A imagem secreta que todos os torcedores têm sobre jogadores de futebol é a masculinidade que estes aparentam ter. Imagina-se que, após o afastamento completo dos campos, os mesmos irão atuar em filmes, participar de comerciais televisivos ou então até viajar pelo mundo ajudando crianças carentes, mas nunca ninguém pensou em vê-los vestidos de cisnes. Cisnes, como em O Lago dos Cisnes. Não se sabe e nem é possível se imaginar como é o funcionamento cérebro de uma pessoa dessas, mas todos tentam relevar. Os jogadores sobre os quais o assunto é baseado são conhecidos, talvez, pelo mundo todo. Um deles se chama , ou . O outro se chama , ou , como diz seu amigo .
", por que você é tão elástico?" perguntou ao ver os alongamentos que fazia antes dos ensaios, sempre exibindo-se para os outros dançarinos. Depois que ele conseguiu o papel de príncipe Siegfried, o que tinha acontecido fazia quase um ano, ninguém o suportava a não ser . "Eu não consigo entender."
"Anos de treinamento, querido ." disse enquanto segurava seu tornozelo logo atrás de sua cabeça. "Anos de treinamento e adaptações ao Kama Sutra com várias posições de ballet... Em diferentes bailarinos." Ele disse piscando para , que riu e chacoalhou a cabeça como se isso espantasse os pensamentos.
"Você bem que poderia me ensinar, não é? Logo você está indo embora para a Rússia e eu vou assumir seu papel, então eu preciso estar bem preparado." disse apoiando-se na barra para tentar fazer o mesmo alongamento que estava fazendo. Ao tentar puxar sua perna ao lado de seu rosto, caiu lentamente ainda segurando-a, caindo no chão em um espacate.
"Isso deve ter doído." soltou sua perna e sentou-se ao lado de como se fosse uma criança.
"Não... Só..." tentou esconder seu momento de vulnerabilidade, mas desistiu, chorando. "Doeu... , TÁ DOENDO!" Ele gritava, fazendo com que todos olhassem para os dois.
"Não fique assim, . Isso ainda vai acontecer muitas vezes." tentou animar o outro sem sucesso. "Vem, levanta, para de chorar e vamos ensaiar. Mais tarde podemos tentar trabalhar em seus alongamentos."
Mikhail, o coreógrafo, apareceu na sala logo após o tombo de e parou em frente a todos, esperando que todos ficassem quietos.
"Muito bem." Disse tirando os óculos escuros e colocando-os na gola de sua camiseta. "Vocês já devem saber que daqui duas semanas irá para a Rússia." Ouviu-se um ruído concordando com o coreógrafo. "Sim. E teremos que substituí-lo..." O alvoroço na sala começou. A maioria já sabia quem seria o subtituto, mas, para alguns, ainda havia esperanças na troca. " irá substituí-lo, . Espero que você esteja feliz com a decisão. No próximo sábado, daqui dez dias, será a sua primeira apresentação, ." Mikhail apavorou o garoto que não sabia sobre a urgência da substituição. "Você sabe a coreografia toda e tem força o suficiente para fazer todos os passes e levantamentos."
"Tudo bem." , apavorado, lançou um olhar para que colocou uma mão no ombro do outro e apertou levemente.
"Vai dar tudo certo, eu vou te ajudar." Podia-se ouvir a felicidade na voz de . "Você tem que postar isso no Twitter. Sua família e seus amigos e seus fãs vão ficar tããão felizes!"
"... Eu estou nervoso aqui." O mais novo Siegfried disse colocando as mãos em sua cabeça. "Se não for ajudar, não atrapalha!"
"A apresentação será junto com a do grupo de Capoeira da cidade no Dia do Capoeirista e vai chamar-se Festival de Dança Clássica e Cultura Brasileira - bem sugestivo. Os diretores da Bolshoi querem misturar um pouco da cultura brasileira no festival de ballet, que é o que eu realmente não entendo, já que essa coisa é uma luta e não uma dança..." O coreógrafo se empolgara ao falar mal da escolha feita por seus superiores. Parou subitamente o que estava falando e olhou ao seu redor. "Cadê a ? Ela é a principal e ainda não chegou? De novo?" Mais um burburinho na sala seguido a um barulho na porta. Aparentemente ainda não se acostumara com a ideia de a porta da sala ser de vidro. Não era a primeira vez na qual a garota trombava nela.
"Oh, céus. De novo não. Eu juro que não aguento mais bater com a cara nessa porta." Ela gritou e ouviu um "Eu também não, !" de como resposta. "E Mikhail, capoeira é uma dança sim. Se minha amiga ouvir você falando isso, ela te capa e joga a sua salsicha pra Akila e pro Oz comerem."
"Quem são esses?" Algum bailarino perdido e curioso perguntou.
"Os pitbulls dela." respondeu olhando para a expressão de medo que Mikhail fez, mas logo depois esta se desfez e apareceu um sorriso.
"Que bom que ela não vai ouvir, não é?" Piscou para um dos bailarinos que ficou sem graça ao ver que era para ele. "Continuando..."
"É aí que você se engana!" disse, andando por entre todos os bailarinos. "Você vai ter que tomar cuidado, sim, porque eu acabei de sair da sala da minha tia e ela disse que quer uma adaptação d'O Lago dos Cisnes com capoeira!" se sentia vitoriosa. "Não só a minha tia. Ela e os outros dois diretores lá, aqueles que ninguém sabe o nome." O comentário fez a sala rir e concordar. "E disse ainda que quer usar a como Odette e eu ficarei com o papel de Odile." A garota tinha o prazer em falar essas palavras, porque tudo o que ela dizia fazia com que Mikhail se contorcesse dentro de suas roupas apertadas. Ela não gostava de seu coreógrafo, mas é claro que não era preciso dizer isso.
era sobrinha de uma das diretoras da academia, então geralmente ficava sabendo das novidades nas quais estava envolvida antes de seus amigos. Sua tia sempre pedia para que ela não contasse a ninguém devido aos procedimentos padrões - como notificar o coreógrafo - mas nunca conseguia se conter. Mikhail já estava cansado em receber notícias sobre seu trabalho por uma garota de dezenove anos, que ainda adorava tirar sarro da cara dele quando a notícia não era do gosto do mais velho. "A já sabe disso também, Mik." sorria satisfeita quando percebeu que Mikhail ficara bravo com a notícia e, provavelmente, com o fato de ter descoberto sobre isso antes dele. "Falei pra ela passar aqui, assistir ao ensaio e conversar com você... Assim vocês marcam uma reunião para fazer as adaptações."
Se os bailarinos fossem levar em conta o rosto de Mikhail após o término do discurso da garota, todos teriam corrido o mais rápido que podiam, já que o coreógrafo parecia estar a ponto de explodir. "Eu ainda não sei por que eu te mantenho nessa classe, garota!"
"Será que é porque, talvez, eu seja a bailarina daqui que chegou mais perto dos 32 fouettés da Pierina Legnani?" A garota disse tentando ser superior, mas percebeu que Mikhail estava realmente nervoso. "Tudo bem... Eu paro - mas só por hoje. Você recebeu notícias muito bombásticas em um dia só."
"Sim." O mais velho disse tentando se segurar para não pular no pescoço de alguém. "Acho que já está mais do que na hora de começarmos nosso ensaio, não acham?" Várias pessoas concordaram, porque já estavam ali há mais de uma hora se alongando e recebendo notícias estranhas. Tudo o que esses bailarinos queriam era dançar.
Mikhail fez com que vários grupos fossem separados, cada um praticando uma sequencia. O dia era longo e o ensaio também. Os grupos eram divididos de acordo com suas funções na dança e Mikhail passava por todos corrigindo mãos, pés, posturas e en dehors. , e ficaram em um grupo só, já que substituiria e este precisava ajudá-los às adaptações. passava seus passos em frente ao espelho corrigindo a si mesma, já que não gostava das correções de Mikhail, então fazia com que os erros fossem mínimos. Quando a garota parou para observar a ajuda que dava a , percebeu que a maioria das frases dirigidas ao outro eram sobre concentração.
"Credo, , para de falar pro garoto se concentrar. É aí que ele não se concentra." apoiou-se ao espelho olhando para trás, vendo arrumar os pés de em en dehors certos.
"Se eu parar com os pedidos para ele se concentrar, ele vai se concentrar em qualquer outra coisa que tem nessa sala, mas não na dança. Não que ele não consiga fazer isso, mas é que ele tá muito nervoso." dizia enquanto olhava para sua própria bunda no espelho. "Tá vendo? É assim. Não duvido nada que ele te derrube no espetáculo." parecia assustada.
"Gente... Acho que eu engordei. Minha bunda parece maior!" virava de costas para o espelho, ficava de perfil, para conseguir observar mais sua parte traseira. ", OLHA! EU ESTOU GORDO!" gritava enquanto olhava para .
"Não está não... É o espelho, ." tentou distraí-lo. "Ele parece criança. E se a gente estipular uma palavra a ser dita a cada vez que ele se distrair? Assim ele vai saber que se distraiu." A garota disse e gostou da ideia, mas não sabia qual palavra poderia chamar atenção de . percebeu que estava pensando e teve uma ideia. "Que tal DONUT?" Ela disse um pouco alto.
"DONUT? ONDE?" virou-se para ela, segurando seus ombros.
"Nenhum lugar, . Logo você vai entender." Respondeu assustada pela rapidez de . "Ele é hiperativo ou algo assim?"
"Ele tem déficit de atenção. Só não é todo mundo que sabe..." disse como se fosse o pai do garoto de apenas meses mais novo que ele. "E se a gente falar, sei lá, futebol? Talvez ele se concentre."
"A gente sempre pode tentar, ... Sempre podemos tentar." devaneava sobre como explicaria e faria entender a história.
Os dois conversaram com pela meia hora seguinte. No começo a história foi sobre os donuts, já que estava distraído pelos mesmos. Isso porque donuts era uma coisa que ele não podia comer frequentemente, já que a refeição saudável e balanceada dos bailarinos não permitia. Os dois explicaram a que ele era uma pessoa muito fácil de distrair-se e ele concordou. Aí, então, os dois tentaram explicar que tiveram uma ideia, mas que era preciso a colaboração dele. Toda vez que ele ouvisse a palavra 'futebol', era porque ele se distraíra e fizera algo que não deveria fazer. gostou da ideia e decidiu testar pelo resto do dia, assim todos veriam se daria certo.
"Então, oh, toda vez que eu me distrair, vocês falam futebol e eu volto ao foco!" repetiu a ideia pela milésema vez, só para não se esquecer. "Olha... Tem uma amiga sua aqui na sala, . Ela tem cara de brava, ... , ela tá vindo até aqui. , EU ESTOU COM MEDO!" Escondeu-se atrás da garota que ficou assustada pelo ataque do outro.
"Futebol, . Futebol." Ela disse e ele endireitou-se ao seu lado. "Oi, . O Mikhail está te esperando." apontou para o coreógrafo que, no momento, estava alongando a perna do mesmo bailarino para quem piscara mais cedo.
"É ele? Vou ter que fazer adaptações para essa dança com ele?" disse com desprezo. "Eu odeio esse cara. Ele me torturava na época em que eu fazia ballet." Ficou vermelha só em relembrar das aulas que tivera com Mikhail.
"É, amiga, é com ele. Boa sorte, viu? Se precisar matá-lo, sabe que estou do seu lado e arranjo um álibi para você." riu, fazendo com que e rissem junto e, assim, percebeu que mais duas pessoas estavam paradas ali.
"E com quem eu vou dançar? Falaram-me que eu ia ter que dançar com um cara. Ele ia ter que me levantar no ar..." olhou para os dois rapazes parados à sua frente. "É esse aí?" Ela disse apontando para . "Ele parece ser forte!"
sorriu agradecendo e então deu um passo para trás. "Não... É o que vai te levantar e dançar com você, mas pode ficar sossegada, ele é forte. É até mais forte que eu." bateu no ombro do amigo que estava assustado pela garota que acabara de chegar. "Só uma coisa: quando você perceber que ele está distraído, como agora, é só falar a palavra 'futebol' que ele volta ao normal." disse apontando para o outro que estava olhando para as outras turmas. "Testa. É até legal."
"FUTEBOL!" gritou e pulou assustado.
"Não precisa ser tão rude, tá bom?" disse ofendido. ", olha ela!" apontava para enquanto cutucava . ficou assustada pelo jeito com que o garoto ficara.
", não precisa recorrer ao seu namorado. Ela tá brincando com você." disse acariciou os cabelos de que, agora, estava confuso pelas palavras de . "Vamos ensaiar."

