Guts
Autora: Mah Carvalho | Beta: Thais


E a minha vida se virou de cabeça para baixo no dia 11 de janeiro de 2000.
11 de janeiro de 2000.
Eu estava no meu quarto quando ouvi bater na porta.
- , minha querida, está acordada? – Elisabeth perguntou abrindo a porta.
Beth é patroa da minha mãe, minha segunda mãe, pra falar a verdade. Moro na mesma casa que ela, o marido e o único filho dela vivem. . Meu irmão mais velho.
- Olá, Beth, tô lendo um pouco, entra. – eu disse largando meu livro de lado e dando espaço para ela se sentar na cama.
- O que foi, Beth? Seus olhos estão inchados. – eu perguntei me endireitando na cama, opa, coisa boa não era.
- Querida, o que você faria se tivesse que morar aqui em casa pelo resto da sua vida? – ela perguntou segurando minhas mãos.
- Eu adoraria, Beth, amo essa casa e amo vocês. – eu disse estranhando um pouco a pergunta. – Por que, Beth?
- Querida, o que eu vou te falar agora não será a melhor noticia da sua vida, mas por favor, eu só te peço uma coisa, que você fique aqui em casa o tempo que você quiser e precisar. Me promete? – ela perguntou derrubando algumas lágrimas.
- Prometo, Beth, mas me fala. O que aconteceu?
- Sua mão desapareceu. – ela disse trêmula.
- C-co-omo assim Beth? – eu disse com a voz já embargada.
- Sua mãe sumiu, .
Eu não tive reação. Percebi que e seu pai estavam na porta. veio até mim e me abraçou, e por um momento eu me senti segura. Beth e o Sr. sairam do quarto, mas ficou comigo até eu pegar no sono.

Acordei no outro dia acabada, tinha olheiras por todos os olhos, cabelo bagunçado. Fui até o banheiro e dei uma geral, ficando apresentável. Desci e fui até a cozinha, onde tomava café sozinho.
- Bom dia – eu disse sentando na frente dele.
- Bom dia, maninha, tá bem?
- Tô sim, e você, cadê a Dona Beth e o Sr. ? – eu disse pegando uma torrada.
- Saíram cedo, problemas na empresa. Só chegam amanhã à noite, então a casa é nossa. – ele disse fazendo uma cara sapeca.
- , faça festa sozinho, eu só preciso dormir.
- E quem falou que eu vou fazer festa? Preciso de descanso também. Vamos na locadora? Passamos dois dias com pizza, coca e filmes, ok?! Nada de bebida, nem festas?!
- Ok, .
Eu estava preocupada com a minha mãe. Sabia que os pais dele não foram pra empresa. Acabei ouvindo a conversa deles no corredor. Eles iriam procurar minha mãe junto com a polícia e deixou cuidando de mim. Não era lá muito nova, tinha quinze e , dezessete, parecíamos cças quando ficávamos sozinhos. Mas eu não estava bem. Tentava me fazer de forte, mas chorei a noite toda.
Minha mãe era tudo pra mim. Não tenho pai, ele largou minha mãe antes de eu nascer, um completo covarde. Minha vida era minha mãe, Beth, Sr. e . Moro naquela mesma casa desde quando me entendo por gente, ou seja, quinze anos.
Naquele dia a única coisa que eu consegui fazer foi chorar, me senti sortuda por ter ao meu lado. Senti que não veria minha mãe tão cedo.

20 de abril de 2010
Hoje é meu aniversário e eu estou trabalhando. Sou fotógrafa da banda do meu irmão. All Time Low. Você deve estar se perguntando “Mas e a sua mãe?”. Bem, ela nunca mais apareceu. Desde então, fui criada pelo e acabei dando a sorte de me chamar pra trabalhar com ele.
Conheci muitas pessoas nas qual eu amo muito e me ajudaram a crescer como , , e a Namorada do meu maninho, , minha melhor e única amiga. Ela é a personal tudo da banda, é cabeleireira, maquiadora, stylist, mãe, namorada, tia, avó e assim vai... Namorados? Só tive dois nesses doze anos, John O’Callaghan, da The Maine. Parecemos uma sanfona, vamos e voltamos várias vezes, mas percebemos que tudo o que nos restava era a amizade um do outro, no entanto, nunca mais o vi. Meu outro namorado foi Travis Clark, também não deu muito certo e acabamos na amizade, mas assim como John, nunca mais o vi.
Estávamos no Brasil, fazendo show em São Paulo e depois partiriamos para os EUA em mais uma Warped. Amo a Warped, as melhores tous são as da Warped, tudo pode acontecer.
O show foi ótimo, graças a Deus. Estava morta, me sentindo um lixo quando cheguei no camarim, tirei meus tênis e senti algo muito pesado em cima de mim. . Aquele saco de merda pesa muito, pura massa, MAS PESA. Quando dei por mim, estava em baixo de um montinho no qual era composto por , , , e todo o Staff da banda. Isso não é legal.

