Capítulo 1
Estava dormindo - era domingo -, quando às nove horas meu celular começou a tocar. Olhei no visor e era minha melhor amiga quem ligava: . Ela é uma ótima pessoa, mas como todo mundo tem seu lado anormal, não era diferente: fã retardada número 1 de uma banda chamada Jonas Brothers. Tente se imaginar em meu lugar. Há quem aguente uma pessoa falar todo dia, toda hora, todo minuto de uns tais Joe, Kevin e, principalmente, Nick Jonas? Bom, voltando à situação, não queria atender. Mas como a criatura insistia, atendi.
- Alô? – disse com voz sonolenta, bocejando e coçando o olho. Típico meu ao acordar.
- - ela gritou como se fosse o fim do mundo. - Levanta! Ou você esqueceu que nós marcamos de ir ao shopping às nove horas? - disse no seu tom normal.
- Tá, calma - pedi. - Não esqueci, apenas perdi a hora - falei, já me levantando. - Tchau, vou tomar banho.
- Ei, espera - ela apressou-se. - Já contei a última novidade dos...
Não a deixei terminar de falar e desliguei o celular. Eu sabia de cor tudo o que ouviria. Tomei banho e parei na frente do guarda-roupa. Decidi vestir o primeiro conjunto de roupas que vi pela frente: uma blusa de alça lilás, calça jeans skinny e o meu all star preto. Com a paciência esgotando, sequei brevemente os cabelos. Por fim, borrifei perfume no pescoço e peguei minha bolsa. Dei mais uma checada no espelho e fui à cozinha, onde meus pais conversavam.
- Bom dia, pai! – disse dando um beijo na bochecha do senhor que lia o jornal tranquilamente. Ele murmurou alguma coisa. - Bom dia, mãe! - repeti o gesto com ela.
- Bom dia, meu amor! – respondeu-me.
Sentei-me e não demorei a decidir o que iria comer. Torradas e suco de laranja foi meu café-da-manhã. Satisfeita, levantei e larguei a louça na pia. Avisei que ia sair com e estava quase fechando a porta quando papai me chamou - pronunciando-se pela primeira vez naquela manhã.
- , temos que conversar - disse carrancudo. - É um assunto muito sério e que talvez você não goste.
Dei meia volta, tornando a pisar dentro de casa. Respirei fundo, fechando os olhos e pedi para que ele falasse, sem enrolações. O nervosismo tomava conta de mim e eu sentia que explodiria a qualquer momento de tanta curiosidade. Infelizmente, não era uma curiosidade boa.
- Nós decidimos que vamos nos mudar para o exterior - ele disse calmamente. Sabia que essa maneira fria de papai tratar as pessoas era simplesmente uma máscara.
Ela o deixava com a aparência de um homem seguro, quando por dentro queria gritar de pânico.
- O quê? - perguntei tentando assimilar o que acabara de ouvir. - Como assim? – minha voz saiu elevada, num baque.
- Calma, meu anjo - mamãe apressou-se e eu a olhei apreensiva, como se ela fosse a única salvação. - Vai ser bom pra você, pense pelo lado positivo. Conhecer pessoas novas e diferentes - dizia gesticulando nervosa. - Aliás, a qualidade de estudos lá é muito melhor! Teremos uma vida mais confortável – falou tentando me passar toda sua empolgação.
- Não quero pessoas novas e diferentes - gritei autoritária. - Só quero ficar aqui com as velhas e normais - disse com a voz embargada - que eu conheço – sussurrei.
- Filha, já está decidido - meu pai disse sem ao menos desviar a atenção do jornal. - Iremos na semana que vem. Você irá gostar de Nova Jersey, tenho certeza – finalizou.
- Ótimo! – esbravejei irônica e bati a porta antes de sair.
Encontrei na entrada do shopping. Tomamos sorvete e contei tudo a ela, que me apoiou. Convidou-me para ir à sua casa no sábado, um dia antes da viagem. Concordei. Passei o resto do dia tentando me distrair, mas quando me lembrava que em uma semana não veria mais meus amigos era como se o mundo desabasse. Batia uma tristeza e a dor só aumentava.
Decidi ir para casa dormir, não conseguia falar com ninguém direito. Ao contrário de quando saí, não bati a porta. Fiz o mínimo de barulho possível e subi para meu quarto feito vento. Era como eu me sentia. Vazia e gélida. Morta-viva. Tomei banho rápido para aliviar o cansaço e deitei na cama, pegando no sono sem esforço algum.
Capítulo 2
Passaram-se duas semanas desde que fui embora do Brasil e muitas coisas mudaram em minha vida. Papai conseguiu um emprego maravilhoso e mamãe passa praticamente vinte e quatro horas dentro do SPA com suas amigas. Eu sinto tanta falta de lá, principalmente da . Sorte que encontrei uma brasileira aqui e isso me conforta um pouco. Ela se chama e apesar de ser um ano mais velha que eu estamos nos dando super bem. O início de uma grande amizade. Aliás, nesse momento, estamos aqui na casa dela. Nós vamos sair pra dançar, beber e nos divertirmos.
- Hey! - ela me chamou enquanto apressava-se para colocar os brincos. - Apura, - pediu, agora passando perfume. - Senão não dá tempo de pegar uns – disse me empurrando pra fora do quarto.
Eu ri.
- Mas quanto desespero! A seca é tanta assim? – perguntei ainda rindo. me lançou um olhar fulminante, o que fez com que eu calasse a boca instantaneamente e a obedecesse.
Paramos na frente do espelho enorme que forrava a parede do quarto de seus pais para checar a aparência. Estávamos lindas. trajava um shorts de cetim preto, sandália preta, blusa decotada azul turquesa - também de cetim. Cabelos levemente enrolados, maquiagem leve, brincos dourados. Eu, por minha vez, usava um vestido vermelho de frente única cujo comprimento não ultrapassava do joelho, um par de sandálias prata com glitter. Cabelos lisos, maquiagem leve - assim como a de -, brincos e pulseiras de strass prata. Sorrimos uma para a outra, admirando o quão bonitas éramos. Descemos as escadas e antes de bater a porta frontal, gritou algo para sua mãe. O táxi já nos aguardava. Ele nos levaria à uma balada, trajeto que não demorou muito.
Chegamos ao local e ele estava, literalmente, fervendo. Um pouco adiante da porta, um casal se amassava. Inevitavelmente, a multidão nos arrastou para o meio da pista. Avisei-a que queria um drink e não demorei a achar o bar. Pedi um coquetel de frutas e procurei um daqueles sofás para sentar. Felizmente, achei um lugar vago.
De longe, pude ver com dificuldade fazendo o mesmo que havia feito minutos atrás: solicitando uma bebida. Porém, eu já estava na quinta taça. Ou era a sexta? Bom, se eu mal conseguia enxergar, raciocinar seria impossível. Matemática não estava ao meu alcance. Vi um borrão parado feito estátua na minha frente e logo depois fui atingida por berros desesperados.
- Para de beber, estrupício! - gritou. - Daqui a pouco você vai vomitar – disse arrancando de minha mão a taça estupidamente. Fiquei com cara de paisagem e ela voltou a dançar, deixando-me bêbada abandonada.
- Nãão - eu balbuciei e ri - Eu tô bem - afirmei pro nada - e...
Senti uma tontura e meus olhos pesaram. Acabei dormindo ali mesmo, mas por pouco tempo, já que alguém fez o favor de me acordar.
- Ei, garota? - o menino me cutucou - Você tá bem? – perguntava insistentemente. Abri os olhos e o encarei com certo esforço, pois minha cabeça doía. Dali, eu tinha uma visão muito propícia. Seus braços estavam à mostra.
- Cara - eu disse cantado. - Como você é gostoso – comentei e mordi os lábios. Não deixava de ser verdade, mas nenhuma pessoa fora do estado de sobriedade consegue se controlar.
- Como? - ele perguntou demonstrando nervosismo. - Você tá legal? - desviou do assunto.
- Hã? - disse atordoada. Ele passava a mão nos cabelos e isso me dava tonturas. - Sim - respondi sem raciocinar direito, mas logo corrigi - digo, não – falei. O garoto sentou-se ao meu lado e riu. Seu perfume penetrou minhas narinas e eu tive uma sensação de ânsia. Analisei suas feições faciais. Ele parecia familiar, mas de onde?
- Você tomou todas - falou brincando e logo deu o famoso sorriso de canto. Sorri de volta. – Você pode não acreditar, mas faz alguns dias que venho te observando - disse e corou, mas logo se recompôs. - A propósito, qual é seu nome?
- - estendi a mão -, mas pode me chamar de .
- Sou Nicholas - beijou minha mão e eu sorri envergonhada. - Nick.
Nick! É isso. De repente, uma série de coisas passou por minha cabeça e eu tive um estalo, me lembrando quem era aquele ser.
- Claro! Como eu não reconheci você antes - disse batendo na minha própria testa. - Você é aquele cara daquela banda famosa que a minha amiga é fã, não é isso?
- Deve ser - disse desviando o olhar para longe. - Acho que sim – ele fez expressão de quem não entende nada.
Ao longe, dois garotos nos assistiam, então presumi que seriam da mesma banda. Eram eles, eu mal podia acreditar. Continuamos conversando, mas me senti desconfortável com os olhares alheios.
- Desculpa, como é mesmo? - falei, tentando me lembrar de seu nome. Ele abriu a boca para responder, mas eu fui mais ágil. - Ah, sim... - falei rápido. - Nick Carter, você poderia pedir pro AJ e pro Howie deixarem de ser curiosos.
- AJ? - indagou arqueando a sobrancelha. - Howie? - disse ríspido, mas confuso. - E Nick Carter? - ele riu escandalosamente.
- Pronto, agora vai me chamar de louca e vai dizer que você não é um Backstreet Boy - disse bufando, cruzando os braços e virando a cara. Famosos são todos iguais.
- Backstreet Boys? - ele disse e continuou rindo feito doido. Qual era a graça nisso?
- Do que você tá rindo? – estranhei e fiz uma careta.
- Posso ser sincero? - ele pediu e eu assenti. - Garota, você não está bêbada. – ele me ironizou. - E sim trêbada! - e voltou a cair na gargalhada.
- O que eu fiz de errado? - perguntei irritada, cerrando os olhos.
- Não o que você fez e sim o que disse - disse batendo no sofá, sem conter o riso.
- Puta que pariu! - gritei sem paciência. - Por favor, pare de rir – fui seca e o encarei com ódio.
- Calma, - ele disse arfando. - Foi apenas uma confusão - explicou-se e eu franzi o cenho. - Eu sou o Nick J...
Mas não o deixaram terminar a frase.
- E aí, pinguça! - chegou gritando. Incrível como ela adora estragar meus momentos. - Me apresenta o garotão? - pediu sem o menor pudor. Estava tão bêbada quanto eu, mas aquilo era o cúmulo da ignorância.
- Esse é o Nick Carter - apontei para ele, revirando os olhos. - Não reconhece, tonta?
- Na verdade... - ele tentou falar. Tentativa fracassada.
- Ah, claro! - disse abanando o ar. - E eu sou a Madonna - disse irônica e fazendo pouco caso. - Give it to me, yeah! - cantou enrolando a língua. - Esqueci a letra - bufou. - Foda-se! - disse feliz e ergueu os braços pra cima também.
Eu ri alto.
- Joga no Google - sugeri e caímos na risada, apenas eu e ela. Nick continuava sério, impaciente.
- Chega por hoje - disse revoltado. - É insuportável aturar duas alcoólatras - levantou e bateu as calças para tirar o pó.
Acompanhei seu caminhar e ele juntou-se aqueles que identifiquei como sendo Howie - o de cabelo mais comprido - e AJ. Só que esse AJ estava muito fajuto para o meu gosto. Ou a barba que ele usava era falsificada mesmo? Enfim, agora os três riam de mim e de , deixando-me completamente estarrecida. De onde tiravam tanta indiscrição? E coragem também, pois agora eu estava soltando fumaça pelas orelhas. Eles desocuparam seus lugares e caminhavam em direção a porta, que não ficava muito longe do lugar onde eu estava sentada. Resolvi agir.
- Vai embora daqui, Car... - tentei gritar.
Não tive tempo de gritar tudo o que guardava em mente. Senti meu estômago embrulhar, a visão girar e ficar turva. A tontura tomou conta de mim e eu previ o que estava para acontecer. Com uma força inexplicável, a ânsia veio seguida do vômito. Caí fraca no chão e ouvi passos. Uma mão estendida, oferecendo ajuda. Era ele.
- Deixa que eu te ajudo - ele ofereceu. Seu olhar estava compreensivo e eu poderia ter aceitado se não fosse tão teimosa. Além de que ele estava com uma cara estranha, parecia segurar o riso. Caramba! Será que ele só sabe rir? Inútil.
- Sai daqui - gritei e ele agarrou minha mão. - Eu não preciso da sua ajuda - falei entre os dentes. - Nunca vou precisar de você - fui rude, mas ele merecia, apesar de toda aquela beleza escultural.
- Tchau então, - ele disse, largando minha mão. Deu uma última olhada em mim e foi embora.