O dia todo passou como qualquer um, mas, dessa vez, com uma capoeirista no meio dos bailarinos. Uma estranha combinação - era o que todos pensavam. Os movimentos de capoeira pareciam leves e fáceis quando os fazia. e faziam os passos de Siegfried e Odette, e, então, tentava adaptar os passos de Odette para a capoeira. Não que estivessem ficando bons no início, mas nada que mais dez dias de ensaio não arrumassem. ficara mais maravilhado e distraído com os passos que fazia do que quando ele observava dançar. tinha a graça de uma bailarina, mas também o gingado de capoeirista. Ele não conversara com a garota ainda, mas sabia que, nos próximos dias, teria que vê-la e tocá-la todos os dias. Talvez fosse a hora de pedir as aulas de . Assim poderia desenvolver mais a sua elasticidade e talvez ensinar alguns movimentos para . O homem percebeu no que estava pensando e chacoalhou a cabeça ao ouvir dizer "Futebol, ."
"Desculpa." disse cabisbaixo. Olhou para o relógio e percebeu que faltavam apenas vinte minutos para o ensaio terminar.
"Não se preocupe." olhou para o espelho e continuou seus passos. "Agora faz assim... Quando eu estiver terminando o , que é a estrela, você segura a minha perna esquerda e me levanta na altura do seu peito, como o passo original, só que aí ao invés de me colocar levemente no chão, você vai empurrar a minha perna direita e eu vou cair com as duas mãos no chão e vou dar um mortal pra trás." ainda não sabia por que ela tinha falado tanta coisa em uma frase só. Na metade do caminho, já se distraíra. "! FUTEBOL!"
"ME DESCULPA, EU AINDA ESTOU NERVOSO!" Gritou. "E eu quero muito, muito, muito comer um pacotinho de batatas fritas do McDonalds. Eu consigo sentir o cheiro delas, !"
"Olha, daqui vinte minutos o ensaio acaba, aí eu te levo no McDonalds e depois a gente vai para a minha casa para aproveitar a noite. Tudo bem por você?" sorriu para que arregalou os olhos.
"Aproveitar a noite? O que você quer dizer com isso?" disse em uma oitava acima do normal. Não fazia nem um dia que eles haviam se conhecido e ela já queria se aproveitar dele? Não, não, não. Sem Siegfried para você, Odette! "Você quer me comer como se eu fosse um donut ou algo assim?"
"Ah, só me faltava essa!" O tom na voz de era quase ofendido. "Eu quero dizer aproveitar a noite para ensaiarmos, seu príncipe estabanado! Como você acha que a gente vai conseguir adaptar a capoeira n'O Lago dos Cisnes no meio desse monte de gente? VOANDO?" dizia e ia se afastando cada vez mais. "E qual é a sua com donuts, hein?"
"Eu gosto de donuts. Dá licença?" agora virara esconderijo, porque estava escondido atrás dele com medo de . "Por que você é assim? Você me dá medo!"
"Assim como? Eu sou normal! Só tenho problemas de irritabilidade!" Disse olhando-se no espelho e percebendo que seu cabelo estava por todo o lado e começou a arrumá-los. "Talvez seja melhor eu voltar ao psicólogo, mas ele é muito chato..." Virou-se para os dois, parados, a olhando estranhamente. "E por que eu estou falando isso para vocês, mesmo?"
"Porque você é ma-lu-u-u-u-u-u-ca!" saiu de trás de e fingiu que não tinha medo de , mas quando a garota chegou a centímetros de sua face com uma expressão brava, seus olhos encheram-se de lágrimas.
"Cuidado com o que você fala." O tom ameaçador na voz dela fez arrepiar-se. "Senão não vai ter McDonalds para você." Ela disse e riu, dando passos para trás e rindo de , que estava se sentindo desconfortável com a brincadeira.. "Cara, você deveria ter visto sua cara. Foi muito engraçada."
"Coitado dele, . Ele é sensível." chegou ao lado da garota e disse baixo para não ouvir. "E não faz essas coisas perto do , porque vai saber o que ele pode fazer..."
"Por quê?" disse olhando para os dois que já estavam se batendo distraídos. "Ah!"
"É, amiga. O eu tenho certeza que é gay porque ele já deu uns pegas no meu primo, mas agora eu ando tendo umas suspeitas muito muito muito estranhas sobre o . Ele anda cada vez mais... bee." O final da frase de foi complementada por dando um tapa na bunda de e este rindo feliz com isso.
apenas olhou para a amiga com um olhar suspeito no rosto, não se importando muito. Não seria a primeira vez que ela transformaria um homem em heterossexual. A garota olhava para , que estava olhando sua bunda novamente no espelho e conseguia imaginar-se fazendo loucuras com o homem que mais parecia um garoto. A flexibilidade dele poderia ajudar muito em algumas dessas loucuras. Para de pensar nisso, . Só espere que ninguém tenha poderes sobrenaturais. Ou então que ninguém seja um vampiro com o dom de ler pensamentos, como o do Edward de Crepúsculo. VOCÊ TEM QUE PARAR DE PENSAR NISSO! SE ALGUÉM ESTIVER LENDO OS SEUS PENSAMENTOS, DESCOBRIRÃO QUE VOCÊ LEU CREPÚSCULO E QUE É TEAM EDWARD E QUE ADORARIA EXPERIMENTAR A RIGIDEZ DO EDWARD... E APERTAR O BUMBUM DELICIOSO DO . Pensa em outra coisa, pensa em outra coisa, pensa em outra coisa... Mikhail. ISSO! Que homem desprezível! sorria sozinha com o triunfo sobre seus próprios pensamentos.
percebeu o olhar de e o sorriso em sua boca. "Lutando contra seus pensamentos de novo?" ficou com medo, talvez fosse a pessoa que tinha o poder de ler pensamentos como o Edward. ignorou a careta da amiga e continuou. "Bom... Já que o Mikhail dispensou todo mundo, eu vou pra casa." Disse cansada. "Você quer carona?"
"Não precisa, meu carro tá aí. Agora eu vou ter que passar com o crianção no McDonalds. E ainda tenho que conversar com o Mikhail." fez uma careta que parecia mais um sorriso. "Te vejo amanhã." E saiu andando em direção a Mikhail. No meio do caminho encontrou . "Se você quiser me esperar aqui, eu só vou conversar com o Mikhail e daqui a pouco podemos ir embora."
"Você vai embora com ela, ?" perguntou ofendido. concordou com a cabeça, sorrindo para ele e olhando que continuava a andar em direção ao coreógrafo. "Tudo bem... Eu espero ela com você, aí eu vou pra casa."
"Tá bom." observava parar e conversar com o homem que já colocara seus óculos de sol, mesmo já estando noite. "Eu ouvi a conversa delas, ." O olhar afetado e chateado de fez com que fizesse um beiço e abraçasse seu amigo.
"O que elas falaram, ?" apertava os ombros de , como se isso ajudasse em alguma coisa. "Não foi nada tão grave assim... Foi?"
"Foi, . A disse que eu sou bee." colocava as mãos no rosto, como se estivesse chorando. "Eu não sou bee! Eu gosto de mulheres!"
"Mas e como você sabe que gosta de mulheres? Você já experimentou homens?" deu a sugestão para , mas este não gostou muito da ideia. "Eu posso te ajudar!"
"Me ajudar como, ?" continuava com as mãos no rosto. "Eu gosto de mulheres, ! Eu não suporto a ideia de estar com um homem!"
"Mas você não sabe disso... Por um acaso você já pediu pra alguém fazer um fio terra em você?" abaixou sua voz para ninguém ouvir. tirou as mãos do rosto e olhou seriamente para seu amigo. "Eu estou falando sério. É bom... É só você pedir pra alguém, não é difícil! É só um dedinho no seu..." tampou a boca de no momento em que ele ia terminar a frase.
"PARA! EU NÃO QUERO ISSO. EU NÃO GOSTO DISSO!" O pânico nos olhos de fez perceber que ele falava a verdade. "Uma vez... Eu tinha um primo... A gente se beijou uma vez, mas era só porque a gente tinha medo de dar o primeiro beijo em uma garota e ela não gostar... Ele acabou virando gay, mas eu nunca gostei dessa coisa!"
"Ha! Eu sempre soube que você tinha alguma coisa no seu passado!" expôs seu pensamento e o bateu. "Ai, tá bom." passava a mão onde o batera. "Então, meu bem, você precisa melhorar o seu jogo. Você dá muita bandeira por aí. Seus gostos não são nada heterossexuais. Aonde já se viu seu toque de celular ser Oops I Did it Again e toda vez que ele tocar, você cantar?"
"Mas... É a Britney! Oops... I did it again! I played with your heart." entrou no clima e começou a mexer os braços que logo foram segurados por .
"Tá vendo? É disso o que eu to falando!" Tudo o que queria era ajudar o amigo, porque, aparentemente, ele era um heterossexual muito homossexual.
"Eu não sei o que fazer, ." abraçou o amigo, chorando em seu ombro. "Logo você vai embora e eu não vou ter com quem conversar! O mundo não é justo."
"Para de chorar, homem." puxou o amigo de seu ombro e olhou dentro de seus olhos. "Primeiro de tudo, você tem que começar a cortar as amostras dos seus vícios publicamente. Na sua casa, tudo bem, mas no meio de todo mundo? Não é legal."
"Mas..." fez um beiço e queria começar a chorar de novo, mas deu um tapa em seu rosto e continuou a falar.
"Sem mas. E, se precisar, vamos te levar em um culto, na igreja, ou sei lá o que." teve uma ideia que já sabia qual era. "Sem ler a Bíblia dessa vez, . E sem se gabar pelo fato de já ter lido a Bíblia. Isso não é justo para com os cristãos que não tiveram a mesma oportunidade."
"Tá bom. Eu vou tentar." disse e uma cena chamou sua atenção: estava com os braços no ar, gritando com Mikhail, que estava encolhido e, aparentemente, com medo da garota.
"Olha, ... Você deveria ter umas aulas com ela! Ela sabe como é ser macho." riu e olhou para , que estava bravo. "Ou..."
"Ou o que, ? Pedir pra ela fazer um fio terra em mim?" Sarcasmo era uma das armas que possuía quando estava bravo. "No way, José."
"Não, seu idiota." O estalo do tapa que deu na cabeça de foi alto. "Desculpa, não era pra ser tão forte..." Ele fez uma expressão de dar dó. "Você pode ter aulas com ela. Ou então você pode ter ela. Assim vocês complementarão um ao outro: ela precisa de feminilidade e você precisa de masculinidade. Fim."
"Olha! Até que a sua ideia é boa!" ficara surpreso e já estava bolando planos em sua cabeça. "Eu vou com ela no McDonals, bem que eu podia tentar algo com ela, não?"
"É... É uma opção." olhava para a garota que estava vermelha de tanto gritar com Mikhail. "Só toma cuidado para não irritá-la, porque olha lá... Dá medo."
"É, você provavelmente tem razão." concordou levantando-se e indo em direção à saída da academia, quando puxou seu braço.
"Onde você vai?" estava assustado pela súbita coragem de .
"Mostrar que eu posso ser o macho da relação..." Disse tentando se soltar do aperto de . "… esperando ela no carro."
"Ah, sim. Boa sorte com isso. Me ligue para contar depois." concordou e também, indo em direção à porta.

