- Machista, grosso, pervertido! – eu entrei na minha sala, num ataque de nervos, sendo seguida por e logo atrás dela, para a minha tristeza, também.
- Psicótica, controladora e neurótica – ele passou por e parou na frente da minha mesa, batendo as duas mãos nela e ficando inclinado – E para piorar, sexualmente frustrada.
Eu lancei um olhar mortífero para ele e me virei para minha amiga e também secretária, que escondia os risos por causa do que tinha dito.
- , por favor, pode nos deixar a sós? – eu pedi gentilmente, porém segurando minha raiva para descontar no idiota do comentarista à minha frente, que olhava sem disfarçar, o meu decote.
- Mas, ... Eu tenho que te entregar os relatórios da audiência do... – começou a falar e a interrompeu.
- Querida , deixa esses papéis aí em cima e me deixe sozinho com a . Ela precisa de privacidade com o gostosão aqui. – ele sorriu de canto e , dando-se por vencida, saiu do meu escritório, batendo a porta.
- O que te faz pensar que pode expulsar a da minha sala e a tratar como se fosse o chefe dela? - frisei bem os pronomes possessivos – Eu sou a chefe aqui! SUA E DELA!
- Me desculpe, produtora. Mas foi você que pediu para ela sair, eu só fiz apressá-la. – ele disse irônico.
- Bom, pois saiba que você não tem esse direito. Muito menos de me chamar de psicótica! – eu quase gritei, mas me controlei, pois estava em local de trabalho.
- E por que a minha chefa controladora e sistemática não me demite? – ele deu a volta na minha mesa, parando na minha frente, com o peito estufado e com uns 20 centímetros de distância de mim, o que me trouxe um pouco de invasão. Ele tinha me pego de surpresa com a pergunta.
- Porque, porque, eu... – eu procurei o motivo para não demitir aquele brutamonte. Mas não encontrei.
- Ah, espera! – ele levantou o dedo indicador e botou numa das têmporas dele – Deixe-me pensar. Porque eu sou útil e dou audiência para essa emissora.
Bufei com a petulância dele e a falta de modéstia de . Ele pegou os papéis que tinha deixado lá para eu verificar e leu rapidamente.
- Olha só, . Aqui diz que o programa subiu 17 pontos de audiência depois que comecei a fazer o quadro. – ele apontou no relatório e riu sarcástico.
- Deve ser porque a população da cidade gosta de comentários tolos e mesquinhos sobre sexo. A cidade inteira gosta de ouvir suas frases machistas. Porque é disso que é feito o quadro “The Ugly Truth”, !
- Não são frases machistas e nem comentários tolos. É a pura verdade. A verdade que as mulheres não gostam de ouvir. – ele falou, dessa vez, sério. – Que a minha produtora não gosta de ouvir.
- Até parece... Eu não levo pro pessoal as besteiras que você diz, .
- E por que está discutindo comigo?
- Porque eu produzo um programa jornalístico notório e de grande difusão e não posso permitir que você fale o que bem entender na televisão! – eu falei mais alto, apontando o dedo indicador para ele – Será que você pode seguir o roteiro uma vez na vida?
- O roteiro que você faz? Poupe-me.
- Sim, o roteiro que eu faço. Algum problema com ele?
- Todos! Você não gosta de colocar putaria neles. – a vez dele de apontar o dedo – Nem na sua vida. – riu novamente e eu só piorei a minha cara.
- Quer saber? Eu vou embora, preciso almoçar e você está tomando meu precioso tempo.
- Está vendo? É só eu tocar no assunto “sua vida sexual” que você foge. – ele saiu do meu caminho, quando eu empurrei fortemente seu braço para me dar passagem.
- Será porque você não tem nada a ver com isso? – eu olhei para ele, juntando as sobrancelhas e fitando-o com desprezo.
- Não tenho. – ele falou, deu uma pausa e falou mais baixo: - Ainda.
Eu coloquei o dedo indicador em direção à minha boca, fazendo cara e um gesto de nojo para o homem em minha sala. Ele gargalhou da minha expressão. Peguei minha bolsa rapidamente e sai do meu escritório, batendo os saltos fortemente no chão da emissora. Parei em frente à mesa de .
- , você não vai almoçar comigo hoje? – olhei a minha amiga sentada na sua cadeira, toda atrapalhada com vários papéis em cima da mesa.
- Não dá, . Eu trouxe um lanche para a emissora hoje, porque eu preciso adiantar as entrevistas do próximo homem do tempo, já que o nosso foi tomado pela concorrência.
- Que pena... Então, eu já vou indo. – falei com minha amiga e sai em direção ao lobby do elevador.
- , eu te faço companhia no almoço. – veio atrás de mim, fechando a porta da minha sala e andando devagar.
- Só me faltava essa. – bufei alto e apertei o botão, chamando o elevador.
- Pare de mostrar tanto desprezo. Do jeito que eu conheço as mulheres, isso é sinal de desejo reprimido.
- Sabia que eu odeio esse seu jeito de botar sexo em tudo que você fala?
- Desculpe, querida produtora, a vida me fez assim. É algo que eu não posso evitar. – ele piscou para mim e o elevador chegou e nós dois entramos juntos.
Longos 25 andares para baixo.
xXxXx
Cantadas eróticas, risos sarcásticos e sacanagem. Era tudo o que eu esperava ouvir naquele elevador, que demorou mais de 4 minutos até chegar ao térreo. Porém, não foi o que falou.
Até última instância eu estava calada. Só que o comentarista começou a puxar assuntos comigo e ainda bem que eles não eram ousados. Ele até que me surpreendeu nesses poucos minutos de ‘pureza’. Perguntou sobre coisas do trabalho, sobre as brigas dos dois âncoras (que eram marido e mulher), sobre a escolha dos novos meteorologistas e afins. Se fosse assim sempre, a convivência seria tão mais fácil.
Não sei o que deu em mim, mas depois de brigar muito, eu aceitei ir no carro do até o restaurante japonês que ele tinha me indicado.
Eu passei o caminho inteiro tentando ligar para o Ethan, o meu futuro ex-ficante. Ele estava sumido por quatro dias, depois que tivemos uma briga. apenas dirigia e me olhava de vez em quando. Não sei bem se eram para minhas pernas ou para o celular em minhas mãos.
Chegando ao restaurante, caminhei na frente, escolhendo peculiarmente a melhor mesa, num local menos barulhento e de preferência com cadeiras acolchoadas. Sentei-me e fiquei olhando para que me encarava perplexo.
- Você escolhe seus relacionamentos assim como escolhe a mesa que vai sentar? – eu olhei confusa para ele, ao mesmo tempo em que abri o cardápio que o garçom tinha me dado.
- Por quê? – perguntei, olhando para o homem que se sentava à minha frente.
- Bom, eu percebi a sua agonia quando estava no carro, ligando inúmeras vezes para alguém. Logo eu supus que era um namorado seu.
- Não, não... – balancei a cabeça – Não é namorado. A gente sai de vez em quando. Mas afinal, o que isso tem a ver com a mesa?
- Essas saídas têm sexo envolvido?
- Começou...
- Não, falo sério. Eu estou fazendo uma análise da minha produtora.
- Falou certo. Sua chefe e produtora. Logo não devo satisfações da minha vida a meu subordinado. – pisquei e terminei de pedir o almoço ao garçom.
- Sua grosseria não me atinge. Adoro mulheres por cima. – foi a vez dele piscar e sorrir.
- Tá, ... Continue a sua análise. – eu cortei a piadinha - Eu não transei com ele.
- Como assim? Você tem o que? 16 anos? – ele formou um O com a boca, surpreso. – Agora eu sei por que ele não te atende.
- Ele não me atende por que nós brigamos.
- E eu aposto contigo que o motivo da briga foi o fato de você não ter transado com ele! – falou mais alto, chamando atenção das pessoas da mesa ao lado. Eu lancei um olhar 43 e ele começou a baixar o tom da voz.
- O Ethan é um cavalheiro, nunca que iria deixar de falar comigo por uma coisa dessas.
- Em que mundo você vive, ? – arqueou suas sobrancelhas.
- No mundo que os homens não pensam só nisso. Fora do seu mundo, querido ...
- Qual o motivo da briga? Fale logo. – ele ignorou minha ironia, me interrompendo.
- Bom... Ele queria me levar para casa dele no nosso primeiro encontro e eu não fui, porque tinha pendências da emissora para resolver de madrugada. No segundo encontro, ele me levou, sem pedir a minha opinião para um motel! Como ele pode? E ainda era um motelzinho fuleiro de beira de rodovia. Eu não engoli aquilo.
