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Girls Can Rock






Prólogo: The Biggest I’ve Ever Seen


- McFly? Claro, somos muito amigos.
- Nos conhecemos há uns meses por acaso...
- E agora são como irmãos pra gente.
- É, o Dougie é meu favorito! (risos)

- Adoro a !
- As meninas são muito engraçadas.
- Fazemos tantas coisas loucas quando a gente ta junto...
- Não, elas são piradas! Tudo que vem na cabeça delas é loucura!
- Mas a gente adora.


Vamos lá, por onde podemos começar? McFly ou... Não, McFly todos já conhecem, fica até chato falar. Então certo... A banda mais conceituada hoje em dia. Sim, sim. O que houve com os Beatles? Elvis? Michael Jackson? Todos no devido tempo, certo? Errado. O que seria das bandas de hoje sem eles? Um lixo, pode ter certeza.
Voltando a , como qualquer outra banda, teve inspiração em outras e é obvio que os três citados acima foram um deles. (Fora os momentos de rebeldia em que os integrantes adoravam tocar Nirvana, ACDC, Guns e afins). Pode parecer doideira o que vou falar, mas essa banda, meus caros amigos, essa banda é considerada a melhor do mundo.
Imaginem a fama dos Jonas Brothers. Ou Britney Spears, Beatles, qualquer pessoa/banda que tenha/tinha muita fama. Agora multipliquem por sete e meio. É. É muita coisa.
Agora, como ela apareceu? Simples! Quer uma surpresa? (não pra você, leitor, infelizmente. É muito obvio!) esse fenômeno é formado por quatro garotas. Machismo de minha parte? Nunca! Mas me diga, quando você viu tamanho sucesso formado apenas por garotas? Uma ou duas garotas numa banda, tudo bem, mas quatro de uma vez? ABBA até poderia ser considerada, pena que tinham dois homens também. E nem pense em citar The Saturdays, porque a maioria aqui só conhece por causa do Dougie. Ou The Donnas, Avenue B, Girls Aloud, enfim, não vamos comparar um fenômeno com isso.
A historia delas da pra ser contada como um começo de conto de fadas.
Era uma vez, no Brasil, , ou – já que ela diz que se sente desconfortável quando as pessoas a chamam de – cansada de estudar igual uma condenada pra passar no vestibular, já que no Brasil pra você entrar em uma faculdade tem que prestar uma prova e... Ah, quer saber mais sobre o vestibular, google it. Continuando, ela havia acabado de receber sua prova de física e quase caiu das pernas ao ver o lindo 1,5 em seis que recebeu. Cansada, ela não havia desistido de tudo ainda, mas caso não virasse nada na vida, dizia que montaria uma banda e tentaria a sorte em Nashville.
Mas, como? Na cidade em que ela vivia, as únicas bandas que viravam eram de um estilo horrível na opinião dela. Então lhe veio uma idéia a cabeça: insistir a suas amigas a todo custo (nem que lhe custasse à morte) que elas aprendessem algum instrumento. A idéia voltou como risos debochados na cara da menina, até que uma única alma boa viciou em Jonas Brothers (olha aonde esse povo consegue ir – nada contra eles, por favor) e falou que aprenderia algum instrumento e queria porque queria estar numa banda. A alma boa foi a , que até então não partilhava o mesmo vicio que as outras possuíam, e que eu só vou falar depois, mas que é muito obvio. Tudo aqui é muito obvio, que droga! Deixa tudo mais sem emoção... Finja que não é obvio pra fazer o pequeno narrador e a autora feliz, ok?
O que acontece em seguida é que o resto, já cansadas de duas meninas irritantes na orelha, decidiu que faria o que as duas pediram. Aí começou a se empolgar com a idéia e quando ela fica afobada, ninguém segura. É a mesma coisa que tentar passar o carro na frente dos bois, e conseguir! passou a ficar empolgada também. A única coisa que faltava era: quem toca o que? Depois de mil anos discutindo, vendo as facilidades, os prós e contras, decidiram que a ficaria com a bateria, com o baixo e seria o pau pra toda obra. Não em todos os sentidos, mas enfim, ela tocaria violão, guitarra e às vezes um piano também. De acordo com ela, bandas sem pianistas não eram nada. já tinha conhecimento em musica de anos atrás e tocava guitarra, só precisava de uns treinos que ela poderia fazer isso dormindo.
Toda empolgação só aumentou quando fez sua primeira aula de baixo. Seu professor era legal e ela adorava ficar tocando até seus dedos sangrarem. Não demorou muito tempo pra aperfeiçoar a técnica e sair tocando tudo que quisesse. passou a amar suas aulas de bateria quando viu seu professor. Como ela diz, com ele, tudo ficava mais... Interessante. Nunca se sabe se eles já tiveram um caso (detalhe: ele era pelo menos uns dez anos mais velho que ela). Era toda estabanada pra tocar e se empolgava demais, mas mandava bem. Só que demorou um pouco. Tinha aulas de violão quando podia com porque ela não tinha condições de fazer trezentas e quarenta e uma atividades extras por semana. A ultima dizia que morria de dó de Bruce, seu violão (antes chamado Penny, o violão fêmea, mas foi trocado por motivos óbvios), quando dava nas mãos de porque ela batia numa força que o instrumento podia se partir ao meio e as cordas tinham que ser trocadas toda semana. também tinha aulas de piano com outra amiga sua e foi mais ágil. Ela já tinha uma voz dos deuses e só precisava aperfeiçoá-la, assim como , só que a ultima não tinha uma voz dos anjos. fazia aulas de guitarra duas vezes na semana e aula de canto no meio delas. Logo no final daquele ano elas já tocavam em bares podres de sua cidade.
Em sua cidade e região, elas já eram conhecidas e eram chamadas pra tocar em algumas festas, nos grandes bares e em alguns famosos festivais. E no meio de um deles, um parente do ex-namorado da irmã da estava assistindo-as. Legal, e daí? E daí que ele tinha um nome bem conceituado no ramo da musica e tinha uns contatos. BOOM! (onomatopéia de explosão). Elas passaram a ser conhecidas pelo Brasil todo, e pra aqueles que não botavam fé no que elas sonhavam, se foderam gostoso porque no meio de um outro famoso festival do país, outra pessoa de nome arriscou uma chance com as garotas no exterior e novamente BOOM! só que dessa vez um BOOM! quinhentas vezes maior. É ai que chegamos à fama dos Jonas multiplicada por sete e meio. Sete e meio é um bom numero.
Apresentada a banda, vamos voltar um pouco ao inicio. Lembram que falei do vicio? Não era bem um vicio, era mais um amor... Certo, quem adivinhar ganha dois ingressos pra qualquer show que quiserem e ainda um passe direto pro backstage. É... Ninguém ganha nada não, quem me dera ter todo esse poder pra dar assim! Enfim, quando passou a idolatrar Jonas Brothers, , e decidiram que era hora de apresentarem a ela musica de verdade. As três tinham em comum amar, chorar, curtir e morrer por McFly. É a banda inglesa também de quatro integrantes, musicas viciantes, lindas e bem tocadas alem desses quatro serem extremamente lindos. Realmente, vou perder tempo falando deles, depois de todas as divulgações, shows que eles já fizeram pelo mundo, quem não os conhece ou é viciado em trabalho e alheio ao resto do mundo ou não tem vida, faça-me o favor.

Agora vamos às atualidades. As garotas nunca nem sonharam que chegariam onde estão hoje, e a primeira vez que elas experimentaram o gostinho do que realmente é fama, se assustaram. Elas não deixaram de maneira alguma a fama subir a cabeça. Tem ainda os mesmo hábitos, uns nojentos e outros não, os mesmo modos de educação, talvez até as mesmas roupas, e é por isso que se assustaram. O mundo da fama pode ser fabuloso, mas como qualquer coisa na vida, tem altos e baixos e pode mudar muito uma pessoa. Sua vida passa a ser de todo mundo, quase não há segredos, e você tem que se cuidar pra não fazer alguma besteira e acabar com o nome sujo pela mídia. Elas nunca foram de esconder nada a ninguém. Quem quisesse saber algo delas que perguntasse que teria uma resposta, e sempre foi assim. Claro que elas gostam de toda atenção e carinho que recebem, mas não conseguem se acostumar com o fato que tiveram que sair do país de origem. Elas mal têm uma casa fixa! Em cada lugar há uma casa que está no nome da O único momento que passam pelo Brasil é nas férias e quando está incluído numa tour, ou seja, sempre, mesmo que seja por no máximo dois meses. As meninas adoram seu país por mais que ele seja cagado em alguns aspectos e sempre colocam o Brasil dentro de um tour, seja no começo ou no final. Afinal, foi lá que elas começaram e graças aos fans de lá que elas estão onde estão.
São bem reservadas quando o assunto é amizade. Elas são simpáticas e legais com todo mundo, mas uma pessoa pra se chamar de melhor amigo é apenas entre as quatro e as pessoas que ficaram no Brasil, poucas que foram conquistadas completamente.
Cada uma delas tem personalidades bem diferentes e deve ser por isso que são bem unidas. Digo, tem momentos de bipolaridade. Não que ela seja mesmo bipolar, ela não é. Mas do nada, ela está fazendo o maior escândalo, rindo ou secando algum garoto e num outro momento está se matando de chorar por coisas banais ou se irrita com todo mundo que tenta ter uma conversa com ela. Apesar disso, é uma pessoa incrível. Sempre que alguém necessita, ela ajuda, faz o que for preciso e quando não está com essas crises de humor, não tem como ficar sem rir se está ao lado dela. Usa todo tipo de roupa, alem de trilhões de modelos de sutiãs diferentes de varias estampas, adora aqueles mais chamativos e quanto mais bojo tiver, melhor. Não que ela precise de bojo, seus peitos são gigantes.
é... Difícil de descrever. Se apega muito fácil com qualquer coisa, seja musica, série de TV, livro... Luta pelo que quer e nunca tem limites. Ela é totalmente topa tudo. Se pedirem pra ela ir nadando do Brasil até a Índia, 98% de chance de ela responder que sim. Os outros dois por cento é a preguiça dela de fazer qualquer tipo de esportes. Simpática com todos e nunca está de mau humor, e por isso sempre está sorrindo e quando está de mau humor... Sorri mesmo assim. Como qualquer uma das quatro, se importa muito com o bem estar das amigas, adora ajudar qualquer pessoa. Durante boa parte de sua vida era considerada uma garotinha porque não tinha peitos nem nada, mas isso não a impedia de ficar com cinco numa mesma noite. Até os quinze anos já havia beijado dezoito garotos, e convenhamos que na época isso era demais pra uma garota daquelas. sempre teve uma voz perfeita, daquelas que você ouve pra passar a dor de cabeça e aquelas e consegue atingir todo tipo de tom. Sempre foi o crânio do grupo. Pense na palavra mais desconhecida do mundo e que você nunca saberá o significado. Ela sabe. Ninguém sabe como, já que ela nunca foi de estudar, mas ela sabe.
é o oposto de qualquer uma ali. O oposto em qualquer aspecto. É considerada a emo da turma por causa de seu estilo, cabelo repicado e pintado de milhares de cores, maquiagem forte e roupas excêntricas. A vida toda teve jacas no lugar dos peitos, e estou comparando ao tamanho e não ao formato, só pra esclarecer. Não só seu visual, como seu humor e gosto para musicas são suspeitos também. Às vezes se cala e fica triste e não sabe o motivo, uma doideira! Mesmo assim, a maioria das vezes está rindo, porque ri com qualquer coisa, principalmente com piadas idiotas e sobre sacanagem, mas nada ganha do tanto que ela ri quando é sobre desgraça alheia (não daquelas que da orgulho de ver a pessoa morrendo, mas daquelas de quando uma pessoa senta numa cadeira e ela quebra). Se importa muito com a felicidade dos outros e se sente um lixo quando não consegue ajuda-los se precisam. A coisa mais fácil é irritar a , por isso se estressa fácil com algumas coisas. Tem uns lances com a natureza e com os animais, não consegue ver nenhum animal sofrendo porque solta três rios amazonas de lagrimas e odeia as coisas que andam acontecendo com o planeta hoje em dia.
? Às vezes se ela calasse a boca a paz no mundo existiria. Não exatamente, mas é que é hiperativa ao extremo e até toma remédios pra isso, chama “calmante para impacientes” (como se adiantasse alguma coisa). Ela é daquelas pessoas que quando começa a falar não param e só Deus sabe – talvez nem ele! – quando vão dar a chance pra outra pessoa falar. Tem uns ataques de ‘faniquito’ e caso abraça alguém, não solta mais; principalmente se esse alguém for fofo demais. É, agora imagine um cachorro ou um gato perto dela. Não se sabe até hoje se ela matou seu primeiro gatinho sufocado pelos abraços ou quebrado por eles. É muito sentimentalista. Chora por qualquer coisa... Seja pela banda que ama, um filme romântico ou o fim da novela. Quando fica bêbada ninguém a segura. É a pior bêbada do mundo inteiro, dá o maior trabalho pra todos, nunca tem noção das coisas que faz e quase sempre acaba na privada o resto da noite. Ou se não, desmaiada numa cama vomitada. Tem uma mania de empinar a bunda e deixa-la maior do que já é, mas diz que é por causa da posição das aulas de balé – cofcof. Vai até o impossível pra fazer os outros felizes, esse é o ponto forte da .
Chega de apresentações, por favor. Acabou? Mesmo? Louvado seja Deus.


Capítulo 01: Introduce


Canberra, Austrália:
- Valeu, Canberra!! – gritou no final do show na segunda cidade na Austrália. Haviam passado por Sidney dias antes e Canberra era a ultima cidade do país.
- Vocês são demais! – e falaram ao mesmo tempo, enquanto jogavam palhetas endoidadamente na platéia. – a só não taca as baquetas porque ela esqueceu a dela em Sidney e ta tendo que usar de outra pessoa! – continuou.
- Quase que não fazemos o show por causa dela e das baquetas. – completou começando um ataque de riso. Risos só agora que o show havia acabado, porque tinha mesmo dado um ataque e disse que não faria o show sem suas baquetas de estimação, que não conseguiria porque as baquetas são o amuleto da sorte (pausa pra saberem que ela não é supersticiosa) e que se fosse pra tocar na bateria, que fosse com as próprias baquetas.
Nada que pequenos gritinhos das outras três a fizessem mudar de idéia.
- Droga, obrigada ao ser que me emprestou as baquetas. De qualquer forma as minhas são as únicas. – saiu do seu local e foi à frente do palco junto das outras meninas.
- Isso que dá! Só não esquece a cabeça porque ta grudada no pescoço. – zoou a amiga, tacando água na mesma.
Agradeceram mais uma vez e foram até o backstage dar uma melhorada porque algumas fans ganhadoras de um concurso iriam até lá conhece-las. Elas estavam completamente suadas e com certeza fedendo.
Depois de uma rápida limpeza, porque se elas tomassem banho, - as fans poderiam esperar ate o dia seguinte e não teriam nada ainda -, elas conheceram essas fans. Elas até eram legais. Se tivessem falado mais alguma coisa alem de só chorar, teria sido mais divertido, mas ainda sim foi legal. Uma não largava , dizia que sua voz era incrível e que poderia arrancar sua garganta pela mão e levar pra casa. riu, mas ficou com certo medo. Vai que a menina resolvesse fazer isso mesmo? Agora tinha outra que estava torrando a paciência da . Ela queria porque queria algo que a baterista estivesse usando. Chegou a pedir calça, blusa, até o sutiã! Por fim, , relutante deu uma pulseira qualquer que usava. Não tirava o sorriso da cara, e ria sempre que a menina pedia uma peça de roupa. Já com e , tinham duas meninas que tiravam fotos com elas o tempo todo. Digamos que o tanto de fotos que elas tiraram foi o suficiente pra fazer um book gigantesco. Mesmo assim, elas eram as mais normais e legais. Durante uma foto e outra conversavam sobre duvidas dessas fans ou até puxavam assunto sobre outras coisas.
Ao sair, foram direto ao hotel, onde havia alguns fans na porta só esperando a chegada delas. Mesmo cansadas, precisando de um banho e uma cama, ficaram uns minutos com eles, tentando fazer o máximo pra agradarem quem podia.
- Eu preciso de uma cama. – falou se jogando no elevador, enquanto este subia. – desculpa , mas eu não vou toma banho não.
- Nem a pau. Se eu tenho que dividir o quarto com você, que tome banho. Não quero sentir nenhum mau cheiro durante meus sonhos. – reclamou. – maldita hora em que a gente concordou em dividir os quartos.
- Fresca. Então alguém troca comigo?
- Foi mal, . Hoje concordamos com a . Você deve ta com o maior cecê. – falou de olhos fechados. Provavelmente imaginando como seria deitar numa caminha macia e apagar completamente.
- Ta, eu tomo banho então. – se deu por vencida, rolando os olhos.
O elevador parou no andar delas e cada dupla se dirigiu aos seus devidos quartos. Depois de um belo banho tomado, pijamas postos, e a cabeça já no travesseiro, o telefone toca. O negócio era que a Alice, manager/assessora/“mãe”/tudo delas, precisava conversar com elas, e tinha que ser agora. Por preguiça maior, e fizeram escândalos dizendo que as outras duas que se deslocassem até lá porque elas não tirariam o pé da cama nem se o mundo acabasse. e fizeram a mesma coisa, mas acabaram tendo que sair da cama até o outro quarto. Esmurraram a porta e quando ela foi aberta, pode-se ver que as duas não estavam com humor pra brincadeiras e nem pra e , as preguiçosas mor. O caso era que, e estressadas e juntas não era boa coisa.
- Fala logo, quero voltar pra cama. – falou, pulando na cama das amigas e encostando a cabeça nas pernas de , ato repetido por , só que na cama de .
- Não vão fazer festinha hoje, meninas? – Alice perguntou, sentando-se na frente das quatro num sofá confortável do quarto.
- Ta brincando que foi pra isso que você me tirou da cama. – a voz abafada de foi escutada com um pouco de dificuldade. Alice riu.
- Não, só queria saber mesmo.
- E porque não podia deixar essa conversa pra amanha? Juro que se não dormir agora vou morrer! – se desesperou, exagerada.
- Porque amanha vocês vão acordar cedo e não iam nem prestar atenção em mim... Não ta tendo muita diferença agora, mas é definitivamente melhor.
- Li... Sem querer ser chata... Mas será que você poderia falar logo?
- , você ta passando tempo demais com as estressadinhas aqui. – Alice apontou pra e que devolveram o dedo como resposta. – mas ta, se não vocês não me escutam mesmo. Hoje o show foi perfeito, garotas, parabéns. – ela disse em tom de orgulho e só recebeu murmúrios como resposta. Sabendo que não teria algo melhor, continuou. – como vocês devem saber, a Austrália era o ultimo país antes dos shows no Brasil. Porém, temos mais dois dias aqui. Esses dias serão livres, e como vocês já passaram por Sidney, andei pensando e cheguei à conclusão que seria uma boa darmos uma passada por Fraser Island. Vocês merecem um descanso.
- Fraser Island? Ta brincando né? É lindo lá! – o sono que elas aparentavam ter sumiu de uma hora pra outra.
O que não é bonito na Austrália?
- To sim, acordei vocês por pura vontade. Pronto, garotas, podem voltar a dormir, já me diverti bastante. – do nada, Alice saiu rindo do quarto deixando as quatro sem entender por alguns segundos, já que um grito dava pra ser escutado por todo o prédio depois.
Antes que Alice começasse a rezar por sua segurança, entrou novamente no quarto e as mandou calarem a boca.
- É mentira, gente! Vocês vão sim para Fraser Island. – as caras feias desapareceram de novo, dando lugar pra uma felicidade sonolenta. – pra isso tem que acordarem um pouco cedo. Não cedo demais, pois pegaremos um avião ou barco...
Tudo foi devidamente explicado e pronto. Nem mais cinco minutos de papo, e voltaram pro quarto e Alice foi para o seu.

Londres, Inglaterra:
- Só pra confirmar, vocês vão para o Brasil semana que vem.
- A gente não esqueceu não, Fletch.
- Eu to me preparando psicologicamente pra ser atacado pelas garotas de lá de novo faz tempo já. – Danny riu.
Eles adoravam o Brasil. Alem dos shows darem muito dinheiro, eles achavam o Brasil um lugar lindo apesar dos motoristas doidos e de algumas fans que não tem semancol. Se é que aquilo poderia ser chamado de fan.
- Mal posso esperar por outra pizza de chocolate. – Tom falou, lambendo os beiços.
- Guloso. – Dougie retrucou.
- Minúsculo. – Tom devolveu.
- Golpe baixo, Fletcher, golpe baixo.
Antes que o tamanho de Dougie virasse mais uma vez motivo de piada – o que poderia durar anos – e o mesmo se sentisse inconformado consigo mesmo ou ate mesmo fingir uma rejeição pelos outros da banda, Fletch interviu.
- A propósito, parabéns, pegaram segundo lugar essa semana.
- Segundo? Quem foi o primeiro? – Harry empinou sua cadeira e com as mãos atrás da cabeça e perguntou em duvida. Afinal, quem na Inglaterra toda pediria outra banda que não fosse McFly?
- A banda chama . Não é possível que nunca ouviram falar dela.
- Chama como? – perguntaram juntos, estranhando. Não era um nome muito... Comum, e eles não sabiam muita coisa dela. Na verdade, praticamente nada, só que faziam sucesso.
- . É do Brasil... Formada por garotas... – Fletch falava enquanto olhava as caras de duvidas dos garotos. – até eu sei mais que vocês?
- Eu sabia que era do Brasil. Tava ate passando um troço na TV delas outro dia, mas tinha que alimentar o Bruce. – Danny se explicava. – e não sabia que chegavam a ser tudo isso, pra pegarem primeiro lugar e panz.
- Que canal?
- Sei lá, MTV? – respondeu ele, dando de ombros. – acho que era aquele programa que mostra bandas novas que estão começando a fazer sucesso. – começando?
- Vocês quatro realmente entram na internet ou lêem revistas? – Fletch perguntou um pouco abismado.
- Na verdade não...
- Bem, o twitter conta? – chuta quem perguntou isso, só chuta.
- Fletch, você sabe que a gente mal tem tempo pra limpar nossas próprias bundas, como vamos ver revistas e ficar horas na internet vendo sei lá o que? Não consigo nem mais agendar uma hora pra ver meus pornôs! – Dougie começava a tagarelar, sem pausas pra respirar.
- Cara, respira! – todos riram. – mas e daí, o que tem demais nessas revistas? Mais rumores sobre nossos términos?
Sim, todos estavam solteiros. Não foi de uma hora pra outra, uns duraram mais enquanto outros... Haha, chega a ser engraçado.
Danny nunca chegou a um namoro sério depois de Olívia – aquilo nem podia ser um namoro também. O que ele chama de namoro é o que chamamos de ficada séria. Aí, adivinhe, a paixãozinha esfriava, se baseava apenas no sexo quando ele ficava bêbado, e bom... A ultima foi a que durou mais. Uns dois meses e meio, quem sabe? Houve uma que ficou por uma semana, a Louise. É, a ex do Dougie mesmo. Quem sabe se eles teriam dado certo? Dougie encheu a cabeça do colega falando que Danny estava pegando os restos dele que não deu outra, dois dias depois já era manchete de primeira pagina! ‘Danny Jones solteiro!... De novo’. Os jornais e revistas já estavam cansando.
Nosso bom amigo Harry? Lembram-se que ele estava junto da centenária Izzy, certo? Bom, acontece que enquanto ele estava com ela, ela não estava com ele. Vocês vêem, Harry às vezes aparecia sozinho nos lugares, e isso não era passado em branco pelos paparazzis. Sempre era que ela tinha saído com uma amiga querida, e como o casal já havia passado um tempinho juntos, pra não ficar aquele doce entre eles, Harry sempre achava normal ela sair com a amiga. O que aconteceu era que esses encontros começaram a ficar constantes, até mesmo em turnês da Escala essa amiga ia com Izzy. Todo tipo de lugar, não importa onde, as duas estariam juntas. Então, começaram a aparecer rumores sobre elas serem lésbicas, o que veio como uma bomba principalmente pra Harry. No começo, todos os rumores foram negados, mas (há sempre um ‘mas’ em historias assim) tempos depois, a amiga intima cansada de ficar escondida e ainda ter que dividir Izzy com Harry, se rebelou e foi o fim. Claro que foi horrível pro Judd. Ele realmente gostava de sua ex e bem... O tempo todo ela era... De outro time. O que importa é que agora tudo está bem, não há mais mídia em cima de Harry, Izzy e a amiga estão juntas, e os três apesar de tudo são bem amigos hoje em dia.
Danny, Tom e Dougie comentam com Harry que só faltava Izzy estar grávida e ser casado com ela pra ele viver o carma de Ross.
Agora, se Izzy era centenária, imagine a Falcone. Giovanna era mais que milenar, ela era... Pré-histórica! O caso dos dois foi estranho. Se você pensou que eles iam se casar, errou. Por mais fofo que Tom fosse com ela, Gio fez o favor de deixar *a chama do amor* apagar se apaixonando por outro. O outro era um cara que dividia a cabine de trem que ela pegava quando ia trabalhar. Quem disse que ingleses são pessoas reservadas quando se trata de ‘assuntos pra quebrar o gelo’? Eles não conversam mesmo não. Eles fazem é outra coisa, se é que me entendem. Giovanna nunca foi daquelas de ‘estou com ele só pela fama e dinheiro’, tanto que fama? De uma hora pra outra o trabalho como atriz dela foi descoberto e ela passou a fazer uns filmes em Hollywood. Tom ficou orgulhoso, mas depois o ciúme rolava solto. Sua namorada ficava ao lado dos caras mais gatos do planeta e incrivelmente todos davam em cima dela. Bom, não foram com eles que ela teve um caso. Tom havia suspeitado até do Zac Efron, mas estava redondamente enganado. Ele tinha uma idéia de que ela andava com a bundinha empinada, mas amava aquela mulher e não queria acreditar em si mesmo. Só aceitou os fatos quando um jornalista pegou ela e o outro no trem bem no ato. Foto de primeira pagina. Nem preciso comentar como nosso Tom ficou né? Pelo menos Danny deu uma ajudinha pro amigo levando ele pra conhecer peixes novos.
Dougie? Até certo tempo Frankie era mesmo a garota dos sonhos dele e no começo ele não era o cara dos sonhos dela. Com o tempo, foram se apegando e ok, os dois estava felizes demais. Faziam de tudo juntos, ate quebravam camas (ficar tocando instrumentos é o que eles não faziam por ali. Podiam tocar outras coisas, mas instrumentos não). Nosso Dougie não podia estar mais feliz! Ao que tudo indicava, Frankie estava cada dia mais apaixonada por ele e era tudo uma beleza. Mas, porém, contudo, entretanto, um belo de um dia numa dela de uma... Ew, transa entre os dois, Frankie diz o nome do ex colega de banda de seu namorado, ao invés do contrario. Ataiz renasceu das cinzas! Que mancada Frankie, ainda com o mais feio? Não teve conversa, Poynter não quis saber de como, nem quando e nem por que. O problema é que a mídia quis, então rodaram a baiana até conseguirem informação. Ela veio de uma prima de quarto grau da tia da madrinha da filha da melhor amiga da mãe de Frankie. O fluxo de informações hoje em dia é grande. Bom, só tivemos que torcer para que Danny levasse Dougie ao lado escuro dos relacionamentos e não namorasse cedo novamente.
- Não, essas historias já estão claramente resolvidas. É sobre essas meninas e o sucesso que elas andam fazendo. Elas já tiveram duas turnês pela Inglaterra, onde vocês estavam?
- Provavelmente de férias... Não, a gente não tem férias há séculos! Estávamos em turnê no Japão ou Europa, vai saber. Eu to falando, Fletch, a gente ta sem tempo pra tudo! É tudo trabalho, trabalho, shows, musicas, shows, trabalho, musicas... – Dougie falava, já começando a entrar em pânico.
- Cara, não surta. – Danny tacou uma batata que comia no outro, que continuava surtando.
- Não, ele ta certo. Vocês andam ocupados demais. – Fletch estava pensativo enquanto olhava pro loiro que ainda surtava, só que pra ele mesmo, repetindo as palavras ‘trabalho, show, musicas’ freneticamente.
- Isso quer dizer que... – Tom começou esperançoso. Ele estava sonhando ou parecia que Fletch ia férias pra eles?
- Que não teremos que ir ao Brasil, podemos pegar um avião agora pra Austrália e ficar dois meses de férias lá. – Harry se empolgou. Dougie até parou de surtar para ouvir.
- Não. – porém Fletch acabou com a festa. – vocês terão que ir ao Brasil sim, mas depois dos shows lá, estarão de férias.
- Dois meses?
- Nem a pau! Todo mundo vai achar que vocês morreram se for dois meses. – ele disse e os outros ate concordaram. Dois meses era muito. – um mês estourando. Dependendo da situação terão mais umas semanas.
A sala do pequeno estúdio que eles estavam entrou em festa e quase se pode ver lagrimas nos olhos de Dougie.

Brasil, dois dias depois:
- Lar doce lar! – as quatro riram ao sair do avião que havia acabado de descer em Guarulhos.
- Que saudade desse cheiro horrível de São Paulo! – surtou, dando pulinhos.
- Dessa poluição também, olha! - a acompanhou.
- Tanta coisa pra sentir saudade e elas sentem do pior. – comentou baixinho de modo só que pudesse ouvir.
- Pois é. – a outra rolou os olhos rindo. – será que tem gente lá no portão de desembarque?
- Depende de que gente. Fans? – perguntou.
- É.
- Ta uma loucura lá fora. – Alice apareceu. – nem a segurança está conseguindo controlar aquele povo.
- É tão bom estar de volta ao Brasil! – novamente, as quatro falaram juntas ao ouvir o que Alice havia dito. Estavam realmente felizes, e só agora se sentiam em casa.

.

- A gente acabou de voltar da Austrália, foi demais!
- Mas pra gente nada compara com aqui... O Brasil foi onde nós começamos, alem dos fans daqui terem uma energia e tanto! A gente adora!
Não chegam a ficar irritadas com a falta de privacidade daqui? Os fans brasileiros chegam a ser bem histéricos e acabam tirando a estrela do sério.
- De jeito nenhum! Temos falta de privacidade em qualquer lugar do mundo e estamos completamente acostumadas com a histeria daqui, afinal de contas também somos brasileiras e sabemos muito bem como é tentar calar a boca quando seu ídolo está na sua frente.
- Somos histéricas demais! Mas mesmo que saibamos como é difícil se controlar quando isso acontece, sempre é bom respeitar a vontade dos outros né. Tem gente que se assusta demais com isso!
Pra acabar, uma mensagem para os fans daqui?
- Hum... Estamos muito felizes de estar de volta!
- E os shows vão ser MUITO bons, podem esperar!
- Tudo bem que era pra ser uma né...


Capítulo 02: Not Today



Os shows já haviam começado pelo país todo. Começaram pelo sul e foram subindo. Nordeste, centro-oeste e por fim, sudeste. Foram pra Belo Horizonte, Rio e deixaram São Paulo por último porque já ficariam um tempo em suas casas que tinham por lá e depois iam visitar suas famílias no interior do estado.
Como sempre, o público reagia super bem a elas. Na verdade, a cada passo delas, a cada palavra, qualquer coisa! Se tivesse alguém que tinha influência musical naquele país além dos famosos MPBs, os cantores e bandas que marcaram no Brasil, eram elas. O Brasil era o público mais amigável, mais carinhoso e mais respeitoso; no sentido de se importarem com elas. Eram como se fossem as rainhas. Tipo o Michael que era o rei do pop, elas eram as rainhas do pop/rock do Brasil, principalmente (até porque elas se recusam as tirar o trono da Britney ou Madonna quando comparado no mundo todo).
McFly já estava no país e fazendo sua típica turnê. Passando por Manaus novamente – o lugar em que eles mais tinham paz -, Fortaleza, Recife, Brasília, Rio e Porto Alegre. Agora contando com mais poucas cidades e deixaram São Paulo por último, por primeira opção de já pegar outro avião e saírem de férias. Não era a primeira, nem mesmo a terceira vez que eles passavam pelo Brasil. Como eles mesmos já haviam falado, o Brasil está cheio de fãs doidas e isso deixa tudo mais divertido. De qualquer forma, as coisas chegaram a ficar um pouco críticas a ponto de que eles não desciam em hotel nenhum pelo desespero das fãs, pela bagunça que elas aprontavam e principalmente pela quebra dos planos da segurança. Eles estavam com medo de que alguém se machucasse – principalmente um deles – e chegaram a ameaçar indiretamente demorar tempos e tempos para voltarem ou nem voltarem por pelo menos dez anos. Como sempre, há aquelas pessoas que só tem o próprio nariz em primeiro lugar e não levaram a sério. A ameaça se tornou real, só que nunca fora confirmada por um deles. Passaram-se quase três anos (dois anos e quatro meses. Mas fã que é fã sempre arredonda pra fazer drama) sem uma visita deles e finalmente estavam voltando. Mesmo assim, não foram todas as fãs que aprenderam a “lição”.
No mesmo território, as duas bandas não chegaram a se encontrar em nenhum dos estados durante os shows. Elas já estavam cientes que estavam no mesmo território e sempre soltavam em entrevistas ou programas de TV que gostariam de se encontrar, mas não teriam certeza se isso seria possível.
As meninas sempre foram de fuçar na internet qualquer coisa de desejos delas, mas durante turnês muito puxadas, o máximo que faziam era ficar no twitter ou myspace. Os meninos nem se fala! Justamente por isso ninguém tinha idéia e que se encontrariam em São Paulo. Bom, tinham certa idéia. As meninas iriam ao último show deles nem que fossem disfarçadas! Alem de jornalistas terem comentado sobre a coincidência.

- Não acredito que já estamos no último show. - lamentou. – Parece que foi ontem que chegamos!
- Pois é. Mesmo assim, eu ‘to doida pra ver minha casa de novo! – tirou um molho de chaves que na verdade, eram as chaves de todas as casas que elas tinham espalhadas por aí.
Todas pensaram por um momento e concordaram. Cada uma tinha um pequeno apartamento – que não deixava de ser luxuoso – em São Paulo, que era um do lado do outro. Não moravam juntas pelo fato de que às vezes chegam acompanhadas em casa e bom... Não é legal ficar de vela e principalmente ficar escutando coisas indesejáveis.
- Pena que vocês vão ter que usar hotel. – Alice que tinha acabado de desligar o celular, falou.
- O QUÊ? – as quatro gritaram.
- Não sabem o que houve ao certo. Se foi apenas um problema no encanamento, insetos ou até roubo, mas vocês não vão poder entrar em casa... Não é seguro agora.
Indignadas e tristes, conversaram mais sobre o assunto e até chegaram a ver o lar querido de cada uma. Ninguém sabia dizer o que era. Uns diziam ser um vazamento que estava acabando com tudo, outros diziam que doidos invadiram o prédio só pela chegada delas. Vai saber.
No final, deu um rolo sobre os hotéis, quais seriam adequados e principalmente quais teriam vaga. Acabou que decidiram no Hilton. Lá quase não havia disponibilidade e elas nem se tocaram no por quê. Mas depois do ataque que a maioria teve por sempre terem curiosidade de hospedarem ali, Alice teve que fazer o possível e o impossível pra conseguir. O que Alice não conseguia, aliás?

- Ainda não entendi por que deixamos São Paulo por último. – queixou-se Danny.
- É que fica mais perto do aeroporto caso a gente decida não passar as férias por aqui. – Harry deu de ombros.
- Férias... Falem ‘férias’, soa tão bem! – Dougie comentava mais pra ele mesmo do que para os outros.
- Antes de você entrar em clima, a gente ainda tem um show hoje à noite. Depois disso, você pode se sentir como quiser. – Tom falou.

Então, após algumas entrevistas em rádios e passagens de som, o show dos garotos começou. As meninas foram; foram sem o consentimento de Alice que se preocupou com a vida delas.
Depois de vários shows no Via Funchal, o lugar começou a ficar pequeno e realmente parecido com uma sala de tortura. Vários fãs agradeceram quando mudaram.
Porém, as quatro não estavam nem ligando sobre suas vidas. Queriam sentir o gostinho de ficar no meio do povão novamente. Há quanto tempo não se juntavam àquela bagunça? Já tinham ido a dois shows dos caras no Brasil mesmo (e foi apenas meses depois do segundo que elas viraram um fenômeno internacional), só que ambos no Via Funchal. Elas estavam esperando ser melhor ainda – se fosse possível, o que na opinião delas, era – no Credicard Hall. Já tinham tudo planejado: sairiam do hotel cedo e ficariam na fila como qualquer pessoa. Pena que todo mundo as conhecia. Não importasse se era pela roupa, aparência, voz ou até mesmo, gestos ou manias, e então mesmo sem concordar com a idéia de imbecis dessas meninas, Alice fez o favor de montar um pequeno disfarce nelas. Nada muito drástico como perucas, máscaras faciais ou mudança vocal... Apenas uma maquiagem bem feita e elas estariam irreconhecíveis. Só teve que pintar o cabelo – ela não se importou nem um pouco, estava mesmo pensando em trocar de cor... Já fazia dois meses que estava do mesmo jeito - mesmo que achasse isso perda de tempo – ou seja, perda de lugar bom na fila – já que muita gente imitava o que elas faziam, não importava se fosse o cabelo, modo de vestir ou maquiagem. Elas só não queriam que descobrissem que eram elas e roubasse a atenção de quem realmente importava naquele dia; mesmo que não acreditassem nessa possibilidade.
Ingressos pra elas não era o que faltava. Mesmo com a bilheteria falando com todas as letras que eles estavam esgotados, tendo contatos, sempre conseguimos quantos queremos. Alice também achou um jeito de colocá-las ao lado do palco sem nem mesmo precisar esperar na fila. Até parece que elas aceitaram. Ou pelo menos, por um momento. De acordo com elas, a fila já fazia parte de toda emoção do show, além de um bom lugar para fazer amizades novas – como aquelas que ajudam os outros a fechar sutiãs no meio do povo, parceiros pra um truco ou pôquer, dividir um guarda chuva ou até mesmo falar as horas - e observar pessoas de todo tipo.
O disfarce correu perfeitamente. Ou quase perfeitamente. Algumas pessoas ficavam desconfiadas depois que elas saiam do nada e voltavam com umas coisinhas diferentes. Elas tinham que retocar a maquiagem pra que tudo corresse bem e isso causou um pouco de curiosidade nas pessoas ao lado. De minuto em minuto, uns seguranças, também disfarçados, passavam pela frente delas pra ver se estava tudo bem e tinham pelo menos uns três em cada esquina.
Quase sempre pegavam gente as observando descaradamente, mas nada muito sério. Viram que elas estavam certas sobre algumas meninas as imitarem. Algumas ali chegavam a ser o clone perfeito e ter pintado o cabelo só a fez diferente de todas ali. A única coisa que tiveram que fazer foi tomar cuidado com a voz. Falar qualquer coisinha ali e principalmente cantar era morte certa. Foi até engraçado... Quem ouvia ou conversava com elas estranhava demais ou se segurava pra não rir das mudanças de voz repentinas que elas diziam ser dor de garganta, problemas nas cordas vocais ou até mesmo puberdade, que no caso diziam que eram transexuais ou travestis. Talvez a mudança vocal não fosse uma má idéia. Elas não tinham pensado no que fariam após o show. Elas nunca sairiam de onde estivessem pra retocar o disfarce e bom, no meio de todo aquele suor e lágrimas, toda a maquiagem se fora. Num terror de última hora, pensaram que estaria tudo perdido e que morreriam de uma morte esmagadora, barulhenta e muito dolorosa. Só que seria uma morte real e não as que sofreriam durante o show. Deram um jeito de ligar pra Alice e ela as colocou dentro de um lugar calmo, onde a visão era perfeita e sem mortes. Esconderam o rosto num ato de desespero e sentaram-se num canto pra esperar a movimentação abaixar quando as luzes se acenderam. Muitas pessoas chegaram a perguntar se estava tudo bem com aquelas quatro estranhas de rostos tampados. Outras nem deram bola. A desculpa era que o choque era tanto que elas não conseguiam parar de chorar. Pelo menos funcionou! Não sabiam por quanto tempo ficaram ali daquele jeito, só sabem que foi fácil para o maquiador delas encontrá-las e levá-las pra um lugar seguro e refazer a maquiagem; mesmo que não tenha dado muito certo por causa do suor e das lágrimas que não paravam de cair.
Como todo show que já tinham ido deles, estavam se sentindo como se pudessem morrer a qualquer momento de qualquer coisa que elas morreriam felizes e realizadas. Toda vez era do mesmo jeito, só que com um impacto cada vez maior. Sentiam-se abaladas de um modo bom e ruim ao mesmo tempo. A sensação na verdade era inexplicável, era algo que jamais foi igual aos outros tipos de sentimentos. Nunca fariam o que fazem por outra pessoa a não ser por eles. Era incrível o efeito que cada um dos quatro, das músicas, de cada solo e cada palavra trocada ali causava nelas. Cada momento, cada lágrima, cada sofrimento que tiveram pra chegar até aquele show valia a pena e elas repetiriam tudo milhões de vezes com um sorriso enorme na cara se fosse preciso. Em outras palavras, tudo ficava completo. Nem a sensação que elas tinham ao entrar no palco era igual a que elas sentiam naquele momento, mesmo que incomparáveis.
- Ótimo, vocês ainda estão vivas. – Alice sorriu ao ver as quatro entrando no carro, estando completamente suadas e descabeladas. – Achei que só ficavam assim quando estavam na ginástica ou depois de um show... – e isso era porque Alice passou a ser a manager delas quando estouraram fora do Brasil. Então só o antigo viu o que virava delas depois de um show deles.
Elas ainda nem ouviam o que Alice dizia. O choque era realmente grande e só fazia chorar e lembrar dos melhores momentos – o show inteiro, no caso. Pra que ouvir? Elas nem queriam, pra falar a verdade.
- Ah não. Vocês ‘tão com aquela cara de que não estão me escutando... – e mais blablá.
Alice desistiu de falar com elas. Deixou pra falar após o choque. A única coisa que ela esperava era que não demorasse muito.Bom, depende do ponto de vista de cada um... O ‘muito’ durou um pouquinho a mais do que a manager esperava, mas nada que durasse a eternidade. Por mais que o show tivesse sido perfeito na opinião das quatro e pela emoção do momento e o choro prevalecesse, não havia motivos pra continuarem chorando e esquecendo o mundo real porque como elas mesmas disseram, foi tão bom que elas deveriam estar felizes de presenciarem tudo de novo e também porque agora elas também têm uma banda e precisavam estar com o humor levantado pra darem o melhor.

- Ainda bem que já são vocês mesmas de novo. Achei que precisaria de um psicólogo aqui! – disse Alice ao entrar no quarto de . Todas estavam conversando sobre aonde iriam naquela noite. – Antes de vocês saírem, preciso de todas vocês cedo e dispostas aqui amanha. Principalmente você, . Entrevista com a Pop Star amanhã por telefone.
- Pop Star... A revista americana de novo? – perguntou e a outra assentiu. – a gente deu uma entrevista pra lá o mês passado!
- Isso é o que dá virar o que vocês são! Não se lembram de Twilight? Era em todo lugar, principalmente nessa revista. – ela não mentia. Se você abrir qualquer Pop Star, vai ver umas três páginas de Miley Cyrus, umas quatro de Jonas Brothers, duas de pessoas da Disney, uma de coisas alheias e o resto da revista é tudo relacionado com Twilight, New Moon e os outros livros; sem contar os atores. – Mas, , cuidado com o que você vai falar. É sobre sexo e é por isso que eu quero que você pense muito bem! Nem se atreva a contar sobre as...
- Alice, eu já entendi!
- Ótimo. – esta sorriu aliviada. – Agora, aproveitem hoje à noite e certifiquem-se de sair pela garagem. Há muitos fãs aqui fora tanto por vocês quanto pelo McFly. - sentiam-se mal por ter que fazer isso. Eram fãs também, sabiam como era ficar esperando horas, talvez até dias na frente do hotel só pra ver os ídolos e...
Opa. Alice logo percebeu que havia contado uma coisinha a mais e as meninas caíram na real.
- Como é que é? – olhares surpresos e vozes esganiçadas de todas elas.
- Nada. Boa festa, garotas! – a outra saiu correndo do quarto, sendo seguida pelas quatro, querendo informações.
Depois de tudo devidamente explicado, elas imploraram para Alice que ela arranjasse um tempo deles pra que eles se conhecessem. Mas elas já haviam recusado isso pro show – o ‘ao lado do palco’ era na verdade, o backstage e não o lugar em que elas ficaram – e ela já tinha conversado com o responsável pelos garotos no Brasil e naquele dia, era impossível. Mesmo assim, elas estavam contentes. Um pouco indignadas por nem se tocarem de estarem no mesmo hotel e por nem se tocarem sobre ‘ao lado do palco’. Só pelo show estavam contentes e se o destino dizia que eles não se veriam, tudo bem. Elas continuariam tentando mesmo.
Não gostavam dessa de pedirem tudo pra Alice, mas a mesma dizia que era trabalho dela e que faria de tudo pela felicidade delas.
Esqueceram essa história por um tempo e foram se trocar pra sair. Baladinha que as esperassem, hoje era dia de diversão.

- Adoro os shows daqui, são sempre... Selvagens. Todo mundo se mata só pra chegar à grade. Deve ser pior que cego em tiroteio.
- E agora todo mundo passou a mostrar os peitos pra nós. – Dougie comentou com uma cara um tanto quanto safada.
- É a melhor parte. – Danny sorriu maroto.
- ‘Ta rindo do que, Danny? ‘Ta me devendo dez reais e quarenta libras. – Tom gargalhou e o outro fechou a cara.
- Eles apostaram o quê?
- Que a primeira coisa que você falaria depois desse show seria ‘férias’. – Harry riu.
- Fériaaaaas! – o outro festejou, nem se lembrando do resto.
- Cara, ele falou ‘férias’ agora!
- Mas não foi a primeira coisa, otário. – Danny se deu por vencido, pagando a Tom o que devia.
Eles já estavam na van a caminho do hotel. Na saída do Credicard, tinha varias fãs que quase entraram lá com eles pela janela de tanto que bateram. Como já comentei, algumas coisas não mudam nunca.
Ao chegarem ao hotel, entraram pela garagem e viram outra van saindo de lá. Até acharam estranho estarem fazendo trocas de van naquela hora pra despistar as fãs.
- Caras, parabéns pelo show. Foi incrível e lotaram mais uma vez! – (como falaram pro narrador e pra autora que o responsável por eles aqui não é o Fletch, nós não sabemos de mais nada quando uns falam que é e outros não. Então depois de um longo debate, decidimos chamar o responsável por eles de Tony). Tony comentou quando todos estavam reunidos no bar do hotel, já devidamente limpos.
Ficaram grande parte do tempo conversando, bebendo, comendo e rindo. Os assuntos eram variados, mas o principal era sobre os shows do Brasil. Eles contavam as coisas mais engraçadas e mais chatas que presenciaram durante a turnê, os melhores momentos, principalmente aqueles em que eles tinham quase certeza que iam morrer por fans.
- Falando no show de hoje, - Tony começou, quando se recompôs. – adivinhem quem foi ver vocês.
Os quatro se entreolharam e chutaram qualquer pessoa.
- Não. As garotas da .
- Como? Elas são doentes? Isso é um total suicídio! – os quatro ficaram surpresos ao ouvir e chegaram a arregalar os olhos ao se imaginarem no meio de todas aquelas pessoas sendo eles mesmos.
- Parece que elas são fãs de vocês faz bastante tempo. Aí bolaram até disfarce pra passarem despercebidas. A manager delas até conversou comigo pra ver se não dava pra vocês se conhecerem, mas elas preferiram a pista a ficarem do lado de vocês.
- Quem em santa consciência prefere isso? – Harry perguntou realmente surpreso. Não só pelo fato de alguém escolher meninas suadas, desmaiando e com uma vista talvez não muito privilegiada a uma vista perfeita e ainda ficar ao lado de quatro bonitões.
- Tem louco nesse mundo pra tudo, cara. A... Alice, acho que era esse o nome dela, disse que elas queriam reviver os tempos, uma coisa assim. Mas acabaram em frente ao palco, não sei se conseguiram vê-las.
- Doidas. – Danny nem precisou pensar pra falar.
- É, mas eu disse que amanhã talvez desse tempo e parece que elas têm uma entrevista, não sei. Tudo depende. Se vocês se esbarrarem por aí...
- Elas estão nesse hotel? – Tom perguntou interessado. Ele estava a fim de conhecer a banda que era falada por todo lugar que ele ia. Principalmente no Brasil.
- Sim. Deu um problema com a casa delas e elas vieram pra cá.
- Tony, como você sabe dessas coisas? – Dougie perguntou em tom zombador.
- Minha namorada, cara. Ela não cala a boca! Acho que ela ama mais essas quatro a mim mesmo! – Tony deu uma espécie de mini-surto zoando e os outros riram. – Mas ela me liga de cinco em cinco minutos pra ver se eu não consigo um jeito de arranjar um autografo delas. Ficou doida e até disse que pegaria o próximo vôo pra cá quando disse que conversei com a manager delas e que estou no mesmo hotel que elas.
- Tony, meu caro amigo, sua namorada é pirada. Foi mal. – todos riram, inclusive Tony, que concordou.
- Mas por que elas não nos conhecem agora? – agora sim foi preciso tempo para Danny pensar.
- Quando elas estavam aqui, vocês estavam perdidos no trânsito dessa cidade.
- Continuo achando os motoristas daqui doidos.
- Então onde elas estão? – Harry perguntou, deixando o comentário de Dougie no ar.
- Provavelmente numa boate se divertindo.
- Caramba, nem pra nos esperar pra irmos juntos?
A verdade era que eles já estavam intrigados pra conhecerem essas meninas. Todo mundo só falava delas e por falta de tempo, nem sabiam seus nomes direito.
- Ok, cadê o laptop ou o iPhone de alguém pra gente descobrir de uma vez por todas quem elas são e se mandam bem mesmo. – Tom perguntou determinado. Depois de muitos meses finalmente tinham tempo pra fazerem o que quiserem e a primeira coisa que fariam pra usarem esse tempo seria pesquisar coisa sobre elas.
Pena que ninguém passou ou respondeu alguma coisa. Ficaram só se olhando, esperando alguém tomar uma atitude.
- Ninguém ‘ta com os negócios aqui, né? – o mesmo que pediu as coisas antes perguntou, mesmo já sabendo a resposta. Todos negaram em resposta e riram. – Então depois a gente vê.
Até parece. Eles passaram mais horas por ali bebendo e tiveram uma noite bem divertida, mesmo que dentro do hotel. E quando voltaram aos seus quartos, a única coisa que viram foram os travesseiros. Por pouco tempo não cruzaram com as meninas, que chegaram apenas dez minutos depois que eles tinham subido. O estado em que todos estavam não era diferente. Então se eles tivessem se encontrado, seria a mesma coisa que passar despercebido ou até uma noite de pura sacanagem.