andou vagarosamente até o vestiário, tomou um banho, se trocou e foi ao carro da garota. Em nenhum desses momentos deixou de pensar no que poderia fazer para conquistar , já que eles eram tão diferentes. Talvez conversar com ela traria mais confiança para ele, mas aí ele pensava e via que talvez não. Ela simplesmente parecia ser uma daquelas garotas que não é possível se conquistar. Uma coisa que ele poderia abordar enquanto estivessem conversando era o fato de terem largado sua primeira vida profissional para tentar outra. Ela, no passado, fora uma bailarina. Ele, um futebolista conhecido. Talvez as coisas não fossem tão difíceis entre eles. Talvez ela tivesse gostado dele e ele fazendo todo esse drama. estava certo, ele não era um grande exemplo de masculinidade. No momento, a única coisa que pensava, era "Estou soando como uma garotinha!", e uma coisa o tirou de seus pensamentos: saíra da academia, vestida com uma calça jeans e uma camiseta do AC/DC. Pronto, mais um assunto para discutir com ela, já que ela parecia gostar da banda.
saiu confiante da academia, já que brigado com Mikhail e conseguira tudo em seus próprios termos. Ela seria a pessoa a adaptar a parte dela para a capoeira e teria ensaios 'particulares' com , todos os dias. Para as outras partes, outros capoeiristas ajudariam o coreógrafo a organizar a nova dança. A garota, pensando em seu triunfo, não percebeu parado ao lado de seu carro, com uma camiseta da Nike branca, apertada e uma calça jeans justa – não skinny, só justa. Deslumbrante.
"Éé... Oi?" Ela disse surpresa por ele estar parado em frente ao carro dela, a esperando. Ela pensava que ele fora embora e a tivesse deixado lá, sozinha. "Pensei que você tinha ido embora."
"Não. Eu vim aqui te esperar. Vi que você e Mikhail estavam brigando, aí preferi dar privacidade." apontou para uma pessoa que estava saindo da academia, também, que era Mikhail.
"É... Eu estava combinando umas coisas com ele." A garota deu a volta no carro, abrindo a porta e esperando que fizesse o mesmo. "Vamos. Dentro do carro te conto as novidades."