- Você queria um cinco estrelas, vista para o mar, TV de 50 polegadas com canal erótico trancado e uma suíte magnífica com uma banheira cheia de pétalas de rosas? – falou irônico.
- Primeiramente, eu nem queria estar num motel.
- TCHARAN! – ele falou alto e abriu as mãos, deduzindo algo - Foi por isso que ele pulou fora.
- Como você pode ter tanta certeza dentro de si?
- Eu sei do que os homens gostam, . E só para te abrir os olhos, esse Ethan não é nenhum cavalheiro.
- Você se acha o sabe-tudo.
- Porque eu sei tudo. É capaz dele te ligar apenas para dizer que não te quer mais.
Depois disso, eu balancei a cabeça negativamente e nosso pedido chegou. Eu comecei a comer devagar, enquanto comia compulsivamente o sushi.
- Meu Deus, eu sabia que você era grosso, mas não mal-educado.
- Minha forma de comer te incomoda? – ele falou com a boca cheia. Mas eu não respondi, porque meu celular piscou, recebendo uma mensagem. Abri e comecei a ler, formando uma face de perplexidade. me olhou de canto, sem parar de comer.
“Desculpa não te atender esses últimos dias. Mas eu te mando essa mensagem para dizer que eu voltei com a minha antiga namorada. Não vamos mais sair, . Abraços.”
- Abraços? – eu falei sem querer – Mas que diabos... Depois de tantos beijos carinhosos, ele me manda abraços?
- O que foi? Ele te deu um pé na bunda? – o comentarista riu da minha cara e depois, voltou-se para o seu prato.
- Voltou com a antiga namorada.
- Provavelmente ela não existe, é só uma desculpa.
- Por que eu nunca fico com os homens que julgo bons para mim? – pensei alto e terminei com o almoço, bebendo o refrigerante num gole só.
- Esse é o problema. Pare de procurar o príncipe. Eles não são reais e você só vai ter decepções. Além de ficar solteira para sempre.
- Você é tão intransigente e petulante. – eu desdenhei, mas continuei falando – Mas em contrapartida, entende tudo sobre o que os homens querem.
- As duas primeiras definições não me agradam.
- Não era a minha intenção agradar, . – eu olhei diretamente na enorme imensidão dos olhos dele. Desde quando eu percebia a cor dos olhos do comentarista do meu programa? – Voltando, já que você me interrompeu... Eu não acho tão ruim te ter por perto.
- Eu sempre soube que você tinha uma queda por mim, .
- Não se trata disso! O que eu quero dizer é que você pode me ajudar a encontrar o homem certo para mim. – apontei para ele como se tivesse tido a ideia mais clara da minha existência.
- Se você mudar um pouco da sua personalidade controladora e me der um belíssimo aumento, eu não me oponho. – ele sorriu e piscou ao mesmo tempo para mim.
- O aumento está aceito, já que será uma relação profissional.
- E a sua ânsia por poder e controle? Desse jeito, nenhum homem vai agüentar ficar um mês na sua presença.
- O que quer dizer?
- Qual o problema de chegar ao restaurante e sentar na primeira mesa que estiver na sua frente?
- Bom, ela pode ser pouco iluminada, a pessoa ao lado pode ser fumante, a cadeira nada confortável e...
- Ok, ok, ok. Pode parar. – me interrompeu – Entende a sua neurose? Homens são simples, . E por serem assim, se incomodam com alguém que torna tudo complexo.
- Então você está me dizendo para mudar o meu jeito de ser só para agradar alguém? – peguei a minha bolsa e levantei, indo em direção ao caixa, pagar a conta. – Isso é ridículo.
- Vejo que as aulas serão difíceis contigo. – falou, vindo atrás de mim com a chave do seu carro girando nos dedos.
XXxXx
Cheguei finalmente em meu condomínio depois de encarar um engarrafamento na tão temida hora do rush. Estava esgotada, louca por um banho e minha cama quente e macia. Porém, o elevador teimava a não chegar. Batia os pés rapidamente no chão e apertava o botão sem parar. Cansada de esperar, já que ele estava parado num andar só, segundo o leitor, resolvi ir de escadas. Agradeci mentalmente por morar no quarto andar.
Subindo os vãos da escada bem devagar e mexendo em algo no meu celular, nem percebi que um corpo musculoso e alto vinha descendo e alheia a toda a situação, me choquei contra o homem. E que homem! Tinha um cabelo preto e liso levemente bagunçado, usava roupas esportivas e tinha lindos olhos verdes. Quando eu esbarrei nele, derrubei minha pasta no chão e ele se abaixou para pegar e quando olhou de novo para mim, abriu um sorriso que me fez derreter.
- Me desculpe... – ele falou com muita gentileza.
- Sem problemas. A culpa foi minha – peguei minha pasta das mãos dele e sorri – Então, morador novo?
- Sim, do apartamento 401. – eu fui pega de surpresa, já que ele era o meu mais novo vizinho de porta. Fiquei intrigada e iria perguntar por que eu não sabia da nova presença no condomínio, já que eu fazia parte da comissão sindical. Mas no mesmo momento a voz irritante de veio na minha cabeça: “E a sua ânsia por poder e controle?”. Balancei a cabeça quase que imperceptível e exclui tais pensamentos.
- Que interessante. Será ótimo ter um vizinho tão gentil como você.
- Você é do 402? – afirmei com a cabeça e ele sorriu com a descoberta. – Digo o mesmo de você. Qual o seu nome?
- . E o seu?
- Philip Freeman. Vizinho e advogado, ao seu dispor. – e novamente, abriu o sorriso de dentes brancos e bem alinhados.
- Muito bom te conhecer, Philip. – eu apertei a mão dele que me cumprimentou – Bom, eu não quero atrapalhar sua malhação... A gente se vê.
- Boa noite, . – ele puxou minha mão e beijou-a carinhosamente. Depois disso, me olhou profundamente e desceu as escadas, voltando ao seu caminho.
Eu fiquei estagnada no mesmo local, só vendo o pedaço de homem que ia embora, mas deixava seu perfume ali. Comecei a pensar em milhares de coisas, mas terminei pensando: UM VIZINHO LINDO, CAVALHEIRO E RICO! O que mais eu queria? Bom, eu o queria... Mas eu sabia que não seria nada fácil, já que segundo , eu sou um pé no saco.
Que diabos... Por que eu estava levando o que falava em consideração?
xXxXx
A emissora estava tranquila quando eu cheguei, apenas com duas faxineiras terminando o trabalho delas e a recepcionista, já no seu posto, que sorriu desejando-me um bom dia. não tinha chegado ainda.
O sol tinha amanhecido mais bonito naquele dia e eu não sabia a causa. Talvez Philip tenha sido o motivo. Quando eu ia para o estacionamento tirar meu carro, eu o encontrei no elevador. Outro encontro casual no meio do prédio.
Philip estava novamente com roupas de academia. Estava um pouco suado, mas aquilo era conseqüência da sua vida atlética. Deve ser assim que ele mantém aquela forma maravilhosa. Conversamos um pouco, até chegar ao andar correto de cada um. Dessa vez, ele perguntou sobre o meu trabalho e porque eu tinha que chegar tão cedo. Contei o que eu fazia, qual programa produzia e ele me informou que adorava o jornal matinal da minha emissora. Mas que o novo quadro sobre sexo era um pouco ofensivo.
Rá! Foi aí que começamos a nos entender. Precisava jogar na cara do comentarista sexual que havia um homem no mundo que não concordava com ele!
Entrei na minha sala e sentei na minha cadeira giratória, apenas pensando no meu vizinho. Precisava conquistar aquele pedaço de deus. Mas como? Tentando controlar as calorias que ele irá comer na nossa futura saída a um restaurante italiano? Não ia rolar.
Foi nesse momento que eu comecei a realizar que eu precisava da ajuda do .
Céus, eu sou uma mulher de 26 anos! Por que depender de um homem bruto e sem noção?
Definitivamente, eu estava acabada.
Tirei o telefone do gancho e disquei o ramal da recepção. Tocou uma vez e a voz feminina atendeu. Sem nenhuma apresentação, eu falei de uma vez:
- Tina, assim que o Sr. chegar, fale a ele que venha imediatamente a meu escritório. Obrigada.
Eram exatamente 8 horas da manhã. Nesse horário, quase todos os trabalhadores haviam chegado à emissora. Eu já ouvia o murmúrio que vinha dos corredores e das salas de reuniões. Levantei-me para verificar com , se as entrevistas com os futuros jornalistas da previsão do tempo estavam devidamente agendadas. Precisava estudar muito bem os perfis de cada concorrente.
