Tá, eu acho que a primeira coisa (e talvez uma das mais importantes) que você deve saber sobre mim, é que eu sou desligada. Mas sou aquele tipo de desligada que atravessa a rua mesmo quando vejo um carro passando e só não fui atropelada até hoje porque existe algum tipo de força maior, algum anjo da guarda lá em cima rezando por mim. Se vocês ainda não entenderam o que eu quero dizer, vão entender agora. Eu vou contar exatamente como tudo aconteceu..
TRÊS ANOS ATRÁS.
- DROGA, ! VAMOS LOGO!
- Calma, calma! Eu tô me arrumando, não tá vendo? - Meu irmão, aquele mala, me enchendo o saco só porque ele quer sair com os amigos dele e a mamãe o mandou me dar carona até a night club - que ela pensava que era a casa da minha amiga, .
- Aham, notei isso há DUAS HORAS atrás!
- Cala a boca, James! - Desci as escadas correndo (quase caindo) e ainda terminando de colocar o brinco e peguei a bolsa em cima da mesinha.
- WHOA! Tá ligada que você só tem 15 anos?! Que tamanho de vestido é esse?! Pode ir lá trocar de roupa!!
Aí, com essa eu ri muito. Rolei os olhos numa expressão "até parece" e fui embora.
- TCHAU, MÃE! THAU, PAI!
- , se você realmente acha que eu vou te levar com essa roup...
- Shhh, Jims. Você não tem direito de opinião aqui.
Falei isso e saí de casa, fechando a porta atrás de mim e indo em direção ao carro do meu irmão.
- Awww, ! Tá com tudo, hein? Ninguém dá 15 anos pra essa menina!
Ouvi o Paul, um dos mongolóides amigos do meu irmão comentar, e vi de canto de olho que ele quase apanhou do Jimmy. Apenas ri meio sem jeito e entrei no carro. No banco da frente, claro. Jimmy, protetor do jeito que era, nunca ia deixar que eu me espremesse no banco de trás com 4 garotos de vinte e poucos anos e como dizia o meu pai, com hormônios à flor da pele.
Quando cheguei lá, a primeira coisa que fiz foi mandar uma mensagem pra dizendo que já estava lá, e pedindo pra ela me dar o nome do primo dela que trabalha na boate pra que eu pudesse entrar. Não que eu tivesse grandes problemas com isso. Como o Paul mesmo disse, 15 anos ninguém me dava.
Consegui entrar, e fiquei caçando a . É óbvio que antes mesmo que eu a achasse, já foram uns caras tentando algo pra cima de mim. É óbvio também que eu não dei bola. Fui encontrar o ser dentro do banheiro feminino.
- ! - Cumprimentei-a com um beijinho na bochecha e um abraço.
- Hey, ! - Ela gritou. Senti uns olhos em minha direção.
- Isso, faça um escândalo!
- Oops, desculpa.
- Tudo bem. Ah, sabe o que eu ouvi dizer? Que o McFly vai dar um show aqui hoje.
- Ahm, McFly, aqueles da música I've Got You?
- Eles têm mais que uma música, sabe, ?
- Podem até ter, mas não têm mais do que uma música boa.
- Claro que tem! Cada uma mais linda que a outra!
- E eles? São bonitinhos?
- Cara, você só pensa nisso? E além do mais eu não sei, só conheço as músicas deles, não sei quem são de rosto. Só o que tá em capa de CD. Mesmo assim nem compro, baixo da internet. Nem aquele filme com a Lindsay Lohan que eles participaram eu vi.
- Bom, se eles derem mesmo o show aqui hoje, vamos descobrir. - Ela deu uma piscadela.
Eu rolei os olhos, e a vi pegando um brilho labial.
- Eu mal chego e você já tá retocando a maquiagem? - Perguntei brincando.
- Quem manda demorar demais? Cadê o Jimmy, falando nisso, hein? Ele bem que não é de se jogar fora.
- Ew, irmã dele na área. - Fiz uma cara de nojo.
Ela riu, jogou o brilho labial em sua bolsa, e saiu pela porta do banheiro, me puxando pela mão.
- Agora, vamos nos divertir!
- Nooooow you're talking! ;)
Na pista de dança, o que mais tinha era trapo. Ah, é, trapo. Trapo é o adjetivo que eu e usamos para definir garotos que se acham e não são nada. Tipo aqueles playboys cheios de espinhas na cara, mascando chiclete e quase chamando a gente de "princesa". Já tinha perdido as esperanças de ficar com alguém hoje quando senti cutucando em meu braço.