Tudo o que queria, tinha acontecido. Talvez não o que ele queria, mas isso cabia perfeitamente em sua vida. Um novo começo, mas, dessa vez, com companhia. Ele se via ali, no drive-thru do McDonalds, comprando tudo o que gostava e sentado ao lado de uma pessoa que, aparentemente, era grossa, irritada e mal-humorada. percebera que essas atitudes eram só quando ela estava rodeada por muitas pessoas, o que a deixava irritada e afins. No fundo, era simpática e carinhosa, mas, sim, ela tinha seus problemas de raiva, nada que uma conversa a dois não resolvesse. E ele estava começando a gostar dela. Gostar de verdade. Ele simplesmente queria ficar conversando com ela por toda a sua vida. Ele a veria todos os dias até o dia do Capoeirista e realmente esperava que continuasse a vê-la todos os dias após esse.
Depois de terem pedido os lanches e guarnições que queriam, começou a dirigir em direção à sua casa. A garota estava desconfortável pelo silêncio dentro do carro, então ligou o rádio.
O CD que estava tocando estava em suas faixas finais, então voltou para a primeira música, que era uma das que mais gostava. A garota sentia um pouco de vergonha por gostar das músicas desse cantor, mas ela o adorava. Achava-o bonitinho, fofinho e tinha vontade de morder as bochechas dele. A música começara a tocar e só estava esperando para que Luan começasse a cantar para cantar junto.
"Te dei o sol, te dei o mar, pra ganhar seu coração..." Cantou e riu, mas, quando percebeu, também estava cantando.
"... você é raio de saudade, meteoro da paixão." Ele olhou para e sorriu, concordando.
"EXPLOSÃO DE SENTIMENTOS QUE EU NÃO PUDE ACREDITAR... AAAAHH, COMO É BOM PODER TE AMAR!" Os dois cantaram juntos, gritando.
"Eu não sabia que você gostava de Luan Santana." abaixou o volume do rádio olhando para a garota e lembrando-se do último show do Luan Santana que ele fora. Aproveitara tanto que bolhas saíram em seus pés.
"É claro que você não sabia. Você me conheceu hoje, jamanta." Disse sarcasticamente, mas depois de olhar para o rosto desgostoso de , ela continuou. "Eu sou... É... Fã dele... Mas eu não digo muito isso, porque é a mesma coisa que dizer que eu sou fã de Justin Bieber..." olhou para frente, com vergonha.
"Não precisa ficar com vergonha, !" deu dois tapas no ombro de , tentando a confortar. "Eu também sou fã dele." ficou vermelho ao dizer isso, mas disse, já que a garota tinha confiado isso a ele.
"Ah, é?" A garota olhou para ele e riu com desdém.
"Não vem com esse risinho para cima de mim, não." a olhava com um olhar ameaçador. "Se você contar pra alguém, eu falo que você é fã de Luan Santana e de Justin Bieber."
"Mas eu não sou fã do Justin Bieber." Ela disse, confusa.
"Exatamente!" riu ao perceber que a garota tinha caído em sua armadilha amadora, que não passava de um blefe idiota.
"Ahh, , não faça isso!" A garota suplicava, como se estivesse levando a história do garoto a sério. "Tá bom, vai. Não falo nada."
"Acho bom!" parou e olhou para frente, pensando. "Você já percebeu que ele é vesgo?"
começou a rir sem parar, como se o que ela tivesse ouvido fosse a coisa mais engraçada do mundo. até ficara confuso com a reação da garota, mas depois de alguns segundos, ela parou e olhou pra ele.
"PERCEBI!" Ela gritou e começou a rir de novo, chegando até a ficar sem fôlego. "Só não sabia que mais alguém achava isso, já que eu nunca converso sobre ele..."
"Nossa... E isso é tão engraçado assim?" Ele disse realmente não entendendo toda a graça da história. Ela o olhou com cara feia e o ignorou.
começava a virar o carro na frente de um portão de um prédio, quando o portão começou a se levantar. A garota entrou com o carro, o qual, agora, estava em silêncio, na garagem e parou-o em sua vaga.
"Vamos." Ela disse tirando o cinto de segurança e abrindo a porta. "Você leva a comida." Levantou-se e foi em direção ao elevador.
Dentro do elevador, lembrou ter ouvido sobre os dois pitbulls de .
"Você não tem dois pitbulls?" Perguntou, com medo.
"Eu tenho, mas eles ficam na casa da minha mãe porque aqui no apartamento não tem espaço." olhou para o rosto de que, agora, parecia aliviado. "Não precisa ficar com medo!" E riu.
Quando entraram no apartamento, foi olhando todos os cantos do lugar, prestando atenção se realmente não tinha nenhum cão.
foi em direção à cozinha pegar o que precisava pegar e depois mostrou a onde era seu quarto, que era onde iriam comer.
Sentados na cama da garota, em um quarto um tanto quanto grande, os dois estavam comendo e conversando.
"Tudo bem... Quero saber mais sobre você." disse enquanto comia seu segundo pacote de batatas fritas. "De onde você é?"
"Nossa... Já vou te assustar com a primeira resposta." passava as mãos em seu cabelo timidamente. "Eu nasci bem longe daqui..."
"Eu também nasci bem longe daqui." disse colocando ketchup nas batatas. "Eu sou , cresci por lá, joguei futebol pela Europa e depois vim para o Brasil com o ." Dizia sorrindo. "Sua vez."
"Dizendo assim parece que vocês são casados."
"Nunca! Eu e somos muito amigos, mas eu gosto de mulheres." deu uma risada tímida e o olhou sarcasticamente. "É sério! Assim você me ofende!"
"Desculpa... É que você de vez em quando parece gay." Ela estava com medo de levantar-se e ir embora.
"Eu sei... É a convivência com o ." ficou com vergonha.
"Deve ser... Mas que você parece ser gay, parece." Ela repetiu, tomando sua Coca-Cola.
"Vou te mostrar o gay, então." Ele disse ameaçando-a, chegando perto do rosto dela. Sua boca ficou a centímetros da boca da garota, que não se sentiu intimidada. conseguia sentir a respiração de batendo em sua boca, mas estava se segurando ao máximo para não se mover ou sequer olhar para a boca dele. Ela manteve os olhos fixos nos dele durante o momento inteiro, mas não resistiu. Olhou para a boca de e sentiu medo de não conseguir não beijá-lo. No exato momento em que seus olhos voltaram para os olhos de , ele afastou-se, comendo mais uma batata frita. Ele deu um sorriso e a garota ficou sem graça, querendo esconder-se atrás da cadeira ou sair correndo para o banheiro. "Sua vez."
"Minha vez de que?" Ela estava tão confusa que já até esquecera sobre o que estavam conversando.
"Onde você nasceu?" Repetiu a pergunta, sorrindo para a garota como se fosse engraçado vê-la tímida.
"Para de me olhar desse jeito!" Deu um tapa no ombro de , que apenas ergueu os ombros. "Eu nasci na Islândia."
"ISLÂNDIA?" A expressão de espanto do garoto era muito mais dramática do que o assunto pedia. "Caramba, é mais longe do lugar onde eu nasci!"
"É, eu sei..." devaneava em pensamentos. "Não é que eu tenha vergonha de ter nascido lá... É que toda vez que eu falo de onde eu sou, nunca ninguém sabe onde é ou até qual é a capital... É meio frustrante."
"Qual é a capital da Islândia?" tentou brincar com a menina, já que ele era uma das pessoas que sabia qual era a capital da Islândia, mas não gostou da brincadeira e o olhou com uma expressão muito brava. "Calma, eu to brincando! É Reykjavik! Eu jogava Carmen San Diego quando eu era pequeno!" E riu.
"Olha!" Disse prolongando a vogal inicial. "Um garoto culto... e nerd." E riu também.
"De acordo com você, sou nerd, sou gay, sou tudo... Certo?" ficou sem graça. "Tem alguma coisa de boa em mim, pelo menos?"
"Tem!" Os olhos da garota brilharam. "Você é um ótimo bailarino!"
ficou chocado. A garota realmente falara aquilo. A garota que ele presumiu ser grossa, idiota, estúpida e tudo mais. Por mais que fora da academia ela fosse mais simpática, ele nunca pensara que ela engoliria seu orgulho e falaria algo assim - não que ele a conhecesse o suficiente para falar que ela era orgulhosa, mas, aparentemente, ela era. Talvez tudo o que ela precisasse era de alguém que fosse o oposto dela: calmo e paciente.
ficara envergonhada, então levantou-se indo em direção ao rádio e colocou uma música.
"Acho que devemos começar a ensaiar." Pegou os pacotes do McDonalds que estavam jogados pelo chão e jogou-os no lixo.
"Calma, deixa eu me preparar." levantou-se, tirando seu casaco e os tênis. "Vamos lá."
Os dois se entrelaçaram e começaram a fazer passos da dança que dançariam. Os passos de eram um pouco mais agressivos, mas ainda leves e sutis, criando um paradoxo. ainda não conseguia entender como ela conseguia ser tão graciosa e agressiva ao mesmo tempo. Não só em seus movimentos, mas em sua personalidade também. ainda a entenderia.