- Bom dia, . Como está a organização das entrevistas? – perguntei da porta, sem sair da sala.
- Bom dia, . – ela me respondeu com um sorriso – Está tudo certo, não se preocupe. – acenei com a cabeça e voltei, fechando a porta de madeira. Nem deu tempo de fechar direito e abriram-na novamente, mostrando com um sorriso safado no rosto.
- Minha produtora. – ele entrou, demonstrando ironia e balançou a cabeça como uma reverência. – O que posso fazer por você, alteza?
- Pare de falsa bajulação, maldito misógino. – eu fingi indiferença, mas gargalhava por dentro.
- Até para humilhar você é sistemática, não? – ele riu.
- Só estou entrando na sua brincadeira, não posso? – falei sem olhar para ele e sentando novamente, cruzando as minhas pernas que estavam cobertas por uma saia de cintura alta justa.
- Desde quando brinca comigo? Tem algo de errado com você. – ele arqueou suas sobrancelhas surpreso.
- Na verdade, está tudo certíssimo. Eu só acordei com o pé direito. E peguei o elevador social. – sorri sem mostrar meus dentes e voltei minha visão para meu notebook. se sentou na poltrona à minha frente e começou a brincar com uma caneta.
- Pela sua felicidade e pelo uso inédito de roupas justas e sensuais, tem homem na parada. – ele deduziu simplesmente, mas não olhava em meus olhos.
- Não fico surpresa que você tenha percebido de cara. – me permiti abrir um sorriso maior.
- Qual é a dele? – ele perguntou, demonstrando pouco interesse.
- Meu vizinho, advogado, lindo, corpo atlético, cavalheiro – fez uma cara de nojo com as minhas descrições – e o melhor de tudo...
- O quê? O pênis dele mede 20 cm? – usou de sarcasmo e riu ao ver minha cara de desprezo.
- Melhor do que isso. Ele acha as coisas que você fala muito ofensivas. – eu ri vitoriosa – Triunfo! Eu achei um homem que não concorda com você, .
Enquanto eu falava animada e sorria, o homem do outro lado da mesa só me olhava sem emoções, como se estivesse esperando que eu acabasse de me vangloriar.
- Achar ofensivo é diferente de não concordar, . – começou a falar com calma e explicando seu ponto de vista - Eu só falo a verdade e se ele não concorda... Desista, ele é gay.
- Céus, como é difícil discutir algo contigo!
- Deve ser porque eu estou sempre certo. – ele deduziu e piscou para mim, divertido. Eu bufei cansada. Mas eu ainda me lembrava que nada me tiraria do sério hoje.
- Você pode parar de ser achar o tal, porque não foi para isso que eu te chamei aqui.
- Sim, eu estou lembrado que te devo aulas de sedução e conquista. – ele levantou rapidamente e veio andando em minha direção, insinuante – Que tal começarmos agora?
- Óbvio que não, . Eu tenho um programa para direcionar, programa esse que você participa. Já para o estúdio! Seu quadro começa em 10 minutos.
- Ok, então. Hoje à noite em sua casa. – arregalei os olhos, mas alguns segundos depois, eu assenti. Tudo para laçar o Philip, tudo só por causa disso.
- Certo... Vamos ao que interessa. – e sai da sala, deixando para trás e seguindo para o estúdio.
xXxXx
Saí da emissora uma hora mais cedo para fazer umas compras. Eu precisava renovar o guarda-roupa se a minha intenção era conquistar o Philip. E não, esse não foi um conselho do . Eu sou mulher e eu simplesmente sei quando preciso de roupas novas para aumentar a auto-estima. Ou para aumentar os seios mesmo.
Comprei um vestido vermelho, o clássico estilo ‘tubinho’ com duas alças finas, completamente justo no corpo. Eu não costumava usar cores tão vibrantes e tive essa decisão por que um comentarista me disse que a cor vermelha tem energia, poder, é a cor do pecado e chama a atenção dos homens. Além do vestido, comprei roupas íntimas mais sensuais e de várias cores que fugiam da mesmice da minha gaveta de calcinhas e sutiãs: bege, marrom e preto.
Quando acabei nas lojas, fui direto para casa, rezando dentro do meu carro que eu não encontrasse Philip no meio do prédio. Eu pretendia abordá-lo de outra maneira hoje à noite. Maneira essa que eu ainda vou aprender. Com o .
Assim que cheguei ao meu apartamento, me espreitando ridiculamente pelo prédio para não encontrar o meu vizinho moreno e atraente, pus a chave na fechadura e entrei, ansiando por um banho quente e relaxante na minha banheira.
Larguei minha bolsa em cima de minha cama, tirei meus saltos e fui direto para o banheiro, ligando a torneira e começando a me despir.
’s POV
Mulheres... Tão complexas e tão difíceis de conviver. Quem diria que a primeira mulher que eu conheci na emissora e que havia me odiado à primeira vista estaria aos meus pés precisando de minha grandiosa ajuda para conquistar outro cara? Bom... Eu diria. Eu sabia que reconheceria meu valor. E agora, tudo que eu tinha planejado desde quando a conheci estava prestes a acontecer. Eu me aproximaria mais, invadiria seus sentimentos e a entenderia melhor do que qualquer homem nesta terra. Com essas circunstâncias, ela não poderia fugir.
Ela se renderia e esqueceria os seus sonhos de príncipes encantados para encontrar um sapo. Mas um sapo que tinha se encantado com a sua personalidade cheia de defeitos e nutria algo por ela. Sim, não estranhe. Depois de três meses trabalhando com a cabeça-dura da minha produtora, eu encontrei nela algo que não via nas outras mulheres que me relacionei. Ela não me queria arduamente. E eu, nesse contexto segui o velho ditado: “Casa de ferreiro, espeto de pau.” Sim, eu sempre disse que conhecia tudo o que os homens queriam e caí na maior armadilha: Quanto mais desprezado, mais amarrado.
me amarrou de uma maneira que nem eu, o maior expert, pude evitar. Sua inteligência, a dedicação com o trabalho, suas peculiaridades. Além de ser uma puta gostosa. Mas aí eu já vou partir para a minha atração física expressa em frases sarcásticas que ela nunca entendia, nunca se tocava. Ah, se soubesse... Mas eu estava disposto a mostrar. Só precisava sair do meu carro e entrar no seu prédio. Bom, esse era o primeiro passo.
Abri a porta e saí, travando o carro e caminhando pela rua estreita. Cheguei ao prédio e empurrei o portão que estava encostado, passei pelo hall, cumprimentei o porteiro, perguntando o apartamento de . Segui para o elevador e ele estava vazio. Demorou somente alguns segundos e já estava no quarto andar. Fui até a porta do apartamento 402 e toquei apenas uma vez a campainha. Ouvi alguns barulhos vindo de dentro e logo depois, a porta se abriu devagar, relevando , ou melhor, só sua cabeça.
- Merda, ! – ela puxou meu braço, me levando para dentro rapidamente e eu fiquei sem entender. – Poderia ter mandado uma mensagem avisando que estava aqui. Achei que fosse o Philip. Imagina se ele me vê assim? – olhou exaltada para mim e indicou as suas vestimentas. Eu comecei a correr os olhos pelo corpo dela e foi quando eu finalmente vi que estava de roupão. Só que o substantivo estava no diminutivo. Ele só cobria até o meio da coxa e o seu nó amarrava na sua cintura, delineando-a mais do que o normal.
Qual o problema dos homens que davam foras nessa mulher? Bom, eu acho que sabia a resposta, mas eu ainda não conseguia acreditar que o corpo não pudesse compensar a sua mania de querer tudo milimetricamente do seu jeito.
E voltando à pergunta dela, eu não via problema algum no tal advogado encontrá-la daquele jeito. Estava ótima e por mais que os homens se importassem com o visual, ela estava em casa! Podia vestir roupão e continuar tendo chances com ele. Mas não era isso que eu passava para , na verdade, eu dizia totalmente o contrário. Que se ela se vestisse fatalmente, vestida para matar de tesão todos os homens que ela encontrasse no seu caminho.
Mirei o rosto dela e ela me encarava estranha.
- O que tanto você olha no meu corpo, ? – ela juntou suas sobrancelhas.
- Preciso gravar essa cena. Minha chefa me recebendo em sua casa, de roupão.
- E o que há de relevante nisso? – pôs as mãos na cintura.