Falem um pouco dos shows que já fizeram por aqui. E comentem: por que não vieram mais cedo?
- Os shows aqui tem sido ótimos, como sempre foram. As fãs continuam com o carinho e a histeria que a gente adora.
- Nós não viemos antes por falta de tempo. Era CD novo, turnês em outros lugares do mundo... Nada girava a favor!
- Mas a gente voltou com vários shows e os que já aconteceram foram ótimos. A mesma vibração e resposta que a gente espera quando viemos pra cá cada vez maior.
As garotas da estão no país também, como já devem saber. Já se encontraram uma vez?
- Não, não nos conhecemos ainda, mas nos disseram que elas estarão em São Paulo nos mesmos dias que nós.
- Esperamos nos encontrar. Durante todo esse tempo não nos falamos uma vez sequer, seria legal nos conhecermos.
- E que dessa vez dê certo. Já tentamos fazer isso com os Jonas Brothers e não deu certo...


Capítulo 03: That’s When I Realized


- Eu não sei pra que você teve que falar aquilo... “Não consigo imaginar a ou a numa entrevista dessas”. E ainda falou que eu fiquei com o Caco!
Assim que a porta do elevador foi aberta, quatro meninas, uma de cada vez adentrou, apertando-se (e provavelmente rezando) pra caberem oito pessoas ali, sendo que o máximo eram sete. Ah, era tão magra que nem contava! Esta mesma magrinha reclamava com coisas da entrevista que a última tinha acabado de dar por telefone.
- Eu ‘tava mentindo? , isso já até foi confirmado há tempos!
- E daí? Você sabe que eu odeio esse tipo de coisa e eu só confirmei porque ele confirmou.
- É, você ‘tava tão bêbada que ficou com o primeiro que apareceu. – falou pela primeira vez aquele dia. – Depois fica reclamando aí.
- Você, dona , não devia falar nada que ela usou seu nome também! Se ouvi direito, coisa que gostaria que não tivesse feito, a falou que você ficou com o Gee!
- Ouvi também e não vejo problema nisso. Fiquei com ele mesmo, já falei isso pro mundo todo. Só que estava sóbria e sabia muito bem o que queria.
- Safada. – resmungou do nada.
- Eu, né? Você bem queria fazer essa entrevista sobre sexo.
- Queria mesmo! – confirmou ela, balançando a cabeça pra cima e pra baixo freneticamente. – Eu falaria muito mais coisas que a disse!
- É por isso mesmo que não foi com você! – riu. – Imaginem o que a falaria! Ela se abriria no telefone, contaria todas suas experiências e posições.
- Iih! Por quê? Eu não ia poder falar isso? – desanimou enquanto as meninas, surpresas pela resposta da amiga, diziam que não. – Então ainda bem que foi a quem fez.
- ! A revista é pra adolescentes, não pra viciados em sexo! – todas falaram em uníssono.
- Não vamos sair do assunto quando eu ainda ‘to puta com você, !
- Argh, ! Que saco, eu falei de todo mundo lá, inclusive de mim. Ninguém ‘ta reclamando, só você!
- Claro, eu sou a única que liga pro fato de que eu não queria nada com o cara do Nx Zero?
- Hey, eu também fiquei com um deles e me orgulho disso. – não era bem isso que queria dizer, mas faria de tudo pra que calasse a boca.
Não, elas não tinham nada contra a banda, só que odiava lembrar da noite que bebeu umas a mais (quase como sempre) e acabou fazendo uma coisa que não queria. Mas não era nada contra a banda. Elas adoravam as mÚsicas e eles mesmos.
- Eu não vi problema algum quando ela disse que fiquei com o Lucas Till. Fiquei mesmo e o pego de novo!
- Só pra te lembrar, ele é mais novo que você. – riu.
- E daí? Beija bem e é o cara mais lindo que eu já vi na minha vida depois do Harry.
Finalmente elas pararam pra notar que não estavam sozinhas no elevador. A partir do momento em que a falou o nome de Harry, o mesmo passou a prestar atenção às meninas. Ou pelo menos tentar, já que entendia e falava poucas palavras em português, apesar de já ter visitado o país algumas vezes.
É, elas estavam dividindo o espaço do elevador com McFly.
- Fui só eu que notei ou vocês também? – perguntou sem olhar na cara dos meninos.
- Nós também. Mas ah, podia ser outro...
- NÃO REPETE O NOME! – as três gritaram pra .
- Eles devem achar que somos piradas. – riu .
- Nossa, olha que droga. Eu esperei minha vida toda por um encontro com eles e isso acontece só quando eu sou famosa. Eu me pergunto: por que a gente não estourou mais cedo?
- ... – apenas olhou pra ela estendendo a mão e a outra entendeu muito bem que ela estava se perguntando a mesma coisa.
Elas estavam tão absortas em sua pequena discussão que nem sequer ouviram um pio daqueles quatro. É quase uma coisa impossível de se fazer, mas quando se tem uma estressada perfeccionista, uma pulga fresca, uma relaxada topa tudo e uma escandalosa bipolar, o mundo ao redor não importa. Claro, eles estavam conversando entre si. Claaaro, eles estavam falando que elas eram escandalosas e que provavelmente estavam em uma discussão. E sim, ficaram curiosos quando o nome foi dito.
Sem mais delongas o elevador enfim chegou ao térreo. Ao sair, todos foram direto ao café da manhã e, ao passar pelas portas do local, avistaram seus responsáveis conversando. Porém não sabiam quem era quem. Digo, não sabiam que o responsável do McFly conversava com a da e vice versa.
Escolheram as mesas e seguiram até ela, embora tenham sido parados no meio do caminho.
- Então, já se conheceram? – em inglês mesmo, ouviram o homem perguntar. AH! É aí que a imaginação de vocês entra. Mesmo que escrito em português, façam uma forcinha pra imaginarem em inglês.
- Acho que não, se não elas estariam histéricas agora. – a mulher respondeu, fazendo com que as quatro garotas olhassem pra ela indignadas. – Eles também não precisam ser apresentados a elas... Elas devem saber mais da vida deles do que da delas mesmo...
- Alice, é incrível a capacidade que você tem de nos envergonhar mais do que nós mesmas! – falou sem graça e a outra só riu.
- Mas então. Tom, Danny, Harry e Dougie, essas são , , e , da . Meninas, esse são... Hm, McFly.
- Oie. – soltou alegre depois de um segundo de silêncio, fazendo os outros rirem.
- Já que nosso disfarce já era porque a Alice-boca-gigante falou, er... A gente adora vocês. – começou. Eles já sabiam, claro, mas era legal ouvir da boca delas. Principalmente quando elas estavam se contorcendo pra falar isso sem ficarem mais vermelhas.
- É, vocês tem um som bem legal. – falou um pouco acanhada. Pra quem fala de sexo no telefone, ser acanhada numa coisa dessas é suspeito.
- Na verdade... – Alice ia começar, mas as quatro a impediram.
- ‘Ta legal. A verdade é que a gente tem ataques quando vimos algo relacionado a vocês. Ok, a gente é doida por vocês. Tipo, realmente somos bem fãs. – contou, procurando frases diferentes de ‘amamos vocês mais que nossa vida’, ‘somos fãs há mil anos e sempre sonhamos com isso’ ou até mesmo ‘a gente precisa de um abraço’.
Os quatro garotos riram da vergonha delas e a acharam fofas (pra não dizer gostosas), doidas, claro, mas acima de tudo, fofas.
Depois de mais uns risos trocados, foram pra uma mesa. Afinal de tudo, optaram por sentarem-se juntos e conversarem mais um tempo enquanto tinham essa preciosidade.
- Vocês têm alguma preferência? – perguntou Danny após tomar uma xícara de café e logo levando olhares assustados de todos ali. – Calma, ‘to perguntando se elas têm favoritos. Tipo, a pode gostar mais do Harry... Ah, dá pra entender; só por curiosidade.
Não era completamente verdade. Ele queria saber desde já em quem seria mais fácil investir, hehe, e por curiosidade mesmo. O que ninguém sabia ali é que cada um pensava a mesma coisa.
- Nada contra os outros, mas o Jones é meu escolhido. – ponto para Danny. Este deu um sorriso aberto em resposta a , porém tinha pensamentos infames. Não que ele a tinha como alvo, qualquer uma das quatro sairia no lucro, mas tinha algo (além da bunda) que o chamou atenção.
- Repito o que a disse, nada contra os outros, mas Dougie, você não pode ser desse mundo, não é possível. – e aí está a que a gente conhece. A que fala o que pensa e acha e que faz os outros rirem e não a que mal olha na cara dos outros por vergonha.
- Desculpa a vocês três, o Harry consegue deixar qualquer uma sem fala, sem ar, sem pensamentos e principalmente sem roupa! – vez da e sua espontaneidade e principalmente a falta de cara de pau.
Eu preciso falar que isso gerou muitas risadas? Porque se quiser, eu explico como foi...
Por fim, chegou a vez da .
- Hm... Então, - começou. Até o momento, todas tinham favoritos diferentes e Danny, Dougie e Harry podiam esperar que um deles fosse novamente escolhido. Tom também podia esperar que um dos três fosse escolhido. Por que ela não escolheria Dougie ao invés dele? O cara tem olhos azuis e algo mais que ele não sabia dizer que faz as garotas ficarem doidas. Na verdade, ele não ligava muito pra isso. Claro, ele ficava feliz quando alguém o escolhia, mas passou grande parte da vida não ligando por causa de sua namorada. Mas já que agora estavam definitivamente separados, isso de certa forma o afetava agora. – Não podem ser todos, não? É complicado escolher só um quando cada um tem aquela... Coisa que chama atenção.
- , todos eles têm pênis. – a assegurou, novamente causando risos e surpresa com a fala. – Têm, não têm? – terminou, checando.
- Em perfeita ordem. – Tom respondeu entrando no clima, levando mais uma vez as pessoas às risadas.
- Então pronto, , pegue o seu porque todos não tem como.
- Mas é que é realmente complicado! – realmente complicado. O problema de é que ela é muito indecisa. Estressada também, mas a indecisão dela chega a encher o saco. – Chegarei lá... Danny tem a voz que faz qualquer uma gozar. - o mesmo soltou uma risada escandalosa. – Harry, cara, seus olhos, seu jeito, seu físico! Dougie... É o que a disse, é totalmente o que a disse. Você não pode ser desse mundo, é bonito demais pra isso! – ele sorriu, achando-se um pouquinho. Eles já se sentiam livres pra falar e fazer qualquer coisa depois do que cada uma delas falou. – Vocês três podem ser tudo isso, podem ser os caras mais lindos da face da Terra, mas não chegam aos pés do Tom. Falei.
Momento de surpresa para os quatro. Depois de todos esses super elogios, ela tira todo mundo e prioriza o Tom. Dougie já ia começar a se achar mais do que devia. Pena que foi completamente broxado, coitado.
- É que se o Dougie tem que ser de outro planeta, Tom só pode ser de outra galáxia ou até mesmo outro universo! Sua voz, seu cabelo... Você! Você já checou se tem alguma coisa diferente nas mãos, na cabeça e nas cordas vocais? Porque tudo que vem de você é incrível, nenhum outro ser humano faz igual!
O sorriso que Tom abriu fez o estômago de querer sair pela boca depois de ter dado a maior volta em seu corpo. Ele havia ficado bem feliz. Afinal de contas, ela o escolheu ao invés de Dougie.
Conversa vai, conversa vem, comidas vão chegando e saindo e eles ainda estavam lá. Observados por alguns fãs que pagavam uma fortuna pra se hospedarem no hotel e ainda ter a chance de nem se encontrarem com os ídolos, eles continuavam ali, trocando palavras e risadas (que era a maioria) e nem se davam conta da hora. Se estivessem atrasados pra algo, que alguém os fosse tirar dali.
- E vocês? O assunto esse tempo todo foi sobre nós. – Harry falou. – úh, antes de tudo, desculpem-me por não termos escutado uma música de vocês antes, mas não temos tido tempo.
A única coisa que eles sabiam delas realmente era que essas meninas deviam mandar bem porque sempre competiam o primeiro lugar nas paradas. E pra pegar o primeiro lugar tem que ser bom.
- Não se preocupem, a gente sabe muito bem como é isso. – começou. – Ah... A gente começou do nada, tocávamos só por diversão. Mas aí um dia, um parente da que é ligado com os chefões viu a gente tocando e foi aí que começamos. Isso foi há uns dois anos, mas a gente virou internacional mesmo uns meses depois de um show que vocês deram aqui.
- Nós parecemos um bando de nômades. Temos casas pelo mundo todo e mal ficamos aqui no Brasil. Só quando temos férias mesmo ou um fim de turnê, como agora. – terminou.
- É a pior parte de ser músico. – Tom concordou. – Fim de turnê, é? Onde foi o show?
- Ainda vai ser! Hoje à noite! – elas responderam juntas com um pouco de nervosismo na voz.
- Sério? Aonde?
- No Morumbi.

- What the fuck, Morumbi? Elas têm muito menos tempo que nós nesse ramo e já dão show em Morumbi?
Já na van a caminho de uma rádio para a última entrevista, era visível a indignação deles ao ouvirem a história das meninas sobre lotarem shows nesses tipos de estádios gigantescos, não só dentro do Brasil, como fora também. Eles não conseguiam entender por que meninas conseguiram isso e eles não. Machismo evidente e gritante rolando solta na van.
- Então! Elas devem ter algo com a Disney ou sei lá o quê. Pra terem fama assim tão rápido, tem que ter algo poderoso pra divulgar. – Tom falou. – Pelo menos, bom pra elas.
- Mas não é bom pra gente. Vocês viram quando saímos juntos do hotel... Nós saímos primeiro e as fãs tinham vários cartazes com nossos nomes; McFly pra todo lado. Desde o momento em que elas tiraram o pé daquilo, os gritos triplicaram e todos os nossos cartazes foram substituídos pelo nome delas e eu juro que se fechar o olho, vejo pra tudo quanto é lado.
- Danny, não exagera.
- Não exagera? Você nem ‘ta piscando pra poder parar de ver, Dougie!
- Mas... Elas são daqui, caras. É normal que isso aconteça na terra natal delas, como a gente em casa.
Após a fala de Harry, todos se calaram. Por um lado podia ser verdade e isso ajudava muito. Todos sabem que onde você é descoberto tem mais uma afinidade. Eles mesmos ponderaram nisso porque o tratamento entre as fãs brasileiras e inglesas era completamente diferente e isso era visível em todo show inglês. Não que a mudança fosse drástica, mas pelo simples fato de uma grande parte das pessoas no Brasil que vão ao show deles mal falam inglês, só as músicas deles, já tem uma diferença ao contato com o público. Já as meninas, a língua nativa delas é o português e sabem falar inglês perfeitamente.
- Ah, não sei, não... Minha namorada paga um pau fodido pra elas... Elas mandam bem sim e não tem nada de divulgação. É sorte. – Tony falou depois de ouvir o que todos falavam no carro. – Vocês também têm sorte e também mandam bem, mas a sorte delas foi maior.
- Valeu, Tony. Você é nosso e puxa saco delas. Legal isso, viu? – Dougie zoou. Tinha um pinguinho de verdade, mas foi zoação mesmo.
- Não! – Tony riu. – Só to falando o que eu acho, foi mal.
- Beleza. – Harry deu de ombros.
- Já ouviu uma música delas?
- Danny, eu vivo numa casa onde só toca o dia todo. E um pouquinho de McFly – ele realmente não brincava quando dizia que a namorada era viciada nelas. – Não sei como ainda não tentei trabalho com elas... Ia ser tão mais fácil! Sei tudo que elas gostam, desde a comida predileta até a posição que elas mais gostam de dormir.
- Cara, isso é obsessão. Dá mais pra você ser um fã do que dar assistência a elas. – Tom riu, achando a coisa mais absurda ele saber tanta coisa assim sem nem mesmo ser um viciadinho nelas.
- Sai fora. Trabalhar pra vocês é a coisa mais complicada do mundo...
- Ih, cara! A gente te dá a maior folga! – os quatro falaram, antes de darem tapas doloridos em Tony.
- PORRA! – gritou, tentando desviar dos tapas. – Continuando: se com vocês é isso, imagina com quatro garotas juntas.
A van ficou em silencio a partir daquele momento. Todos estavam pensando em como seria conviver com elas.
- Não deve ser horrível. Elas são legais.
- É, mas a gente só conversou por algumas horas, Tom, e não vivemos com elas. – Danny falou. - Tony, tem alguma música delas aí?
- Tenho cara de quem tem música delas comigo?
- Tem. – os quatro responderam em uníssono.
- Depois eu mostro, vocês têm entrevista agora. – ele acabou com o assunto antes que fosse zoado. Deu graças a Deus quando já estavam na rádio no Pânico.
Eles voltaram lá mesmo depois da vergonha que foi. Vergonha pros brasileiros, né? A imagem deles é acabada ali. Mesmo assim, chegava a ser bem engraçado e a cada vez, um deles era o escolhido pra ser zoado. Como na primeira vez que Danny quase teve que beijar... Aquilo. Em uma das vezes, perguntaram a Dougie se ele já tinha sarado da gripe suína porque aí o programa arranjava alguém mil vezes pior pra ele. Então Dougie ainda sofria de gripe.
Acabada a entrevista, mais uma vez estranha, eles já estavam de volta à van prontos pra voltarem ao hotel e decidirem o que fariam pras férias. Antes chegarem ao hotel, resolveram dar uma passada na frente do estádio e ver como estava. Péssima idéia. O local estava lotado de meninas e meninos histéricos, haviam barracas em tudo quanto é lugar, colchões e lençóis jogados, sem contar do trânsito que estava por ali logo naquele horário.
- ‘Ta legal, mostra essa música logo.
Tony tirou seu iPhone e logo colocou o single mais famoso das meninas que logo foi reconhecido pelo motorista e pelos garotos. É impossível ficar anos sem ouvir alguma coisa que está fazendo muito sucesso. Eles já tinham ouvido algumas músicas, mas não conheciam coisas especialmente da banda.
- Eu não acredito que vocês não sabiam que essas músicas eram delas. Vocês só podiam ter feito uma turnê na lua pra não saberem!
Às vezes isso chega a ser normal. Há muitas músicas de umas bandas que todo mundo escuta, mas muitas vezes não sabem de quem é.
Quando o carro já entrava no hotel, uma idéia veio a Dougie.
- Tony, você não consegue ingressos pro show delas não?
- Vão de povão também?
- Nunca. – nem foi preciso tempo pra digerir a pergunta. Só doidos fazem esse tipo de coisa. Tony só riu.
- Mas beleza, consigo, sim. Aliás, por que vocês mesmos não pedem? – perguntou quando avistou as quatro meninas sentadas num cantinho afastado e rindo bastante.
- Nem, elas tão mó se divertindo lá e esse é o seu trabalho...
- Não, venham aqui! – Tony riu, sacaneando os meninos. Vingança é um prato que se come frio e cru. – Meninas, tudo bem?
- Tudo certo, Tony! – elas responderam, ainda rindo. – Chegaram agora? – perguntou.
- Sim. – ele sorriu. – Os caras querem fazer uma pergunta pra vocês.
Elas se entreolharam um pouco curiosas e disseram que tudo bem. Pena que não foi o tempo dos quatro fugirem; estavam bem perto delas.
- Hm... A gente... A gente quer saber se... Alice ‘ta por aqui? – Danny arriscou.
- Não... – respondeu estranhando a pergunta e a atitude dos meninos ali. - Ela ‘ta meio ocupada com as últimas coisas do show. Mas, por quê? Talvez a gente possa resolver.
Elas não sabiam o que pensar. Não havia nada que eles pudessem perguntar na cabeça delas. Depois do café da manhã, conseguiram reparar que eles estavam meio desconfortáveis com alguma coisa e desconfiaram que fosse a história delas. Qualquer pessoa em outra pele poderia reagir desconfortável após saberem que só com poucos anos, são tudo aquilo. Só que depois da pergunta estranha de Danny, começaram a pensar que um deles (ou talvez todos) queriam algo com a manager. Ela era bonita, não era nada de anormal pensar uma coisa dessas. Tinha olhos claros, cabelos castanhos com umas mechas pretas e loiras, magra... O que um homem ficaria satisfeito de ter ao lado.
- Não, não é nada não. O Tony que ‘ta inventando. – Dougie riu nervoso, puxando os outros pra saírem dali, mas Tony foi mais rápido.
- Dá pra ser com vocês,sim! – abriu um sorriso de orelha a orelha, deixando-as mais curiosas ainda.
- Bom, então perguntem! – sorriu.
- Não, sério, é bobagem, deixa pra lá. – Dougie continuou insistindo.
- Eles querem saber se vocês têm...
- Se vocês têm ingressos com vocês pro show de hoje. É por isso que a gente queria saber da Alice. – Tom cortou Tony. Seria melhor e menos vergonhoso se falassem um deles de uma vez.
- Claro! Temos sim. – sorriu, pensando por que diabos eles fizeram tanto drama pra uma perguntinha tão simples e que não machucava ninguém. – Era só isso?
- É...
- Não querem o telefone da Alice? Olha, a agenda dela ‘ta meio apertada esses dias, mas assim que a gente entrar de férias ela vai ‘ta livre pra...
continuou falando, mas parou ao ver a cara confusa dos quatro, ou melhor, dos oito. As outras meninas pensaram a mesma coisa, sim, mas depois que a pergunta foi resolvida não tinha porque continuar nessa idéia. Ou talvez tinha,e foi o que pensou.
- Esqueça-a. – deu de ombros. – Vão querer quantos? Cinco?
- Na verdade, seis... Minha namorada vem. Ah, e caso ela dê um ataque caso veja vocês a menos de dez metros, saibam que eu a tentei parar e que não me responsabilizo! – Tony falou, arrancando risadas de todos ali.
- Não tem problema, não! A gente adora! – tinha razão. Elas adoravam! Quanto mais doido fosse o fã, mais engraçado era. Dependendo também... Existem aqueles obcecados que acham que a pessoa não merece estar na Terra por ser bom demais e fazem de tudo pra cometerem um assassinato.
- Aqui estão. – tirou uns ingressos com direito a tudo da bolsa e juntou com os que as outras tinham. Elas tinham milhões ali dentro! Se alguém rouba aquelas bolsas, estava completamente feito porque tinham pelo menos uns quinze divido pelas quatro. – Se quiserem ir conosco, daqui... Ah, algumas horas, vamos fazer a passagem de som. Se quiserem ir... – sorriu.
Conversaram um pouco e decidiram que iam mais tarde por falta de tempo. As meninas garantiram que eles poderiam ficar num lugar bom, sem problemas e sem chances de morrer. Agradeceram as quatro e foram aos seus quartos falando algo como ‘sua namorada vem mesmo?’ e Tony respondendo com um gesto de ‘fazer o quê’.
As meninas ficaram contentes e mais nervosas ainda. Como assim a banda favorita das quatro iria a um show delas? Além de darem 110% de cada uma em todos os shows, teriam que dar bem mais. Não porque McFly estaria lá – ou não porque -, mas porque era o último show e elas queriam mostrar que realmente são o que todos falam quando se trata de um show ou só mesmo do som que elas fazem.


Capítulo 04: Born For This.


- , nem pense em sair daqui como da última vez. – Alice quase gritou com a coitada. – Quase que você não volta!
Ela estava falando de um show que a banda tinha dado há um tempo, em que se enfiou no meio dos fã, onde eles ficavam, bem à frente do palco e quase que não voltava. Tudo bem, ela estava com a fantasiado Sebastião, o caranguejo da Pequena Sereia e foi no meio de todo mundo. O que aconteceu foi que uma menina espertinha conseguiu tirar a cabeça da fantasia, deixando uma suada e com cara de desespero. Acabou que tinha um caranguejo correndo pelo local.
Isso serviu como uma bela lição. A primeira foi: nunca saia fantasiada no seu próprio show. Dá muito na cara. E a segunda: escute e olhe bem antes que alguém mexa com você; pode acabar nisso. Ah, o porquê da fantasia no meio de todo esse show? Longa história.
- Droga! – zoou a garota, levando um olhar amedrontador da manager.
- , lembrou de trazer as baquetas, certo?
- Sim, senhora! – ela respondeu prontamente, mas logo saiu à procura das mesmas.
- , tomou seu remédio? Não quero te levar para o hospital por causa de seus descuidos.
Já falei de e seu remédio para ataques hiperativos. Minutos antes de entrar no palco, entra em ataque. Ela sempre fala que não vai conseguir, que vai ser um desastre e ao mesmo tempo em que quer subir logo, ver toda aquela multidão e pensar ‘nós somos fodas. Temos todas essas pessoas’. Quando isso se mistura com a adrenalina, em é como um ataque do coração. Às vezes um orgasmo, um momento de brisa ou ela fica insuportável. Ela simplesmente pára, ri como se estivesse bêbada, tendo o maior prazer do mundo ou simplesmente não pára. Pode dar o fim do show, ainda ia querer mais e só pararia com uma camisa de força. O problema é que às vezes isso acaba como tendo que ir direto ao hospital. Adrenalina demais; como ir ao parque de diversões e ir à montanha russa e no kamikaze mil vezes por horas.
- Já tomei. – ela sorriu. – Alice, não precisa fazer isso todos os shows.
- Então da próxima vez, você vai pro hospital. – acabou a deixando calada. – , ajude a procurar essas baquetas e não saia de jeito nenhum atrás de alguém da produção. Se acabar se atrasando de novo por isso, você está frita.
- Pode deixar. – ela respondeu sem graça e foi ajudar a outra que estava quase entrando em desespero por não achar as preciosas.
Felipe era um cara da organização, da produção dos shows. Não de todos, só daquela turnê no Brasil. Sua empresa seria a escolhida pra bolar toda a organização de todos os shows que pudessem ser feitos naquele país. Isso se não tivesse feito a guitarrista quase perder a hora de entrar. Logo ela que é sempre responsável com horários, conseguiu se atrasar. Digamos que Felipe faz o tipo de . Eles começaram com umas conversas, aí sorrisinhos foram trocados, olhares... Até chegarem à parte da saliva. Depois da checagem de som (obrigações primeiro, como diz a garota), ia com o garoto até Deus sabe onde, amassava-se com ele por lá e assim, as horas iam se passando, até que chegou a hora do show de Recife e... Cadê a ? Ela jura de pés juntos que não passou de beijos e isso é pura verdade. Nenhuma ali é feita pra namorar, até porque, estão sempre viajando, mas também porque ninguém é suficientemente bom pra isso. E não são de fazer rapidinhas em lugares indiscretos. Coisas selvagens assim só quando namorarem a pessoa certa. Enfim.
Pelo menos ela não se atrasou a ponto do show mudar de horário. Antes mesmo de começar, já estava descabelada e um pouco suada. Bom, pelo menos ela se divertiu!
- , cadê essas baquetas?
- Não sei! Elas estavam na minha mão, aí eu fiz um monte de coisas e... Eu não sei!
- Você ‘tava fazendo o que quando as segurava?
- Sei lá! Eu não lembro nem do que comi ontem e espera que eu lembre o que ‘tava fazendo?
- , não faz nem uma hora.
- Não importa, , eu não lembro!
- ...
- , agora não. Se eu não acho essas baquetas...
- ...
- Alice vai me comer viva! Vai raspar meu ânus com papel de lixa e depois tacar álcool... – acho que não deu pra ver o desespero da menina. Ela ainda nem delirou, não, imagina.
- , você colocou suas baquetas na geladeira! – gritou, fazendo sua voz ficar mais alta que a da psicopata.
- Quê? Elas não estão na geladeira, pra que eu as colocaria lá? – a única coisa que fez foi tirar dois objetos cilíndricos, finos e verdes gritantes (pra que não pareça um pênis).
– Olha, elas estavam na geladeira! – acabou com um sorriso gigante indo em direção à amiga. – Obrigada, . Eu te amo!
A outra riu, rolando os olhos e foi se sentar pra esperar a hora passar. Era a pior parte: ficar esperando. Quase sempre nem viam a hora passar porque ficavam jogando coisas à toa ou batendo um papo que sempre era empolgante. Mesmo que elas passem o tempo todo juntas, não havia um momento em que elas não tivessem um assunto pra falar. Nem que seja sobre a vista do hotel.
- Eu não sei como ela consegue perder essas baquetas... São verdes que chegam a cegar qualquer pessoa, é impossível perder!
- Você perde a hora, cala a boca, .
- Eu não posso ir mesmo procurar o Felipe?
- Não. – as três responderam juntas e ao mesmo tom. – Além do que, ele foi demitido, .
- ‘Ta brincando. – não foi uma pergunta. Foi um tipo de murmúrio surpreso.
- Não... Depois de Recife, ele foi demitido. O chefe dele achou um absurdo ele ceder às suas tentações e te fazer atrasar. – explicou.
- Ele botou a culpa em quem afinal? Na ou no Felipe? – perguntou e deu de ombros.
- ‘To me sentindo culpada agora...
- Nah... Esquece isso, o cara era bom. Vai achar outro emprego fácil-fácil. – falou e depois começou com outro assunto.

O carro entrou na entrada principal, onde vários jovens loucos e escandalosos passavam acima. O portão já tinha sido aberto e o que dava pra ver era como aqueles fãs estavam aflitos pra entrarem logo e pegarem os lugares. A pista vip e a pista comum já estavam acomodadas com vários seguranças e pontos de pronto socorro em todo lugar. Conforme os minutos iam se passando, o local ficava mais cheio. Estavam liberando a arquibancada aos poucos. Faltava pouco menos de duas horas pro show começar.
- Isso aqui ‘ta medonho. – Harry falou assim que viu a legião de pessoas e a bagunça que elas estavam fazendo pra entrarem no estádio.
Um guardinha foi ao lado do carro pra checar os passes e liberou o mesmo assim que viu quem estava ali dentro. Já foi avisado de que eles estariam por ali mais cedo ou mais tarde.
- Os lugares estão à escolha de vocês. Qualquer dúvida, vocês podem falar com qualquer pessoa da produção ou com as próprias meninas, mas com elas até as nove. - um dos muitos organizadores falou e saiu, deixando os rapazes à vontade pra fazerem o que quiserem.
- Amor, vamos falar com elas? Por favor! – a namorada de Tony suplicou mais uma vez, como se não bastasse ter feito isso no caminho todo.
- Hannah, já estamos no mesmo hotel. Pra que ficar torrando a paciência delas logo agora?
- Mas, Ton, eu preciso muito saber o que elas realmente fazem antes dos shows.
- Vamos lá, cara. – Tom deu um tapa nas costas do amigo e o fez andar. A namorada só deu um gritinho falando que o ele era o melhor e saiu contente. – Vamos acabar logo com essa discussão sem fim. – cochichou a ponto de só Danny, Dougie e Harry escutarem e soltarem risadinhas.
Andaram mais um pouco e pediram umas informações até chegarem ao camarim e escutarem risos e varias vozes ao mesmo tempo.
O cara que os ajudou a chegarem ali bateu uma vez na porta e a abriu, dando a vista das quatro fazendo cabelo, maquiagem e conversando sem parar com os ajudantes delas.
- Aí a gente foi procurar ela igual doidas e acabamos a achando num lugar que eu nem sabia que existia! Só dava uma amassada nas paredes e um cara na frente... – riu, lembrando-se da cena enquanto tinha seus cabelos secados pelo cabeleireiro que tanto amava.
- Pelo menos eu não era um caranguejo chapado de duas pernas correndo no meio do povo. Parecia uma festa daqueles pirralhos de três anos que correm atrás do palhaço porque ele é péssimo. Um palhaço drogado, ainda por cima!
- , péssima comparação.
- Foi mal, , ela tem razão. – riu escandalosamente, logo levando uma advertência do maquiador pra manter-se quieta.
- Gente, temos visitas! – sorriu quando viu quem estava na porta. – Desculpem por presenciar isso, mas estamos nos aprontando.
- Garotos! Oi! – notou a presença deles ali segundos depois. – Entrem! Ah... Você deve ser a namorada de Tony, certo?
- Si-Sim, sou Hannah. É muito bom conhecer vocês... – ela se atrapalhava ao falar e não continha o sorriso. – Posso... Posso pedir um abraço?
Todas elas sorriram e concordaram. Estavam com negócios no cabelo, maquiagem sem terminar, mas não se importaram.
Elas já estavam praticamente prontas. Só faltava o cabelo e uma leve maquiagem. usava uma calça rosa escuro com riscos pretos parecidos com a pele de um leopardo ou até mesmo impressões digitais, uma blusa branca com os escritos Roxy, uns desenhos diferentes e o que mais aparecia sendo o corpo de um peixe com vária cores misturadas e usava um all star comum nos pés. Tinha os cabelos iguais a sempre: lisos e soltos, com algumas ondas e a maquiagem era só um gloss rosa claro, lápis pink que destacava seu olho e combinada com a calça e sombra também rosa, só que mais delicado, com um toque final de blush. Tudo muito leve, sem parecer perua, assim como a das outras. estava com uma blusa amarela com o rosto do John Lennon estampado em míseros pontinhos de ombro caído, uma calça escura xadrez em pequenas linhas de vermelho, cinza, preto e branco e um tênis da vans slip on quadriculado em neon. O cabelo usual comprido, liso com pequenas ondas nas pontas e só faltava colocar a franja no lugar de sempre: um pouco ao lado, um pouco ao centro e fazer sua maquiagem que seria um lápis amarelo que se destacava, uma leve sombra preta e com batom da cor da pele mesmo. queria porque queria usar uma saia, mas uma baterista de saia não seria muito legal, então acabou usando por birra um short de bolinhas pretas, brancas e vermelhas, variando o tamanho por toda peça e uma blusa cavada branca também de bolinhas cinza muito claras e um tipo de jaqueta vermelha xadrez por cima. Pra completar, tinha uma sapatilha preta com, adivinha? Bolinhas em vermelho. O cabelo curto estava preso por enquanto e sua maquiagem era com o lápis preto, boca vermelha e blush neutro. Finalmente, usava uma blusa roxa escura, lotada com o símbolo da Volcom em preto, com um colete aberto também preto por cima, com uma calça skinny amarela e um tênis preto de cano médio e corações discretos em um dos lados do tênis. O cabelo repicado e colorido em umas luzes roxas estava avolumado (a expressão é hair teased), sua franja jogada completamente ao lado e estava acabando a maquiagem: lápis roxo e olhos esfumaçados. Nunca ligava pra combinações, adorava o roxo e amarelo juntos.
Só elas não ficavam bregas nessas roupas.
Não tinha porque fazer alguma coisa mais caprichosa, elas iriam sair dali acabadas mesmo.
Então, depois de umas fotos com Hannah, uns ataques dado pela mesma e conversas, as meninas foram mostrar os lugares que seriam legais pros meninos sentarem. O primeiro que foi visto já foi o escolhido: um pouco atrás e ao lado da bateria. Ninguém conseguiria vê-los por lá e eles teriam uma vista privilegiada do show e do publico. Não seria da frente, mas sim da bunda de cada uma. Eles teriam direito a tudo: água, cerveja, até comida japonesa! Assim voltaram ao camarim porque já começava a ter seus ataques e era hora de se concentrarem e fazerem seu típico ritual antes de todos os shows.
Até começar o show, eles ficaram já no lugar, comendo alguns petiscos, conversando e vendo o movimento da platéia. A maior parte da conversa eram zoações para Hannah que até agora estava em choque ou comentários sobre o público que ainda aumentava e pela quantidade de pessoas.

- Meninas, vai dar errado, eu não vou lembrar as letras! Nem a seqüência! Meu Deus! Qual é a primeira música?
- Pelo menos ela nunca se esquece de tocar. – comentou baixo a ponto de que só e escutassem. As duas riram e concordaram.
Toda vez era isso, elas já estavam acostumadas. sempre falava algo assim e no começo, isso chegava a preocupar as outras, mas começou a ficar constante e acabaram se acostumando.
- Vou errar tudo... Aí todo mundo vai odiar a gente por minha causa... EU NÃO VOU SUBIR LÁ!
- Ok, , você fica aqui que a gente chama o Dougie pra tocar no seu lugar.
- Não atiça, ! Ela pode concordar!
- Até parece que você ia se importar de tocar e cantar ao lado dele, . – deu um sorriso safado pra amiga que soltou um risinho.
- É, não seria nada ruim...
- Pena que ele não conhece nenhuma música nossa. – , a amiga legal, acabou com a viagem das duas enquanto ainda observava indo de um lado pra outro.
Uma batida na porta e a cabeça de Alice e de Jude, que sempre troca os instrumentos delas durante o show, aparecem.
- Vamos? Dois minutos pra entrar no palco. – ela saiu, deixando a porta aberta pra as quatro a seguirem.
- Vamos lá, , você consegue. – repetiu a frase que fala em todos os momentos antes de todos os shows, levando a outra atrás dela e esperando mais um ataque. – A gente nasceu pra isso!
- NÃO! CHAMEM O DOUGIE. EU NÃO VOU CONSEGUIR! – ela se esperneava no meio do corredorzinho, sendo praticamente carregada pelas outras.
- Ops, ele foi embora. – brincou como se ela estivesse bêbada. – É com você mesmo, . Você consegue sim, pára de pensar negativo!
apenas rolava os olhos ao mesmo tempo em que rolava suas baquetas. Era dever dela assustar junto com , mas hoje estava tão relaxada que deixaria pra próxima.
Pararam ao lado da entrada do palco e se juntaram fazendo o ritual que sempre fazem antes de entrarem. As luzes já estavam apagadas e os gritos eram de assustar qualquer um a ponto de sair correndo pra casa, gritando pela mamãe. Isso ainda ninguém ali tinha acostumado. Parecia que era cada vez maior.
- Nervosas? – Alice perguntou depois que ajudou a entregar os devidos instrumentos a cada uma das três. A bateria já estava posicionada.
- DEMAIS. – não parava. Parecia que o remédio não fazia efeito, mas é que se dessem uma dosagem maior pra ela, coisas não muito legais aconteceriam. Ela pulava com seu baixo feito uma cabrita no pasto; pelo menos parou de ter ataques negativos.
- Tremendo. – e responderam juntas, soltando um riso depois. As duas tinham que trabalhar sempre juntas nesses momentos porque eram as vozes. também era, mas ela nunca iria se acalmar pra aquecer sua voz com as outras duas.
- É... Como sempre. – deu de ombros e riu, batucando tudo quanto é lugar ali.
- Então... Parabéns por praticamente lotarem esse estádio mais uma vez e... Arrasem! – ela deu passagem pras quatro passarem e, por fim, entrarem no palco. Alice não disse o negócio de lotar por mal, ela sabe que isso deixa qualquer pessoa mais nervosa, mas ela estava tão contente de suas quatro garotinhas que não conseguia deixar pra depois do show.
Não demorou nada pra que os primeiros acordes fossem escutados e os gritos triplicarem para as luzes se acenderem e o show começar oficialmente.
Vez ou outra, davam a louca e quase e jogavam na platéia, mas isso era doideira demais até pra elas. Todos ali sabiam as letras e não cantavam; gritavam a música e pulavam conforme a batida que fazia e adoravam quando elas paravam pra conversar com eles.
- Tudo bem, gente? – falou após uns segundos em silêncio depois de uma música e recebeu milhões de gritos como resposta. O show não estava nem um pouco parado e não estava nem perto de acabar. – O povo da pista? – gritos. – Arquibancada? – gritos. – E lá atrás? – gritos. O engraçado é que não era somente a parte que ela falava, mas todo mundo gritava, não importava onde elas estavam.
- Antes que me excluam e eu tenha que fazer acrobacias pra chamar atenção... – a voz de pôde ser ouvida antes que recomeçasse a falar e pra variar, todo mundo gritou. – É solitário ficar aqui atrás! Eu só vejo a bunda delas, às vezes a lateral, e não é uma visão muito boa! – risos e gritos ao mesmo tempo ou até mesmo risos gritados. – Em compensação, tenho uma visão do caralho de vocês! – além dos gritos, muitas mãos apareceram além daquelas que já estavam no ar. A bateria era colocada em um pequeno palco mais alto que o normal, então dava pra ver todo mundo. Não era melhor que a das três lá na frente, chegava a ser igual com a diferença de que podia ver se elas erravam ou alguma coisa assim.
- Então, gente, vocês já devem saber que durantes os shows que fazemos, sempre tocamos uma musica cover. – começou. Naquela turnê, em todas as cidades, fizeram covers das bandas que mais gostavam. Uns eram individuais e outros não. A platéia concordou. Em todas as revistas que elas saíam, tinha uma notinha explicando. – Alguém de vocês conhece... McFly?
Não deu outra, é claro que todos conheciam. Elas tinham pensado muito sobre qual música tocariam naquela noite e essa definitivamente não estava dentro. Qualquer coisa pra evitar que virem mais modinha. Elas eram modinhas também, era inevitável, mas mesmo assim... Só depois que eles pediram os ingressos, mudaram os planos. Queriam dar uma pequena surpresa e conseguiram.
Atrás da bateria, um pouco ao lado, os quatro assistiam ao show e já estavam bobos de ver aquelas garotas. Agora eles entendiam o porquê de serem tão faladas assim e estavam curtindo. Poucas músicas que elas cantaram ali eram em português e as letras eram ótimas na opinião deles. Ao escutarem o nome de sua banda, ficaram extremamente curiosos, mas não podiam fazer nada. Maldita hora em que as conversas eram em português! Alice estava por perto; às vezes e quase sempre fazia as traduções. Eles estavam curiosos pela música.
- Falando em McFly, quem foi ao show ontem? – vez de falar e mais uma vez gritos tomarem conta do lugar. – Então bem... Se repararam direito... – mal ela terminou e os gritos mais histéricos voltaram. Então era verdade, pensou muita gente ali. Muitas pessoas as viram lá na fila e alguns de relance na casa de shows, como pessoas normais, mas até parece que chegavam a acreditar. Imagine a sensação das pessoas que conversaram com elas nesse momento.
- É, nós fomos. – riu acompanhada de .
- Antes de falarmos qual será a musica, obrigada a cada pessoa que veio aqui essa noite... – falou, apontando pra todo mundo que conseguia ver.
- Que ficou semanas ou quem sabe mais tempo na fila... – continuou, fazendo gestos sem parar.
- Que veio de outras cidades ou até países próximos... – disse a ver algumas bandeiras de outros países próximos em certos lugares do estádio mesmo que talvez essas pessoas não fossem entender o português.
- E até aquela pessoa que nunca ouviu uma música da gente, comprou o CD ontem e veio ao show. – riu. - Muito obrigada a todos vocês, de coração! – mais gritos. – E agora a gente vai com I Wanna Hold You!
Depois da escolha da banda, vem a escolha da musica. Justo uma banda tão difícil pra escolher músicas pelo fato de serem todas boas. Houve palpites de Falling in Love, mas só a banda verdadeira pra dar aquela magia (ou seja: a voz do Danny) nessa musica. Star Girl, Corrupted, That Girl e até mesmo a boa e velha I’ve Got You estavam competindo entre a escolha delas, mas a partir do momento em que citou I Wanna Hold You, não precisou nem votação.

Assim o show foi seguindo. Após o cover, elas seguiram com suas próprias músicas e conversavam com o público mais vezes.
Os meninos adoraram ter escutado sua música na voz de garotas, ficou mais... Sexy, pelo que eles dizem. Hannah se acabava ali. Apertava a mão do namorado toda hora que sua música predileta tocava – toda vez – e ele já não sentia mais a mesma desde o início do show; e ainda a set list tinha vinte e duas músicas. Por conviver num ambiente onde a trilha sonora é , Tony sabia cantar todas as músicas e ficou impressionado da mesma forma que os outros ali quando I Wanna Hold You foi tocada.
Depois que as últimas notas foram tocadas, finalizando aquele show assim como a turnê toda, foi só alegria. Elas tinham dado o máximo de cada uma e estavam mortas, mas ainda topavam uma festinha particular.
Após uns minutos, dando uma geral, as duas bandas se encontraram ainda no camarim pra darem os devidos parabéns. A verdade é que as meninas estavam nervosas do que o McFly iria pensar do cover. Foi algo inesperado, elas não falaram nada, apenas tocaram e não sabiam o que aconteceria depois. Um alívio gritante percorreu as quatro assim que eles disseram que foi o melhor cover que eles já tinham visto e que elas tinham muita presença de palco. Os maiores elogios e eles não eram da boca pra fora.
Mais um tempo e todos já estavam indo em direção ao hotel. Já tinham tido umas idéias sobre como comemorar o fim das turnês e o começo das férias e iriam começariam a botar em prática assim que elas tomassem um banho.


Capítulo 05: I Don’t Wanna Be Told to Grow Up.