- Olha, aquele garoto não pára de te olhar. Ou ele realmente quer ficar com você, ou ele tá com torcicolo. - Ela riu da possibilidade que inventara.
- Uhm.. Ele até que é bonitinho. - Tentei fazer descaso.
- Bonitinho?! - Indagou .
Ele era moreno, tinha o cabelo meio comprido nos olhos, mas sem esconder o puro azul deles. Não consegui imaginar uma possível mistura de cor dos nossos olhos. Ambos azuis, mas tons diferentes. Parei de dançar do nada, e fiquei olhando ele se aproximar.
- Uhn.. Oi. - Ele estava sem graça, notava-se facilmente. Mas como ele era lindo!
- Oi.. - Eu franzi a testa, e sorri. Ainda tentando imaginar porque um garoto tão lindo viria falar comigo.
- Eu tava vendo você dançar e.. wow. Você é realmente linda.
Tá, ele conseguiu o que nenhum dos seis caras que chegaram em mim naquela noite conseguiu. Ele fez com que minhas bochechas ficassem quentes e vermelhas, e com que eu sentisse um arrepio ao ouvir sua voz. Havia algo de familiar nela, mas eu não sabia o quê.
- Er, obrigada. Sou . - Ele sorriu quando ouviu meu nome,
- ? Belo nome. Me chame de Danny.
- Danny.. - Por que era como se eu já o conhecesse de algum lugar?
Fui me afastando da pista de dança, procurando um lugar que estivesse menos lotado, e mais quieto. Ele me seguia. Achei uma portinha que dava pra uma escadinha, que dava pro terraço. Subimos lá, ouvindo apenas murmúrios da festa.
- Então, você sempre tá por aqui? Oh Gosh, isso soou muito clichê. Mas não é assim, é só que eu nunca vim aqui aí eu queria que--enfim.. Queria saber se você está familiarizada com esse lugar.. - Ele coçou a cabeça. Parecia desajeitado, e isso o deixava muito fofo.
- Ahm, eu venho aqui sempre que o primo da minha amiga me deixa entrar sem pedir identidade.
- Ah, quer dizer que você não tem 21 anos?
- 21? Não tenho nem 18! Por que é que eu estou te falando isso? Espero que não seja um policial que meus pais contrataram, ou sei lá! Eu devia estar numa festa do pijama na casa da-- de uma amiga.
Ele riu.
- E seus pais deveriam acreditar que você ia com uma roupa assim pra casa de uma amiga pra uma festa do pijama? C'mon!
- Qual é a de todo mundo de criticar a minha roupa hoje?
- Não, eu não critiquei. Muito pelo contrário. Você está.. Deslumbrante.
Ok, eu me derreti. Aquela voz meio rouca, aquele jeito de falar, aqueles olhos! Ele não poderia existir.
- Obrigada. - Dei uma cotovelada leve nele e ri baixinho. - E aí, você disse que nunca veio aqui.. O que te trouxe?
- Na verdade, minha b---
- Ah, sabia que ouvi dizer que o McFly vai apresentar aqui hoje? O quão legal é isso?? Oh, desculpa! Eu te interrompi, continua..
- Nada não, o que você disse é muito mais.. Interessante. Quer dizer então que o McFly vem aqui, né? Você gosta deles?
- Ah, assim, eu não conheço muito. Mas eles são muito legais! Ei, você também é um fã?
Disse, enquanto sentei em um banco feito de cimento, por ali. Ele sentou ao meu lado, se virou pra mim e disse:
- Acho que pode-se dizer que eu também sou, é.
- Uhn, que bom! Algo que temos em comum.
- É, algo que temos em comum.
Ele repetiu minhas exatas palavras e abriu um sorriso com elas. Correspondi seu sorriso, e fiquei olhando em seus olhos feita uma mongol.
Ficamos conversando por um bom tempo, o suficiente pra eu receber 12 mensagens da perguntando se ele era um estuprador e se eu estava bem.
- Quantos anos você tem, afinal? - Ele franziu a testa, numa expressão de dúvida.
- Quantos anos você me dá? - Eu mordi o lábio inferior, abrindo um sorriso meio torto, chegando um pouco mais próxima a ele no banco.
- Bom, agora que eu sei que você não tem nem 18, acho que eu fico com um número menor. 17?
Balancei a cabeça negativamente, e falei num sussurro:
- Isso realmente importa?
Levei uma das minhas mãos até a sua nuca e o trouxe pra mais perto. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Sentia meu corpo todo tremendo, e um calor que vinha inexplicavelmente pelas minhas veias. Nunca tinha me oferecido daquela maneira pra um garoto, sempre fui estranhamente tímida.
