Fuga Prevista – Vegas



Las Vegas, duas e vinte e seis AM.

 - Você estava ruiva da última vez, . – ele comentou, girando o revólver entre os dedos. Tinha certeza que um sorriso de canto dançava em seus lábios enquanto me encarava.
 - É, me lembro. – sorri igualmente, mesmo que ele não pudesse ver.
 Eu estava de costas, vasculhando as gavetas da cômoda de madeira escura de um dos quartos do hotel cassino mais luxuoso de Vegas.
 - Mas você fica bem loira.
 - Uh, você gosta? – o olhei por cima do ombro, com uma risada maliciosa.
 Abandonando a cômoda, segui para o closet. Passei por cima do corpo oriental que agonizava sob o tapete persa, sangrando com o tiro certeiro na cabeça.
 – Onde diabos está esse cartão? Que inferno. – resmunguei, buscando em todos os bolsos das calças e das camisas sociais.
 - Procure em algum lugar improvável, talvez. – sugeriu caminhando devagar pelo quarto, sem me perder um segundo sequer de vista.
 Rolei os olhos. Ele sabia o quanto eu odiava seus palpites. Como se eu não desse conta do meu trabalho, tsc.
 - Tipo dentro da sua cueca, como em Bariloche? – disse enquanto abria uma maleta preta e observava alguns papéis cuidadosamente.
 - Foi criativo. – ele riu sacana e eu o acompanhei.
 - Diga, foi o melhor boquete que você já recebeu na vida. – o olhei rapidamente, apenas admirando seu sorriso que era suficiente para responder minha pergunta.
 Voltei minha atenção para os papéis e, avaliando sua devida importância, os dobrei e os guardei no bolso interno do sobretudo preto que me cobria a lingerie igualmente preta que vestia. Levantei e vasculhei detalhadamente o quarto. Nada de estranho, exceto por um quadro ligeiramente torto em uma das paredes.
Um cofre é claro!
 Caminhei até o quadro e o retirei da parede, deixando-o no chão ao mesmo tempo em que se aproximava. De fato, havia um cofre, mas sua tranca estava notavelmente arrombada. Suspirei. É claro que ele já havia pegado o cartão e estava apenas brincando comigo. Burra. Sorri e o olhei.
 - Você adora fazer esse tipo de coisa, não?
 - A graça está em não deixar tudo de bandeja. – ele piscou, em seguida me puxando com força pela cintura para junto de si.
 Ri maliciosa, arrepiando ao sentir o cano de seu revólver, já destravado, percorrendo de baixo pra cima toda a lateral do meu corpo. Devagar, comecei a desabotoar sua camisa social branca, que sustentava seu distintivo de membro superior do FBI.
 - Não te dá medo? – perguntou, roçando sua arma pelo meu pescoço.
 - De você atirar? Haha. Nenhum. – ergui uma sobrancelha, deslizando as mãos por seu peito nu.
 - Eu podia te prender agora. – notei o fraquejo em sua voz.
 Rocei os lábios por seu maxilar até alcançar sua orelha.
 - Mas não vai... – sussurrei e passei a língua de leve pelo lóbulo, sentindo seu arrepio.
 Levei minha mão até a de , tomando sua arma lentamente e a deixando de lado. Olhei no fundo de seus olhos. A luxúria, a impotência, e aquele sentimento que ambos não conseguiam esconder transbordavam de suas íris . E não demorou a nossos lábios se encontrarem ferozes, sedentos um do outro.
 Fazia dois meses desde a última missão. O assassinato de um político argentino, chefe de uma organização que apresentava riscos à empresa a que sirvo. Cabia a mim apagá-lo e queimar os papéis que legalizavam a organização, além de recolher as fichas e todo o resto que era de importância aos meus superiores. E estava lá para me prender. E para matar as saudades também.
 Quando fui jogada na cama, meu sobretudo já estava em algum lugar do quarto junto as peças de roupa de . Ele beijava e chupava meu pescoço de uma forma tão gostosa que conter os gemidos era impossível. Suas mãos traçavam caminhos precisos e ousados, me provocando e atiçando. Passavam por minhas coxas e barriga, indo e vindo enquanto forçava sua intimidade por entre minhas pernas.
 Puxei seu cabelo com força, pouco me importando se isso o machucaria, e descendo minhas unhas por suas costas alcancei o cós de sua boxer branca. ficava incrivelmente gostoso de boxers, e mais ainda sem elas. Fui arrastando-a pra baixo, ao mesmo tempo em que sentia o sutiã afrouxar-se em meus seios. Suas mãos o alcançaram e apertaram com tanta saudade, que apenas me permiti fechar os olhos e deixar que os arrepios me tomassem por inteiro quando sua boca os alcançou.
 Toquei-lhe o membro, ouvindo um nítido gemido vindo de . Sorri. Comecei a provocá-lo, acariciando-o, sentindo-o pulsar cada vez que minha mão descia e subia por ele. ofegava, lambendo e mordiscando meus seios e colo. Não sei por quanto tempo ficamos naquilo, mas quando meu sexo implorou por algo mais, rolei com na cama até ficar por cima.
 - Você sempre por cima, já sei. – ele sorriu.
 - Aprendeu hm? – ri, deixando que minha calcinha escorregasse por minhas pernas.
 - Depois de tanta prática... – mordeu e puxou meu lábio inferior, sussurrando em seguida – Mas ainda vou mudar esse jogo.
 - Quem sabe na próxima missão? – pisquei.
 Apoiei minhas mãos em seu peito, arranhando-o e alisando-o, deixando minhas pernas cada uma de um lado de seu corpo. Devagar, comecei a roçar minha intimidade no membro duro de , que fechou os olhos e apertou minha cintura. Fui sentando em sua cabecinha, admirando as feições de prazer que não se policiava em conter.
 Fechei os olhos, deixando-me penetrar por aquele prazer que, confesso, me fazia falta. Que me viciava e entorpecia. Desde a nossa primeira transa, tive a certeza de que nenhum homem jamais seria capaz de me fazer mulher como fazia.
 Talvez cansado de tanta provocação, puxou-me com força contra si, ao mesmo tempo de uma investida quase animal. Gemi alto, deixando que ele se movimentasse rápido e me excitasse a ponto de me fazer suar. Apertei seus ombros, sentindo suas mãos me arranharem a lateral do corpo. Forcei-me contra ele, deixando todo seu membro dentro de mim e, rebolando, passei a me movimentar sobre ele.
abriu os olhos, sorrindo de canto. Levou as mãos até meus seios, apertando-os e massageando os mamilos. Desceu uma das mãos até minha bunda.
 - Gostosa... – e a ardência do tapa que recebi fora imediata. Mas eu gostava, ele sabia que eu gostava.

