta, mas não surpresa e, após uma luta interna, ela suspirou e me respondeu:
- Três anos e meio – instantaneamente, olhei para a menina que brincava com Jimmy; eles se pareciam, de certa forma. Repentinamente, tudo começou a rodar; Julie seria minha filha? Parecendo prever o que estava em minha mente, como sempre fazia, aproximou sua cadeira e disse baixinho, quase num sussurro: – Desculpa não ter contado antes, , a Julie é sua filha – ouvi sua voz embargada e vi que ela começava a chorar. Aquilo me atingiu como um raio atinge a terra, rápido, certeiro e devasso. Eu fiquei em estado de choque, e, apesar de tudo, eu não estava com raiva.
- Por que você não me disse nada? Você não precisava ter passado por isso sozinha! Sua, digo, nossa filha também merece um pai, ! – tentei ser gentil com ela, passando a mão por seus cabelos macios e a abraçando de lado logo em seguida.
Senti-me bem quando ela sentou-se ao meu lado na cadeira, nos deixando um pouco apertados, e encostou sua cabeça em meu ombro direito. Suas lágrimas aumentavam gradativamente e tudo que eu fazia era acariciar seu braço e dar beijinhos em sua cabeça. Aos poucos seu choro diminuiu. nunca fora de chorar por longos momentos.
- Ta tudo bem, meu amor – sussurrei em seu ouvido e me odiei mentalmente ao perceber do que a havia chamado. Definitivamente, eu queria novamente.
I just want one more night with you
(Eu só quero mais uma noite com você)
I, I wanna fall in love
(Eu, eu quero me apaixonar)
Tonight
(esta noite)
And I remember when you said
(E eu lembro quando você disse)
Everything is gonna be allright
(Que tudo ia ficar bem)
Ela levantou a cabeça e me olhou sorrindo, limpando uma lágrima solitária que estava em sua bochecha.
se aproximou mais de mim e me abraçou forte, um abraço desesperado, cheio de saudades e, sutilmente, cúmplice, pois era isso que nós éramos agora: cúmplices de uma paixão, um amor adormecido.
- Eu senti tanto sua falta, . Eu sinto muito por ter te abandonado.
- Não faça isso, eu sei que você teve seus motivos, – ao ouvir o apelido, ela mordeu minha orelha e um arrepio apossou-se de mim. – , que tal jantarmos juntos hoje? – propus levado pelos sentimentos recentes.
- , mas você não está casado novamente? – perguntou-me confusa.
- Estou, e achava que amava Rachel, até te encontrar novamente. Acho que só estou com ela por causa do Jimmy. – admiti mais para mim do que para ela.
- Você não vai pedir o divórcio, né?
- Por enquanto, não – respondi, pensando em como seria estranho ter a mulher da minha vida como “a outra”. – Tudo bem para você?
- Isso vai ser um encontro? – aposto que ela pensou o mesmo que eu.
- Sim! – depois de muito pensar, ela aceitou e eu abri um sorriso enorme com isso.
Já eram quase sete horas e meia da noite e eu ainda não conseguira começar a me arrumar. Não queria me atrasar para meu primeiro encontro com depois de quatro anos. Sentia-me tão ansioso que estava parecendo um adolescente prestes a ter o primeiro encontro com a menina mais desejada da escola. Ri com meu pensamento e alarguei ainda mais meu sorriso quando vi Rachel saindo do banheiro, trajando uma roupa simples e isso me informou que ela pretendia ficar no quarto pelo resto da noite. ‘Ótimo Rach’ pensei com isso.
Entrei no banheiro e tomei um banho rápido. Os minutos estavam sendo preciosos naquele momento. Sai do banheiro com a toalha enrolada na cintura e fui até a mala para pegar minhas vestes. Decidi usar uma bermuda jeans claro, uma camisa preta de manga curta e um chinelo mesmo. Estava calor pra caramba e cozinhar dentro de minhas roupas não fazia parte dos meus planos para aquela noite. Terminei de me arrumar quando faltavam dez minutos para as oito.
- Você vai sair, amor? – ouvi a voz de Rachel distante, enquanto eu repassava mentalmente o que deveria fazer naquela noite.
- Vou, encontrei um amigo por aí e vou beber com ele – menti sem culpa. Eu não poderia falar para ela: ‘Lembra minha ex-mulher pela qual eu sinto alguma coisa ainda? Então, eu vou passar a noite com ela’.
- Vê se não demora – revirei os olhos ao ouvir isso. Ela estava parecendo minha mãe quando eu saia com meus amigos há uns dez anos atrás.
- Não pretendo, mas não precisa me esperar acordada, eu sei que você está cansada. Aproveita que o James está dormindo – dei um selinho nela e sai do quarto antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, entrando no elevador que estava, milagrosamente, parado no meu andar. Apertei o botão para o térreo. Não podia chamar muita atenção descendo com , então nós combinamos de eu pegar o carro alugado e ela me esperar a duas quadras dali. Eu sei que isso nos faria parecer dois fugitivos, mas eu não via outra solução.
Estacionei o carro no local combinado e abri a porta do carro para entrar.
- Você está linda – falei ao ver sua roupa, maquiagem fraca e cabelos soltos. Ela usava uma bata verde clara e um short preto muito, mas muito curto, o que me fez prender o olhar em suas pernas por certo tempo.
- Você também – ela respondeu depois de um pigarro. Dei-lhe um beijo no canto da boca e dei a partida no carro. – Aonde vamos? – perguntou-me curiosa depois de certo tempo em silêncio.
- Como eu sei que você gosta do Brasil... encontrei um barzinho que o dono é brasileiro, e o melhor de tudo: tem karaoquê! – respondi animado, vendo pelo canto do olho que ela sorriu largamente com isso.
- Nós não vamos cantar, né?
- Claro que não! Só vamos rir de quem canta mal – respondi sorrindo e comecei a cantar com uma voz muito desafinada uma música qualquer.
Estacionei perto do barzinho que tinha um movimento razoável. Desci do carro e abri a porta para que ela fizesse o mesmo; tranquei o mesmo e, de mãos dadas, entramos no local. Um rapaz que aparentava ser muito novo para trabalhar num lugar daqueles, nos encaminhou para uma mesa vaga.
- Vão querer alguma coisa? – perguntou o mesmo garoto.
- Duas caipirinhas e uma porção de torresmo – respondi.
- É isso que você chama de jantar? – perguntou-me uma divertida.
- No momento, sim – respondi me aproximando, incerto, para beijá-la. Diferente do que eu imaginei que aconteceria, ela aceitou meu beijo e o aprofundou logo que nossos lábios se tocaram. Nossa! Como eu precisava daquilo! Quatro anos, quatro longos anos sem aquele gosto. Como eu havia sobrevivido? Isso não importava agora.
Nossas línguas estavam em total sincronia, como sempre fora e sempre iria ser. Aquele beijo era o melhor de toda minha vida, pois tinha saudade, amor e desejo nele e era bem melhor que o do meu sonho, à título de curiosidade.
Senti o ar faltar em meus pulmões e, mesmo sem querer, eu tive que partir o beijo. Olhei em seus olhos, sorrindo – senti muita falta disso – e encostei meus lábios nos dela novamente e logo voltei a ficar ereto na cadeira.
Ficamos horas comendo e bebendo. Eu me sentia quase bêbado e achei melhor cortar o álcool por aquela noite; seria difícil explicar para Rachel por que havia vômito em minha camisa. Pedi um suco com muito açúcar para e enquanto esperávamos, passei a beijar seu pescoço, quando ouvi alguém cantando ‘1,2,3,4’ do ’Plain White T’s’ e comecei a sussurrar a letra em seu ouvido. Senti se arrepiar e beber seu suco em um único gole.