- O fato de que você está sem roupa alguma por debaixo dele. – dei um sorriso insinuante para ela e comecei a me aproximar mais, à medida que ela ia andando para trás, tentando bloquear qualquer proximidade. – E que só um laço me impede de te ver nua, . Isso não é relevante para você?
Pude ver que estava imersa na conexão visual que nós dois fazíamos. As palavras rudes e cortantes que eu esperava sobre meus comentários picantes não vieram. Ela só me olhava e andava para trás, até se chocar na parede da sala. Estava cercada e eu pus meus braços em volta dela, enquadrando-a. O que aconteceu em seguida foi muito rápido. me olhou profundamente, como se tivesse saído de um transe e percebido a situação que ocorria ali. Ela simplesmente levantou a mão e deu um tapa na minha cara.
- É melhor você parar de me assediar. – ela disse me fuzilando com os olhos. Eu a desprendi, colocando uma mão na face e ela saiu de perto da parede.
- Eu só estava testando a sua reação nesses casos. Vai que o advogado te intercepta assim? Você tem que estar preparada! – eu disse cínico para , mentindo novamente, escondendo as minhas intenções. – Definitivamente, você não sabe seduzir um homem, . O que se seguia era um beijo ardente e cheio de desejo. Não uma agressão.
- Eu sei como seduzir, eu só bati em você porque eu tinha esse desejo reprimido. – ela falou e logo se tocou o sentido que as palavras davam à sua frase.
- Desejo reprimido por mim? A gente resolve na cama, não aqui. E lá você pode me bater quando quiser. – sorri de canto. não me respondeu, só fez lançar um olhar de desafio e rumou para outro cômodo que eu supus ser seu quarto. Deixando-me sozinho na sala com meus pensamentos.
Depois de esperar alguns minutos e nada de aparecer, me permiti sentar no sofá enorme da sala dela e liguei a televisão. Rolei pelos canais, sem achar nenhum programa interessante e então abaixei o volume, só deixando a imagem passando.
Um barulho que eu reconhecia ecoou na sala. Saltos batendo no chão. Aqueles saltos que batiam nervosos quando eu tirava minha produtora do sério. Agora o barulho era leve, mas não foi inaudível. Virei meu pescoço e encontrei , com os cabelos soltos e caídos em ondas nos seus ombros e usando um vestido vermelho que realçava seus seios e suas pernas. Ela continuava com sua face de desafio, mas esperava um veredicto meu.
- Bem mais sensual, só que com mais roupas. Nada legal. – eu fiz movimento de negação com a cabeça.
- Mas é só para chamar a sua atenção, mais tarde você pode tirá-lo. – disse sedutora e eu não pude evitar que minhas sobrancelhas levantassem incrédulas, assim como eu levantei do sofá.
- Ora, ora... Agora ela está fazendo piadas eróticas. Que evolução. – exclamei e veio andando devagar na minha direção, sem tirar os olhos de mim. Aquilo era estranho, mas eu gostava.
- Estranho seria se eu não evoluísse com um professor tão renomado. – agora era a vez de se aproximar de mim, me deixando estático. Ela levou sua mão esquerda até meu pescoço e começou a alisar a região. Eu não pude evitar que um arrepio surgisse por todo o meu corpo e eriçasse meus pelos, mostrando a minha reação corporal para ela – Hum, você gosta disso?
- Quem é você e o que você fez com ? – eu disse baixo e estava mais próxima, com nossos narizes a poucos centímetros de distância.
- Não mude de assunto. Você gosta não é? – a mão dela desceu pelo meu peitoral, arranhando o local com suas unhas – Isso te excita.
- Talvez. Não é muito difícil me deixar vulnerável assim. – eu apontei para baixo, indicando o volume na minha calça.
- Eu gosto de te deixar assim. – sussurrou, deixando sua respiração bater em minha boca.
Não sei se tinha realmente entrado numa personagem ou estava falando a verdade. Se for a primeira opção, além de produtora, ela era uma ótima atriz. E eu estava caindo no joguinho sedutor dela. Foi como eu mesmo disse, não é muito difícil me sentir excitado e louco por . Ainda mais daquele jeito, tão perto.
- Sério? – eu perguntei, envolto na situação. me analisou de cima a baixo e começou a criar um sorriso.
- Bobinho! – ela disse gargalhando e minhas esperanças se esvaíram com o repentino afastamento do corpo quente de e o toque da campainha. Ela foi correndo até a porta, mandando eu me esconder. Concordei chateado, fui para o corredor e antes que ela pudesse abrir a porta, eu sussurrei:
- Não seja fácil demais. – ela balançou a cabeça em afirmação, puxando a maçaneta no mesmo momento em que eu me escondi, apurando meus ouvidos, tentando decifrar a conversa.
Coloquei minha cabeça um pouco para fora e vi um homem, deveria ser o tal cara que queria pegar. Bufei e voltei ao meu lugar, porém ouvindo outra voz de homem. Eram dois homens! Como assim? Ela iria fazer um ménage e não me chama? Calma... nunca pensaria numa coisa dessas, ainda mais sem ter saído com ele. Então porque tinha outro homem lá? Comecei a pensar e devanear, mas depois de alguns minutos, ouvi a porta batendo e se jogando no sofá, toda largada. Saí do meu esconderijo e fui até ela.
- Dois homens, né? Achei que a mulher fatal era só uma personagem. – ri fraco.
- É o fim, . – ignorou a minha insinuação e falou desanimada.
- Por que essa desanimação? Até alguns minutos atrás, você era uma mulher sexy, segura e decidida. Voltou à realidade?
- Qual o sentido de ser sexy se eu não vou pegar homem nenhum? – ela me olhou indignada.
- O que foi que o maldito advogado disse para você, ? – eu me exaltei, perguntando exacerbado.
- Ele não me disse nada. Eu vi e percebi. – ela me olhou, cansada – Bem que você disse, não é? Sempre me surpreendo com a exatidão de suas palavras.
- Espera um momentinho... – eu gesticulei e pensei por um milésimo, já descobrindo o que era e fazendo uma cara de entendimento – Ele é realmente gay?
- Além de gay, ainda é comprometido. – eu segurei um riso, porém percebeu e me fuzilou com seus olhos castanhos. – Ele tem uma aliança! Como eu não vi a maldita?
- Provavelmente, quando você está cega pela vontade de desencalhar, sua neurose e percepção vão para o espaço. – eu comentei, mas não dei nenhum sorriso, como se aquela frase fosse algo sério, mas não passava de uma piada. sorriu sem humor e se levantou do meu lado.
- Vá para casa, . Obrigada por toda sua disposição em me ajudar, mas acho que não preciso mais de conselhos masculinos. – eu nunca tinha visto minha produtora daquele jeito, acho que estava cansada de ver seus planos amorosos e irreais indo novamente por água abaixo. Eu a ouvi me chamando pelo meu apelido, coisa que ela nunca tinha feito. Era um sinal de fragilidade, obviamente. Um pedido de arrego, desistência. Ou um pedido sutil para que eu a consolasse.
- Hey, ... – levantei rapidamente, ficando na frente dela – Você está muito desanimada. Caramba! Vocês nem tinham saído ainda, só são vizinhos há alguns dias e ele já te deixa nesse estado...
- Você não entende, . Você diz em alto e bom som que conhece os homens e mulheres e que sabe tudo sobre relacionamentos, mas você nunca vai saber de verdade.
- Não vou saber de quê? Que você espera demais dos homens e quando encontra um que se encaixe no seu perfil, perde a razão e se joga com tudo em algo que não passou de um fruto da sua imaginação? – ela ficou sem palavras porque eu tinha tocado na sua ferida novamente, mas de uma maneira mais invasiva e direta.
- Você se perde no seu mundo onde os homens são perfeitos e cheios de estereótipos que você cria e para de enxergar a realidade. Existe um homem que não é do seu tipo, mas que gosta da sua maneira de ser, ! Que te aceitaria sem essas malditas aulas que eu te dou. Exatamente do jeito que você é.
- É mesmo? E onde está ele? Por que eu ainda não o conheci? – ela me mirou questionadora.
- Se você abrisse seus olhos para aquilo que está bem na frente de sua fuça, não estaria se perguntando isso, . – eu disse, acusando-a e ela arregalou os olhos. Ficou procurando palavras, gaguejou algumas, mas nada saiu da sua boca - Será que você nunca percebeu nada diferente quando nós dois ficamos juntos? Será que nunca se tocou do que eu sinto por ti?
- Do que você está falando?
- Estou falando das vezes que eu jogava indiretas para você, dizendo que queria algo. Das vezes que eu me esforçava para estar nos locais que você estava.
