Estava cansada de tudo. Estava cansada daquela vida.
Continuei subindo as escadas daquele prédio abandonado. A cada passo que eu dava, uma lembrança vinha à minha mente. Lembranças de brigas e lembranças boas.
Senti um aperto no peito por deixá-lo. Mas o que eu podia fazer? Eu estava cansada de viver o atrapalhando. Ele tinha a vida dele, e eu... Eu não teria mais a minha há algum tempo. Não queria e não podia atrapalhá-lo nas suas decisões. Além do mais, ele mesmo havia dito que não me queria mais perto dele, não queria me ver nunca mais.
E eu não tenho vida sem ele. Mas... Aquela discussão foi a pior de todas.
Em cima do telhado
O ar é tão frio e tão calmo
Eu digo o seu nome em silêncio
Mas você não quer ouvi-lo agora.
Então Bill, eu prometo nunca mais interferir em sua vida.
FLASH BACK on
- Você podia ao menos uma vez me escutar Bill?! – eu gritava pra ele.
- Pra que?! Pra escutar você dizendo o que eu devo ou não fazer?! – ele gritou de volta.
FLASH BACK off
Eu prometo nunca mais atrapalhar você. FLASH BACK on
- Bill, amor... – eu o chamava.
- Hum? – ele apenas murmurou, sem tirar os olhos dos papéis à sua frente.
- Bill, olhe pra mim! – exigi.
- Pode falar, eu estou ouvindo. – ele tornou a dizer, sem novamente desviar os olhos dos papéis.
- Pode olhar pra mim quando falo com você, Bill? – gritei.
- Dá pra falar logo o que você quer, ()?! Eu estou ocupado e você está me atrapalhando.
FLASH BACK off
Eu prometo nunca mais fazer parte da sua vida. Prometo nunca mais acreditar que você me ama.
Os olhos da cidade
Estão contando as lágrimas que caem
Cada lagrima é uma promessa de tudo
Que você nunca saberá.
BILL
Estava no quarto. Assistindo um programa qualquer na TV. Mas a minha mente estava nela. Como eu pude ter sido tão bobo?! Por que não acreditei nela?! Eu a amava. Ainda amo, na verdade.
E agora, única e exclusivamente por culpa minha, ela estava por aí. Em qualquer lugar, e eu não sabia onde. Tudo por culpa minha!
Uma batida na porta.
- Não quero ver ninguém. – eu murmuro.
- Bill, cara! Precisa abrir essa porta. – é Tom.
- Pra que? – minha voz sai fraca, por causa do choro.
- Precisa me escutar. É sobre a (). – ele diz.
Eu levanto da cama, vou em direção à porta. Abro-a. Pergunto a ele:
- O que você quer?
- Eu sei onde ela está. – ele responde.
- Onde ela está, Tom? – eu pergunto. A voz triste, mas ao mesmo tempo curiosa e preocupada.
- Bill, lave este rosto primeiro. – ele diz.
- Onde ela está, Tom?! – grito. – Custa me dizer?!
- Calma, cara. – ele tenta.
- Eu preciso saber, Tom! – grito. Mas a voz logo diminui. – Não posso perdê-la novamente.
Passo por Tom e vou em direção à sala. Lá está a irmã dela e os outros integrantes da banda, sentados nos sofás. A TV ligada. A irmã dela me olha, os olhos desesperados, e pergunta:
- Ele já te falou?
- O que? – pergunto, sem entender.
- Ele já te falou onde ela está? – ela torna a perguntar. Tom chega à sala.
- Não... Onde ela está, ()? – pergunto.
Ela nada responde, apenas empurra com a cabeça para o noticiário na TV.
Meus olhos se arregalam ao olhar. Saio da casa, e vou para a rua. Atrás de mim, alguém pergunta:
- Onde ele vai?!
- Tentar impedir a () de fazer uma besteira. – outro responde.
Não pego nenhum carro. Vou andando.
- Por favor, (). Não pule. – peço baixo. Sabendo que ela não ouviria, mas em uma espécie de prece.