Ok. A primeira coisa que elas fariam seria tomar um banho que aí sim as férias teriam começado. Estavam muito cansadas e uma cama não cairia nada mal e, juntando com dormir até meio dia ou mais (isso se a camareira não atrapalhasse mesmo com o ‘não perturbe’), era realmente tentador. Estavam divididas entre dormir e festejar e está aí uma coisa que as deixa sem saber o que fazer. As duas coisas que mais amam no mundo – fora comer – e tinham que escolher o que fariam, deixando-as confusas com os prós e contras empatados. Se comer estivesse nessa difícil decisão era certeza que uma delas ligaria pra qualquer pessoa e perguntaria; tamanha era a indecisão. O caso era que se elas escolhessem dormir, iam dar um bolo com os garotos, o que elas nunca fariam, além de que festa é festa. Não importa aonde, se tiver música, bebida e comida, elas estariam lá. No fim, festejar ganhou porque era o fim de mais uma turnê com êxito, um bom motivo pra se comemorar. Se ainda houvesse shows pra fazerem estariam na cama sem perguntar duas vezes.
O banho não durou muito, até porque se ficassem mais tempo debaixo do chuveiro naquela água quentinha e relaxante, elas acabariam dormindo ali mesmo. Trocaram-se, fizeram uma maquiagem leve e foram de encontro aos quatro. Tony não iria. O trabalho dele acabara no fim da entrevista que eles tinham dado mais cedo e logo no dia seguinte ele pegaria um avião de volta a Londres. Além do mais, ele estava com a namorada. Com certeza teria festa a noite toda no quarto deles.
A segunda coisa planejada era uma festinha que não era bem uma festinha, no bar do hotel. Não precisava ter música. Uma(s) bebida(s) e um bom papo era o suficiente. Uma pizza às vezes cairia bem também. Em algumas vezes, as meninas se juntavam nos quartos uma das outras, pediam pizza, coca, chocolate e o tempo era gasto como uma tradicional festinha do pijama. Não era difícil agradá-las. Na verdade, mostrando comida pra elas, já estava conquistado.
A terceira e a última dependeria do estado em que eles estariam e aí a coisa era criada na hora. Não importava o que fosse, eles já falaram que topariam qualquer coisa.
- Vocês não demoraram tanto. – Tom sorriu ao ver as quatro se aproximarem. Pareciam cansadas, mas não tiravam o sorriso da cara.
- Mais um minuto no banho e eu desmaiava lá dentro. – riu e os outros sorriram.
- Mas então, começaram antes da gente? – se sentou numa cadeira vazia daquela mesa, sendo seguida pelas outras.
- Não, acabamos de chegar também. Só começamos a pedir.
Eu até poderia narrar o que eles falaram, mas era só bobagem. Acredite.
As meninas deixaram que eles pedissem as coisas porque talvez eles ficassem assustados com a quantidade de comida que elas podiam comer em apenas uma hora, sem contar a bebida e talvez a sobremesa. Também porque nunca estiveram no Hilton antes, portanto não conheciam o que era bom por ali.
No começo estavam um pouco desconfortáveis porque não tinham tanta amizade, mal se conheciam – na verdade, estavam ali pra isso – e os assuntos não duravam muito. Nada que umas bebidas e coisas em comum não os fizesse deixar esse desconforto de lado e engatarem uma longa conversa sobre vários assuntos. Empolgaram-se tanto que às vezes tinham que levantar a mão pra guardarem a vez de falar e muitas vezes montavam um grupinho com um assunto e outro com outro assunto. Só se sabe que não calaram a boca um minuto.
Muitos copos entravam e saíam o tempo todo. Se já estavam falando alto e todos ao mesmo tempo, imagine depois de vários copos. Deram sorte de que foram transferidos pra uma sala restrita a ‘pessoas normais’ porque os fãs não davam folga. Eram celulares tirando fotos o tempo todo e uma foto deles se acabando de beber ali era primeira capa na certa. Já estavam irritando alguns atendentes que queriam dormir, fechar o bar e estavam cansados de mandá-los falarem mais baixo, mas enquanto tivesse clientes ali, principalmente esses clientes, a regra era ficar aberto até a hora que eles bem entendessem.
-... E tipo, a é a mais zoada entre a gente. – ria e contava ao mesmo tempo. – Aí um dia, a ‘tava sentada numa cadeira, ou melhor, empinando a cadeira pra frente, ficando somente com os dois pés da cadeira e a só pôs o a mão no encosto dela e do nada, o troço caiu! – riu mais ainda assim que se lembrou do acontecido. Não era tão engraçado assim, principalmente se a cena não foi presenciada, mas a bebida e as risadas dos outros deixavam tudo com a maior graça do mundo – Aí ela ficou olhando, olhando e finalmente sacou que se a parasse de empinar a cadeira, ela ia levar o maior tombo da vida dela! – mais risos. Os meninos estavam até imaginando a cena. – Aí ela colocou a mão embaixo da cadeira como se isso fosse ajudar em algo! Ela ficava chamando a , que ‘tava conversando, e ela respondia como ‘, cala a boca, deixe-me em paz’. E do nada, a vira a cabeça e vê uma sem forças pra segurar a cadeira de tanto rir.
- A caiu? – Dougie perguntou quando parou de rir. O fato não era mesmo engraçado pra quem não viu, mas repito: o que uns copos não fazem?
- Não... Não deu tempo porque assim que ela viu a segurando a cadeira rindo...
- Eu vi que se não saísse daquela cadeira, ia dar a caída mais dolorida da minha vida. – completou, rindo.
- Foi mal, , mas se você tivesse caído, eu estaria rindo do seu tombo até hoje sem parar! – comentou quase gritando, explodindo-se de rir. O sorriso dessa já estava gigantesco e suas pupilas um pouco maiores.
- Gracinha, achava que quem gostava de desgraça alheia aqui era eu!
- Já souberam da verdade do que houve com Dougie durante o DVD Live at Wembley? Quando ele veste aquela fantasia e vai ao meio dos fãs, checar os lugares. A gente cortou uma boa parte daquilo. – Harry gargalhou e continuou quando as meninas negaram curiosas. Fazia bastante tempo, mas foi tão engraçado pra eles que não podiam deixar de contar. – Certo. Aquelas pessoas que Dougie checou os lugares estavam mesmo no lugar errado; não era zoação dele.
As meninas não sabiam se olhavam pra Dougie ou Harry. Era uma surpresa e tanto.
Pelo olhar delas, Harry continuou.
- Ele não falou nada porque se falasse, ia acabar com a fantasia dele. Aí só balançou a cabeça. Na hora, chegaram mais pessoas falando que aqueles lugares não eram delas, gerando uma discussão que acabou envolvendo Dougie porque ele supostamente era um segurança e ele não sabia o que fazer! Essa parte a gente teve que cortar, hahaha.
As meninas imaginaram direitinho aquela cena. Viram o DVD milhões de vezes e adoravam aquela parte, só que agora era completamente diferente. O que mostrava ali não era nada do que Harry contava e estavam surpresas por isso.
- Vendo que tinha um problema ali, outro segurança foi lá. Esse era mesmo segurança e no meio tempo que ele resolvia, as meninas que estavam naquele lugar antes o xingaram até a morte! ‘A gente ‘tava num lugar super bom e se não fosse esse desgraçado, filho de uma égua que apareceu aqui, veríamos o show numa boa!’. – Harry imitava uma voz de mulherzinha afetada. – ‘Vai se catar, cara! Nem pra mostrar teu rosto, filho da mãe?’.
Elas riam muito. Era tanto que até lágrimas saíam dos olhos e o estômago começava a doer. Não era pra tanto, mas... ‘Ta, eu não falo que é a bebida mais uma vez. Mas é verdade. Os garotos riam também, afinal, sempre que se pode zoar um ou outros, isso virava motivo de risada.
- E aí?
- Ele levou desaforos. – Danny passou a contar e respondeu simplesmente. – não podia falar nada...
- Bem que queria! – Dougie bateu as mãos na mesa e gargalhou.
- Aí ele saiu e deixou as meninas falando. Mas elas foram andando atrás dele e assim que ele passou pelo lugar que leva até o backstage, elas estranharam. – ele explicou. – Aí é a parte que tem no DVD mesmo; ele tirando a máscara e todo mundo grita, principalmente essas meninas que começaram a gritar e chorar, mas elas estavam meio na lateral e não dá pra vê-las lá.
Elas simplesmente não acreditavam. Sempre que viam, pensavam em qual seria a reação daquelas meninas depois de descobrir que quem realmente era o cara estranho de máscara era Dougie. Nunca imaginariam que isso aconteceria.
- As fãs que estavam ali do lado devem ter falado alguma coisa a elas, não sei, mas não olhavam pra elas com uma cara legal, não. – Tom falou, lembrando-se e às vezes soltava risos que durava um minuto sem parar.
Ao escolherem as cenas, depararam-se com coisas piores ou como essas. Apenas Dougie tinha presenciado e o resto viu só pelo DVD. Mas não pararam de rir assim que o outro contou o ocorrido.
Bom, depois disso é a prova que não são todos os ingleses que são reservados e educados. Não são só brasileiros que armam o maior escândalo e até apelam por um lugar bom.
- Mas, Danny, você contou errado! – Dougie gargalhou.
- Contei nada!
- Contou sim, mas eu não consigo lembrar o que ‘ta errado!
- Tudo bem, Dougie, eu mal me lembro quando me vesti de Sebastião e entrei no meio do povo! – riu. Ela não podia deixar de contar sua experiência quase morte. Tudo bem que no momento ela não se lembrava mesmo e acabava inventando grande parte.
- Vestiu de quem?
- Sebastião! O caranguejo da Pequena Sereia! – era viciada no filme da Disney. Tão viciada que no dia do ocorrido queria se vestir de Ariel, mas aí todo mundo descobriria. – Foi assim: eu não lembro muito bem por que eu estava com a fantasia, mas finjam que é porque tinha uma peixaria do lado e eu era um peixe fugitivo.
- Ah, mas assim não vale, ! – reclamou. Mesmo assim, não deixou de rir do que a amiga tinha inventado. A cada vez que a história era contada, ela era aumentada.
- Você se lembra do motivo, então? – perguntou e negou. – Então fica na tua e escuta. – enquanto a outra era zoada, só pensava no que podia falar. – Aí tinham vários pescadores atrás de mim e o dono da peixaria também, né. Eu precisava me esconder, mas não tinham lugares suficientes no camarim porque eles estavam por todos os lados! – ela fazia gestos e gritava a cada palavra, buscando trazer emoção na história. – Só me restava ir à platéia!
Parou então, fazendo suspense.
- Continua! Parou na melhor parte! – Tom respondeu como uma criancinha pedindo mais.
- Calma, marujo! Ela vai chegar lá! – Harry riu, zoando o outro.
- Vão ficar quietos ou vou precisar da fantasia aqui pra encenar? – todos falaram da fantasia, mas ela deu de ombros e voltou a contar. Vai entender os bêbados. – Eu andava por lá despercebida, ninguém notava que tinha um caranguejo lá, mas tinha uma espiã! Sim! Uma espiã! Ela estragou meu disfarce, puxando a cabeça, mas meus outros amigos “sereianos” me salvaram.
A mesa explodiu em risos escandalosos, achando a história realmente engraçada e nem lembravam mais que ela tinha inventado noventa e oito por cento daquilo.
- Pena que não foi nada assim... – falou assim que se recompôs.
- Chata, eu ‘tava no meu momento de glória com os peixes! Então conta como foi, espertinha. – tentou ficar brava, mas pelos efeitos, não conseguia parar de rir.
Sempre que bebiam, ficavam assim, rindo por qualquer idiotice. Umas se entregavam mais, como e (a última nem se fala) e outras conseguiam se controlar mais, como e principalmente . As duas conseguiam disfarçar bem, embora a última só aparente bêbada quando começa a rir porque ela não pára. E é aquela risada idiota, tipo a do Bob Esponja só que num tom mais embriagado.
- Não me lembro perfeitamente bem, mas antes do show que isso aconteceu, tínhamos passado em um hospital e tinham todas essas fantasias lá. Se quiséssemos, podíamos vestir e nos divertir com as crianças... O negócio é que nos empolgamos e estávamos atrasadas pro show! A foi a única que se enrolou pra tirar aquilo e teve que ir daquele jeito...
Ela só se esqueceu de que a menina estava chapada.
- sempre lembra de coisas que ninguém lembra. Tipo, lembra do seu tweet falando que você foi irônico, dizendo que tinha uma úlcera crescendo na sua garganta e tinha tomado milhões de vitaminas diferentes? – Tom negou com a cabeça, tentando lembrar. – Nem eu. comentou isso há uns anos e eu fiquei na cabeça, mas enfim, ela ainda insiste. Foi em 2009... Se ela não se engana, numa quarta feira... – eles riram e fechou a cara. Se ela tinha uma memória boa era coisa dela. – Mas ok, continuem.
- Prefiro a versão da . – Dougie fez manha igual a um garotinho que não ganhou doce.
- Ela ainda não acabou, mané. – Danny deu um soco que ao ver dos outros parecia ter doído.
- Haha, tudo bem, Danny. Se ele tivesse visto, seria mais engraçado – sorriu. - Eu não sei o que deu na cabeça dela, mas quando nós três vimos, tinha um caranguejo andando pelas pessoas! – era inevitável não rir. Não tinha graça nenhuma, mas, ao pensarem, um caranguejo gigante andando no meio das pessoas num show é... Diferente. – De repente, uma menina esperta demais pra esse planeta – ou não. não pensava direito nas palavras e constantemente sua língua enrolava. – puxou a cabeça da fantasia e o resto vocês já sabem. É bem parecido com a história dos peixes!
Ficaram contando seus momentos embaraçosos ou engraçados durante boa parte do tempo; isso quando as risadas não tomavam boa parte disso. Até o garçom cansado implorou pra que eles arranjassem outro lugar.
- JÁ SEI! – gritou de repente e todos olharam pra ela. quase teve um infarto. – A noite é uma criança, estamos de férias e eu não vou conseguir dormir agora!
- E...?
- E que nós vamos dar a louca por essas ruas de São Paulo. – ela respondeu simplesmente.
Tudo bem. Podiam estar bêbados, até alegrinhos, mas tinham um pouco de noção de que isso seria perigoso.
- Isso aí não é meio... Arriscado?
- ‘Ta com medo, Poynter?
- Vamos nessa. – respondeu prontamente. Ninguém o chamava de medroso.
Os dois iam andando na frente, deixando os seis surpresos ali.
- Sabe, caiu várias vezes quando era menor. – tentava justificar.
- Tinha umas manias estranhas também... Ela roía as unhas. – continuou.
- Esmalte demais? – Harry perguntou e as meninas que restaram assentiram. – Deve ser isso. Dougie também nunca foi de bater bem também... E pira quando é chamado de covarde.
Ficaram mais uns segundos ali, tentando chegar a uma conclusão do que deveriam fazer enquanto assistiam aos dois se afastarem devagar.
- Quer saber? Eu não tenho o que perder com isso, não... EI, ESPEREM-ME! – gritou e foi atrás deles. Danny fez o mesmo. Parecia que só precisava de mais uma pessoa.
- Bom, se não se pode vencê-los... – deu de ombros e andou na mesma direção dos quatro.
- Junte-se a eles. – Harry completou, fazendo a mesma coisa que a última.
Por fim, só sobrou e Tom ali parados, olhando igual dois idiotas pros outros que saíam. e Dougie já não eram mais vistos.
- E aí? A gente vai?
- Vamos esperar mais um pouco. – respondeu ainda na mesma posição. – Talvez eles mudem de idéia.
Tom ouviu e concordou, já tinha até os pensamentos em outras coisas. Não sei dizer por mais quanto tempo ficaram ali. Segundos ou minutos, não sei.
- Que droga, eles não vão mesmo voltar. – rolou os olhos, começando a andar. – Você vem? – virou-se e perguntou ao outro que sorriu e a acompanhou. – Não queria escutar Alice me falando pra crescer...
- Então não escute. – Tom sugeriu. – Divirta-se! As conseqüências... Hã... Deixe pra pensar depois.
só sorriu, gostando mesmo da idéia. Não se divertia muito fazia muito tempo. Pegou na mão de Tom e começou a correr. Não demoraram muito pra acharem o resto parado no meio de um corredor.
- Vocês vieram! – gritou feliz. Parecia que era Natal pra ficar tão feliz assim.
- O que fazem parados? – ignoraram e perguntaram.
- Estamos esperando que nos dêem uma resposta. – respondeu .
- De...?
- Com licença, a limusine esta pronta. – um homem não muito velho apareceu, dando passagem pra que eles passassem.
- Limusine? Vocês estão doidos? – os dois últimos que chegaram perguntaram abismados.
- Não. Entrem logo que vocês estão perto de terem a maior noite de suas vidas! – Dougie respondeu com um sorriso maroto nos lábios, entrando no carro logo em seguida.

Quem aluga uma limusine àquela hora da noite?
Tudo bem que era por uma boa causa. Queriam se divertir, só isso. Bom, eram ricos, podiam fazer isso quando bem entendessem. De qualquer forma, quando estavam todos no carro, Dougie e explicaram as regras. Seria uma noite a la Gossip Girl, com direito a tudo. Hm, o direito a tudo dependeria do estado deles, mas não estavam muito longe de perderem a consciência.
Havia de tudo naquele carro. Desde água até o melhor tipo de Martini, Ruffles a caviar, absorventes, camisinhas... Já entenderam.
A música já estava alta e eles bebiam algo verde acompanhado com uns petiscos variados.
- Meu sonho é mostrar os peitos enquanto o carro estiver andando! – confessou, sorrindo.
- Mostre! – os quatro incentivaram de olhos arregalados, com um sorriso bobo e a outra já começava a levantar a blusa.
- Não!! – as meninas a impediram.
- Mas, meninas, é meu sonho! – ela falava chorosa. Ninguém ali duvidava de que ela pudesse entrar em prantos a qualquer momento.
- Então se quiser, faça isso na janela. Ninguém vai ver. – deu de ombros, procurando um cigarro. se alegrou na hora, escolhendo uma janela pra fazer.
- Vou também, ! – riu, andando com dificuldade até ela.
- Sério? Eba!
pensou bem e olhou pras outras duas que estavam de boa. curtindo seu cigarro, olhando atentamente pra fumaça que saía de sua boca e devagar Harry se juntou a ela. e Dougie bebiam animadamente a estranha bebida enquanto cantarolavam algo idiota, observando os outros. Danny e Tom trocavam o olhar entre , Dougie, e . Eles estavam estranhando o comportamento dos primeiros e tentando entender o que eles cantavam e as outras duas esperavam pra ver se elas iam mesmo tirar a blusa. Adoravam mamas e mesmo nenhuma delas ali sendo americanas, tinham peito pra dar e vender.
- Não. – respondeu depois de um tempo pensando. – Só vou se as outras duas forem também. – viu que ia reclamar qualquer coisa como se ela não servia e a ignorou quando fez.
- Por mim, tudo bem, – novamente deu de ombros e mais uma vez os meninos ficaram surpresos. Ou eles estavam sonhando, ou tinham morrido e estavam a caminho do céu ou era mesmo verdade? – contanto que esperem eu acabar aqui...
- A também? Pode esquecer, você nunca vai fazer isso. – rolou os olhos, voltando a procurar a janela perfeita. Passava a mão pelos vidros, olhava a espessura, o tamanho e observava por uns segundos.
não levou isso como uma ofensa. Era reservada pra esse tipo de coisa mesmo e só fazia coisas doidas quando estava além de si, o que não era o caso.
- Vou sim. – ela simplesmente falou. Largou a bebida em um canto, expulsou Dougie dali e abriu a janela, colocando metade de seu corpo pra fora e depois voltando. – Essa janela é perfeita. Quando quiserem, garotas.
Ótimo. A única com um senso na cabeça passou pro lado do mal. As outras três ficaram um tempo sem saber o que falar e até imaginaram que ela tiraria a roupa ali naquela hora mesmo.
- Olha, a não ‘ta sendo a ! – silêncio constrangedor por dois segundos. – Legal, eu gostei dessa daqui. – se apossou da outra janela, do outro lado da amiga.
- Fico com a do lado da . – saiu de seu lugar e andou desastrosamente até lá. Pra que então ficar vendo todo aquele tempo as outras janelas?
- Sobrou a do lado da , né... – a última delas falou. – Ah sim, nada de ficar olhando!
As quatro abriram a janela ao mesmo tempo e se olharam.
- Se tiver alguém seguindo a gente?
- Sabia que você ia amarelar, . – já fechava o vidro.
poderia ter razão. Estava tarde pra ter qualquer tipo de fã atrás deles, mas paparazzis faziam qualquer coisa a qualquer hora.
- Eu não ‘to amarelando... Só ‘to pensando no que vou ouvir quando acordar mais tarde se caso algo do que a gente fizer agora saia nos jornais.
O resto pensou e fechou os vidros também. O carro agora estava silencioso. Não se ouvia nada alem da musica e pequenas respirações. Os olhares estavam longe e deprimidos. Deprimidos porque os meninos queriam mesmo que elas fizessem aquilo... E também.
- A gente podia... Sei lá... Só com o sutiã? – perguntou, tentando ajudar e sorriu sem graça. – É que eu realmente gostei da idéia.
Não precisou de respostas, um sorriso bastava. Novamente as janelas foram abertas e metade do corpo delas estava lá fora, com a blusa na mão delas e diferentes sutiãs à mostra.
Se houvesse alguém os seguindo, além de ter uma bela imagem, teria boas fotos também. Elas poderiam nunca ser usadas porque provavelmente quem tirasse sofreria um acidente e podia não escapar vivo... Enfim, no momento em que elas gritavam com as blusas acima do busto, os meninos fizeram de tudo pra conseguirem pelo menos uma renda. Nem que fosse um lacinho! Eles pareciam quatro idiotas correndo de um lado pra outro naquele carro procurando o melhor ângulo. O máximo que conseguiram foi uma visão lateral com a uma grande parte do carro atrapalhando. Assim que viram que melhor que aquilo não ficaria, deixaram pra ver a traseira de cada uma.
As meninas ficaram pelo menos dois minutos gritando como idiotas e fazendo dancinhas bizarras que quem conseguia ver eram os meninos. Por fim, voltaram ao carro e se depararam com os quatro quase sem piscar.
- De... Novo? – perguntou Dougie com uma pontada de esperança, querendo presenciar aquilo novamente.
Elas só riram e mandaram o dedo pra ele que se encolheu um pouco envergonhado. Nada daquilo se repetiu por aquele dia. Porém algo rolava ali desde o começo daquele jantar. Algo que não deveria acontecer. Diabos, elas falaram com eles!


Capítulo 06: Dougie.


Era quase meio dia e tinha plaquinhas de ‘não perturbe’ nos oito quartos. Bom, pelo menos no meu tem e sei que no dos outros caras também tem.
Foi complicado pra Tony despedir-se pela manhã. Antes de enrolar, ele não conseguiu. Fez de tudo! Até amassou a minha porta e teve que pagar pelo conserto, mas isso não me acordou. Ele disse que bateu nas portas, tocou campainhas, ligou para os quartos, para os celulares e que tudo isso só serviu pra acordar os visinhos errados e levar bons pitos da gerência e deles mesmos. Por fim, decidiu deixar uma carta cujas palavras, de dez, nove eram palavrões, já que a gente não abriu a porta. A carta era pequena – só os palavrões a deixaram grande –; continha um desejo de boas férias e um comentário ‘a festinha só podia ter sido ótima pra não acordarem de jeito nenhum. Ligo pra saber depois’ no final.
Foi só depois de acordar com a cara amassada no travesseiro e de boca aberta – o que me faz ter que pedir um novo pro hotel (esse já deve ‘ta fedendo a baba) – que resolvi ir ao banheiro e tomar um banho antes que a cama me chamasse novamente. Vi um papel retangular jogado atrás da porta, depois de pensar no grande esforço que teria de fazer logo por àquela hora da manhã... E daí que é meio dia? É praticamente madrugada, comparado às minhas horas de sono nas férias. Enfim, abaixei e quase fiquei no chão mesmo. Poderia dormir em qualquer lugar, mas me levantei e rasguei o envelope, reconhecendo a letra de Tony. Li aquilo seguido de boas risadas. Como ele ainda não aprendeu que pode ter uma bomba do meu lado que eu só vou acordar quando estiver no céu? Ou inferno... Mas aí eu teria que entrar em um assunto íntimo que demoraria horas pra conseguir chegar a uma conclusão.
Fui checar meu celular e tinha setenta e três chamadas não atendidas. Esse cara me ama, não é possível. Bem que ouvi uma leve melodia dentro de meu sonho. Achei que fazia parte do sonho e ignorei. Só não sei como não escutei o TRIIIIIIM, TRIIIIIIM (onomatopéia de telefone de hotel). Acabei de escutar. Não sei como isso não me acordou. É tão... TRIIIIIM, TRIIIIIM... Irritante.
- Alô? – respondi antes que aquele barulho me fizesse ser grosseiro.
- Dougie, já acordou? – reconheci a voz de Tom.
- Já.
- Já ‘ta de olhos abertos? Porque se você voltar a dormir...
- Cara, relaxa, já até tomei banho. – eu não sei por que, mas não obtive resposta por alguns bons segundos.
- ‘Ta brincando. – ele riu. – Que bicho te mordeu pra cair da cama assim?
Engraçado. Só porque demoro um tempinho pra sair da cama, eles acham que podem tirar sarro da minha cara quando não sou acordado.
- Sonhei com a tua cara, aí me assustei e não consegui dormir mais.
- Que gracinha, acordou engraçadinho. – Tom falava em tom maternal, tirando com minha cara como se eu fosse um bebê segurando um urso de pelúcia e que chupa dedo, com os olhinhos azuis, loirinho e com um sorriso que encanta todo mundo! Cara, eu fui um bebê lindo. – Tem três minutos pra se trocar e sair desse quarto.
E desligou.
Droga, me esqueci de passar o recado que a educação mandou lembranças.
Andei pelo quarto, chutando os tênis que usei ontem e achei minhas roupas jogadas também. Pelo menos não tem nenhuma roupa de mulher aqui, porque se fosse uma das meninas, eu ia querer muito me lembrar. Tenho uns vultos da noite de ontem, como peitos, um sutiã vermelho e outro que tinha renda. Renda, cara. Também tem umas traseiras bem formadas, bebida, cigarro e uma limusine.
Troquei-me rapidamente. Foi fácil, só peguei a primeira blusa que tinha na mala, a primeira calça, uma meia qualquer, os mesmos tênis e pronto. Não sei por que tanta frescura quando qualquer menina vai sair. Qualquer ocasião, não importa nem se é pra tomar um sorvete, elas demoram no mínimo quinze minutos! Ainda tem aquele lance bizarro com o cabelo... Se tiver alguém na frente delas, é bombardeado com pingos d’água. Pra que jogar o cabelo pra cima e pra baixo pra secar o cabelo? Usa a toalha ou o secador de uma vez! Depois disso ainda tem aquele caracol que fazem em cima da cabeça com a toalha. Parece um ninho de coelhos brancos ou coloridos em cima da cabeça.
Enfim, vou parar de ter esses momentos onde viajo falando sobre as coisas que acho antes que coloque minhas teorias em prática. Só estou narrando porque fiz um acordo com o narrador original – que vai entrar no meio dos meus momentos onde falo muito e vai me proibir e narrar de novo (ainda bem que você sabe, Dougie). É, eu disse!
Saí do quarto, dando de cara com os três me esperando. Nem acordando na hora eu consigo ser pontual!
Pegamos o elevador que não tardou a chegar, porém no andar de baixo, ele parou. Já vivi essa cena ontem... Só que quando o elevador abriu; não tinha ninguém nele. Estranho.
Demos de ombros e quando a porta estava pra fechar novamente, ouvimos um grito.
- SEGURA O ELEVADOR! – dito isso, o que por acaso eu não tenho certeza do que foi, aconteceu que nós quatro nos jogamos na porta. Nada muito grave; só umas pancadas na cabeça, nas costas e na barriga.
Logo mais, apareceu aflita.
- Ai, obrigada, obriga... – falou em português. Ela é estranha. Mistura as duas línguas ao mesmo tempo. Não deixa de ser gostosa, claro. – Vocês de novo?
- Também estamos felizes em te ver, . – Harry falou em resposta a reação da outra.
- E boa tarde também. – completei, rindo ao ver o desespero aumentando na cara dela.
- Ai, ai, desculpa, gente! Bom dia! Não, boa tarde! Aiii!
- , respira. – mais uma voz conhecida e assim, apareceu do lado dela. – Vai chamar a e a e fala que se elas não aparecerem aqui agora, eu vou buscá-las pelos cabelos e uma tesoura na mão.
‘Ta aí um lado que não conhecemos dela. Entreolhamos-nos e eu sabia que não era o único a pensar isso. assentiu e voltou a entrar em um dos quartos, enquanto reparou em nossas expressões e a única coisa que fez foi rir, entrando no elevador e segurando a porta.
- Não se preocupem. Eu só assusto, nunca faço nada. – ela riu. – Mas elas não podem saber, porque aí eu faço mesmo. Ah, boa tarde! Dormiram bem?
Todos assentimos e puxamos um assunto qualquer até esperarmos as outras aparecerem. é legal. No momento acabou de contar uma piada idiota – que ela diz ser uma de suas favoritas – e nós rimos feito hienas. São minhas preferidas também. Mas ela é legal mesmo... Além de ter algo abaixo do pescoço e acima da cintura que está me fazendo manter atenção, enquanto eu balbucio algumas coisas sem nexo.
- Dougie, pára de encarar os peitos dela. – Danny zoou e deu um tapa dolorido em minha cabeça.
- O quê? É que eles são grandes. – legal. Eu e minha boca grande levamos todo mundo a risadas. Melhor eu rir também.
ria também, mas era visível que estava envergonhada. Seu rosto entregava isso. Ela até que fica fofa vermelhinha...
- Chegamos! Desculpa a demora; a nos atrasou. – riu. – Boa tarde, meninos! – ela e falaram juntas.
- Eu? Suas desgraçadas, eu ‘tava pronta junta com a faz um tempão! – ria, enquanto tentava se manter indignada. Tudo era motivo de rir pra aquelas garotas, não é possível. – A que não colabora quando é pra acordar e a no banho demora séculos!
Pelo menos não sou o único!
‘tava com uma cara de sono. Mesmo de banho tomado, parecia que se ela se encostasse a qualquer lugar, dormiria, e tinha uns dedos enrugados. Ela deve realmente gostar de um banho.
Não conversamos por um tempo, o que serviu pra elas começarem uns cochichos.
Eu odeio cochichos. Falem alto!
Vi rolar os olhos e falar com elas em um som alto e claro. Agradeci mentalmente, mas foi por pouco tempo, já que o que elas falavam era em português.
Odeio a língua portuguesa. Por que tem que ser tão difícil? Aquelas entonações diferentes, aqueles... Como é...? Acento? Que eu saiba, as palavras que tem acento em inglês são de derivação francesa e é fácil falar! Que merda, por que não consigo aprender isso logo?
- Ainda bem que você se lembrou de que podemos falar em português. – sorriu. Por que ela sorriu? Eu quero saber o que elas tão falando!
- A gente sempre pôde. Não sei por que essa mania de ficar falando em inglês o tempo todo. – negou com a cabeça.
Imagine meu estado. É como um teatro mudo pra mim!
Olhei pros outros caras e eles não estavam diferentes. Sei que eles querem saber também, por mais que tinham uma expressão de imbecis que estavam viajando.
- Algum deles ‘ta mais cheiroso que o normal hoje, – voltou a falar, agora olhando de lado pra nós, sendo repetida pelas outras e ainda concordarem. Legal, fofoquem sobre nós em outra língua mesmo. Super legal. Pena que a gente não pode fazer igual porque elas entendem o inglês.
Não deu mais tempo de fofoca porque o elevador chegou ao térreo e, como bons cavalheiros, as esperamos saírem primeiro, embora não merecessem isso agora.
Todas saíram e nos esperaram ao lado da porta. Ignoramos e saímos da caixa um por um. Primeiro Harry passou e olhou pra trás, estranhando alguma coisa que deu de ombros, e a mesma coisa foi repetido por Tom e Danny. Quando chegou minha vez, estava até com medo do que poderia ser.
Eu saí e ouvi... Uma fungada? E daquelas gostosas. Olhei pra trás e me deparei com com o nariz empinado, parecendo que estava farejando.
- É o Dougie, . Definitivamente. – ela falou em inglês, enquanto mexia a cabeça freneticamente pra cima e pra baixo com um olhar sábio e as outras três se matavam de rir.
Repito: tudo era motivo pra rir pra aquelas meninas.
Acho que seria legal falar de como eu estava. Confuso e curioso seria o certo, acho. Afinal, o que tinha eu?
- Eu não acredito que você fez isso de novo, ! – elas continuavam a rir. – Mas então: obrigada, . – continuou e sorriu pra outra. – Dougie, é que você ‘ta cheiroso e eu queria saber quem era!
- Ah... Obrigado, eu acho. – respondi, ainda estranhando.
Então era isso? Elas estavam cochichando porque queriam saber quem estava cheiroso?
Gostei.
- Não era mais fácil perguntar? – Danny riu.
Elas se calaram e se entreolharam. Parece que elas gostam de tudo o mais estranho possível.
- Hm... E a vergonha a gente coloca aonde? – perguntou acanhada e nós rolamos os olhos. – Pensamos em nos jogar em cima de vocês também, mas a é profissional em dar aquela cheirada quando a pessoa passa. – acho que ia gostar mais da parte de se jogarem na gente. Eu não me importaria!
- Profissional? – perguntei, olhando pra ela que corou novamente. Estou adorando fazê-la corar.
- EU CONTO! EU CONTO! – entrou no meio, chamando atenção de todo mundo. – Antes, vamos sentar em algum lugar, enquanto esperamos nosso carro.
- Vão sair?
- A gente acha que sim. – respondeu.
- Deixa eu contar? Juro que não demoro; aí podemos falar sobre aonde vamos ou não. – assentimos e rimos. Parece que pegou o lugar de agora. – Quando a gente ainda ‘tava na escola, tinha um menino extremamente gostoso no último ano e a gente sempre o “paquerava”. Um belo de um dia numa manha chuvosa, eu e ela paramos ao lado de um pilar quando ele passou e depois, eu só ouvi uma fungada e vi a com cara de imbecil, falando que ele era cheiroso demais.
Agora eu sei como o menino deve ter se sentido.

Passamos mais uns minutos conversando. Parecia que o que aquelas ali tinham de momentos embaraçosos não acabava nunca! Pelo menos era engraçado.
- Caras, eu ‘to com fome. – falei no meio de uma conversa e outra. Acabei lembrando todo mundo de que a fome existia.
- Vão almoçar por aqui? – Tom perguntou, indicando o restaurante do hotel.
- Nah, a ‘ta querendo ir à vinte e cinco.
- , eles não devem saber onde ou o que é a vinte e cinco. – falou, olhando pra , com uma cara meio óbvia. Ela tem razão, nós não sabemos.
- Não sabemos mesmo... É bom lá? – Harry sempre era curioso quando se tratava de culturas novas. Já eu o achava exibido.
- Depende. Se você gosta da sensação de estar num show, só que com barulhos irritantes e tomando cuidado de onde você pisa, além dos cheiros horríveis de xixi, cecê e gordura, sim, você pode gostar de lá. – falou, fazendo uma careta. – Foi pior do que ir ao Paraguai.
Todos nós ponderamos.
- Acho que não, fica pra próxima. – Danny sorriu sem graça. – Vão fazer o que lá?
- Almoçar sabe lá o quê, mas acho que seria muito arriscado se a gente fosse. – respondeu, olhando pra suas próprias roupas. Não entendi bem o que ela disse das roupas, mas eu pensaria mais se alguém fosse reconhecê-las ali. O que não deve ser difícil, principalmente no próprio país de origem.
- É que tem um beirute perfeito num restaurante lá que desde dos meus quinze anos eu não como. E também tem a galeria do rock.
- Eu me pergunto se a carne também é falsificada. – riu. – Mas a gente não pode ir lá, não! Imagina se seus amigos vêem a gente num bottom e do lado de fora de uma loja.
- Não, a carne, não. O beirute em si é. – riu, explicando. – Droga. Odeio ser famosa.
Momento de silêncio. Não só por causa do que a disse que deixou todo mundo duvidando, mas também porque não entendemos nada do que elas falaram. Esse povo que tem umas conversas internas no meio de outras pessoas que não vão entender nada é complicado.
No fim, deu que elas explicaram tudo o que disseram. A parte dos amigos de era porque as meninas a zoam, chamando-a de emo e ela retirou o que disse sobre ser famosa – sabia. E decidiram que não iriam à vinteseiládasquantas, comeriam num restaurante qualquer e nos deu a dica do mesmo, caso quiséssemos acompanhá-las e outros.
Agora é bom ter com quem conversar quando se está em outro país. Elas são legais, abertas e tem a mesma experiência que nós quando se trata de comer em outro país. É sempre uma novidade se iremos gostar ou não.
O legal delas também é que nunca estão paradas. Só se elas ficam muito cansadas. Coisa normal; a gente também. Mas a diferença é que elas sempre estão tentando fazer alguma coisa nova e a primeira coisa que vem na cabeça delas é loucura; mas elas fazem com gosto. Pelo menos acho que entendi certo quando elas falaram isso no almoço, que por falar nisso, que lugar do caralho que elas escolheram! Tinha comida de tudo quanto é jeito, gosto e que não acabava mais. No momento acho que se comer mais alguma coisa vou explodir e não me surpreendo se qualquer um dos oito ali saísse rolando se caísse.
Ah é. Elas comem muito. Eu nunca vi quatro menininhas daquelas, pequeninas, magrinhas e mesmo assim com uma saúde das boas comerem daquele jeito. Chegou a dar medo e elas ainda avisaram!
- Alguém ainda agüenta qualquer coisa da Starbucks? – sugeriu dar uma passada lá e nós imaginamos que seria pelo menos um copo pequeno de frapuccino. Aceitamos. Com uma forcinha, a gente levava.
Só que elas pediram além dos frapuccinos uns três muffins e dois brownies. Bem que elas avisaram que a gente podia se assustar.

Eu já tinha chegado à conclusão de que elas eram doidas mesmo, mas não sabia que eram tanto assim! Quando chegamos ao hotel, tinha muitos fãs ali. Muitos, a ponto de lotar o espaço que tinha naquela gradinha. E a gritaria era tanta, mas tanta! Estávamos juntos numa van quando descemos e posso dizer que me senti num show daqui. Um bando de desesperadas/os gritando como se fosse o fim de suas vidas. De qualquer forma, enquanto nós acenávamos, fazíamos umas gracinhas, nós vimos as quatro andarem até aquela selva. Acompanhadas de um segurança, mas andaram até lá.
Ficamos olhando de longe tudo que elas aprontavam. Era incrível o modo com que elas tratavam os fãs. Demoravam mil anos em cada lugar, querendo agradar todo mundo talvez. Tiravam fotos, conversavam com uns, davam autógrafos, abraçavam uns e principalmente: gritavam com eles, como se fizessem parte daquele povo. Eu não sei quem tem o grito mais agudo e alto. Elas fizeram dali um show particular pra aquelas pessoas. Só estava faltando instrumentos e microfone porque começaram a cantar, pular... Acho que se tivesse um palco lá, elas se jogavam! Do nada, apareceu o ser que troca os instrumentos na banda delas e deram para elas milhões de palhetas e foram jogadas no meio daquele povo, o que foi justo, já que uns mal conseguiam enxergar alguma coisa. Acho que nem o Neil tem tanta palheta assim! Por fim, elas saíram de lá com milhões de cartas, presentes em si.
- Eu não sei porque vocês não fazem isso. É tão legal! – estava com um sorriso gigante quando falou. Nós não fazemos porque temos medo, na verdade. Elas sabem controlar as pessoas ali. O exemplo que Tom deu foi no show do Bullet in a Bible do Green Day quando Billie Joe faz um simples ‘sh’ que todo mundo fica em silêncio. A situação aqui era quase igual (sem comparações, por favor).
- Jones, Poynter, mandaram entregar isso aqui pra vocês. – entregou um dos embrulhos que estavam na mão para nós. – Elas perguntaram por que vocês não foram... ‘Tadinhas, é horrível ficar esperando lá e ninguém aparecer.
- Harry, uma menina muito fofa mandou um beijo pra você e isso aqui também. – entregou uma caixinha preta a ele com um bilhete por cima escrito ‘marry me’ e nós rimos muito quando vimos que ali tinha o telefone dela, o email e ainda um anel.
Por fim, entregou o presente de Tom, que eram várias coisas relacionadas ao twitter e a tudo que ele gostava. Ele ganhou até um boneco miniatura do Darth Vader que fala “Luke, I’m your father.” E ainda tem os sons da espada e da trilha sonora. Fiquei com inveja agora.

Acabamos que voltamos ao quarto. Já tínhamos planos pra noite.
Não seria igual à passada, já que no meio de todo esses acontecimentos de hoje, descobrimos que as meninas estariam indo embora naquele dia porque o problema com a casa delas já estava resolvido e elas iriam visitar suas famílias. Não vou dizer que fiquei contente com isso, mas elas não viam as famílias fazia quase quatro meses e elas estavam pagando hotel meio à toa, já que possuíam um apartamento na mesma cidade.
Descobri que odeio meninas difíceis. É tão mais fácil quando chego a alguma menina e ela já se joga em mim! Eu não tenho que fazer simplesmente nada e hoje perdi a conta de quantas coisas tive que fazer só pra ter um pouco mais de atenção de uma pessoa em especial. E todo meu esforço foi por água abaixo. Qual é? Sou loiro de olho claro; é o que ela me disse que adora! Castanho é tão comum e chato...
Bom, quem sabe da próxima vez que nos virmos. Nós ainda teríamos que pegar avião; nossas férias vão ser numa das praias famosas do Brasil.


Capítulo 07: Everybody’s Changing and I Don’t Know Why


Finalmente narro novamente. Poynter tomou posse e ainda acha que é festa!
Mas agora vamos atualizar, já que meu trabalho aqui é esse.
Aquela noite foi divertida. As meninas os levaram a um restaurante japonês que eles adoraram e passaram a noite jogando conversa fora. Tirando alguns... Inconvenientes? Não sei, não diria bem assim. Acho que um bem mal entendido, um dos grandes.
Se repararam, naquela tarde, Dougie andou jogando suas asinhas em . Bom, ela não preferia Tom? Pois bem, nada mudou quanto a isso; ainda tinha Tom como preferido e não ia mudar porque Dougie estava de braços abertos a ela, como ele deixou claro enquanto narrava.
Não só com ela, os outros também fizeram a mesma coisa. Só que vocês não sabem por que Dougie narrou a parte dele e só dele. Um grande egoísta, se quer saber. Ele só tinha olhos pro nariz dele e pra .
Danny estava descaradamente interessado em . Tinha pensamentos nebulosos quanto ao que aquele corpinho e toda sua garra poderiam fazer quando estivessem num lugar mais calmo e assim a temperatura aumentava. Ele tinha começado com uma conversa toda amigável, tinha passado o tempo que esperava Dougie sair do quarto fazendo uma pesquisa relâmpago sobre o que a menina mais gostava e ela adorou a conversa. Passou depois para toques, abraços em horas estranhas e olhadas o tempo todo, fazendo-a perceber que ele estava no ataque.
Harry fez quase a mesma coisa que Danny, mas ele foi mais discreto com . Primeiro de tudo, começou chamando-a pelo apelido, sendo todo carinhoso e fofo. Tudo que ela falava ele escutava e a olhava atentamente, o que fazia com que ela pensasse que tinha algo de estranho em sua cara, como uma alface ou que o cabelo estava estranho. Precisou de umas três idas ao banheiro para ver se estava tudo certo e mais um monte de encaras pra finalmente entender a dele. lerdinha.
Tom, por fim, foi o que demorou mais pra buscar algum interesse. Ele tinha mesmo pensado que se investisse em seria muito fácil já que ela gostava mais dele, mas assim que viu Dougie babando pelos peitos da outra, decidiu deixar o caminho livre pra ele e foi a primeira que ele pensou. Ela tinha aquele ar despreocupado e safado que ele gosta. Valeria a pena. pegou no ar o que ele pretendia. Ela nunca pensou que fosse difícil de resistir a Tom Fletcher. Ele tinha cara de quem morre de vergonha em chegar a uma garota e que quando chega, fica gaguejando. Doce engano. A menina tinha que dar longos suspiros sempre que Tom falava com ela. Todo aquele poder sedutor a deixava louca e ela tinha que se controlar.
Todos eles tinham pensando a mesma coisa que Tom. Por que não investir nas que eles já sabiam que estavam interessadas? Seria a mesma coisa que tirar doce de criança, talvez até mais fácil, mas eles queriam um pequeno desafio. Se eles vão desistir? Sei lá, eu só digo o que me mandam.
Elas não eram burras também. Ah... Aí você decide se eram burras ou não. Todo esforço pelos meninos não serviu pra nada. Foi difícil. Quase tão difícil quanto fazer aqueles problemas de física que torram seu cérebro de tanto que você pensa. Resistir a eles foi o maior desafio da vida delas – mentira. Ok, mas foi quase lá.
Qualquer um deles, qualquer um, unzinho! Eu pegava, não importa qual, pagava demais. Mas já que eu não sou elas... Burras, cof... Então, elas sempre tiveram uma possessão imensa por cada um de seus favoritos e não importava que se algum dia qualquer um dos quatro fosse dar mole a elas, nada aconteceria por mais que quisessem. Além do mais, era claro que o que eles queriam seria de um dia/noite só. Não que elas se importassem muito com isso; todos os casos delas eram de uma noite também, mas o caso agora era diferente de um modo inexplicável.

A viagem delas foi tranqüila. Pegaram um avião minúsculo que sempre sofre turbulência e elas acham que vão morrer.
- Merda, merda, merda.
- As turbulências ‘tão passando, . – disse com nervosismo na voz, visivelmente com medo.
- Não é isso. – ela deu de ombros, voltando a xingar pra ela mesmo.
- Diz o que é. – desistiu de ouvir o seu iPod e virou-se pra ela.
O avião chegava a ser particular porque só tinham elas ali e uns executivos que estavam babando de sono.
- Tem umas coisas que acontecem de um jeito errado. Por exemplo, quem deveria me seduzir era o Harry e não o Tom!
- Ainda bem que você não cedeu. – entrou na conversa, largando o livro que lia. – E concordo com você. Tudo bem que o Dougie é... O Dougie, mas se fosse o Tom, eu estaria no avião com ele indo direto pra praia agora.
- Nem veria sua família? – as meninas riram e ela hesitou um pouco em responder.
- Eu não. – respondeu normalmente e recebeu olhares de todas. – Gente, é o Dougie! E ainda bem que você não cedeu. – deu um empurrão em .
- Vai dizer que não está satisfeita por ele ter me escolhido ao invés da !
- Foi-se o tempo... – riu. antigamente era sempre a escolhida dos meninos.
- Calem a boca! Como se fosse fazer diferença; o Harry de graça na minha frente...
- Pode parando aí, . – parou de rir, extremamente puta da vida com a menina. Odiava que roubassem “seu” homem. – O que a gente ‘ta falando aqui é que se o Poynter te escolhesse, sua antiga obsessão por ele poderia aflorar novamente e você nem pensaria nos atos.
- Nunca faria isso com a !
- ‘Ta, a gente só vai vê-los de novo daqui um bom tempo mesmo. – deu de ombros, voltando a fuçar em seu iPod. – Talvez ainda.
- Na verdade... – começou acanhada. Todas olharam pra ela. – A gente meio que vai se encontrar com eles não tem muito tempo – falou rápida antes que as amigas começassem a discutir. – Não sei se foi um convite, mas eles disseram que estavam doidos pra nos ver de novo.
- Quando isso?
- Ontem à noite. Tom tinha me parado pra conversar. Perguntou o lugar que eu mais gostava aqui, pra onde iríamos depois do Brasil... Essas coisas.
- Conversando com Tom, han?
- Quem sabe ele pára de te seduzir!! – respondeu, rindo pra , mas com um pingo de verdade. – Preferia que ele tivesse me jogado na parede e fizesse sexo comigo lá mesmo! Ele não sabe o que perdeu.
As meninas gargalharam. Todas pensavam coisas feias desde que nasceram, mas umas era além da conta. Bom, elas conseguem mudar umas coisas, talvez. Ainda teriam bastante tempo. Quem sabe o próprio tempo não mudava as coisas.

As férias dos meninos foram realmente proveitosas. Ninguém sabia dizer pra onde eles foram. Finalmente fãs não atrapalharam o momento de descanso de cada um. Boatos corriam por aí que cada um ficou em lugares diferentes, mas sabiam que passaram o tempo curtindo as praias que o nordeste brasileiro tinha. Só saber qual.
Mesmo que Tony tivesse indo embora, vez ou outra um ou dois seguranças estavam na cola deles. Nada que fosse atrapalhá-los.
Separaram duas semanas nas belas águas de Fernando de Noronha e finalmente entenderam porque a maioria dos famosos vai pra lá, por mais que o Fletcher cismasse que queria ter ido pro Rio. Além de toda maravilha daquele lugar, eles fizeram a maior festa nas festas de lá. Fizeram-me prometer que eu não ia soltar uma palavra a mais que essas. Briguem com o sindicato.
A das meninas... Hm, não vamos comparar praias perfeitas com uma cidadezinha do interior do tamanho de uma unha, por favor. Pelo menos elas ficaram com suas famílias e saíam pra fazer coisas que nunca era possível em outro lugar. A cidade delas nunca era dita em entrevistas pessoais e em apenas boas fontes era capaz de encontrar a resposta certa. Então isso fazia com que grande parte do tempo pra elas fosse de calma, sem gritos, sem autógrafos e fotos. Apenas galos cantando pela manhã – fazer o que quando se têm vizinhos que amam criar galinhas até hoje? –, comida da mamãe e os velhos e mesmos pontos de diversão. Era muito bom voltar pra casa, mesmo assim. Ainda passariam uns dias em suas casas de praia num lugar deserto que elas diziam ser simples.
Simples. Certo, vou fingir que elas não disseram simples e não vou mudar nada.

- Ah, não sei, não. Parece que elas não queriam nada. – Harry comentou quando estava deitado na pequena varanda, tomando uma batida.
- A gente não tentou muito também. – Danny deu de ombros. Era muito confiante quando o assunto era pegação. – Ninguém resiste por muito tempo.
- Falou o machão que pega todas. – até que Tom estava certo... De todas as namoradas que Danny tinha e as escapadas que ele dava para os pubs, obviamente ele era o pegador.
- Então beleza. Não vou ficar insistindo na . Aí, meu caro Tom, terá competição na . – de todas, a que Harry simpatizou foi com primeiramente. Ela era a mais diferente de todas e já o preferia.
- Certo. Vamos ver... Ela ‘tava por pouco de se render – mentira. Estava bem difícil, mas ela resistiria ao máximo! Nem que fosse preciso bater nele pra tirá-lo de perto.
- Vai perder, ela já me preferia mesmo! – isso fez Tom parar pra pensar. Ele tinha razão, e mesmo com seus poderes de sedução, ele pensava que a menina tinha resistido por causa disso. Talvez ele estivesse mesmo certo.
- Acho que vou fazer o mesmo. Não consegui ver nenhum tipo de indício na e a não é nada ruim. – Dougie não havia dito isso como se dissesse ‘é, a presta’ da boca pra fora. No momento em que ela falou que o preferia naquela mesa, a primeira coisa que eles fizeram quando se levantaram foi dar uma avaliada na outra. Ficou bem satisfeito. – Danny, agora é ou ou .
- O que te faz pensar que ela vai te escolher, cara?
- Olha pra mim! Quem não me escolheria? – Dougie se gabou. – Agora olha pra você. A única coisa que poderia chamar a atenção é seu cabelo e seus olhos... Que comparados aos meus, não tem diferença.
Danny apenas riu e concordou ironicamente, enquanto Harry e Tom rolavam os olhos pela discussão idiota. Eles nem pensaram se as meninas queriam algo com eles.
- Chega disso. – Harry decidiu. – Já tive pegação demais por aqui; já ate perdi a conta de quantas! Vou me preocupar em ter uma amizade com elas, que afinal de contas, são muito legais.
- Decisão bonita, cara. – Dougie concordou. – É... Vamos ver. Nem sabemos quando vamos vê-las de novos. Estamos nos precipitando.
- Não vai demorar muito. – Tom disse, quase dormindo. Parece que aquele clima estava relaxando-o até demais.
- Como assim?
- Conversei com antes de elas irem embora e vimos um dia pra nos vermos de novo. Às vezes a gente se fala pelo twitter também.
- Fala com a ? – Dougie perguntou interessado e o resto olhou pra ele. – Qual é? Não posso perguntar mais, não? Considero-a minha amiga!
Eles assentiram e riram da indignação do outro.
- E quando vai ser, Fletcher? – perguntou Danny, tentando se lembrar de algum compromisso que envolveria mais de uma banda, qualquer coisa com mais pessoas que aqueles quatro. Nada. A verdade era que a única coisa que ele conseguia pensar agora era na vista que ele estava tendo e em relaxar o resto da vida ali com sua doce e adorável caipirinha.
- Sei lá, uns dois meses talvez? – Tom deu de ombros e os outros também. Isso podia esperar. Daqui dois meses, eles pensariam no que seria. Ou não.

Logo, aquelas duas semanas tinham se passado e eles estavam de volta à terra da rainha e as meninas ainda estavam aproveitando o tempo no Brasil em sua simplicidade, assim como os meninos, só que agora com suas famílias e até outros lugares.
Mesmo de férias, isso não era desculpa pra ficarem completamente parados. já estava se esquecendo de como se tocava – exagerada nunca! . e escreviam várias músicas que a maioria poderia ser considerada um lixo, mas pelos menos elas se divertiam. era a única que estava de boa. Seu único trabalho era falar ‘legal, ficou bom’ ou ‘que merda, refaça isso’ e batucar. Às vezes ajudava as três a compor e uma vez a cada ano escrevia uma sozinha.
Pelo desespero de Dougie pelas férias, ele não fez absolutamente nada além de se divertir e dormir. Passava vários dias com sua mãe e irritando Jazzie quando ela aparecia. Danny nem se fale! A última vez em que foi visto estava nos Alpes esquiando de novo, mas tinha passado um bom tempo com sua família e fez grandes composições com sua irmã. Harry mal saía de seus aposentos e chegaram a pensar que ele estava morto. A verdade é que viciou em uma série. Hm... Não vão ficar contentes comigo se falá-la, mas... Certo, é One Tree Hill. Pelo menos é melhor do que Gossip Girl. Ele não conseguia perder um episodio e ficava até sem tomar banho pra ver um seguido do outro. Sua mãe o chamava de alienado, mas logo que as temporadas se acabaram, ele voltou ao normal. Tom era o que mais fazia algo pra banda. Quase todo dia compunha, mesmo que não fosse usar metade das coisas que fez. Ele era uma máquina de compor. Tinha visitado sua família, passado um bom tempo enchendo sua irmã e o namorado e, por incrível que pareça, visitou sua ex e o marido. Eles eram... Amiguinhos... Sem muitos ressentimentos. Tom só considerou isso porque rendeu músicas suficientes pra vinte CDs lotados, apesar de todo sofrimento que ela trouxe a ele.
Não demorou pra que todos se comunicassem constantemente pelo twitter a ponto dos próprios fãs pensarem qualquer coisa.
Eram muitos assuntos. Aqueles 140 caracteres não ajudavam e passaram a se falar pelo telefone. Pena que tanto Alice quanto Fletch começaram a reclamar da conta altíssima do aparelho. Os espertinhos, pra não gastarem de suas próprias contas, usavam sempre o telefone cuja conta ia para os managers. Super pena que não pensaram direito e acabaram levando um pito gigante.
A bobeira deles de tentarem coisas com as ‘mais difíceis’, digamos assim, acabou apenas por Dougie e Harry. Não que eles tentassem com um oceano de distància, como se isso fosse fazer diferença, mas eles conversavam com elas como amigos, sem nenhum outro tipo de interesse. Isso as deixou aliviadas, mas ainda tinham um probleminha: sempre que recebia um telefonema de Tom, ela adorava. Óbvio, quem não amaria? Só que depois de certo tempo, Harry também começou a fazer ligações. Nada estranho. Acontecia a mesma coisa com . Primeiro era Danny falando com ela, a fazendo rir o tempo todo e deixando as meninas irritadas com sua risada. Aí Dougie começa a ligar. Ótimo, agora não calava a boca. O problema disso? Elas não eram nada idiotas, mas não podiam sair por aí inventando as coisas. Elas tinham teorias. De uma hora pra outra, as duas começam a receber os telefonemas desses dois. Os outros também ligavam pra todas, mas não era constante, igual a e e isso as fez pensar. Dougie estava na da e Harry na . Inesperadamente, elas deixaram de ter os admiradores não-secretos e justamente esses eram os favoritos das outras duas. Isso deixava o que pensar. Não por muito tempo, já que o tempo que cada um ficava no telefone matava todos quando a conta chegava e mesmo que peidem dinheiro, eles tinham amor à vida. Assim, decidiram que era hora de arranjar outro meio de comunicação.
Queria eu que as férias durassem pra sempre, mas já que a vida fez disso uma injustiça pra todos, pra eles também era. As férias tinham chegado ao fim e com elas, as conversas constantes não chegaram a um fim exato, mas diminuíram radicalmente.