- Você me manda indiretas porque você é um homem sem papas na língua, . Além de adorar brincar com sexo, principalmente comigo, que desprezava esse seu comportamento.
- Desprezava? Então não despreza mais? – indaguei, levantando uma sobrancelha.
- Eu simplesmente me acostumei. – disse, porém não parecia segura de suas palavras.
- Você se acostumou, porque gosta disso. Gosta das minhas insinuações, do meu machismo desmedido.
- É uma piada? – ela riu e botou as mãos na cintura.
- Não... Porque isso te faz bem. Aumenta seu ego, mas você é muito orgulhosa para assumir e ceder. Só que eu estou desistindo nesse exato momento. Não dá mais para fingir, .
- Eu não... – coloquei meu dedo indicador sobre os lábios vermelhos e carnudos dela.
- Não fale, apenas ouça. – encostei mais nossos corpos – Eu venho esse tempo inteiro escondendo meus sentimentos. Fingindo te ajudar e te dando conselhos pra encontrar outro homem. Só que não daria certo, porque você estava moldando outra mulher e não você mesma. Um dia, a máscara cairia e aquele que estivesse ao seu lado correria na primeira oportunidade. Você também correria, . Mas sabe para onde você iria? – esperei ela refletir e vi nos seus olhos, o entendimento.
- Para você. – ela disse baixo, quase inaudível e não olhou para mim. Eu levantei seu queixo e ela me encarou, mesmo relutante.
- Sim, para mim. E isso não é falta de modéstia, é apenas a verdade. Você sabe que eu te daria a melhor direção a se seguir. Porque eu te conheço, . Aprendi a te entender porque eu simplesmente me apaixonei por você.
- Você está equivocado, .
- Não estou não. Você encontrou em mim um lugar para se apoiar, algo que nem a te dava. – eu alisei sua bochecha levemente com meu polegar – Olha só, você até me chama pelo apelido. Quer mais sinais de que você também está se envolvendo? Deixe o momento te levar... – e então encostei nossos lábios levemente e antes que pudesse me repelir, findei o beijo. Nos primeiros segundos, foi lento, ficamos apenas provando o gosto um do outro, mas logo depois, eu pedi permissão para que nossas línguas se encontrassem, fazendo nossas bocas se encaixarem, junto com os nossos corpos quentes. Não durou muito tempo até que ela se afastasse e empurrasse meu peito.
- Por favor, . – ela me olhou, com um olhar suplicante e ainda com a respiração falha – Vá embora.
Tocado com as palavras dela, afastei-me, mas não quebrei nosso contato visual.
- Eu vou, . – eu virei às costas para ela, mas quando cheguei à porta, voltei para sua direção de novo – Espero que seu orgulho e o seu medo sejam seus conselheiros sexuais essa noite. E nas outras que vierem.
Saí sem olhar outra vez para trás e bati forte a porta da sua casa.
/’s POV
Duas semanas tinham se passado desde aquela noite em meu apartamento. tinha ido embora deixando milhões de pensamentos confusos dentro de minha mente e eu não consegui organizá-los muito bem. Aquilo me matava, eu odiava as coisas fora do lugar, sem uma definição. Era exatamente dessa maneira que eu me sentia. Indefinida. Não sabia o que queria, o que sentia, só sabia que era intenso. O toque do corpo dele no meu era intenso, tudo que nos cercava era assim.
Era quase impossível evitar o meu comentarista, afinal eu tinha que ordenar o programa, entregar seus scripts, participar de reuniões. E cada vez que eu me encontrava com , eu evitava olhar nos seus olhos, evitava qualquer toque e ele me tratava igualmente. Como se nada tivesse acontecido, como se a tensão sexual entre nós não estivesse lá, viva e presente.
Eu a ignorava e reprimia. Parecia uma adolescente se descobrindo na puberdade. Orgulhosa, porém curiosa. Meu orgulho era a coisa mais terrível na minha personalidade, pior até mesmo que minha mania de controle. Só que eu percebi, depois desses 15 dias, que ele não me levaria a lugar nenhum. Só para longe de e o meu inconsciente gritava para que eu não deixasse isso acontecer. Eu queria a sua presença, sua risada sarcástica, seus comentários, suas cantadas. Eu não podia deixar que ele esvaísse pó entre meus dedos. me fazia bem, um bem que eu nunca imaginaria sentir com homem algum. Só com ele. Talvez ele fosse a pessoa certa e eu estivesse aqui, enganando a mim mesma e sofrendo com algo que poderia ser evitado. Sou mesmo a maior idiota do planeta.
Estava no estúdio, caminhando de um lado para outro, indicando onde as câmeras deveriam focar e botando o comercial nas horas devidas. O quadro de culinária estava acabando e logo depois, seria a vez da previsão de tempo, com o novo apresentador. Estava nervosa, mas não por esse motivo. Após o tempo, seria The Ugly Truth. Aí morava o problema: não tinha chegado ainda e eu já estava me estressando com isso. O cozinheiro desceu do palco e a atenção das câmeras voltou-se para os apresentadores principais que chamaram a previsão do tempo.
- Vamos esperar mais dois minutos, se não chegar, colocamos o comercial e cortamos o quadro de hoje. – falei instruções para meu assistente no microfone preso na gola da minha blusa. No mesmo momento, o comentarista entrou no enorme estúdio, sendo seguido pela maquiadora. Não pude descrever minhas emoções, uma mistura de raiva com alegria e uma vontade de esganá-lo. praticamente se jogou na cadeira do camarim, de frente a um espelho e a mulher começou a limpar o suor de sua testa. Fui andando rapidamente até ele e me pus na sua frente.
- Com licença, . Estou me olhando no espelho. – ele falou cínico e eu sorri irônica.
- Onde você estava? – apertei os papéis do roteiro dele em minha mão com raiva.
- Resolvendo alguns problemas com o diretor. – o homem falou, me encarando profundamente.
- E que problemas são esses que não passam por mim? Ou esqueceu que eu ainda produzo a merda desse programa? – eu falei, segurando a voz para não me alterar.
- Olha só, senti falta do seu ódio. Porque ultimamente, você não vem demonstrando seus sentimentos por mim, não é? – ele soltou e me olhou desafiante. – Só indiferença.
- Tenho meus motivos, mas eu ainda sou profissional o suficiente para debater com você problemas relacionados à emissora.
- Não esse problema, . – me encarou e sua expressão relaxou, mas não deixou de ser irônica – Pare de querer dominar tudo à sua volta.
Ouvi o chamado pelo fone de ouvido, indicando que a previsão acabara e mandei chamar o comercial.
- Você tem um quadro para apresentar. – entreguei os papéis com o script e ele pegou, tocando nossas mãos, causando uma reação em nós dois. Ele me olhou e eu pude ver vários sentimentos ali, mas o pior deles foi a tristeza. Desviei o olhar e soltei as folhas. olhou as páginas e depois, largou as mesmas em cima da bancada cheia de escovas, algumas maquiagens e afins.
- Hoje não, . O quadro é por minha conta. – ele levantou e saiu rumo às cadeiras do set, sentando próximo aos apresentadores. Não sorriu como sempre fazia, apenas ficou esperando a filmagem começar. Eu andei para o fundo do estúdio, onde ficavam as televisões com vários ângulos das câmeras. Sentei perto do Taylor, meu assistente de dezoito anos que estava estagiando. O jornal voltou e os apresentadores falaram algumas coisas e enfim, chamaram por .
- Coloque a imagem da logomarca de The Ugly Truth no telão, Taylor. – ele assentiu e clicou em alguns botões.
Eu comecei a assistir o quadro intrigada, pois a expressão divertida do comentarista não estava lá, nem a sua pompa. Ele estava estranho. Então ele começou a falar.
“Bom dia, queridos espectadores. Vocês devem estar estranhando a minha cara de desânimo, mas como esse é um quadro sobre a verdade e somente ela, eu não poderia fingir meus sentimentos para toda a cidade. Até porque eu cansei de esconder as coisas que eu sinto. E se isso eu fizesse, seria uma tamanha hipocrisia. Hoje não haverão frases feitas, nem conselhos sexuais. Teremos uma pequena conversa e algumas ponderações. Olhem só, como o bruto e grosso está falando bonito, hein? Tudo muda, meus caros amigos.”
Sentia de alguma forma que isso não estava indo por um bom caminho. Continuei a assistir e ouvir suas palavras.