(DIA DOIS)



"Você não acha que seria mais fácil se tentássemos apoiarmos um no outro?" dizia enquanto andava para lá e para cá no quarto, tentando pensar em um jeito de fazer o levantamento se encaixar no ballet e na capoeira ao mesmo tempo.
"Deixa eu pensar, por favor?" A garota disse ainda andando para os dois lados do cômodo.

(DIA TRÊS)


"Você precisa colocar suas mãos mais pra cima na minha perna, senão eu vou cair e vai ser em cima de você." dizia enquanto colocava as mãos quase na virilha da garota.
"Satisfeita?" Ele perguntou, distraindo-se e desequilibrando-a, fazendo-a cair em seus braços.
"Quase, , quase." Ela disse no colo do homem. "Vou ter que ficar usando a palavra futebol toda hora ou você vai voltar a se concentrar?"
"Desculpa..." Abaixou a cabeça.

(DIA QUATRO)



"Por que você é tão nervosa?" a olhou, ela estava vermelha e com os cabelos todos desarrumados. "Eu não fiz nada de mais!"
"Ah, não?" Ironia soava em sua voz. "Você precisa se concentrar e não ficar pensando em comida!"
"Desculpa se eu to com fome, tá bom?" Ele olhava para o relógio, eram nove horas da noite. "Eu ainda não comi. Só comi no almoço. EU NÃO AGUENTO!"
A garota o ignorou saindo do quarto e indo em direção à sala. a seguiu e viu a garota procurando alguma coisa que, por estar tão nervosa, não encontrava.
"O que você tá procurando?" O homem perguntou olhando-a, quase entrando em pânico. Ela ainda o ignorava. "!" Ainda ignorando. "! FUTEBOL, !"
", isso só funciona com você." Ela disse irritada.
"Mentira, porque você acabou de me responder." Ele disse vitorioso.
"Cala a boca e me ajuda a procurar meu bonsai." Ela olhava pela sala não enxergando sua mini-árvore. "Ou minha caixa de lápis de cor."
"Ein?" estava confuso. "Bonsai? Lápis de cor?"
"É, ser." Ela ainda estava irritada.
O garoto ajudou-a a procurar suas coisas, mas porque estava com medo, não porque tinha entendido o porquê da brincadeira. O bonsai foi encontrado atrás do sofá e a caixa de lápis de cor embaixo do mesmo. não entendera muito, só viu a garota aparando as folhas da pequena árvore e, depois, com a caixa de lápis de cor, entrando no quarto que ficava ao lado do dela e fazendo desenhos na parede. Ele não entendera muita coisa, mas achou melhor deixar para perguntar em um dia melhor.

(DIA CINCO)


"..." Ele parou a dança que estava fazendo, olhou para a garota que estava sentada na cama, com as pernas cruzadas observando os movimentos dele.
"Oi." A resposta foi calma e lenta.
"Por que você tem um bonsai? E por que você desenha na parede?" Ele realmente estava confuso sobre o que acontecera no dia anterior.
"Meu psicólogo que indicou." A resposta ainda estava calma. "Pra controlar a irritação, sabe."
"Ah... Entendi." Ele olhou para ela de novo. "E no dia seguinte você fica toda calma mesmo ou é por causa dos meus movimentos super leves e lindos?"
"Não se--" Ela parou na metade de sua frase pensando no que dizer. "Futebol. Continua a dança, vai."
Ele abaixou a cabeça e continuou a dançar.

(DIA SEIS)

"Vocês dois estão em uma sintonia que eu nunca vi em nenhuma dupla antes." Mikhail disse enquanto observava os dois fazendo os passos já adaptados para O Lago dos Cisnes. já adaptara a dança inteira, agora o que eles faziam era só ensaiar.
"Obrigada, Mikhail." A garota disse, tímida. "Por mais que eu não goste de você, às vezes é bom ouvir isso." Ela disse e foi abraçada por .
"A gente tá conseguindo, ." Ele a apertava e viu no fundo da sala o olhando, sorrindo.
"Ela gosta de você!" falou com os lábios, mas sem voz, fazendo com que lesse seus lábios.
"Eu espero que sim!" respondeu, também só com os lábios.

(DIA SETE)