- O pior que é nem posso falar que vão ter que trabalhar iguais condenadas pra poderem pagar o telefone que vocês usaram SEM PERMISSÃO porque a conta já foi coberta no dia seguinte. É incrível o lucro que vocês fazem!
- Trabalhar igual condenada... Que estranho, não senti nada quando Alice falou isso... Por que, meninas? – perguntou, segurando a vontade de rir.
- Acho que é porque já fazemos isso toda hora. – todas responderam juntas, soltando uma risada forçada, fazendo Alice fechar a cara e rolar os olhos.
- Engraçadas. Agora os assuntos são sérios. O CD de vocês está previsto pra março do ano que vem...
- Quando exatamente? – perguntou, rodando a cadeira em que estava sentada. Adorava cadeiras giratórias.
- No primeiro semestre do ano... , pare de girar a cadeira assim, vai acabar se machucando ou passando mal. E preste atenção em mim.
- Ok, mamãe, estou prestando e estou inteira.
- Ainda bem. Então, o CD está previsto pro primeiro semestre e seria legal que vocês já tivessem alguma coisa durante esse tempo pra começarmos sem nenhum tipo de atraso.
- A gente nunca atrasou! Chegamos perto, mas não atrasamos... E sempre já temos idéias novas...– falou. Não atrasaram só no prazo do CD, mas em outras coisas também. Quase nunca estão prontas no horário pra uma premiére e o CD foi só uma vez. Muitas coisas pra mexer, tudo pra ficar perfeito. E elas já tinham adiado muito o lançamento das músicas.
- Foi por pouco. – Alice lembrou. – Mas o outro assunto importante: os fãs sempre pedem...
- Tudo. – completou antes que ela terminasse e riu.
- É, é, tudo. Vão me deixar falar?
- Claro, mas antes vou avisando que é tudo mesmo. Tenho medo de qualquer dia minha cabeça ser vendida no Ebay.
- , sua cabeça ainda ‘ta com você e não vão tirá-la daí. – Alice confortou a outra e se virou pras outras. – Deram alguma coisa de diferente pra ela fumar?
As outras negaram e só rolou os olhos.
- Só fale o que eles estão pedindo agora...
- Um trabalho em conjunto. – disse de uma vez e as quatro ficaram em dúvida.
- Que tipo de trabalho? Conjunto com quem? – perguntava, imaginando todo tipo de coisa.
- Um tipo de documentário com várias outras bandas. – a manager falava com um sorrisinho crescendo à medida que as meninas ficavam extasiadas com a notícia.
- Quais bandas? – perguntaram ao mesmo tempo, mostrando todo o entusiasmo, torcendo pra que McFly estivesse junto.
- São várias, mas as que tenho certeza são: Paramore, Simple Plan, Hey Monday, Plain White T’s, Boys like Girls, All Time Low e mais umas.
Silêncio. Qualquer pessoa saberia que essas bandas eram as favoritas daquelas meninas, ou pelo menos da maioria delas. Elas não tinham reação e nem expressão, ficavam com a mesma cara de idiota olhando pra Alice como se a ficha ainda não tivesse caído. Podia não ter McFly, podiam ficar mais um tempão sem se verem, mas era a vida.
Todas que foram ditas eram conhecidas delas. Eles chegavam a ser bons amigos. Hayley, por exemplo, estava sempre com as quatro quando queriam sair pra beber ou aprontar qualquer coisa. O pessoal do Simple Plan então... Eram praticamente melhores amigos; eles as consideravam irmãs.
- Que certa... Mistura de gêneros!
- Muito foda, isso sim, !
No resto do dia só se ouvia gritinhos de empolgação e o resto da explicação de Alice. Elas não tinham que fazer nada a não ser tocar, se divertir e serem filmadas. Na opinião delas, fácil-fácil.
Na maior parte do ano, elas moravam nos Estados Unidos – pra variar. Era lá onde a gravadora “mãe” ficava e onde mais aconteciam coisas que elas deveriam fazer.
E daqui pra frente, elas teriam muita coisa.

- , me divirta.
olhou bem pra cara de , como se tivesse esperando uma explicação da outra, o que na verdade estava.
- Qual é? ‘To com tédio e as outras duas não saem do telefone.
- Então eu sou a última opção?
- Se quiser levar assim... Agradeça que não usei o computador como outra forma de tirar o tédio; vir te procurar é muito pra mim. – falou com voz de desdém.
- Eu te adoro, . – sorriu alegremente, indo de encontro à menina para um abraço.
Vai entender... Pedras, tocos, facões e devolve com um sorriso e um abraço. Talvez seja historinha pra enfiar uma faca nas costas da outra... Quem sabe.
- Então, , não vai fazer nada hoje?
- Não sei. Tem uma festa na Hits de novo. ‘To pensando se vou. Ou se não, morgar em casa.
- Tem quase dois litros de caipirinha lá no meu quarto. ‘Ta afim?
- Nossa, o que a gente ainda ‘ta fazendo no meu quarto?
Dois litros não é exagero para as duas; é pouco. ‘Ta certo que a situação fica um pouco tensa depois de uns cinco copos, mas é bem engraçado.
- Ah, cala a boca! – riu ao telefone, em um outro quarto. – Já percebeu que faz quase duas horas que estamos conversando? Não é que quero desligar e dei uma desculpa esfarrapada pra isso!
- Mas qual o problema? É legal falar com você. Se quiser, eu pago a conta.
- De jeito nenhum! – no fundo, a garota se sentiu ofendida, mas ignorou. Danny fala as coisas e nem sabe o que disse. – já passou aqui e eu a mandei pastar; veio pra cá, mandei-a esperar uns segundos e... Ela saiu daqui um tempão depois, me mandando o dedo e de cara feia.
- Coincidência. Harry dormiu aqui de tanto que esperou. Dougie me mandou desligar, mas eu o mandei ir à merda.
- Ah... E o Tom?
- Deve ‘ta falando com a . Sei lá. – estranhou demais. Era muito estranho ouvir e Tom e não e Harry. Não que eles tivessem um caso, completamente longe disso, mas ainda assim.
Ainda mais a !
- Sei... Então, Danny, vou procurar as meninas. Elas provavelmente estão se aprontando pra fazer alguma coisa ou saíram sem mim.
- Elas fariam isso?
- Bom, contando que eu não dei bola para duas delas, não costuma lembrar de ninguém. Sim, elas fariam isso.
- Então você procura e eu te dou apoio moral. Caso você não as achar, continua falando comigo.
- Isso tudo é saudade? – ela perguntou gozada, já esperando uma resposta espertinha dele.
- Telefone é o meio mais perto que tenho de ficar perto de você.
- Er... Hehe, que gracinha, Jones. – falou desconfortável.
A menina jogava conversa a fora com ele, enquanto saía de seu quarto e entrava no das amigas, encontrando dois deles vazios. Mas dentro do de , saía uma musica do antigo CD delas e um cheiro forte de cigarro e bebida.
- É, as achei. Elas não foram até a festa; a festa veio até elas!
Abriu a porta do quarto, dando de cara com a imagem das três colegas de pijamas, cantando, rindo e bebendo. E o estranho: o laptop da menina estava aberto com as três na frente dele, e o mais estranho ainda? A garrafa de caipirinha ainda estava na metade.
andou até elas e percebeu que a webcam estava ligada e que elas só podiam estar fazendo uma coisinha...
- Danny, as meninas estão fazendo a coisa mais divertida do mundo e não me chamaram... Eu te ligo mais tarde, ok? – ela nem esperou a resposta dele e desligou o celular. Danny entenderia depois. – Essa é a maior sacanagem do mundo inteiro! Sabem que meu sonho era fazer isso e me deixam de fora!
- Nós te chamamos, mas você simplesmente abanou a mão para mim. – se defendeu.
- Não vale, achei que era a Alice me enchendo o saco!
- Ninguém mandou. – sacudiu os ombros. – ‘Ta super legal isso aqui... Esses carinhas são legais. – apontou pra tela, mostrando três pessoas totalmente desconhecidas.
- Pelo menos não fizeram o maior escândalo quando nos viram. Estamos batendo o maior papo faz horas! – sorriu. – Adoro o chatroulette.
As quatro rodaram a madrugada conversando com fãs. A maioria ficava estático na frente do computador até entender que realmente eram elas. Alguns acharam que eram aquelas montagens e as xingavam até a morte, até realmente verem que eram elas de verdade.
Acharam mil brasileiros e conversaram com eles normalmente, como se fosse qualquer outra pessoa. Responderam dúvidas, riram de várias situações constrangedoras tanto pra elas quanto dos fãs, e o mais engraçado: tiveram momentos em que ficavam doidas pra mudar a conversa. Isso sempre acontecia de um modo educado.
Às vezes até aqueles caras pervertidos paravam de... Vocês sabem... Pra realmente ver quem era, mas até então o amigo já era outro.
Não tinha nada a esconder no que elas faziam. Quem quisesse fumar lá, que fumasse. Quem quisesse beber, que bebesse. Se alguém reclamasse... Beleza, legal. Era praticamente essa a resposta delas para esse tipo de pergunta.
Foi complicado apenas no outro dia. Todos os sites de fofoca e fansites ficaram lotados de fotos e conversas que elas tiveram com algumas pessoas e é claro que alguém sempre arranja encrenca com uma simples e inocente frase. Nada que preocupasse a elas, mas a Alice ficou possessa ainda assim. Como se tivesse adiantado alguma coisa... As quatro estavam caindo de sono na mesinha de reuniões com os agentes e depois na mesa com as outras bandas do documentário. Pelo menos era melhor do que uma bronca.

- Nós? Namorando as meninas da ?
- Não somos bons o suficiente pra isso...
- Até que seria muito bom! (risos)
- Mas nos tornamos muito amigos de uns tempos pra cá.
- Nós nos conhecemos no elevador, foi engraçado.

- Estamos muuuuito animadas com o documentário. Vai ser muito bom!
- São nossas bandas favoritas e nossos amigos também. Vamos nos divertir demais.
Não estão chateadas que o McFly não vai participar?
- Ah, não vamos dizer que não estamos, mas entendemos que a agenda deles pode estar cheia e que esse documentário vai acontecer aqui (América). Mas amigos nossos não é o que vai faltar!


Capítulo 08:


Estou narrando! Yes! Meu sonho era narrar aqui... Na verdade, era ter essa história, além de tudo, mas narrar passou a ser meu sonho. Agora tenho que me controlar pra não começar a tagarelar, o que é uma coisa complicada pra mim, já que não tenho muito controle de mim mesma porque sou hiperativa e fica mais difícil quando estou nervosa e quero alguma coisa. No momento estou nervosa demais, caramba! Narrar é ótimo! Nunca pensei que fosse assim; sou só eu aqui sabe... Não tem ninguém me mandando ficar quieta, ninguém caçoando de mim; só o verdadeiro narrador que pode parar minha narração do nada porque só deixou com duas condições: a primeira é pra eu não ficar tagarelando o tempo todo e a segunda pra falar um pouco das meninas também. Ele pediu pra falar dos meninos, mas... Como eu vou saber? Estou prestes a entrar no palco em Orlando – e só não estou pirando porque escrever aqui me acalma – e não falo com nenhum dos quatro faz bastante tempo. Pelo que sei, eles andam muito ocupados com alguma coisa e nós também. O documentário já começou e nesse momento tem uma câmera tentando ver o que escrevi, mas acabei tampando. Quem sabe isso não vira alguma coisa um dia? Não que seja pra virar; disseram-me que não tem nenhum fim lucrativo aqui, mas sei lá... Vivo fazendo coisas erradas; melhor precaver. Acabei de falar que é um segredo, como uma letra do novo álbum. É mentira, mas a câmera continua em mim e preciso sorrir e fazer alguma coisa. Imaginem os fãs que vão olhar pra isso, e estou com cara de merda, olhando pro nada?! Quem sabe se eu...
- , vamos pro aquecimento? – voou por cima de mim, quase me derrubando da cadeira.
- Aquecimento? Não, ainda não! Tenho que... Que... Acabar aqui! – senti aquele medo se apossando de mim e o nervoso me dominando. Já podia sentir o ataque que ia dar.
Graças a Deus elas estão acostumadas comigo.
- Você ‘tava bonitinha até agora ali, escrevendo sem dar um pingo de ataque. Aposto que escreveu quase um parágrafo só de seu nervosismo e tagarelou demais. Nem colocou vírgulas. – riu. Adoro como elas me conhecem, mas o tanto que isso me faz sofrer ninguém faz idéia. Não que eu sofra de verdade...
- ‘Tava... E pense bem no que vai falar porque tudo que for dito agora eu vou passar pra lá depois.
- ‘Ta. – ela me olhou um tempo, provavelmente pensando que eu era doida. Deu de ombros e me puxou até onde estava pulando ao som de Paramore e a batendo o pé freneticamente, nervosa também. – Trouxe a última.
- Sem ataques? – pude ver que lançou um olhar maligno pra – Ahm... Que bom... Que tal agora pegar aquela ali que não para de pular pra aquecermos?
- , larga de pular aí! Vem aqui! – nos olhou, olhou para o palco e repetiu isso mais duas vezes. Por fim, se deu por vencida e se juntou a nós, triste.
O aquecimento foi igual a sempre. Bom, os que eu participo, já que na maioria das vezes tenho ataques e me aqueço do meu próprio modo. Gritando e esperneando é o principal meio.
Não deu muito tempo, depois já estávamos no palco com cinqüenta minutos pra tocar. Seria fácil pouco tempo assim... Nossos shows costumam ter duas horas e agora eram minutos divididos em três bandas. Elas eram escolhidas pra tocar uma vez, enquanto as outras davam entrevistas ou simplesmente se juntavam e se divertiam. Claro, com uma câmera atrás.
Tocamos aproximadamente onze músicas nossas e o público adorava.
Eu também adorava. Sinto-me muito fã mesmo em cima de um palco. Ver todas aquelas pessoas, cartazes, bandeiras e objetos sendo atirados pra gente... Sempre sinto aquela felicidade, aquela angustia de querer chegar perto. O legal é que eu já estou perto o suficiente de nós, mas gosto de chegar perto dos fãs enlouquecidos que são amassados na grade. Eles não estão ali por bobeira; sei bem como é isso. Sei muito bem como é isso. Se bem que as fãs de qualquer lugar, comparadas ao Brasil, são extremamente calmas.

Eu só tenho que me lembrar de onde estou e tudo ficará bem... Vejamos: uma música alta fica batendo do meu ouvido, há muitas pessoas a minha volta, todas elas estão pulando enquanto tomo banho de um líquido de cheiro engraçado. Tudo está escuro e eu não sei onde está o resto. Em cima de mim, tem várias luzes diferentes e elas estão me cegando. Há uma espécie de bar num canto do local em que não há muitas pessoas assim, mas os atendentes não param de fazer aqueles malabarismos com copos e... Olha! Tem um que ‘ta usando duas garrafas de vodka! Vou até lá... De repente eles podem me dizer onde eu estou.
- Olá. – sorri para um bartender. Não sei... Estou com a impressão de que meu sorriso está maior... O que houve comigo? Tenho certeza que não sorrio assim.
- Vai querer o quê, linda?
- Não sei. O que você sugere? – ele apenas sorriu; um sorriso um pouco malicioso, pude perceber, e começou com seu show de copos, me entregando por fim algo de duas cores.
Legal.
Bebi e senti o forte gosto de alguma coisa na minha garganta, queimando tudo por ali, a rasgando por inteira. Cara, eu quero mais.
- Ei, você pode me dizer onde estou? – sorri mais uma vez pro homem que gargalhou. Uai, ‘ta rindo por quê?
- Acho que coloquei álcool demais na sua bebida. Bem vinda à Terra do Nunca!
- Mas... O Peter Pan não existe... Então a Terra do Nunca também não. – forcei pra conseguir racionar. Algo comigo não estava bem. Álcool? Deve ser por isso que ardeu quando tomei...
- Como você pode dizer uma coisa dessas? Eu sou o Peter! – abri a boca surpresa. Ninguém vai acreditar que eu conheci o Peter Pan! – E você deve ser a Wendy.
- Não me chamo Wendy... Você deve ter se confundido! – disse desanimada. Droga, agora posso não conhecer a Terra do Nunca!
A cada frase que dizia, o Peter gargalhava bem na minha cara. Eu tenho cara de palhaça? Ou de bêbada?
- Então quem é você? – ele quase atravessou o bar pra me olhar. – Você é a... – olhei bem nos olhos dele e vi que sua expressão mudou de gozada pra assustada. – ! Deus, você é a da !
- Sim! – abri um sorriso enorme. Peter sabe meu nome! Ele sabe que eu sempre quis ser uma criança perdida! – Agora, Sr Pan, poderia me mostrar a Terra do Nunca? Juro que me comporto como um menino! Ou não, se preferir, já que a Wendy já passou por lá e...
- , me desculpa, eu sempre faço isso com os bêbados; eles nunca se lembram. , desculpa, por favor, não conte ao meu chefe. Esse é o único emprego que eu tenho, a única forma de sustentar minha namorada, meu filho e eu. Por favor, eu preciso desse emprego! Olha, todas suas bebidas serão de graça; eu cubro isso um dia. Por favor...
- Meu filho, quer calar a boca? – a cada palavra que ele dizia, minha cabeça ia se enrolando mais. Eu não consigo pegar, não entendi nada o que ele disse – Então você não vai me levar pra Terra do Nunca? Então ‘ta... Eu... Eu entendo.
Sai dali triste e desanimada. Eu sempre quis conhecer a Terra do Nunca!
Quando estava do outro lado do local, me lembrei que deveria ter perguntado mais uma vez onde estava. Olhei para trás, tentando me localizar, achar aquele bar novamente e perguntar ao Peter onde estou. Aquele safado... Iludiu-me com a história de me levar e me esqueci de perguntar de novo onde estou!
Continuei andando à procura de qualquer pessoa que eu conhecesse pra me ajudar. Estava começando a ficar apavorada. Sentei em qualquer lugar e forcei minha memória. A única coisa que lembro é a conversa com o Peter que... Espera aí, o que ele quis dizer com “sempre faço isso com bêbados”? Quer dizer que ele não é o Peter Pan? Espera aí de novo, quer dizer que eu estou...
Ah. Isso explica muita coisa!
Voltei a andar em busca das meninas e agora me atrevo a ir à pista de dança. Aposto que a e a estão lá! Se bem que achar a seria bem mais fácil... Mas se ela estiver com alguém, não terei minha cabeça a partir de amanhã.
- Desculp... Hayley? – forcei a vista pra confirmar a pessoa em que trombei. Recebi um berro de meu nome e um forte abraço.
- Há quanto tempo, !
- Parece que não nos vemos faz séculos! – ri e ela concordou. – Sabe onde estão as meninas?
- Eu ‘tava lá fora com a faz pouco tempo. Deram alguma coisa super legal pra gente; vai lá experimentar! As outras estão dançando!
- Obrigada, Hay! Você salvou minha vida! Quem sabe se eu não poderia ter morrido procurando?
- Não é? Fala se não pareço o Super Homem! – ela fez pose e gargalhou. – , espera aí, sabe onde é a Terra do Nunca? O próprio Peter Pan me falou dela, mas não achei. Aí pedi ajuda à e ela me mandou ir à locadora procurar.
- Aquele não é o Peter Pan, Hay. Ele nos enganou; aquele traste! – balancei minha cabeça com desgosto e ela abriu a boca indignada. – A Terra do Nunca não está aqui, mas qualquer dia a gente saiu procurando!
Ela sorriu como um bebê e depois saiu, me deixando ali.
Certo, está lá fora com algo que provavelmente eu também vou achar legal.
O lá fora não estava muito longe. Na verdade, bem ao meu lado tinha uma porta que levava até lá. O desafio era passar por todas aquelas pessoas, o que não foi tão ruim, se querem saber. Só levei uns soquinhos, empurrões e mais banhos de bebidas. Ainda estou viva, isso é o que importa! Bom, Hayley não estava mentindo e nem delirando.
estava sentada em um banquinho ao lado de um cara e conversando animadamente com ele. Bem bonito pra falar a verdade e era um pouco estranho; não sei se era emo – já que ela tem algo com emos e nerds e minha visão estava um pouco turva –, mas me lembrava o Pierre... Mas ele já não estava comprometido? Se estiver pegando o rapaz... Caramba, ela será minha heroína! Enfim, se ela estiver com alguém x ou com ele, vou ter que me enfiar naquela pista e ainda perder o negócio legal. Que droga!
- ? – graças a Deus! Graças a Deus!
- Oi ! Você me viu!
- Claro, sua entrada aqui chamou a atenção de todo mundo! – ela riu. Mesmo com efeito de qualquer coisa ela ainda consegue dar um jeito de me tirar.
- Eu me perdi... Queria saber onde eu ‘tava. – falei de uma vez por todas. Agora eu não me esqueço! – Ah, oi. – sorri, olhando pro homem que não era o Pierre, mas um clone perfeito dele. – E o que é o que deram pra você e pra Hayley?
- , você se esqueceu de novo? É a terceira vez que eu lhe respondo isso! Olha só, presta atenção – ela olhou bem pra mim e começou a falar devagar – O show acabou. Assim: puff! Aí a gente veio pra essa boate. Não é legal?
- Ah! Agora isso explica a dança, os banhos de bebida e o bar! – sentei-me ao lado de – O bartender tinha dito que era o Peter Pan e que ia me levar à Terra do Nunca.
- Você também? Olha, na locadora eu tenho certeza que vi a porta que leva pra lá!
- Jura? – meus olhos adquiriram um brilho diferente e estava começando a acreditar quando percebi a possibilidade de ela estar tirando com minha cara, o que ela quase não faz. É, foi ironia.
- Claro. – ela deu de ombros, dando um longo trago no que ela segurava.
- E o negócio que deram a você e à Hayley?
- É isso aqui – ela sorriu, me dando o objeto. Tinha um cheiro engraçado e a deixava minha cabeça lenta demais. – Leva isso pra lá. Cansei.
Fiquei ali, fumando o que mais tarde descobri ser maconha, pelos efeitos que me causava enquanto e o cara faziam uns barulhos estranhos conforme se agarravam. Quando isso finalmente me deixou no limite de agüentar ouvir aquilo, saí até a pista de dança. ia adorar meu brinquedinho.
Novamente, várias pessoas estavam esbarrando em mim, mas eu já não ligava. Mal sentia quando elas tocavam em mim! Achava graça de quando uma bebida caía em cima de mim; achava que era uma cachoeira deliciosa e tive que me segurar pra não dar um pulo no meio das pessoas. E olha que nem tinha usado LSD... Nunca misturem bebida e maconha, sério.
A partir do momento em que pus no pé na pista, me soltei. Tive medo que isso pudesse acontecer, mas agora eu nem ligo. Era uma batida perfeita e eu me mexia de acordo com ela, me esquecendo completamente do que fui fazer ali.
Eram tantas pessoas dançando coladas umas nas outras que eu nem conseguia sentir se tinha alguém me encoxando. Se tivesse, também não conseguiria fazer nada além de rir.
- ? – uma toda suada, dançando bem atrás de mim, perguntou. – O que é isso na sua mão?
Aí eu me lembrei.
- Ah, ! Entregaram pra e pra Hayley e aí ela me deu. Achei que você ia gostar – entreguei pra ela, mas só tinha um pequeno toquinho, o que a fez fechar a cara. – , pára de dançar assim comigo, haha. Vão achar que as meninas da são lésbicas.
- Sai fora, – ela se endireitou e começou a andar, me puxando junto. – Cadê a ?
- Lá fora com um emo. - na verdade, eu não me lembro muito bem se ele era emo...
- De novo? – ela riu, mudando de caminho. – Parece que ela os atrai. E você, ? Quem de interessante?
- Hm... Não sei! – ri e ela me olhou confusa. – disse que me falou três vezes onde eu ‘tava porque me esqueci.
-Três? Ela ganhou. Eu lhe disse duas só. Eu não sei o que você usou ou bebeu, porque pra esquecer assim... Cadê a ?
Dei de ombros, começando a procurá-la e acabei encontrando um ser que eu acho que não conheço olhando cada movimento que fazíamos.
- , aquele cara ‘ta olhando muito pra cá.
- Eu percebi. Tchau, . V á procurar a .
E ela saiu. Saiu e foi até o cara. Ela nem disse nada, apenas sorriu e o beijou!
Também quero...
Eu acabei encontrando a . Ela estava no bar tendo uma conversa bem íntima com um cara. Caramba, todo mundo ‘ta pegando alguém!
Sentei-me numa mesa e logo recebi a bebida de duas cores de novo. Bebi um gole e senti meu celular vibrando. Se ele não estivesse no bolso, nem saberia que estava com ele.
- Alô? – gritei pra que pessoa que fosse me escutasse.
- ?
- Eu!
- Alô? - Alô? – a pessoa deve ter respondido, mas está um barulho do caramba. Resolvi ir pra um local onde a música não era tão alta. Estava perto de onde estava. – Pronto, pessoa que me ligou. Se ainda estiver aí: alô?
- ?
- Oi – ri.
- Oi... Ahm, onde você ‘ta? – de quem é essa voz? De quem é essa voz?
- Quem ‘ta falando?
- Dougie! Onde você ‘ta? – caramba, que curiosidade infernal!
- DOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOUGIE! – dei um gritinho que, mais tarde se lembrar, posso considerar como um escândalo – Eu ‘to festejando! HAHAHAHAHA.
- Festejando o quê?
- Alguma coisa! A gente veio pra cá depois do show, mas eu ‘to perdida. – e gargalhei.
- E bêbada! – ele riu junto. – Cara, que inveja de vocês! Cadê o resto? Ninguém ‘tava atendendo ao celular!
- Eu fui a última opção? – senti meus olhos marejarem e minha voz ficou embargada. Eles ligaram pras outras primeiramente...
- Não! , não é isso! Não chora! – conseguia ouvir o desespero de Dougie e tentei me controlar, dando várias e longas inspirações. Dougie, ela ‘ta bêbada. É claro que vai chorar!” escutei alguém dizer.
- FALA PRO IDIOTA QUE DISSE ISSO QUE EU NÃO ‘TO BÊBADA, ‘TA? – gritei e só depois me lembrei de que não posso fazer escândalos. – Posso estar um pouco tonta, chapada também, mas não ‘to bêbada!
- Eu sei, . Eu sei. – foi ironia que eu ouvi?
- ‘Ta sendo irônico? – falei, sentindo as lágrimas e o choro voltarem. Odeio que duvidem de mim!
- Não! De jeito nenhum! – e novamente o desespero – A gente ‘tava ligando pra conversar, mas vocês estão provavelmente na melhor boate de L.A!
- Orlando! – corrigi. – Posso conversar; estou perdida das meninas mesmo!
- Elas lhe deixaram sozinha?
- Não, a deve ‘ta em algum lugar bem pertinho de mim com o emo, a ‘ta por aí com alguém e a com alguém no bar.
- Cara! Vocês todas estão pegando alguém aí. Agora sim estou com mais inveja! Ei, por que não ficaram com a gente quando estávamos no Brasil? – escutei os outros gritarem com Dougie e este provavelmente acabou perdendo o telefone porque escutei o baque dele.
- Alô? – perguntei quando fiquei uns segundos sem resposta e recebi um ‘foi mal, ainda ‘to aqui’. Respondi a pergunta dele com qualquer coisa - Dougie, você ‘ta me confundindo! – coloquei minha outra mão na cabeça na tentativa de fazê-la parar de girar e prestar atenção ao que ele falava.
- ‘Ta. Volta a curtir aí e ache as meninas, que a gente vai voltar à nossa vidinha pacata aqui.
- Ok, tchau! – desliguei o telefone, ouvindo Dougie dizer algo como ‘não desliga’, mas agora era tarde.
Mal deu tempo de guardar o celular no bolso e apareceu.
- ‘Tava falando com quem?
- Dougie.
- Ah.
Silêncio. Esse é o famoso momento de vegetação. Ocorre muitas vezes quando estamos altas ou cansadas demais.
- Mandaram-me eu lhe procurar.
- Achou! – fiz a brincadeirinha de bebê até com direito a jogada do lábio que treme. Ela só rolou os olhos e gargalhou, me puxando pro meio do povo de novo, falando algo como ‘tetéia’.
- Aonde a gente vai?
- Pra Terra do Nunca. – ela sorriu, como se me incentivasse.
- ‘Ta brincado! – animei-me de verdade. Finalmente vou conhecer o tão esperado lugar!
Andamos muito, o que me pareceu a eternidade, até uma porta bem grande.
- É aqui?
- Não. Aqui nós vamos até o carro que nos levará até lá, porque lá tem o pó mágico. – falou normalmente e minha felicidade aumentava a cada momento – Agora, é importante que você não fale com ninguém. Promete? Pelo segredo da Terra do Nunca.
- Prometo! – tudo pela Terra do Nunca.
Aí as portas se abriram e várias luzinhas brancas – ou será o pó mágico? – vieram na minha direção. Agarrei a mão da com força e senti minha lateral sendo fechada por vários homens de ternos. Acho que são os soldados que protegem o caminho. Tenho passe livre, senhores!
Entrei no carro depois de e encontrei as outras lá dentro com caras de zumbis que querem vomitar.
- Animem-se, gente! Vamos à Terra do Nunca! – falei animada, mas não recebi nenhum comentário. Ignorei e passei a olhar a janela; logo estaria no meu lugar dos sonhos.
- É, , daqui a pouquinho... – alguém respondeu, mas não tenho certeza de quem era. Só quero chegar logo antes que o sono me vença.

Alguém pode, por favor, apagar o Sol?
Não sei por que não fechei as cortinas ontem... Seria tão gostoso! Agora terei que abrir os olhos e...
Ai.
Certo, respire. Talvez a dor passe. Hm, nada. Feche os olhos novamente e volte a dormir.
Nada. A dor é tanta que não consigo me concentrar no sono.
Por fim, decidi me levantar e procurar algum analgésico com as meninas. Ainda não tenho cabeça pra pensar nas coisas que aconteceram ontem; ela foi arrancada de mim sem nenhum tipo de anestésico e eu só quero o remédio.
Enquanto procurava minhas chinelas, vi minha roupa amassada no sofá e percebi que ainda estava de maquiagem – agora toda borrada – e com o cabelo horrível ao passar pelo espelho. Que se foda, cadê o remédio?
O quarto em que estava era do tipo daquelas suítes imperiais em que há uma sala gigante, uma cozinha e vários quartos. Um tipo de flat.
Nem reparei se as outras já estavam acordadas quando saí de meu próprio quarto. Fui direto à cozinha, recebendo por fim toda a luz de fora. Encontrei escondendo seu rosto entre os braços, enquanto segurava em uma mão uma caixa grande, linda e perfeita de analgésicos.
É o momento mais feliz da minha vida!
Tinha o olhar tão preso nos analgésicos que nem percebi que estava na frente da máquina de café com o pacote de grãos ao lado quase na mesma posição que . Ela olhava sonolenta pra cafeteira, que era cortesia da , junto com o café. Ter cafezais no Brasil rende até pra gente!
Mas não sei quem estava pior; tinha bons nós no cabelo, porém não conseguia ver seu rosto, e os menores cabelos repicados de estavam literalmente em pé e esta possuía grandes olheiras.
- Bom dia – falei, sentando-me ao lado de e os analgésicos. Recebi apenas resmungos como resposta. Bom, é uma coisa já.
Logo, nos deu xícaras e trouxe o café. finalmente tirou o rosto de seus braços e pude ver seu rosto. Estava amassado, seus olhos minúsculos e eles muito borrados. Ela tirou a cartela de dentro da caixa e libertou três bolinhas brancas. Nós apenas olhávamos aquilo com atenção. Parecia que éramos drogadas.
Coloquei a bolinha na boca e engoli com café. Eu desejava que não tivesse sido com o café.
- Caralho, isso aqui ‘ta muito forte! – disse, sentindo meu estômago reagir ao café.
- Dizem que passa ressaca – respondeu simplesmente e virou sua xícara com uma careta em seguida – E até que é bom.
É, pra quem é viciado em café.
- Caraca, parece que eu dormi com a cabeça no bumbo da bateria a noite toda! – entrou na cozinha, segurando seu cobertor em uma mão e a cabeça em outra. Sua aparência não estava melhor que a nossa – Isso é meu café forte?
Assentimos e ela não hesitou em tomá-lo com a aspirina sem fazer nenhuma cara de desgosto. Costume é foda.
- Por favor, falem que não temos nada hoje... – choramingou e eu a acompanhei, não querendo forçar minha cabeça a pensar.
- Sei lá, liguem para a Alice – respondeu como se fosse um esforço gigante dizer qualquer palavra. Ah, espera aí, era sim. – Vou voltar ao quarto.
- Vou com você – falou e as duas sumiram da cozinha em passos curtos.
Ficamos eu e na cozinha sem falar nada. Eu tomava mais uma xícara de café, rezando pra não vomitar a qualquer minuto e estava com o olhar prendido em um pacote de biscoitos.
- Quer? – apontei pro pacote e pareceu sair de um transe.
- Não, valeu – ela murmurou e levou a mão até uma cestinha, onde tinham vários waffles e pegou um pra comer – Vou voltar ao quarto.
- Espera, vou também. – não ia adiantar nada se ficasse aqui sozinha. Prefiro passar por isso na minha cama. Se eu vomitar lá, não será eu quem vai ter que limpar.
Ok, isso foi nojento e totalmente mesquinho.
Saímos da cozinha, passando pela sala e demos de cara com a e a dividindo o cobertor da primeira, esparramadas no sofá.
- Não iam pros quartos? – perguntou com um tom cansado e sem interesse.
- Uhum – confirmou de olhos fechados.
- Mas o quarto é muito longe daqui. – completou com a voz abafada, escondida no meio das almofadas e do cobertor.
- Apertem-se aí. – disse, me puxando pro sofá e ficamos deitadas ali entre as duas.

Não chegamos a dormir de novo. Por um longo tempo, ficamos em silêncio, apenas ouvindo respirações e pequenos gemidos de dor que provavelmente eram meus. Se alguém chegou a cochilar, foi por pouco tempo. Logo, a dor de cabeça foi ficando menos insuportável e começamos a conversar sobre qualquer coisa que foi levando até a noite de ontem.
- Quem era aquele que você atacou, ? – perguntei curiosa. Estou orgulhosa de mim mesma de ter me lembrado disso!
- Qual dos? – perguntou ela, nos levando aos risos e depois a gemidos. A dor era pouca, mas ainda existia!
- Um que ‘tava olhando quando eu ‘tava com você! Aí você atacou o cara!
- O Jamie Campbell. – respondeu simplesmente e pareceu se engasgar.
- O... O Jamie de... Cara! O Caius?
- Quem é Caius? – perguntou.
- Ok, o Gellert Grindelwald (que, pra quem não sabe, é personagem do último Harry Potter).
- Ah, ele mesmo – ela deu de ombros e deu um ataque.
- Como assim? Ele estava lá... Pior, você ficou com ele e nem pra me apresentar?
- Você ‘tava com o emo lá; não dava pra te apresentar! – e assim elas começaram uma pequena discussão da qual eu e não estávamos a fim de participar.
- E você, ? Quem era aquele cara do bar?
- Boa pergunta – ela riu – Ele estava com pressa, não deu pra perguntar o nome – deu de ombros. – o que Dougie queria com você ontem?
Isso veio naqueles momentos de silêncio. Não tão silencioso porque continuava falando palavras que eu não conseguia entender e apenas ria. Mas assim que perguntou, todas olharam pra mim.
- Ah... Eu não sei. Ele disse que todos tentaram ligar pra vocês, mas estavam muito ocupadas e não atenderam – ri – Aí a gente começou a conversar umas coisas nada a ver e do nada ele perguntou por que nós não tínhamos ficado com eles no Brasil...
Parte errada. Elas me olharam com os olhos arregalados e eu já podia até prever o resto; gritarias, xingamentos, elas correndo atrás de mim...
- E o que você disse? – falou essas palavras devagar, como estivesse tentando se controlar.
- Eu... Eu... Eu não me lembro – engoli em seco. Era verdade! Não ‘to conseguindo me lembrar de muita coisa de ontem!
- Como você não lembra? Faz um esforço!
- Não é tão fácil assim! Você viu, . Eu te perguntei onde estava mil vezes! – gaguejava enquanto falava. Lembre-se! Lembre-se! – Certo... Acho que falei que era porque não queríamos...
- Você acha?? – gritou e depois as coisas aconteceram como num flash. Num minuto, estávamos jogadas no sofá e no outro, , e estavam doidas atrás de seus celulares.
Demorou, me parece, dois segundos pra voltar correndo à sala com seu celular em mãos, já discando pra um deles e gritando que já tinha feito.
- ? Oi! – o próprio Dougie atendeu. Adoro as pessoas que olham na bina antes de atender – Tudo bem?
- Tudo e você? Dougie, a gente precisa perguntar uma coisinha pra você.
- Também. Hm... A gente? – Dougie perguntou.
- É, eu e as menina. Estamos no viva-voz.
- Ah, oi gente! – respondemos num coro perfeito e ele riu – O que querem perguntar?
- Ontem você ligou pra , não foi? – ainda falava e ele concordou – O que ela te disse, exatamente?
- Não sei bem... Foi bastante confuso. Ela não falava uma coisa com outra, estava prestes a chorar no telefone... – ele parou, provavelmente confuso da pergunta, e riu. Amiga da onça.
- Alguma coisa relacionada ao Brasil? – perguntei, rezando pra que não tivesse dado com a língua nos dentes.
- Por quê? Mudou de idéia? – sua voz mudou repentinamente para um tom malicioso.
- Hm... – murmurei incerta – Depende do que eu te disse.
- Nada que esclareça a mim ou ao resto dos caras. Você disse ‘porque a gente quis’ – respirei aliviada ao ouvir, seguida das outras, e desejei que pudesse escutar isso novamente.
- Então não mudo de idéia não. Oferta bastante generosa, mas estou na boa – ri acompanhada por um riso muxoxo de Dougie.

Só paramos de conversar porque Alice entrou de supetão no mini flat e nos mandou desligar o telefone – que depois combinamos de dividir a conta entre nós quatro. Elas tentaram fazer com que eu pagasse a maior parte, já que eu causei isso, mas comecei a dar birra e concordamos em dividir igualmente.
- Por que não estou surpresa em encontrar vocês assim? – Alice riu – Esperava algo como vocês ainda dormindo, mas ainda assim...
- Ha ha.
- De qualquer forma, hoje vocês têm alguns depoimentos a dar no documentário - acho impressionante o jeito com que Alice consegue mudar seu jeito brincalhão para o sério sem precisar de um tempo – Os maquiadores estão no quarto ao lado. Preciso de vocês no carro em quinze minutos.


Capítulo 09: I'll Keep You My Dirty Little Secret


É, , não foi tão ruim. Melhor do que o Poynter, pra falar a verdade... Aquele egoísta... Lindo! Por que pessoas famosas são assim? É tão mais simples se fosse uma pessoa normal... Enfim.
Como qualquer pessoa hoje em dia, McFly estava muito ocupado fazendo shows, gravando umas demos e indo a programas de televisão o tempo todo. Nada diferente das meninas que rodavam os Estados Unidos, dando shows e entrevistas conforme esse documentário era gravado. Tirando as obrigações disso, elas ainda iam a programas e eram entrevistadas. Revistas ligavam todos os dias e quando havia folga sempre tinha um paparazzi que enchia o saco atrás.
Esse documentário era exibido toda quarta-feira na MTV e a cada dia trazia algo diferente e bem sortido. Já fazia quase dois meses que tinham começado.
- A gente não vai sair hoje não? – Harry perguntou, se jogando no sofá da casa de Tom.
- Se sair hoje, amanhã acho que não acordo nunca mais – Danny fez drama ao falar com a voz diferente. Ele estava com laringite. Justo ele que mais adora uma farra!
Com esperança, Harry olhou pra Tom que apenas negou com a cabeça, mudando de canal toda hora, e depois pra Dougie, sua última opção. Se ele não fosse, ele desistiria.
- Se você me der um banho, pegar minhas roupas e me esperar pra ir embora, eu vou.
Harry pensou por um bom tempo; só se escutava a T.V. mudando toda hora.
- Tem pipoca, cara? – Harry virou-se pra Tom que assentiu apontando a cozinha.
- Cara, volta aí. Devo estar delirando, mas acho que acabei de ver aí.
Dito e feito. Enquanto Harry procurava a pipoca, eles voltaram ao canal, mas não acharam nenhuma; apenas mais um dos comerciais bizarros da MTV.
- Mas... Eu juro! Eu não ‘to a ponto de delirar assim...
- A gente sabe, Danny. É saudade só – Dougie e Tom riram.
- Calem a boca! Saudade... Esperem pra ver então!
Logo, Harry voltou com quatro bacias gigantes de pipoca bem na hora em que o programa voltou a passar.
- Olha a aí! ‘Ta tão parecida com o Bryan Donahue! – (que, pra que não sabe, é o baixista do Boys Like Girls) Dougie explodiu em risadas.
- Calem a boca! – Tom gritou de repente e todos se calaram – Não é aquele documentário que elas estavam fazendo?
- Eu falei que não estava delirando! É sim!
- E esse show definitivamente não é do Boys Like Girls – Harry apontou a TV, onde mostrava um pulo bem de perto que dava, enquanto girava com a guitarra, e logo depois todas saindo do palco, dando de cara com a câmera.
sorriu idiota e acenou, sendo seguida por que continuava pulando. , em seguida, passou e colocou a cara inteira na câmera e, por fim, que deu um gritinho ensurdecedor. A tela ficou preta e depois cheia de desenhos com um “after parties” que não parava de se mexer escrito no meio.
Um VJ da MTV fazia as perguntas.
Estão com uma cara ótima, meninas. Dormiram bem?
- Mais ou menos. Sabe como é... Festinhas até tarde, sol atrapalhando pela manhã... – falou, sorrindo.
- Isso aqui tudo é maquiagem; acordamos de cabelo em pé! – colocou a mão por cima de sua cabeça, mostrando exageradamente o ‘cabelo em pé’.
Então, vocês mesmas falaram de festas. Sempre vão a uma festa depois dos shows ou fazem também?
- Depende da nossa disposição. Na maioria das vezes, fazemos nossas próprias festas, sendo entre nós quatro ou não – sorriu.
Preferem quais?
- Festa é festa... Qualquer uma delas está ótima! – riu e as outras concordaram.

Os quatro assistiam atentamente e concordaram fervorosamente com a .
- Cara, olha essa T.V. atrás delas... – Harry comentou e os três olharam pra ele, estranhando.
- Você tem quatro diferentes escolhas pra ficar admirando ou pelo menos prestar atenção no que elas falam e você fala da decoração? – Danny e sua voz carregada.
- Eu ‘to prestando atenção em tudo isso aí! O negócio é que ficamos em hotéis onde a T.V. às vezes nem é plana ainda! Não que eu esteja reclamando, mas imagine qualquer hotel em que elas ficam... Deve ser tudo de primeira mão e aí... – sua explicação foi cortada pelos outros.
Vocês nunca foram pegas bêbadas ou com companhia... Expliquem isso.
- Apesar de amarmos qualquer festa, tomamos cuidado. Não só com a nossa imagem, mas com nossa saúde principalmente! – falou, tentando não fazer sua voz sair esganiçada ao falar da imagem. Se tinha uma coisa que elas não se preocupavam, era com isso.
- E quanto à companhia, isso é complicado. Quase nunca estamos em um mesmo lugar por muito tempo, então manter um relacionamento a distância não é fácil – explicou e os quatro que assistiam concordaram na hora devido às suas próprias experiências.
- Além de que não estamos procurando alguém pra namorar... Não gostamos de nos iludir ou iludir os outros; queremos o certo – completou, fazendo uma cara de apaixonada.
Mas tem seus próprios casos longe da mídia, certo?
- Claro! Por que acha que vamos a boates? – falou, rindo em um tom meio óbvio, levando todos a risadas – Lá é o único lugar onde temos paz pra essas coisas.
Curtem mais ficar com famosos ou qualquer pessoa?

A pergunta demorou um pouco pra ser respondida. Elas se entreolharam, riram algumas vezes e finalmente voltou a falar.
- Sem preferência. É legal trocar uma idéia sobre fãs com outras celebridades, mas é legal ficar com outra pessoa que não sabe direito quem nós somos. E dependendo do fã, às vezes ainda tem essa possibilidade, se for um dos tipos que não vai sair inventando coisas sobre nós no outro dia... Ainda assim tentamos evitar.
A imagem delas desapareceu e apareceu uma delas saindo de uma boate, cercadas de seguranças, indo à direção a um carro e depois mudou para um show do All Time Low.
Eles assistiram ao resto do documentário e gostaram dele. Foi uma boa junção o que a MTV fez.
Aquela noite eles passaram conversando sobre coisas alheias. Beberam também e acabaram falando coisas mais nada a ver do que o normal.
Acabou que todos dormiram esparramados no sofá de Tom e foram acordados pelo celular de Danny. Era sua mãe o lembrando da consulta que ele tinha com o médico daqui pouco tempo.

Já restavam apenas dois dias pra que o documentário acabasse e que as meninas tivessem uns dias de folga. Era um típico dia onde pela manhã estavam todas elas reunidas na sala de reuniões à espera de Alice. jogava animadamente um jogo em seu iPhone com direito a palavrões e movimentos exagerados, digitava algo em seu twitter, lixava as unhas e se apossou do laptop e mexia em várias coisas ao mesmo tempo.
Alice entrou na sala com um sorriso bem grande, pronta pra dar uma boa notícia ou enganar as meninas com ele, para não demonstrarem pânico antes da hora.
- Não acredito! – gritou, olhando pro computador – Alice, eu preciso que você faça uma coisa pra mim...
- Pode esperar? Tenho boas notícias!
- Não, não pode! Eu preciso demais disso! Não vou dormir enquanto não tiver uma resposta! Por favor! – a menina não calava a boca e cada vez mais dava chiliques.
- Tudo bem, tudo bem! Fale o que é! – ela se deu por vencida. A conversa era apenas entre as duas, o que fazia com que as cabecinhas das outras meninas mexessem conforme quem estivesse com a palavra.
- Première, Harry Potter, eu quero – foi a única coisa dita por ela, quase num sussurro.
- Vocês já têm ingressos pra ela; foram convidadas. Vão pra NY logo no final do...
- Nova York? NÃO! – gritou desesperada – Não pode ser NY! Estou falando de Londres!
- Londres? Qual a diferença? Vocês vão ver os atores de qualquer forma! – Alice não entendia o que queria. Afinal, entre Londres e NY, qual a diferença? – O que me lembra: a Emma está doida pra falar com vocês novamente.
- Sério? Que legal! – interferiu, já pensando em ligar para a outra.
- , cala a boca, só agora – pediu suplicante – A diferença é que é o último filme, a última parte dele; a qual eu deveria ter visto há muito tempo se não tivessem adiado de novo. E... E... Ver Harry Potter em Londres é meu sonho!
- , eu não sei se consigo... Sabe como essas coisas são difíceis de conseguir, mesmo vocês sendo quem vocês são – Alice media as palavras pra não magoar a garota que desanimou ao ouvir.
- Por favooooor! Você conseguiu pra no Breaking Dawn...
- Tenta com o mesmo ataque que eu fiz – cochichou pra , tentando ajudá-la. Ela não era nem um pouco boba; queria ir também.
- Vai, Alice, eu nunca te pedi nada! – a outra já ia mandar uma lista interminável das coisas que pediu, mas foi impedida – Ok, coisas realmente importantes, e não uma escova de dente, um livro...
- O sapato que você queria foi complicado e o ingresso pro show dos Backs nem comento! – ia começar com outra desculpa e Alice continuou – ‘Ta bom. Farei o meu melhor, mas não prometo nada.
Não só como as outras meninas ficaram felizes com a notícia e fizeram a maior festa na sala.
correu pra abraçar a mulher e agradecê-la vezes intermináveis que chegou a irritar qualquer pessoa.

- AEE! Terei meu ingresso em mãos em poucos dias! – Tom gritou animado, desligando o telefone.
- Ingresso do que? – Harry perguntou sem tirar os olhos da T.V.
- Harry Potter – ele respondeu e depois fingiu um desanimo – Droga. Eu me esqueci de que vocês também foram convidados.
- ‘Ta bom, Fletcher. Concentre-se no jogo; não quero perder pro Jones. Depois a gente comemora com você.
Enquanto esperavam pra entrar no palco, jogavam Wii, mas o telefone de Tom tinha tocado e sua dupla, Dougie, teve que jogar sozinho e estava perdendo feio.
Não demorou pra que Neil aparecesse e os mandasse para o palco para outro grande show. Não teve muita diferença dos outros; o palco estava com uma decoração que chegava a ser um pouco monstruosa, mas que eles consideravam muito legal. A platéia na frente do palco ficaria em pé. Eles tinham uma leve certeza de que desse jeito, levariam as fãs à loucura – e uma quase morte também –, dando ao show uma sensação mais divertida. Havia cadeiras pra outros setores.
O show começou com o primeiro single do mais novo CD (já que a história acontece uns anos à frente, eles já terão uns álbuns novos e novamente depois de um longo debate, a autora e o narrador decidiram que é melhor não inventar nome de músicas), seguida de mais duas músicas do mesmo álbum; musicas como Corrupted, Falling in Love, That Girl, All About You, mais três do último álbum, depois Sorry’s Not Good Enough, Transylvania, POV, Obviously, Star Girl e por fim, pra não perder os costumes, Lies e Five Colours.
Como diversão, foram a um pub e fizeram um tipo de aposta. Quem pegasse mais, ganharia. Típico e tradicional. Quase que Danny arranja uma namorada, mas foi só uma morena pedindo por um amasso que a idéia saiu da cabeça.

Em uma bela manhã de folga e sol. Estavam todas as meninas na humilde casa de , fazendo um dia de garotas. lia um livro enquanto tinha os pés na água, estava boiando no meio da piscina, , deitada de costas em uma cadeira de praia e tomava um suco de laranja enquanto folheava uma revista.
- Cara, acredita que ainda insistem em falar que namoramos os integrantes do Simple Plan? – lia a matéria um pouco indignada – Só porque vamos a festas juntos, conversamos o tempo todo... Os caras estão comprometidos!
- , não perde tempo com isso não... – deu de ombros e se virou para que praticamente babava na cadeira depois de ouvir o famoso toque do celular dela – , seu celular.
- Deixe-o tocar – a voz dela saiu como um sussurro. Provavelmente estava quase dormindo.
- Não, ele já está irritando. Foi por isso que mais ninguém aqui trouxe celular – tacou o aparelho na menina e ela mandou o dedo.
- E eu não atendo na minha casa – completou.
por fim se levantou, xingando as outras duas e perguntou por que então elas não atendiam. ‘Ora, o celular é seu!’. Amigas...
- Que é? – sem nenhuma expressão na voz, perguntou.
A pessoa do outro lado estava falando tão alto que todas escutaram pelo menos uma parte.
- Por que vocês não atendem a porra do telefone? – era visível que era Alice. Só ela conseguia gritar tanto a ponto de que sua voz saísse do aparelho no volume baixo, fazendo parecer que ela estava ali.
- As meninas não trouxeram. Estamos na casa da – parecia que ela tinha se acalmado e voltou a falar baixo – Pra quê? Ok, eu não pergunto; só obedeço – tirou o celular do ouvido e colocou-o na cadeira – Pronto.
- Meninas? Na escuta?
- Alto e claro. Câmbio – respondeu ainda na piscina e as meninas a olharam – O que é? Sabe quanto tempo tem que não falo isso?
- Certo. Preciso que arrumem suas malas – Alice falou simplesmente – Não pra amanhã e nem pra depois; só preciso deixar avisado antes porque... Ah, porque eu sei que vocês vão adorar.
- Para...?
- Vocês vão pra Londres – ao falar isso, arregalou os olhos e sentiu seu coração acelerar.
- Então você...
- Não sei, . Vocês pra Londres, mas ainda não consegui nada sobre a première.
Tudo bem que faltavam duas semanas ainda, mas era tanta coisa na cabeça delas, principalmente na de – ela ainda tinha esperanças –, que saíram da casa de e começaram a tacar coisas na mala.
- Alô? Meninas? – e só depois perceberam que deixaram Alice na linha, falando com a cadeira de praia.

Não demorou pra que o documentário acabasse e as duas semanas também como num piscar de olhos!
Era tanta coisa acontecendo que nenhum dos oito se falou direito. Quando um ligava, o outro não podia falar e vice-versa. Complicado. Desse jeito, nenhum deles ficou sabendo por elas que iam pra Londres. Descobriram por revistas e internet; as famosas fotos ‘fulana no aeroporto da cidade tal indo pra tal’. Só não sabiam o motivo, porque por mais que estivesse doida pra gritar ao mundo, dizendo que ia à première de Harry Potter em Londres, ela ficou de boca fechada, pois na verdade, ela não sabia se ia ou não. Várias pessoas acharam que era um show surpresa, mas ainda não tinha saído nada a respeito. Então, só restava esperar pra saber o que era.


Capítulo 10: Oh, Oh, Oh, It's Magic, You Know.


Mais um flash e eles sairão cegos daqui.
TIC, FLASH, FLASH, TIC, SZUM (onomatopéia das câmeras fotográficas).
É, eu pensei que isso ia mesmo acontecer. Seria ótimo se eles fossem fotografar quem realmente importasse hoje, tipo... Os protagonistas? Seria uma boa!
Tirando a parte dos milhões de flashes, é legal ir a uma première. As pessoas sempre acabam batendo com um cara bem famoso, ficam amigos e assim é pro resto da vida, até esse cara esquecer, quer dizer, e você, com aquela risada idiota, sair dizendo pra todos que conheceu o Fulano do filme tal. Trouxa...
De qualquer forma, Harry, Dougie, Danny e principalmente Tom esperam há bastante tempo pra ver esse filme e, finalmente, lá estão eles, posando e sorrindo o tempo todo, tirando mil fotos. Graças a Deus, podem mexer o maxilar, porque senão ia ser doloroso demais. Enquanto tentavam não piscar, sorriam pra todos os lados, tentando alcançar o olhar de Tony que estava bem longe das câmeras, como o assessor, doidos pra que ele os chamasse porque o tempo das fotos tinha acabado.
Mais algumas, – não sei... Mil fotos? – ele deu o sinal e todos saíram discretamente, indo até ele e sorrindo o tempo todo.
- Alguém me guie, só vejo bolas brancas – Danny passou a mão pelos olhos.
- Depois, vocês têm uma conversinha ali – apontou para dois repórteres e os seguiu até eles.
Tony pode ser um cara bacana quando não estava no trabalho, quer dizer, ele é um cara bacana, empenha-se bastante pra ser o melhor e isso sempre os deixam comparando ele ao Fletch quando estão trabalhando. Depois da primeira semana que tiveram com ele, descobriram porque ele foi contratado.
-... Gostam dos filmes, rapazes?
- Claro, tem toda aquela ação, efeitos... – Harry comentou.
- É, eu queria ser um bruxo – Dougie soltou. Depois de todo esse tempo, ele continua soltando essas coisas. Isso quando não falava nada nas entrevistas. Deve ser por isso que fica calado.
Responderam mais umas perguntas sobre eles, sobre o filme e voltaram ao encontro de Tony. Mas antes, no momento em eles viraram, a organização ficou doida e cochichos empolgados começaram por toda parte. Os protagonistas só podiam ter chegado, afinal... Rupert, Daniel e Emma... Até eu tenho ataques! Porém, para a surpresa deles e minha decepção, não eram os protagonistas – adoraria narrar a entrada triunfal deles; o assunto principal dessa fic que se dane – . O farfalhado aumentava a cada segundo com alguma coisa como ‘... Garotas da ’. “Acho que os flashes endoidaram todos” foi o pensamento dos quatro parados e atentos à pequena empolgação dos repórteres.
- Ei, eu ouvi mal ou falaram “”? – Danny parou e tinha um olhar confuso.
- Também ouvi isso, mas pode ser qualquer coisa. Elas não sairiam dos Estados Unidos pra um evento aqui... – Tom pensou alto.
- E elas iam a Nova Iorque, para a première de lá – Harry, também pensativo, comentou.
- Lembro-me de a comentar algo assim... Mas vamos ficar por aqui e ver o que é então – Dougie sugeriu, dando de ombros.
Todos estavam curiosos (como se fosse novidade).
- Nem pensar. Vocês têm que ir direto para...
- Qual é, Tony? Todo mundo está parado aqui também. Mais cinco pessoas não vão fazer diferença, porque...
Danny interrompeu Dougie apenas com um pequeno tapinha no ombro e o outro o olhou confuso. Danny devia estar doido. Tinha o olhar fixo pra um lado e, se conhecia bem aquele cara, ele estava secando alguém.
Curioso, Dougie procurou por uma pessoa realmente gostosa – ou não. As escolhas de Danny quase nunca eram boas –, discretamente, é claro, e aí ele viu.
Ela estava linda; mais que linda! Tão linda que fez o favor de prestar atenção em todos os detalhes. Não eram muitos, mas a fazia brilhar no meio de todo mundo com um vestido preto de alças, curtíssimo, brilhante, de rendas na saia e um cinto também preto marcando a cintura. Estava mais alta do que o normal com uma sandália também preta, só que com detalhes em dourado, de salto gigantesco, o qual ele jamais vira igual. Os cabelos soltos e caídos ao ombro em ondas. Magnífica! estava realmente estonteante.
Ele a olhava de cima a baixo com o olhar malicioso, só pensando que a queria agora na casa dele, só que sem o vestido. A primeira coisa que queria fazer era colocar a mão naquelas coxas à mostra e subir lentamente até os seios que faziam um grande volume acima do cinto para depois...
Tirou os pensamentos da cabeça e sorriu, se lembrando que, se estivesse babando, seria a primeira vez que uma mulher fazia isso com ele. Olhe que Frankie é bem bonita! E também, não que as outras não estivessem lindas, mas ... chegava à perfeição!
Olhou para seus amigos e viu que eles não estavam diferentes dele. Hoje, ele esperava que fosse dele, nem que por cinco minutos. Ele não ia desistir.
Alguém tinha bloqueado a visão lateral de Harry. Não era possível, ele só enxergava e o resto era um borrão parcial do que tinha em volta. Ele não conseguia pensar numa palavra melhor a não ser “gostosa”. Pensamentos impuros não deixavam a cabeça dele e aquele vestido prateado de um monte de escamas falsas – claro, as meninas desaprovavam qualquer tipo de maus tratos aos animais – colado ao corpo a uns bons palmos acima do joelho, com uns detalhes em cetim no busto, fazendo um pequeno decote, e na barra da saia não estava ajudando. A meia-calça arrastão só estava a deixando mais sexy ainda e também o sapato prateado, não tão alto quanto o de . Ele pôde perceber que a outra dera uma crescida e tanto. A baterista arrumou o cabelo em um penteado um pouco armado e com ondas nas pontas, e sorria divinamente para as câmeras.
Com um pouco de dificuldade, passou o olhar pelas outras e não pode deixar de elogiar a beleza delas pra si mesmo, mas era como se tivessem pregado um chiclete na e nos olhos dele. Toda vez que estes se desviavam, algo os puxavam pra ela. Na verdade, qualquer coisa que vinha dela chamava a atenção dele.
Deu graças a Deus que desistiu de . Ela nem se comparava a ! Claro que estava linda. É que as belezas que ele enxergava eram completamente distintas uma da outra e Tom que o perdoasse, mas aquela noite era dele.
- Tom, feche a boca antes que essa baba vaze – Tony cochichou para o outro que estava ao lado dele.
Thomas estava perfeitamente normal até aquilo aparecer. Se bem que aquilo não poderia ser chamado de... Aquilo. Ela estava deslumbrante e isso o deixou confuso. Nenhuma delas estava bonita porque todas estavam mais do que lindas, e deveria ter atiçado o rapaz com aquela roupa e olhar sexy, mas parece que fez isso primeiro com aquele sorriso doce naquele vestido encantador. Comparado às outras meninas, o vestido de era o mais comportado. Era um roxo tomara-que-caia brilhante com um leve pano preto translúcido por cima que equilibrava a cor de baixo, com um decote que deixava os seios um pouco apertados – turbinados, na verdade –, um cinto de lantejoulas na cintura e sapatos também roxos e com laços. Seus cabelos estavam lisos e com a franja jogada ao lado, com uns fios jogados na testa e apenas suas madeixas coloridas estavam enroladas em perfeitas ondas.
Hm, tinha algo errado. Ele sempre via como uma melhor amiga e não como olhava agora, querendo rasgar aquele encantado vestido e descobrir o país das maravilhas! Mesmo com todo aquele visual, o que ela conseguiu causar no rapaz nem se comparava ao que tinha conseguido! Bom, parece que agora ele finalmente vai deixar o caminho livre pra Harry.
Danny achava que morreu; levou um tiro bem no coração e bateu as botas. Morreu, foi pro céu e ainda foi recebido por dois anjos e duas deusas. O que era aquela ? Ele conseguia imaginar o caminho de suas mãos abaixando aquelas alças, subindo pelas coxas da menina e, a partir daí, a festa começava. também não estava nada mal, o que dava a Danny duas vítimas. Seu vestido era um tomara-que-caia rosa fosco – que mesmo assim não deixava de brilhar – completamente colado ao corpo (tão colado que dava a impressão de que ela não conseguia respirar. Mas era só impressão). Suas curvas estavam completamente marcadas, os seios em mais um decote espetacular e as coxas de fora. Os sapatos eram dourados com o salto mais fino que Danny já viu. Ele se perguntou como alguém consegue andar naquilo.
Certamente, Danny se encurralou. Ele não conseguia se decidir! ou , ou , ou ... ! Ou ...
Bem, elas eram amigas. Certamente dividiam tudo, então talvez não se importassem de dividi-lo também... Ele ia adorar, na verdade, apesar da idéia ser absurda.
Depois de checar se era o único a permanecer igual a um idiota vendo as meninas, sorriu, já pensando que essa noite, se não o quisesse – o que não estava nos planos dele... Quem não quer Danny? –, estava de graça pra ele desde o princípio.
Todos eles repararam na crescida que dera e que todas elas usavam uma bolsa minúscula em que, mesmo assim, cabem milhões de coisas.
Após o pequeno transe de cada um, esperaram as quatro saírem para os cumprimentos. Elas ainda não perceberam que eles estavam lá.
- Fletcher, você me desculpe, mas a é minha.
- Pode ficar – Tom deu de ombros – Não é nela que estou de olho.
Dito isso, a curiosidade de todos foi despertada.
- Quem é?
- .
- Uh, mais um inteligente – Dougie falou – Você ainda está na mesma, Jones?
- Nas duas.
- Que duas? – os outros três perguntaram surpresos.
- e .
- O que te faz pensar, ainda, que vai te querer? – a partir daí, a conversa focou apenas em Dougie e Danny.
- Primeiro que sou eu. Depois... Sou eu.
- Então veremos – Dougie terminou o assunto, olhando de esguelha para uma pessoa conhecida com o olhar neles.
Alice foi a primeira que os viu e foi muito simpática ao falar com eles. Entretanto, como Tony, estava doida, correndo pra lá e pra cá e controlando todos os passos delas lá dentro.
Não demorou pra que elas os vissem e sorrisos gigantescos se abrissem na cara delas.
- Poxa, nem pra avisar que vinham – Danny fingiu tristeza ao cumprimentar .
- Soubemos ontem! – ela sorria, olhando pra todos os lados. A empolgação era tanta que parecia que ela tinha fumado umas, já que ela não queria ficar em um lugar ao mesmo tempo.
Parece que alguém tomou o lugar de .
- Meninos, me desculpem, mas vou precisar roubar as meninas de vocês por alguns segundos.
- Ou seja, no final do filme talvez a gente se esbarre – riu, começando a andar por onde Alice a empurrava.
- Não é pra tanto. Agora, andem logo!
Enquanto a respondia perguntas de um lado, McFly respondia do outro. Finalmente, consegui demonstrar pelo menos um décimo de sua felicidade e não pôde deixar de agradecer inúmeras vezes à assessora-manager por ter conseguido aquilo pra ela. Se não fosse por ter dado um beliscão discreto na perna da menina, ninguém saberia aonde aquele falatório sobre como ela amava os filmes tanto como os livros, como ela estava animada e que aquela era a noite dos sonhos dela, ia acabar. A verdade era que ninguém segurava a menina em um dia daqueles.
Sem muita diferença com a outra banda (claro que não estou contando com e sua paixão, porque ninguém dos quatro rapazes tinha aquela devoção igual a menina). Adoravam os filmes e livros, como já disse, mas respondiam mais perguntas sobre a banda mesmo; tipo sobre o CD, singles, possíveis namoradas, shows, e até as roupas que eles estavam usando.
E, por fim, antes de irem assistir ao filme, o barulhinho de toda organização triplicou quando os protagonistas chegaram.

O filme tinha acabado e as pessoas saíam em um grande numero. , , e estavam paradas do lado de fora, esperando Alice ou qualquer pessoa para conversar com elas. A última – – estava morta. Parecia um zumbi quando falavam com ela. Mantinha um olhar vazio e dava respostas curtas sempre que alguém se dirigia a ela e, mesmo assim, não tirava o sorriso quilométrico do rosto. Ela constantemente tinha que retocar a maquiagem por causa das lágrimas.
Antes de Alice aparecer, os meninos chegaram - como se isso fosse novidade por aqui.
- E aí, gostaram do filme?
- Se eu gostei? Eu... – deixou a frase no ar com um suspiro, voltando a agir como um zumbi e os quatro se entreolharam, estranhando.
- Não liguem pra ela – abanou com mão – Deve ser emoção demais.
- Então ‘ta... – Tom deu ombros – A gente andou pensando: já que no Brasil vocês foram as guias, e agora vocês estão na nossa terra, topam sair agora?
As meninas se entreolharam e sorriram sem graça, fazendo com que eles pensassem que elas não queriam.
- Hoje não dá... – explicou – Não é porque a gente não quer, podem mudar essa cara! – disse ao ver o desanimo estampado neles – A gente já combinou de ir a outro lugar...
Legal, elas já arranjaram companhia. Não tinham falado nada pra chegarem a essa conclusão, mas acorde! Quatro gostosas solteiras dando sopa por aí ninguém desperdiça!
- Chamaram-nos, para falar a verdade. Não podíamos recusar... – falava sem jeito – Mas se nós conse...
- Aí estão vocês! Procurei vocês feito uma louca! – Alice apareceu afobada ao lado deles, cortando a fala da última – Emma está doida atrás de vocês. Precisa ver a reação da !
E menos de um segundo depois, Emma linda, perfeita, maravilhosa, Watson apareceu atrás da outra com um sorriso imenso. De qualquer forma, a gritaria foi maior que o sorriso, chamando a atenção de muita gente em volta.
- Meninaaaas! Que saudade! – abraçou cada uma com mais gritinhos histéricos.
Só pra lembrar que os meninos ainda estavam lá. Um pouco confusos, eu diria.
- ! – Emma riu, apontando a expressão da outra – O que achou?
- Foi o melhor filme que eu já vi na minha vida. Estava perfeito! Não pode ter acabado, Emma. É o fim de uma era!
Todos riram, enquanto desabafava tudo que achou. Não durou muito porque ela falava muito rápido, então quase ninguém entendia o que ela dizia. voltou ao normal depois que desabafou e conversou normalmente por três segundos porque Emma tinha que ir.
- Estão me esperando pra sair. O Rupert e o Dan estão doidos pra ver vocês também. Isso sem falar no resto! – ela riu – Vejo vocês daqui a pouco? – elas assentiram e Emma olhou os outros quatro – Dougie, Harry, Danny e Tom? Por que não me disseram que estavam acompanhadas? Levem-nos também. Vai ser super divertido!
- Claro! – em coro perfeito, as quatro responderam e a outra saiu – Viram por que não podíamos sair com vocês? Agora, se aprontem.
- É... Mas o lugar que ela nos chamou pra ir não é... A festa, aonde só o elenco, família e amigos íntimos vão? – Dougie perguntou. Lembra-se de que eles estavam um pouco confusos? Pronto, só troque o “pouco” por “bastante”.
- É... – respondeu, estranhando um pouco a pergunta.– Foi graças a ela que estamos aqui também...
“Ah” foi o que eles pensaram. Então elas se encaixavam nos amigos íntimos... Isso explica os gritinhos histéricos e a conversa toda entre Emma e elas. Eles conheciam todos também, mas eram apenas conhecidos, então nem se davam ao prazer de serem convidados a festa. Tom Felton e Fletcher eram amigos, mas a première já era uma coisa grande!
Quanto ao que disse no final, era impossível de se arranjar qualquer coisa pra elas. Então Alice fez uns telefonemas e o dedinho de Emma deixou tudo certo.

- Vou pegar uma bebida. Quem vem comigo? – perguntou, se levantando de seu lugar.
Já estavam na festa fazia um bom tempo. Bebiam, conversavam e, para não perder o costume, riam. Todas elas já tinham conversado com Rupert e Dan propriamente e, conforme o tempo passava, mais pessoas chegavam amigavelmente e puxavam um pequeno papo com elas. , por ser mais chegada aos três principais do que as outras, não era vista fazia um bom tempo, assim que disse para as amigas seguirem primeiro que ela iria depois.
- Eu vou! – levantou-se.
- Ah... Você? – fingiu cara de dor e desprezo – Fazer o quê? Vamos.
- Não quero mais agora – a outra se voltou a sentar com cara fechada, fingindo-se ofendida.
Fez-se silêncio na mesa. sabia perfeitamente bem que era o xodó de e os meninos tinham uma leve idéia disso, mas a pequena atuação era tão bem feita que uma tensão surgiu nos olhares deles.
- Então está bem – sorriu e girou seus pés, sumindo logo em seguida.
- Ela é muito chata – riu, tomando o fim de sua bebida.
- Ninguém vai com ela, não? – Tom perguntou, olhando para as duas meninas que apenas riram debochadas, enquanto diziam que não – Então, tchau! – o loiro se levantou e fez os mesmos passos de .
- Uh, senti um clima! – riu – Mas... Tom não estava dando umas indiretas fortes em cima de mim?
- Indiretas fortes? – indagou Harry – Ele já desencanou.
- Ô! Nunca pensei que teria que usar o outro lado da força pra resistir! – ela respondeu um pouco sem graça – Não que seria fácil resistir a vocês também, mas... Ele desencanou, então? Ainda bem! – mudou de assunto, antes que ficasse vermelha.
- Agora só abre bem os olhos, viu, Harry? – deu uma piscada, indicando a menina ao lado dela.
- Já viu alguma vez eu desperdiçar algum ouro, ? - Harry devolveu com o ar galanteador, olhando diretamente pra .
só fez rir e mirou a amiga de soslaio, percebendo que ela mantinha-se um pouco inquieta e guardava um sorriso maroto.
- A não vai voltar, não? – Danny e Dougie perguntaram ao mesmo tempo e depois se olharam. Parecia que estavam medindo um ao outro, fazendo com que e se entreolhassem, estranhando um pouco a atitude.
- Hum, não sei... Depende se ela não encontrou o Jamie novamente – deu de ombros, guardando um riso pra ela mesma – Vou dançar...
Mal acabou de formular sua frase e Harry já estava em pé.
- Eu te acompanho – novamente, lançou um olhar galanteador e extremamente sexy na opinião dela. Ela apenas sorriu em resposta, sentindo um lacre tampando sua boca de falar coisas que não deveriam ser ditas naquele momento.
Assim, saíram, deixando apenas os três na mesa.
, já entendendo bem o que os dois tinham em mente, queria sair dali o mais rápido possível antes que sobrasse pra ela ajudar qualquer um deles. Dougie tudo bem - com o maior prazer ela ajudaria. Agora, Danny era outra história...
- Quem é Jamie? – Dougie perguntou assim que ela ia abrir a boca pra falar que ia dar uma rodada por aí.
- Hm... Quando você me ligou em uma das noites em uma boate, em Orlando... Ela estava ficando com ele – disse sem o mínimo possível de rodeios – Acho meio improvável que fique de novo, por mais que seja desperdício... Mas, bom, isso é coisa dela, não é? – sorriu, se levantando – Vou dar uma andada por aí. Vejo vocês mais tarde.
- Cara, largue de ser idiota e vá atrás dela – Dougie falou depois de um momento em silêncio e se levantou também.
- Você vai aonde?
- Sei lá, beber... Quem sabe! Só não vou passar mais um minuto nessa mesa sozinho com você. Não quero ser taxado de gay.
- Amor, você ainda não admite, né? Como você acha que eu me sinto?
- Dougie, não quebre o coração do menino... Ou menina – apareceu de repente – É importante admitir pra si mesmo quem você é!
- Viu, querido? Ela entende!
- Olha, posso ser de tudo, mas tenho certeza de que não sou gay – Dougie riu.
- Seria um desperdício imenso! – falou baixo, mais pra ela mesma, mas ainda os dois conseguiram ouvir. Dougie lançou um sorriso maroto para Danny que só fez rolar os olhos.
- Vocês dois cansam minha beleza – Danny ainda mantinha a voz afetada – Vou me divertir. Vemo-nos na próxima.
O último recado havia sido mais para Dougie do que para os dois. Tinha sido claro que ele não desistiria tão fácil assim. Afinal, uma a mais uma a menos em uma noite não faria diferença.

estava perdendo a paciência no bar. Tinha bastante gente lá, mas não tantas a ponto de ignorarem a garota. Por fim, um atendente com pinta de gigolô fez seu pedido com mais milhões de cantadas podres que a fez machucar si mesma pra não rir do coitado. Antes do divertimento pela desgraça alheia, vinha sempre a educação.
- Hm, não, meu pai não é mecânico e, mesmo assim, eu não sou uma “graxinha”.
- Ia dizer que é porque você tem todas as peças no lugar – respondeu o homem, a olhando de cima abaixo da forma que podia – Mas sou obrigado a discordar com você.
- Eu também – ouviu uma voz conhecida e agradeceu mil vezes a Deus por isso.
- Tom! O que você... Nossa, você demorou! – trocou a frase antes que fosse idiota o suficiente e o abraçou, como se fosse o bem mais preciso do mundo, sussurrando um ‘tire-me daqui’ desesperado ao garoto.
- Desculpe, fofa. Vamos? – deu o braço pra menina que aceitou sem hesitar, dando apenas um aceno ao gigolô que continuou olhando para a garota porque soltou um ‘nossa, com uma bunda dessas, estava convidada a fazer cocô lá em casa’.
Seguraram o riso até que estivessem bem longe do bar para soltar as estribeiras.
- Obrigada por me tirar de lá, Tom – agradeceu, depois de se recompor – Só que imagino que tenha feito você mudar seu caminho. Des...
- Não foi nada, , e não mudou meu caminho. Ia mesmo te encontrar.
- Ia? – ela perguntou, tentando esconder a surpresa em sua voz.
- Claro – respondeu normalmente – Já falei como você está linda hoje?
- No mínimo umas quatro vezes – sorriu envergonhada e continuou antes que ele pudesse falar novamente – Mas pode continuar. Eu gosto!
- Posso repetir quantas vezes quiser.
Tom sorria, mostrando sua covinha, o que fazia com que precisasse se sentar antes que suas próprias pernas ficassem contra ela.
Graças ao bom Pastor, Tom deu essa idéia e ambos foram até um sofá próximo a eles. Se fosse pra passar a noite ao lado de Thomas Fletcher, recebendo elogios, teria que ser sentada ou agarrada nele.
Afinal, o que houve com o desejo repentino que ele tinha por ? sabia que a amiga não se importaria se avançasse o primeiro sinal com Tom, e principalmente! Isso com certeza poderia ficar para mais tarde.
Conversaram por horas! Riam tanto que quem olhasse diria que estavam altamente bêbados. Os assuntos eram variados. Raramente ficavam quietos e, quando isso acontecia, ele sempre dava um jeito de falar como ela estava linda e isso lembrava de ela que devia agradecer pessoalmente Zac Posen pelo vestido.
- Cara, às vezes que aquelas meninas me irritam profundamente! Tem hora que é impossível levar a banda a sério, como se tudo fosse glamour, fama e dinheiro o tempo todo.
- Sei bem como é. Se está vindo um CD novo, me esforço até o último suspiro para conseguir algo bom e eles levam na brincadeira até a coisa apertar.
Tudo bem que não era bem assim. Os dois que eram mais obcecados com a banda e faziam qualquer coisa para que tudo fosse perfeito.
- Mas admiro seu esforço... Pago um pau para todas as músicas que você já escreveu. Admito que tinha uma inveja gigantesca da Giovanna porque ela era a inspiração delas. Só não a odiava porque vocês até que eram fofos juntos – e, na verdade, a única namorada que ela achava que tinha jeito antes daquilo acontecer. media as palavras ao tocar no nome dela, mas Tom não se importava nem um pouco. Ela estava sendo educada também...
A distância entre eles não era muita, já que dividiam uma parte pequena do sofá. Quanto mais falavam, mais empolgados ficavam e menor a distância ficava.
- As músicas de vocês também são ótimas. Tem razão pra estarem onde estão. Tenho até que me desculpar porque, quando nos conhecemos, houve certo ciúme...
- A gente percebeu – riu, tomando um gole de sua bebida. Não a mesma que pegou. Um garçom sempre passava por lá e parecia que queria embebedá-los – Mas que é isso... Tudo que a mídia fala da gente é sempre exagero...
- Não é, não. Vimos vocês ao vivo, ouvimos as músicas e vocês merecem mesmo.

- , aonde você está indo? – Danny segurou o braço dela, a impedindo de andar – Estou andando atrás de você há horas e você não pára.
Literalmente.
- Oh, oi, Danny! – sorriu – Ah, não tinha nada para fazer e eu não queria voltar pra mesa. Não sei onde estão as meninas e também não quero atrapalhá-las em nada, sabe? Elas me matariam se algo estivesse para acontecer e eu atrapalhasse. Por isso eu não estou bebendo muito, sabe? – tagarelava sem pausa pra respirar – Aí eu tenho que me distrair com qualquer coisa, senão é impossível eu agüentar ficar sozinha por muito tempo sem buscar companhia, porque...
- , pare, pare! – Danny suplicou e a outra o olhou em dúvida – Não entendi nada a partir do ‘não tinha nada pra fazer’. Você fala muito rápido!
- Sério? Nem percebi... Isso geralmente acontece porque sou hiperativa e aí não percebo se falo demais, ou rápido demais, ou se ajo de uma forma brusca. É complicado para eu descobrir isso por mim mesma, porque eu não sei quando falo demais ou rápido demais. Tenho bastante fôlego, então não consigo...
- , está fazendo de novo – Danny riu – Venha aqui. Tem alguma coisa que tire essa hiperatividade?
- Além do meu remédio? Hum, acho que, se eu sentasse e me acalmasse, ajudaria.
- Então venha comigo – ele sorriu – Acha que uns drinks não ajudam, não?
- Só iam piorar, acho. E eu já tomei uns – riu, seguindo o menino – Danny, aonde você está me levando?
- Para... – pensou ele – Beber? Não tem nada para fazer aqui.
Ter até tinha. Se olhassem em volta, tinham tantas pessoas que podiam agarrar, música, bebida, dança...
só não estava entendendo por que Danny foi atrás dela. Ela tinha percebido claramente que ele esperava por lá na mesa. Por que diabos ele estava com ela agora? Ela não se importava nem um pouco, só achava estranho.
De qualquer forma, passou a seguir Danny por onde quer que ele a levava e começou a ficar estranho a partir do momento em que ela se viu perto do banheiro e bem longe do bar.
- Danny, você sabe para onde estamos indo?
- Para o bar... – ele respondeu, parecendo obvio.
- Mas ele é do outro lado! – ela riu – Venha, eu levo a gente lá.
Com na frente, não demorou muito para que já estivessem sentados e tomando suas bebidas, jogando uma conversinha fora. Nem tiveram sinal de um bartender gigolô.
- Ok, estou me esforçando – suspirou bem fundo – Tente não contar nada às meninas sobre antes. Tudo bem? Já tenho que aturá-las me zoando pelos ataques hiperativos nos shows e elas mal sabem dos que tenho fora!
- Se me lembrar, pode deixar. Sabe que sempre acabo soltando uma coisa ou outra, seja idiota ou não. Não sei por quê.
- É porque você é lerdo, Danny – sorriu, apertando a bochecha do outro – Completamente o meu inverso.
- Certo. Acho que chega de bebida pra você – ele riu, tirando o copo da mão dela e recebendo reclamações da mesma – Vamos só conversar aqui, de boa, e quem sabe fazer outras coisas.
- Que outras coisas?
- Não sei. Tem algo em mente? – perguntou como quem não quer nada, jogando charme.
- Não, por quê? Você está pensando em alguma coisa?
Por mais que fosse hiperativa e tivesse dito a ele que era totalmente o inverso dele, estava errada. Demorou bastante tempo e várias trocas de diálogos idiotas – os quais são baseados em ‘no que você está pensando? Eu não consigo entender. Não tem nada na sua cabeça?’ – que eu não preciso ficar colocando aqui pra encher a paciência de todas as Jones com tamanha lerdeza.
Só depois de um grande esforço, ela entendeu a jogada dele, mas ambos estavam cansados desse joguinho e usaram qualquer coisa pra mudar de assunto. Para não parecer desesperada e nem nada, estava apenas esperando que Danny voltasse no mesmo assunto para que ela largasse de ser boba novamente. Sentia até que toda sua adrenalina de antes tinha ido embora e sabia que, quanto mais calma ela estivesse, melhor tomaria conta do assunto, mesmo que quando chegasse o momento todo esforço que ela teria seria em vão. Tudo voltaria à tona.

sentou-se para pegar o copo que provavelmente era de , pois a pequena bolsa da amiga estava ao lado, e levou-o à boca, tomando os últimos goles de água.
- Hm, o Harry fez umas coisas não muito legais com esse resto aí, – disse Dougie, sentando-se ao lado da menina.
A cara de não foi das melhores. Ela já havia engolido a água, então não tinha mais tempo de fazê-la voltar, a não ser que...
Não. Vômito não. Era melhor ficar com seja lá o que tinha lá dentro, por mais que a água lhe parecesse normal.
- O que tinha naquele resto, Poynter? – falou com um tom ameaçador e um pouco de nervosismo junto.
- É um negócio que ele leva em festas... Não era para você ter tomado. Isso era da e...
- Iam dar isso para ela tomar? – a voz esganiçada amedrontada e furiosa ao mesmo tempo. Ela não sabia o que era pior: ela tomar aquilo, ou a amiga – Afinal, o que diabos era aquilo? Eu vou ficar doida? Sair rolando pelo lugar? Não que eu me importe, seria até que divertido... Mas o que era? MDMA? ‘Boa noite, Cinderela’?
Dougie não respondeu. Preferiu rir a responder.
- Está rindo por quê? O que tem de tão engraçado nisso?
- Porque não tinha nada na água, ! – ele ria – Sua cara foi muito boa! Não sabia se ficava preocupada, brava, feliz... Você é muito imprevisível!
- Hahaha! Olhe como eu estou rindo! Olhe! Hahaha – apontava pra sua própria cara e ria sem emoção – Tudo bem, essa foi boa... Acreditei demais.
- Mas... ‘Boa noite, Cinderela’? Você achou que íamos dopar vocês?
- Quem sabe? Tem gente para tudo nesse mundo!
Conforme iam parando de rir, conversavam sobre qualquer coisa que vinha à cabeça e riam da maior parte delas. Dougie fazia piadas o tempo todo e zoava cada pessoa que passava por eles e, mesmo com conhecendo grande parte, não podia deixar de concordar com o outro. Tinha que esconder seu rosto entre os braços para abafar a risada ou tapar sua boca pra não chamar (mais) atenção.
- Nossa! Agora que me toquei! Onde estão os outros? – perguntou, indicando os lugares vazios.
- A gente está sentando aqui faz muito tempo. Você não percebeu mesmo? – a outra negou com uma cara inocente e sorriu sapeca, fazendo Dougie rir – Quando a senhorita estava dando uma geral por aí, todos saíram. e Harry foram dançar, e Tom foram beber e Danny saiu atrás da .
o olhou como se estivesse com um enorme furúnculo no nariz e ele não entendeu. O que elas estavam fazendo junto de cada “favorito”? Até onde ela sabia, estava tudo fodido. Não tanto, mas podia ser considerado.
- Ué... Por que o Tom não foi com a , o Harry com a , você com a e o Danny aqui?
- Ah... Esqueça isso, a não ser que queira que eu chame o Danny... – terminou com um pouco de decepção na voz.
- Não! Fique aqui! – apressou-se feliz – Você não tem noção do tanto que eu estou feliz por causa disso! – quase deu um gritinho empolgado e, antes e Dougie falasse, continuou – E que história é essa de dando uma geral, papai?
- Posso saber com quem a senhorita estava conversando? – ele sorriu, fazendo uma voz bem mais grossa - provavelmente imitando o pai da garota.
- Rupert, Dan e Emma, senhor – entrou na brincadeira e, como uma boa filha, respondeu.
- Posso saber também quem é Jamie?
Uh... Uhhh...
virou escarlate. Tentava olhar para os lados em busca de qualquer coisa que fosse a tirar daquela pergunta, mas não achou nada. A questão é que, se houvesse um momento, ela beijaria Dougie sem pestanejar e não queria falar de seus rolos de uma noite, o qual estava a apenas umas mesas longe deles.
- Um dos atores do filme! – riu sem graça, nem sabendo por que estava agindo assim.
- Aquele com quem você andou dando uns beijinhos? – riu Dougie, fazendo biquinho e distribuindo beijos pra todo lado.
Ele ainda podia ter perguntado em qual deles em que ela não deu uns beijinhos, mas isso não é assunto para agora.
entrou em um acesso de risos e só parou quando Dougie finalmente cessou seus ataques beijoqueiros.

- Não sabia que gostava de dançar – sorriu, quando chegou ao meio da pista.
- E não gosto. Considere-se sortuda – Harry retribuiu o sorriso, junto com um olhar intenso.
Não falaram mais nada, apenas se soltaram ao ritmo da música. Porém, para que falar quando se pode usar a linguagem corporal?
Seus corpos se encostavam à medida que a menina rebolava. Ela não ligava nem um pouco de ter Harry ali, passando a mão pelo seu corpo de uma forma não muito safada e nem muito comportada.
Estavam se divertindo bastante em todas as músicas – rindo e gritando a maioria delas - sejam elas eletrônicas – vai saber como eles cantavam aí –, rock, pop...
- Nossa, cansei... – disse, quando as músicas deixaram de ser agitadas para uma bem lenta.
- Qual é? Dance essa comigo. A última! – ele deu um sorrisinho fofo; impossível de qualquer pessoa recusar o que ele pede.
concordou. O que ela teria a perder?
Harry juntou os corpos, colocando as duas mãos na cintura da garota e ela levou as suas em volta do pescoço do rapaz. Iam de um lado para o outro, rodando conforme a música tocava.
- Harry, posso fazer uma pergunta?
- Já fez – ele riu, a vendo bufar. odiava essas coisas – Claro que pode.
- Sem querer ser sem educação e nem nada, mas por que está aqui?
- Hm, que eu saiba, a Emma nos convidou... – respondeu, estranhando.
- Não. Digo, aqui comigo...
- Ah. Quer que eu saia?
- Não! – disse apressada. Harry deu um sorrisinho – É que, quando a gente se conheceu, foi estranho – ela se referia à troca que eles fizeram –, e depois, mais estranho ainda! Agora, está normal.
- Eu vou fingir que entendi o que você quis dizer com isso, mas olhe: eu estou aqui e você também... Está faltando alguma coisa?
Até que estava, sim, mas ela não ia falar agora.
- Não. Definitivamente, não – respondeu rouca, quando seus olhos se cruzaram. A proximidade causava coisas nela que fazia com que a mesma não se responsabilizasse por nada.
- Então vamos aproveitar que está tudo normal e curtir. Está mesmo cansada?
- Uhum... – disse relutante. Ela não queria se soltar dele nunca mais.
- Quando essa música acabar, a gente arranja outra coisa pra fazer.
adorou a idéia de passar mais um tempo com ele. Tinha se divertido à bessa dançando com ele, que não era nada mal. A única coisa que ela sabia no momento é que, se chegasse mais perto, ela mesma o beijaria se ele não fizesse isso. Mas e se... E se ele só estivesse lá como um amigo? Afinal, ela não sabia da verdade, daquela que Harry desejava.
Resolveu esquecer isso por um tempo. Se ele quiser, que corra atrás, senão ela mesma fará isso se perceber algo.
- Vamos? – Harry deu o braço a ela que aceitou, sorrindo, e ambos saíram da pista lotada.
- Aonde a gente vai? – perguntou, olhando pra ele que só deu um sorrisinho sapeca, respondendo que não tinha idéia – Vamos ver... Acho que preciso de um bom vento fresco e de uma bebida.
- Pegamos a bebida primeiro e depois vamos sentar na parte de fora. Certo?
Pediram a especialidade da casa, que era algo realmente forte. Aquilo descia queimando a garganta de ambos, mas era gostosa... Lembrava-os framboesa.
O papo era bom. Sentiam-se abertos para falar qualquer coisa entre eles - algo que só compartilhavam com os verdadeiros amigos.

Tom e conversavam no mesmo canto do mesmo sofá – agora bem mais próximos, graças às mil pessoas que sentavam ao lado. Já tinham rido pra caramba, conversado de assuntos idiotas, sérios e Tom continuava mandando elogios à menina que já não conseguia conter o tamanho do sorriso.
- Nossa! Não é melhor a gente voltar? Deve estar todo mundo na mesa e só nós dois aqui – comentou, quando parou pra pensar no tempo em que estavam ali, porque algumas pessoas já estavam indo embora. Estava mais era rezando pra que ele dissesse não, mas a decisão era dele. De repente, só tinha ficado até agora com ela, pois a garota não deixava uma brecha pra poder escapulir.
- Se você quiser, tudo bem... Mas se tiver outra pessoa na mesa, é melhor não atrapalharmos.
- Como assim? – mesmo estranhando, não deixava de sorrir. Ele não demonstrava nem um pouco chateação por estar lá - muito pelo contrário.
- Acho que os caras deram uma raptada nas suas amigas – deu uma piscada que fez com que ela entendesse na hora.
- Não acredito que estão jogando asinhas nas minhas amigas!
- Por quê? Isso é ruim? – Tom perguntou preocupado. Ele estava fazendo isso com ela também!
- Ruim? De jeito nenhum! – ela se sentia como se tivesse ganhado (mais) um Grammy, e não era tão idiota pra saber que Tom fazia o mesmo – Deixe-me nos detalhes.
- Vou me sentir uma menina ao fazer isso! É mais fácil pedir depois ao Danny ou ao Dougie, as duas menininhas! – eles riram, mas, mesmo assim, fez cara de cachorro sem dono. Impossível para ele resistir – Está bem, eu te falo.

-... E aí vimos como vocês estavam especialmente lindas hoje... Não só hoje, mas... Caramba, , já se olhou no espelho antes de vir pra cá?
- Faço a mesma pergunta pra você, Fletcher! Juro que estou surpresa pelos elogios! Quando estava na adolescência, achava que ia crescer e morar em uma casa com dez gatos e tomando cuidado pra não sair rolando de tão gorda!
- Gorda? Está brincando? Quando começamos, você viu como eu era gordo? – Tom se referia ao começo da banda.
- Sem comparações, e você não era gordo. Era fofo! Mato-me com cada foto daquela época – dizia com os olhos brilhando.
- E agora sou o que?
- Ahn?
- É... Você disse que era fofo naquela época... Sou o quê, agora?
- Realmente gostoso – sentiu o sangue correr em suas bochechas assim que disse isso, mas estava orgulhosa de si mesma por ter feito.
- Sou, é? Fico contente em ouvir isso, mas ainda me pergunto se você realmente se viu no espelho hoje – Tom colocou sua mão por cima da dela e, conforme cada frase, ele ia acabando com a mínima distância que havia entre eles ao ver que a menina não recuava.
Os olhares eram trocados entre suas bocas e seus olhos e, de alguma forma que não acompanhou, a outra mão de Tom já estava em seu rosto e ela preparava para jogar as suas até o cabelo dele (coisa que a vida toda quis fazer).
Já passaram a sentir suas respirações um pouco descompassadas na pele um do outro – digo, descompassada a de , precisamente. Ela queria aquilo mesmo. Já estavam de olhos fechados e os lábios estavam prestes a se tocar.
- ! – ambos ouviram uma voz conhecida e por instinto se separaram apressadamente – Caralho, foi mal! Caraca, nunca mais vou sair para entregar nada...
- Está tudo bem, Rupert – mais vermelha do que nunca, falou - O que foi?
- A esqueceu isso com a gente... – entregou o celular da garota. A primeira coisa que pensou foi em matar a amiga – Só não entreguei pra ela porque, ahn... Ela está na mesa de vocês e em uma mesma situação que a de vocês... Você foi a única que eu achei...
- Tudo bem, sério. Não tem problema – falou da boca pra fora, tentando controlar o impulso de sair dali correndo e matar a menina – Obrigada, ‘ta? Aposto que lhe obrigaram a entregar isso aqui e estão fazendo você perder sua noite.
- Você sempre adivinha – ele rolou os olhos – Cara, foi mal aí. Sei como você está se sentindo. Acredite – Rupert olhou para um ponto do pub com um pouco de raiva e Tom acenou com a cabeça em sinal de que estava tudo bem.
Sem graça, Rupert deixou os dois sozinhos de novo.
- Então... – Tom deu uma risadinha.
- Que vergonha! – ela o acompanhou na risada – Eu vou super matar a – levantou-se, ainda sentindo o coração acelerado que se acelerou mais ainda quando notou que tinha dito aquilo em voz alta.
Era pra ter sido um pensamento, um pensamento só dela, mas acabou que pensou alto até demais.
- Sabe, se você quiser, a gente pode entrar no clima de novo... – ele se levantou também, a puxando pra perto novamente.
- Momentos não vão faltar, Tom – a menina sorriu meiga e deu um selinho no rapaz – Vamos chamar os outros. Já está começando a ficar realmente vazio aqui.
Ela segurou sua mão e saiu guiando o menino pelo lugar em busca dos outros. Ele só se perguntava se esses momentos seriam muitos e se eles iriam demorar.
Agora, o porquê que ela não o beijou como gente: briguem com o sindicato porque eu também quero saber. Se bem que se Tom quisesse ficar com ela, ia querer algo que não fosse um beijo e acabou. Então tinha achado que seria o melhor a se fazer.

- Nem vem, . Eu não sou lerdo. É tudo uma jogada de marketing!
- Aham... Claro, Danny! E eu sou hiperativa para chamar atenção. Quase não consigo sobreviver para tocar porque é tudo propaganda para chamar atenção.
- Sério? Caramba, ... Já pensou em ser atriz? Eu realmente acreditei! – ele estava abismado.
E também. Ela sabia que ele era um pouco lerdo, só não sabia que com a ajuda da bebida ele exagerava. Olhw que ele nem bebeu muito!
- Claro! Não dá pra ser atriz, sabe...? A gente tem que fazer canções para dar escândalo e assim a gente consegue mais fama – ela falava sarcástica.
- Sabia! Tinha que ter algo assim para vocês estarem onde estão! Tudo na base do escândalo... Interessante – o que ela não sabia era que ele estava brincando. É claro que Danny sabia que elas não precisavam disso!
- É, Danny... Agora me deixe fazer o próximo escândalo – a ironia mandou lembranças!
saiu da pequena mesa redonda em que eles estavam sentados, conversando e rindo animadamente, até a conversa tomar um rumo que ela não gostou nenhum pouco da brincadeirinha dele.
Andou em passos largos, tentando controlar a pequena raiva que sentia no momento, ouvindo a voz de Danny a chamando. Podiam falar qualquer coisa dela que podia até aturar, mas falar que elas estão no topo por causa daquele tipo de coisa era algo que ela não gostava mesmo.
Ficou dando voltas até ter certeza de que Danny desistiria ou fosse complicado o bastante pra achá-la, o que não seria tão difícil, já que a quantidade de pessoas já não era a mesma de antes.
- ! Caramba, garota, não dá pra parar, não? – Danny foi chegando perto, enquanto mostrava certa impaciência e culpa.
não respondeu, mas saiu correndo novamente, despistando-o. Ela corria em círculos, como um cachorro atrás de um rabo gigante, e em uma das voltas bateu em alguém.
- ? Caramba, é você que está correndo igual sonsa aqui?
Eram e Tom que estavam andando – de mãos dadas, mas esse momento não é da – em busca dos outros. tampouco respondeu, apenas a olhou aflita.
- ?
- Ai, é o Danny! A gente estava lá de boa, conversando, rindo, e aí ele disse umas coisas que não são nada legais sobre a gente e eu me magoei. Sabe como eu me sinto quando falam uma coisa que eu não gosto, . Agora, ele está atrás de mim e eu não quero falar com ele, porque vai falar coisas que...
- Você não sabe o que é – ela completou e ficou quieta, vendo que outra estava certa – Eu não vou me meter nisso. Escute: vamos embora? Ainda tenho esperanças em encontrar a e o Dougie e acabar com o momento deles...
- Eles estão ficando? – perguntou surpresa.
- Sei lá. É o que eu vou descobrir! E se não estiverem, nem vão...
- ! – Danny pareceu que tinha visto Jesus quando avistou a menina.
- Tchau! – disse, voltando a correr.
Ela sabia que estava chegando a ser idiota correndo do menino assim, entretanto, sentia novamente a hiperatividade voltando e, quando estava tomada por ela, nada conseguia a parar.
Do jeito que falo, pode parecer que é um problema sério, mas não chega a ser doentio igual ao que parece. É só que é a e... É a . Não tem como ela controlar uma coisa assim.
Sem saber aonde ia porque tinha certeza que Danny conseguia vê-la, entrou pela primeira porta que viu e subiu umas escadas. Ela com certeza não deveria ir lá e teve mais certeza ainda quando viu o segundo andar praticamente escuro, a não ser por uma única luz no canto do lugar bem longe dela – deixando grande parte do resto do cômodo em um breu – e a luz que vinha da porta que ela acabava de passar. Andou mais um pouco, parando no escuro e encostou-se à parede, controlando a respiração.
- , eu lhe vi subindo aqui. Não tem outro lugar para você ir – ela escutou Danny – Vamos conversar, vai. Você sabe que eu não quis dizer aquilo.
“Vai contar história para boi dormir” ela pensou depois de ouvir. Continuou sem fazer nenhum barulho, apenas vendo se ele ia embora.
- Tudo bem. Tenho certeza de que você está aqui e não vou ir embora se a gente não conversar antes – viu a silhueta dele até desaparecer no escuro um pouco longe dela.
Permaneceram no silêncio e no escuro por um bom tempo – que na verdade mal foram completados três minutos.
- Fale alguma coisa – pediu em voz baixa, depois de mais um tempo.
- Puta que pariu, ! Eu estava mesmo achando que você não estava aqui... Levei um susto do caralho! – eles riram. É fácil rir com Danny. Não importa a situação – Hm... Desculpw. Aquilo foi uma brincadeira, . Eu sei que vocês não precisam daquilo. Vi vocês tocarem, você tocando e tive prova disso.
sorriu. Estava sendo idiota. Seria tão mais fácil se tivesse o ouvido mais cedo!
- Onde você está? – perguntou.
- Perto da porta, na... – mal terminou de falar e sentiu uma mão em sua perna. Perto do amiguinho dele.
- Opa! Desculpe, Danny. Caramba, desculpe mesmo! Eu não estou enxergando nada. Desculpe! – parou de falar, esperando que o nervosismo passasse antes que começasse a gaguejar – Olhe, vamos embora. Ok?
Levantou-se, ouvindo o rapaz fazer o mesmo, mas foi impedida de passar pela porta.
- Calma. Para que a pressa? – Danny sussurrou ao pé do ouvido da menina – Tenho coisas em mente pra fazer...
- Então me mostre – disse sem enrolar.
A próxima coisa que sentiu foi Danny a apertando pela cintura e a levando num ato extremamente rápido até a parede bem próxima, a qual ele estava encostado, e a prensou lá, levando sua mão quente até seu rosto. Aproximou os rostos antes de poder escutar seu celular tocando e os assustando – principalmente –, a ponto de abrirem um grande espaço entre eles.
A menina soltou um suspiro de frustração e, logo, seu próprio celular toca também.
- Hm... São os outros... Pedindo pra descer – Danny falou carrancudo.
- É... – concordou do mesmo jeito.
Não voltaram ao assunto anterior e desceram antes que os amigos tentassem interromper qualquer coisa novamente.

e Harry estavam abobados um com o outro, porque parecia que tinham as mentes ligadas - efeito daquela especialidade da casa, para falar a verdade.
Agora, segurava a palma do outro como se estivesse lendo a mão do rapaz - coisa que estava mesmo fazendo... Ou tentando.
- Aprendi no primeiro ano com meu professor de literatura...
- Ele era bruxo?
- Não, Sr. Potter – ela riu – Ele parecia mais com um brinquedinho dentro de um kinder ovo... Mas de qualquer forma, ele me ensinou a ler a mão dos outros.
Ela pegou a mão de Harry – não do Potter, do Judd. Ou dos dois – e ficou pensando se era a esquerda ou direita por um bom tempo. Apesar disso, estava adorando ficar segurando as mãos grandes e macias dele. Por fim, decidiu-se na direita e passou a observá-la, murmurando coisas sem parar.
- Uh... Oh, certo... Certo, certo... Meu Deus! Entendo... Obviamente que... Olhe... Lindo... É fabuloso... Tenho de certeza que... – parou, deixando o rapaz agoniado. – Então, Harry, essa mão é complicada. Está vendo esse traço gigante aqui? – ele concordou atento – É a linha do amor. Ou será a da vida? Vai a do amor mesmo – ignorou sua confusão – Ela está bem forte! Mas, uh, Harry! Parece que você vai ter um deslize no amor!
- Já dei – rolou os olhos ao se lembrar de Izzy.
- Ah... É verdade - concordou e ficaram em silêncio por uns segundos – Essa aqui é a da vida, que está bem forte. A partir de um momento, você vai dividi-la das suas outras coisas e me parece que... Você vai morrer e ressuscitar porque sua linha apaga do nada e volta depois... Você é um caso raro.
Olhem o que a bebida faz com as pessoas... Que isso sirva de exemplo!
- E essa aqui? – perguntou ele curioso, apontando para uma das linhas perto da última.
- É a do trabalho. Santa Bárbara, Harry! Você dividirá seu trabalho em três partes e desistirá de uma logo depois – ela disse em tom sábio e voltou a falar – Essa aqui é minha predileta.
- Qual é?
- Já chegou a amar alguém, Harry? Digo, amar mesmo.
Ele pensou. Ele não amara Izzy. Achava que amava, mas conseguiu esquecê-la facilmente e antes dela não tinha ninguém em especial.
- Não!
- Então essa pequena e profunda linha aqui... – mostrou a lateral de sua mão – Mostra que vai ter uma única pessoa que você vai amar mais do que qualquer coisa, mais do que sua própria vida.
- Oh... – ele fitou a mão com curiosidade – Tudo isso é verdade?
- Não – ela sorriu – Uma vez leram minha mão e diziam que ia morrer há cinco anos e que teria dois amantes, mas na verdade um dos riscos era um pequeno corte que tinha feito e estava cicatrizando.
- Ah, bom. Fiquei pensando em como ia morrer e ressuscitar... Tipo, eu ia dar uma de Jesus? Ou virar um vampiro!
Passaram a conversar sobre coisas de ressurreição, possíveis meios de vida, modos de morrer... Conversa pra doidos. Estou começando a achar que tinha alguma droga na bebida deles!
Ainda fascinados por mãos, mostravam os lugares que mais doíam sempre que tocavam. Assim como Harry, tinha descoberto uma tendinite que raramente atiçava, mas, quando isso acontecia, era realmente horrível.
Toda escandalosa, esgoelava para o mundo todo que ia morrer pela tendinite, que já tinha feito seu testamento e que nada conseguiria parar a dor. Pelo menos antes de morrer, nada que uns bons dias com as mãos em uma bacia com gelo, relaxantes musculares e o uso de munhequeiras diariamente não ajudasse.
- Harry, você reparou que a gente está sozinho aqui?
- Agora que você falou, é verdade – respondeu ele, olhando ao redor. Tinha um cara solitário em uma mesa falando sozinho, mas era a mesma coisa que ficar solitário – Mas acho que assim é melhor.
- É, eu concordo com você – ela tentou manter a voz casual – Você é legal, Judd – e muito, muito lindo.
- Você também, . Só que também é extremamente gostosa. Já lhe disseram?
Cadê a bebedeira deles? Que estranho, ficaram sóbrios de repente... Tudo bem, não interrompo mais.
- Você não é o único que acha isso – sorriu convencida, observando a cara de desafio dele – E eu não sou a única aqui, já que você também é.
Por um único momento, ficaram em silêncio, apenas se olhando. Nenhum dos dois tinha os pensamentos quietos e puros. Queriam voltar a se tocar novamente o mais rápido possível.
Levantaram-se num baque. As cadeiras fizeram o maior barulho ao serem arrastadas e a mesa cambaleou por uns três segundos, deixando cair umas coisas que estavam usando seu apoio.
estremeceu ao perceber o que estavam por fazer. Há quanto tempo imaginou isso? Sempre sonhou em beijar Harry e sempre se achava idiota por isso junto com mil meninas que tinham o mesmo sonho e agora estava lá, prestes a realizar o seu e o de mais de milhões de garotas.
Harry, por outro lado, ao ver a menina estremecer, achou que ela estivesse com frio – aí está a bebedeira! – e se decepcionou consigo por ser educado.
- Está com frio, ?
Isso cortou completamente os pensamentos de .
- Ahn? Estou, é... Acho...
- Venha, vamos pra dentro. O povo já deve estar querendo ir embora – quis matar o menino, mas não disse nada, apenas assentiu e o acompanhou.
Porém... ‘É agora ou nunca’ ela pensou.
- Calma, Harry. Eu não estou com frio. Venha aqui – parou-o na porta que dividia e o puxou pra um lugar mais afastado – Acho que percebi bem antes... Não sou idiota, sabe...
- Está falando do quê? – ele, confuso, perguntou.
- Olhe – respirou fundo, juntando coragem –, você vai me beijar logo ou eu vou precisar fazer isso?
- Precisa fazer nada.
Harry sorriu maroto e se aproximou dela. Ainda achando que ela estava mesmo com frio, deu um jeito de se abraçar a ela o máximo que pôde e ela fez o mesmo, enquanto sentia o cheiro gostoso que o outro emanava. Ele jogou seus lábios para o seu pescoço e começou a distribuir beijos por lá e até traçar uma linha até sua boca.
- Eeeei! Ei, vocês dois aí, que estão tentando se agarrar! – os dois se separaram antes mesmo dos lábios se encontrarem e deram de cara com o solitário que estava lá com eles, só que visivelmente bêbado – Saquem só... Tem uma quantidade imensa de guardanapos por aqui, já viram? Eu peguei esses dois. Olhem só... – pegou os dois guardanapos de cores diferentes e praticamente enfiou na cara deles – Eu queria uma opinião. Vocês me dão?
- Pode ser depois que eu te bater? – perguntou com raiva na voz, dando medo no outro.
- Calma aí, brotinho. Só quero saber! O vermelho ou o amarelo? Acho que os dois ficam legais no meu sapato... – e saiu feliz da vida que tinha feito uma escolha.
- Onde a gente estav... – Harry quis perguntar, mas foi interrompido novamente. Só que agora por seus próprios amigos.
- Harry, , vamos embora! – Danny, , Tom e apareceram na porta do local.
Escondendo a pequena raiva e frustração que estavam, seguiram os quatro.
- Sem enrolar na próxima vez? – Harry virou-se pra e cochichou. Ela concordou com a cabeça.

- Não, Dougie, isso não é necessário!
- Qual é? Eu não vou julgar e nem comentar nada! E também lhe falo das minhas!
- Poynter, pare de insistir! Eu não vou lhe falar dos momentos em que eu... Avancei o sinal! – já estava arco-íris por falar daquilo com Dougie. Como eles entraram nesse assunto?
- ... – ela lançou um olhar a ele que o fez desistir – Tudo bem, eu não falo mais disso.
E assim, o silêncio chegou, dando à menina certo desconforto. Não tinham calado a boca um minuto sequer desde que ficaram sozinhos e agora não sabiam mais o que fazer.
- Então... Qual o vilão do Harry Potter, ?
- Achei que tinha prestado atenção ao filme... – disse, estranhando a pergunta – Voldemort.
- Shh! – ele colocou o dedo nos lábios dela, para ficar quieta, e começou a rir, deixando realmente confusa - Nem venha. Foi engraçado! – disse, quando parou de rir.
- Era uma piada? – perguntou ainda confusa e ele assentiu – Não teve muita graça, Dougie...
- Sua cara foi mais que a piada, eu lhe digo – respondeu e ela fechou a cara – Está bem, desculpe... Mas é que contei essa piada mais cedo pra e pra ... Elas se mataram de rir. A riu também, mas não sei. Acho que ela não entendeu.
- A e a conseguem rir de tudo, Dougie. Até de um filme de terror – falou e Dougie deu de ombros, provavelmente ainda achando que sua piada era o máximo – Quanto à , pode ter certeza que ela não entendeu – riu – Falando nela, por que é que eu já a vi rodando por aqui umas cinco vezes com cara de desesperada?
- É, eu vi também... E o Danny.
- Será que aconteceu alguma coisa com eles? – perguntou com um tom preocupado e olhou nos olhos bem azuis de Dougie.
Ela se esqueceu do que estava falando a partir desse momento.
Santa mãe de Deus, como aquele garoto conseguia ser tão bonito assim? Obrigada, tia Sam. Muito obrigada por colocá-lo no mundo! Obrigada às outras mães também, claro, mas a família Poynter é...
- Quem se importa? – Dougie deu de ombros, dando um gole do copo.
- Hum? – ela saiu do pequeno transe – Quem se importa com quem?
- Ninguém importante – ele deu de ombros novamente.
- Então quem é importante?
- Você – respondeu normalmente, sorrindo pra garota.
Cadê as câmeras? O Ashton Kurter vai aparecer em instantes, rindo e falando sem parar como a : “Hahaha, você foi pega!”. E vai ficar por um bom tempo zoando da cara de imbecil que ela estava.
Porém, nenhuma câmera apareceu. Eles continuaram se olhando por um tempo. tentava não se esquecer novamente do que estava acontecendo quando olhava nos olhos dele. Até que ela finalmente entendeu que não era piada e sentiu suas bochechas arderem violentamente.
- Sou, é?
- Está brincando? Você é o máximo! Se tocasse baixo, seria mais ainda!
- Hm... Eu toco – o que não era mentira. Ela era o pau para toda obra, como todo mundo passou a ser depois que se tornaram bem famosas.
- Caramba, case comigo! – Dougie riu.
Ela riu junto para espantar o nervosismo que isso causou a ela. Então ele provavelmente estaria brincando, apenas. Nada de ela ser importante de verdade, no duro... Porque ela sabia que ela era, de uma forma de outra... Só queria ser da outra forma, diferente de todas as outras.
e seus desejos que ela leva muito a sério na cabeça... Por um lado é ótimo, já por outro, deixa a menina bem triste por almejar coisas impossíveis. Dougie Poynter se encaixa nos impossíveis. Ou pelo menos era o que ela achava.
- Depende – resolveu entrar na brincadeira – Só se nos casarmos no Caribe ou na Austrália... Onde a praia for mais bonita. Depois, passamos um ano inteiro sem dar bola pra negócios, banda, amigos... Só nós dois na lua de mel. Viajamos o mundo todo! Conhecemos todo tipo de população, cultura...
- No último mês da lua de mel, você engravida. Quero cinco Poynterzinhos, três homens e duas menininhas. Os mais lindos da família!
- Cinco? Você está ficando doido? – perguntou ela abismada.
- Por quê? Pensei em te aliviar. Eu ia dizer sete...
- Dois. Três no máximo! – ela riu, pensando que eles estavam bolando um futuro que nem tem indícios de começar – Agradeça por eu ainda querer ter filhos! – acrescentou antes que ele abrisse a boca pra reclamar.
- Teremos onze meses e bons anos pra discutir sobre isso – encerrou o assunto sobre filhos – Teremos uma casa gigantesca aqui em Londres, com uma piscina e um jardim enorme para os nossos filhos correrem e se lambuzarem na lama.
- Quanto ao lugar, discutiremos mais tarde. Também tenho minha vida na América, maridão – disse quase iludida que isso ia acontecer mesmo – E uma empregada! Porque não vou limpar a sujeira que nossos filhos vão fazer...
- Uma? Você quis dizer quatro, não é? Uma pra cozinhar, outra cuida da lavanderia e a outra da casa. A última vai sofrer na mão dos pequeninos – Dougie soltou uma risada sozinho, imaginando a provável baderna que os supostos filhos iriam causar – Ela iria ficar doida e precisaríamos contratar várias delas em apenas um ano! E quanto a babás, nem vamos nos dar o trabalho.
- Claro! Imagine que vou perder o crescimento de meus filhos! – concordou veemente – Se for preciso, paro um show para ver se está tudo bem com eles! – a última parte Dougie falou com ela, com pelo menos uma palavra diferente. Sorriram e tiveram o mesmo pensamento: concordavam com bastante coisa.
- Vamos levá-los à Disney todas as férias e, quando ficarem maiores, vamos ensiná-los a tocar todos os instrumentos e eles vão virar astros como os pais.
- Não é uma má idéia! Eles se juntarão com os filhos dos nossos amigos e formarão uma banda! – sonhava – A melhor que o mundo já viu!
- Depois vamos aposentar e morar na Austrália!
- Isso se você não me largar por uma vadia de trinta anos mais nova e me deixar com nossos filhos! – da ilusão dos dois, a de começava a desacompanhar os pensamentos dele para um lado sombrio.
- Eu nunca abandonaria minha família – Dougie disse tão sério, mas tão sério, que parecia que tudo que eles disseram ia certamente acontecer.
lembrou-se de que o pai do garoto saiu de casa, sem mais nem menos, e que ele certamente não seguiria os mesmos passos. Sentiu-se mal por ter inventado que ele a deixaria.
Falando assim, parece até real.
- Tenho certeza de que não – disse convicta com um sorriso confiante – Só fizemos o futuro dos nossos filhos, não o nosso – mudou de assunto.
- É que ainda temos que ver onde vamos morar. Com essa mísera informação, dá pra fazer um monte de coisas. Mas olhe só, você e sua banda vão conseguir mais um milhão de Grammies, McFly fica mais famoso e, aos poucos, vai ganhando também. A gente vai sofrer um pouco pela separação graças às bandas, mas isso tiraremos de letra. Seremos o casal mais badalado do planeta, porque o mais fofo ninguém vai ganhar do Tom. Eu admito. E aí, chegamos à aposentadoria juntos para relaxar o resto da vida.
- Bebendo cerveja e contando piada com os outros porque vão ser nossos vizinhos...
- Claro! O que é de mim sem eles?
- Você comigo! – respondeu, fingindo indignação.
- É, você tem razão – Dougie riu, trazendo um silêncio momentâneo – Caramba, a gente bolou nossa vida inteira! E foi legal... Não a conheço perfeitamente, mas você se encaixaria bem nesse papel.
- Você também... Sempre foi o cara perfeito dos meus sonhos – deixou escapar a última parte, tornando a ficar vermelha e abaixando o rosto pra tentar esconder o que ela mais queria naquele momento.
Parece que não precisou de mais nada. Dougie gentilmente levantou seu rosto com sua mão, a fitou por breves segundos como se lhe pedisse permissão e aproximou seu rosto ao dela. Com ambos de olhos fechados, estavam apenas com as testas grudadas e narizes colados. Dougie não tinha juntado os lábios ainda.
É aí que você fala “aí chega alguém e interrompe”.
fez o favor de avançar. Quem sabe, de repente, Dougie gosta daquelas que chegam e não das que esperam. Por mais que ela nunca tivesse feito isso antes, ele era diferente. Com os lábios juntos, ela traçou com sua língua os lábios dele que não hesitaram em se abrir, fazendo com que o encontro fosse com um choque nos dois. Um bolo de sentimentos e prazeres rolavam, enquanto suas línguas faziam todos os movimentos como se fosse uma dança em perfeita sintonia.
Era um beijo calmo, sem nenhum pingo de pressa de nenhum dos lados, como se o mundo estivesse à espera deles e nada mais importasse.
Por estarem sentados, não havia muita jogada de mãos e, mesmo assim, Dougie se esforçou por fazer algo que queria desde que a viu. Mesmo um pouco sem jeito, tinha as mãos apertando a cintura da garota, enquanto uma delas subia e descia a lateral do corpo dela carinhosamente, sem nenhum tipo de malícia e causando longos arrepios nela. , por sua vez, um pouco sem jeito também pela posição em que se encontrava, por vez ou outra brincava com os cabelos da nuca do rapaz ou as espalhava pelas costas dele.
O beijo foi quebrado com selinhos, várias mordidinhas no lábio, para depois voltarem a se beijar novamente. Isso se repetiu por umas vezes até se separarem de vez e sorrirem um pouco sem graça.
- Até que enfim! – apareceu na mesa, afobada – Mesmo com o lugar quase vazio, fica difícil de achar a mesa! E aí gente? Vamos embora?
e Dougie assentiram, se levantaram e seguiram os outros, praticamente abraçados.

A porta do clube ainda tinha alguns paparazzis que faziam perguntas sobre o modo em que eles estavam (mãos dadas, abraçados) e tinham respostas como “bons amigos” e coisas do tipo. Mesmo assim, o carro em que eles iam embora – separadamente – ficava longe de máquinas fotográficas.
- Vocês ainda vão passar um tempo por aqui? – Harry perguntou para todas, mas mantinha o olhar em uma pessoa apenas.
- Umas duas semanas! – respondeu feliz da vida, como se tivesse ganhado um doce.
- Vemo-nos mais tarde então! – Tom respondeu por todos, já com idéias para o dia que seguia, ou quase.
Os quatro deixaram as meninas em um carro e seguiram para o seu – lembrando que Dougie e se despediram com um selinho, nada demais. E os outros apenas na base da amizade. Pelo menos por enquanto. No momento em que cada quarteto foi visto longe um do outro, começaram as conversas.

Spotted!
McFly e vistos juntos na première do filme do bruxo mais famoso do mundo, Harry Potter.
Declarados amigos há meio ano, Tom, Harry, Dougie, Danny e , , e parecem que andaram avançando na “amizade”, se é que ainda podemos chamar assim.
Na noite de ontem (28/11), ao saírem da festa do elenco, – onde fontes nos dizem que as meninas da os colocaram dentro do local – estavam muito bem acompanhados. Danny e , Tom e , Harry e saíram de mãos muito bem dadas, quando Dougie e saem praticamente abraçados.
Perguntas foram feitas a eles devido à repentina aproximação e receberam respostas de que são apenas amigos, pequenas demonstrações de amizade.
Ficaremos de olho em mais informações. Para ver as fotos, vá à página...


Capítulo 11: A Love Affair That We Don’t Understand.


- Despedidas com selinhos, ? A noite deve ter sido ótima! – falou curiosa, feliz e um pouco contrariada ao mesmo tempo.
Vá entender os sentimentos da .
- Ótima? É... Ótima, sim... Perfeita até – respondeu ela com um sorriso maior do que a cara.
- Então vocês se beijaram igual gente? – deixou de olhar pela janela, pensativa, para olhar para amiga que só assentiu, sorrindo como boba.
Não houve tempo de falar nada, assim que um pequeno e rápido barulho de celular toma conta do lugar por três segundos.
- Caramba! Meu celular! Meu celular que eu tinha deixado na... – ia falando, quando levou o aparelho jogado na cara por – A delicadeza mandou lembranças, viu?!
- A responsabilidade também – respondeu a outra, com um pouco de grosseria, e voltou a virar-se pra frente.
- Ela está realmente brava comigo porque esqueci o celular? – perguntou abismada para as outras duas que soltavam pequenas risadas.
- Não. É porque foi justo seu celular que a atrapalhou de agarrar o Fletcher – respondeu normalmente – Quero dizer, o Rupert chegou lá na hora errada para entregar o celular... De certa forma, foi você mesma que estragou o momento dela. Não que eu esteja me intrometendo e nem nada... Só estou passando informação, caso ela resolva a matar por acabar com o sonho da menina.
- Ok, . Acho que a já entendeu – interferiu – Se bem que se fosse comigo, você não existiria mais. Ainda bem que quem me atrapalhou não foi nenhuma de vocês. Depois, já estava sem clima.
- Pena que quem me atrapalhou foi Tom ligando para Danny e depois a pra mim... Pelo menos a gente já tinha perdido fio. Alguém ia encher o saco mais cedo ou mais tarde... Cadê meu tempo para aproveitar?
- Olhem como o Dougie é fofo! – mexia o celular freneticamente.
- , você pelo menos escutou o que a gente disse?
- Ahn? Ah, sim. Coisas que me deram a conclusão de que só eu me dei bem hoje – deu de ombros e as outras três bufaram.
- Só por hoje – disse cansada, num fôlego só – Espero que tenha aproveitado bem.
- Isso foi uma ameaça? – perguntou, mas não recebeu resposta de ninguém, ficando com aquilo na cabeça por três segundos até Dougie fazê-la perder o rumo.
Assim, seguiram caladas até a humilde casa que elas tinham em Londres.

No mesmo momento, só que em outro carro...
- Quem diria... O Poynter pegou alguém.
- Quem diria... O Jones ficou sem ninguém! Disse-lhe que era melhor você desistir. Quase ficou com a e ainda quer a ?
- Cara, foi pura falta de opção. Se eu estivesse lá, nem ia ter papo.
- Aham, claro. Esqueci-me de comentar que ela adorou que tudo voltou ao “normal” – Dougie fez aspas com as mãos – E você vai fazer a se sentir mal.
- Você está muito sentimentalista, cara – retrucou Danny.
- Ele tem razão. A não foi a única a adorar a mudança. A comentou comigo também...
- E acho que a tentou – Harry riu, se lembrando da frase sem nexo que ela falava.
- E o que isso tem a ver com ?
- Sei lá. Pode se sentir a segunda opção – Dougie deu de ombros – Por que não vai nela? Ela não deixa de ser gostosa.
- Sei que não. Só que eu gosto de desafios. Se falo que quero as duas, continuo querendo as duas até achar que não quero mais, ué.
Ninguém retrucou. Conheciam Danny suficientemente bem pra saber que era desse jeito e nada mudaria.
- Não vai nem tentar fazer o cara ficar afastado da , Poynter? – Harry perguntou meio gozado.
- Não preciso. A não vai ser burra o suficiente para pegar o Jones e a gente não tem nada demais... Foram só uns pegas.
- Nem vai continuar pegando? – Tom perguntou um pouco surpreso. Esse vocabulariozinho chulo... – São apenas duas semanas. Não vai matar ninguém.
- Se depender de mim, beleza – deu de ombros, pegando o celular e digitando uma mensagem.
O assunto terminou por ali, dando entrada pra um completamente idiota.

- Não acredito! – as meninas se explodiam de rir – Não sabia que tinham pessoas bêbadas demais lá!
- Minha vontade de bater naquele cara foi maior que qualquer coisa... Eu estava tão perto, mas tão perto! – reclamou – Espero mesmo que da próxima vez não tenhamos nada para atrapalhar.
- , você é a única que é capaz de se atirar no menino estando sóbria. Pode ter certeza que vai conseguir o que quer. Sua cara de pau é imensa comparada com a de seres humanos normais – riu – Mas, ah... Dougie foi muito fofo falando do futuro e tudo... – completou com um olhar bobo.
- A cara de idiota apaixonada dela! – zombou – Certo, foi realmente fofo.
- PENA que nunca vai acontecer – já certa disso, concluiu.
- Ué, por que não? Não vai continuar com ele? Temos duas semanas ainda!
- Primeiro por causa de você, . Às vezes tenho medo de suas ameaças... – riu debochada – Segundo, vá saber se ele vai querer também. Terceiro, raramente fico com a mesma pessoa mais de uma noite.
Isso soou realmente bitch, mas não era pra ser assim. O que ela quis dizer é que nunca teve motivos para continuar a relação. Nunca gostava o suficiente do cara e, mesmo que achasse que deveria ficar mais tempo para ver se algum sentimento aflorasse, pensava mais que queria se divertir e não arranjar mais uma preocupação na vida, vulgo, namorado. Claro que já teve alguns. Vivia namorando, mas não achava que era o certo.
- Tenho certeza de que abrirá uma exceção para Dougie Poynter – , e falaram com sorrisos maliciosos e deu um sorriso, partindo para o último assunto antes de irem dormir.

Eram duas horas da tarde quando Black Or White explodiu no celular da , assustando todo mundo. Ninguém sabe por que ela coloca naquela altura, sendo que assusta a ela mesma... Principalmente se está em cima de uma mesa e o negócio começa a vibrar. O barulho é de outro mundo!
Ela atendeu muito contente – pelo fato de que era Tom ligando – e todas pararam com as coisas que faziam para prestar atenção à conversa.
- Claro! Que horas? Não dá. A gente está indo à OK! (magazine) para uma entrevista. Tudo bem! Eu lhe ligo quando acabar, ok? – corou violentamente com algo que ele falou – Também não... Tudo bem, claro!
E por fim desligou, deixando as meninas virem com mil perguntas uma atrás da outra sobre o telefonema.
- Calma! – ela riu – Eles nos chamaram pra irmos até a casa do Danny para passar o resto da tarde depois da nossa entrevista.
- E por que você corou? E de noite? E por que...
- , uma de cada vez! – gritou, já perdendo a paciência – Corei porque... Porque eu corei, ué. Quer dizer, eu não corei – deu de ombros, já passando para próxima pergunta – Sobre hoje à noite, nós e nem eles podemos. Meeting amanhã e eles, um show não sei onde.
- E o que foi a última parte que você virou uma pimenta?
- Nada. Quanta curiosidade, !
- E por que nós não podemos saber?
- Porque é algo dela com o Tom, suas idiotas. Por que acham que ela não comentou ainda? Aquele “tudo bem, claro”... – bufou, fazendo uma voz irritante – Quando vão sair?
A partir daí, passaram a ter conversinhas histéricas, inventando um possível encontro entre os dois, enquanto Alice ainda não aparecia para tirá-las de lá, o que não demorou muito. contou as exatas palavras que ele disse e não sabia onde e nem quando seria exatamente. Só sabia que não ia demorar. já ia dar palpites de lugares e roupas que dariam certo – péssimo habito que ela adquiriu quando percebeu que podia comprar qualquer roupa que quisesse –, quando Alice irrompe a porta, rindo, mas mesmo assim com um olhar severo e com uma revista na mão.
- Vocês poderiam me explicar que diabos é isso? – jogou a revista perto delas, onde se via uma foto dos oito da madrugada passada – Sabia que iam acabar nisso! Não posso deixá-las um minuto longe das minhas vistas que saem arrumando homem!
- Ô, não é assim também! – elas reclamaram - Falando assim, parece que somos profissionais do sexo!
- Então me expliquem no carro. Vamos!
A noite foi mais uma vez narrada aos mínimos detalhes, enquanto iam para a entrevista e Alice ria cada vez que a parte das três que não se deram tão bem quanto era contada.

- Já liguei para a mais cedo. Quando acabarem uma entrevista, ela vai ligar de volta. Deu certeza de que vem – Tom se jogou no sofá de Danny, pegando uma cerveja.
- É hoje então! – Danny e Harry comemoraram.
- Danny, desista da – Dougie falou normalmente, mudando os canais da TV, como se estivesse entediado.
Ele olhou bem para o colega e o avaliou.
- Cara, vocês não estão juntos e nem nada – Danny bufou.
- Está bem então. Volte a pegar meus restos, beleza?
Ponto extremamente frágil em Danny. Péssimas lembranças a ele!
- Beleza, é a ou ninguém.
Falando assim, parece que ela é um lixo, mas a verdade é que Danny queria mesmo uma vez com . Bom, que se dane agora. Ele não iria nem chegar perto dela com outras intenções. Danny podia ser lerdo e poucas vezes burro, mas cometer o erro duas vezes é pior que qualquer coisa! Ficante do melhor amigo não se pega em nenhum caso. Ele não ia fazer a mesma coisa duas vezes.
- E quando elas vêm?
O que restava apra fazer era esperar que o celular voltasse a tocar, o que não demorou muito pra acontecer. Só que não era nenhuma das meninas, hehe. Só depois de uma hora que o celular de Tom tocou e dessa vez era dizendo que já estavam livres.
Digo que ficaram, pelo menos, uns cinco minutos só insistindo um com o outro em quem deveria levar as meninas até lá. Tom dizia que mandaria um motorista deles para buscá-las, enquanto dizia que não precisava porque já estavam com um e que só precisavam do endereço. Sem mais delongas, não precisou que ninguém fosse buscá-las. Elas já estavam a caminho. Esse negócio de cavalheirismo e educação juntos sempre acaba numa “enrolação” interminável.
Um barulho na porta foi escutado pelos quatro e, contentes com a visita tão rápida delas, foram todos até a entrada, dando de cara com um Fletch e Tony sérios.
Sabendo que não podia ser coisa boa pela fisionomia dos dois, os deixaram entrar sem nenhuma piadinha.
- Expliquem-me porque tinham que ficar de quatro para aquelas meninas da .– começou Fletch – Pelo menos três revistas dizem isso.
- E tem mais duas falando que vocês só estão amigos em busca de mais fama... – Tony continuou meio indignado –... E tentando algo mais. Tem uns depoimentos de umas fãs delas... “Acho que eles só estão saindo juntos para se aproveitarem das meninas, em todos os sentidos. E a fama é o principal.”.
- Que idiotice... – começou Dougie, querendo rir.
- Mais fama... Essa foi a pior coisa que já ouvi – Tom riu de uma vez, deixando livre o clima para que todos ali rissem, tirando Tony e Fletch.
- Pelo menos falaram algo real. A gente ficou mesmo de quatro – Harry deu de ombros, admitindo – Qualquer um ficou de quatro ontem. Até você, Tony. Não negue!
- É... Eles têm razão, Fletch – virou-se sem jeito para o chefe – Por foto não é a mesma coisa. Elas estavam mesmo estonteantes.
- Certo, realmente imagino – Fletch suspirou – Não estou aqui pra dar pitos nem nada, apenas pra avisá-los do que andam falando sobre vocês, antes que escutem isso por aí e falem coisas que não podem ser ditas.
E não só sobre isso. Foi avisar sobre o show que eles dariam no dia seguinte também, mas... Praa que falar sobre isso aqui?
Não demorou pra que Fletch saísse e Tony ficasse. Acabou que ele ficou sabendo de tudo e riu da cara deles – menos de Dougie. Antes que pudesse falar mais qualquer coisa, mais barulhos na porta da entrada são escutados. Dessa vez era o Marvin. Mentira, hehe. Eram as meninas E o Marvin. Cumprimentou as meninas e saiu, dizendo que se ficasse lá seria uma vela ambulante.
- Oi! – falaram em um coro mais uma vez perfeito.
- Meninas, sintam-se em casa – Danny sorriu e não só como todas as outras se sentiram derreter.
Qual é? É o Danny! Quem não se derrete?
- Parece que alguém andou sumido, Fletcher! – riu, carregando Marvin – Caramba, estou boba com como ele cresceu!
- Nossa, achei que ele nunca ia voltar! – Tom riu, indo de encontro à menina, dando um beijo demorado na bochecha da mesma e pegando o gato em seguida. Que ficasse na casa de Danny, tanto fazia. Marvin era a única coisa que tinha sobrado do relacionamento com Giovanna.
- Tem como sair do caminho, vocês dois? – Harry e Dougie falaram, sorrindo irônicos – Oi – a cumprimentaram quando finalmente saíram do caminho.
- E aí, ? – Dougie a cumprimentou de qualquer jeito até chegar a .
- – ela não teve tempo de responder porque Harry já tinha dado um pequeno beijo bem ao lado de sua boca, na trave.
- Oi... É... Oi, Ha-Harry – se desconsertou a princípio, mas logo sorriu – Jogo sujo não vale, Judd – sussurrou ao pé do ouvido do rapaz, depositando um beijo ali em seguida.
- Antes que vocês dois se comam na entrada da casa do Danny, podemos passar para não que não precisemos ver? – Dougie falou alto o suficiente pra todos escutarem e soltarem risadinhas. Entrelaçou sua mão com a de e a deu um selinho – Oi .
Até então ela não sabia como agir: como se a noite anterior não fosse nada e agir normalmente, apenas como amigos ou agarrá-lo no primeiro canto da casa? Parece que Dougie respondeu para ela. sorriu como se respondesse o cumprimento e o seguiu.
Só estava faltando o próprio dono da casa e .
- Olá Danny! Caramba, que casa bonita! – deu dois beijinhos na bochecha do menino – Meu Deus, aquilo é um Xbox? Eu sempre perco. Nunca soube jogar direito... Não importa o jogo, sou péssima! Ou não... Pode ser que não consigo controlar meus dedos direito. Eles vão rápido demais e nunca consigo deixá-los...
- , a gente está acostumada aos seus falatórios, mas coitado do Danny! – riu – É o chocolate que deram pra gente... Sabe como é... Açúcar...
- Claro, claro! – Danny respondeu, achando graça, e todas as meninas riram, menos .
- E isso é o que eu acho de amigas – a última fechou a cara.
- Quem disse que você é minha amiga? – perguntou com desdém.
- , sua delicadeza me encanta – revidou e a outra estava pronta para responder quando Harry interrompeu.
Ainda bem. Quem sabe até onde a discussão de brincadeira poderia chegar?
- Então, vocês acabaram de fazer uma entrevista – disse, querendo começar um assunto – Já viram o assunto que criamos por ontem?
- Metade da entrevista foi sobre isso! – as meninas quase pularam de indignação.
- E parece que amanhã vamos para Grécia para o nosso casamento, Tom – riu.
- Casamento? Já? – Tom riu surpreso – Por que todo rumor que me envolve tem a ver com casamento?
- Porque você tem cara de casamento – começou Dougie.
- É, está escrito na sua testa, cara – apontou Danny.
- Aham, e na sua está escrito “idiota” – o primeiro mostrou o dedo aos dois.
Passaram mais um tempo conversando sobre coisas alheias até todos se dispersarem com outras coisas entre cada um. Quando digo isso, me refiro a e Dougie, Harry e , e Tom e e Danny.
Óbvio.

- Vamos para outro lugar?
- Harry, se isso foi um tipo de cantada, vai ter que fazer melhor – riu e levantou-se – Aonde a gente vai?
- Arranjar algo pra fazer e não foi uma cantada! – ele riu – Mesmo que se fosse, você já estava de prontidão.
- Não! É que eu sabia que isso não foi uma cantada – ela piscou – A gente nem vai avisar que estamos saindo?
- Olhe pra eles – Harry apontou para os outros que estavam tão atentos a suas conversas que nem notaram a movimentação dos dois – Venha. Vou lhe mostrar um lugar.
o seguiu, não sabendo se rezava pra que fosse um quarto ou o contrário.
Passaram ao lado da escada, levando a um corredor grande com paredes de vidro e dando uma vista para o esplêndido quintal que tinha ali. Já acostumada a isso, continuou andando sem demonstrar surpresa. Logo no fim do corredor, havia uma porta imensa e, por um momento, ela se sentiu tentada a entrar lá por pura curiosidade. Sua vontade foi atendida porque Harry abriu as portas e a deixou entrar no maior salão de jogos que ela já viu na vida dela. Havia uma mesa de sinuca enorme no meio da sala, uma mesa de ping pong, um pebolim, uma mesa feita especialmente pra jogos de baralho, só para xadrez e mil tipos de fliperamas - todos com um tema de algum filme ou os normais mesmo, como corrida, pac man, tiros, dança... Dá pra saber. Ainda tinham milhares de esculturas de cada tema. Super Homem, Homem Aranha, o Doc, o Darth Vader e assim vai. Até aquelas cabaninhas de cartomante tinha! Isso sem contar nas diferentes cabines de cinemas 4D (onde as cadeiras se movem e você acha que está dentro do filme. Não me lembro o nome disso!). Por fim, as máquinas de pipoca, cachorro quente e sorvete.
Quem inventou que o dinheiro não traz felicidade é um completo idiota.
- Morri e estou no céu – se não tinha ficado surpresa com a varanda de Danny, quase caiu das pernas quando viu a sala de jogos – Vocês nunca ficam entediados. Não é possível! A única sala que vi parecida a essa era a do Michael Jackson!
- Na verdade, a gente fica – Harry deu de ombros – A gente já jogou todos e não é toda vez que a gente passa o tempo aqui no Danny. Não tem mais comida nos carrinhos. Perdeu a graça! - falou normalmente - É, era para ser igual mesmo.
- Não me fale que cada um de vocês tem um desse nas casas.
- Não, a gente não tem – Harry riu – Cara, comprar essas coisas não foi nada fácil e não é sempre que a gente joga... Só não tem poeira porque a faxineira limpa!
Eles ficaram em silêncio, enquanto olhava abobada para a sala. Ela achava mesmo que estava sonhando.
- Então... O que quer fazer primeiro? – ele perguntou com segundas intenções, mas ele fez algo errado. Não leve a uma sala de jogos daquele jeito.
- Eu não sei! Tem tanta coisa... A corrida de motos primeiro? Mas eu amo Pac Man... Meu Deus, aquilo é Super Mario? GTA! Juro que estou no paraíso! – ela não escondia o sorriso de criança no rosto. Como se ela conseguisse – Harry, por que diabos você não tem um desse na sua casa? Não sairia de lá nunca!
Ele não entendeu. Há minutos ela tinha dado a impressão de que era muito cada um deles ter uma sala de jogos daquela na casa e agora tinha um tom de como se exigisse!
Entender as mulheres era complicado. era pior ainda!
- Tenho uma chave daqui. Qualquer coisa, a gente entra aqui algum dia. De qualquer forma, estou negociando para ver se arranjo um carro daquele – apontou para a réplica do carro do filme “Back To The Future”.
A menina sorriu contente pra ele, o puxando em seguida para jogar alguma coisa com ela.

e Tom já tinham saído da sala logo após Harry e . Nem sequer notaram diferença. Só notaram quando passaram pela sala de jogos e escutaram os sons de Mario. Tom notou que já estava em uso.
- Está com fome? – perguntou, quando já tinham andado o suficiente pela casa.
- Para falar a verdade, sim – ela sorriu acanhada.
Ele apenas sorriu em resposta, mostrando a covinha – como se qualquer coisa que ele fizesse a covinha não aparecesse – e anotou mentalmente que, se ficasse mais íntima dele, falaria para que não fizesse isso novamente. O coração dela era frágil. O problema de todas as Fletchers era que sofriam da mesma coisa quando se tratava de Tom.
Passaram pela salam só encontrando e Danny, e seguiram até a cozinha.
- Quer o quê? – perguntou, observando a menina olhar pela cômoda tímida – Pode sair procurando. Você está em casa.
A menina assentiu e abriu a geladeira, a encontrando vazia, apenas com uma caixa de ovos contendo meia dúzia. Dois ovos estavam soltando um cheiro horrível. Tinha uma panela com algo verde, branco e amarelo dentro. A única coisa que não estava podre era uma manteiga.
- Esse cheiro está vindo daqui? – Tom apareceu atrás dela – Caramba, Danny não presta. Essa panela... A gente comeu isso três semanas atrás.
- costumava fazer isso... A gente teve que desligar a geladeira dela – eles riram.
- É, parece que a única coisa que ele tem aqui é cerveja e um pacote de salgadinho.
- Mas ele tem algo que nunca estraga aqui. Olhe – fechou a geladeira e pegou os imãs de diferentes fast food – A gente podia pedir alguma coisa.
- Estou com fome demais para esperar. Deve ter algo pra fazer... A dispensa dele não pode ser podre igual à geladeira.
Ele tinha razão, por parte. A dispensa estava vazia quase que por inteiro. Apenas umas coisas estavam salvas, enquanto outras já passavam do prazo de validade.
- Com o que tem aqui, dá pra fazer um bolo.
- É, mas a farinha saiu do prazo...
- A gente faz o bolo de qualquer forma e nós dois não comemos. Se eles passarem mal, problema deles!
- Boa idéia, Tom – gargalhou, pegando algumas coisas que precisava e Tom, o resto – Mas a gente come o quê?
- Aí a gente pede comida – o garoto sorriu. A desculpa do bolo era para que tivessem algo pra passarem tempo e gastando as coisas de Danny.
Já prontos pra fazer (bagunça) o bolo, às vezes cantavam algo em voz baixa, muitas vezes inventando partes inexistentes. Riram feito idiotas por isso.
- Tom, posso lhe perguntar uma coisa?
- Depende. Se for sobre a aliança, me desculpe. Não deu tempo de comprar... Recebi a notícia muito em cima da hora – respondeu gozado e riram.
- Tudo bem, sou uma noiva legal por enquanto. Deixo essa passar – vai sonhando – Mas... Aonde a gente vai? Hm... Não sei que dia... – perguntou incerta, se sentindo corar.
- Quer dizer amanhã à noite?
- Amanhã? – surpresa, tentou esconder a felicidade – Mas vocês não têm show amanha?
- É de tarde... Mas, por quê? Amanhã não pode?
- N-não. Amanhã é perfeito – sorriu.
- Então não se preocupe com aonde a gente vai – Tom sorriu maroto, quando ela não podia vê-lo.

O que era diferente pra era que, ao invés de passar a maior parte do tempo se agarrando com Dougie, como ela achava que ia fazer, lá estavam eles, rindo com todas as forças de vídeos idiotas no youtube (todos que eu falar aqui, quem ainda não viu – o que é meio impossível –, tem que ver!).
- Provavelmente metade da população mundial já viu esse vídeo, Dougie! – falou, observando o vídeo legendário carregar em uma rapidez com que ela já estava acostumada – Não é por isso que eu não vá assistir de novo.
E sem mais delongas, já estavam mais uma vez rindo e apontando freneticamente para o menino do vídeo, com direito a imitações.
- Nintendo Sixty FOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOUR! – Dougie gritou, batendo as mãos em uma caixa invisível e imitando a felicidade do menino em um dia de natal ao abrir o pacote, enquanto fazia caras e bocas falando “four” em câmera lenta – Não sei o que é pior: se é esse menino ou a menina.
- É, ela quase empina no pacote, enquanto o irmão tem ataque! Mas, Dougie, você sabe, sim, quem é o pior.
- Tem razão. Ninguém ganha do menino.
- Vai falar que você não nunca ficou assim? – perguntou gozada.
- Não – respondeu rapidamente e a menina o olhou como quem soubesse demais – Ok, talvez uma vez. Mas nem se compara!
- Sei.– após uns segundos em silêncio, ela caiu na risada – Estou o imaginando como o menino do vídeo!
- Gracinha – em um movimento rápido, a pegou pela cintura e selou os lábios, começando um beijo calmo quebrado por ele mesmo.
- Que foi? – perguntou, quando ele riu.
- Minha vez de imaginá-la como o menino – riu como idiota.
- Até que teve uma vez parecida – ela o acompanhou na risada, quando a lembrança veio – Quando os DVDs do McFly que eu pedi chegaram. Foi escandaloso e parecido, só que do meu jeito.
Foi mais ou menos assim: ela estava no carro com a mãe, e , quando a mãe dela diz que algo chegou enquanto ela estava fora e dá um pacote pra garota. Ao ver o tamanho do pacote, já tinha certeza. Ela começou a gritar “chegou! Chegou! São os DVDs! AAHH”, fora os gritinhos histéricos que não são entendíveis e mais as batidas no porta-luvas do carro, o sorriso gigante e as balbuciadas que dava para as duas amigas no banco traseiro.
Ela não sabe como ou por que – como se precisasse mesmo saber –, mas a boca dela já estava na de Dougie. A única coisa importante ali era que ficar com ele era bom, muito bom. De repente, já estavam vendo outro vídeo.
- Esse aqui é ótimo! – clicou em um vídeo.
A rotina daquele dia era ver uns vídeos e se amassarem, verem vídeos e se amassarem, qté certo tempo que nem viam metade do vídeo e se agarravam enquanto ele passava.
- O vídeo tem cinco segundo, – Dougie disse, desapontado pelo negócio ser tão pequeno.
- São os cinco segundos mais engraçados da minha vida.
O vídeo era daquele esquilo com a música de suspense (dramatic chipmunk). Como diz a descrição do vídeo: “os melhores cinco segundos da internet” - assim como a menina disse.
Bem, para quem tem um senso de humor suspeito – ou não –, juro que nunca vi alguém deixar de rir desse vídeo. É quase a mesma coisa que a piada da Bola Azul. Como tinha certeza, Dougie riu horrores do animal.
- Então – deu uma última risada fraca – Ainda quer ver vídeos?
- Se tiver outra coisa em mente, tudo bem – deu de ombros.
- Eu tenho.
E mais uma vez acabaram aos beijos.

- Não adianta, Danny. Eu não sei jogar nada! – continuava implicando – Até Guitar Hero que eu deveria ser boa... No fácil, é impossível para eu fazer mais de setenta por cento. Se tivesse um kids, quem sabe eu seria boa!
- É porque nunca jogou com especialistas! E no Tap Tap Revenge tem um nível kids... Já tentou?
- Já. Não sou um espetáculo, não, mas até que vai! E por acaso você conhece um especialista?
- Claro. Eu!
Momento de silêncio.
olhou bem pra cara dele e riu, bem alto.
- Danny, se você fosse um profissional de verdade, ainda ia... Mas você não é! – ela disse, como se falasse que quisesse botar juízo na cabeça de uma criança teimosa, e ele rolou os olhos.
- Então está bem. Vamos fazer um acordo: você joga uma vez comigo, sem ajuda nem nada, perde feio e depois joga com minha ajuda.
- Topo – ela sorriu, tendo certeza de que isso não ia rolar.
Como eles combinaram, jogaram umas três rodadas de Mario Kart e, como previsto, estava perdendo feio. Enquanto Danny já estava a muitas voltas em primeiro lugar, a menina custava para pilotar pelo lado certo, em último lugar.
- Hum, a primeira coisa que você deve fazer é: pilotar do lado certo – ele começou, quando o jogo acabou – Depois, acelerar e girar conforme a pista muda não o tempo todo.
- Isso, pode zoar mais.
- Mas a gente combinou! – Danny começou a rir quando viu que ela ficava cada vez mais possessa com o que ele falava – Vá. Vamos jogar de novo...
Pegou os controles, arrumou as partidas, escolheu a pista e esperou dar um sinal de vida, mas ela mantinha a cara fechada.
- Ah , melhore essa cara! Você joga bem, sim. Melhor do que o Harry – na verdade, eles tinham algo em comum... Não suportavam perde. – Vá, . Eu a deixo ganhar.
- Deixar ganhar? Deixar ganhar? – ela perguntou com a voz esganiçada – Vamos jogar essa porcaria logo e não precisa “me deixar ganhar”. Vamos ver na treta.
Ela se referia ao jogo. Não irritar era uma boa coisa, já que ela sempre tinha umas indignações sem tamanho e às vezes acabava falando coisas sem nexo ou gírias totalmente estranhas.
Danny não escutou o que ela disse. Jogou quase sem nem acelerar direito e até que a menina estava se saindo bem! Não tinha errado o caminho em nenhuma vez e conseguiu chegar ao primeiro lugar duas vezes. Porém acabou em quinto e Danny em terceiro.
- Acho que descobri um jeito de fazê-la jogar... – queria ter dito pra ela, mas falou mais para ele mesmo, pelo volume.
- Falou alguma coisa?
- Não – ele sorriu – Viu como você sabe jogar? Só não acredita em você mesma.
- Que frase profunda, Jones! – ela riu, dando um pequeno empurrão nele, como se eles fossem “camaradas”.
- Então é assim é? – acompanhou-a na risada e acabou a carregando, tirando-a do chão e fazendo cócegas na mesma.
Agora, como ele fez isso é uma boa pergunta.

O tempo se passava e e Harry nem percebiam. Já perderam a conta de quantos jogos brincaram.
- Sinto-me com quinze anos de novo.
- Quinze? Não quer dizer... Sei lá... Dez? – Harry perguntou.
- Dez? Não. Aos dez brincava de Barbie ainda. Aos quinze que me divertia desse jeito! – respondeu e ele achou graça. Ela era um tanto quanto excêntrica – Vamos fazer o que agora?
- Tem muita coisa que não jogamos ainda. Se quiser...
- O que tem ali? – ela interrompeu, apontando para um grande armário embutido. Assim... Curiosidade para ela não é nada. Ela pergunta mesmo.
O baterista andou até lá e abriu as portas, dando uma vista para mais centenas de jogos. Como se precisasse de mais.
- Jogos de tabuleiro? – perguntou ela estupefata – O que mais vocês têm aqui? Quer dizer, o que não tem?
- Nada mais. A outra porta é o banheiro...
- Meu Deus! Jogo da vida? Não. Demora muito e só é legal com mais pessoas... – interrompeu de novo com seus pensamentos altos – Banco imobiliário, perfil...
- Scotland Yard é legal...
- Harry, eu toco bateria. Posso ter um pouco de coordenação, mas não sou nada boa nisso. Lógica? Saia fora – ela riu e ele a acompanhou – Mas aquilo - apontou – Eu amo.
se referia à grande caixa do Imagem e Ação.
Logo estavam os dois quase gritando de excitação pelo jogo e rindo também. Aboliram as regras e jogaram do jeito deles, apenas com mímicas ou desenhos. Estavam agindo como perfeitas crianças através de péssimas mímicas e desenhos piores ainda!
Era a vez de fazer a mímica e, ainda rindo do desenho bizarro de Harry, pegou o bilhetinho e o leu.
- Como que vou imitar isso? É completamente abstrato! – confusa, começou a pensar.
- A graça o jogo é deixar o outro descobrir e não saber, – apesar do que ela disse (de ser abstrato), Harry não tinha idéia – E está perdendo tempo – apontou para a ampulheta que escorria areia rapidamente.
- Já sei - ela fechou os olhos e fez um pequeno beiço com os lábios em forma de beijo.
Harry a olhou por uns segundos, vendo se ela abriria os olhos, mas a mesma não agiu. Foi exatamente ao contrário. Ele acabou com o grande espaço entre eles em segundos, selando os lábios. Por apenas um milésimo, achou que ela ia se afastar, mas o que aconteceu foi que a menina passou os braços em torno do corpo do rapaz e as línguas se juntaram, brincando uma com a outra.
Não era nada calmo o beijo. Parecia que o mundo ia acabar pela forma em que os dois se beijavam. Depois de poucos minutos que os desesperados se acalmaram com mordidinhas, selinhos e beijos/chupões no pescoço.
- Seu tempo acabou, Judd. Ganhei o jogo – sorriu convencida.
- Nós dois ganhamos – roubou outro beijo – Afinal, qual era a resposta?
- Amor.
- Sabia que se fizesse um coração com a mão seria bem mais fácil, certo?
- Sim, mas quem disse que eu queria que fosse fácil? Não sou idiota assim – é, não para perder isso.

- Sei de um jogo... Quer saber? – perguntou sorridente e Dougie, concordou.
A rotina daquele dia era não ser apenas um quase-casal se pegando a tarde toda sem tempo pra respirar. Eles conversavam, tinham o que conversar, e isso é o que deixava a tarde gostosa para eles. Continuarem ficando foi bom para os dois.
- Acho que o Danny tem aqueles dadinhos que lhe diz o que fazer, caso queira também – Dougie gargalhou ao ver o rosto dela tornar-se escarlate – Diga-me o seu jogo.
- É assim: alguém pensa em uma palavra e vai falando, sempre aumentando o volume conforme fala.
Aquilo era mais legal se estivessem em um lugar aberto, e não no escritório de Danny, com várias pessoas em volta. Se não fossem famosos, seria mais divertido também, ou não.
- Está bem... As damas primeiro - era um jogo bem à toa pelo ponto de vista de Dougie, mas, para quem brinca de usar nomes de filmes e acrescentar 'in my pants' numa barraca junto com Tom para não morrer de medo, o jogo era no mínimo tentador.
fechou os olhos e respirou fundo, pensando em qualquer palavra. Sorriu fraco, mordendo os lábios, provavelmente achando graça da palavra.
- Tem certeza? - ela apenas o olhou como se esperasse - Pênis... - repetiu num tom mais fraco que o dela - Pênis! - ela ia aumentando o volume cada vez mais, sem ligar se os vizinhos ou seus próprios amigos ouviam. Se ouvissem, que pensassem que estivessem fazendo o maior sexo selvagem.
- Pênis!
- Pênis!
- Pênis! - ele acreditava que o mundo já estava escutando e, antes que alguém entrasse pela porta para saber do sexo que eles supostamente estariam fazendo, voou na menina e a beijou, calando-a antes que repetisse mais uma vez e mais alto. Beijaram-se no sofá do escritório de Danny por um bom tempo, o que era normal. Tinham milhões de caixas de som e aparelhos que eu não sei o nome, que a maioria dos integrantes de bandas tem em casa, caso queiram gravar algo por conta deles.
- Hm... Dougie... A gente vai ficar ficando por quanto tempo? – perguntou depois de um tempo em silêncio.
Ela perguntou mais por curiosidade. Queria saber se ele estava com ela por um tipo de pena ou porque realmente queria. Ele achou que era porque ela já estava de saco cheio, ou que tinha algo errado com ele.
Algo errado? Em Dougie? Certeza.
- Pelo tempo que você quiser... Sei lá. Vamos deixar rolar, se quiser.
- Ah... Então ok. A gente pode voltar a se beijar agora e acabar com esse clima que ficou aqui? – perguntou, engolindo a vergonha.
A única coisa que ele precisou fazer foi obedecê-la.
- É, vamos deixar rolar – disse a menina mais pra ela mesma.
- Está com fome, ?
- Para falar a verdade, sim.