“Há poucos minutos, eu estava com o diretor da emissora. Tivemos uma conversa franca e ele me ordenou que não fizesse isso que estou fazendo agora. Mas eu farei! Eu estou me demitindo. Na frente de toda a população que assiste o jornal. Não se perguntem o porquê ainda, eu explicarei.”
O que era aquilo? Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Demissão? Então esse era o grande problema dele? E porque ele não havia me informado disso?
“Acreditem se quiser, o motivo é uma mulher. Especificamente, a minha produtora. O cara machista e pervertido que se permitiu ser laçado pela mulher neurótica e iludida por caras que nem existem. Eu não tenho mais que fingir isso para ninguém e posso falar mal dela para todos, já que agora não temos mais nenhum vínculo, além de um sentimento muito bonito, mas que a mesma insiste em ignorar.”
Minha face ficou vermelha quando todos que estavam no mesmo recinto que eu, me lançaram olhares surpresos e alguns, furiosos. Eu não esperava que o fizesse aquilo. Fiquei boquiaberta e logo me levantei, indo para frente das inúmeras telas de TV e assistindo tudo, estagnada.
“Um dia, vocês me perguntaram, o que tinha acontecido para eu me tornar tão rude e sarcástico quando o assunto era a ala feminina. Eis que eu explico para vocês: decepções. Vagabundas que me passaram a perna porque pensaram que na minha testa tinha algo escrito como ‘Cabeça disponível para chifres’. Fui quebrando a cara e acreditem, passei um bom tempo da minha vida parecendo essas mulheres que precisam de livros de auto-ajuda para seguir com suas relações amorosas. É ridículo, não? Mas é a verdade.”
soltou um suspiro de cansaço e olhou diretamente para a câmera, transparecendo as emoções que se seguiam após tais palavras proferidas.
“Mas ela me deu uma esperança. Via nela uma faísca. E eu realmente não sabia porque ela me passava essa convicção. Talvez por ser inteligente e esforçada. Por ter uma beleza incomum e principalmente, por sua fragilidade escondida numa máscara perfeita. Máscara essa que não conseguia me enganar. Eu sentia que ela precisava de alguém fora dos padrões, mas que a entendesse melhor que a sua própria melhor amiga. Ela encontrou isso em mim. Assim como eu encontrei nela alguém que me mudou por dentro. Continuo sendo um grosso, pervertido. Afinal qual homem não é? Mas um pervertido apaixonado. Que infelizmente, não é levado a sério. Essa é a minha última carta na manga: me declarar na frente de todos e por fim, me demitir. Tomara que desse jeito, minhas ações e palavras surtam efeito dentro da cabeça-dura da minha produtora. Que agora, não é nada mais do que apenas a mulher que conquistou .”
Olhei para Taylor e mandei-o cortar as filmagens ao vivo, porque por um instinto maluco, eu comecei a andar freneticamente em direção ao set e invadi as câmeras, com uma expressão indecifrável até para mim mesma.
- ... – eu caminhei na sua direção e parei em pé do lado dele – Você enlouqueceu?
Eu não estava gritando, por incrível que pareça e nem nervosa. Eu só estava afetada com toda aquela declaração.
- Só se for por você, . – ele disse diretamente, arrancando alguns suspiros das mulheres que trabalhavam no set. Arregalei um pouco meus olhos, mas já esperava algo como isso de resposta. – Você me deixa louco e sabe disso. Desde aquele dia na sua casa, quando nos beijamos, eu te mostrei o que você causava em mim.
- Eu também devo estar louca. – balancei a cabeça negativamente.
- Por quê? Por sentir o mesmo por esse homem que não é seu príncipe encantado e perfeito?
- Por ter deixado tudo chegar a esse estado. Você se demitindo, por minha causa. Eu sou a causadora do fiasco desse quadro.
- Sério que você está se importando com esse maldito programa, enquanto eu me declaro para você? – ele me olhou decepcionado e eu percebi a besteira que tinha dito. Pensei que meus sentimentos eram muito íntimos para se conversar na frente de todos os empregados da emissora e imaginei uma maneira melhor de resolver nosso caso. A sós.
- , - olhei-o, implorando para que me entendesse e falando baixo – Será que nós podemos conversar isso em minha sala?
- Não, . – ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. – A palhaçada acabou. Você não quer assumir que me ama. Eu posso superar isso.
Então, ele saiu do estúdio, com passos largos e sem olhar para trás uma única vez.
- Mas eu amo... – disse baixo o suficiente para que apenas eu pudesse ouvir.
xXxXx
Além de me martirizar por deixar ir embora, eu ainda tive que lidar com milhões de cartas, ligações e protestos. É isso mesmo. Protestos na frente do prédio. Tudo porque deixei o se demitir, sendo que a decisão estava praticamente em minhas mãos.
O que aconteceu foi que o Taylor não cortou a maldita filmagem e o estado inteiro viu a minha declaração ‘Não ligo para você, só para o seu quadro que traz audiência’. E se você acha que eu fiquei puta com isso, se espante. Não me importei nada. Afinal, tinha coisa maior para me preocupar e isso envolvia trazer o meu comentarista de volta. Para mim e não para emissora. Eu precisava acertar essa conta com , afinal, a fujona fui eu, a idiota que não teve coragem de falar a verdade sobre meus sentimentos. Destruí tudo e precisava recuperar o tempo perdido.
Ouvi batidas na minha porta e antes que eu pudesse responder, adentrou o local, com um sorriso no rosto.
- , tenho uma nova ideia para um quadro!
- Para colocar no lugar do ? – eu perguntei triste.
- Sim, para substituir The Ugly Truth. Você precisa esquecer esse homem, minha amiga.
- Eu não consigo, ! Ainda mais quando eu joguei tudo aos ares, como lixo.
- Eu não sei mais o que dizer para você, . – ela se sentou na cadeira à minha frente e cruzou os braços – Se não consegue pelo dia inteiro, tente pelo menos agora e ouça a minha proposta.
- Ok, . Pode falar. – eu larguei meus afazeres no notebook e olhei diretamente para minha amiga.
- Eu pensei num contra-ataque feminino. – ele abriu um sorriso – Imagina isso! Uma resposta das mulheres para tudo que foi dito anteriormente no quadro do .
- Você disse que ia me fazer esquecer... – eu comentei, com tom de brincadeira e quando me dei conta de quanto aquela ideia era perfeita, eu arregalei os olhos e levantei de repente. – É isso, !
- Você gostou? – ele perguntou com os olhos brilhantes de excitação.
- Você me deu o jeito de acabar com esses protestos e reclamações! – comecei a andar agitada pelo escritório - E o melhor: uma maneira de conquistar as desculpas do .
- Hein? – fez cara de interrogação.
- , você não precisa entender agora, você verá! Só preciso saber de algo: já acertou as contas com a emissora?
- Não, ele vem fazer isso hoje.
- Você me faz um favor?
’s POV
Tinha acabado de chegar à emissora para assinar meus papéis de demissão. Por um momento, eu pensei em voltar atrás e não levar a situação ao extremo. Mas depois do que eu disse na televisão sobre , acho que não tinha mais como trabalhar com aquele clima ruim e com meu sentimento não correspondido. Já estava aqui, iria até o fim. Subi o elevador, para o andar do diretor, que era o mesmo da ex-produtora. A porta se abriu e eu saí, caminhando pelo longo corredor. Quando estava alcançando a porta, ouvi alguém me chamando. Virei e vi . Sorri e ela correspondeu.
- , o diretor não está na sala dele. Está no estúdio.
- No estúdio? – ela balançou a cabeça em afirmação – Sem problemas, eu espero aqui na recepção.
- Não, não. Acho que ele quer mesmo falar contigo, mas está muito ocupado lá. Melhor você ir atrás dele.
- Certo, então... – ela assentiu e eu saí andando atrás dela - Já procuraram alguém para me substituir? Ou perceberam que eu sou insubstituível? – sorri irônico.
- Por que você não pergunta para ? – ela me lançou um olhar superior.
- Eu não tenho nada para falar com ela, . Só se ela quiser sexo casual, isso eu não posso negar a ninguém. – a mulher ao meu lado balançou a cabeça em sinal de negação e logo chegamos ao estúdio.
- Você não quer falar, mas acho que tem muito a conversar. – eu olhei para o foco das câmeras e lá estava ela, sentada no meu local de costume e esperando que o programa começasse. O comercial acabou e botaram a chamada do The Ugly Truth. Interessei-me e me aproximei da televisão que passava o script. Não tinha nada, estava vazio. O que pretendia? Não pensei muito até que a voz feminina ecoou.