"... Sabe o que eu queria entender?" disse enquanto tirava seu berimbau de trás de seu guarda-roupas e sentava na cadeira que colocara em frente à sua cama. apenas fez um movimento com a cabeça, como se dissesse para a garota continuar a falar. "Como é que você virou um bailarino da Bolshoi só dois anos depois de ter parado de jogar futebol?"
A garota, então, começou a tocar o instrumento que estava em suas mãos e apenas observou. Ele ia responder à pergunta dela, mas o som do berimbau era tão diferente e agradável, que ele resolveu se concentrar em seus ouvidos ao invés de seus pensamentos. estava distraída e ao mesmo tempo pensativa enquanto tocava o berimbau. Ela, abruptamente, parou de tocar e olhou para que estava sentado no chão de pernas cruzadas e a olhando, mordendo o canto da boca. Talvez estivesse certa. Talvez fosse gay e não iria admitir a ela. Talvez esse sentimento que estava crescendo dentro dela não fosse valer para nada, já que as ações e palavras do homem não a deixavam crente de que ele gostava de mulheres.
percebeu que estava pensativa ao parar de tocar. Ele pensara em perguntar sobre o que ela estava pensando, mas preferiu não se manifestar, com medo de iniciar mais um ataque de raiva na garota.
"Eu não me tornei um bailarino, assim, em dois anos." Descruzou as pernas, levantou-se e sentou-se na cama. "Eu sempre dancei ballet." olhou-o confusa. "É. Desde os treze anos, quando eu me juntei a ... Todos os outros jogadores faziam algum outro esporte como baseball, tênis, boxing, como hobbie, para distraírem-se dos campos. Eu e optamos pelo ballet. Nunca descobrimos o porquê disso, mas chamou a nossa atenção. Faço ballet desde então." Ele parou, respirou e pensou um pouco antes de falar de novo. "Quando parei de jogar futebol, vi que precisava de algo para preencher meu tempo livre. Então uni o útil ao agradável... Vim para o Brasil, já que é o único país que tem uma filial da Bolshoi. Sem contar no clima daqui, que é quente. Eu acho que nunca conseguiria viver na Rússia, como vai fazer." Ao tocar no nome de , percebeu que ficara triste.
"Ah... Entendi." A garota disse como se entendesse o garoto. "Você gosta mesmo do , não gosta?"
"Gosto, ." Os olhos dele encheram-se de lágrimas. "Ele é meu melhor amigo. E ele vai embora."
"Não fica assim, ." levantou-se e colocou a mão no ombro de . "Você sempre pode visitá-lo e vice-versa."
"Eu sei... Mas ainda assim." Ele abaixou a cabeça colocando as mãos no rosto. "Ele vai embora."
não sabia o que falar. A única coisa que vinha na cabeça dela era que era gay. Talvez fosse a hora de fazer uma piada para tentar fazer o homem melhorar e se animar.
"Tem certeza que você não é gay?" Ela segurou a cabeça de com as duas mãos e levantou o rosto dele até os seus olhos se encontrarem.
"Ainda não tá na hora de fazer piada, ." Ele disse abaixando a cabeça de novo.
"Droga." Remorso bateu no coração dela. "Desculpa."
"Tudo bem." Ele ainda continuava com a cabeça baixa. Ao sentir que sentara-se ao seu lado, levantou a cabeça e olhou nos olhos dela. "Por que tudo tem que ser assim?"
"Vida, . Vida." Ela apoiou a cabeça no ombro de , mas logo que fez isso, puxou a cabeça dela pelo queixo e a olhou nos olhos de novo.
"Obrigada por tudo, ." Ele dizia ainda segurando seu queixo.
"Pelo quê? Eu não fiz nada... Só falo coisas erradas nas horas erradas e..." Ela começava a ficar com raiva. "Eu sou uma idiota, !"
"Não é não." Ele virou-se na cama para ficar de frente para ela. "Você é ótima."
"Não sou nem um pouco ótima. Não chego nem perto de ser ótima!" Levantou-se e começou a ir em direção à porta, mas a segurou pelo braço.
"Para. Senta aqui e fica calma." Ela virou-se para ver o rosto dele enquanto ele dizia essas palavras. "Calma. Não é nada de mais... Sério."
"Me desculpa?" Sentou-se de novo, mas agora à frente dele.
"Eu não vou te desculpar por algo que você não fez." ia começar a falar algo, mas ele colocou a mão na boca da garota, não deixando. "Sossega." Quando disse isso, se aproximou rápido da garota e deu um selinho em sua boca. O rosto dela parecia confuso e surpreso. "Desculp--"
não conseguiu terminar a frase. avançara em cima dele, o jogando contra a cama, praticamente inteira em cima dele. O celular de começou a tocar e se assustou, afastando-se de , já que o toque que estava tocando era Floretina, do Tiririca. A garota começou a dar risada e sentou-se na cama, esperando atender. "Pode atender."
"É o Mikhail." Ele disse sem nem chegar perto do celular. ficou confusa e percebera. "É o toque dele. Uma vez o flagrei ouvindo um CD do Tiririca lá na academia, no vestiário." Ele lembrava da situação, rindo. "Ele pensou que estava sozinho, porque já era tarde. O negócio é que ele não estava... Ele não sabe que eu sei, porque ele não me viu. Mas, na semana seguinte, eu enviei um CD do Tiririca de presente para ele, anonimamente, durante as aulas. Ele ficou assustado e com vergonha e todo mundo descobriu..." começava a rir junto de .
"Como você é idiota." Disse e viu a expressão triste no rosto de . "No bom sentido, bobo!"
"Não vou atender. Ele deve estar querendo encher o saco... Como sempre..."
"Por mim, tudo bem!" levantou-se e foi em direção à e deu um beijo nele.
"Por mim, também."

(DIA OITO)



entrou no vestiário e foi direto para o chuveiro. O ensaio tinha sido mais longo que o normal, já que faltavam poucos dias para o festival. Durante o banho, tudo o que conseguia pensar era sobre a noite anterior que passara com . Ele até dormira na casa da garota. Não que tivesse acontecido nada de mais além de beijos, mas tudo apontava que ia acontecer e, talvez, em breve. Ela saiu do banho ainda pensando em toda a situação, se trocou, pegou seus pertences e foi em direção à saída da academia.
Ao sair, se deparou com uma cena engraçada. estava parado a uns dez carros do carro de e estava beijando alguém. Um homem. era tão grande que não era nem possível ver quem estava à sua frente. A garota tentou ver quem era mudando sua posição, mas não conseguiu. Entrou em seu carro e decidiu que passaria em frente ao casal e buzinaria, só para assustar .
continuaria com seu plano. Ligou seu carro, deu marcha ré e começou a ir em direção ao casal. O homem que acompanhava , ao ouvir que um carro se aproximava, logo se afastou. No momento em que isso aconteceu, viu quem era o homem acompanhando . Era . O coração de começou a bater mais rápido como se quisesse pular para fora de seu corpo. Sua mente divagou para os lugares onde nunca pensou que poderia chegar. O olhar de para a garota enquanto esta passava de carro em sua frente era de pura agonia e arrependimento, mas não percebera isso. Tudo o que vira foi um casal de amigos que estava com seu destino traçado. Ela não podia fazer nada. avisara que era gay, mas não ouviu. Ela não poderia mudar nada. Tudo o que ela viu nos dois foi dois amigos que gostavam um do outro.
sentia borboletas em seu estômago, mas não eram borboletas boas. Eram más. Borboletas que estavam famintas para se alimentar de . A ansiedade e o nervosismo afetaram a garota. O tempo parecia não passar. Ela ainda olhava para os dois, que agora estavam separados dois metros um do outro. olhava para e para sem saber o que fazer. começou a andar em direção ao carro, mas tudo o que ela fez foi acelerar.
"!" Ela ouviu gritar. "Para! PARA O CARRO, !" Quando olhou no retrovisor, estava correndo atrás do carro. Ela continuou acelerando até chegar na portaria do estacionamento. Infelizmente, as borboletas no estômago da garota não a ajudaram. Parou o carro e desceu. percebeu que o carro estava parado e continuou a correr, mas estava longe. ajoelhou-se na grama que ficava ao lado da portaria e vomitou. Isso sempre acontecia quando ela ficava nervosa.
"!" corria e gritava ao mesmo tempo, parecendo sem fôlego. ", VOCÊ TÁ BEM?" Ela ouviu o homem perguntar, como se ela pudesse estar bem no momento. Ela limpou sua boca na manga da blusa, olhou para o lado e viu a menos de 20 metros do carro. Ela levantou-se e olhou para ele.
"Eu estou bem." Ela disse suficientemente alto para que ele ouvisse e em seguida entrou no carro, dando partida e seguindo seu rumo. ficara parado, apenas vendo os vestígios que o carro tinha deixado no asfalto. apareceu ao seu lado, também sem fôlego.
"Ela foi embora?" perguntou apoiando-se em seus joelhos, cansado devido à corrida. Até bailarinos cansam.
"Foi." O outro sentou-se no asfalto.
"Desculpa." sentou-se ao lado de , que olhou para ele e abaixou a cabeça.
"Não faz mal..." O choro de enchia a noite como se tivesse perdido tudo o que tinha na vida.

(DIA NOVE)
(Coloque essa música para carregar e coloque-a para tocar quando eu avisar!)


não comparecera ao ensaio e nem avisara que não iria. Ele tentou ligar para a garota, sem sucesso: o celular estava desligado e seu telefone fixo não respondia. deu a ele a ideia de aparecer à porta da casa dela sem avisar, mas não tinha a coragem de fazer aquilo.
"Sabe... Se você não falar com ela e disser tudo o que você sente e sobre tudo o que aconteceu, ela não vai saber e tudo vai ficar por isso, ." andava de um lado para o outro no vestiário. "Você tem que ir lá."
"Eu sei." O outro levantou-se do banco e foi em direção aos chuveiros. "Eu vou tentar conversar com ela. Nem que eu tenha que fazer uma serenata na janela dela. Não sei como, porque ela mora em apartamento... Mas eu dou um jeito!"
"Ah, não! Serenata é brega." A careta de mostrou o desgosto que sentiu por . "Tente presenteá-la com algo que signifique algo. Talvez o começo da conversa até seja melhor."
"É. Você tem razão." abriu um dos chuveiros e entrou embaixo. "Vou fazer isso." começou a tomar seu banho quando surgiu de novo.
"Esqueci de te perguntar sobre isso, ..." disse alto para que ouvisse. "E seu déficit de atenção? Não ouvi mais a palavra futebol, nos últimos dias."
"Não sei... Acho que melhorei." não pensara nisso. Será que estar com o fazia ser mais atencioso e menos avoado? Talvez fosse um milagre.