 Retoquei o batom vermelho frente ao espelho do closet. Chequei os bolsos do sobretudo. Arma, documentos, cartão. Ia caminhando em direção a sacada, que dava acesso direto ao heliponto do hotel.
 - . – me segurou pelo braço. – Até quando nós...?
 - Shh. – coloquei o dedo indicador sobre seus lábios, interrompendo-o. – Você sabe que não podemos ter esse tipo de conversa, .
 - Por favor... – sua mão me acariciou o rosto, seus olhos implorando por uma resposta.
 Forcei-me a negar com a cabeça, suspirando.
 Nossas bocas se encontraram num beijo calmo, de despedida. Sabíamos que em breve nos veríamos de novo. Em breve eu teria uma nova missão, e , como responsável primário e exclusivo da minha prisão, iria ao meu encontro. Mais uma vez transaríamos, alimentaríamos o sentimento recíproco que crescia dentro de nós dois, e mais uma vez forjaríamos uma fuga minha excepcional.
 Sabíamos também que era um beco sem saída. Cedo ou tarde o FBI desconfiaria da suposta incompetência de e o encurralaria. O ameaçaria e ele teria de escolher entre mim e sua própria vida. Tínhamos medo da escolha. Tínhamos medo do fim certo e incerto que a nossa história nos levava a ter.
 Afastamo-nos com um selinho demorado. Nossos olhares conversaram, dizendo mil coisas que jamais poderiam ser ditas.
 - Eu t... – ele balbuciou.
 Calei-o ao roçar nossos lábios.
 - Não fale, por favor. Não fale. – sussurrei.
 Lentamente, obriguei-me a dar passos para trás. Encaramos-nos e então sorrimos um para o outro. Aquele sorriso cúmplice e travesso. O barulho do helicóptero tornou-se audível, e este logo apareceu próximo a sacada daquela suíte presidencial. As cortinas do quarto esvoaçavam, e eu sabia que já estava na hora de partir.
 Corri até a varanda e parei antes de atravessar as portas de vidro. Olhei por cima do ombro. A imagem de ali, com a camisa social amarrotada e aberta no peito, a arma enfiada no cós da calça, o cabelo bagunçado, era adorável. Ele sorriu, e aquela fora a minha deixa para, finalmente, partir.
 Tomei impulso e pulei para dentro do helicóptero que me esperava. Começava a me afastar do hotel quando pude ver apoiar-se com um dos braços na porta de vidro da varanda, olhando em minha direção. Encaramos-nos até que fosse impossível que nos enxergássemos. E, de novo, restavam apenas três coisas: nossos perfumes cravados em nossas peles, a espera pela próxima missão, e a certeza de que uma agente secreta e um membro superior do FBI jamais consolidariam aquele envolvimento impossível.

 Fim.



N/A: Amores meus! Como estão? Espero que satisfeitas com a minha segunda fic no site. O que acharam? Já estava com essa idéia há um tempo, assim como outras 98798465132687 mil que residem minha cabeça, mas o plano não era que ela fosse uma short. Eu odeio as minhas shorts, confesso, haha. Então eu pensei em fazer dela uma pequena série. Vocês acompanhariam Fuga Prevista paralelamente a Just Back? Digam que sim, por favor ;; AUHSAHSU.
 Nesse clima de confissões, gostaria de aproveitar e dizer que apesar de ser Jones inteira e indiscutivelmente, nunca escrevi uma fiction tão Judd na minha vida! Judds, concordem comigo, o Harry não ficou super tudo de maravilhoso como agente do FBI? UASHAUSH. Espero não ter decepcionado, e mal posso esperar pelos comentários de vocês! Beijos, beijos!

 E ah! Pra quem quiser seguir no twitter, @silveiralud :*

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