“Olá! Vocês não me conheciam até ontem, eu sou , a tão falada produtora que deixou em pedaços. Eu mesma me tornei em pedaços, então não é muito difícil fazer isso com os outros. Eu vim contar o meu lado da história. E a verdade pela visão feminina. Quem sabe desse jeito, vocês me entendam. Vocês e o nosso comentarista. Bom, como o quadro preza pela pura sinceridade, assumo que tudo que foi dito sobre mim é a verdade nua e crua. Eu, como uma mulher orgulhosa e tola, custava a não querer enxergar a atração desmedida que eu sentia por .”
Preciso dizer que tinha ficado surpreso com a declaração inicial dela. Dizendo sem rodeio nenhum e para todos ouvirem, que sentia atração por mim. Isso era um bom sinal. Um ótimo sinal. Eu estava gostando daquilo. Vamos ver o que mais sairia daquela boca que eu estava louco para beijar novamente.
“Estava cega, acreditando num homem que só existe na minha imaginação. Pois é, sempre preferi os príncipes encantados. Aquele tipo de homem que abre a porta para você entrar, que deita no chão para você não passar por cima de uma poça. Ele ouve os seus monólogos sem reclamar e ainda opina e te dá ótimos conselhos.
O cara é sincero, nunca trai, nunca omite, nunca mente. Eu preciso dizer que eu tinha esperanças de encontrar esse tal estereótipo. Mas isso é um passado que eu quero esquecer. Porque, minhas amigas, esse homem não existe! Nem nos contos de fadas. Sonho de toda menina, realidade de pouquíssimas mulheres. Ou quase nenhuma.”
Estava com meu olhar fixo na mulher que discursava sobre o homem perfeito que caiu no seu conceito. Ela tinha aprendido e estava externalizando tudo aquilo que levei meses para botar na cabeça dela. falava divertida e parecia muito confortável na frente das câmeras. Várias vezes, nossos olhares se cruzaram e pude ver que ela sorria entre suas falas. Mesmo relutante, eu não podia evitar que um sorriso se formasse no meu rosto em resposta.
“O homem ideal abandonou o posto do bonzinho e engomadinho. O cara de hoje é o canalha, o cafajeste, o garanhão. Aquele que te leva do paraíso ao inferno em minutos. Você hesita em apresentar para suas amigas e para sua mãe, mas não consegue parar de pensar nas coisas pervertidas que ele diz e nas maravilhosas sensações que ele te apresenta. A sua fisionomia envolve uma barba por fazer, que você adora quando passa suavemente por sua pele. Nada de cabelo bem penteado e com gel para fixar. Nem roupas finas demais. Ele se veste à sua maneira e você continuará achando que ele é o homem mais sexy do mundo. Ele sabe onde deve te tocar para levar à loucura, sabe seus pensamentos mais proibidos.”
Apenas ouvia a descrição que fazia e ficava excitado apenas com seus olhares insinuantes, me mostrando que era de mim que ela falava. Claro que eu já sabia disso, mas ouvir tudo vindo dela era ainda melhor. Só que eu preferiria que fosse ao pé do meu ouvido. Espero conseguir isso mais tarde.
“Nada irrita e atrai tanto as mulheres como um homem cheio de certezas que se acha o dono da verdade. Por um lado, ele pode ser orgulhoso, um completo imbecil autocentrado, grosso e pervertido. Por outro, é o cara seguro que sabe exatamente o terreno que está andando e diz aquilo que a gente paga para ser verdade. Esse tipo de homem existe numa escala de milhões. Você vai conhecê-lo. E por mais que não queira, vai se apaixonar.
Esse homem é real e te aceita do jeito que você é... Mesmo se você for uma louca neurótica que deseja controlar o mundo. Mesmo se você encarna uma criança medrosa e resolve fugir de um amor que poderia dar certo, só porque ele não se encaixaria em seus padrões. Que tipo de idiota eu sou, não é mesmo? Hoje, o amor não chega em forma de cavalo branco, carruagem e sapatinho de cristal. Atualmente o amor começa com ‘eu te desprezo, mas estou louca para cair nos seus braços e ser sua para sempre’. É um tipo de amor bipolar, esse que eu sinto. Mas é verdadeiro. E quando existe verdade, quem poderá contestar?”
Acho que aquelas últimas frases foram suficientes para me fazer mudar de ideia. Não sobre a demissão, mas sobre . Ela tinha me surpreendido. Agora, ela assumia para todos que me amava. me amava.
Sorri uma última vez para ela e me virei indo embora.
/’s POV
Finalizei a minha declaração, sendo aclamada por palmas de todos no set. Levantei da cadeira e olhei ao redor, procurando por aquele rosto que eu precisava tanto tocar. não estava mais lá. Não encontrei seu sorriso satisfeito, nem sua feição cheia de si por tudo que eu tinha dito sobre ele. Perguntei-me se as coisas que eu soltei não foram o suficiente para amolecer seu coração e trazê-lo de volta para mim. Se é que um dia ele foi meu. Saí do estúdio e rumei para meu escritório, a fim de organizar as últimas coisas do quadro, que infelizmente seria cancelado. Não teria visão feminina, nem masculina. Abri a porta, cabisbaixa e quando levantei meu olhar, estava sentado na minha cadeira giratória, me olhando com uma expressão que eu não pude decifrar, até que ele começou a falar. Sorri inconscientemente.
- Pensou que eu iria embora? – ele disse, com uma sobrancelha arqueada.
- Achei que não tinha sido o suficiente me declarar ao vivo para você. Confesso que já estava desolada. – sorri de canto, parada em pé no meio da minha sala.
- Parece que chegamos a um ponto importante disso tudo. Você falando a verdade, sem pensar duas vezes.
- Não tenho mais nada a esconder, . – comecei a andar, dando a volta na minha mesa e fechando lentamente as persianas. me acompanhava com o seu olhar de sempre, insinuante e ferino. – Aprendi a dizer a verdade com o melhor instrutor. Como poderia mentir?
- Então, tudo era sobre eu e você. – ele se levantou e veio andando na minha direção.
- Tudo. – falei baixo, quase sussurrando, enquanto encostava mais nossos corpos.
- Eu acredito, . Mas eu tenho uma dúvida. – ele me puxou bruscamente contra seu corpo másculo, grudando nossos troncos e rostos. – Eu não sei onde devo te tocar para te levar à loucura. – falou irônico.
- Acho que você pode descobrir agora. – eu sussurrei levemente contra a sua boca e pude ver um sorriso se formando na face dele.
- Será um prazer. – ele respondeu e finalmente, juntou nossos lábios. O beijo se iniciou rápido, voraz, mostrando o desejo que sentíamos.
passava suas mãos por todo o meu corpo, mas o seu ponto de concentração era nas minhas nádegas e nuca. Eu puxava seu cabelo com força à medida que ele apertava minhas coxas. Desci uma das minhas mãos até a barra de sua camisa e comecei a puxá-la. Fui andando para trás, parando o beijo que nos deixou ofegantes e encontrei a minha enorme mesa de carvalho. Peguei impulso e me sentei, sem desgrudar do corpo quente dele. espalmou sua mão na minha perna e puxou para cima, fazendo com que nossas intimidades ficassem próximas. Desci minha boca para seu pescoço e comecei a dar mordidas, acompanhadas de arranhões nas costas já nuas de .
Percebi que as mãos deles não estavam apenas me acariciando, mas também arrancando as minhas roupas com pressa. Quando estava somente com minhas peças íntimas, se afastou e começou a tirar suas últimas roupas também. Eu nunca tinha ficado excitada em apenas ver um homem se despindo, mas parecia que conseguia transpor todas as minhas barreiras. Ficando apenas de cueca, ele voltou a me beijar, descendo sua boca pelo meu pescoço e parando entre meus seios. Puxou as alças para baixo e começou a beijar e lamber meu mamilo fazendo movimentos circulares com sua língua, enquanto segurava o outro e apertava levemente. No mesmo instante, eu enlacei seu corpo, colocando minhas pernas em volta do seu quadril e senti o seu volume me tocar, inflando ainda mais de desejo e sentindo o calor da pele de sob minhas mãos. Havia um magnetismo que não me deixava tirar os olhos dele e enquanto ele terminava de tirar minha calcinha, manteve seu olhar fixo ao meu. Com meus pés, empurrei sem dificuldade sua última peça também. O modo como ele beijava meus seios e apertava minhas nádegas simultaneamente, provocou uma deliciosa sensação no meu ventre que se espalhou por todo o corpo. Estávamos nus, prontos para iniciar aquilo que tanto esperamos por meses, mas parecia que correr as mãos e bocas pelo corpo um do outro estava um tanto interessante. Eu desci minhas mãos para o traseiro de e apertei com força, o fazendo rir em meio a alguns gemidos baixos.