estava deitada em sua cama, sem vontade de fazer nada. , , Mikhail e até a ligaram, mas ela apenas atendeu Mikhail e . Disse que estava doente e que teria que ficar deitada o dia todo, senão não teria condições de dançar no sábado. Tudo o que não queria no momento era ver o rosto de . Ela não estava brava ou irritada com o homem, ela apenas estava magoada e chateada. Se ele era gay o tempo todo, por que brincara com ela daquele jeito? Não era por causa de seu problema de irritação que ela não teria sentimentos.
O último namorado de a traíra com sua melhor amiga, que era uma bailarina que dançava com , em sua época de ballet. Por isso parara de dançar ballet. Quase ninguém sabia dessa história: preferia não comentar por motivos óbvios. Ela não conseguia suportar pessoas brincando com seus sentimentos e pisando neles. Tudo o que ela queria é que ela encontrasse uma pessoa que a amasse e que não a magoasse frequentemente - frequentemente, sim, porque ela sabia que um relacionamento sem mágoas não era relacionamento.
A campainha do apartamento de tocava, mas a garota não sentia vontade de se levantar. Após dois minutos, a campainha tocou de novo e de novo e de novo e de novo. ficou cansada da campainha e percebeu que a pessoa que estava na porta não desistiria. Ela saiu de seu quarto e, antes de ir até a porta, viu-se no espelho: seu cabelo estava totalmente desarrumado e seus olhos acompanhados por olheiras. Como ela não tinha vontade para muita coisa, não fez nada, só foi em direção à porta. Olhando pelo olho mágico, viu parado com um buquê de flores, uma caixa escrita 'Dukin' Donuts' e vestindo uma saia de tule rosa. Ela não entendeu a saia de tule rosa, mas percebeu que o homem não largava seus donuts nem em momentos tensos.
", eu to vendo a sombra embaixo da porta." Ele disse alto para que ela ouvisse. Ela não sentia vontade de abrir a porta. Sabia que se olhasse diretamente nos olhos dele, ela choraria. Ela estava magoada e isso a deixava vulnerável. Talvez mais vulnerável que outras pessoas, já que ela tinha uma pose de brava e sem paciência. Quando percebeu que ela não abriria a porta, começou a falar pelo lado de fora. "Eu sei que eu te magoei. Eu sei. Você realmente não precisa abrir a porta se não quiser, mas eu só quero que você saiba que nada do que eu fiz foi com a intenção de te magoar. Pode até parecer estranho e pode também parecer uma desculpa, mas, o que eu fiz, foi para confirmar que meus sentimentos por você eram verdadeiros. achava que tinha sentimentos por mim e eu achava que tinha por ele, então resolvemos ver o que daria, porque eu não queria começar nada com você sendo que eu sentia algo por uma outra pessoa - um homem. Eu gosto de você. E acho que podemos ter um futuro." Ele parou de falar e tudo ficou um silêncio. encostou sua cabeça na porta, sem saber o que fazer. "Me perdoa." Ouviu-se um choro do lado de fora da porta. não se segurou e começou a chorar junto. Ela sabia que o que ele dizia era verdade, mas não sabia o que fazer. Ela queria abrir a porta, o abraçar, o beijar e ficar assim, mas talvez não estivesse emocionalmente preparada para isso. "?" Quando ela ouviu seu nome de novo e ouviu que ele ainda estava chorando, desencostou-se da porta e a abriu. estava parado, encostado na parede olhando para a porta e já sem a saia de tule.
"Não fala nada." Ele a obedeceu. Ela o beijou, prensando-o contra a parede. Os corpos encaixaram-se como se fossem feitos um para o outro. Ela o puxou para dentro do apartamento, ainda não se separando dele. Quando entraram no apartamento, ele jogou os presentes em cima do sofá e ela o puxava para seu quarto. Ele não estava entendendo muita coisa, mas a seguiu. desgrudou sua boca da de e o olhou nos olhos.
(COLOQUE A MÚSICA PARA TOCAR!) "Eu te desculpo." Beijou-o logo em seguida, de novo, ainda indo em direção ao quarto. O sorriso nos lábios dele fez com que ela sorrisse junto.
sentiu a parte de trás de seus joelhos tocarem a poltrona que estava em frente à cama de . Sentou-se, puxando ela por cima de si. As mãos dele passeavam por todo o corpo da garota, que estava vestida com um pijama curto. As mãos dela viajam entre os cabelos de e seu peitoral. As quatro mãos em ação estavam inquietas, sem lugar para serem paradas.
Ele a segurou pelas pernas e levantou-se, indo em direção à cama que estava toda desarrumada pelo fato de que passara seu dia na mesma. a jogou na cama, colocando o joelho entre as pernas da garota e o outro ao seu lado, voltando a beijá-la. Enquanto beijavam-se, começou a tirar a jaqueta que usava, este terminando de tirá-la e jogando em algum lugar do quarto. Logo após ter jogado a jaqueta no chão, separou-se de e tirou sua camiseta, mostrando seu peitoral e abdômen definidos. A garota o olhava com desejo, depois olhou para o cinto dele. As mãos de não tardaram a colocar as mãos no cinto e tirá-lo, puxando a calça dele para baixo. Ele a empurrou para trás, ainda não tirando sua calça, passando a mão pela barriga de , indo para suas costas e tirando sua mini blusa. Ela não usava sutiã. olhou para o corpo da garota que, tímida, tentou beijá-lo.
"Minha vontade é ficar olhando seu corpo pro resto da minha vida." As bochechas de ficaram vermelhas ao ouvir o que dissera. Uma das mãos da garota passava pela costura da cueca de , provocando-o. Ele a olhava com um olhar provocativo antes de abaixar-se para beijar o pescoço dela. Seus beijos começaram logo abaixo da orelha, passando para as clavículas, indo para o espaço entre os seios dela e depois para seus mamilos. Quando chegou nesse espaço, sugou delicadamente a região, fazendo com que a garota gemesse baixo, fazendo-o ficar cada vez mais excitado. Seus beijos passaram para a barriga, logo chegando no umbigo e à borda do shorts dela. Começou a puxar o shorts para baixo, mostrando que a garota também não usava calcinha. Ao descobrir isso, olhou para ela com uma expressão surpresa e apenas deu de ombros. Após jogar os shorts da garota no chão, seus beijos voltaram-se para a parte de dentro da coxa dela, passando para sua virilha e para sua parte íntima. deixou sua língua divagar por ali, fazendo fazer barulhos estranhos e segurar-se nos lençóis da cama. , achando que não era suficiente, ajudou a menina a chegar ao seu clímax penetrando nela dois dedos de uma vez só, investindo sua mão ali a fazendo gritar. As mão de doíam pela força que colocara nelas quando segurou-se no lençol. foi em direção à boca da garota, beijando-a com desejo, logo depois sendo empurrado para o lado por , que agora estava em cima dele. acariciava a ereção de por cima de sua cueca, que já era incômoda a ele. desceu da cama, puxou a calça e a cueca de , jogando-as por cima de sua cabeça. Tudo o que vinha na cabeça de era retribuir o que acabara de fazer nela. Quando olhou para a rigidez dele, ficou surpresa por ver a situação que estava. A garota colocou seus lábios ao redor da glande, mordendo-a levemente. grunhiu pedindo por mais. envolveu o máximo que conseguiu do membro de , que colocou uma de suas mãos no cabelo dela, mas tirou a mão dele de lá, provocando-o em sua própria velocidade. Ela lambia e envolvia o pênis de em movimentos lentos, fazendo com que ele ficasse cada vez mais ansioso por algo mais rápido. Quando ela percebeu pelos gritos de que ele não agüentava mais, fez ele se levantar e o levou ao banheiro. Chegando lá, abriu o chuveiro, pegou uma camisinha na primeira gaveta do armário, colocou no membro mais do que rígido do homem e o empurrou para baixo da água, entrando junto. virou-se de costas e inclinou-se, deixando que roçasse sua ereção nela, deixando-a mais molhada do que a água já deixara. Penetrou-a em uma investida rápida e forte, fazendo-a gemer. Continuou investindo intercalando velocidades rápidas e lentas, dando à garota e a si mesmo o maior prazer que poderiam ter. Após alguns minutos sentindo a água bater em suas costas, virou-se para , colocando uma de suas pernas ao redor da cintura dele, fazendo-o penetrá-la de novo. Dessa vez, foram até o final, chegando ao orgasmo juntos. Beijaram-se cansados embaixo do chuveiro, ficando ali, curtindo a presença um do outro.