- Se você me prometer que eu não vou preso, isso nunca importou.
Ele falou no mesmo tom de voz que eu, e depois riu baixinho. Senti a palma da sua mão encostar em minha face, e fechei os olhos ao sentir sua aproximação. Estávamos tão perto que eu sentia sua respiração sem dificuldade nenhuma. Foi então que sua mão livre foi parar em minha cintura, me puxando pra mais perto. Agora não tinha mais escapatória. Entrelacei meus dedos em seu cabelo ao sentir nossos lábios se encontrarem. Sua mão deslizou para minha nuca, e ele pressionava minha cintura de um jeito adorável conforme o ritmo do beijo foi aumentando.
Aquele era o momento que eu sempre havia sonhado. Era o garoto perfeito, era o local perfeito (tirando todas as pessoas bêbadas e vomitando lá em baixo).
E então nossos lábios se separaram, totalmente contra a minha vontade. Deslizei minha mão até o seu rosto e olhei em seus olhos.
- Vamos voltar lá pra dentro?
Eu não queria. Eu queria ficar lá, com ele. Mas eu acordei pra vida e concordei em voltar. Além do mais, a devia estar mais do que desesperada comigo. Isso é, se ela ainda não conheceu ninguém. E quando eu digo ninguém, é algum garoto.
Danny segurou minha mão e voltamos para aquele lugar lotado e barulhento. Depois de alguns minutos na pista de dança, mais nos beijando do que dançando, eu ouvi:
"QUEM ESTÁ PRONTO PRA MCFLY?? SAY IT LOOOOOUD!! É, ELES ESTÃO AQUI! E VÃO ESQUENTAR ESSE LUGAR! MCFLY, EM APENAS ALGUNS MINUTOS, AO VIVO PRA VOCÊS!!"
Depois disso, Danny disse:
- Essa é a minha deixa.
Ele me deu um selinho demorado.
- Ei? Como assim? Mas o McFly vai tocar agora e---
Ele riu, e eu não tinha entendido nada. Mas agora já era, ele já tinha ido embora. Na hora eu fiquei com raiva. Quero dizer, ele nem me deu o telefone dele! E foi embora, DO NADA! Mas depois eu resolvi deixar pra lá e fui procurar a .
Ah, é claro que as mensagens preocupadas haviam parado. Encontrei-a se amassando com um loirinho (provavelmente um Trapo) numa pilastra de uma maneira muito.. Curiosa. Resolvi deixá-la lá e dar meia volta, quando notei que as luzes se apagaram e uma voz muito familiar começou a falar:
- Hoje.. Eu conheci uma garota muito especial. O incrível é que eu acho que ela nem sabe quem eu sou!
É claro que todos riram disso. E pode até parecer idiotice, mas no momento eu nem me liguei de nada. E ainda pensei "quem seria doida de não saber quem é o Danny do McFly?". E foi só quando eu falei o nome dele em pensamento, que eu comecei associar as coisas. Mas antes que eu me desse conta de tudo, a voz sexy continuou:
- Então, vamos tocar uma música que não havíamos planejado cantar esta noite.
Nesse momento as luzes se acenderam, e eu pude vê-lo lá em cima, aquele mesmo sorriso perfeito, aquele mesmo cabelo desarrumado caído nos olhos perfeitamente azuis e redondos, aquele mesmo Danny. E ele estava errado, completamente. O incrível não era que eu não sabia quem ele era. O incrível era que o Danny Jones, o vocalista do McFly era o meu Danny.
- , essa é pra você.
Eles começaram a tocar Walk In The Sun. Não, isso só podia ser um sonho! Não que eu fosse tão fã deles assim (afinal, eu nem sabia quem o Danny era), mas era a maneira perfeita de acontecer o algo mais imperfeito que você possa vir a saber.
Danny começou a música, e eu notava que ele me procurava com os olhos pela multidão. Acho que foi o momento mais.. Indescritível da minha vida.
- I wonder if someday I'll be good with goodbyes, but I'll be okay if you come along with me.
Ao dizer isso, seus olhos desesperados encontraram os meus, e ele sorriu, de uma maneira que eu nunca imaginei que eu pudesse ver alguém sorrir. Tão sincero e aliviado, acho que eu paralisei, no meio da pista de dança. Com tantas pessoas se mexendo, tudo que eu conseguia pensar é que o que aconteceu comigo era algo que milhões e milhões de garotas sonham pra vida delas.
Depois de uma série de músicas, eles pararam de tocar. Eles desceram do palco e deram alguns (muitos) autógrafos pra fãs doidas. Eu estava envergonhada e confusa demais pra ir até Danny e falar com ele. Há poucos minutos ele era apenas um garoto que eu conheci numa boate, mas agora ele é o vocalista do McFly. Será que ainda assim eu poderia ir lá falar com ele? Mas ele fez uma homenagem pra mim, certo? Eu não sabia o que fazer, então eu resolvi subir, fui até o terraço onde a gente se beijou pela primeira vez. Estava frio, e o vento batendo em meu rosto era uma sensação boa. Recebi outras 300 mensagens da perguntando se eu era a de que o Danny estava falando, já que ela se lembrou que ele era o garoto que ficava me encarando de maneira tão.. fixa. Respondi apenas com um "Yep", e sentei naquele banquinho. Poucos minutos se passaram até eu ouvir uma certa voz bem familiar, e agora mais do que nunca, inconfundível.
- Hey. - Ele disse. Eu virei para trás e o vi.
- Hey. - Eu abri um sorriso.
- Pensei que te encontraria aqui. - Ele abriu um outro, só que diferentemente do meu, perfeito.
- O que você fez lá em cima.. Foi bem.. Legal. - Tá, eu não sabia o que dizer!
- Um, que bom que gostou. Surpresa?
- Um pouco. Unh, talvez eu ainda esteja em estado de choque.
Eu ri baixinho, e ele me acompanhou. Desviei meu olhar pro chão, ainda sem graça e sem a menor noção do que fazer ou dizer.
- Sabe, eu gostei muito de ter te conhecido. Você é uma garota um tanto...
- Desligada? - Eu completei sua frase, procurando seus olhos e abrindo um sorriso descontraído ao achá-los.
- É, acho que isso também. - O som do riso dele soava literalmente como música. - Mas eu gostei. Eu gostei de ter conhecido alguém que não sabia, de certo modo, quem eu era.
- Não é como se você fosse feio o bastante pra repulsar garotas, sabe? - Eu disse, rindo baixo e me levantando do banco, parando em frente à ele.
- Ah, fico feliz em saber que você pense assim.
Ouvi seu riso e logo depois senti sua mão tocar a minha e me puxar para perto. Eu fui, sem nem forças pra recusar. Seu braço envolveu minha cintura e ele levou sua mão livre até meu rosto, acariciando-o com o polegar. Não demorou muito até nos beijarmos. Nossos lábios se encaixavam de uma maneira tão natural, que não era preciso nenhum esforço. Levei uma das minhas mãos até sua nuca, onde acariciei com as pontas dos dedos e depois os entrelacei em seu cabelo. Tudo parecia tão certo, que eu nem lembrava que ele era Danny Jones. Naquele momento, ali comigo, naquela noite e naquela boate, ele era apenas meu Danny.
Ele cortou o beijo, mas manteve nossos lábios colados, e sussurrou algo:
- Quantos anos você tem mesmo?
- 15. Pode deixar que eu não vou te denunciar. Minha mãe talvez, mas eu não.
Ele riu baixinho e voltou a me beijar, era uma sensação diferente de qualquer outra que eu já havia sentido. Não tô dizendo que eu estava caindo de amores por ele, ou algo do tipo. Mas tinha algo de diferente no jeito que ele me olhava, no jeito que a gente combinava, e eu sei que ele também se sentia assim.
De repente eu ouvi alguém gritar por ele de uma maneira muito amorosa:
- DANNY, PORRA, CADÊ VOCÊ? QUE MERDA, A GENTE TEM QUE IR!
Seus lábios se separaram dos meus quando ele virou o rosto e se deparou com três garotos suados olhando pra gente.
- Aaaaaah, agora eu entendi porque tanto você falou nessa garota antes do show! - Implicou Dougie. Na verdade, eu acho que era o Dougie.
- Não se saiu mal, hein? - Harry brincou, piscando pra mim.
Não é nem preciso falar que eu corei, certo?
- Que foi? A gente tem que ir? Por quê? – Senti ele pressionar meu corpo contra o dele, como se ele se recusasse a me deixar aqui.
- Unh, a gente tem um show, se lembra?? - Tom parecia um pouco irritado, o que me fez ter vontade de rir. Porém, eu me contive.
- Ahm.. é, pois é. - Seus olhos se voltaram para mim, e ele murmurou em meu ouvido - O que acha de um show do McFly agora? Com direito a camarim e tudo? - Depois ele mordiscou a pontinha da minha orelha, o que me deixou toda arrepiada.
- Uhm, não me parece má idéia. Posso levar um acompanhante? - Ele ficou sério, franziu a testa. Ouvi uns sussurros e risos de fundo, vindo dos meninos.
- Minha amiga, . - Todos riram, inclusive Danny.
- Acho que tudo bem se você levá-la. - Ele riu, e me deu um selinho demorado.
Depois de lá, fomos ao show, e passamos a nos ver constantemente. Sempre saíamos com os meninos, e eu e Danny fomos ficando cada vez mais próximos. Tá certo que quando eles entravam em turnê eu não podia ir junto (o que me deixava toda enciumada até ele dizer que nenhuma garota era eu e por isso elas não importavam), mas ele sempre me ligava, e mandava cartões portais. Me lembro de uma vez que eu recebi um buquê de flores no meio de uma aula de biologia, enquanto dissecava um sapo. Nunca fui muito de romantismo, e Deus sabe como sou alérgica à flores, então não fiquei lá muito feliz com a surpresa. Isso até ver que as flores eram de plástico e no cartãozinho dizia: "Não quero te ver espirrando, espero que goste da surpresa."
Três meses se passaram, e eu estava completamente e irrevogavelmente apaixonada por ele. O único problema era que ele não sabia disso. Dizer um "eu te amo" pela primeira vez (ou qualquer vez) nunca foi meu forte.
Estávamos conversando, no meu quarto. Meus pais haviam saído pelo fim de semana e eu estava sozinha com ele em casa. Começamos a falar bobagens, e a fazer planos pras minhas férias, e ele disse que estaria em turnê. Me chamou pra ir junto, e eu aceitei na hora. De repente ele ficou meio sério e disse:
- , eu tenho que falar com você.
Comecei a suar frio. Pensei que ele poderia querer terminar comigo, mas não faria sentido, já que ele me chamou pra passar as férias de verão com ele, em turnê pelo mundo. Pensei que ele podia ter me traído com alguma fãzinha de quinta dele, mas não acho que ele faria isso comigo. Então resolvi apenas escutar.
- Diga..
- De um tempo pra cá.. Eu vim, sabe, notando como a gente se diverte juntos, e como você é diferente de qualquer outra garota..
- Uhm...?
- E já faz um tempo que a gente tá namorando..
- E..
- Então eu só queria te dizer que.. Que eu nunca me senti desse jeito, e que eu amo você.
Suas palavras saíram da boca como num susto. Rápido e confuso. Mas eu ouvi. E eu tinha ouvido com muita clareza, por sinal. Nunca ia imaginar que ele pudesse dizer isso. Não agora, nessas circunstâncias. Eu abri um sorriso largo, e respondi calmamente:
- Eu também te amo.
- O quê? - Não sei porquê, mas ele parecia espantado.
- Eu te amo, oras.
Segurei meu lábio inferior com os dentes, mas sem fazer força. Levei minha mão até a sua e fiz carinho nela, depois sorri, olhando pra ele. Ele retribuiu o sorriso, e apenas aproximou seu rosto do meu, selando nossos lábios em um beijo, mais do que nunca, apaixonado. Levei minha mão até seu rosto, e ele me puxou pela cintura com voracidade, colando nossos corpos de uma maneira que não era possível querer sair. Senti sua mão deslizar pelas minhas costas, e dessa vez, senti o calor de sua pele na minha. Foi quando percebi que Danny havia levantado minha blusa, um pouco mais do que normalmente fazia. Não soube direito o que fazer, mas senti que deveria continuar com aquilo. Ele me deitou na cama e se deitou por cima de mim, deslizando a palma da mão pela minha cintura, ainda me beijando. Eu puxei a camisa dele desajeitadamente, e ele terminou de tirá-la. Não era como se eu nunca tivesse o visto sem camisa, mas dessa vez era diferente. Ele parecia tremendamente.. Irresistível. Nossas respirações estavam ofegantes, e ambos sabíamos exatamente onde isso ia dar. O calor dos nossos corpos me mantinha aquecida, não precisava de mais nada para nos cobrir. Quando percebi, já era tarde demais pra recuar. Não que em algum momento eu tenha pensado em recuar. O resto você já sabe.
Senti o peso de seu corpo suado sair de cima do meu, e Danny rolou para o meu lado na cama, me abraçando depois do que havia acontecido. Ele pressionou seus lábios em minha testa, enquanto acariciava meu cabelo, e sussurrou:
- Bons sonhos.
Eu sorri, cerrando meus olhos devagar, rezando para que esse nunca terminasse.