- Tem certeza que a porta está fechada? – ele perguntou, em forma de sussurro, enquanto beijava meu colo e passava as mãos provocantes no interior de minhas coxas.
- Se eu não estou ligando, porque você ligaria? – eu respondi com um sorriso de canto e olhava diretamente para seu corpo nu, mordendo o meu lábio inferior.
- Estou gostando dessa perversa que você está me mostrando. – ele puxou meu pescoço e espalhou beijos e mordidas por ali.
- Só precisava da pessoa certa para me soltar. – disse entre dentes e suspiros baixos – Eu acho que você está falando demais. Converse menos e me mostre onde mereço ser tocada.
- Já comentei que adoro mulheres que mandam? – eu sorri safada e sem que eu pudesse esperar, deslizou seus dedos por minha coxa e tocou no ponto exato onde eu ansiava. Joguei minhas mãos e a cabeça para trás, derrubando vários itens ainda permaneciam em cima da minha mesa. Aquele toque que me excitou já não era o suficiente para acalmar meu desejo insano por me entregar para . Ele entendeu meu protesto silencioso e deslizou dois dedos dentro de mim. Cravei minhas unhas nas costas largas e másculas do meu comentarista. Movi minhas mãos das suas costas e fui passando pelo seu abdome definido até chegar às proximidades de seu membro firme. Fechei meus dedos ao redor da sua ereção e ele pareceu entender o meu recado mudo sobre o quanto eu queria seu corpo completando o meu. Ele sorriu e me inclinou devagar sobre a mesa. Puxei seus ombros para que caísse sobre mim e sem pressa alguma, ele começou a me penetrar. Fazia movimentos lentos até que ficou imóvel. Eu gostava da sensação de completude, de sentir me aquecendo por dentro. Tentei me deslocar para ainda mais perto dele. Era maravilhoso, mas eu sabia que poderia ficar melhor. Comecei a me movimentar contra ele, mas não correspondia.
- É tão bom te fazer sofrer dessa maneira, minha . – ele me beijou e sorriu irônico.
- Oh, pare com isso. Eu preciso de você. Eu preciso de mais. – eu disse suplicante.
- Acho que você merece isso por ser tão má comigo. – mexeu nos meus cabelos, mantendo sua face sarcástica.
- Má? Olhe só o que estamos fazendo... – eu disse sussurrando e me movimentando lentamente na medida em que eu conseguia, pela posição na qual estávamos – Como poderia ser tão boa com você?
- Boa? – ele varreu os olhos pelo meu corpo por inteiro e me olhou profundamente – Você é simplesmente deliciosa.
Eu sorri com o elogio e então, se moveu contra meu corpo e eu apertei ainda mais minhas pernas ao seu redor. Não demorou muito para que eu já estivesse no mesmo ritmo que ele. Estava ofegante e podia ouvir sussurros suaves contra a pele do meu pescoço, vindo de . Os movimentos dele eram impetuosos e cada vez que ele saía de mim e se encaixava novamente, eu sentia que estava alcançando a perfeição da minha vida sexual. Nossos corpos se moviam com muita sincronia e quando eu comecei a sentir arrepios devastadores e minhas pernas bambas, pensei que aquele era meu fim. me tornaria a sua escrava. Assim como ele seria o meu, pois no mesmo momento em que eu explodi em prazer, senti alcançando seu ápice dentro de mim, respirando com dificuldade, até que se acalmou e pousou sua testa em meu ombro. Nossos corpos suados e ainda embriagados de prazer permaneceram colados enquanto nossas respirações se normalizavam. se afastou lentamente, ouvindo alguns resmungos meus e se pôs de pé, colocando sua cueca. Eu puxei sua camisa que estava jogada na ponta da mesa e vesti. sentou na minha cadeira executiva e me chamou para sentar ao seu colo. Sorri com a ideia e fui para seu encontro, encostando meu corpo ao dele, sentindo um afago no meu braço. Ele riu e eu me virei, olhando nos seus olhos e fazendo cara de interrogação.
- Sabe o melhor disso tudo? Você se entregando para mim em plena emissora e no seu escritório. – ele sorriu e eu acompanhei. – Um dos meus fetiches mais descontrolados por você. Só que eu pensei que nunca sairia de minha imaginação. Por causa da sua obsessão por coisas profissionais.
- Não foi você que me ensinou a parar de ser assim? – eu pisquei para ele.
- Realmente, foi um trabalho difícil, mas a recompensa foi melhor do que imaginava. – ele mordeu meu lábio de leve.
- Essa última aula prática me ensinou muitas coisas.
- O quê? – ele indagou curioso.
- Que você sabe quase toda a verdade sobre as mulheres.
- Quase? Tem algo que não saiba?
- Sim. Você nunca saberá se meu orgasmo foi fingido ou não. Já o seu... – eu disse e lancei um olhar insinuante - É impossível não sentir.
- Esse é o grande trunfo de vocês, mulheres. Mas chegará um momento em que eu te conhecerei tanto que me enganar será impossível.
- Quanto a isso não será um problema, . Com um homem como você na minha cama, todo prazer é completo, verdadeiro e devastador.
- Fala de novo.
- Devastador... – eu repeti, sussurrando contra sua boca. Selei nossos lábios, num beijo calmo, nada parecido com o que tinha acabado de acontecer. se separou devagar e ficou me olhando, até que começou a falar.
- Sabe, ? Gostei das coisas que você disse sobre mim na TV. Principalmente quando disse que eu era lindo, gostoso e sedutor.
- Mas eu não disse nada disso. – eu olhei um pouco espantada para .
- Não precisa. Eu sei sua opinião sobre mim. – falou, cheio de si.
- É? Quem te contou? – eu arqueei as sobrancelhas.
- Você mesma, gemendo vários elogios ao meu ouvido há alguns minutos. – deu um beijo na base do meu pescoço - Disse até que me amava.
- Pensei que só falasse a verdade. Está inventando coisas, ? – sorri fraco para ele, envolvida nas carícias.
- Não, não. Deixa eu te contar mais uma coisa sobre as mulheres. Quando vocês estão em êxtase, entram num transe e falam coisas que nunca diriam sãs. Algumas até esquecem, como você nesse exato momento.
- Quer saber o que eu acho? Que você já me ensinou toda a teoria que eu precisava. Agora, eu só quero a prática.
- Estava pensando... Nós dois juntos formaríamos uma dupla de peso no The Ugly Truth. Daria muita audiência.
- E quem se importa com a audiência, ?
- Você. É o seu trabalho.
- Não me importo com essas coisas. O importante é que você está aqui. E dessa vez, eu não o deixarei partir de novo.
- E você pensou que eu iria te largar logo agora que você se tornou minha por completo? – abriu um sorriso gigante e me envolveu com os seus braços fortes - Eu te amo, .
Sorri, feliz ao ouvir aquela declaração.
- Eu também o amo, .
N/A: Hello! Gostaram dessa minha nova short? Eu amei escrevê-la, simplesmente porque eu AMO o filme “A Verdade nua e crua”. É aquele tipo de filme que eu assisto 40 vezes e nunca canso e sempre dou risada das mesmas piadas. O filme é foda e eu sempre quis escrever uma fic sobre ele. Aí está. Qualquer frase que seja parecida (ou igual) foi proposital, até porque foi totalmente inspirada na história da Abby e do Mike <3 Me segurei muito para não escrever uma cena dos balões, viu? Tentadora HAHA
Escrevi essa coisa perversa com o Gerard, aquele lindo, deixando um pouco de lado meu Judd tentação.
Quero dedicar todas as frases sexies da fic para a Nanda Araújo, que me agüentou o tempo todo falando sobre Dirty Talk e ainda assim, surtava no twitter com as cantadas do Gerard Gostoso Butler. Quero mandar um beijo para a That, minha beta/aquela-que-lê-tudo-antes/crítica/animadora e outras coisas legais que ela fez por essa short ENORME.
23 PÁGINAS! Mas cada letrinha valeu a pena!
É isso, obrigada por lerem minha quarta short. Comentem muito e me façam a pessoa mais feliz do planeta. Beijos!
Minhas Fics:
Médium – A Mediadora/Em Andamento
Tudo acontece no colegial – Restritas/Finalizadas
X-ray – Restritas/Finalizadas
I’m all yours somehow – The Maine/Finalizadas
Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter.