Por: Bia. | Beta-reader: May Espadaro; | Revisão: Thai Barcella
- Dude, que dor de cabeça maldita! - Dougie recostou-se ao pequeno sofá de dois lugares, localizado no camarim.
- Você está reclamando o dia inteiro, Poynter. - Danny sentou-se ao lado do loiro.
- Deve ser porque a dor já passou há muito tempo, né, Jones?! - ele fechou os olhos, impaciente. Não estava tendo um de seus melhores dias. Havia essa incômoda dor de cabeça, as perguntas nada interessantes que tinha que responder a todos aqueles repórteres curiosos, um mau humor repentino que o fazia desejar apenas dormir naquele sofá e aquela incessante sensação de estar se esquecendo de algo importante. Sentiu algo sendo jogado em seu colo. Uma garrafa d'água e uma cartela de comprimidos.
- Valeu, Judd.
- Não precisa agradecer, cara. Se isso melhorar o seu humor, vai ser um favor para nós todos... - Harry mordeu uma maçã e se acomodou na cadeira em frente ao espelho.
- Hey, cadê o Fletcher? - Danny deu pela falta do amigo.
- Parece que ainda teve paciência para ficar lá respondendo umas perguntinhas extras...
- Eu estou com fome - resmungou Dougie fitando o teto.
"Espero que esse remédio faça efeito logo". Além de doer, sua cabeça estava cheia. Turnês sempre o deixavam assim. Todas as noites procurando as falhas no seu desempenho, e imaginando se lembraria de melhorar na noite seguinte. Ele sentia falta de sua própria cama para descansar. Sentia falta de seus bichos. Sentia falta de não ter que se preocupar com nada. Mas eram apenas motivos torpes e insignificantes perto da falta dela. Mais do que tudo, Dougie queria estar na cama com ela, queria vê-la brincar com Flea no quintal, queria não se preocupar com nada ao lado dela. Somente compartilhar a presença dela. Ainda podia sentir o cheiro que ela exalava no dia de sua despedida, o jeito como o seu cabelo lhe caía sobre a face, a luz em seus olhos brincando com as tímidas lágrimas que lutavam para sair. Sua voz, seu toque, seu beijo. Antes de prová-los as coisas eram mais fáceis. As turnês eram fundamentalmente divertidas, tudo era aliviado pelas risadas com os amigos, e a saudade não machucava tanto. As coisas eram mais fáceis, mas também não tão saborosas. "Se ao menos ela pudesse estar aqui comigo!". Se pudessem experimentar tudo juntos, não haveria espaço para dias mal-humorados. Aliás, o que ela deveria estar fazendo? Há dias não se falavam. Com toda a correria, não havia tempo de telefonar para casa. Ele ligaria naquele minuto se a dor de cabeça não estivesse tão forte. Até a dor lembrava-o dela. Como se fosse um lembrete constante de que agora ele não era mais o mesmo e nunca mais seria, estava marcado para a vida toda.
- Eu sou o único faminto aqui? - Tom perguntou, entrando no camarim.
- Não mesmo. Eu preciso de alguma coisa bem grande e calórica... - Danny fechou os olhos, mentalizando.
- Pizza! - disseram os outros três em uníssono.
- Hey, amanhã é o aniversário da ! - Dougie observava um calendário preso na parede enquanto Harry fazia o pedido.
- Amanhã? Eu sempre achei que o aniversário dela fosse dia 20 de outubro. - Tom comentou.
- Exatamente, gênio. Amanhã é dia 20, hoje não é sexta-feira?
- Sim, sexta-feira, gênio. Mas hoje é dia 22 de outubro! - Tom explicou.
- Não, é dia 19. Olha ali naquele calendário! - ele apontou para a parede.
- Aquele calendário ainda está no mês de setembro, Poynter. - Harry disse, antes que Tom pudesse falar, assim que desligou o telefone.
- Não, não pode ser! - Dougie analisou melhor o calendário e então arregalou os olhos, os amigos estavam certos sobre a folha ser de setembro. Mas eles simplesmente não podiam estar corretos sobre a data verdadeira. Virou uma folha e procurou o dia 20 de outubro: Quarta-feira.
- PUTA QUE PARIU!
- Poynter, você está pálido, cara! - Danny se preocupou.
- Ela vai me matar! – disse com a voz fraca.
- Ah, qual é... Foram só dois dias, ela vai entender. – Danny continuou.
- Não, ela não vai. – ele negava com a cabeça. – Era o aniversário dela! E eu esqueci, dude!
- Calma, é só você explicar o que aconteceu. Ligar para ela seria legal, não? – Harry sugeriu.
- E simplesmente admitir que eu esqueci? Você não está vendo a gravidade da situação, Judd?!
- Na verdade, acho que é você quem está exagerando. É óbvio que você vai dar um jeito.
- Um presente! A gente precisa achar o melhor presente para dar à ela, uma coisa que faça ela me desculpar.
- Er, a gente?
- Ah, Harry, não custa nada nós darmos uma força ao Dougie. Quer dizer, o cara está visivelmente desesperado.
- Valeu, Tom. – Dougie deu uma olhada rápida em seu celular. – Ainda são onze e vinte. A gente chega a Londres de madrugada, se nos apressarmos!
- Ei, ei, ei, calma aí. Londres? Nessa madrugada? – Fletcher reconsiderou. – Mas nós temos compromissos, Poynter.
- Porra, seu vira-casaca! Você disse que ia me ajudar.
- É, mas como eu iria adivinhar que você pretendia cancelar os compromissos e voltar para Londres?!
- Olha, eu vou com o Dougie – Danny se pôs ao lado do amigo – Qualquer coisa para sair da rotina.
- Vendo as coisas por esse lado... – Harry se opôs a Tom também. – Estou com o little boy.
- Eu sabia que podia contar com vocês.
- Espera aí, vocês não podem estar falando sério. Vão simplesmente abandonar nossos compromissos?
- Olha, Tom, eu até entendo que vão querer matar a gente por isso, mas a gente não vai faltar nenhum show, então nada de fãs decepcionados, e isso é o que importa. A gente só ia dar uma entrevista idiota amanhã, e a gente pode fazer isso por telefone. – Nem Dougie sabia de onde essa idéia havia surgido. A preocupação de não ser perdoado por ela o fazia reagir das maneiras mais diferentes, dessa vez o ajudando a convencer Tom Fletcher a escapar no meio de uma turnê.
- Er, bom, é uma idéia, mas...
- Viu, você não consegue nem achar uma desculpa plausível para não ir com a gente. Tom, por favor, me ajuda.
Os dois loiros se encaram por alguns instantes. Os olhos azuis suplicantes, os castanhos amolecendo à medida que a idéia tomava lugar em sua cabeça.
- Só digo sim se você prometer fazer a entrevista por telefone e se estivermos de volta em dois dias.
- Feito! – Dougie abraçou o amigo e lhe estalou um beijo na bochecha. – Agora, vamos. Nós temos que arrumar um veículo, talvez o ônibus não seja muito discreto.
- Dude, tem um bilhão de vans ali fora prontas para serem roubadas. – Harry levantou uma sobrancelha.
- Isso, boa idéia. Vamos revezar a direção, mas agora eu vou precisar dar uns telefonemas, então se resolvam aí. – Dougie pegou o celular, e se desligou dos outros três. Eles o miravam com os olhos cerrados.
- Por que a gente está ajudando esse abusadinho mesmo? – Harry mantinha as sobrancelhas erguidas.
- Porque ele é nosso amigo e está desesperado... – Tom deu de ombros e seguiu para a porta.
- Porque a gente também quer sair daqui! – Danny disse só para Harry ouvir, dando um tapinha em seu ombro.
- É, isso faz mais sentido.
Eles chegaram à van sem maiores dificuldades, e Tom conseguiu abrir e fazer ligação direta no carro, para o espanto dos amigos.
- Como..?
- Eu vivia esquecendo a chave do carro trancada dentro dele. E sobre a ligação direta, bom, eu vejo muitos filmes! – ele fez pouco caso.
- Ok, deixa isso pra lá. Eu tenho um plano. – Dougie esfregou uma mão na outra, o olhar ansioso, os lábios finos apertados num pequeno sorriso. Os outros escutavam atentamente o garoto, enquanto Tom dirigia em direção à estrada.
***
- Alô?! – Uma mal humorada atendeu ao telefone.
- Hey, babe. – Dougie tentou a máximo manter um tom seguro, mas a voz saiu traiçoeiramente falha.
- Adeus, Poynter! – desligou sem dar ao outro uma chance de resposta.
- ! – indignou-se com a atitude da amiga.
- Que foi?
- Como assim? Você nem ao menos o deixou se explicar.
- Eu não quero ouvir explicações, !
- Não seja tão radical, ele não cometeu nem um erro imperdoável.
- Já se passaram dois dias e ele liga hoje dizendo "hey, babe" como se absolutamente nada de diferente tivesse acontecido!
- Mas ele ia se desculpar e você sabe disso.
- , por favor, me deixa ter raiva dele! Esquecer o meu aniversário depois de dois anos já é demais pra mim.
- Ele não deve se lembrar nem mesmo do próprio aniversário.
- Bom, ele se lembrou do seu aniversário.
- Mas infernizei ele por causa disso dois dias antes, disse que tinha certeza que ele iria se esquecer, então não conta, ele teve ajuda.
- Mas você não é a namorada dele. Não é você quem ele diz amar. Eu me recuso a ter que implorar para que ele se lembre sobre o meu aniversário. Talvez esse seja o problema, ele pode ter se esquecido de se lembrar de mim.
O som da campainha não fez o olhar decepcionado de ir embora. estava prestes a retrucar a constatação da amiga, mas calou-se.
- ?
- Er, oi . – sorriu para a dona da casa. – Tudo bem?
- Na verdade, não! – foi sincera. – O que te trouxe aqui?
Durante os anos, Dougie e acabaram criando um forte laço de amizade. Era como se fosse a irmã mais velha que Dougie precisava para ajudá-lo nos momentos de apuros, ou para dar broncas nos momentos apropriados. , então, aprendeu a lidar com a presença da garota e não conseguia mais se sentir enciumada por isso. Não que tenha sido particularmente fácil para no início. Mas aquilo era passado, não havia o que duvidar sobre o relacionamento dos dois. Claro, o fato de ter estabelecido um namoro duradouro com Danny Hall ajudava bastante. No final das contas, ela tinha que admitir que, às vezes, estava sendo uma amiga para ela também. Nada disso, porém, era capaz de controlar o mau humor de .
- Bom, eu estava passando por aqui e lembrei que ainda não tive a chance de lhe entregar o seu presente de aniversário. – colocou a caixinha retangular azul escura que estava em suas mãos nas mãos de , que parecia surpresa.
- Você não precisava ter se incomodado. – ela levantou os olhos da caixa para encarar a morena. – Entra, .
Enquanto ela entrava, desembrulhava o presente. Havia uma pulseira prateada simples com apenas uma estrela como pingente.
- Hall me ajudou a escolher.
- É muito bonita, mas vocês realmente não precisavam se importar. Obrigada, de qualquer forma.
- , quem era? – adentrou o hall da casa da amiga.
- É a , veio trazer meu presente.
- Hey! – elas se cumprimentaram.
- Então, , você sabe se o Dougie demora a voltar da turnê? Eu realmente precisava falar com ele. – perguntou, ignorando os gestos de para que ela não tocasse no assunto.
- Eu espero que ele não volte tão cedo, se você quer saber. – ela rumou para a cozinha, e as outras duas a seguiram.
- Aconteceu alguma coisa entre vocês, ?
- Mais precisamente, , não aconteceu alguma coisa.
- Dougie não lembrou do aniversário dela... – explicou.
- Não lembrou? Talvez ele só não tenha conseguido ligar para você. Sabe, turnês são sempre complicadas. – tentou se explicar pelo amigo.
- Até a semana passada nós nos falávamos quase todos os dias. E, bom, ele poderia ter se esforçado um pouco se tivesse lembrado, não?! Quer dizer, até você e o Hall lembraram.
- Er, bom, sim, mas...
- Mas nada, você não precisa defender ele. Não adianta, ok?
- Ah, isso é verdade, ela está irritantemente irredutível.
- Por favor, não comecem. Eu estou com dor de cabeça há dois dias, não tenho paciência para isso agora.
- Acho que você tem razão, está precisando descansar, . Por que você não toma um banho para nós sairmos mais tarde?
- Sair?
- É, a gente te leva num bar para encher a cara, como se deve fazer numa situação dessa, não é mesmo, ? – disse rápido.
- Er, claro! – não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas sair para encher a cara era bem aceitável.
- É uma boa idéia, na verdade. Estarei lá em cima, me afogando na banheira, se comportem aqui embaixo. – deixou as amigas, subiu as escadas e se dirigiu ao seu quarto. Analisava cada detalhe do quarto vazio enquanto se despia. Os lençóis da cama estavam perfeitamente alinhados, mas ela preferia quando eles estavam bagunçados. Não havia uma única peça de roupa no chão, mas ela já havia se acostumado com as meias sujas embaixo da cama. Foi encher a banheira e reparou que a tampa do vaso estava abaixada, Dougie sempre a esquecia levantada. Seu olhar se fixou no telefone em cima da mesa de cabeceira. Como odiava aquele objeto inanimado por não ter tocado há dois dias. Não precisava de presentes caros ou grandes celebrações, queria apenas ter a certeza de que ele se lembrava dela. odiava essa insegurança. Não conseguia evitar o sentimento, porém, a toda hora era lembrada de que o seu namorado era um dos homens mais cobiçados da Inglaterra. E por isso ela odiava a distância. Incrível como podia odiar tantas coisas simplesmente por amá-lo. Entrou na banheira cheia com água quente e tentou relaxar. Fechou os olhos e se acomodou do melhor jeito que pôde. Cerca de quinze minutos se passaram até ela ouvir batidas na porta.
- ? – reconheceu a voz de chamando-a.
- Estou na banheira. O que foi? – falou alto.
- Telefone pra você.
- Mas eu nem ouvi tocar. – achou estranho.
- Mas tem um tal de John querendo falar com você, e disse que era importante.
- Tudo bem, eu atendo. Só um momento. – saiu do banheiro e se enrolou numa toalha antes de ir até o telefone. – Alô!
- Senhorita, ? – um homem desconhecido a perguntou. Ele tinha uma voz calma, segura.
- Sim, quem é?
- Meu nome é John, poderia aguardar um momento, por favor? – estranhou, mas concordou. Depois de alguns instantes outra pessoa atendeu no lugar dele.
- Não desliga o telefone, por favor! – Dougie implorou. – Me escuta, só por cinco minutos.
- Eu te dou três. – respondeu depois de um tempo, num sussurro. Dougie não desperdiçaria seu tempo.
- , olha, eu sei que eu errei, mas o tempo simplesmente passou tão rápido que eu não percebi. É vergonhoso eu ter esquecido a data. Eu prometo que isso nunca mais vai acontecer de novo, mas eu sei que isso não me livra da culpa. Mal posso acreditar que você já tem vinte e um, isso faz eu me sentir velho. De qualquer forma, eu não quero que pense que eu não me importo, eu vou te recompensar por isso. Não é que eu tenha me esquecido de você, eu não poderia, mesmo que quisesse. E às vezes até seria útil poder te esquecer, porque você está na minha cabeça o tempo todo, e a todo o momento eu desejo estar aí em casa. Acredite, pequena, eu estaria se pudesse. Por favor, me perdoa. E bom, eu sei que já se passou um dia ou dois, mas feliz aniversário.
não pôde evitar um suspiro, era uma reação ofegante à declaração do namorado. As palavras dele ecoavam em sua cabeça repetidamente, deixando-a ligeiramente tonta. Por uma fração de segundo já não tinha mais certeza da razão pela qual ele estava se desculpando. E então tudo voltou de uma vez, como se estivesse sóbria depois de uma excursão à embriaguez.
- Obrigada, Dougie. – disse em um só fôlego e então desligou.
Não conseguiria resistir à outra dose de palavras bem encaixadas em frases naquela voz que fazia seu coração bater mais rápido. Ela o amava, mas não poderia continuar vivendo daquela maneira. nunca fora o tipo dona-de-casa-que-espera-o-marido-contente. Tão pouco tinha um marido, mas sentia-se encarnando tal papel. Precisava de certezas, assim como ela dera a ele a certeza de que estaria em casa o esperando. Sempre. Mas conversas esporádicas ao telefone não asseguravam mais nada. O esquecimento de Dougie só fez alimentar o monstro da insegurança que havia se instalado em seu peito. Não aceitaria fazer o papel de Olivia, que abaixava a cabeça diante das traições de Danny. não estava com Dougie pelo status, eles se amavam. Mas e se ele tivesse cedido à tentação novamente? Dessa vez não pela dúvida, mas pela falta de contato físico. Homens eram tão mais suscetíveis a isso.
Depois de se recompor, foi até seu armário e tirou um vestido preto de lá. Não o escolheu pelo possível negativismo da cor, ela não acreditava nesse tipo de coisa, apenas amava a peça de roupa desde a primeira vez que a vira na loja. Ele a fazia sentir-se bem e era exatamente o que ela estava precisando. Encontrou e cochichando na cozinha.
- Você sabia que era ele, não é? – perguntou à .
- Quê? Ele quem? – a garota parecia estar confusa, mas reparou que desviou o olhar quando a encarou.
- Quer saber? Esquece! – ela meneou a cabeça e sorriu para as duas. – Aonde vão me levar?
- A conhece um lugar legal. – parecia aliviada pela troca de assunto.
- É, eu aposto que você vai adorar! – o sorriso dela foi tão sincero que se permitiu acreditar.
O lugar se tratava de um pub no centro de Londres. estranhou quando viu que ao redor estava praticamente vazio. Não tinha nada contra lugares mais reservados, mas os seus planos para a noite se resumiam em beber até ficar bêbada e curtir muito para tirar Dougie da cabeça. Mas ela não queria chamar atenção, tampouco. Quando entraram, ela se sentiu um pouco mais aliviada, havia pessoas o suficiente. Então ela notou uma pessoa em particular, sentada ao bar, com um copo meio vazio de cerveja na mão.
- Ok, , o quê a gente está fazendo aqui exatamente?
- A música ao vivo aqui é ótima! – ela sorriu, mas ao perceber que continuava impassível, lançou-a um olhar cansado. – Desculpa, , mas a minha tarefa era te trazer aqui, está bem? Ele realmente sente muito, eu só estou ajudando vocês.
- Então eu suponho que eu deva falar com ele... – ela apontou para o homem no bar. –... Agora, não é?!
- Exatamente! – respondeu.
- Você sabia?
- Ela me contou enquanto você estava no banho, eu tenho que admitir, o Poynter se superou dessa vez. – deu de ombros e foi se sentar com .
ocupou o lugar vazio ao lado do homem, que já havia começado a beber outro copo de cerveja. Ele a olhou e sorriu.
- Você sabe que ele praticamente nos seqüestrou e que se não fôssemos os donos da gravadora estaríamos muito mais que encrencados agora, não é?
- Oi para você também, Harry.
- Oi, ! – Harry deu um gole em sua bebida e ofereceu-a a garota, que recusou com a cabeça. – Você devia ter visto o desespero dele quando percebeu. O garoto quase molhou as calças.
- Por que é você aqui ao invés dele?
- Logo você vai entender. – Harry espiou por trás do ombro o pequeno palco montado para apresentações do lado direito do pub. seguiu seu olhar.
- Ele vai cantar?
- Não, todo mundo sabe que a voz dele não é muito privilegiada. Não seria um pedido de desculpas agradável.
- Espera aí. Aqueles são Tom e Danny? – ela se referiu aos dois que se preparavam no palco.
- Sim, e já não era sem tempo. – girou-se no seu assento para enxergá-los de frente, como havia feito.
- Hey, guys! – Danny sorria abertamente, fazendo Tom rir.
- Oi, gente. Importam-se se nós testarmos uma música nova hoje? – depois do consentimento da pequena platéia, ele prosseguiu. – Então, não se assustem, essa aqui foi escrita numa viagem de carro por um namorado desesperado que deixou os amigos enlouquecidos. Pronto, Danny? Um, dois, um dois, três.
Hey you
I know I'm in the wrong
Time flies
When you're having fun
You wake up
Another year is gone
You're twenty-one
sentiu seu estômago revirar a cada palavra que Danny cantava. Tentava processar todas as novas informações e a letra da música ao mesmo tempo. Dougie havia convencido o resto da banda a viajar de carro para Londres e havia escrito uma música para ela durante a viagem.
I guess you wanna know
Why I'm on the phone
It's been a day or so
I know it's kinda late
But happy birthday
Yeah yeah whoa oh
I know you hate me
Yeah yeah whoa oh
Well I miss you too
Yeah yeah I know
I know it's kinda late
But happy birthday
A garota não pôde deixar de rir dos amigos em cima do palco. Definitivamente, aquela música não entraria no repertório definitivo da banda. Mas não importava quantos "yeah yeah" eles haviam precisado usar para preencher a música, era dele para ela.
So hard
When you're far away
It's lame but I forgot the date
I won't make the same mistake
I'm so to blame
So now you know
Don't hang up the phone
I wish I was at home
I know it's way too late
But happy birthday
Tom cantou o verso em que Dougie declarava seu desejo por estar em casa. Mas, embora soubesse que provavelmente isso fosse parte de algum plano, ela não o havia visto ainda.
Yeah yeah whoa oh
I know you hate me
Yeah yeah whoa oh
Well I miss you too
Yeah yeah I know
I know it's kinda late
But happy birthday
It's not that I don't care
You know I'll make it up to you
If I could I'd be there
Se ele pudesse, ele estaria com ela. Tais palavras foram suficientes para extrair toda a insegurança que dominava o coração de . Ela acreditava nele agora. Bom, já acreditava antes, mas precisava de uma prova de que ele ainda queria estar com ela. Sentiu-se boba por ter se deixado levar pela instabilidade que a distância fornecia.
Yeah yeah whoa oh
Yeah yeah whoa oh
Well I miss you too
Yeah yeah I know
I know it's kinda late
But happy birthday
Yeah yeah whoa oh
I know you hate me
Yeah yeah whoa oh
Well I miss you too
Yeah yeah I know
I know it's kinda late
But happy birthday
To you
E, assim que a dupla terminou, se dirigiu a Harry.
- Onde ele está?
- Onde ele gostaria de ter ficado.
A resposta arrancou um grande sorriso da garota. Despediu-se de Harry e acenou para Danny e Tom. Encontrou balançando um chaveiro na porta do pub.
- Me faz o favor de não bater o carro, ok? – recomendou-a, entregando as chaves do veículo.
- Eu vou me esforçar! – piscou para a amiga e deu a partida.
A cidade estava vazia, o que facilitou o trajeto. Quando desligou o motor, ela apertou seus dedos na direção. Tantos dias separados e a possibilidade do reencontro a fazia hesitar. Não sabia o que falar, afinal, ela também o devia um pedido de desculpas por ter sido tão radical. Seus joelhos tremiam mais a cada passo que dava. Parou à porta de sua casa, havia um cartaz recém-colado nela: "Home is where the heart is". Entrou procurando por Dougie, mas não o encontrou de imediato. Apenas viu um embrulho com um bilhete em cima.
"Eu poderia lhe dar meu coração, mas ele já te pertence. - Dougie" Sentiu seu coração queimar dentro do peito e abriu o presente. Era simples, Dougie provavelmente não havia gasto um centavo com ele. Aquilo, porém, representava mais do que qualquer diamante poderia representar. Era uma moldura com uma foto recente sua. O porta-retrato que a mãe de Dougie dera a ele dois anos antes e que permanecera vazio todo esse tempo. Ele sempre dizia que devia ser uma imagem muito importante e ele ainda não tinha encontrado alguma. Na foto que agora o preenchia, estava sorrindo e seus olhos estavam bem abertos.
- Você está linda nessa foto, mais do que sempre foi. – a voz de Dougie veio como um golpe de ar em seus pulmões. se virou para vê-lo. Ele se mantinha afastado por alguns passos, claramente receoso com a reação da namorada. Mas ela não conseguiu mais obedecer a seu cérebro, ou ao menos conseguiu processar algum pensamento naquele instante. Apenas findou a distância e envolveu seus braços em volta do garoto, descansando a cabeça em seu peito. Ele retribuiu o abraço, a apertando pela cintura e erguendo-a ligeiramente do solo.
- Eu sei que não é nenhum anel numa caixinha quadrada, mas você sabe o quanto significa.
- Significa muito mais do qualquer anel, Dougie. Desculpe-me pelo modo que agi nesses últimos dias.
- Hey, tudo bem, eu mereci! – ele deu de ombros, ainda atado à ela.
- Não, Doug, eu exagerei. Quero dizer, você até fez uma música para se desculpar!
- Bom, isso não é tão difícil quando seu companheiro de viagem escreveu dez singles número um.
- Mesmo assim... – ela riu. –... Você, você veio. Só porque eu pirei quando você esqueceu o meu aniversário.
- Na verdade, eu adorei ter voltado. E além do mais, eu disse que iria te recompensar e é por isso que estou aqui.
- Você é a recompensa? Eu achei que envolveria diamantes! – brincou.
- A resposta é não para as duas coisas. A sua recompensa por agüentar ficar longe desse corpinho por tanto tempo e me perdoar pelo meu engano... – ele recebeu um cutucão nas costelas e riu. – A sua recompensa é não precisar mais ficar longe. Então, indiretamente, eu sou sua recompensa, sim.
- O quê você quer dizer com não precisar mais ficar longe?
- Você está oficialmente seqüestrada! – Dougie apertou o abraço. – A partir de agora, você é o primeiro item indispensável da minha mala.
- Me sinto realmente honrada de ter tomado o lugar das suas meias sujas. – eles riram.
- E eu me sinto idiota por não ter feito o convite antes.
- Eu já me conformei que amo um idiota, Dougie, aceite sua natureza! – ela sorriu, franzindo o nariz.
- Out. – ele fez uma careta. – Suponho que eu deva me conformar com o fato de amar uma cabeça-dura cruel, então.
- Acho que sim! – ela se aproximou do namorado e tocou seus lábios com os dela. E então tudo fez sentido. Dougie valia a insegurança, valia a espera, ele valia até mesmo a promessa de um para sempre, se tal coisa realmente existisse. Era ele para ela e ela para ele, e isso bastava. Tudo valia a pena, se aquela mão nunca mais se desfizesse da sua. E no olhar que Dougie a lançou quando finalmente se separaram, ela viu a certeza que lhe faltou enquanto ele estava fora. Ele a amava, então tudo estava certo. Dougie depositou um beijo em seu nariz e fez uma cara engraçada.
- , posso te perguntar uma coisa?
- Pode! – ela riu por antecipação, conhecia essa cara.
- Por acaso sobrou algum pedaço de bolo para mim?