- Pare de me deixar ganhar, Danny!
- Mas eu não estou deixando! – reclamou ele pra garota, quando perdeu mais uma vez. Ele não estava a deixando ganhar mesmo.
- E pare de mentir para me fazer sentir bem. Eu não ligo para isso!
- Mas, , é serio. Não estou a deixando ganhar e nem mentindo sobre isso!
Já tinham mudado para um jogo no Wii e , toda hiperativa, já se movia o tempo todo de acordo com o jogo, até mais do que era necessário.
- Você está brincando que estou mesmo ganhando por três partidas de você – falava com a boca entreaberta, sem acreditar.
- É. Incrivelmente, você está.
- Nunca pensei que suas dicas realmente funcionariam...
- Outch, agora você está começando a ferir meu ego – falou Danny com uma ponta de indignação.
- Foi mal. Não era pra chegar a esse ponto – ela se desculpou – Digo, quem em santa consciência anda pelo lado contrário da pista no Mario Kart? – riu debochada – E não passar do fácil no Guitar Hero? Pelo amor de Deus!
- Como assim?
É, como assim? Eu não estava sabendo disso também não!
- Danny, vai dizer que não sabia? Caramba, minha segunda paixão é vídeo game! Tem um jogo ou outro que não sou boa, mas sabe...
- Espere aí. Está falando que estava brincando comigo?
- É. Eu diria mais tirando uma com sua cara, mas, sim, pode ser.
Essa é nova até pra mim. Estava me acostumando ao fato da ser um pouco odiada nessa história. Não que ela seja. Ela não é, mas é o modo em que as suas próprias amigas a tratam que... Vou calar a boca.
Danny ainda não falava. Como aquela coisinha pequena e totalmente indefesa - que por acaso tinha músculos maiores que os dele - tinha acabado de tirar uma com a cara dele?
- Mas você... Você estava perdendo e...
- Quis fazer uma ceninha. Foi complicado de início... Segurar-me pra deixar você ganhar não é nada fácil, mas até que me acostumei!
O silêncio reinou. Por segundos, já que Danny desatou a rir escandalosamente, enquanto a menina o olhava confusa.
- , não. Ok, você quis me deixar “feliz” agora. Não tem problema. Não ligo, não.
- Uai, Danny. Não estou o entendendo. É verdade. Deixei-o ganhar desde que começamos a jogar.
- Adoro pessoas com senso de humor – soltou uma única risada – Quer jogar qual agora?
- Algum que faça você acreditar.
Perderam a conta da quantidade de jogos que já tinham jogado – três, na verdade - e Danny não queria acreditar. estava mesmo falando sério. Mesmo que por pouca desvantagem, ele perdia todas as vezes.
- Beleza, acredito que você estava “me deixando ganhar”, mesmo que eu perca por pouco.
- Foi legal ver sua cara por um tempo. Brincar com os outros é realmente divertido! – riu.
- Quer saber o que é brincar, quer?
foi pega de surpresa. Em um segundo, estava com o controle na mão, e no outro o que tinha nas mãos eram as costas de Danny. As testas estavam coladas e se olhavam diretamente nos olhos. Por um tempo, ela se perdeu nos azuis dos olhos dele e se perguntou como alguém podia ter olhos tão azuis e tão hipnotizantes iguais ao dele. As bocas estavam a centímetros de distância e nenhum dos dois via a hora para essa distância acabar.
- Danny, vá pegar comida para as... – Dougie parou assim que viu o que ia acontecer e riu – Meninas. Foi mal, cara.
- , acho que você ainda não aprendeu a dar uma chance aos outros – reclamou em português apenas para a garota e depois voltou a falar em inglês com todos.– A e o Tom estão na cozinha. Eu não entro lá, nem se me pagassem.
- Cara, é minha cozinha. O Tom não faria isso... Faria? – aí passaram a ouvir risos e gritos vindos do lugar.

Tom e estavam sentados no balcão de Danny, esperando o bolo ficar pronto. A menina tinha a cabeça quase enterrada em seus braços e o menino empinava a cadeira, assobiando uma música qualquer e olhando para um ponto indeterminado do teto.
- Você deve estar morrendo de sono. Não devia ter vindo – Tom disse solidário.
- Tom, fique quieto. Se estivesse em casa, estaria comendo e vendo um filme qualquer na TV com as meninas jogadas pela sala comigo – ela riu – Mas está me mandando embora?
- De jeito nenhum! – respondeu assustado – Não era pra soar assim. Só estou falando que você está quase desmaiando aí – “e continua linda” ele pensou.
- Só esperando. Ainda não sei por que fizemos esse bolo, sendo que não vamos comer – riram – A gente não vai dar pra eles comerem, certo? Digo, adoraria fazer isso, mas amanhã todos nós temos compromissos...
- , relaxe. A gente vê o que faz. Se eles comerem, é porque são idiotas.
- E quanto a nós? – ela perguntou, corando em seguida e torcendo para que ele não entendesse a ambigüidade da pergunta.
- Não sei, Podemos pedir comida tailandesa, indiana... Mas acho que japonesa é melhor – Tom falou e ela concordou – E depois podemos nos beijar.
- É! – ela concordou novamente, soando calma – Onde está o telefone?
Ligaram, mas não se beijaram depois. Tom falava sério, mas, por algum motivo desconhecido, não rolou. Quem sabe era porque os dois eram tímidos demais pra tomar uma atitude.
andou até o forno para dar uma olhada no bolo e passou a ver os armários, achando algo comestível e que todo mundo adora.
- Tom... – começou com a voz trêmula, como se estivesse com medo.– Tem a pos-possibilidade de ter algum bicho aqui?
- Não... A faxineira limpa tudo três vezes por semana. Por quê? Tem algum bicho aí
- Tem... Ele é branco e... Tom, eu te-tenho insectofobia...
Mentirosa... O outro não sabia disso, no entanto. Correu ao lado dela a tempo de ver um borrão branco em sua cara. O que era pra ser um inseto virou uma bola de chantilly que a outra tinha achado.
caiu na gargalhada e nem percebeu quando a lata foi tirada a força de sua mão. Só parou de rir antes que engasgasse com a quantidade de creme que recebeu na boca... E fora dela também.
- Não vale! Estou em desvantagem aqui! – puxou a lata da mão do rapaz e sem dó jogou nele todo.
- Agora teremos que ficar quites – limpou um pouco do que tinha em seu rosto e cabelo, puxando em seguida a lata para si – E nem adianta fugir!
Correram como idiotas pela cozinha toda, um jogando chantilly – que não acabava, pelo jeito – no outro.
Gritos e risos saíam da cozinha a uma altura que todos da casa escutavam. Ninguém se atreveu a entrar, enquanto esses barulhos não cessassem. Vai saber. No The Sims, quando os Sims estão fazendo oba-oba, eles não param de rir e soltar uns gritinhos empolgados.
- Que gracinha. É o bolinho mais bonito que já fiz – Tom riu ao jogar o resto do que tinha na lata em cima da cabeça da menina, a fazendo parecer com um típico bolinho – Só está faltando uma cereja... – por falta de alimentos, pegou um chiclete que tinha no bolso e colocou no topo da cabeça da menina – Calma aí. Falta uma foto.
- Você me paga, Fletcher – riu a menina ao olhar a foto e seu estado – Não pode falar nada, que você está igual! A diferença é que não tem uma montanha branca na sua cabeça.
- Não... Você está mesmo pior do que eu. Venha aqui. Deixe-me ajudá-la a limpar – pegou um pano e foi até a garota. De propósito, chegou bem perto do rosto dela, passando suavemente o pano em sua bochecha. Sem perceberem, estavam se aproximando a cada segundo.
- É seguro abrir os olhos? – a porta da cozinha foi aberta de supetão, dando passagem para Danny e o resto – Os risos pararam. Aachamos seguro aparecer.
- Na verdade, é que está cheirando queimado. Aí a gente achou que vocês estavam tão... Ocupados que podiam ter se esquecido de algo no forno.
- Mas pode abrir, Danny. Você está perdendo a cena mais engraçada do mundo.
- Cara, tinha chantilly aqui?
- O BOLO! – e Tom gritaram juntos, indo em direção ao forno para ver o bolo inteiro preto – Ele... Não resistiu.
- Que droga! A gente vai comer o quê? – reclamou Dougie.
- Não tem nada na geladeira? – perguntou.
- Se você quiser coisas estragadas, tem de sobra! – riu – O bolo era estragado também. Bom... Pelo menos a farinha era.
- Mas a comida de verdade já deve estar chegando.

Esquecendo-se da interrupção, todos se sentaram no balcão, esperando a comida, e aproveitaram pra conversar. Tom e foram zoados até a última encarnação. A menina principalmente. Só que agora não tinha uma montanha branca na cabeça, já que todos tinham comido a maior parte, antes de chegar aos cabelos dela. Apenas quando o interfone tocou que os seis tiveram a ilustre presença de Harry e .
- Nem vou perguntar o que estavam fazendo. Seus lábios entregaram já – disse e todos riram. não se envergonhou. Tinha uma expressão orgulhosa - É complicado de nos entender... brincando com Dougie seu jogo de palavras e começa a gritar 'pênis' cada vez mais alto; as duas crianças se jogam comida; eu e Danny jogando vídeo game e os outros dois se pegando... Nós temos quantos anos, afinal?
- Dois? - Tom perguntou, rindo. Virou-se pro Judd e para depois - Só aparecem na hora de comer, esses desgraçados.
- Fique na sua, Fletcher – Harry disse, se sentando - , é bom não agirmos como a idade manda... Você seria uma mala sem alça.
- Mais? - riu e, antes que tivesse brecha pra uma discussãozinha, criou outra guerra de comida, mas sem muito desperdício dessa vez.
Comeram, riram, conversaram, viram coisas estranhas para se ver na hora da comida e, após um tempo, as meninas saíram. O dia seguinte seria longo, mas algo dizia que seria bom para mais alguém.


Capítulo 12: Tom.


Chega de falar de todo mundo. O melhor chegou.
Sem ciúmes. Todos terão uma vez na narração, mas agora é a vez do cara mais foda dessa galáxia.
Agora vou deixar de me gabar um pouco – como se realmente precisasse disso. ‘Ta, eu paro. Vou mostrar que não sou só um cara com uma covinha na cara (ele quis dizer cratera). Serei maduro e ignorarei o comentário do narrador fixo para continuar o que estava falando. Enfim, não sou só um cara com covinha, que canta e toca pra caralho, que desenha, atua, e adora dançar. Caramba, às vezes me surpreendo com as coisas que posso fazer... Certo, beleza. Juro que paro de me gabar. É só pra descontrair. O que dizia é que ia mostrar que não sou apenas um cara com todos aqueles adjetivos e vou passar a contar essa parte da história. Ou pelo menos a minha parte dela. O resto que se dane. É isso aí.
Ontem, depois que comemos, fomos acabar com as coisas que Danny tinha que não haviam estragado: cervejas/vodcas/bebidas em geral. Não eram muitas, mas deu pra diversão. As meninas são bem divertidas quando estão altas... Só que acho que às vezes esculacham . Ela é meio irritante quando bêbada, é verdade, mas não deixa de ser engraçado. E a é ótima quando não diz que tem um amigo que está sempre com ela. Tinha hora que ela falava sozinha e dizia estar falando com o suposto amigo. Pelo menos Harry a manteve ocupada para que não dissesse mais nada. Ela tinha algo com miojo também... Melhor nem querer saber. De qualquer forma, não era o momento para ficarmos tontos para valer. Hoje temos um show e elas tinham um meeting em uma loja de CDS, entrevistas, algo assim. Elas foram embora um pouco cedo e cada um de nós foi para suas casas um tempo depois.
No momento, estou com o laptop no colo, voltando a Londres de Brighton, onde foi nosso show, com os outros três macacos no ônibus. Harry está em um cochilo profundo desde que chegamos à estrada, Dougie, olhando para o além com os fones no ouvido e Danny, folheando uma revista qualquer, enquanto fica cantarolando qualquer coisa do Springsteen. Hoje à noite sairei com . Se for impossível ter um momento a sós que vá valer mais a pena quando estamos todos juntos, faço ficarmos sozinhos a força. Ela me provoca sem gestos e palavras. Preciso dessa garota!
Ninguém, além de nós oito, sabe que vamos sair. Claro, o lugar a que vamos também sabe, mas vou tanto lá que ninguém espalha para mídia. Sou meio que querido por ali. Porém, mesmo assim, parece que se tivesse a mídia do Reino Unido todo ligando pra mim, não seria nem metade do que as meninas ligando no meu celular. No começo, elas queriam saber aonde eu ia levar , mas agora ligam por puro prazer de me irritar. A música do meu celular não sai da minha cabeça agora. Acabei não contando nada a elas. O que era surpresa continuaria surpresa. As desculpas eram várias, dentre roupa para ela usar, quanto tempo faltava pra chegarmos a Londres – e isso foi por horas... “Está chegando?”, “falta muito?”. Típico de criança perguntar –, o que eu estava fazendo, se prefiro salmão a hambúrguer e, quando realmente começou a irritar, começaram os pequenos trotes.
Pela milésima vez, o celular voltou a tocar. Harry resmungou algo como ‘vou matar aquelas meninas’ e virou pro canto, dormindo de novo. Só que agora não eram e . Era o número da .
- Alô?
- Oi Tom! – era a .
- Tchau – já ia desligar quando ela gritou.
- Não liguei para fazer o mesmo que as outras duas à toa!
- Não? – perguntei com a voz mole, sem acreditar.
- Não. Na verdade, eu e a estamos comprando umas porcarias, tomando café, vendo umas roupas...
- ... – falei quando ela parecia que ia viajar e contar o dia dela. Dougie e Danny já prestavam atenção à conversa.
- Ah, desculpe. Então, nem sabíamos que as outras estavam enchendo o seu saco. Dougie me mandou uma mensagem agora há pouco dizendo que seu telefone não para de tocar e que é por causa das meninas. Aí a não gostou de saber isso e pede desculpas. Ela falaria com você, mas...
- ? – perguntei quando escutei duas vozes longes.
- A vermelha, definitivamente.
- Mas a branca ficou melhor... - aquela voz definitivamente era de .
- Oi, desculpe. Precisava dar minha opinião – voltou.
- Estão comprando o quê? – perguntei, imaginando que seriam blusas ou coisas do tipo.
- Lingeries – ela respondeu normalmente.
- MANDE-A COMPRAR A VERMELHA! – gritei, imaginando.
- , o Tom mandou você comprar a vermelha.
- Você está falando com ele? No meu celular? , só pedi que ligasse para pedir desculpas, e não contar o que estávamos comprando!
- Agora a vermelha vai combinar com seu tom de pele - acabou de falar, rindo. Depois, nenhuma das duas disse alguma coisa, até dizer ‘vai as duas, então’.
Uns minutos depois, falei com . Ela estava um pouco complicada para formular uma frase sem gaguejar, mas por pouco tempo. Pediu-me desculpas inúmeras vezes, dizendo que Harry podia se esquecer de que um dia existiu e que Danny nunca ia encostar na . Por fim, eu disse que mais tarde ligaria para ela.
Repassei o recado a Harry – quando ele acordou – e Danny e eles só fizeram rir. Acho que riram mais pelo fato de que elas não paravam de me encher o saco e eu não fazia nada, ou porque isso é realmente engraço, ou por falta de resposta.
Mais duas ligações das duas irritantes e parou. O silêncio reinou no ônibus, tirando o celular de Dougie que vibrava hora ou outra, a música que ele escutava e a que Danny cantava. Harry continuava dormindo.
Sem nada para fazer, entrei no twitter. É a melhor coisa que o homem podia ter inventado. Não sei o que faria sem ele. Há dois minutos, tinha recebido duas direct messages. e insistindo para que eu falasse com , porque aparentemente e trancaram as duas no armário da escada e elas estavam com fome. Também pediram desculpas e disseram que estavam entediadas. Esse era o motivo das ligações.

Estava na frente da casa delas, exatamente às nove e meia da noite – como havíamos combinado –, esperando alguém abrir a porta, o que não demorou muito. Estava me sentindo como um garoto do colegial no primeiro encontro, suando igual a um porco e sentindo que ia perder a fala. Fazia tempo que isso não acontecia. Quem abriu a porta foi . Não digo que ela estava casual, para quem fica o dia todo enrustida em casa, porque não estava. Na verdade, estava com roupa para sair... A menos que ela fique em casa de salto alto e maquiagem o tempo todo.
- Oi Tom. A já está vindo – sorriu, abrindo espaço para eu entrar – Entra e sente-se aí.
- E aí, Tom?! – essa era , vindo da mesma forma que : arrumada – Nós já estamos prontas.
- Nós? - se ela acha que, quando chamei para sair, eu me referia a todas elas, se enganou gostoso.
- É claro. Nós todas vamos, não é, ?
- Claro – riu, concordando.
Engraçadas. Vão o caralho, isso sim! Vou sair com a e só. Não tem nada de baixo e nem bateria no meio do encontro. São guitarras apenas e é legal o suficiente para entender que ela não está incluída.
- Bom... Quando saíram do armário? – ignorei minha vontade de falar que elas não iam e puxei qualquer assunto.
- Quase duas horas depois. se esqueceu de nos tirar de lá... Já estava quase atravessando o túnel quando ela me abre a porta, rindo. Só depois perguntou se estávamos bem e pediu desculpas. Desgraça alheia não faz bem a ela – respondeu com o olhar longe.
- É por isso que estamos indo com vocês... Como vingança – completou.
- Não, vocês já estão quites... Encheram-me o dia todo. Foi bem merecido – tentei mais uma vez mudar o rumo das coisas.
- Não, não é vingança dela... É de você mesmo.
Chega de bancar o bonzinho. Vou passar a noite sozinho com , nem que...
- Relaxe, Tom – disse, descendo as escadas e atrapalhando meus pensamentos.– Nós três vamos sair, sim, enquanto você e a minha colega da guitarra vão fazer só Deus sabe o quê. Não é com você – ela riu – A propósito, ela já está vindo e, devo avisar, a mesma está emo.
- Como sempre... – as outras duas rolaram os olhos e bufaram, me fazendo rir.
não é emo. Ela só é... Ela.
- Vão se foder, vocês três – a última voz disse e depois completou, sorrindo para mim – Oi Tom.
Legal. Emo? Eu diria gostosa. Linda e gostosa.
Suas pernas estavam à mostra com um vestido preto de uma manga só, com detalhes prateados caindo por ele todo, um elástico nas coxas, que não estava apertando tanto, e uma sandália... Estranha. Tampava seu pé, menos os dedos e o calcanhar. Por fim, segurava um sobretudo preto, com estrelas prateadas em pontos estratégicos. Ela gosta de estrelas... Além do casaco, tem duas pulseiras do mesmo jeito e brincos também. Os olhos estavam pretos e esfumaçados. As bochechas, levemente rosadas. E os lábios, brilhantes em um gloss transparente. O cabelo estava solto e levemente ondulado.
Então, não é porque eu fiz um photoshot com cílios postiços que isso vai me deixar tachado como gay. Também não vou ser tachado de gay só por explicar como a menina estava se vestindo e explicar que de emo ela não tinha nada. Parece que as amigas dela adoram tirar com a cara dela.
- Então, estou emo?
- Não, de jeito nenhum. Está linda – disse sincero.
- Obrigada – ela sorriu e corou um pouco – Elas estão com ciúmes porque vou sair com você – terminou, sussurrando apenas pra mim.
- Quem cochicha, o rabo espicha... – falou numa voz afetada.
- Quem reclama, o rabo inflama – respondeu do mesmo jeito.
Estou no meio Dougie e Danny, só que na versão feminina.
- Come pão com taturana... – baixinho, se atreveu a falar novamente, mas mesmo assim todos nós escutamos. Depois de digerirmos, gargalhamos.
- , não rime!
- E não tem nada a ver!
- Mas é legal falar. Deixem-me! – reclamou ela, fazendo bico.
- O papo está ótimo, mas estamos indo – acabei por ali antes que entrasse numa discussão interminável.
- Certo. Não façam o que eu não faria – falou, enquanto nos levava à porta.
- Vixi, então estamos livres pra fazer qualquer coisa, Tom – riu e olhou para ela com cara de bosta.
- Divirtam-se. Qualquer coisa, estaremos na Lily, – a menina ao meu lado assentiu e, assim que a porta foi fechada, fomos em direção ao carro.
- Lily Allen? – perguntei curioso. De quantas pessoas mais elas são amigas?
- É... Somos um pouco amigas.
- E você não quer ir? – perguntei meio sem jeito. De repente, ela achou falta de educação dizer não pra mim.
- Tom, estou saindo com você hoje.
- É, mas não quero a impedir de fazer nada...
- Vou ser sincera – ela disse séria e juro que fiquei com medo – Eu seria realmente idiota se preferisse uma ida à casa da Lily a sair com você.
Sério, isso já valeu a noite. Obrigado.
- Hm, obrigado... Uma noite comigo é mais divertido do que uma noite com qualquer pessoa.
- Não duvido disso – ela sorriu – E aonde nós vamos?
- Você vai ver.

Como um perfeito cavalheiro, abri a porta para ela entrar e sair do carro. Dirigi sem nenhum problema, sem nenhuma pista de paparazzis nos seguindo e cantando qualquer música que tocava no rádio. Praticamente gritávamos Jonas Brothers, para falar a verdade. Deve ser ótimo ser um Jonas... Tom Jonas. Hm, não. Fletcher é melhor.
- Você não perguntou para nenhuma das meninas aonde me levar, perguntou? – perguntou, assim que ficamos de frente ao restaurante que íamos comer: Joël Robuchon.
- Não...
- É meu restaurante favorito. Não que eu goste de gastar dois mil dólares por um jantar, mas a comida é boa – respondeu antes que eu pudesse perguntar o porquê – Fletcher, a cada hora você me ganha mais ainda.
Ela falou muito baixo, extremamente baixo, mas eu estava perto o suficiente para escutar.
- Disse alguma coisa?
- Eu? Não! Nadinha! – desconversou com um sorriso. Que gracinha.
Já tinha ido aos outros Joël Robuchon dos outros países e não era muito diferente do que tinha em Londres. O local era um escuro relaxante. Romântico certas horas e bem confortável. Cozinha francesa, atendimento de primeira... Local perfeito.
- Aqui é mais vermelho que na América – ela comentou. Provavelmente um pensamento alto.
- Fletcher, meu caro amigo! Devo admitir que fiquei surpreso quando vi seu nome nas reservas. Você não aparece por aqui faz bastante tempo – Jasper, o melhor garçom metidinho à francesa do restaurante, já era meu amigo – E nova namorada? – perguntou ao ver parada ao meu lado – Escolheu bem dessa vez. Falei-lhe que aquela Giovanna não era torta apenas no corpo.
- É, você falou... – admiti e soltou um risinho – Mas não é minha namorada. É uma amiga.
- E duvido que vão sair daqui sem serem mais que isso – ele riu, nos levando até a mesa, a minha mesa – Você parece muito a guitarrista daquela banda de meninas...
- É ela. Por isso pedi mais privacidade o possível hoje.
- Seu gosto para garotas está definitivamente melhor, Fletcher – Jasper sorriu orgulhoso, não me pergunte por que, e pegou seu bloco eletrônico – Vão pedir agora?
Conversamos durante toda a entrada e o vinho ia diminuindo. A cada hora me surpreendia com aquela garota. Era por seus hábitos ou simplesmente seu jeito. Quase toda a equipe do restaurante passou pela mesa para nos dar uma palavra e sempre diziam que era a namorada mais bonita que já arranjei. Como se tivesse tido outra além de Giovanna.
- É tão ruim assim ser sua namorada?
- Como assim?
- Ué, toda hora que alguém aparece aqui e diz que somos namorados, você diz que sou sua amiga – ela explicou – Entendo que noiva é areia demais, mas já estou me acostumando com o ‘namorada’.
- Não, claro que não! Se realmente fosse ter uma namorada, você seria perfeita para isso – falei sincero. Ela me surpreende a cada minuto. É capaz que ela seja a mulher para o resto da minha vida!
Hm, talvez nem tanto assim.
Acabamos pedindo o prato principal – que na verdade eram seis pratos. Qual é? Nunca viram o tamanho dos pratos? Totalmente ao contrário dos preços – e, enquanto esperávamos, um assunto levou a outro, que levou ao iPhone, que levou a um aplicativo dele e lá estávamos nós dois, jogando Tap Tap Revenge só para ver quem era o melhor. Devo admitir: a menina manda nesse jogo. Não é possível. Ela ganhou várias partidas no telefone dela e no meu não tantas, mas ainda ganhou.
Tem também um ótimo gosto para músicas. Algumas eu não faço idéia de quem são ou são bandas brasileiras, porque não entendendo o nome – ela disse que se eu conhecer alguém que escute Cine ou Restart, é para eu ter certeza de que essa pessoa tem problemas* –, mas para quem tem todos os CDs do Green Day, Blink, Beatles... Não precisa de mais nada.
- Não sei. O Harry é perfeito para viver numa boyband. Ele cantando Blood Sweat and Tears, Nsync... Juro. Tem muito jeito de boyband… O Danny também.
- É, com aquela roupinha branca quando joga cricket e o jeitinho de boyband... Só toca bateria para esconder quem realmente é. Mas o Danny manja mais em ópera.
- Acredita que também penso nisso? Era minha teoria... Eu esperava que você pudesse confirmar, mas parece que também não sabe – ela brincou – Quanto ao Danny, não sei. Está certo que ele tem uma voz grossa pra isso, mas prefiro pensar nele como um rockstar mesmo.
Durante a janta, percebi vários olhares na minha mesa. Todos daquele restaurante me conhecia e sabia minha história mais do que os próprios fãs e talvez até eu. Acho que não fui o único a perceber por que segurava o riso (a não ser que eu tenha cara de idiota).
Nós não estávamos bebendo muito. Não sei quanto a ela, mas quero estar bem sóbrio caso algo aconteça. E até agora não aconteceu nada... Só estou em uma das melhores noites da minha vida, feita só pela conversa.
- Como está o andamento do mais novo casal aqui?
- Jasper, acho que tem outra mesa precisando de garçom. Tchau – respondi, o mandando embora.
- São cinco garçons para cada mesa nesse restaurante. Eles se viram, Fletcher. E eu sou seu principal – como suspeitava, ele nem me deu ouvidos – Falando sério, está se divertindo, ? Tom é um cara legal...
- Estou sim. Não se preocupe – ela sorriu sincera. Até que a pergunta dele não veio em má hora. Não sei quando, ou melhor, como ia perguntar isso – Passar um tempo com ele sempre é bom!
- Que fofa. Tom, ela é melhor que a torta. Está aprovada – e sem falar mais nada, deixou a mesa, sem mais, nem menos.
- Desculpe por isso. Ocara não se controla quando venho aqui.
- Imagine. Não me divirto assim em encontros há tempos! – sorriu.
- Então você sai o tempo todo... – conclui gozado e ela corou.
- Não muito... Às vezes não tem nada pra fazer e saio, mas é um saco.
- Como eu posso ter certeza de que esse não está sendo um saco?
- Eu já teria fingido uma cólica e teria ido embora. Ou senão, ligava o despertador para o meu toque do celular e dizia que era Alice mandando voltar para casa – rimos – E como posso ter certeza de que você não está achando um saco?
- Teria dado a clássica desculpa para ir ao banheiro e ia embora – falei normalmente. É mentira, de qualquer forma.
- A clássica! – concordou.
- E não trago minhas acompanhantes para cá – continuei – É só quem vai valer a pena.
- E eu valho?
- Claro – disse quase ofendido – Você não se dá muito valor, não é?
- Hm... Não – essa é a menina mais... Diferente que já conheci. Todas falam até o ouvido ficar vermelho e sempre se gabam. Ela é ao contrário. Ela gosta de ouvir.
- Então devia. Você é educada, linda, engraçada, esforçada... Eu poderia passar a noite toda falando suas qualidades e olhe que não tem muito tempo que nos conhecemos. Só paro por aqui senão seu ego pode ficar gigante.
Acabei de falar e ela riu com um sorriso tímido. Esqueci-me de falar que ela cora com qualquer coisa. Adoro isso.
- Obrigada. Não sou de ficar colocando qualidades na minha cabeça porque sempre quero melhorar... E sabendo que estou boa, tenho preguiça de me aperfeiçoar – explicou e fiquei intrigado. Qual outra surpresa ela está guardando? – Mas por que vou valer?
Acho que essa surpresa terá de ser descoberta por mim mesmo.
- Já está valendo.
- E como faz para valer mais? – ela perguntou, quase que sussurrando, olhando diretamente pra mim.
- Desse jeito.
Não a deixei falar depois. Já estávamos sentados um ao lado do outro desde o início. A única coisa que fiz foi me aproximar mais ainda, juntando os lábios. A princípio, fizemos nada. Paramos daquele jeito e escutei arfar – acho que Jasper também. Mas antes que isso corte o clima, eu paro –. Esperei pra ver se ela ia se afastar, mas ao perceber que ela não ia fazer nada, tracei seus lábios com minha língua, como um pedido de passagem que não foi negado. Depois de procurar pela língua dela, no momento em que elas se encontraram foi como uma droga viciante, como LSD ou algo do tipo... Algo bom. As mãos dela voaram para meu cabelo, se afundando por lá, trocando em tempos o cabelo pelo rosto, e devo dizer que foi muito bom.
Passava minhas mãos pelas suas costas devagar, dando a ela uma série de arrepios. Acabei pousando minha mão na sua coxa à mostra, com a certeza de que ela ia tirá-la de lá, mas aparentemente me enganei. Ela sorriu durante o beijo e só depois tirou minha mão de lá depois quebramos o beijo.
- Nunca imaginei que Thomas Fletcher teria um lado que ama pernas – riu com todos os dentes e só aí percebi o quanto ela estava corada.
- Nunca imaginei que deixasse – e agradeço que deixou.
A noite está sendo melhor do que esperava.
- Nunca disse que sou pura – jogou as mãos pra cima num sinal de inocência.
Ela definitivamente era uma caixinha de surpresas.

- Espero ver mais você por aqui, . Você também, Fletcher. Juntos, de preferência. – Jasper disse, enquanto nos levava até a porta – Tenham uma boa noite e obrigado por escolherem o Joël Robuchon.
- Cara, venho aqui sempre. Tem que falar isso toda vez?
- Sou pago para fazer isso. Não reclame.
Saímos de lá sem vontade de voltar pra casa, então dirigi sem destino por uns tempos até o celular da acabar com meus pensamentos e nosso assunto.
-, odeio sua caixa postal! – escutei Alice gritar. Não entendo como elas não são surdas... Gritam uma com a outra o tempo todo – “Oi! Você ligou para a ! Não precisa deixar seu recado porque não vou ligar de volta. Tente de novo mais tarde. BIIIP”. Estou tentando lhe ligar faz tempo!
- Não percebeu que não quis atender? Estou no meio de um encontro! – Alice deve ter ficado puta com isso, porque gritou algo como ‘olhe como fala comigo’, e eu só me segurando para não rir – Desculpe. O que é?
Elas não demoraram em acabar o monologo e logo voltamos a conversar.
- Tem hora praa voltar hoje ou algum compromisso amanhã? – perguntei com uma idéia fresca na cabeça.
- Livre... Por quê?
- Topa fazer alguma coisa? – ela concordou – O que quer fazer?
Disseram-me que isso era uma coisa que eu nunca poderia pensar em perguntar. sempre responde “tanto faz/qualquer coisa”.
- Qualquer coisa – ela sorriu envergonhada quando a olhei de lado – Sério mesmo...
- Hm... – pensei – Gosta de cassinos?
- Se eu gosto? Sou proibida de ir a Las Vegas por causa deles.
Olhei-a assustado, não sabendo em qual das idéias que foram formadas na minha cabeça após essa frase eu usaria.
- Proibida...?
- É que eu meio que aprendi a roubar nos jogos. Não é difícil. Na verdade, se você pensar bem, distrair os seguranças e os caras do jogo chega a ser divertido. Mas acabaram me descobrindo... Para não dar barraco e acabar com a imagem da , Alice cobriu muita coisa.
- Isso parece uma... Aventura e tanto – não sabia o que dizer. Se isso for verdade, estou saindo com uma viciada em jogos corrupta.
- Parece, não é? Seria bem divertido, se qualquer coisa que eu disse fosse verdade – é, não sou tão idiota assim – Mas já joguei sim.
- O que acha de irmos?
Ela não se opôs à idéia. Sorriu como uma criança ao invés. Já era bem tarde, mas não estávamos ligando. Cassinos sempre ficam abertos até mais tarde. Existem viciados incontroláveis dentro deles. No caminho, cantávamos feito idiotas várias musicas de natal, ríamos de uma piada idiota ou conversávamos sobre tudo que vinha na cabeça.
- Costuma ganhar? – perguntou ,enquanto tinha o casaco tirado por um atendente do cassino.
- Quase sempre – nunca. Ok, uma ou duas vezes – Você?
- Depende. Golpe de sorte, raciocínio e mais sorte – ela deu de ombros – Vamos?
Sorri para ela, a puxando para dentro das portas que separavam a recepção dos jogos. Tínhamos feito nossas apostas enquanto jogávamos conversa fora e ficamos perdidos com tanta coisa. Demoramos um pouco para decidir que pôquer seria o primeiro jogo. Boa escolha, se for contar que nós dois sabíamos esse jogo por prática em turnês com todos os outros. Só que no nosso jogo as regras são um pouco diferentes. A aposta vale uma peça de roupa ou algum desafio macabro. Saímos da mesa com pelo menos sessenta e cinco libras. Tinham pessoas que jogavam como se estivessem apostando a vida e, quando ganhávamos uma rodada, elas nos olhavam com uma cara assustadora. O próximo jogo era a roleta.
- Não faça isso, Tom. Sabe quanto a gente perde se perdermos essa rodada? Olhe quantas apostas altas! – aconselhou – Faça assim: coloque um número que você acha, a cor contrária dele e um even. Aposta nossa moeda mais alta no even.
- Mas isso não tem sentido algum...
- Eu sei, mas, não me pergunte como, sempre acabo ganhando.
- Acho melhor não... – ela deu de ombros com um sorriso amarelo e fiz minha própria jogada. Acertei apenas um chute. Perdi quarenta libras e ganhei oito. Ótimo – Beleza, qual a sua aposta?
- Hm... Aposte vinte e cinco na vermelha e cinco no número... Dezessete. Espero que seu aniversário dê sorte, Fletcher. Por último, aposte cem no odd.
- Cem? Está doida?
- Confia em mim?
Golpe baixo para caralho. Fiz tudo que ela disse, torcendo e rezando todas as coisas que eu sabia para poder ganhar pelo menos duas apostas.
Achei que tinha perdido a audição assim que vi aonde a bola ia parar. Não queria ver, na verdade... Porém, continuei olhando e percebi ter minha audição novamente quando vi que a bolinha parou no vinte, o homem disse ‘odd’ e o vinte era preto.
Ok, estamos com quase trezentas libras só da roleta.
- Quero jogar de novo. Qual seu palpite, ? – disse pela trigésima vez. Perdíamos e ganhávamos. Nunca ficava apenas de um jeito só.
- Que tal mudarmos o jogo? Você está me dando medo com essa cara de maníaco viciado por roletas e perdemos bastante dinheiro com essas jogadas.
- Caramba, você é pão dura?
-... Não. Só estou usando a cabeça – ela me olhou por uns segundos antes de responder. Acho que falei demais – Mas... Tudo bem se quiser ficar aqui. Jogue no vinte e sete – percebi que ela forçou o sorriso e estava um pouco sem graça.
- Não, tudo bem. Vamos procurar outro – levantei-me encabulado, pegando minhas fichas – Olhe, me desculpe pelo que disse. Acho que o jogo me despertou um lado que não conhecia em mim.
- Relaxe, Tom. Está tudo bem – soltou um riso nasalado. De onde eu venho, riso nasalado não é um bom sinal numa situação dessas.
- , é sério. Não foi isso que eu tinha em mente em um primeiro encontro – olhei nos olhos dela e a beijei de leve – Convidei-a para sair. Foi para nos divertimos juntos e a conhecer melhor.
- E nos pegarmos – ela concluiu normalmente, me fazendo olhá-la – O que foi? Vai dizer o contrário, Fletcher? Minha mãe sentia a tensão entre nós nesses dias todos até lá no Brasil.
- É, você tem razão.
Não vi motivos pra continuar o assunto, sendo que era completamente verdade, e só pra confirmar o fato, a beijei no meio do cassino, ao lado da roleta. Teríamos ficado ali por horas, se fosse por mim e ela não parecia ter outra idéia também, mas um segurança pigarreou ao nosso lado, nos mandando ter um pouco de respeito ali. Sorri sem graça, indo com uma completamente vermelha e encabulada até a mesa de Black Jack.
Já tinha visto aquele filme do Jim Sturgess em “Quebrando a Banca”. O cara era de um nível altamente foda. Tudo bem que todo o lance dos jogos, todas as jogadas que ele e os amigos davam eram de cair o queixo, mas quando estava na loja de ternos e um cliente perguntou o preço, ele fez toda a conta em um segundo. Tudo bem que ele decorou as falas e tudo, mas existem pessoas no mundo que fazem isso! Eu definitivamente gostaria de ser uma dessas pessoas. Quer dizer, eu estava nem aí para escola quando decidi virar músico e agora eu estou aqui com , vendo-a jogar de boa e todas as estratégias e contas que ela precisa em uma rapidez desumana.
Passei uma jogada inteira olhando para ela com cara de idiota.
- Que foi? – ela riu de minha cara.
- Você ganhou... Em uma rapidez desumana!
- Er... Não fui nem um pouco rápida. Matemática é um lixo. O jogo é legal. Se você chama isso de rápido, devia mesmo ver . Aquilo sim é desumano.
É, sempre espere alguma coisa de garotas com diplomas quase tirados. Mesmo que elas forem de uma banda mundialmente famosa. Roqueiros nem sempre são ignorantes da fábrica siderúrgica. Se bem que esses são os melhores... Acho que vou voltar pra escola nas horas vagas. Ou não.
Perdíamos gostoso para os outros jogadores depois. Ganhamos a última porque, de alguma forma, tínhamos um blackjack em mãos e nenhum dos outros tinham.
- Bom, ao todo acho que temos quase quinhentas libras e estamos devendo... Duzentos e vinte.
- Então faturamos – concluí.
- Pode-se dizer que sim – ela deu um sorriso um pouco malandro – O que faremos agora? – olhou no relógio – Tom... São quase quatro e meia da manhã.
- Está brincando – engraçado. Parece que não faz nem duas horas que saímos do restaurante. – Se o cassino não nos expulsar e você quiser, podemos ficar por aqui. O que acha?
- Tem um café ali. Vamos pagar nossa dívida, trocar nossas fichas... Espere – ela olhou para aquelas máquinas com uma alavanca e três figuras. Vai saber o nome disso.
- Damas primeiro – decifrei o olhar dela, que saiu correndo como uma criança.
Sabe, essa vista não foi nada ruim. O vestido não marcava muito, mas tive uma bela visão da traseira em movimento. Controle-se, Fletcher.
Gastamos várias moedas naquilo e, quando digo isso, é que foram muitas mesmo. Nós dois estávamos doidos para ganhar algo ali.
- Ok, essa é a última. Vamos fazer um pacto.
Foi ela quem pediu, não posso fazer nada.
Aproximei-me, segurando seu rosto e olhando bem nos olhos dela. Afastei seu cabelo e encostei nossos lábios. Lentamente, ela abriu os dela e minha língua buscou a dela. Não foi nada promíscuo. Foi doce e lento, como se realmente estivéssemos fazendo um pacto. Em todos os momentos em que nossas línguas brincavam uma com a outra, senti minhas terminações nervosas levando choques como se pulassem a cada segundo, adorando a sensação. Passei minha mão até a cintura dela, apertando ali. Senti o braço dela longe de qualquer parte do meu corpo por dois segundos e depois seu toque apareceu na minha nuca. Levei os beijos para o pescoço dela, mas, antes que pudesse me desfrutar disso, nos separamos assustados. Um barulho assustador e luzes percorriam todo o lugar e de repente rosas começam a cair em cima de nós.
Que porra é ess...?
- Parabéns, casal! – uma mulher gostosa, de meia calça, collant e luvas apareceu, segurando um coração de plástico gigante – Vocês acabam de ganhar um vale-quarto no Aspinal, como diz a Slot Machine! – apontou para o jogo que estávamos jogando há uns minutos. Ele apitava uma cor vermelha nas três camas seguidas.
De alguma forma nos juntaram e deram aquilo para nós segurarmos. Tenho certeza de que não sou o único sem entender uma coisa do que está acontecendo. não faz idéia, pela expressão.
- Vocês podem usar agora, se quiserem – a mesma mulher disse.
Aí a ficha caiu para nós.
- Er... É... Eu... Nós... – tentava formular uma frase. Acho que nunca a vi tão vermelha.
- Não podemos trocar isso por dinheiro? Somos... Só amigos.
- Tem certeza? Pelo beijo que estavam dando não parece – a mulher sorriu sapeca – E o tratamento que vocês recebem no quarto pode fazer vocês mudarem de idéia. Aspinal tem esse poder.
Por mim, eu iria. É claro que eu iria.
- Temos certeza – ainda olhei para , para ver se era isso mesmo que ela queria. Vai que muda de idéia.
A mulher deu de ombros e nos pediu pra segui-la. Comecei a andar, mas ainda estava firmemente parada.
- ?
- Oi? Já estou indo... Só estou... Tendo certeza de que não vou me arrepender mais tarde – falou depressa, mas consegui entender o “arrepender” – Quer dizer... Esqueça. Vamos.
Assim, nós dois saímos do cassino com muito dinheiro – aquele prêmio valia muito – e fomos para a tal cafeteria, onde aproveitamos tudo que não aproveitamos com o vale-quarto. Tudo bem. Não tudo que poderíamos aproveitar, mas me diverti bastante. Sempre que parávamos de nos pegar, os lábios estavam inchados. Mal percebemos o dia querer nascer. Foi aí que decidimos voltar para casa.
- Muito obrigada pela noite, Tom – disse, já na porta da casa dela – Realmente amei. Juro.
- Eu é que agradeço. Vamos repetir qualquer dia.
Sentindo-me um garoto do colegial de novo, daqueles de filmes clichês, a beijei novamente, antes que ela entrasse.

- Ora essa... O Romeu voltou só agora!
Pensando em deitar na minha cama e dormir até o outro dia, fui surpreendido por Dougie jogado no sofá, comendo salgadinhos. Só para constar: na minha casa, minha comida, bem no começo da manhã.
- Que diabos você está fazendo aqui?
- É só sair com ela que você se esquece de quem realmente o ama, não é, seu ingrato? – com voz afetada, Dougie reclamou indignado.
- Desculpe, chuchu – joguei-me no sofá ao lado, pegando um punhado de salgado e jogando tudo pela boca.
- Fale como foi, cara.
- Foi foda. Ganhamos um vale-quarto no Aspinal.
Dougie gargalhou até o pulmão dele pedir por ar para poder perguntar como isso aconteceu. Contei da minha noite e acabei descobrindo que eles encontraram o resto das meninas em um pub. Dougie comentou que reparou em como o resto agiu. Um bando de cachorrinhos esfomeados e carentes. É, parece mesmo que fomos fisgados essa semana por essas meninas. Sem progressos entre Danny e . E só falta um.

*Nada contra quem gosta dessas bandas. Por favor.


Capítulo 13: Hey, hey! Can’t You See I Want You By The Way I Push You Away?


Dougie tinha ido embora da casa de Tom à toa, já que voltou lá apenas seis horas depois, junto com os outros três. É, não foi tão à toa assim... E o motivo não era desconhecido. Por que diabos o cara estaria na casa do outro em plena manhã? Não era nenhum pingo de curiosidade. Era que ele precisava de comida para voltar a dormir e na casa dele estava em falta. Pergunto-me por que pessoas ricas não abastecem suas geladeiras antes que toda a comida da casa acabe. O que será isso? Uma grande acentuação de pão-duro ou ocupação em gastar dinheiro que acaba se esquecendo de que falta comida na própria casa? De qualquer forma, ele tinha ido lá, em busca de comida, já que Fletcher era o oposto do que acabei de falar e sempre tinha alguma coisa. Não importava o que.
Quando estava com o alimento dentro da boca, o sono voltou e passar pela rua naquele solzinho da manhã era muita coisa para ele. Resolveu então ficar no sofá. Primeiramente tinha pensado na cama, mas desistiu quando imaginou o que o outro faria com ele se deitasse em sua própria cama. E quase dormindo, mas ainda comendo, foi quando Tom chegou.
Seis horas depois, estavam os três, Dougie, Harry e Danny, no quarto de Tom, vendo o outro dormir e babar esparramado pela cama.
- Amorzinho, levante-se. Está na hora – Danny começou com voz calma.
- Cale a boca, Danny – Tom respondeu com a voz abafada e mudou de lado na cama.
- Ande logo, cara. Já está todo mundo aqui.
- Para quê?
- Vamos sair!

Mesmo em plena duas horas da tarde, todas as meninas estavam na sala, esparramadas de pijama. Menos . Ela tinha saído há um bom tempo e nada de notícias. Os lugares na sala quase que tinham donos. sempre ficava no sofá, de três ou mais lugares, de cor branco fumaça e almofadas roxas, praticamente sozinha, colocando seus pés na mesinha de centro. Qual é? A casa era delas. Era de costume sentar-se em uma poltrona que já era grande o suficiente para caber duas pessoas e ainda deixar os pés em cima dela, esticados. fazia questão de usar o sofá de dois lugares inteiro para ela. Da mesma forma que o sofá grande, assim era o pequeno também, com a diferença de que era menor, obviamente. Ela quase sempre deitava lá e colocava as pernas para cima. Por fim, , quando não dividia o sofá grande com , sempre ficava em outra poltrona diferente e do lado oposto de , ao lado de e de . Era uma simples poltrona, mas ela sempre colocava aquele apoio para os pés. De acordo com elas e qualquer ser humano racional, os pés deveriam ser postos pra cima em qualquer lugar.
Para acabar, a sala acomodava muita gente, mesmo com as esculturas sem nexo, a mesa de centro com vários apetrechos legais, a enorme estante que sustentava uma televisão LCD de 60 polegadas, alguns enfeites, plantas, aparelhos de som e vários livros. O ambiente trazia conforto com algumas janelas que davam para o jardim de inverno, as cortinas até o chão e o sistema de iluminação.
A campainha tinha tocado e nenhuma delas se moveu. estava compenetrada na série que passava na TV e vez ou outra dizia que estava com fome. lia um livro pelo seu iPhone e viajava, quase dormindo, olhando para o teto.
- A Alice atende – conseguiu dizer.
- A Alice não está aqui... – falou.
- , atenda lá – falou contente e a outra fechou a cara.
- Nem a pau.
Silêncio e novamente a campainha tocou.
- Beleza, eu vou – se deu por vencida.
- Aproveite e traga uma água!
- , não folgue, não.
Dando de ombros, voltou a ler o livro e foi atender a porta. Seu pijama era uma camisola branca, curta e quase transparente. A única coisa que tinha por cima era um robe aberto. Estava reclamando que a casa deveria ter pelo menos uma governanta e que é preguiçosa demais.
- Oi ! – um coro grosso entrou assim que a porta se abriu.
- Oi! Entrem! – deu espaço na porta e esperou os quatro passarem – Tom, você está com uma cara amassada! Dormiu muito ou nada?
- Não estaria assim, se Danny não tivesse me acordado com voz de bicha.
- Mas parece que quem anda dormindo aqui é você... – Dougie comentou ao olhar a menina de pijama.
- Na verdade, acordamos faz um tempinho, mas a preguiça era tanta que ninguém se trocou – ela riu com um pouco de vergonha, fechando o robe – Entrem. As meninas estão lá dentro.
Andaram um pouquinho e saíram na sala, dando de cara com uma abocanhando um sorvete, olhando para a TV, e com a água em uma mão e na outra o iPhone virado, escondendo o rosto, absorta na história e de pernas pra cima.
- , suas pernas são lindas, mas mostrá-las assim para as visitas é falta de educação – a menina tinha toda a extensão de suas pernas à mostra porque seu pijama era um short minúsculo e uma blusa lilás quase transparente. Graças a Deus, o robe fechado funcionou na parte de cima de seu corpo, porque na de baixo...
- A gente não se importa, não – Harry respondeu, tentando soar normal.
e se tocaram de que não estavam mais apenas entre meninas e se endireitaram.
- , você realmente pegou água para a ? – perguntou indignada – Ela é muito folgada. Se faz o que ela pede, piora! Ah meninos, fiquem à vontade.
A casa delas não era muito diferente da deles. O espaço era do mesmo jeito. Mudava umas coisas na decoração e na disposição delas.
Os meninos fizeram do aviso passe para avançar. Dougie seguiu para e Tom para . Assim, Danny sentou-se ao lado de e Harry ficou olhando poucas vezes pela casa.
- A não está aqui, Harry. Ela saiu quando estávamos dormindo e desapareceu, sem mais nem menos – interpretou o olhar dele e falou.
- Ela deve estar voltando. Isso se não foi atacada no meio do caminho, ou seqüestrada...
- , bata na boca! – advertiu – Tom, tire esse livro dela. Está fazendo muito mal a essa garota.
- E falando no diabo... – gritou, fazendo ouvir ao passar pela entrada da casa.
Ela entrava pela sala, carregada de sacolas, a bolsa quase caída, respiração ofegante e um pouco atrapalhada. As sacolas juntas eram maiores que ela. Bem maiores.
- Foi fazer compras e nem me chamou? Que ingrata! – reclamou.
- Você estava desmaiada na cama e fez isso ontem. Eu devia é ter a trancado no armário. Fiz bem em não a chamar.
Outch.
- Valeu – respondeu e se levantou – Vou me trocar.
- Nossa. Vi minha vida passando pelos meus olhos agora há pouco... – sentou-se ao lado de Harry, depois de cumprimentar todos ali – Fui seguida por milhares de fãs doidas e quase fui atacada.
- Eu disse! - o grito de veio de longe.
Muitas aproveitaram a deixa para fazerem o mesmo que e só sobrou parada no meio dos quatro homens na sala. Para não ficar ela e mais um homem de mentira feito de sacolas, ela saiu também.

- Só falta você Danny.
- Nunca pensei que ia ouvir alguém dizer isso para ele – Harry riu.
- Então... Até o Tom foi primeiro que você, cara – Dougie zoou.
- Como vocês são engraçados – Danny e Tom disseram ao mesmo tempo, com a mesma ironia carregada.
- O dia mal começou. O tempo delas por aqui ainda não acabou. Tenho tempo. Não vou deixar na expectativa. Se tiver que ser, será – Danny respondeu ,fazendo pouco caso. Como se fosse O cara.
- Olhe, ele desencanou de vez da ! Achei que estava mentindo.
tinha acabado de se vestir. Andava normalmente de volta para a sala, mas parou abruptamente quando percebeu que os meninos cochichavam. Ela não era desse tipo, aquelas fofoqueiras que amam um babado, mas ao ouvir o nome de sua amiga quis saber o que era. Ela tinha certeza de que, se passasse por lá, o assunto acabaria e ficaria aquele clima horrível.
- É... A é gata demais. Se você não estivesse a pegando, eu estaria, cara – falou para Dougie.
- Do mesmo jeito que as outras três – arriscou Harry.
- Sim, mas vocês já estão com elas. Não vou me meter.
- Mas se meteu com a – afirmou Tom.
- Aí a historia é outra. Será que vocês não entendem que...
- Tem a dando sopa o tempo todo aqui e você ainda insiste na ? – “não estou dando sopa”, pensou . Ela não tinha nenhum caso específico, igual suas amigas, mas ela não se jogava em ninguém.
- Você não consegue mesmo ver a diferença, Dougie? – que diferença? Não tinha muita diferença entre e . As duas só tocavam instrumentos diferentes! – A está em um patamar e a , em outro... – era isso. Já chega. Se for para ficar ouvindo como a outra é melhor do que ela da boca do cara que ela sempre teve um penhasco, que seja melhor ficar sem escutar. Saiu de lá e voltou ao quarto. Ela não sabia o que pensar sobre isso. Ficou vegetando por um tempo – São diferentes e, pensando bem, as coisas que levam no lugar que ela está são bem melhores que a – a única pena é que ela não chegou a escutar isso.

- , tem como dizer para a parar de frescura e que ela não vai conseguir me trancar num armário? – entrou no quarto e se jogou ao lado da amiga – O que foi? – perguntou quando a outra não respondeu nada.
- Ahn? Nada não! Vamos? – se levantou e sorriu.
- Claro. Rapidão – na frente de , cobriu a passagem e abriu a porta – , ! – gritou e recebeu uns resmungos das outras duas – Venham no quarto da . Emergência 012.
Não deu um minuto e as duas já estavam lá.
- Qual é a emergência 012? – perguntou.
- A gente nem tem esses códigos.
- Os meninos estão aqui e eu ia falar: “a está com cólica, sangrando, depressiva” ou algo assim! Não ia ser legal para ela.
- Desde quando você se importa com o que é legal para ela? Se for para zoar a menina, você faz de tudo – perguntou surpresa – Adora esculachar a coitada, ou qualquer pessoa...
- Como se eu fosse a única! E faço isso porque sei que a me adora e que ela sabe que é tudo brincadeira.
era a bonequinha de , digamos assim. Ela sabia de longe quando havia uma coisa diferente na menina. Não só ela. Todas... Mas... Ah, dá para entender o que quero dizer.
- Beleza. Antes que vocês partam para uma discussão interminável e a gente deixe os meninos sozinhos mais tempo...
- Falando nisso, alguém falou com eles?
- Sim. Estava na sala quando chamou – respondeu – Mas qual o problema?
- Não sei – disse pela primeira vez desde então – Ela do nada saiu na minha frente e chamou vocês aqui!
e olharam para , como se pedissem explicação.
- Eu disse uma coisa para ela. A garota não respondeu e disse que tinha nada quando perguntei o que foi.
Como se isso fosse motivo para fazer um alarde da...
- , desembuche logo – pediu.
- É. Tem dois minutos.
Então... Bom, é. É um motivo, aparentemente. Está aí a prova de que são amigas de verdade e de que se conhecem muito bem.
Demorou um tempinho até a outra falar, mas acabou botando tudo para fora. As três rolaram os olhos e quase quiseram bater na menina por causa disso, mas mesmo assim conversaram com ela. Se tiver que ser, será. As mesmas palavras saíram da boca das três.

- Aconteceu alguma coisa? – Dougie perguntou assim que as , e apareceram na sala.
- Nada não. É só a respondeu e riu.
- O que é emergência 012?
- Dougie, o negócio é delas. Largue de ser curioso.
- Tudo bem, Harry – disse – Emergência 012 é... É... A sabe.
- Sei. É... É que cada uma de nós tem um tipo de emergência... No caso da , é a 012.
- Mas é algo sério?
- Não. É só frescura. Ela resolveu ficar por um tempo viajando no quarto. Daqui a pouco aparece.

O ‘daqui a pouco’ chegou e passou. Deu tempo para milhões de ‘daqui a pouco’ aparecerem e nada de . O clima na sala estava apenas de casais... E Danny. Vez ou outra, Harry e estavam em um beijo caloroso, e várias vezes precisavam ser lembrados de que o quarto nunca deixou de existir. Mas nada além de beijos e carícias. Dougie e estavam na mesma. Só que gostavam mais de ficar conversando e no meio disso rolar os beijos. Não se escutava uma palavra de Tom ou . Os dois cochichavam coisas impossíveis de se ouvir mesmo de perto e trocavam carícias de uma forma fofa e delicada.
Danny nunca pensou que poderia vomitar observando isso. Por mais que estivesse passando Deal or No Deal na TV, era impossível ficar sem olhar os outros. Onde se meteu que o abandonou no meio deles, quando poderiam fazer o mesmo?
“Espere mais um pouco. Ela aparece”, ele pensou. Mas não apareceu. Quem olhasse para Jones agora, ia ver uma cara enfezada, daquelas cheias de merda, que você tem vontade de mandar cagar para ver se muda, e no sentido literal.
Por fim, Danny se levantou e tinha certeza de que, se fosse dizer algo, ninguém prestaria a atenção, da mesma forma que se levantasse e saísse. E foi o que fez. Passou pela cozinha e ficou bobo e maravilhado com a quantidade de comida que tinha ali. Pegou a maior quantidade de porcarias que viu e saiu carregando as coisas, a fim de encontrar e acabar com aquilo, os dois.
O desafio era achar onde ela estava. Além do quarto das quatro, tinha mais três cômodos sem muita utilidade. Passou pelo primeiro quarto e bateu, não recebendo resposta, percebendo que era de uma das meninas. De , era óbvio. Tinha um grande pôster do Nick Jonas ao lado da cama desarrumada, pelo menos dois pares de baquetas jogados na cama, todas coloridas, sem tirar as baquetas que estavam espalhadas pelo chão. O armário estava aberto e várias roupas pendiam de lá, se juntando à bagunça que tinha no chão. Se o quarto estava assim, imagine o banheiro... Ele só não podia falar isso porque o dele chegava a ser pior. O quarto era bonito, ainda assim. Listras azuis e brancas tomavam conta dele. A cama era daqueles estilos antigos, onde tinha até um dossel em cima dela. Mas para ser discreto, era em uma parte só. Havia uma penteadeira que era usada como apenas um lugar para enfeites, que tinha dois... Cálices de vidro enormes, pelo que Danny percebeu. Claro, tinha sutiãs e baquetas lá dentro. Ele enxergava uma poltrona no meio de algumas roupas e um quadro enorme em cima dele com a programação do dia da menina. Arrumar o quarto era a primeira coisa.
No próximo quarto, fez a mesma coisa. Bateu, mas não recebeu resposta. Tinha um tapete azul bebê felpudo que deu a ele uma vontade imensa de se deitar por ali. A cama, no mesmo estilo que a de (com o dossel), tinha o cobertor listrado em azul bebê e branco como uma bola, além dos travesseiros amassados, várias almofadas, um notebook em cima dela e uma mala que vomitava roupas. Os abajures, tanto os que ficavam no criado mudo quanto os que estavam presos no ponto mais alto da cabeceira da cama, estavam acesos mesmo com a cortina aberta. Por mais que Londres não fizesse um sol forte, estava um dia claro. E se não fossem os livros de Harry Potter na estante ao lado da cama, ele não saberia que o quarto era de .
Passou por uma porta, ao lado da de , achando que seria o quarto de e o próximo seria de . Doce engano. Ao contrário de , o quarto de era intero rosa. Tinha umas coisas em branco, o que o fez se sentir em um quarto de Barbie. Só estava faltando ser loira o bastante para se comparar a boneca, e ela era nada. Estava tão bagunçado quanto os que ele já tinha visto. Junto das roupas jogadas, eram sapatos e aparelhos eletrônicos, algumas caixas, papéis amassados. Um mini notebook encontrava-se ao lado da cama, uma TV pendurada na parede e o que mais chamou a atenção de Danny: uma guitarra ao lado do amplificador. Só para constar, a guitarra era extremamente rosa. Mais rosa que a guitarra da Hello Kitty. Um rosa gritante e muito brilhante. Fechou a porta antes que sua visão fosse apossada de cor-de-rosa. Se ele não fosse tão rosa, seria um bem legal. Pelo cômodo ser em uma área onde o teto faz decline, a cama ficava embaixo de uma clarabóia, encostado a parede. As almofadas rosas que deveriam estar em cima estavam todas no chão, dando espaço só para os travesseiros, o lençol branco e o cobertor de pelugem... Rosa.
Por último, voltou a porta que tinha pulado e bateu. Se não estivesse lá, ela tinha pulado a janela e saído de casa. O que se tivesse feito, ela teria sérios problemas com ele depois.
- Entre – ouviu a voz de fundo e abriu a porta.
- Posso entrar?
- Danny? Está fazendo o que aqui?
- Hm... Pedindo para entrar...
- Claro. Entre aí.
estava deitada na cama, vendo Deal or No Deal, ou o final dele.
Danny se sentiu entrando em um cômodo decorado na época de Luís XV com o estilo da cortina, da janela e principalmente da cama e da poltrona – que por acaso tinha o pijama dela ali. Havia um aquecedor perto da cama ao lado de uma pequena escrivaninha lotada de coisas e até roupas. A cama era enorme, com uma colcha branca com suas iniciais, sem muitas almofadas, mas uma cabeceira gigante e um divã na frente. No criado mudo da menina tinha uns remédios e alguns copos vazios. Os abajures em forma de “vela-mas-que-não-eram-velas” ficavam apoiados na parede, meio metro ao lado da cama e acima do criado. até que tentou disfarçar a bagunça, mas foi totalmente em vão.
- Por que não foi lá para a sala?
- Na verdade, eu fui – ela se explicou – Estava aquele clima nojento de casais e resolvi voltar.
- E nem para me tirar de lá?
- Desculpe – riu – Mas que bom que veio para cá. E ainda trouxe comida!
- É... Você disse para ficar à vontade...
Ele levou mesmo ao pé da letra.
Cuidadosamente, Danny levou as coisas que segurava até um espaço vazio da escrivaninha de e se colocou na frente do divã ao pé da cama, sentando-se lá.
- Qual é, Danny? Por que vai se sentar aí? Minha cama não tem AIDS ou nenhuma DST, não.
Já que ela insiste, ele vai sem problemas. Só estava sendo educado.

- Cadê o Danny? – bastante tempo depois que o outro saiu da sala que eles finalmente notaram.
- Deve ter ido à procura da , já que ela não está aqui também.
- É. Deve estar tudo de boa, já que ouvimos nada. E não me refiro a apenas gritos ou discussões.
- Ah Dougie, você podia ter ficado sem dizer essa – reclamou – É horrível ouvir alguém no ato.
- Que não seja você mesma... – soltou em um pensamento longe e concordou.
Os meninos se entreolharam discretamente e quase riram. Então era hora de certas declarações...
O silêncio predominou e elas perceberam que falaram coisas a mais, rindo em seguida.
- Dougie, não o conheço muito pessoalmente, mas essa cara era a mesma de quando você perguntou no dia da première e eu continuo: não vou respondê-lo.
- Ah ! Já lhe falei que conto dos meus também!
- Contar o quê? – Tom perguntou curioso.
- As pessoas com quem já passei da linha!
A sala explodiu em risadas e foi inevitável: riu também.
- Nem adianta falar do primeiro. Vocês não conhecem! – começou.
- Então vocês vão falar o resto? – rindo, Harry quis saber.
- Não! – um gritinho estridente saiu das três.
- Qual é? Não tem motivo para não falarem! – Tom falou e as meninas olharam pra ele desoladas. Se ele, Tom Fletcher, o mais normal de lá disse isso, era o fim.
- Então vocês falam primeiro.
- Lindsay Lohan – Harry soltou assim que pôde.
- Não vale! Mais da metade do mundo já sabe disso! – protestou – Alguém que não seja óbvio!
- Não é óbvio. Saiu que nós saímos e nada Além disso. E a notícia foi abafada.
- Agora olhe para a nossa cara de quem acredita. Harry, é você e a Lindsay. É certeza roxa de que rolou algo mais, e por uma noite – respondeu com ar inteligente.
- Beleza – ele deu de ombros – No começo eu fazia até com fãs. Aí, enchia o saco. Elas são irritantes. Ninguém famoso antes da Izzy.
- Certo, Dougie? E, por favor, sem suas namoradas.
- Milhares de fãs – gabou-se o outro.
- Mentira – num espirro falso, Tom e Harry tiveram ataques.
- Beleza. Algumas fãs. Tinha uma Chelle, uma Rachelle, uma Lindy e do resto não me lembro.
- Tudo de uma vez?
- Não – ele riu – Teve uma vez que era para ser um grupal, mas as meninas apagaram e eu broxei.
- Isso tem mais cara do Danny do que sua – admitiu – Ou não... – o menino era bonito demais para se privar de certas coisas.
- Agora vocês. Quem vai começar?
- Ninguém vai me perguntar? – Tom achou estranho o pularem.
- Tom, você namorou Giovanna por quinhentos mil anos, mas, se teve outra, pode falar – disse.
Silêncio.
- Então, quem vai começar a falar? – Tom perguntou, desconversando.
- A e falaram juntas e a outra tentou reclamar em vão – Aí vocês podem dormir, que se ela falar o nome de todos, ficaremos até amanha.
- ‘Ta. A maioria é pessoas desconhecidas e fãs. Mas famosos... Joe Dempsie (Chris, de Skins) e Dave.
- Que Dave?
- Williams.
- Está brincado.
- Não – riu – Isso sem contar o interminável caso dela com o Julian.
- Nem fale. Os dois só sabem voltar a cada seis meses. Parece que é marcado – completou – Nem se fosse para continuarem. Mas não... Depois dos seis meses separados, namoram por dois e terminam de novo, para repetirem.
- É para dar algo diferente no relacionamento – defendeu-se .
- Pena que não funciona!
- Olhe só, vocês duas se metam nos relacionamentos de vocês e deixam que o meu eu resolvo.
- Não estresse, – falou Dougie que já a beijou.
Não tinha motivo para ter ciúmes ou algo do tipo. Só estavam se pegando. Nada mais.
- Ah, tem a vez que ela quase terminou o assunto com o Jared Padalecki...
- , sem entrar em outros assuntos. É a sua vez.
- Eu não. Fale você, .
- Ande logo, ! – todos disseram dessa vez – Sem cu doce – terminou .
- Ok! – começou ela, corando – Conhecidos? Mike Bailey (Sid, de Skins) e Kellan Lutz. Aquelas costas...
- , sem detalhes. Só nomes – riu – Mas está faltando gente aí.
fazia caras e bocas para as meninas ficarem quietas. Aquilo era um segredo.
- Não está, não.
- , fale! – os meninos insistiram.
- Não. Amigas do diabo... Vão pagar por isso.
- Fale!
E mais um tempinho insistindo...
- Está bom, ok? É o James.
- James? – perguntou Tom – James Bourne? Nosso amigo?
- É... James Elliot Bourne, o Gambá, Jimmy. É ele.
- Mas o cara ganha do Tom no quesito namoro... – Dougie disse em dúvida – Ele é até casado e nunca ficou solteiro...
- Então você é a... Cara! O Danny está perdendo uma ótima!
- É justamente esse o motivo pelo qual eu não queria falar – falou – Mas não sou talarica! Ele me jurou que estava solteiro... E eu sempre tive um abismo por ele... Mas se vocês disserem uma palavra disso fora daqui, juro que não vai ter coisas boas para vocês e dessa vez é sério.
Os meninos estavam surpresos, mas não seguravam os sorrisos idiotas no rosto.
- Vocês não eram famosas na época, né? – Harry perguntou e elas assentiram – James falou super bem de você, .
escondeu seu rosto em Tom e ainda pegou uma almofada pra tampá-la mais, se fosse possível. Depois passou a palavra para , antes que pudesse pegar alguma outra coisa que fosse tampar totalmente a voz dela.
- Eu... Vou direto. Ryan Kwanten, Allan Hyde e Mitch Hewer.– Jason Stackhouse e Godric de True Blood, respectivamente, e Maxxie de Skins.
- Sem contar a atacada que você deu no Nick Jonas – a voz abafada de saiu.
- É, mas ele e aquele lance da castidade, né... Não deu.

- Qual é a dessa menina? Por que ela não fala?
- Sei lá, Danny! É por isso o nome do filme!
Após horas de comilança, conversas e programas de TV, passaram a ver filmes. O primeiro que eles acharam.
- Mas me diga: se fosse você no lugar dessa menina aí, não falaria?
- Claro! Até parece que eu ia deixar quieto se alguém me estuprasse!
- Nossa, e ainda perde a amiga por idiotice, cara. Ela chama a polícia e não fala nada!
- Nunca viu esse filme? – perguntou , já rindo da indignação de Danny – É muito velho, Danny! Tem pelo menos uns nove anos!
- E pelo visto é horrível. Que pessoa em sã consciência faria isso? – ele reclamava tanto que resolveu mudar de canal, já perto do fim do filme – NÃO! Por que mudou?
- Uai, você está reclamando que o filme é ruim!
- Mas agora quero saber o final!
Ela voltou ao canal e ficaram vendo até os créditos subirem.
- Que filme horrível. Lembre-me de nunca mais assistir a “Speak” de novo.
- Pode deixar. Olhe que o avisei de que era ruim! Podíamos muito bem ter visto Ghost Hunters, mas não... Você queria ver o draminha!
- Ghost Hunters não... Minha experiência com fantasmas na última vez não foi legal.
- Confesso que fiquei com medo em umas partes, mas na maioria me matei de rir. O Dougie se mijando lá... – ela gargalhou – Você sozinho na cabana... Entrei em desespero junto com você. Juro.
- Ria da minha desgraça. Ria. Sua vez vai chegar.
- Eu sei... – falou, se martirizando pelo compromisso de alguns meses para frente.
Ficaram em silêncio por um tempo. Danny olhava para o teto, pensativo, enquanto fazia o mesmo, só que olhava na janela.
- Esse filme é horrível – ele soltou de repente.
- Ainda nisso, Danny? – riu – Há um tempo, comentou que queria ver esse filme. Eu até tinha me empolgado. Aí a gente alugou e já no meio do filme ela estava dormindo... Eu a fiz ver de novo.
- Vocês se judiam. Isso é a pior tortura que já vi na vida! Nem aquela mulher estragada que quase me fizeram beijar naquele programa do Brasil se compara a isso! (n/a: sem ofensas).
Novamente o silêncio se instalou.
- , por que não foi para a sala mais cedo? Falaram que você estava com frescura... Achei que fosse algo relacionado a... “Sangrei minha calça e não tenho outra”. Algo do tipo.
A pergunta era séria, mas mesmo assim se matou de rir. Ela podia ser tudo, mas fresca até esse ponto nunca. Tinha as outras meninas ali para emprestar, caso não tivesse roupa... Por que estou tentando explicar isso?
- Frescura é a bosta. Eu estava com dor de cabeça. Só isso. Aí achei melhor ficar no quarto relaxando...
- Ah... Está melhor, né?
- Claro! Acho que era falta de comida! – apontou para todos os pacotes de bolachas, refrigerantes e balas abertos e sem mais nenhum conteúdo.
E o nosso amigo constante, o silêncio, voltou.
- Danny, posso lhe fazer uma pergunta?
- Outra? – piadinhas a parte, essa é a pior que alguém pode fazer – Claro que sim.
- Tem alguma coisa de errado comigo?
Ele a olhou, estranhando, e depois passou o olhar por toda extensão do corpo dela. Por mais que eles estavam sentados desgrenhados, era uma boa visão.
- Não – respondeu e depois frisou – Definitivamente não.
- Então, me responda outra coisa... O que eu não tenho que as meninas têm?
- Ué, ... – visivelmente confuso, ele não sabia como responder – Vocês são diferentes...
- Sim, certo. Mas olhe só... Se você fosse um homem...
- E eu não sou? – perguntou completamente surpreso pela fala dela e, quando viram, os dois estavam rindo de novo.
- Ok, você é um homem... – continuou ela – Se tivesse que escolher entre nós quatro... Teria algum motivo para não me escolher? Para não ficar comigo, hipoteticamente falando?
- Que pergunta idiota. É claro que não.
- Mas me escolheria então? De novo, hipoteticamente falando!
Olha quem voltou: o silêncio! Agora ele não fez uma boa parte no momento. A falta de palavras do garoto deixava a menina magoada. Já estava até pensando em algo para desconversar, para que ele não desconfiasse.
- Sim – ele tinha certeza. ? Ela estava com Dougie. Que fique feliz com ele. Agora, estava lá, jogando bandeira, o que ele sacou depois das perguntas estranhas, e ela era ótima, em todos os sentidos. O que ia perder? – Claro. , que pergunta é essa?
- Sinceridade? – ela perguntou feliz. Ele parecia convicto – Não pensou primeiro nem na.... ? Sei lá. Alguma das meninas...?
Era isso. Ciúmes! Ou quase lá. Rejeição, talvez?
- Não. Você, e quer saber por quê?
assentiu com a cabeça devagar.
Como resposta, Danny a beijou. Simples e fácil como fazer um miojo.
Delicadamente e, ainda assim, sexy, ele apoiou uma mão em sua bochecha e num ato extremamente rápido colou as bocas. nem pestanejou e praticamente voou por cima dele. Suas faces mal eram vistas. Tinham os rostos enterrados neles mesmos, enquanto suas línguas se moviam agilmente em perfeita harmonia, como se fossem predestinadas àquele momento.
Se ainda tinha algum rastro de na mente de Danny, ele foi embora, definitivamente. Beijar era como ele imaginou: gostoso, doce e um pouco selvagem.
Havia uma jogada de mãos entre eles, onde não se decidia entre as costas, cabelo, peitoral do rapaz... Era tudo simplesmente perfeito. Não tinha como chegar a uma conclusão. Danny ainda tinha sua mão entre seu rosto e o cabelo, enquanto a outra apertava levemente sua cintura ou acariciava as costas da menina vez ou outra.
O beijo durou bastante tempo, mas não sabiam disso. Era bom e não queriam parar.

- Até que enfim apareceram! – disse, nem um pouco escandalosa.
- Pelo tempo que vocês ficaram no quarto, deve ter rolado um créu que só Deus sabe!
- Fora o que tesava rolando aqui entre você e o Dougie, ? Não. Já basta aqui!
- Danny, cara, você perdeu a maior declaração do ano! – começou Harry.
- Não! De novo não!
- O que foi, ? – quase riu ao ver o desespero da menina.
- Lembra da emergência 072?
- , chega dessas emergências. Não temos algum código.
- Que declaração? – Danny perguntou curioso – Podem falar tudo de novo. Quero participar e ainda comentar.
Todos, menos , Danny e , riram. Os dois últimos por não entenderem.
- É agora mesmo que quero saber o que é! – disse – O que é?
- Ok. Lembra-se da Supremacia Bourne? – usou um trocadilho.
- Não! Você contou? – “emergências” elas podiam não usar, mas trocadilhos, sim.
- Elas me obrigaram!
Ao invés de a defender, ela ria. De tudo que fazia a ela, por mais que fosse brincadeira, era como aquele ditado: “o que joga para cima, cai na cabeça”. Ou se não for um ditado, algo relacionado a isso.
Disseram o motivo das risadas a Danny, que só riu mais ainda ao entender de quem se tratava. Ele nunca pensou que chegaria a conhecer a pessoa com quem James... Aventurou-se. E ela estava ali o tempo todo.
- Caramba, ... Você está de parabéns! Está com tu...
- Vamos com calma, Jones. Sem entrar em detalhes muito profundos – Tom defendeu quando já voltava a se enterrar no sofá.
- Se você ficar me olhando estranho igual a esses três ficaram, expulso todo mundo daqui! – a voz era abafada, mas desesperada e aguda.
- Não vou, se me deixar tocar aquela guitarra.
- Você foi ao meu quarto? – perguntou ela, já se esquecendo do assunto anterior.
- Fui. Estava procurando a .
- Créu.
- Dougie, cale a boca – todos disseram agora.
- Ele está falando de qual guitarra? – perguntou . – Não é aquela rosa horrível. É?
- Essa mesma – afirmou Jones.
- Credo! É a pior guitarra que ela podia ter comprado na vida!
- É por isso que ela está no quarto daqui... A não me deixou usá-la nos shows... Ela disse que, se usasse, ela saía da banda e nunca mais falava comigo.
- E você realmente acreditou? – perguntou Harry, achando a menina no mínimo idiota.
- Vai saber! Ela costuma falar umas coisas que dão medo. Não me arrisco.
- Mas é a guitarra mais legal que eu já vi! – continuou Jones. Assim dá a impressão de que ele é gay – É mais legal que a da Hello Kitty!
- Outra que, se ela tivesse, eu ia quebrar no meio com meus próprios dentes... – intrometeu-se .
- Vá lá tocar, Danny – acabou com o assunto, dando a permissão para o menino.
- Quero ir também – Tom falou e seguiu Danny até o quarto da menina, levando os outros dois também.
- , por curiosidade, você tirou a irmandade das calças viajantes do chão? – perguntou às outras três meninas, após entreolharem-se.
- Não – respondeu normalmente e depois arregalou os olhos, assustando-se – EI, DANNY, ESPERE! NÃO ENTRE!


Capítulo 14: You Know That Everybody Wants to Party on a Saturday Night.


Uma semana tinha passado e parecia no máximo duas horas.
Tudo estava na base do segredo. Pegações apenas nas casas de um deles ou em um lugar reservado. Danny tinha definitivamente tirado qualquer coisa que podia lembrá-lo de . Estava tudo bem. Alice e Fletch tinham se conhecido e tiveram boas conversas – a maioria delas tirando sarro das outras bandas, falando apenas dos pontos negativos delas – e decidiram manter tudo em silêncio. Isso seria A notícia para a mídia por meses, até porque as meninas iam embora em pouco tempo. Seria apenas um caso de... Viagem? Ser rico deve ser extremamente bom... “Ah, que vontade de ir para Londres... Volto qualquer dia, se precisarem de mim. Volto até no dia seguinte, mas quero mesmo ir para lá.” E vai, assim, simples!
Como nem tudo são flores, sol, praia e folga, todos tiveram compromissos que não acabavam mais. McFly fazia shows por toda a Inglaterra, enquanto vira e mexe estava em entrevistas, mini-shows, programas de TV, rádios, entidades... Deu para sacar.
- Chegando lá, segunda-feira, vocês terão que ir à Ellen Degeneres pra falar do CD novo. Terça-feira, quero ver vocês com as composições, mesmo se ainda precisarem mudar algo nelas, e a tarde vão à radio KIIS. Quarta, tem encontro com o Nate para falar dos arranjos. À tarde, , você vai à escola de música dar um entrevista e aulinha de bateria. vai visitar a Instituição de Crianças Carentes. vai dar uma entrevista por telefone para a Alemanha e , na EW. Quando acabarem, voltem ao estúdio e acabem as demos...
- Só podia ser quarta para ter tanta coisa assim em um dia... – reclamou . Suas quartas costumam ser horríveis para ela desde... Sempre.
- E por fim, à noite, vão ao coquetel da Atlantic Recorded – terminou Alice, ignorando – Quinta livre – suspiro de alívio – Sexta inteira, a partir das nove da manhã, reunião com a equipe. Sábado livre e domingo; o último ensaio.
- Cadê a “primeira-feira” livre? Ou as quarenta horas do dia? – perguntou desolada com o horário da próxima semana.
- O resto dos dias piora. Não fique triste, não – Alice disse, como se tentasse ajudar a menina, na ironia – Vocês terão a semana do natal e mais duas de férias. Antes disso, feriados nacionais não colam. Nem os do Brasil.
- Bom, muito bom – fez careta – Enquanto a semana que vem não chega, tem o que para hoje? Nada, né? Tchau!
Ela se levantou e foi saindo da sala, mas logo voltou a sentar a mando de Alice.
- Sem essa. Olhe só, vocês só têm esse final de semana aqui. Hoje vocês vão ao Paul O’Grady Show. Daqui duas horas, se aprontem que o carro vai passar aqui.

- É só esperarem aqui até o programa começar – disse a mulher com um pequeno microfone enrolado no rosto e uma prancheta na mão: uma das ajudantes do programa.
- Ela é nova aqui... – falou em seu devaneio e as outras concordaram, entrando em um outro assunto em seguida.
- Alguém falou com os meninos hoje? – perguntou e todas negaram – Que droga. Queria passar hoje e amanhã com eles...
- Eles ou só o Harry?
- Eles por uns três minutos e o resto com o Harry.– respondeu ela, levando as outras a risinhos.
A porta se abriu e a mesma mulher apareceu. Todas olharam pra ela, ainda rindo, e a outra só abriu passagem. As meninas já estavam sorrindo, pensando em encontrar Paul ali.
- Tem comida naquela mesa e o banheiro é naquela porta – para surpresa das quatro, McFly inteiro passou por ali – Qualquer coisa que precisarem a mais é só chamar.
- O que estão fazendo aqui? – perguntaram todos juntos e riram por isso.
- Viemos para um bate-papo com o Paul – e novamente juntos.
- Ninguém tinha falado que seria em conjunto! – falou surpresa.
- Para nós também não! – Danny disse.
- Estávamos mesmo falando de vocês... – começou.
- E por isso estavam rindo? Que coisa feia, rir dos outros assim.
- Dougie, fique quietinho – a mesma ainda falava – Era mais ou menos assim mesmo, mas enfim... Estávamos falando que seria legal se fizéssemos alguma coisa esses dois dias, já que vamos embora domingo, só para dar tchau.
- Domingo? Já? – Harry perguntou, escondendo o desapontamento. Ele passou a gostar delas. – Passou muito rápido.
Tinha nenhum sentimento em jogo além dos que já tinham: só demonstrações de afeto. O simples modo de se pegarem sem compromisso algum já era o suficiente para duas semanas. Ou era o que pensavam.
- É...
Um silêncio desconfortável pairou sobre eles.
- Então... – quebrou – O que dizem?
- Certeza. Fazemos alguma coisa, sim – concluiu Dougie.– Mas não podemos ser vistos juntos... Do modo como estamos.
Antes de chegarem a uma conclusão, a mulher apareceu novamente e disse que tinham cinco minutos para o programa.

A entrevista já tinha acabado. As meninas estavam indo para casa novamente, com metade de uma calça na mão.
Tinham combinado que iriam passar a noite com os meninos, já que os mesmos tinham um outro compromisso agora. Vida de famoso é foda.
- Por que não beijamos? Eu queria ter beijado! – lamentou .
- A Alice seria capaz de nos matar com um simples macarrão cru! – alertou .
- Damos um selinho demorado na frente das câmeras, . Contente-se com o que pode fazer quando está na frente delas...
- Já que fora delas pode fazer o que vier na sua cabeça – completou a fala de .
- ‘Ta, e o que vamos fazer até hoje à noite? E nem tentem dar uma de Pink e Cérebro, porque isso não vai colar comigo agora.
- Bravinha ela – riu – Sei lá, quem sabe... Ver TV, tocar, compor...
- , eu não componho – respondeu – Umas coisinhas só, mas isso não é para mim. Não acredito que vou ter que passar essa tarde com vocês... Já não basta a vida toda?
- Muuuuito obrigada pela parte que nos toca. A gente ama você também.
O resto da tarde foi monótono. ficou assistindo a True Blood – como se já não bastasse ela ter feito... Aquilo com quase todo o elenco –, até seus olhos cansarem e cair no sono.
fez uma pipoca e assistiu a Vampire Diaries de novo e depois ficou andando pela casa, como quem busca o que fazer até aparecer e aprontar em cima dela.
não conseguia ficar parada – como se fosse novidade – e, depois de ficar pulando no quarto de todas as outras três, enchendo a paciência delas, resolveu pegar o motorista e ir até um campo de hipismo.
, por fim, tentou ver Supernatural, mas a saudade de seu amigo era maior e o seriado só aumentava. Acabou que ligou para Jared e ficaram bastante tempo conversando. Jared e ela eram bem amigos, quase namorados há tempos atrás, mas não ia dar certo e assim acabaram como melhores amigos. Ele confiava todas suas coisas a ela, e ela a ele. dizia que não bastava as meninas para conversar. Outro ponto de vista diferente sempre é bom e Jared era o perfeito para isso.
Quando o cara precisava desligar, ficou sem o que fazer, então correu no quarto de e rapidamente pegou sua guitarra super mega fashion pink e a escondeu. Mesmo num quarto inteiro rosa, a primeira coisa que deu falta foi de sua preciosa. Ela tinha certeza de quem tinha a escondido e foi tirar satisfações. Isso demorou bastante tempo e só foi resolvido quando Alice chegou, dizendo que tinha que resolver algo com ela e o diretor de uma gravadora. Sobrou sozinha em casa agora para dormir também.

Após uma tarde cheia de compromissos, Dougie, Tom, Harry e Danny chegaram a suas casas e se prepararam para uma noite divertida... Que na verdade não sabiam o que seria. Deixaram para decidir tudo na casa das meninas. Só o próximo dia estava planejado, por enquanto, na cabeça deles.
Como meninos não demoram para ficar bonitos e nem precisam se esforçar pra isso – esses quatro principalmente se melhorar, estraga -, às nove horas estavam prontos e na frente da casa delas.
- Viu só? Por que eu? Por que não uma das folgadas lá dentro? Agora estou totalmente atrasada! – reclamou atrás deles.
- Porque você tem responsabilidade...
- E se forçar, as outras também terão!
- , pare de reclamar, que você está perdendo tempo – Alice terminou a discussão – Olá, meninos! terá que se atrasar por minha culpa, ok? Desculpem-me por isso.
- Sem problemas – disseram eles – Tudo bem, ?
A outra respondeu, escondendo o repentino mau humor, e abriu a porta.
- Passa o recado para elas, ?
- Não. Vou com ele para o túmulo! – falou irônica e recebeu um olhar não muito bonito da outra – É claro que vou falar! Queria muito dizer para você fazer iss... – foi resmungando para ela mesma até seu quarto.
- Ótimo. Tchau, se divirta – caminhou até a porta para sair e deu de cara com uma fedida.
- Sabia que ia perder a hora! Sabia! – aflita, ela começou a dizer – Desculpem-me por isso. Fui andar a cavalo e perdi a hora.
Típico dela. Ela adora cavalos e se sente em outra dimensão quando monta em um, esquecendo-se de tudo.
As duas pediram licença e uma foi para o banho, enquanto a outra saía de casa, antes avisando que os quatro já estavam na casa para as outras que já estavam prontas.

- Sem querer acabar com a graça de vocês, mas o que a gente vai fazer? – mesmo depois de mais ou menos uma hora e meia lá, ninguém tinha decido o que fazer.
Estavam todos esparramado no quarto de , conversando. Só para constar, a menina ainda estava trancada no banheiro. O motivo de ser no quarto dela é que precisava dos sapatos da menina e acabou levando todos com ela, quando não quis perder o fio do assunto que começaram na sala.
- Qualquer coisa, gente! Só não ficar em casa, pelo amor de Deus! – disse – , já acabou?
- Sim – a outra saiu do banheiro enrolada na toalha, mas voltou em menos de um segundo – O que diabos está todo mundo fazendo no meu quarto? Ah, enquanto eu fico no banheiro?
- Longa história – levantou-se e levou um bolo de roupas para a porta – Tome. Vista aí.
- Seria legal se pudéssemos sair por aí sem sermos atacados... Londres é tão legal! – apareceu no quarto e em seguida saiu do banheiro vestida.
- Podemos ir a um restaurante também...
- Não. Restaurante é coisa de Fletcher.
- Foi ótimo. Está bem? – e Tom se defenderam.
No fim, decidiram que uma boate seria bom para todos os gostos: dança, musica, bebida e pegação. Ao invés de focarem cada casal, passaram a noite entre os quatro, como na primeira noite em que se conheceram. Não é por isso que não se beijaram. Ficaram mais rindo das bobeiras que falavam ao invés.

- Prontas para a melhor noite de suas vidas? – perguntou Danny ao abrir a porta e dar passagem às meninas.
- Depende. O que vai ser? – perguntou depois de cumprimentá-lo com um selinho.
- Não é para tanto também, Danny – Tom apareceu – Só vai ser divertido... Pelo menos por um momento – terminou sussurrando e ninguém escutou. Ou fingiu não escutar.
- O que é? – perguntou curiosa, forçando o “é”.
- Sabem o teatro Old Vic? – Harry perguntou e elas assentiram – Nós vamos...
- Nós vamos a uma peça de teatro? – quase fez voz de desgosto quando o interrompeu. Ela até gostava de teatro, mas queria fazer outra coisa com ele que não fosse teatro.
- Não, enjoadinha. Temos uns contatos, fizemos ligações e conseguimos o teatro todo só para nós hoje.
- E... Por que precisamos de um teatro inteiro? – perguntou, tentando entender.
- Vocês vão ver.
Não passaram mais de meia hora dentro da casa de Tom – ali era um rodízio de casas que só Deus sabe! –, dividiram-se em dois carros e foram até o tal teatro – o que comprova minha teoria de que ser rico deve ser ótimo.
As meninas não tinham idéia do porquê de irem até lá se estariam apenas os oito.
Por mais que pegaram o lugar para eles por aquela noite, ele não estava completamente vazio. Porém estava do jeito que os meninos queriam. Os funcionários ainda estavam – aqueles que vendem balas, comida, água, etc – e, além deles, tinha dois chefs contratados apenas para cozinharem quando eles quisessem e alguns seguranças que deixariam ninguém além dos oito passar pelas grandes portas que levava até o salão principal.
- O que foi isso? – se referia aos chefs e todos na entrada – Ou melhor, o que é isso?
- Bem-vindas ao show particular feito especialmente por nós.
Em cima do palco, havia milhões de instrumentos. Todas as guitarras, violões, baixos que eles e elas tinham, além das duas baterias.
- Realizamos um sonho? – Dougie perguntou, quase que acusando.
- Vocês... Como que... Por acaso andaram lendo algo nosso? – possuía os olhos brilhando e olhava atentamente ao palco.
Ela se referia a uma entrevista bem antiga, em que elas disseram que o sonho da vida delas era ter um show particular de qualquer banda que elas gostavam.
- Talvez – Tom respondeu, achando graça da cara delas – Gostaram?
- MUITO! – todas juntas disseram, mantendo o olhar preso no palco.
- Estou em dúvida – disse, para não dizer que ela estava em choque – Como nossos instrumentos vieram parar aqui?
- Um pequeno toque da Alice – respondeu Danny – Então, qual vai ser a música que querem ouvir primeiro?
- Todas – novamente, todas disseram juntas.
- Aham. A favorita de cada uma primeiro.
- Todas.
- Escolham uma de cada vez!
Harry ainda quis ajudar, mas o que fez foi conseguir criar a maior discussão entre garotas que ele já viu na vida. Sentiu-se de volta ao jardim de infância, quando alguém roubava o lanche de alguém, sem os puxões de cabelo, ou quase.
- Façam alguma coisa para decidir quem começa... Sei lá, jokempô! – sugeriu Dougie.
Ele era um gênio. Elas pararam de discutir na hora e tiraram na sorte. foi a primeira e saiu contente, pulando pelo salão todo. foi a segunda, que acompanhou a outra, e por fim sobraram e , deixando a última por último nas rodadas.
Até que foi bom. A música de era extremamente linda. Ser a última foi bem mais aproveitador.
Embora a escolha de cada uma fosse diferente, não havia por que de toda algazarra, sendo que qualquer música pra elas era considerada a melhor e a escolha delas é uma que as outras também gostam.
“É mais que um sonho”, pensaram elas. Mais que um sonho porque o sonho real era somente conhecê-los e, depois de realizado, passaram a ser amigos e então começam a ficar. Tem como ficar melhor? Não vou nem responder.
As meninas não sabiam se gritavam, riam ou choravam, então decidiram que aproveitar e cantar eram as melhores coisas a se fazer, porque ter um show desse jeito não é sempre. Ainda mais quando não se tem pessoas fedidas/desmaiando/vomitando/apertando em volta de você. Eram eles no palco (a maioria das vezes as garotas também) e elas na frente apenas, sem nenhum obstáculo ou meios para atrapalhar a visão.
Durante as músicas, que não foram apenas as favoritas, todos se empolgavam, o que fez virar um show com dois baixos, quatro guitarras, por vezes alguns violões e duas baterias. Até que não ficou tão ruim. O que realmente importava era a diversão que estavam tendo.
- Todos nos abandonaram... – riu, sentando-se ao lado de Dougie em um canto do palco.
- Mandei a maioria sair daqui – confessou – Seria legal passar o resto do tempo só com você. Digo...
- As últimas horas – ela completou e ele concordou – Você é legal, Dougie – e lindo e fofo e perfeito... – Foram ótimos esses dias com você.
- É. Volte mais para repetirmos – riu – Quem sabe não completamos o futuro que planejamos no primeiro dia?
“Se quiser começar hoje, não me importo”, pensou a menina.
- Claro! – riu debochada, igual a ele – Tenho que dar uma olhada na minha agenda. Sabe como é... – ela tinha razão – Quem sabe em... 2019?
- Tem razão. Tem que deixar na agenda – falou ele – Bom, foi legal ficar com você.
Vai ser assim então? “Foi legal. Beijos, tchau, se cuida!”? “Que coisa mais... Triste”, pensou ela. No entanto, a mesma não podia reclamar de jeito nenhum e nem transparecer que não gostava da situação... Se ele não transparecia, ela também não faria isso.
Ele não mostrava, mas estava mesmo achando a garota diferente. Não se divertia do jeito que ele se divertiu nessas duas semanas fazia muito tempo, principalmente com uma garota. O fato é que já que não demonstrava nada, ele também não faria. Já chega o que passou com Frankie. O casal ficou na extremidade do palco em um papo um pouco desanimador e por vezes se beijavam.

- Fale se não foi bom ficar comigo – ser modesto às vezes é um coisa boa, mas do tanto que estava sendo...
- Cara, qualquer coisa comigo se torna ótimo, para não dizer perfeito –... Para não dizer perfeito – A diferença é que quando termino com uma garota, ela costuma ficar aos pedaços.
- Harry, estava me gabando, mas você já está passando dos limites! – riu.
- Fale então se não está escondendo a dor de me deixar.
se calou e por um tempo Harry achou que tinha pegado o ponto fraco dela...
- Na verdade, não. Nada – confessou. O silêncio só serviu pra vasculhar seus sentimentos – Nós só ficamos por uns dias... – parou ao ver a cara de indignação do rapaz e rolou os olhos – Digo, é sempre ruim, mas do jeito que você fala parece que estava esperando que eu me matasse de chorar, me recusasse a voltar para casa para ficar com você e ficasse em lágrimas pelo resto da noite, quem sabe o resto do ano.
- Era isso mesmo – disse naturalmente e a menina o olhou assustada – Qual é? Acostumei-me com as outras!
- Pode ser, mas Harry... – encostou seu corpo ao dele e colou os rostos – Não sou como as outras.
Provocação é golpe baixo. O resto já dá para saber o que fizeram e, para esclarecer, não foi sexo.
estava mais de boa com a partida e a despedida. Claro que se pudesse escolher seria completamente ao contrário.
Harry então se sentiu de certa forma aliviado. Quando há todo aquele choro, tem de ficar agüentando a menina estragando uma camisa e depois a amizade não durava ou nem existia – como se ele realmente se importasse. Mas foi ao contrário com e ele gostou disso.

Tom e estavam sentados e quietos, observando seus amigos no maior momento fofo/triste, cada um em seu canto. Conseguiam ver e Dougie em um beijo calmo e delicado e às vezes aos cochichos. Harry e com caras engraçadas, provavelmente numa conversa difícil de acreditar, e quase sempre se beijavam de uma forma que podia ser considerado crime. e Danny eram os únicos que não estavam na visão deles por estarem bem atrás.
- Tom? – falou – Se eu disser que não queria me despedir e que não estou legal por... Nós... Seria apressado ou idiota?
- Não! Claro que não! – pelo menos ele não era o único a pensar daquela forma.
- É que... Você sempre foi perfeito em apenas o que eu lia ou via e, depois que o conheci e desses dias, não sei mais se “perfeito” é a definição certa. Não sei se tem uma palavra melhor que essa.
- , apenas pense que o amanhã não vai chegar, que o agora é para sempre e temos que aproveitar enquanto tivermos tempo.
- Trágico e profundo. Gostei – ela riu calmamente.
- Vamos continuar amigos, nos falando. De certa forma esse “para sempre” não vai acabar hoje.
“Por mais que não seja a mesma coisa”, pensaram os dois. Foram apenas umas semanas e era a mesma coisa que passar essas semanas com o bonitão do colegial. A grande diferença era que o bonitão era Tom e sempre sonhou com esses dias. Só que, no sonho, o fim era outro.
- Então vamos aproveitar o para sempre de hoje.

- Adorei você com ciúmes aquele dia.
- Não eram ciúmes! – defendeu-se – Era... Dúvida.
- Claro que era – concordou Danny ironicamente.
- Largue de usar essa ironia! Era sim! Olhe só: todas suas amigas estão ficando com os caras que elas sonharam a vida toda e você fica de sobra. Não se sentiria assim?
- Não – disse após acompanhar a linha de raciocínio dela – Sabia que íamos acabar assim. Não tinha por que eu ficar desse jeito – além do que, quando ele ficasse seria uma boa se alguém dissesse.
- De certa forma eu também, mas você demorou tanto! Sei que gosta de criar todo aquele clima de expectativa, mas pelo tempo que demorou achei que tinha desistido!
- Está me chamando de lerdo?
- Aham.
Logo ele, Daniel Jones, que é o mais pegador dos quatro!
- , foram quase três dias.
- Já parou para pensar no que poderíamos ter feito em setenta e duas horas?
- Tipo...? - O que duas pessoas que estão ficando fazem? – ela perguntou, mas depois corrigiu – Quer dizer, você?
- Hm... Sexo.
sorriu, dando a desejar se era aquilo mesmo a que se referia.
- Você iria... Não sabia que...
- Eu disse nada.
- Mas insinuou! – pararam de falar – Está a fim?
- Danny! Vou embora em menos de doze horas e você me pede isso? – ela queria rir, mas se mostrava indignada.
- Tem certeza? – ela apenas o olhou – É, tem razão. Desculpe-me.
Ao invés de sexo, se beijavam de formas a desejar, apenas para provocar, e pensou se era isso a palavra final dela. Acabou que ficou por isso mesmo. Se houvesse algo de sentimentos ali, quem sairia perdendo era ela e a mesma não precisava de mais dos que já tinha.

Já em altas horas da madrugada, as quatro moças se preparavam para entrar em casa, mesmo sendo a última coisa que queriam.
- Então... É isso – disse Dougie.
- É...
- Bom, nos falamos depois... Tchau.
Com um último beijo, deixaram a casa delas e elas entraram.

- Como foi a surpresa de se encontrarem aqui?
- Totalmente surpresa! A gente ficou tipo... “O que estão fazendo aqui?” – respondeu .
O lugar era dividido entre o lugar que o Paul ficava. Ao lado esquerdo dele estavam os meninos e do lado direito, as meninas. Todos sorriam o tempo inteiro.
- Era para ser assim mesmo – disse o dono do programa e a platéia riu – Queríamos fazer umas perguntinhas a vocês e seria legal que estivessem juntos.
- Agora estamos!
- Ótimo, vamos começar com as meninas e depois vocês – apontou aos meninos – E depois os dois. Tudo certo? – eles concordaram e ele continuou – Então... , vieram à terra da rainha por qual motivo, já que não houveram grandes shows...?
- Bom, eu queria mais que tudo nessa vida ir a uma première de Harry Potter aqui na Inglaterra. Aí apareceu a oportunidade e todas vieram como brinde! – respondeu.
- Ela na verdade levou o mundo e nossa agenda aos ares para poder vir – riu – Mas foi bom. A gente adora os filmes e somos muito amigas do elenco. Foi super divertido. Tínhamos que resolver pequenas coisas aqui e aproveitamos para fazer tudo já.
- E de quebra encontraram o McFly... – comentou Paul.
- Foi totalmente coincidência – revelou .– Foi de última hora que viemos pra cá. Não deu pra avisar alguém.
- Mas acabamos encontrando, de qualquer forma – completou .
- E as fotos que saíram no final da festa? Eu senti um climinha lá.
- Somos bem amigos, nos divertimos muito aquela noite e nos abraçamos – como se tivesse ensaiado perfeitamente bem, respondeu convincente.
- E o que você diz, Dougie?
- Isso. Foi nada demais. Só amizade. E, bom, era uma festa open bar... Precisávamos de apoio! – algo deu em Poynter para que falasse mais que cinco palavras.
- Certo, você tem razão. Agora... – Paul riu – Como vai o casamento, Thomas?
- Ah, vai muito bem. Obrigado por perguntar – riu também.
- Ele é um bom marido, ?
- Então, eu até diria que sim, mas não dá pra responder porque ele nunca está na mesma casa que eu!
- E o boato?
- Não estamos casados – Tom desmentiu o rumor – Só é estranho saber que todo rumor que me envolve é sobre casamentos... E também só nos conhecemos há seis meses. Casar agora? – riu.
- É, seria realmente estranho, mas existem pessoas para tudo! – ele falou e se ajeitou na cadeira – Danny Jones, diga-me: se fosse para escolher alguém dessas quatro belas jovens, quem seria?
- Vixe, que pergunta difícil, Paul – falou Danny com a melhor cara de safado e todos riram, inclusive ele – Quem você escolheria?
- Realmente, é bem complicado, mas acho que ficaria com .
- Oh, obrigada. Eu também o escolheria! – brincou ela.
- Ligo para você mais tarde. Pode ser? – perguntou gozado e assentiu, rindo – Já se decidiu, Danny?
- Acho que a – por trás, eles tinham que esconder os risinhos cúmplices – Desculpe as outras. Vocês também são lindas.
- Boa escolha. Posso ficar com todas? – Paul virou-se para elas, fingindo entregar um cartão com o número dele – E você, Harry?
- Terá que dividir comigo, Paul.
- Hm, falaremos disso nos comerciais – fingiu ficar carrancudo – Tom?
- Como assim ele tem que escolher? Achava que estava casado com minha amiga! – brincou .
- Tem razão – brincou, fingindo concordância.– Ok, finja que está solteiro hoje. Quem escolheria?
- A mesmo – respondeu, fazendo um “huuuuuuuuuuum” forçado sair da platéia e todos riram.
- O amor corre à solta por aqui. Eu disse para você fingir! – falou – E vocês, garotas? Permaneceriam na mesma escolha deles?
Elas disseram que sim, claro.
- Que gracinha... Por que não dão um beijo cada um? – após propor a idéia, todos começaram um coro de “beije! Beije! Beije!”.
- Não. Que é isso... Não precisa... Deixe para depois... – tentou . Se elas fossem mesmo nisso, talvez nem Deus pudesse fazê-las parar.
- Elas estão lhes dando um fora, garotos – Paul disse apreensivo e eles fizeram caretas – E só um selinho? Qual é... Mata ninguém!
- Sério. Não tem necessidade... – quase se escondia no sofá.
- Duvido que façam isso. Aposto minhas calças. Todos nós pagaríamos vergonha. O que dizem?


Quero ler os próximos capítulos!


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