Depois do montinho, de parabenizar meus bebês, ver as fotos e ir para o hotel, finalmente eu estava dentro do avião indo pra minha casa pra um descanso de um dia. Parece pouco, mas é o suficiente pra eu me reorganizar e arrumar as malas novamente fomos festejar meu aniversário. Voltamos para o hotel quase ao amanhecer, alguns bêbados, outros não, como no meu caso e no de . Cheguei no meu andar e me despedi de e entrei no quarto e troquei de roupa, deitando na cama e descansando. Amanhã partiria para a Warped.
Como era de se esperar, esbarrei com os meus ex e, como sempre, tive pra me ajudar a despistá-los. , sempre tive uma queda (tombo) pelo amigo peludo do meu irmão. Ele sempre me chamou a atenção.
- , nem sei como te agradecer por ter me livrado do Travis – eu disse abraçando meu amigo.
- Magina, . Er, eu queria falar com você, mas em um lugar mais reservado, vamos pro trailer? – ele disse cocando a nuca. Vem bomba do por aí.
- Então, Bola de Pelo, o que me conta? – eu disse pegando a minha câmera e sentando na minha cama.
- Euteamo. – ele disse meio vermelho.
- , não tenho bola de cristal. Fala mais devagar.
- Eu te amo. – ele disse e eu fiquei boquiaberta.
Quando me toquei, já estava beijando e sentindo aquelas borboletas que todos dizem que temos quando encontramos quem a gente ama. Ok, não sabia se eu realmente gostava de .

No outro dia tentamos agir normalmente mas a vontade de ficar perto um do outro era maior. Aí você já sabe, rolou o bafon “Irmã de ficando com seu melhor amigo” e assim vai...
Algumas semanas depois e lá estava eu novamente com aquela aliança na mão direita novamente. Mas dessa vez eu realmente me sentia feliz. Estávamos todos na casa dos meus pais, quando falo todos, são todos mesmo. Eu, e toda a Cia. All Time Low. A campainha tocou e foi atender.
- , acho que é pra você. – disse meio estranho.
- Nossa, que estranho.
Fui em direção da porta e a abri. Dando de cara com a minha mãe.
- Como você ousa voltar depois de dez anos? – eu disse com toda a raiva qua eu tinha no meu coração. Ela me abandonou por dez anos. POR UMA VIDA TODA e agora quer voltar?
- Veja você, minha querida, está linda, crescida, madura... – ela disse tentando tocar meu rosto.
- Não toque em mim. Vá embora! – eu disse gritando. A essa altura já estavam todos atrás de mim observando o que estava acontecendo. Eu estava chorando e bati a porta forte e abracei .
Desde essa dia ela se tornou uma assombração na minha vida. Não sei como, mas descobriu o endereço no qual eu morava com e ia lá todos os dias. Um inferno. Até que um dia eu acabei tomando a iniciativa de conversar com ela e colocar tudo a limpo.
- Por que você me persegue? – eu disse encostada no batente da porta. – Minha vida estava ótima até você aparecer. Por que você desapareceu? Me largou assim, do nada.
- Você nunca vai me perdoar. Nunca, jamais. – ela disse chorando.
- Se você não me explicar, eu jamais vou saber se vou ou não te perdoar. – eu disse tentando parecer forte. – entra, vamos conversar. – Fomos até a cozinha e sentamos na mesa que dava de frente para a piscina.
- Bela casa – ela disse observando a casa quase toda branca.
- Não estamos aqui para falar da casa, mas mesmo assim muito obrigada. Agora me explique.
Acabei descobrindo que meu pai era bandido, da pesada e estava perseguindo minha mãe. Ele não sabia quem eu era então tive um pouco de sorte. Ela acabou me largando e foi para o Brasil, para tentar fugir dele. Ele acabou morrendo e ela veio atrás de mim pedir perdão.
- Eu não sei – disse meio atordoada. – Preciso pensar.
- Você tem o tempo que precisar, querida. – ela disse carinhosa. – Não quero apressar as coisas.

Depois dessa conversa eu demorei um pouco mas acabei aceitando ela e a perdoando. Logo após disso me pediu em casamento e eu aceitei entrando em um duro processo de escolha de guardanapos e toalhas de mesas que não acabava mais. No dia 28 de novembro de 2010 nos casamos. Foi o melhor dia das nossas vidas e ela, minha mãe estava lá.

Um ano depois veio a nossa primeira princesa, Nathalie . Linda, morena, de olhos castanhos. Como se já não bastasse, dois anos depois vieram os gêmeos. David e Angel Gaskrth .
Estávamos cansados, exaustos pra falar a verdade. viajando o mundo todo com a banda. Meu irmão se casou com a e juntos tiveram gêmeas, Zoey Requena e Kylie Requena. Não queira saber como essa caca fica no final de semana. E minha mãe esteve lá, firme e forte ao meu lado. Até que um dia não aguentou mais e aos setenta anos ela se foi.
Os anos se passaram e junto com eles vieram as rugas, os netos, os falecimentos, uma banda desfeita, produtores. Mas havia também uma família na qual só ia crescendo a cada vez. Meus filhos saíram de casa, viraram fotógrafas, cantores e arquitetos, tiveram filhos. Assim como os de , e . Mas aos poucos fora se dissolvendo. Primeiro foi , aos 80 anos. Depois aos 82 e assim por diante, restando apenas eu, meus filhos, meus netos e bisnetos.

Fim



Nota da beta: Hey, encontrou algum erro nessa fic? Me mande um e-mailavisando! xx



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