- Tchau, Nick Carter - respondi ríspida. Vi os dois que estavam com ele rirem e fiz um barulho esquisito com a garganta de raiva, tipo um grito reprimido.
Procurei e chamei-a para irmos embora. Entrei em casa de fininho, sem o propósito de acordar alguém. Fui para o meu quarto e me enfiei debaixo do chuveiro, deixando as roupas sujas no chão. Depois de dez minutos, estava deitada. E noite acabou assim: eu briguei com um gostoso, fui pra casa toda vomitada e bêbada, ou trêb... Como é mesmo que o Carter me chamou?
Capítulo 3
Senti uma leve brisa acariciar meu rosto e logo a claridade o atingiu com uma força brutal. Eu podia sentir meus neurônios queimando, tamanha era a minha dor de cabeça. Como se não bastasse, fui acordada por gritos desafinados.
- Acorda, ! - mamãe gritou. - Já passa das duas da tarde - cantarolou escancarando ainda mais as cortinas.
- Hmm - murmurei tomada pelo sono. Joguei as cobertas por cima de meu rosto, sorrindo com a escuridão que prevalecia agora. Tentei voltar à inconsciência.
- Não quer obedecer à sua mãe? - papai disse alterando-se. Bufei ao ouvir seus passos cada vez mais perceptíveis – mas a mim vai.
Descobriu-me com rapidez e eu me encolhi afundando o rosto no travesseiro. Quem eles pensavam que eram? Nunca foram adolescentes? Ou nasceram adultos? Sabiam que era domingo e faziam questão de mesmo assim não me deixarem dormir em paz.
E eu sabia que não me livraria tão fácil, então desisti. Levantei sentindo uma leve tontura e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Troquei o pijama por um vestido rosa claro de malha e calcei minhas pantufas. Penteei o cabelo e desci. Na cozinha, sem muita fome, comi meia torrada, acompanhada de suco de laranja. Quando terminei, larguei a louça na pia e me dirigi à sala, no modo automático. Joguei-me no sofá, liguei a televisão, mas preferi deixá-la no mudo. Fechei os olhos, mas pude notar quando mamãe sentou na poltrona ao lado.
- Filha - ela pronunciou meu nome carinhosamente e talvez eu soubesse o que estava por vir. Antes falar sobre isso com minha mãe do que com meu pai. Ele não sabia ser compreensivo. Apesar desse fato, eu o amo.
Não respondi, deixei que ela continuasse.
- Eu quero saber por que você chegou daquele jeito ontem.
Abri os olhos e encarei os seus sérios. Meu estômago deu um giro de 360 graus e eu poderia colocar o café-da-manhã pra fora a qualquer momento. Respirei fundo.
- Que jeito?
- Bêbada e... - ela hesitou, parecia ter vergonha de falar. - suja de vômito. Não se faça de desentendida - sua voz doce agora era ríspida. Ela queria falar sério e eu tentaria ceder. No final, a culpada seria eu de qualquer maneira.
- Ah - falei endireitando a coluna no sofá. - Culpa da e do...
Hesitei. E se ela não acreditasse em mim? Com certeza iria me taxar de doida somente porque tive contato com um famoso. Certo que não foi um contato agradável, mas eu relevei. Em todo o caso, ele continua sendo bonito.
- Do... - gesticulou com as mãos me incentivando a continuar.
- Carter - falei trincando os dentes. Pronunciar seu sobrenome me trazia um pouco de raiva ainda. Se eu ficasse traumatizada, eu o obrigaria a pagar um analista para mim.
- Ahn? - ela torceu a boca. - Quem diabos é Carter?
- Nick Carter, mãe! - falei sem a mínima paciência. Cruzei os braços.
- Hm - seu tom de voz saiu com tanto desdém que me fez estreitar o olhar em sua direção.
- É sério! – gritei, me arrependendo logo depois. Coloquei uma mão sobre a cabeça e gemi de dor.
- Sei...
- Tudo bem - disse me levantando. - Você está me tirando pra louca - arqueei uma sobrancelha.
- É - disse simplesmente.
E são esses ataques súbitos de naturalidade de minha mãe que me dão medo.
- Pense o que quiser também - dei de ombros e virei às costas, pronta para voltar ao meu solitário quarto. - Qualquer coisa estarei lá em cima observando o céu - olhei novamente para ela. - Quem sabe apareça algum ET e ele não me leva embora?
Voltei minha atenção para os degraus e rapidamente cheguei a minha cama. Decidi que talvez um banho gelado amenizasse a enxaqueca. E em parte funcionou. Eu já estava mais disposta tanto física quanto mentalmente. Liguei o computador e entrei no msn. não estava online. Tamanha agitação me fez esquecer que o fuso horário dos Estados Unidos era diferente daquele do Brasil.
Atualizei minha ignorância artística em alguns sites de fofoca e, quando senti o tédio me dominar, abri o programa de áudio. Dez minutos se passaram e eu continuava escutando Maroon 5. Ouvi uma batida na porta. Quem ousa?
Caminhei sem pressa até a porta e a abri, encontrando um projeto mal sucedido da NASA fitando as unhas.
- Ah, é você, ? - disse fingindo que bocejava. - Pensei que fosse gente – falei entediada.
- É mesmo? - perguntou desiludida.
- Não! – ri dela – Precisava ver a sua cara no espelho. Por que eu não filmei mesmo?
- Cala a boca, - riu e deu um soco em meu ombro.
- Entra - dei passagem para ela e fechei a porta do quarto. - E aí, o que faremos?
Ela se atirou em minha cama e eu baixei o volume do som. Repeti seu ato retardado e logo estávamos fitando o teto branco juntas. A pintura rústica agora parecia uma boa distração.
- Sei lá - respondeu a minha pergunta de repente. - Vamos dar uma volta?
- Não - interrompi sua ideia antes que pudesse prossegui-la. - Quero ficar por aqui mesmo, descansar.
- Deve ter alguma coisa passando na TV. Posso? - pediu apontando para a televisão.
Assenti.
- Liga aí.
ligou-a e ficamos vagando por diversos canais e paramos em um que passava um programa de talk show. Desliguei a música no computador. Não demorou e a apresentadora ruiva de olhos castanhos começou a falar:
- Estamos de volta e agora, eles, que irão nos falar um pouquinho sobre sua rotina corrida e vida particular. Vocês estão prontas, meninas?
- Sim! - a plateia feminina gritava e vibrava.
A única coisa que passava por minha cabeça era sobre quem seriam eles. Deviam ser famosos demais pela maneira como a apresentadora os anunciava.
- Dêem boas-vindas para Kevin, Joe e Nick. Eles são os Jonas Brothers.
Ah, droga! Era tudo que me faltava para incrementar o dia. Não assistiria àquela matéria de forma alguma.
- Desliga essa joça – ordenei à . É, ordenei.
- Tá - ela concordou. Também não era muito fã da banda.
Ela já estava levantando, mas foi aí que eu o vi. Aquele não era o Nick Carter? E outros não deveriam ser Howie e AJ? Cadê o Brian? Eles realmente não eram os Backstreet Boys? Que desilusão. Então era isso que o tal Nick queria me dizer ontem. Ferrou. Que mancada! Que gafe!
Puxei minha amiga pelo braço antes que ela pudesse apertar o botão da televisão.
- Olha ali! Olha ali!
Estava tão atônita que não conseguia formular frases concretas.
- Ali o quê, doida?
- Aquele - apontei freneticamente para Nick na tela. - O garoto de ontem!
- Quem? – perguntou confusa. Acho que ela não consegue se lembrar.
- O Nick - falei calmamente. - Não acredito que você não se lembra.
- Ah - ela piou. - O que ‘tava contigo, te comendo com os olhos?
- Ei! - a repreendi. - Ele não estava fazendo isso.
- Ah sim, claro. Eu sou o Batman - essa mania dela de eu-sou-fulano-de-tal às vezes irrita. - Caramba! Você trocou o sobrenome dele. Não só o sobrenome, mas a banda, e o pior: toda a personalidade do cara - ela ria sem parar.
- E agora? - indaguei envergonhada. Olhei para ela e a acompanhei nos risos.
- Sei lá - deu de ombros, parando o acesso de riso aos poucos - só me lembro que ele tinha uns ataques de risos. Os outros dois também não deixaram passar.
- Psiu - pedi. - Vamos prestar atenção.
A entrevista estava ótima, não posso negar. Eles pareciam ser tão simpáticos e perfeitos! Daqueles que deixam as garotas suspirando e dizendo ‘Quem não quer um Jonas?’. Joe fazia piadas dos irmãos o tempo todo. Kevin era o que mais falava e sua voz transparecia de amigo protetor. Ele com certeza era o irmão mais cativante. Mas e o Nick? Bom, ele é diferente dos outros dois. Voz de anjo e... Não! O que é isso, ? Há semanas atrás você os odiava e agora gosta deles?
E porque eu tô assim, sentada na cama, fitando o nada, com cara de retardada e babando justamente pelo Nick? Não, isso é errado, entendeu? Sai estrupício!
Desviei desses tipos de pensamentos. Mandei-os para longe e tentei me concentrar no que a mulher dizia. Entre perguntas, ela disse:
- E a pergunta do dia é... - abriu um envelope cinza e de lá tirou um cartão branco. - Qual foi a situação mais engraçada que vocês já presenciaram?
Joe e Kevin riram, olhando imediatamente para o irmão. Nick baixou cabeça, tímido.
- Na verdade - ele começou -, passei por esse tipo de coisa ontem mesmo.
Gelei. E se ele falasse de mim? Mas eu não era a única pessoa no mundo que cometia esses erros bobos.
- E como foi? - a apresentadora perguntou empolgada. Curiosa...
- Foi muito engraçado, por que... – ele parou aí e eu praticamente grudei os ouvidos na televisão.
- Por quê? Continue, nós queremos saber – falou e a plateia concordou num grito uníssono.
- Ela estava bêbada – ele riu pelo nariz e eu não piscava mais.
- Você pode nos dizer quem é essa garota?
- Eu não sei se devo - coçou a nuca, nervoso.
me dava tapinhas nas costas.
- Ah, mano! Fala – disse Kevin.
- O nome dela é .
Não pode ser. Ele acabou de falar meu nome?
- E o que aconteceu exatamente? - insistiu a curiosa. Joe riu novamente.
Quis desligar a televisão, mas me puxou forte pelo braço, deixando-o arranhado.
- Ela acabou dizendo que eu era Nick Carter, Kevin era AJ e Joe era o Howie, ou seja, que nós éramos os Backstreet Boys - deu um sorrisinho de canto. Se eu não estivesse tremendo teria suspirado.
- E como ela é? - perguntou a mulherzinha já querendo saber demais.
- Normal - ele respondeu e eu revirei os olhos.
- É mentira! - Joe se meteu. - Você desde ontem só fala dessa menina. O mínimo que pode dizer é que ela é gata.
Nick repreendeu o irmão e Kevin ria.
- Vamos para mais um intervalo, não saia daí! - a câmera focou a apresentadora e o comercial expandiu-se após suas palavras.
Eu havia entrado em transe. Não seria todo dia que um Jonas diria que eu era gata e pelo menos ele ficou com raiva de mim. Senti um tapa na cabeça.
- Ai, o Nick é lindo, não é?
- Ei! Terra para biscate – estalava os dedos.
- Eu também te amo - falei para o nada. O que estava acontecendo comigo?
- Acorda! – ela me sacudia pelos ombros.
- Hã?
- Olha, Nick Jonas na janela! - ela gritou.
- Aonde? - levantei num pulo, assustada.
- É mentira, taipa - disse como se fosse um fato óbvio. - Você viu? Ele falou seu nome! E ele te acha gata, mesmo depois de tê-lo chamado de Nick Carter. Me passa um pouco desse mel?
Ignorei a bobagem que ela falou. E pensando bem, acho que até estou gostando deles. O programa voltou e eles cantaram 2 músicas: ‘When you look me in the eyes’ e ‘World war III’. Gamei. Lembrete: pedir desculpas à por duvidar da capacidade dos Jonas de fazerem música. Acabou o programa e eu olhei no relógio.
- Meu Deus! - falei espantada. - Seis horas. Como passou rápido - comentei.
- Pois é, amiga, foi boa a tarde. Tenho que ir. Quer sair hoje?
- De novo? Naquele mesmo lugar?
- Que tal?
- Na boa? Vamos!
Nos arrumamos bem rápido e fomos. Lá eu os encontrei de novo. Nos chamaram pra conversar. Conversamos e eu comentei sobre o que tinha ocorrido no programa. Acho que agora somos um pouco mais que conhecidos. Joe não tirava os olhos da e eu pegava o Nick me olhando às vezes também. Tá, eu também fico encarando ele, admito. A noite tinha sido ótima e eles nos levaram pra casa. Ainda era cedo, não passava das oito e meia.
- Tchau, gente - beijei os 3 e abracei a minha amiga.
- Tchau, ! Se cuida – disse Kevin do banco do motorista. Nick sorriu para mim. Devolvi seu gesto e após isso, eu estava no modo automático: banho, pijama, escovar os dentes e dormir.
Passaram-se duas semanas e nós sempre dávamos um jeito de nos encontrar, apesar da agenda deles. Acordei às 10 horas. Banho, roupa e msn. Conversei com a e contei tudo. Claro, pedi desculpas a ela pelo mau julgamento e ela, como boa amiga, me perdoou. Onze horas e eu não tinha mais o que fazer. Fui pra cozinha, dei um beijo em meus pais e ajudei a minha mãe a preparar o almoço Depois da sobremesa, tirei a mesa, lavei a louça e fui levar o lixo para fora. De longe eu enxergava um carro preto vindo naquela rua. Não dei importância. Quase fechando a porta de casa, ouvi buzina. Uma, duas, três vezes. Eram eles.
- - Kevin me chamou, animado. Claro, era ele quem estava na direção.
- Kevin - sorri verdadeiramente para meu amigo. - Joe - o saudei e ele ergueu a mão, me cumprimentando com um sorriso de leve.
Eu ansiava ver Nick e o vidro traseiro estava fechado. Ele foi baixando lentamente e eu sorri instantaneamente ao ver os olhos estreitos de Nick devido aos raios solares estarem fortes.
- Quer dar uma volta? – Joe perguntou. Gaguejei antes de falar.
- Não sei se minha mãe vai permitir – fiz cara de pensativa.
- Por favor - Nick pediu sério e eu quase me esqueci de que os outros dois ainda esperavam por minha resposta. E tem como recusar?
- Ok, vocês venceram. Só vou avisar meus pais.
Avisei-os, mas primeiro quiseram conhecer os Jonas. Apresentei meus amigos aos meus pais e eles, de cara, se deram bem. Conversaram mais um pouco e receberam orientações de minha mãe. Eu só estava esperando o momento em que ela dissesse ‘usem camisinha’, mas felizmente isso não aconteceu.
Entrei no carro preto e sentei ao lado de Nick. Silêncio total até que ele o quebrou.
- Então - começou - como era sua vida no Brasil?
- Maravilhosa - disse em meio a suspiros. Eles faziam falta para mim. - Deixei grandes amigos por lá – fiz menção de chorar.
- Mas você não gosta daqui? Não gosta da gente? – disse Joe virando pra trás.
- Claro que gosto daqui. Amo vocês. Vocês são meus únicos amigos aqui, os melhores. Os irmãos que eu não tenho - disse sorrindo.
- Nossa, . Você também é muito importante para nós. A irmã que não temos – Nick sorriu. O abracei e uma onda de calor passou por mim, me acalmando.
Conversamos sobre tudo. Passamos num fast food e pegamos algumas porcarias para comer e matar tempo. A hora passou tão rápido. Saí do carro e dessa vez abracei cada um deles. Quando abracei o Nick senti algo estranho, mas não novo, o perfume dele me acalmava e me levava às nuvens. Esquecia-me de todos os problemas e que os segundos existiam.
Entrei em casa, dei boa noite aos meus pais e fiz tudo que tinha pra fazer. Deitei e fiquei pensando comigo mesma o quão feliz era. Eu tenho os melhores amigos do mundo ao meu lado. Bom, acho que agora posso considerá-los como melhores amigos, certo? Como irmãos. Apaguei a luz e mergulhei num sono profundo.
Capítulo 4
Três meses depois...
Dormia tranquilamente, sonhava com duendes, fadas e outras coisas que em sã consciência eu saberia que são seres inexistentes. O fato é que eu, como de costume, estava completamente destapada e não esperava pelo inusitado. Fui atacada, quase que literalmente, por três trogloditas.
- Montinho na - gritou Joe, todo escandaloso. Normal.
- Um, - Kevin começou a contagem. E eu, tentando sair do sonho, mas não conseguindo, agradecia por estar, pelo menos, trajando um short comportado - dois, - cantarolou empolgado. Coitada de mim - três!
E essa foi a última coisa que ouvi antes de morrer sufocada e mergulhar na escuridão da vida eterna. Exageros à parte, não morri. Quando caí em mim, lembrei que, ao acordar, sempre aparentava um espantalho.
- Saiam daqui, agora - ordenei e puxei as cobertas, me escondendo. - Eu estou ridícula - resmunguei com a voz abafada.
- Ah, que isso - imaginei Joe abanando o ar, num de seus ataques de modéstia. - Fala o que ela parece, Nick.
Ih, ferrou.
- Linda... - ouvi. Mas me perguntei se era fruto da minha imaginação ou se Nicholas estava realmente sentindo uma espécie de atração por mim. Fiz um barulho estranho com a garganta, querendo rir. Descartei essa possibilidade.
Barulho de almofada atingindo algo. Descobri o rosto. Kevin acabara de tacar o objeto na cara do irmão mais novo. “Coitado”, eu pensei, fazendo uma careta. Nick acordou do seu subconsciente e, desajeitado, tentou recompor-se.
- Desculpa, gat... - ele gaguejou e os outros dois riram - .
É, na feira, ele poderia ser facilmente confundido com um tomate. Ou no freezer, com uma coca.
- Tudo bem - respondi, me enterrando novamente.
- Vamos descer, então, pra você se vestir - Kevin disse e desapareceu do quarto. Nick o imitou, mudo. Se achando o Charles Chaplin. Joe, o menos discreto, continuava ali.
- A gente te espera lá em baixo, amorzinho - ele piscou e eu fingi um infarto. Joe riu e fez o mesmo caminho dos outros dois.
Levantei e tranquei a porta. Arrumei minha cama rapidamente, escolhi a roupa e fui pro banho, ainda sonolenta.
Enquanto isso, na sala...
- Nick, o que foi aquilo lá em cima, bro? - Kevin insistia em perguntar o que estava acontecendo com o irmão. Ele tinha uma vaga ideia, mas queria confirmar suas teorias. Joe também, mas tampouco estava interessado.
Nicholas, por sua vez, não prestava atenção aos zumbidos ao seu redor. Ele estava num momento dele, ou seja, tentando compor uma música. Sabia que seria complicado com os dois palermas ao seu lado. Decidiu que faria isso sozinho, em seu quarto, na sua escrivaninha, com o teclado e o violão. Um estalo veio em sua mente e ele decidiu que pediria ajuda a certas pessoas, mas manteria em segredo. Afinal, não custava nada fazer aquela surpresa.
Kevin tentava um contato inútil e, dessa vez, quem se estressou, foi Joe. Ele começara a estalar os dedos na tentativa de despertá-lo. Aquilo virara esquisitice e, para Joe, deixara de ser normal. Nicholas parecia um zumbi.
- Nick? - chamou-o. E chamou de novo. E de novo.
Bufou. Estava fechado em seu mundo e não queria ser interrompido. Nada, na sua cabeça, funcionava, quando ele estava concentrado e o atrapalhavam. Nick, felizmente, sabia que logo os irmãos partiriam para a violência, isto é, tentariam atrair sua atenção a base de tapas.
- Hm? - foi tudo o que ele disse. Se falasse mais algumas palavras, sairia algo do tipo: “O que querem, inúteis?”.
- Como assim ‘hm’? - disse Joe, terrivelmente debochado. - Faz décadas que chamamos seu nome e é isso que você consegue dizer?
Nick bufou, como de costume.
- Não sei se perceberam, mas eu estava tentando compor - sua expressão tornou-se séria. Joe e Kevin imediatamente arrependeram-se de terem interrompido o garoto. Mas agora de nada adiantava. - O que vocês querem saber?
Os dois se entreolharam e Kevin repetiu a pergunta.
- O que aconteceu lá em cima? O que foi aquilo?
“Idiotas”, pensou, revirando os olhos. Como eram inocentes - ou pelo menos se faziam de tal.
- Sei lá - respondeu com desdém, dando de ombros e disse a primeira coisa que veio: - Impulso. Posso voltar aos meus afazeres?
- De jeito nenhum! - interveio Joe. - Não desvia do assunto, irmãozinho. Conhecemos você e tem muita coisa aí pra nos contar.
Nick abriu a boca para dizer algo como “Não é do seu interesse”, mas não teve oportunidade, já que alguém descia as escadas.
- Você não escapa - ele ouviu Kevin falar.
- Olá, Senhora - Nick apressou-se em dizer com seu melhor sorriso. Os outros o acompanharam.
- Meninos - ela os cumprimentou com um aceno de cabeça, já que suas mãos estavam ocupadas carregando um cesto de roupas sujas.
Ele levantou-se para ajudar a mãe da menina, mas os dois irmãos, ao mesmo tempo, o puxaram pelo braço. Ele não se livraria da conversa tão rápido, muito menos evitaria esconder seus sentimentos em relação à garota para seus melhores amigos - era assim que os posicionava.
Decidiu se abrir, para a não-surpresa de Kevin e Joe.
- É diferente - Nick suspirou. - Quando eu a olho, parece que escuto uma música de melodia calma como a respiração de um bebê e a beleza dela, para mim, é hipnotizadora como as estrelas.
- Você sente borboletas no estômago? - Joe fez pose de analista gay.
Nick corou e Joe e Kevin, naquele momento fizeram suas conclusões. Era amor.
No andar de cima...
Eu já estava pronta há dez minutos, mas não para descer. Algo bloqueava meus sentidos, impedindo que minha mão se movimentasse e abrisse a porta do quarto. “Qual é?”, eu pensei. “São só Kevin, Joe e Nick.” Nick. O problema era ele. Tinha medo de me afogar na imensidão de seus olhos. Mas por que eu temia? Afinal, nenhum Jonas olharia para mim, não é? “Amor de fã”, tentei frisar. Eu simplesmente não queria, nem poderia me iludir. Então, restava descer e me render à fascinação.
E foi o que eu fiz.
- Vamos tomar café? - convidei-os, mesmo achando que eles já o tinham feito.
Concordaram em silêncio e eu senti o clima estranho e pesado entre eles. Caminhamos até a cozinha, onde se podia ouvir o som da máquina de lavar. Preparei sucos e sanduíches, mas enquanto eu estava ocupada, captei seus sussurros. É, algo não estava normal.
- Não pense que terminamos aquilo - reconheci a voz de Kevin.
- Aquilo o quê, Joseph? - perguntei, sem ao menos me virar. Curiosa, eu sei, mas era inevitável.
- Uma música que estávamos compondo - Nick se apurou em justificar. E eu fiquei mais curiosa.
- Canta - pedi.
- Não! - ele se sobressaltou e eu desconfiei. Virei e o encarei. - Só depois de pronta.
Aí, ele piscou e deu um sorrisinho de canto que me fez esquecer os pães na torradeira. O cheiro de queimado me lembrou que alguém estava responsável por aquilo. Eu.
Entreguei os sucos, que eram de laranja, e as torradas quentinhas. Sentei na ponta e, numa mesa para quatro pessoas, fiquei de frente para Nick. Engoli seco, vendo-o me observar, baixei a cabeça e comi em silêncio, assim como eles.
Um tempo depois o celular de Kevin começou a tocar.
“This is life in this world. Something’s go right, something’s go wrong…”
Ele falou poucas palavras e escutou atentamente o que a outra pessoa dizia. Devia ser a mãe deles.
- Também amo você - ele se despediu e desligou o aparelho, guardando-o no bolso. - Mamãe mandou nós irmos para casa daqui a pouco e perguntou se você quer ir conosco, .
- Isso! - vi Joe comemorar e Nick sorrir sozinho.
Não me deixei pensar, pois me conhecia e sabia que não iria aceitar caso isso acontecesse. Então, foi automático.
- Claro - concordei sorrindo. - Assim aproveito para conhecer o resto da família de vocês. Adoro crianças!
É, eu me referia ao Frankie, irmãozinho mais novo deles. Quando aceitei o convite, os três fizeram um toque mega estranho.
- Vocês não vivem sem mim - falei num momento diva.
- Nesse caso, fale com o Nick - Joe entregou o irmão na maior cara-de-pau.
E eu ignorei o soco no braço que ele recebeu de volta. Bem feito.
- Vou avisar minha mãe.
Chamei-a e ela pediu para os meninos cuidarem de mim - perigo. Larguei a louça na pia, já que ela disse que lavaria tudo mais tarde. Peguei minha bolsa e quando desci, eles estavam me esperando no carro. E eu fui metade do caminho pensando nessas alucinações e coisas que aconteciam entre eu e Nick. Que droga. Ele não sai da minha cabeça!
- Não acha, ? - Kevin me perguntou do nada. Ele estava dirigindo, no banco do carona estava Joe e, com sorte ou não, ao meu lado, Nick.
- Sim - eu respondi sem nem ter escutado -, é lindo.
Todos riram e eu corei bruscamente.
- Sonhando acordada, linda? - Nick disse mostrando seu lado galanteador e passou o braço pela minha cintura. Eu senti cada célula de meu corpo tremer.
- Nã-ão, é-é... - gaguejei e, sem querer, entreguei o jogo - me peguei encarando os lábios dele.
- Ei, não precisa ficar nervosa. Somos amigos, não?
E ele beijou minha testa.
Amigos? Amizade, no meu dicionário, tem justamente um significado: palavra magnífica, mas que vinda de Nicholas Jerry Jonas torna-se insuportável de ouvir. Certo, o que estava acontecendo comigo? Algo incontrolável e inexplicável. Não aguentava vê-lo e não poder dizer tudo o que estava entalado na garganta. Eu me apaixonara por ele e estava num estado irreversível. Eu não percebera, mas como me apaixonei por ele?
Fechei os olhos e escorei a cabeça no vidro, só abrindo-os quando o carro parou. Nós tínhamos chegado. “Uau! Que casarão!”, foi o que pensei ao ver a mansão. Descemos e logo fui recebida pela mãe deles - Denise, uma mulher linda e simpática. Tentei me mover, mas minhas pernas estavam presas por um ser magicamente extrovertido: Frankie. Tão fofo.
- E esse é o super Frankie, nós o chamamos de bônus - disse Joe.
- Ooi - ele disse animado e seu sorriso me contagiou.
- Oi, coisinha fofa - me abaixei, para ficar na sua altura. - Sou a , mas prefiro que me chamem de .
- De qual deles você é namorada? Aposto que é do...
- Frankie! - Denise o repreendeu. - Não envergonhe a menina! Venha, querida, vou lhe mostrar a casa.
Ela me pegou pela mão e fomos fazer um tour pela casa.
O hall de entrada era enorme, com diversos cabides, onde as pessoas penduravam seus casacos e chapéus. Na sala, dois sofás de três lugares, um de dois, e uma poltrona terrivelmente convidativa. Todos de couro, pretos e macios. Uma televisão de LCD na parede de cor chocolate e logo abaixo uma pequena lareira de tijolos. Olhei para cima e admirei os lustres de cristal. Uma costumeira estante continha fotos da família. Sorri com as caretas dos meninos em várias delas. Mais adiante, a sala de jantar. Na cristaleira, as louças eram do estilo medieval. Taças brilhavam e algumas garrafas de vinho enfeitavam as prateleiras. A mesa, gigante, de madeira trabalhada nas pernas, e as cadeiras extremamente estofadas na cor bordô. Sofisticado, mas eu poderia dormir ali.
A cozinha era tipicamente americana, é claro, com direito a bancada e tudo mais. Geladeira gigante e bem legal para brincar de esconde-esconde. Ninguém nunca me acharia numa geladeira. Um microondas prata e fogão de oito bocas. E muito mais adereços. Subimos para o segundo andar e lá encontrei cinco portas brancas lindas. Quatro com nomes - letras banhadas em ouro, nessa ordem: a primeira da direita dizia ‘Kevin & Denise’, a segunda da direita ‘Frankie’. A primeira da esquerda dizia ‘Joe’, a segunda ‘Nick’. A última, que ficava no final do corredor, segundo Denise, a porta é sem nome, pois é um quarto de hóspedes. Detalhe: todos os quartos são suítes, com banheiro e closet neles.
Descemos novamente e, dessa vez, fomos para o subsolo, onde ficava o estúdio para eles ensaiarem. Local muito bem equipado e, ao lado, a típica sala de cinema. Fiquei perplexa com tamanha riqueza. Na área de fora, ela pareceu bem orgulhosa ao me mostrar o jardim que cultivava com carinho. Elogiei seus lírios bem cuidados e disse que aquele era um lugar perfeito para pensar. Ao lado, uma enorme piscina, com cadeiras e guarda-sol, e, ao lado, uma área, com churrasqueira, frigobar, mesa e pequeno banheiro. Pronto, agora eu conhecia a casa.
Alguém se prontifica a me dar um mapa?
Estávamos conversando na cozinha, quando os meninos aparecem com algo que haviam ido comprar no supermercado. Frankie pulava eufórico e pedia por seus doces. Ele recebeu um olhar de reprovação da mãe e desistiu de burlar o almoço.
- Quer brincar comigo? - perguntou pra mim, enquanto pulava e batia palmas.
- Não - Joe se intrometeu. - Hoje eu vou ganhar de você no vídeo-game.
Frankie mostrou a língua para Joe, que fez uma cara de psicopata e esfregou as mãos.
- Ah! - Frankie gritou e escondeu-se atrás de Kevin, com medo. Kevin o pegou no colo. Hum, forte. - Socorro.
- Agora não quero mais, seu medroso. Fica com o Kevin, então - e deixou-nos lá. Ouvimos a porta do estúdio bater.
- Vamos, Frankie - Kevin o colocou nas costas e subiu as escadas. Frankie se divertia e ria alto.
- Acho que vou regar minhas flores - Denise disse, pegou o regador e nos deixou também.
- Sobramos... - comentei depois de um curto espaço de tempo.
- Não tem nada passando na televisão agora - Nick pensou, coçando a cabeça.
- Quer subir? Acho que o computador tá ligado.
- Aham - sorri. - Que tal uma aposta? - indaguei, recostando a cadeira e parando ao seu lado.
- Manda ver.
- Vamos ver quem chega por último? - arqueei uma sobrancelha, desafiadora.
- O último a pisar no meu quarto é gay - esticou a mão e eu apertei. Ela estava quente. - No três?
Sacudi a cabeça. O problema foi que, quando ele disse ‘dois’, eu disparei. No final das contas, não existe mulher gay.
- Isso é trapaça! - ele gritou frustrado enquanto eu corria desesperada nas escadas. Bastava duvidar, que ele me ultrapassaria.
E eu finalmente cheguei ao quarto dele. Admirei os pôsteres colados na parede e observei o quarto - exatamente como Denise tinha descrito. Logo Nick entrou e fechou a porta, com uma falsa expressão de raiva.
- Ganhei - comemorei jogando meus braços pro alto e rindo dele.
- Não valeu! Você infringiu a regra.
Eu ri, novamente.
- Agora, quem é o gay? Você.
Um gay muito macho por sinal.
- Calúnia - ele pôs a mão sobre o peito. - Sou muito homem!
- Será? - provoquei.
- Duvida?
Ele mudou a expressão de ofensa para safadeza e agarrou minha cintura com força.
- Duvido.
Com a mão livre, ele puxou meu pescoço e aproximou nossos lábios, que se roçaram com delicadeza. Aprofundamos o beijo e eu explodia de felicidade por dentro. Precisávamos respirar e nos afastamos.
- Desculpa, foi impulso - ele disse, se culpando, e sentando na cama.
- É, acho que não foi certo - sentei-me do lado dele.
Ficamos em silêncio. Eu refletia e cheguei a mais óbvia conclusão.
- Nick...
- Sim? - ele fitava o chão, com o olhar vazio.
- Quer saber? - ele desviou o olhar para o meu, cheio de dúvidas. Os deles brilhavam. - Que se exploda o certo.
E eu o puxei com urgência. Brincava com seus cachos e ele me puxou para mais perto. Ele era uma droga e eu ficara viciada. No seu cheiro, no seu abraço, em tudo.
- Você não vai acreditar - ele riu -, mas eu me sinto vulnerável a você desde aquele dia em que vi e falei com você. Sabia que não terminaria ali, que era muito mais do que uma simples confusão. Eu sei que não é bobagem tudo isso que falo agora, mas eu quero você do meu lado. Eu... - ele parou para pegar ar. Lágrimas escorriam do meu rosto e ele sorria sem parar - te amo.
- Eu também amo você - abracei-o forte. - Promete uma coisa?
- Sim, meu amor - ele me deu um selinho carinhoso.
- Que nunca vai me deixar - fechei os olhos e tremi, só de pensar nessa possibilidade.
- Por mais longe que eu esteja, se a vida nos separar algum dia, entenda que você nunca ficará sozinha, se me mantiver em seu coração, me amando.
Acariciei seu rosto e sorri, assentindo. Ele distribuía beijos pelo meu rosto. Joe e Kevin entraram correndo, sem bater, no quarto dele. Estranharam a cena, mas não disseram nada. O almoço estava pronto, então tivemos que descer. Almoçamos e depois ajudei Denise com a louça. Eles ficaram responsáveis por outros afazeres.
Passamos a tarde fazendo praticamente nada, brincando - Guitar Hero, vídeo-game, entre outros - e tudo passou tão rápido. Eu pisquei e estava na hora de ir embora. Quando deitei em minha cama, fiquei pensando no quanto estava sendo perfeita minha vida, repassando as palavras que Nick me disse, enfim, revi o dia.
Sorri e peguei o telefone. Liguei para , mas estava ocupado o telefone. Então, recorri a . Viramos a noite conversando e contando novidades uma para a outra. Ela me contou que em breve teria que viajar, e eu não sabia como me virar sem alguém para conversar sobre futilidades.
Capítulo 5
Narração em terceira pessoa
Às duas horas e trinta da manhã, Nicholas virava para o lado, trocando de posição pela trigésima vez. Fora o que ele contou e, como previa, não conseguia pregar o olho. Tarefa difícil para ele, naquele momento, era deixar de pensar nela e dormir.
“Porcaria de sono que nunca vem!”, ele gritava com raiva em mente. “Melhor levantar, não vou conseguir dormir tão cedo”.
Uma lâmpada se acendeu em sua mente e ele teve uma ideia. Será que ela se importaria se ele a acordasse em plena madrugada? Bom, não custava tentar. Olhou pela janela e as estrelas brilhavam loucamente no céu. A temperatura deveria estar agradável e propícia para onde ele queria levá-la.
Trocou de roupa e, discretamente, roubou - pegou emprestado, ele diria - as chaves do carro de seu irmão, Kevin. E saiu de casa.
O que ele não sabia era que, alguém, não muito longe dali, o imitava.
A casa da garota estava na completa penumbra e ela já tentara diversos métodos, mas parecia que a cada segundo, ela ficava mais despertada. Lembrou-se dele e hesitou em discar seu número, imaginando que ele a deletaria de sua vida caso o acordasse apenas para ouvir sua respiração.
Ouviu barulho de pedrinhas atingirem a varanda de seu quarto. E se fosse um marginal? Um não, cinco. Ela tinha medo, mas como de costume, a curiosidade superava seus temores. Resolveu verificar quem era o tal abusado. Abriu a porta de vidro - que por sorte não estava estraçalhada -, escorou-se no beiral da grade e uma pedra atingiu sua perna. Olhou para baixo à procura do único ser anormal que deixara de sonhar para incomodar. Nicholas Jonas a fitava com o olhar culpado e a expressão piedosa.
- Seu lesado! - gritou e tampou a boca. Lembrou-se que ainda tinha pais. - Não percebeu que eu estou aqui? - disse normalizando o tom de voz. - Puta que pariu - esfregou a perna, não aguentando a dor no músculo.
- Desculpa, meu amor. Juro que não vi você - ele disse manhoso. Passou a mão nos cachos e ela quase o perdoou do ocorrido.
- Prefere morrer agora ou pode ser depois?
- Depois. Agora eu tenho vontade de fazer outra coisa.
Ele deu um sorriso pervertido e ela imaginou incontáveis bobagens.
- Maluco!
- Só quero dar um volta de carro. O que pensou que eu queria fazer?
- Nada... - desviou. Ela tinha cogitado errado, mas não admitiria. - Espera que eu já desço. Só um minutinho.
Se trocou, escovou os dentes e vestiu um sobretudo. Trancou a porta da frente e correu para os braços do garoto. Ele a recebeu com entusiasmo.
- Vamos? - abriu a porta do carro. Ela concordou e sentou-se, passando o cinto de segurança logo depois.
Ligou o rádio, mas Nicholas o desligou. Estranhou a atitude do menino, mas deixou passar. Não queria discutir por uma simples besteira.
- Pra onde está me levando? - perguntou, com a paciência esgotando. Odiava surpresas, mas essa, de fato, não era para ser uma. Ela achava.
Apoiou a mão sobre o ombro dele e o alisou. Como resposta, simplesmente sorriu e concluiu, deixando o pequeno espaço em silêncio:
- Você verá.
Ela agradeceu à Deus por não ter demorado a chegar ao destino. Enquanto Nick estacionava numa vaga perto da praia, ela observava as ondas, completamente enfeitiçada. Elas subiam como águias, faziam uma perfeita curvatura, desmontavam-se e, por fim, se desmanchavam, virando espuma. Respirou fundo e a maresia preencheu seus pulmões. Nick, ao ver aquela cena, sorriu. O brilho no olhar da menina era sem preço.
Deu a volta e sentiu pena dela. Não queria tirá-la daquele transe. Ao mesmo tempo em que parecia vulnerável, ela parecia impenetrável. Talvez ele não pudesse tirar-lhe sua fascinação. Ninguém poderia, nem teria direito de fazê-lo. Mas contra sua vontade, ele abriu a porta do carona. Foi chegando, se aproximando e quando tocou-lhe o rosto, ela tornou a fechar os olhos. Completamente frágil, ela disse, num sussurro:
- Eu amo você.
Nick sentiu todos os pelos de seus braços, costas, nuca, pernas, se eriçarem. Respirou pela boca e soltou o ar, pesadamente. Voltou a si.
- Vem comigo - esticou delicadamente sua mão. Ela apenas a aceitou e entrelaçou seus dedos nos dele.
Ele sequer se importou em ligar o alarme do automóvel. Eles eram os únicos seres acordados daquela cidade.
Caminhavam pela areia, com os tênis nas mãos, sentindo aquele imenso e macio lençol deixar que seus pés se afundassem. Tão confortável que fazia efeito de massagem. Eles não proferiam nada. Palavras não eram necessárias quando se compreendia o olhar e quase se ouvia as batidas do coração da pessoa amada.
O único barulho presente eram os grilos - o que não fazia diferença.
Sentaram na areia e ele a trouxe para perto. Contemplaram a beleza das estrelas por alguns minutos.
- Nick - ela virou-se para ele e, simplesmente, se esqueceu de todas as letras da pergunta que queria fazer. Ele estava impecavelmente deslumbrante fitando a imensidão do mar. Verificou que o horizonte, enfeitado com a lua luminosa, tirava o fôlego de quem quisesse perder o olhar no infinito.
Ele, por sua vez, abraçou-a mais forte e disse em seu ouvido.
- Não sei o que dizer - riu da própria estupidez. - Nunca me imaginei sentir desse jeito - aproximou suas bocas e ambos respiravam pesadamente. - A noite é longa, e eu preciso do seu toque.
Roçou-as de leve, sentindo o habitual tremor.
- Ouço sua voz e começo a tremer - ela disse, sentindo-se enfraquecer. - É incrível.
O vento os atingiu e, involuntariamente, eles se encolheram de frio e riram.
Quando foram notar, o tempo passara e era muito tarde. Decidiram voltar para suas casas.
- Parece que você tem algo para me falar, ou é apenas impressão? - ela perguntou. O garoto estava quieto, estranho. Havia algo errado, aquele tipo de personalidade não pertencia a ele.
- Turnê.
Essa pequena palavra a perturbou. Agora se lembrara de que ele e os irmãos eram famosos e não ficariam o resto da vida vagabundeando e livres para ela. Teve medo de sua própria dúvida.
- Quanto tempo? - ele diminuiu a velocidade e lutou contra seu emocional - seus olhos estavam quase lacrimejando. Não choraria na frente dela.
- Sete meses, no máximo oito. Se não estendermos a agenda para um ano.
- Acho que aguento. Eu...
- Não precisa esperar por mim, se não quiser.
- Eu quero! - interrompeu-o antes que continuasse a dizer coisas sem fundamento. Era óbvio que ela o esperaria. - Vocês vão quando?
- Depois de amanhã, ou seja, amanhã, porque hoje já é amanha e...
Ela riu da tentativa de explicação dele. Mesmo com aquela confusão de coerência, havia compreendido a logística.
Tudo o que fez foi beijar-lhe delicadamente na bochecha e deixar seus pensamentos correrem juntos com o asfalto.
- Vai almoçar comigo depois? - ele disse prendendo-a entre os braços.
Estavam na porta da casa dela.
- Sim, senhor - disse com voz de criança. Ele adorou.
Tirou uma mecha teimosa que insistia em cair sobre seu rosto e beijou-a sem pressa. Terminaram com um selinho e sorriram.
- Se cuida - ele falou enquanto entrava no carro.
Sorriu, novamente, escorada na porta e abanou, vendo-o se distanciar. Piscou e o carro havia desaparecido na escuridão das ruas. Entrou calmamente e subiu as escadas, cuidando para não fazer barulho algum. Estava muito feliz, mas lhe restava um dia para aproveitar tudo o que não poderá em quase um ano.
Nicholas abriu a porta de casa e deu de cara com a penúltima - a última seria seu pai - pessoa que queria ver. Kevin estava sentado na poltrona, com um ar superior e o encarava extremamente sério. Nick se sentiu intimidado.
- Onde estava? - ele disparou no seu melhor tom de autoridade.
Nicholas bufou.
- Rodando bolsinha na esquina, satisfeito?
- Com o meu carro? Até parece... - abanou o ar. - Fala, quem ‘tava contigo?
Ele abriu a boca pra responder, mas Kevin não o deixou falar.
- A .
- Se sabia por que gastou seu tempo perguntando, imbecil?
Kevin ignorou o acesso de raiva do irmão.
- Onde estavam?
- Na praia - deu de ombros, tirando o casaco. Sabia que interrogatório se estenderia. Aquele era Kevin, não o flash.
- Prazer, sou o Pato Donald. Quack - ironizou com a onomatopéia. Queria irritá-lo e estava conseguindo. Achava engraçado ver Nick vermelho de ira. - Desembucha, vocês estão juntos?
- É, e isso é problema meu.
- Oh! Como o amor é lindo - desenhou um coração no ar.
Nick batia os pés no chão, impaciente. Perdera a noção de que o barulho poderia acordar quem ele menos queria, encrencando ele mais ainda.
- Terminado o interrogatório, Senhor juiz? Posso ir dormir?
Revirou os olhos e soltou seu melhor sorriso irônico.
- Não se esqueceu de nada?
- Que foi? Quer um beijinho de boa noite, irmãozinho?
- Não - fez careta. - Só as chaves do meu carro mesmo, mas se você quiser, vem cá, baby.
Kevin fez sua cara sexy, que qualquer fã morreria para apertar, beijar, morder, entre outros. Nicholas sentiu náuseas.
- Vá se ferrar - Nick jogou as chaves, que foram apanhadas no ar por Kevin.
Foi para o seu quarto e como estava muito cansado, adormeceu com as roupas do corpo.
Capítulo 6
não percebeu, não notou, mas um ano havia se passado. Um ano que não via Nicholas, que não sentia seu perfume, que não se reconfortava em seus braços. “Como? Por quê?”, ela se perguntava a todo instante. No início era fácil suportar. Eles se falavam todos os dias. Nicholas fazia promessas e ela, sorrindo, acreditava. Passados dois meses, eles se mandavam mensagens de texto, depois, e-mails, que segundo ele era meios de comunicação mais práticos e econômicos. E depois escreviam cartas um para o outro. Mentalmente, culpavam os correios pelo atraso delas, mas a ilusão se desfez a partir do momento em que já não tinham mais contato. Ela não entendia, mas ele estava no piloto automático. E a rotina tomou conta dos três irmãos. Será qe havia se esquecido da garota? Será que ela não significava mais nada na vida daquele que dizia amá-la? Não! Ela se recusava a aceitar todo esse tipo de “silêncio”. Nick Jonas jamais faria isso. Ela esperava.
Muito tempo se passou. Ela concluiu o ano escolar e foi, obrigada, viajar com os pais para Paris. O que era a cidade luz se o que iluminava seus dias não estava junto dela? O mundo dela sem ele é apenas espaço desperdiçado. Até de seu aniversário ele não lembrou... Por Deus! Ela merecia e desejou ter recebido ao menos uma flor. Ou uma ligação. Agradeceu pelas amigas terem se lembrado do dia o qual chamam de especial. Seus pais lhe deram um carro de presente, o qual ela ainda não tinha estreiado, deixando a carteira de motorista como enfeite.
Nesse período, que chamou de “abstinência amorosa”, ela caiu na pior das armadilhas. A dos papparazzis. Como os odiava. Ao cruzar em frente de uma banca, viu a maldita revista. Na capa, o enunciado era o seguinte: Nick Jonas namorando? Na foto, ele estava abraçado numa qualquer. “Vadia”, gritou o cérebro da menina. Sentiu o nó na garganta se formar, o rosto arder e pediu aos céus, fervorosamente, que pudesse desaparecer. Correu sem se importar com os esbarrões que dava nas pessoas. O que ele queria afinal? Brincar com seu coração?
Manteu-se prisioneira de seu próprio sofrimento. Estava trancada em seu quarto, sentindo toda raiva acumulada implorar para sair. Tomou ar e afundou a cabeça no travesseiro. Gritou, fazendo o som ser reprimido. Escabelou-se e chorou mais. Um choro de saudade misturada com ódio. Dizia para si mesma que era necessário continuar a vida e deletar o garoto. Por fim, decidiu sair para espairar. Tomou seu banho quente e longo, vestiu-se e, sem avisar os pais, pegou seu carro pela primeira vez.
Calafrios na espinha. Não queria ter ido até lá, mas precisava lembrar daqueles momentos que foram curtos e bom. Então, acionou o alarme do carro naquele mesmo estacionamento, daquela praia já conhecida. Uma brisa gostosa acariciou sua face e fez com que ela esboçasse um sorriso. Caminhou e sentou na areia. Abraçou seus joelhos e sua vida passou como um filme. Romance, comédia e drama. Todas as cenas pareciam tão reais, que ela jurava sentir seu perfume. A risada extravagante de Nicholas ainda estava gravada nela.
Deliciou-se com o barulho das ondas e deixou-se divagar em devaneios.
“Destino desgraçado!”, Nicholas pensava. Amaldiçoou-se eternamente por ter ficado um ano longe de sua . Os olhos estavam inchados e a garganta berrava por água ou qualquer líquido que pudesse amenizar sua irritação. Sentiu mais uma vez o soluço vir. Fungo. Poderia ser egoísta em pensar assim: mas preferia mil vezes estar com ela do que ser famoso. Odiava os papparazzis. Eles eram sinônimo de uma futilidade capaz de levar à cegueira. Nada mais fazia sentido. E se ela não o quisesse de volta depois da revista? Sua setença era passar o resto dos dias se lamentando por não ter dado o devido valor a seu amor. Pegou o tênis ao lado da cama e tacou na porta com força. Ouviu batidas na porta.
- Caiam fora, porra! Eu morri por tempo indeterminado.
- Não saíremos daqui enquanto você não abrir essa porta. Nós só queremos ajudar – ouviu Joe suspirar do lado de fora.
Bufou e deu-se por vencido. Levantou com um semblante de zumbi e destrancou a porta. Jogou o corpo de volta no colchão, ficando de barriga pra cima. Os dois irmãos, que acabaram de entrar no quarto, se chocaram com o estado deplorável de Nick. Bateram a porta e se juntaram na beirada da cama.
- Pensei que estivesse morto.
- Mais uma palavra e o morto será você, Kevin.
Nick comprimiu a mandíbula e fechou os olhos, visivelmente estressado. Joe reprimiu o mais velho com o olhar. Eles puxaram suas mãos fazendo com que ele se sentasse direito.
- Sabemos que é difícil, mas... – Joe começou num ato desesperado de consolo.
- Eu a amo, cara! Não consigo nem abrir os olhos.
Nick levantou-se num pulo e esfregava as mãos na cabeça freneticamente, o que o deixava cada vez mais escabelado. Chorou compulsivamente e foi amparado por Joe, que o abraçou.
- Nesse seu estado é meio impossível respirar.
- Parem! – Joe interveio no que poderia ser uma briga e Kevin parou com suas provocações. – Posso falar, cara... – os irmãos o olharam incrédulos. Mania irritante de Joe de sempre soltar palavras sujas. - ...mba?
Nick e Kevin não responderam, então Joe voltou a tomar a dianteira.
- Como eu ia dizendo, sabemos que é difícil Nick. Eu e Kevin também sentimos falta dela, mas a vid continua. Você não pode criar raízes pra sempre aqui.
- Quer dizer que agora eu não posso fazer fotossíntese no meu próprio quarto? – ironizou. Entendeu que não era somente ele quem sofria e reconheceu os esforços deles. – Joe, você está certo.
Joe e Kevin sorriram aliviados. Era um progresso.
- Vai esfriar a cabeça. Pode usar meu carro se quiser.
- Quê?! – Joe e Nick espantaram-se. Não que Kevin fosse egoísta, mas ele prezava suas coisas. Ainda mais quando se tratava de seu amável automóvel.
- Obrigado! Eu amo vocês, seus gays – Nick quase gritou emocionado e abraçou os irmãos com empolgação.
Saiu do quarto ainda a tempo de ouvir o comentário de Kevin:
- Eu, hein?! Depois disso ele se atreve a me chamar de gay?
- Ainda posso ouvir – Nick disse saindo do banheiro do corredor.
Kevin e Joe deram de ombros.
Avisou os pais que iria sair e, antes de fechar a porta, despediu-se do pequenino Frankie. No trajeto, tentou se distrair ouvindo música. Sorriu quando desligou o motor do carro. Desviou o olhar para um automóvel luxuoso e desconhecido estacionado. Caminhou pela areia, com os chinelos nas mãos. Ao longe, viu alguém sentado na areia. Uma garota. Parecia numa espécie de transe, pois não se mexia. Chegando mais perto, o vento trouxe consigo a fragrância dela. Quando o ar preencheu seus pulmões, seu coração disparou. Era a sua .
“O que faço?”, questionava-se sem parar.
Era melhor agir antes que ela se fosse novamente. Ao longe, o sol se punha e proporcionava mais brilho ao seu cabelo. Não se controlou e uma lágrima deslizou por sua bochecha. Como ela não notara sua presença, ele cogitou que ela não sabia que ele se aproximava. Quando estava perto o suficiente, depositou sua mão no ombro dela. Ela se arrepiou com o toque.
- Por que faz isso? Pare de brincar com meus sentimentos.
pos-se em pé e, em segundos, estava correndo. Não sabia para onde, mas muito longe daquele que só fazia machucá-la.
Droga! Droga! Droga! Não era para ele estar ali! Por que isso? Por que ele? Por que Nicholas Jonas? E agora ela corre e chora, com os braços entrelaçados na cintura. Ousou olhar para trás e ele estava em pé, parado, observando enquanto ela fugia. Queria voltar, agarrá-lo e nunca mais soltar. Mas ela não faria. O coração manda, mas o orgulho impede. Quando afastou-se numa distância considerável – e seus pés doíam -, ela tornou a sentar.
“Tomara que ele vá embora. Tomara que ele suma”.
“Ela sabia que era eu”, Nick estava espantado. “Ela me odeia”. Ele apenas via sua sombra sob a luz fraca da lua que dominava os céus. Ela o encarava sem piscar. “Será que ela quer que eu a siga? É para eu ir lá?”. Estava entre o certo e o errado. O amor e o ódio. Dessa vez não iria deixá-la escapar. A sorta estava em suas mãos e ele não deixaria ela escapar. Suas pernas estavam fixas na areia, como se fossem um só. Ele não conseguia se mover. Com um enorme avanço, chegou até aonde a garota já se preparava para fugir, de novo.
- Por favor, fica – ele pediu sincero. Sua voz saiu sem força, num sussurro inocente e fraco.
- Deixe-me ir, Nicholas – ela disse calmamente dando as costas para o garoto.
- Não – ele agarrou seu braço, baixando a cabeça. – Não agora que o destino me trouxe até você. Você não entende...
- Você que não entende! – ela disse alterando a voz. – Não servimos um para o outro – ela mordeu os lábios com força, não se importando se os cortasse.
- Se fosse para ser como você está dizendo, eu não estaria aqui, implorando para que você me ouça.
- Eu só quero paz... – disse manhosa. Secou as lágrimas com o braço livre enquanto o outro era mantido sob o poder dele. – Vá chorar com a sua nova namoradinha.
- Somente terei paz quando souber que não perdi seu amor – ele disse indignado. Fixou seus olhos nos da menina e ela, temendo o que aconteceria, os desviou. – Quem disse que eu tenho uma nova namorada? – apertou sua mão que envolvia o braço dela, afrouxando assim que percebeu o ato. – Olha meu estado emocional, olha em meus olhos!
Ela o fez, sem arrependimentos. Não encontrou ali mentira.
- Eu te amo – sussurrou e subiu as mãos pelos braços de e os parou nas maçãs de seu rosto. Aproximou-os sem medo de sua reação.
- Não sei se devo perdoar alguém que me fez uma promessa e não compriu.
- O que eu posso fazer para merecer sua confiança de volta? Deixe-me tentar outra vez? – ela sentiu um apeito no peito e, dessa vez, tomou a decisão certa. Concordou com um aceno tímido e ele sorriu. Abraçou-a com força e cantou, deixando-a totalmente dopada:
Capítulo 7
(n.a.: carregue a música The Perfect Fan – Backstreet Boys ; é opcional, mas vai fazer uma grande diferença se você escutar)
voltava para casa tranquilamente. Sentiu-se entediada por um momento. Ela não gostava do silêncio, a não ser quando fosse necessário. Resolveu ligar o som do carro. Ajustou em uma rádio qualquer e, sem surpresa alguma, reconheceu a letra da música. Eternity, Jonas Brothers.
Capítulo 8
Passou-se rapidamente um mês. e Nicholas estavam cada vez mais próximos e íntimos. Amavam-se tanto que Nick assumiu o relacionamento para a imprensa e os fãs, ou seja, ficara conhecida e, assim, não a deixavam em paz. Felizmente, o casal não havia sido atingido por boatos maléficos.
Ela estava deitada na cama, que antigamente era de Kevin. Observava o teto branco e sombra da cortina que ia e vinha, conforme o balançar do vento. Bufou entediada e encarou o laptop preto. Quanto tempo, mesmo, fazia desde que ela tivera a última conversa decente com as amigas? Num pulo, ela levantou-se e sentou em cima de uma perna, totalmente folgada.
Vitória estava online.
A campainha toca, mas ela não se importa. E novamente. Gritou para o namorado, mas nem obteve resposta. E de novo. Joe esbravejou, visivelmente irritado, e desceu as escadas, fazendo o maior barulho com os pés que conseguia.
Gordo, ela pensou e riu desse pensamento idiota. O último adjetivo que serviria para Joe era aquele.
- Mas que droga! Bando de preguiçosos. Sempre sobra pra mim – resmungava quase socando as paredes. – ‘Joe, leva o lixo pra fora’, ‘Joe isso, Joe aquilo’... – mudou o timbre de voz para algo parecido com o de sua mãe.
Revirou os olhos, já que a pessoa insistia em tocar a maldita campainha
- Ah, vá se f... – paralisou no instante em que abriu a porta. A menina, escorada no batente da porta, abriu um sorriso. Ele a reconheceu.
- Então é assim que sou recebida? Com palavras de baixo calão? Sua mãe não lhe deu educação? – ela tagarelava.
- Cala a boca – Joe disse e sem pensar duas vezes, abraçou-a. havia mudado tanto em pouco tempo!
Ela pigarreou.
- Será que posso entrar? – ela disse desfazendo o abraço.
- Desculpe – Joe corou envergonhado e deu espaço para que a menina cruzasse. Uma vez que ela o fez, ele reparou em seus shorts curto. Achou-a gostosa e sorriu pervertido. Bateu a porta e virou-se, vendo-a encarar o sofá. – Sente, por favor. Você sumiu...
cruzou a pernas, apoiou o cotovelo nelas e o rosto na mão. Joe achou fofo e suspirou.
- Pois é... – ela disse pensativa, pressionando os lábios. – Eu fui à casa da , mas parece que foi abandonada. Não me diga que ela voltou pro Brasil!
- Não – Joe balançou a cabeça, mais para tirar a imagem das pernas da garota de sua cabeça do que para negar o que ela havia dito. – É um pouco mais complicado do que você imagina, sabe?
Foi a vez dela de negar. Endireitou a postura, indicando que poderia ouvir a história se Joe estivesse disposto a contar. Dez minutos e Joe tinha ido buscar lenços para que ela parasse de se lamentar.
- Onde ela está? – perguntou com a voz já melhorada. Pôs-se em pé encarando os olhos castanhos dele.
Ele apontou para cima com o dedo indicador. sorriu.
- Vem comigo – Joe pegou em sua mão e saiu arrastando-a.
quase caiu da cadeira ao ouvir um barulho ensurdecedor vindo do quarto de Nicholas. Como a curiosidade, pelo menos nela, sempre fala mais alto, despediu-se de Vitória e desligou o laptop.
- Posso entrar? – bateu entreabrindo a porta. Nick sorriu apertando os olhos.
- Não precisa nem perguntar, meu amor.
Nick puxou-a para dentro e fechou a porta.
Joe e encontraram o quarto de vazio. escutou risos e pegou Joe pela camisa, arrastando-o e ouvindo seus protestos.
- Joe, acho que ela... – cochichava.
- Sh! Fica quieta que eu quero escutar.
- Quase! Quase! Consegui!
- Agora chega, cansei. Vamos descer?
- Não, linda... Só mais uma, por favor?
- Nick, não sei... Melhor não. Daqui a pouco vão desconfiar que fizemos isso. Eu disse que era errado, mas você não quis me ouvir.
- Eu juro que é só mais uma. Prometo! Quando terminar, não incomodo mais, tudo bem?
Joe e faziam uma competição de quem escancarava mais a boca. Ambos estavam espantados e incrédulos. Olharam-se com os olhos arregalados.
- E se alguém entrar?
- Fica fria!
- Só uma então. Rapidinha...
- Você venceu.
- Onde estão as outras, Nick?
- Guardei-as na gaveta. Tem mais umas três, eu acho.
- Você coloca?
- Não, arruma você. Preguiça...
Kevin chega por trás e sorri ao ver a velha amiga. Cutuca e Joe e diz baixo:
- É feio escutar a conversa dos outros...
- Fica quieto, Kevin! – Joe e disseram ao mesmo tempo e voltaram suas atenções para o que lhes interessava. Kevin, contrariando seus princípios aproximou-se dos dois.
- Mas eu não sei como colocar.
- Vem cá que eu te ensino, linda.
- Ah, é assim?
- Faz direito... Senão dá merda!
- Pronto e agora?
- Agora é diversão.
Estabeleceu-se um silêncio de quase quatro minutos.
- Kevin eles tão...
- Quase lá, ! Só um pouquinho mais rápido...
- Vai, Nicholas!
Joe não terminou de falar. abriu a porta com toda a força, disposta a ver o que tivesse que ver.
- Nintendo?! – os três gritaram espantados. e Nick se entreolharam e baixaram a cabeça, culpados.
Sabiam que não deveriam ter roubado as fitas de Joe.
arregalou os olhos, sentindo o coração bater mais forte. Sorriu como nunca e se jogou em cima da amiga.
- !
Teriam muito que conversar.
Os estômagos faziam barulhos diferentemente esquisitos, mas todos anunciavam a mesma coisa: fome. Comeram bastante entre risos. e ajudaram Denise na cozinha. Por fim, trancaram-se no quarto e começaram e colocar as fofocas em dia.
- Ta pensando no que eu to pensando? – mantinha nos lábios um sorriso malandro. Nathieli concluiu que ela queria aprontar.
- Você pensa?
rolou os olhos.
- Lembra daquela brincadeira que todo mundo faz no Brasil? Não é muito conhecida por aqui...
- Verdade ou desafio?
- Essa mesma – concordou retomando o sorriso maléfico.
Reuniram-se na sala, mas havia algo faltando.
- Tenho a impressão de que falta algo... – Kevin coçou a nuca.
- A garrafa, né? – Nick deu um pedala no irmão.
- Quem busca? – perguntou.
- Eu não vou! – cruzou os braços.
- Nem eu – Kevin levantou as mãos.
- Muito menos eu! – tornou a falar.
- Não olhem pra mim – Nick disse enquanto abraçava a namorada. Beijou-a logo em seguida.
Todos encaram Joe que estava quieto até o momento. Ele, na mesma hora, entendeu os olhares.
- Entendi o recado. Sempre sobra pro Joe aqui – levantou-se e começou sua sessão dramática de novela mexicana. Alguns riam, outros reviravam os olhos. – Ninguém me ama, ninguém me quer e eu vou me atirar da pon...
- Deixa de frescura, garoto – disse e deu um leve tapa em seu ombro. Risos abafados surgiram. Fez sinal de que cortaria o pescoço de todos se não parassem de zombar. Silêncio geral. – Vou com você.
Ele sorriu e a abraçou pela cintura, levando-a até a cozinha, onde estaria o que precisavam.
- Onde estão as garrafas?
- A mamãe guarda no balcão de cima, mas deixa que eu pego.
- Não! Eu pego – sorriu teimosa.
Pegou um banco, subiu. Entretanto, ela não alçava direito, então teve que inclinar os pés. Perdeu o equilíbrio e quando achou que tudo estava perdido, teve certeza: Joe, numa tentativa fracassada de salvá-la caiu junto.
Ficaram se encarando por um tempo e a respiração de ambos estava ofegante.
- Joe... – falou com dificuldades. - Eu to sem ar.
- Eu também.
- É sério.
- Ah, desculpa! – ele disse antes de tirar seu corpo de cima do da garota.
- Estrupícios! A garrafa – ouviram Nick gritar da sala.
Dessa vez, Joe subiu no banco. Voltaram para a sala com a garrafa, em silêncio.
- Credo! Fabricaram a garrafa? – perguntou.
- Acho que fabricaram ooooooutra coisa... – Nick apertou mais a cintura dela, que riu.
- Morra – Joe mostrou o dedo médio para Nicholas.
- Esse jogo sai ou não sai? – perguntou estressando-se.
- A regra é a seguinte: bico da garrafa pergunta e a bunda responde – Kevin ditou as regras e girou, dando início ao jogo.
Várias coisas malucas resultaram do jogo. Nicholas teve que subir em uma árvore e miar por cinco minutos. teve que recitar um poema para Kevin, com a voz fanha, sem rir. Kevin respondeu algumas perguntas, também. Era a vez de Joe.
- Verdade ou desafio? – Kevin arqueou uma sobrancelha, totalmente desafiador.
Joe compreendeu e preferiu arriscar, mesmo que não tivesse muita escolha. De algum jeito, Kevin iria ferrá-lo, ainda que fosse com perguntas. Se optasse por ‘verdade’, o irmão mais velho iria torturá-lo.
- Desafio.
congelou quando Nick riu.
- Beija a . Na boca.
- Ei! Desde quando vale beijar? – protestou.
- Eu dito as regras – Kevin piscou. – Vai Joe, ou vai ter que lavar minhas meias por uma semana. Não, não. Um mês.
- Vem, Joe. Vamos acabar com isso – pegou-o pela mão e foram atrás de um sofá. Longe o suficiente para que os outros não pudessem ouvir nem ver.
sorriu envergonhada e desviou o olhar para a decoração da casa.
- Podemos fingir se você não quiser – Joe propôs. Ele percebeu que a garota não estava à vontade. Suas pernas tremiam. As mãos dele suavam.
- Mas eu quero – ela olhou-o sentindo-se frágil.
- Acho que eu também – Joe riu pelo nariz e eles aproximaram suas bocas. Tauana pousou sua mão no pescoço dele.
Voltaram a ficar em silêncio.
- AÊÊÊÊ! ALELUIA! - Kevin apareceu batendo panelas junto de e Nick, que apenas sorriam. Nicholas piscou para o irmão.
Os dois estavam vermelhos. Extremamente vermelhos.
Voltaram para o centro da sala e jogaram até dizer chega. foi caminhar com Kevin, Denise mandou Joe buscar Frankie na casa de um amigo. Restaram ali, Nick e .
- Nick? – ela virou-se para o amigo. Ele baixou o volume da televisão. – Se você gosta da ...
- Amo – ele a interrompeu. Como poderia dizer que gostava da garota?
sorriu orgulhosa.
- Promete uma coisa? – ele concordou com um aceno. – Que você não irá magoá-la de novo?
- Sabe, a é como o sol para mim... – seus olhos brilhavam e a emoção na voz do garoto poderia fazer qualquer um se derreter de paixão. – Quando não está comigo, meu diz fica cinza, sem graça. E quando está comigo, fico irradiado de amor e alegria. Ela tornou minha vida significante. Foi tudo tão... rápido.
- É – riu levemente. – Um dia ela tava chamando você de Nick Carter e no outro...
- Eu já tinha me encantado – Nick completou sua frase. suspirou.
- Pede pra ela subir quando chegar, tudo bem? – ele disse retirando-se do local.
fez ‘joinha’ com o dedão e aumentou o volume, rindo com as ironias do seriado – o qual não sabia o nome. Desejou ter a mesma sorte da amiga.
Capítulo 9
Agruparam-se na sala, preparam filmes e comida. Ficaram até altas horas falando besteiras, brincando e rindo. O sono bateu e eles dormiram uns por cima dos outros, sem se importarem. Quando Nicholas acordou, viu que a namorada dormira abraçada nele. Sorriu com a expressão angelical estampada seu rosto. Procurou pelos outros, mas encontrou o local vazio. Estavam apenas os dois ali. Voltou a observá-la, mas ele não suportava apenas olhar. Então, beijou sua face e acariciou-a. Ela, por sua vez, acordou, abrindo os olhos lentamente.
- Bom dia minha princesa.
Nick a encarava como quem acabara de acordar. Apertou os olhos devido à claridade que a janela aberta proporcionava e escondeu-se no peito de Nick, querendo dormir mais um pouco.
- Dia.
O som saiu abafado seguido de um bocejo. Desvencilhou-se de seus braços e esfregou os olhos, sentindo-os arderem. Espreguiçou-se.
- Dormiu bem? – ouviu Nick perguntar. Mirou-o e fez que sim com a cabeça. Ele sorriu. Perguntou-se onde estariam os outros. – Saíram. Estamos sozinhos.
Nick deu de ombros e, num instante, pôs-se em pé, estendendo a mão para ela fazer o mesmo. Mantinha um sorriso safado, por isso, ela rejeitou sua mão, levantando-se por conta própria. No vácuo, ele apenas fez uma careta.
- Só depois de casados, meu querido – disse em alto e bom som e, ao cruzar ao lado do garoto, deu um leve tapa na traseira dele. Continuou caminhando e ele virou-se.
- Quem disse que quero casar com você? – ele indagou ainda parado. Estava blefando.
- Ninguém – ela revirou os olhos e ele moveu-se. Quando estava prestes a colocar o pé no próximo degrau da escada, sentiu sua cintura ser envolvida por braços quentes.
- Então, como sabe? – sussurrou em seu pescoço. Ela respirou pela boca e fechou os olhos, sentindo o coração tremer e acelerar.
- Não sei – respondeu no mesmo tom e girou o pescoço a fim de encará-lo melhor. – Eu sinto.
Trancou a porta, sentindo-se tonta pelo recém acontecido. Com o pensamento vago, separou o que vestiria e um tênis qualquer. Precisava de ar puro. E era assim que Nicholas a deixava: indefesa. Ligou o ar-condicionado e fechou as cortinas. Aumentou o volume do som estéreo e deixou tocar o CD que estava ali. Não prestou atenção na letra e, sim, na melodia, que era apenas piano, guitarra e bateria. Com essa música, ela entrou debaixo do chuveiro e permitiu que a água levasse consigo toda a confusão entorpecente que a dominava. Não existia nada melhor do que banho frio.
Enrolou a toalha envolta do busto e foi para frente do espelho escovar os dentes. Distraiu-se por um momento e quando percebeu, tinha cortado a gengiva. Resmungou alguns palavrões que nem ela mesma entendeu, por conta da espuma que tinha na boca. Sorriu forçado, checando a limpeza dental. Desligou a música e o ar-condicionado. Vestiu-se antes de pentear os cabelos. A barriga roncou estrondosamente. Olhou-se novamente no espelho e aprovou seu visual.
Quando chegou à cozinha, encontrou apenas Denise e Paul. Cumprimentou-os adequadamente e serviu-se de suco. Pegou duas waffles e sentou-se na ponta da mesa, como de costume. Bebeu, descobrindo que o sabor do líquido era de abacaxi. Logo depois, Nick apareceu vestindo uma roupa casual: camiseta, calça jeans e tênis. Falou alguma coisa que ela não ouviu. Denise e Paul avisaram que iriam ao mercado e que voltariam rapidamente. Ela esperou-o comer com calma e sorriu assim que ele largou os pratos na pia.
- Alguma ideia do que podemos fazer? – ele perguntou escorado no balcão com os cotovelos apoiados.
“Só do que não podemos fazer”, ela pensou.
- Já que todo mundo resolveu sair, vamos fazer o mesmo, que tal? – propôs indecisa.
- Claro, só vou pegar o Elvis.
“Quem diabos é Elvis?”, perguntou-se intrigada.
Achava que iriam sozinhos e curtir a manhã como namorados comuns. Não tinha cogitado que Nick levaria consigo esse tal de Elvis. Bufou. Porém, suspirou aliviada quando percebeu que se tratava de um cachorro! Como era possessiva. Não conseguiu controlar riso e deixou um Nick confuso. Entretanto, ele analisou os trajes da garota e mordeu o lábio inferior, cheio de desejo. Não deu outra. Largou a coleira do cachorro e agarrou-a de jeito. Corpos colados, respirações arfadas. Uma mão debaixo da camiseta de Nicholas e outra na coxa de .
Maçaneta sendo girada. Passos. Risadas escandalosas.
Eles se recomporam ainda em tempo de ouvir a conversa dos três que adentravam cada vez mais rápido a casa.
- E o tombo da , hein Kevin? - Joe ria descontrolado.
- Desculpa, mas foi muito engraçado! – Kevin acompanhou o irmão.
- Ah, claro! Não foi nenhum de vocês que aquela criança psicopata derrubou – vinha de braços cruzados e emburrada.
- Certo, esqueçamos – Joe calou-se por um momento. – Ou não! – E voltou a rir.
- Chega, Joseph! – bateu em seu braço, visivelmente irritada.
- Dá pro casal parar? – Kevin pediu, o que fez com que eles imediatamente parassem. – Falando em casal, cadê os dois dorminhocos? Nessas horas já devem ter procriado.
Olharam-se espantados e pegaram Elvis. Deram-se as mãos e estavam quase saindo.
- Aonde vão? – Kevin, que estava parado em frente a mesinha do telefone, quis saber.
- Sair – sorria.
- Cuidado com as fãs malucas. Elas estão à solta hoje - Joe os advertiu com uma cara exagerada de espanto.
Nick riu da estupidez.
- Talvez voltemos para o almoço, ou não. Tchau.
- Tchau! - responderam os três.
Caminharam em silêncio até avistarem um parquinho cheio de crianças alegres e hiperativas.
- Vamos sentar ali? – apontou para um dos bancos vazios.
- Claro.
Foram até esse banco, que era meio distante e azul. Bastou sentarem e não deu tempo nem de eles respirarem:
- NICK JONAS! AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Mais ou menos 10 garotas corriam na direção deles. E ela estava muito nervosa, com medo.
- Calma, amorzinho. Vai dar tudo certo, daqui a pouco você se acostuma.
Nick falou isso ao perceber que ela havia apertado a sua mão. Sentiu que a menina estava insegura.
- É isso que dá querer namorar comigo, Jonas – ele fitou-a brincalhão.
- Ahn? Jonas?
Demorou para engolir tais palavras. Nunca havia pronunciado seu nome junto do sobrenome dele.
- É Jonas – ele mantinha a expressão serena. - Afinal, é minha , minha namorada e meu amor.
Beijou seu rosto ternamente.
- Ai, Nick, elas estão chegando.
Em poucos segundos, aquelas garotas já estavam na frente deles, quase se matando para tirar fotos e conseguir assinaturas.
E, no final, restaram apenas duas fãs ali. Pareciam bem éticas, segundo , pois esperaram as loucas irem embora pra pedirem o autógrafo. Ela gostava de pessoas assim, pacientes.
- ! Autografa minha blusa também? - uma delas falou. A mais baixinha. ficou surpresa, é claro. Nunca se imaginara dando autógrafos. Mas Nick lançou um olhar incentivando-a.
- E... eu? Claro! Quais os nomes?
- Sarah e Anne.
Assinava ‘Com muito carinho, ...’, iria escrever .
- Jonas – Nicholas disse em seu ouvido e ela sorriu. Assim como as outras duas meninas.
- Obrigada ! Você é mesmo linda! Espero que vocês se casem. São um casal perfeito – a outra disse mais empolgada.
Eles ficaram vermelhos e totalmente lisonjeados. Agradeceram e elas foram embora.
- E aí? O que acha? - Nick perguntou fitando o horizonte.
- Acho do que?
- Da proposta delas.
- Qual proposta?
- A do casamento... - os olhos dele brilhavam.
- Ah, nós somos muito novos Nick.
- E quem disse que para amar tem que ter idade?
- Se é assim, eu acho uma ótima idéia – ela disse sorrindo e eles selaram um beijo romântico.
Ficaram ali, trocando carícias, namorando, entretendo com Elvis, tirando fotos. Nick resolveu buscar refrigerantes. Trouxe uma pepsi para ela e uma coca diet pra ele. Depois de um tempo, o celular dele tocou.
Capítulo 10
Quem ousava interromper o momento dos dois? Nicholas, sem muita paciência atendeu. Durante a ligação ele apenas dizia coisas como: Aham, sim, tá, claro. Além de revirar os olhos entre uma pausa e outra. Desligou o aparelho e guardou-o, bufando.
- Quem era?
- Papai, ele pediu para que voltássemos.
- E porque você tratou-o tão mal?
- Ainda pergunta? Eu estava aqui, com você, no maior clima. E eu queria te levar pra almoçar num restaurante, mas agora perdi a vontade – ele baixou os olhos e encarou a areia logo abaixo de seus pés. , mesmo percebendo que não teria jeito, tentou contornar.
- Pega leve, vai? Afinal, ele é teu pai.
- Claro, e pais sempre querem o nosso bem.
Ela sentiu uma pontada no peito, feito uma espécie de pressentimento. Não sabia explicar se era algo bom ou ruim, mas já sentira aquilo antes.
- Tá tudo bem?
- Eu acho que sim. Foi só uma dor, mas deve ser bobagem, logo passa.
- Tem certeza?
- Claro. Vamos, então? O Elvis deve estar faminto.
- Vamos.
Ele beijou-a na testa, arrancando um leve sorriso da menina. Pegou sua mão e pegaram o rumo em direção a casa dos Jonas. Uma trajetória fácil, se não fosse pela estranha mania do cachorro de tentar comer as borboletas.
Algum tempo antes...
Denise acabara de acordar e pela posição do sol, constatou que ainda era cedo. O relógio marcava 8:30 e ela levantou-se calmamente. Arrumou-se para um encontro com as amigas. Deixou os filhos e as meninas dormindo na sala, cuidando para não fazer o menor barulho. Ao voltar, deu-se conta de que o filho mais novo havia saído, juntamente com seu cachorro e a namorada. Deu uma ajeitada no lar, anotando mentalmente que o mais velho a ajudaria no almoço, já que Joe preferia a companhia de Frankie a cebolas. Guardava alguns lençóis, quando o telefone tocou. Apurou-se e desceu as escadas praticamente voando.
- Alô?
- Gostaria de falar com a senhorita . Ela se encontra?
- No momento ela saiu. Quem fala?
- Aqui é do hospital Santa Clara. Temos notícia sobre o senhor , o pai dela. Se for possível, peça para que ela venha até o recinto, hoje mesmo.
- Avisarei. Obrigada, tenha um bom...
Denise ouviu o telefone bater.
- Quanta falta de educação! – esbravejou, colocando o aparelho de volta ao gancho.
- Da parte de quem, meu amor? – Paul perguntou assim que terminou de fechar a porta. Ele ouvira parte da conversa.
- Ligaram do hospital onde o pai da está internado, sabe? – ela viu o marido assentir, pedindo para que continuasse. – Acho melhor ligar para o Nicholas e pedir para que eles voltem.
- Pode deixar que faço isso.
- Obrigada, vou chamar o Kevin.
Subiu as escadas e foi até o quarto de Joe, onde sabia que encontraria os senhores quero-ser-o-Slash. Kevin estava tão concentrado, jogando Guitar Hero, que ela pensou duas vezes antes de cutucar o filho pelas costas.