Eu grito durante a noite por você
Não torne isso real
Não pule
As luzes não vão te guiar
Elas estão enganando você
Não pule
Não deixe as lembranças irem embora
De mim e de você
O mundo está lá em baixo
Fora de vista
Por favor, não pule!
Continuo andando. Os detalhes da roupa balançavam. Mas eu não me importava. Começo a correr. Dentro de instantes, chego ao prédio.
A polícia estava lá, junto com mais algumas outras pessoas que moravam perto daquele prédio abandonado. Olho () perto de um dos policiais. Aproximo-me dela, e pergunto:
- Como você...?
- Peguei um carro, cheguei antes de você por isso. – ela responde. Mas logo a sua face volta a ficar preocupada e alarmada. – Bill, por favor. Tente impedi-la! Não deixe que ela faça essa besteira.
Levanto a cabeça, e a vejo lá em cima. No teto do velho prédio.
- Não vou deixá-la pular, . – falo, como se ela pudesse ouvir daquela altura.
Corro, rasgo as faixas que impediam alguém de entrar no prédio. Chego mais perto da porta, e levanto minha cabeça outra vez, para olhá-la.
Você abre seus olhos
Mas não consegue lembrar por que
A neve cai lentamente
você apenas não a sente mais
Em algum lugar lá em cima
você se perdeu na sua própria dor
você sonha com o fim
Para começar tudo de novo
Subia as escadas, mas eram tantas que pareciam não ter fim. Minhas forças iam embora, e eu parei. Respirei fundo, e então as subi novamente.
Finalmente consegui chegar ao topo. Corri até ela. Parei quando cheguei perto. Ela olhou para o lado e me viu.
- O que está fazendo aqui, Bill? – ela pergunta.
- Por favor, . Não pule! – eu pedia.
- Eu vou pular, Bill. E você não vai me impedir! – ela grita.
- Por favor, . Eu te amo! – eu grito. Foi tão alto, que acho que até as pessoas lá embaixo ouviram.
Ela recuou, mas disse:
- Eu não acredito mais em você, Bill.
Eu não sei por quanto tempo
Eu posso te segurar tão forte
Eu não sei por quanto tempo
Apenas pegue a minha mão
Eu vou te dar uma chance
Não pule
- Eu vou pular. – ela disse. Mas não deu um passo sequer.
- Por favor, ! Acredite em mim! – eu gritei. – Não Pule!
- Não acreditarei mais em você, Bill. – ela disse. – Nunca mais.
Não pule!
E se nada puder te fazer voltar atrás
Eu pulo por você!
- E se eu... Pulasse por você? Você me perdoaria? – perguntei, com lágrimas nos olhos.
Não esperei sua resposta. Via em seu rosto que ela não acreditava no que eu falava. Mas então eu... Pulei.
Pulei na esperança de que ela voltasse atrás na sua palavra, e acreditasse em mim. Por que eu realmente a amava. Aos poucos, senti minha alma sendo levada. E então a minha certeza aumentou:
Eu realmente a amava.
Bati a cabeça no chão. E antes que morresse, murmurei: - Eu a amo, fiz isso por ela. Espero que ela acredite em mim.
()
Um dia se passou. Eu não conseguia acreditar, ele morreu por mim. E eu como idiota, não acreditei nele. Mas agora eu choro, e penso: “Eu o amo”.
Isso é o pior. Amar alguém com todo o coração e saber que nunca mais poderia ter essa pessoa de você. E tudo por sua própria culpa. Bill Kaulitz morreu por mim.
Mas de uma coisa eu sabia: Nunca iria esquecê-lo.
Os anos se passaram. A banda acabou naquele dia. Diziam que não seria o mesmo sem ele, não obteriam o mesmo sucesso e não adiantava que botassem outro para cantar. Nunca seria a mesma coisa sem ele. Tudo mudou sem ele aqui. Nunca mais amei ninguém, pois não conseguia esquecê-lo. Algumas pessoas me odeiam, e dizem que tudo foi culpa minha. Eu sei que a culpa é minha, e é por isso que eu mesma me odeio.
Mas eu nunca irei esquecê-lo. Por que ele é pra sempre. Ele sempre vai estar em meu coração. Bill Kaulitz é eterno.