"Posso confessar uma coisa?" estava com vergonha por falar isso, mas tinha que contar. fez um barulho estranho atrás dela, como se dissesse que ela podia falar. "Uns três anos atrás, quando eu tinha dezesseis anos, eu escrevia fanfics com você."
deu risada. "Fanfics? Tipo aquelas histórias fictícias que os fãs escrevem?" Ele perguntou curioso, apertando seu abraço ao redor da barriga de .
"É..." Ela estava tímida.
"Então você era minha fã?" Apoiou-se em seu cotovelo para poder olhar para o rosto da garota.
"Eu... Eu..." Ela não tinha pensado nisso ao contar para . "Eu era." Por fim, confessou.
"Não acredito!" Ele ria descaradamente, deixando-a cada vez com mais vergonha. "É sério?"
"Pergunta pra minha beta-reader!" Ela percebeu que não tinha dito quem a beta-reader era, então logo corrigiu. "Pra !"
"Beta-reader?" estava confuso pelo termo apresentado a ele. "A ? O que é beta-reader?"
"É a pessoa que corrige os erros gramaticais de uma fanfic e ajuda a autora com as histórias... A não gostava muito de futebol, mas me ajudava mesmo assim." a olhou sorrindo.
"Que fofa. Você era minha fã." Deu um beijo na bochecha dela, fazendo-a ficar mais vermelha ainda.
"Não fique se gabando. Eu tinha dezesseis anos." tentou sair como vencedora da história, mas não conseguiu.
"Ainda assim." disse passando a mão pelos cabelos de . "Você era minha fã."

(DIA DEZ)

e chegaram atrasados no ensaio geral, já que a noite tinha sido um pouco cansativa e eles dormiram mais. Todos perceberam que os dois chegaram juntos e os burburinhos começaram, mas nenhum dos dois se importaram. Se trocaram, foram para a sala ensaiar.
Os nervos de todos estavam à flor da pele, mas a calmaria que rondava e não deixava nada os afetar. Os dois dançavam em sintonia e Mikhail estava maravilhado pelas cenas que via. Mikhail também ficou pasmo pelo fato de não ter que dar tantas broncas em , pois ele estava mais focado em seu trabalho.
Enquanto os dois dançavam juntos, apenas sorriam. lembrou de seu déficit de atenção e ficou olhando para , que logo percebeu o olhar em cima dela.
"O que foi?" A garota parou, olhando para ele. "Tem algo de errado?"
"Não..." O mais alto disse calmo. "Eu tenho quase certeza que você curou meu déficit de atenção." Os olhos de brilhavam.
"Ah, é?" ficara surpresa, mas sabia que isso não era possível. Para animar o garoto, ela entrou na brincadeira. "Eu tenho o poder!"
"Pode até ser... Mas eu acho que é por causa da adrenalina que eu sinto por estar perto de uma pessoa que pode explodir a qualquer momento!" Ele dissera brincando e acabou levando um tapa na cabeça. "Tá vendo?"
"Não tenho culpa, foi você quem começou." sorria feliz ao lado de . Tudo ficaria bem.

(DIA DO CAPOEIRISTA)


estava sentada em uma cadeira no camarim do teatro, esperando para que fosse chamada para o começo da dança. Ela estava rezando, pedindo para que tudo corresse bem durante a dança e que todos se saíssem bem, principalmente , que era sua primeira apresentação como protagonista. Quando terminou seu 'ritual', ouviu batidas na porta.
"Entre!" Ela gritou olhando para a porta, esperando que fosse , mas não era. Era . "Posso entrar?" Ele piscava freneticamente, nervoso.
"Claro, ." Os sons dos passos de e quebravam o silêncio que criava tensão na sala.
"Eu... Eu..." O nervosismo era palpável na voz de . "Eu queria te pedir desculpas e desejar um feliz dia do capoeirista!"
ficara surpresa pela atitude de , já que tudo já estava bem e ela nunca estive brava com ele. Nas mãos de estavam um buquê de flores e um ursinho de pelúcia que foram entregues a ela imediatamente após o pedido de desculpas.
"Você não precisava me pedir desculpas, . E obrigada" olhava para o outro que estava nervoso e contraído, fazendo-o até parecer menor.
"Claro que eu precisava... Foi tudo culpa minha!" Ele disse desafinando e deu uma risada. "E foi mesmo! Eu pensei que tinha algum sentimento por , tirando o de amizade, claro... Mas eu não tinha. E eu nunca pensei que poderia causar problemas com amizades por causa disso. Eu poderia ter perdido sua amizade, poderia ter perdido a amizade de . Tudo bem que depois ele também me agradeceu por ter feito aquilo, porque assim ele teve certeza de que ele não é gay." Ele parou após sua avalanche de palavras e pensou um pouco. "Mas eu acho que não era pra eu ter te dito isso." E riu sem graça.
"Prometo não falar nada." Ela sorria para ele um pouco nervosa, também, mas por causa do espetáculo e não por causa da situação. "Eu e estamos bem, eu e você estamos bem e você e ele estão bem. Não tem nada para se preocupar ou se desculpar, ."
"Obrigado, ." Agradeceu e ficou parado, sem saber o que fazer. aproximou-se e o abraçou. Alguns segundos depois, separou-se dele e sorriu. Ouviram-se mais batidas na porta: dessa vez era .
"Posso entrar?" Ele disse já dentro do camarim.
"Agora que você já entrou, de que adianta perguntar, ?" olhou reprovando-o.
"Desculpa, poxa." Ele abaixara a cabeça, se fazendo de triste.
estava perdido entre os dois, já que o clima de romance estava no ar.
"Sabe... Eu tenho uma notícia boa!" gritou quando lembrou-se do que precisava contar quando os dois estivessem juntos.
"Você não vai pra Rússia!" gritou junto, não sabendo do que se tratava a notícia, mas querendo que fosse isso.
"EXATAMENTE!" começou a pular e gritar, fazendo com que e fizessem o mesmo. Todos no momento pensavam que talvez não houvesse momento melhor do que esse. "Mikhail me ofereceu um personagem rm uma outra peça que vão começar a ensaiar aqui e eu aceitei! Rússia é muito longe!" Ele dizia animado, feliz por estar ficando. "Eu acho que ele me ofereceu isso porque ele tem uma queda por mim, mas ainda assim..."
"Não acredito!" gritava também, animada. "Estou tão feliz por você! Você ia deixar saudades!"
começou a chorar e abraçou os dois, chorando por entre os ombros. "Eu amo vocês." E ouviram-se mais batidas na porta.
", , dois minutos." Um dos organizadores do festival disse, da porta.
olhou para os dois, emocionado. "Vocês estão lindos."
"Obrigado, ." o abraçou. "Estou muito feliz por você ficar aqui."
"Eu também." Disse indo em direção à porta. "Vocês deveriam ir, senão vão ficar atrasados."
"Sim, vamos." foi em direção à porta, também.
"Vamos."

Durante a apresentação, e estavam indo bem. Por volta da metade da peça, uma mulher que estava na quinta fileira do teatro abriu uma caixinha que chamou a atenção de . Ele fazia seus movimentos, mas estava prestando atenção na caixinha na mão da mulher. , quando percebeu o olhar do outro, olhou para a platéia e viu a caixa cheia de donuts.
", futebol." Apertou a mão de , que olhou para ela, avoado.
"Mas são donuts." Ele olhava para a caixa como se quisesse pular em cima da mulher.
"Sério, não sei qual é a sua com donuts." estava com medo que ele fizesse algo. "Eu te compro uma caixa de donuts quando a apresentação acabar. Agora fica quieto e faz os movimentos."
concordou e concentrou-se olhando para ela e percebendo que a mulher de sua vida estava ali na sua frente. Seu melhor amigo ficaria perto dele, ele tinha o papel principal em uma apresentação de ballet e tinha uma namorada. Com ou sem déficit de atenção, ele sabia que ela estaria ao seu lado e iria sempre comprar donuts com e para ele. não conseguia pensar em palavras para descrever a felicidade que ela sentia. O destino os juntou no lugar menos provável possível e ainda assim tudo deu certo. E, dali para frente, tudo só tendia a melhorar. A felicidade estava do lado deles e isso era o suficiente.
FIM



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