“I love you (I love you)/One, two, three, four./I love you (I love you)/I love you (I love you)”. Cantei as últimas palavras da música e dei um beijo estalado em sua bochecha.
- Vamos para outro lugar? – perguntou-me meio fogosa, me beijando logo em seguida. Sorri maliciosamente, paguei a conta e saímos do estabelecimento abraçando-a por trás. Tudo estava mesmo bem.
October air reminds me of
(O ar de outono me faz lembrar)
All the seasons of your love
(Todas as estações do seu amor)
And what it was like
(E como isso era)
When we were together
(Quando nos estávamos juntos)
The smell of fall is everywhere
(O cheiro de outono esta por toda parte)
And though it seems I just don't care
(E embora pareça que eu não tenho cuidado)
'Cause now you've gone away
(Porque agora você tem que ir embora)
Olhei para o lado oposto da cama e vi que estava vazia. Procurei meu celular e o encontrei no chão, perto da cama. Estendi meu braço para pegá-lo e vi que era pouco mais de sete horas da manhã. Suspirei e levantei-me da cama, indo para o banheiro, de onde saia o som da água do chuveiro caindo. Não me dei o trabalho de pôr um chinelo, bater na porta ou dar qualquer sinal de que estava lá, apenas abri a porta do box e abracei o corpo feminino nu que estava de costas para mim, apoiando meu queixo em seu ombro e dando-lhe um beijo no pescoço em seguida.
- Fica só mais um pouquinho – implorei com a voz levemente rouca.
- Eu queria, mas não posso, querido – respondeu, virando-se de frente para mim. Fiz um biquinho e recebi um beijo nele. – E você tem que voltar para sua casa, lembra? – acariciou meus cabelos molhados.
Lembrei-me que era o fim de minha viagem de negócios, se é que você me entende. Fazia uma semana que eu saíra de Missoula para encontrar em Atlanta com a desculpa de que iria trabalhar. Desde nosso encontro no verão, temos nos visto regularmente e eu não sei como Rachel não havia descoberto nada. Não que nós fossemos descuidados, mas eu fora um completo idiota logo que comecei a ter um caso com minha ex-esposa: vivia desligado do mundo, falando da amiga/irmã nova do Jimmy e quase a chamara pelo nome errado um dia, mas tudo isso tinha ficado para trás, eu me precavia muito mais. Via-me como um agente secreto às vezes, devido todas as mudanças que fizera para me adaptar a uma vida dupla. Desgrudei-me de para terminarmos nosso banho.
- Podemos dar uma volta no parque? – perguntei manhoso.
- Você nunca consegue dizer adeus – disse rindo.
- Mas é outono, eu amo ver as folhas caindo – fiz cara de criança.
- Tudo bem.
Vestimo-nos e saímos do hotel, já com nossas minhas malas. Andamos um pouco pelo parque, abraçados, como sempre fazíamos. Era tão bom ter comigo novamente. Parei em uma lojinha infantil e comprei uma boneca e um carrinho; pedi para a atendente embrulhar os dois para presente e entreguei o pacote rosa para .
- Leva para nossa garotinha – beijei-a calmamente. – Até mais, meu amor.
- Até Nova York – beijou-me mais uma vez e saiu andando na direção contraria a minha.
FIM. Nota da Autora: Abaixa das pedradas. Eu sei que eu demorei horrores com a fic, mas enfim eu terminei *solta fogos de artifício*. Estou satisfeita com ela, espero que vocês também tenham gostado :D Queria agradecer a Anna que sempre me ajuda, mesmo quando ela não quer, a Jenny que fica anciando para ler o que escrevo e a Danie que aceita betar. <3 tus.
E aqui tem o link da música com letra Dance Floor Anthem de, Say Anything e da música extra desta fic: 1,2,3,4 .
Comentem meninas e fiquem ligadas que em breve eu e uma amiga postaremos outra fanfiction aqui.