- Ai, mãe! – Kevin assustou-se e, assim, perdeu toda a coordenação da guitarra e atrapalhou-se nas notas. O que causou a de Joseph.
- Kevin, larga essa coisa barulhenta e vem me ajudar no almoço.
- Mas...
- Você prometeu! Agora vem.
Kevin seguiu batendo pernas e emburrado, mas logo deu-se conta de que realmente havia dito tais palavras para mãe. Não pensou que ela havia levado-as a sério.
Quando o almoço estava quase pronto, , Nick e Elvis chegaram cansados. Enquanto Nick ia alimentar o cachorro, foi à cozinha, de onde ouviu Denise chamá-la.
- Oi! – cumprimentou-os animada com beijos na bochecha.
Kevin sorriu.
- Olá querida – Denise disse receptiva.
- Onde está o resto? – perguntou puxando uma cadeira para si.
- foi embora, mas deixou seu novo endereço e telefone. Joe deve estar com Frankie e Paul acabou de subir.
- Família! – Nick falou. Apertou a cintura de Kevin, que olhou para ele e piscou. riu, e logo ele juntou-se a ela.
- Então mãe, papai disse que a senhora tinha algo a falar com a , não é mesmo?
- Comigo?
- É querida. Ligaram do hospital e era sobre seu pai.
- Sério? Como ele está? - ela deu um pulo na cadeira.
- Não sei meu anjo. Só pediram pra você passar lá hoje.
- Nós vamos com você – Kevin disse, atrapalhando-se com as laranjas.
- Obrigada – ela disse um pouco envergonhada. Ela entrara naquela família sem ao menos ser convidada e já a tratavam como parte de tal. – Realmente não sei como agradecê-los. Só tenho dado trabalho e vocês têm tanta paciência...
- Nós te amamos! – disseram todos junto e, em seguida, riram da frase em sincronia. Não era a primeira vez que isso acontecia.
Organizaram a mesa para o almoço e fizeram suas refeições. Organizaram a louça suja e combinaram que Kevin, Joe e Nick iriam com ao hospital. Então, tomaram seus banhos, arrumaram-se e foram.
Chegaram à portaria e estava nervosa. Enquanto Nick acalmava a namorada, Joe e Kevin pegaram as informações, no caso, o número do quarto. Seguiram por aqueles corredores brancos, vazios e sombrios, até chegarem ao quarto. pediu para entrar sozinha.
- Se precisar de nós, grita! - disse Nick.
Hesitou em abrir aquela porta. Mas deveria seguir em frente e enfrentar a sua insegurança. Abriu devagar e foi caminhando. Viu que não havia ninguém na cama e por incrível que pareça, nenhum médico falou com eles. Não havia ninguém naquele quarto. Ela não podia acreditar. Cadê seu pai? Sua mente começou a divagar em ideias absurdas, parando na que ela mais temia. Não! Isso não! Sentou-se num sofá que tinha ao lado da cama, constatando que não era nada aconchegante. Deixou algumas lágrimas rolarem. Como poderiam tirá-lo dela? A única pessoa que ainda restava de sua família.
Antes sua mãe, agora seu pai. Afundou seu rosto nas mãos e passou a soluçar. Quem iria lhe explicar aquela situação? Para falar a verdade, ela não queria acreditar. Maldito pressentimento.
- Então doutor? Já posso ir?
- Sim, você está bem melhor, daqui a pouco a enfermeira virá para lhe dar alta e mais...
Alguém entrava no quarto.
Confusa, levantou seu rosto novamente e aquelas lágrimas tristes passaram a ser de felicidade.
- Pai! - saiu correndo ao seu encontro para abraçá-lo.
- Filha!
Por um momento pensou que o tinha perdido. Por um momento pensei que seu pai tinha morrido.
- Eu te amo!
- Eu também te amo, meu bebezinho.
No carro, iam conversando. contou que estava namorando e ele adorou. Apresentou-o a Nick, Joe e Kevin. Já na casa de Denise, ele pediu para conversar em particular com a filha. Ela sentou em sua cama e bateu no colchão, lugar que foi ocupado por seu pai depois.
- Estive pensando e cheguei à conclusão de que eu devo voltar para o Brasil. Mas você pode fica, se preferir.
- Mas... Por quê?
- Porque eu perdi a mulher que mais amava nesse mundo.
- Eu te entendo pai, mas quero passar uma semana no Brasil. Pode ser?
- Claro.
- Quando você vai?
- No próximo domingo.
(...)
Conversou com Nick e ele aceitou, mas ficou triste. Então o convidou para ir consigo e seus pais deixaram. Ligou para a e contou que seu pai havia saído do coma e que passaria alguns dias no Brasil.
Enfim, poderia visitar seu país e rever uma das pessoas que tanto ama: !
“Brasil, aí vou eu!”, ela pensou enquanto escorava a cabeça no travesseiro.
Capítulo 11
A semana passou voando, sem que ninguém se desse conta. No dia seguinte, , seu pai e Nicholas viajarão para o Brasil. Nick aparentava estar empolgadíssimo, pois ele dizia que tinha muita vontade de conhecer o famoso país do futebol. Todos na casa já haviam ido dormir, menos a garota. Encostou sua cabeça no travesseiro macio e quando, finalmente, pensou que poderia descansar, alguém começou a sacudir seu braço com voracidade.
- Ei acorda! – uma voz rouca pedia pela quinta vez. bufou estressada por estar sendo atormentada no meio da noite.
- Quem você pensa que é para me acordar, hein? Ainda por cima com tamanha brutalidade.
- Vamos... – a voz sussurrou com sexualidade. – I’m loving it! (Eu estou amando isso!)
- Ah, vá plantar mandiocas pra depois enfiar no seu... – parou de falar no exato momento em que encarou aquele par de olhos azuis. – Justin Timberlake? – seu timbre era fraco e ela mal podia acreditar no que estava parado a sua frente.
- Venha comigo, my love. (meu amor) – ele pediu de uma forma tão doce, que a garota sequer tentou resistir.
Levantou, assim com ele pediu e o seguiu. Não sabia como, mas num piscar de olhos, já havia pulado a janela. Esfregou olhos, ainda descrente por estar andando ao lado do seu ídolo pelas ruas de Nova Jersey. Reparou que ele usava o típico chapéu e sorriu. Ele retribuiu seu sorriso.
- , você aceita um algodão-doce? – ofereceu enquanto se aproximavam de uma carrocinha da guloseima.
- Hum, pode ser. Mas... como você sabe meu nome, ou melhor, meu apelido? – perguntou curiosa. Afinal, nunca havia tido nenhum tipo de contato com JT.
- Sei muito mais do que pode imaginar – ele piscou misterioso e ela sentiu seu estômago revirar. – Agora, venha comigo e rock your body! (mexa seu corpo!)
Então ela se deu conta de que a cada frase dita pelo cantor, ele usava o nome de alguma de suas músicas. Por Deus! Ele começava a parecer um psicopata. Chegaram à carrocinha de algodão-doce e ele tirou uma nota do bolso, passando-a para o vendedor que logo ligou a máquina. Pouco tempo depois, algo a tirou de seus pensamentos vagos.
- Aqui está, señorita. (senhorita.)
E mais um nome de música. Resolveu desencanar dessa paranóia. No final das contas, ninguém é normal mesmo. Nem ela.
- Obrigada, Justin.
Enquanto comia, iam caminhando. Sentaram no meio-fio de uma calçada e, antes de começarem um assunto, ficaram admirando o céu.
- Você trata todo mundo assim? - perguntou enquanto colocava um pedaço de doce na boca. Ele olhou rapidamente para a menina e voltou a mirar o luar.
- Não costumo ser tão cavalheiro. A não ser com as sexy ladies... (garotas sensuais...)
- Oh, isso foi um elogio? – ele sorriu sem ao menos fitá-la. sentiu suas bochechas corarem. – A propósito, como me achou?
- Acho você onde quer que esteja. – ele relutou, mas não conseguiu. Delicadamente, suas mãos se encaixaram. – Eu estou... love stoned. (chapado de amor.)
Oops! Aquilo tinha sido uma declaração. Ele abraçou-a. Ela deixou.
- Sabia que você é a mulher mais damn girl do planeta? (gostosa) – Justin disse no pé do ouvido de , o que a fez estremecer.
- Você também – foi tudo o que saiu por entre seus lábios. Estava estática e chocada. Nunca haviam sido tão direto com ela, até aquele momento.
- Para ficar aqui, restam-me 4 minutes. (quatro minutos)
Baixou a cabeça e desejou que ele não fosse embora. Estava adorando a companhia de Justin. Será que é por isso que ele se aproximava? Ele realmente tentaria beijá-la? Mordeu o lábio ao lembrar-se do namorado. Virou o rosto.
- Desculpe-me, mas isto não é certo
- Por quê? You’re my light! (Você é a minha luz!)
- Eu tenho namorado, Justin. Ele se chama Nick e ele dorme enquanto eu o desrespeito.
- Entendi. Já que estou losing my way, vou embora (perdendo meu lugar) – disse levantando-se. Bateu a poeira das calças e ela buscou forças dentro de si para pedir o que tanto necessitava.
- Não vai, por favor.
- Sinto muito. Cry me a river. (Chore um rio por mim.)
E ele tomou seu rumo, assim como o homem do algodão-doce. viu-se completamente perdida e abandonada. Olhou para o chão e viu que uma alma besta havia perdido seu iPod. Navegou por inúmeras bandas até achar algo que lhe alegrasse.
Mamonas Assassinas.
Para libertar as agonias, decidiu cantar.
- Ser corno, ou não ser? Eis a minha indagação... Sem você vivo sofrendo, pelos boteco bebendo, arrumando confusão...
Desejou que alguém lhe jogasse uma garrafa de vodka, para que pudesse afogar suas mágoas, assim como dizia a letra da música. Achou um bar 24 horas e pediu um drink forte. Ainda com os fones de ouvido, notou que a guitarra começou a falhar. E a visão ficou turva. Seria o efeito do álcool?
Caiu.
E então voltou pra realidade. No chão, com o despertador a mil – que marcava cinco horas da manhã -, segurando seu copo de água da noite anterior. O líquido que havia restado ali, agora fora absorvido por seu edredom.
Malditas pizzas de calabresa!
Terminou de arrumar suas malas e despediu-se da família Jonas, assim como de . Os três futuros viajantes pegaram um táxi até o aeroporto. Aguardaram por algum tempo, até que o vôo foi anunciado.
Senhores passageiros, última chamada para o vôo nº 983.
Embarcaram. Desembarcaram.
- Enfim, Brasil – disse rodando de braços aberto. Era mais do que acolhedor estar na sua pátria.
- Vamos, filha, o táxi nos espera – o Sr. Cervo disse, chamando a atenção da filha e do namorado, que estava maravilhado.
No trajeto até a casa, Nicholas não calava a boca. Perguntou de tudo um pouco. Cultura, comidas típicas, pontos turísticos, etc. E mesmo depois de tantos dados e informações, continuava mais por fora do que bunda de índio.
Chegaram à belíssima casa de alvenaria. Não diferente dos imóveis estadunidenses, continha dois andares. A casa consistia de três quartos – o principal, que pertencia aos pais de , o quarto da garota e, um extra, para visitas -, dois banheiros, uma cozinha, sala e, ainda, um subsolo – onde ficava a lavanderia. Era um lar sem muito luxo, porém aconchegante.
Descarregaram as malas, tomaram seus banhos e lancharam. Como ficaram cansados da viagem, decidiram que seria bom descansar. Já era quase fim de tarde, quando resolveu juntar-se a Nick, no quarto de hóspedes. Ficaram juntinhos assistindo televisão, até ela adormecer nos braços do namorado. Ele alisava seus cabelos e rosto. Dormiu facilmente. Quando Nicholas despertou, já havia escurecido, e ela estava escorada com o cotovelo na cama, contemplando seu semblante.
- O que vai querer jantar? Aposto que papai ainda dorme e esqueceu-se de ir ao supermercado...
- Qualquer coisa para forrar o estômago serve – ele respondeu, dando de ombros.
- Ok, agora vai dar um jeito nessa sua cara amassada, que eu vou ligar pra e depois vejo se há algo comestível nessa casa. – beijou-lhe levemente os lábios, antes de despedir-se. – Amo você.
- Eu também – ele disse antes dela fechar a porta. Virou para o lado e deixou seus olhos pesados prevalecerem.
foi correndo até a sala e pegou o telefone. Trancou-se em seu quarto, afim de ter mais privacidade.
- Alô? – a voz de surgiu no outro lado da linha. Ela logo empolgou-se para falar com a amiga.
- Amiga, sou eu!
- ? Aaaaaai, que saudades de você...
- Também sinto sua falta. Como você tá?
- Bem, bem... e você?
- Ótima! – respirou antes de falar o que ansiava tanto. - Não grita agora, mas adivinha onde eu estou.
- Não acredito! Tá no Brasil?
- Exatamente – tapou seus ouvidos e ouviu a amiga berrar.
- Que perfeito! Quero ver você o quanto antes – disse animada. ‘Calma, já vai’, ela disse para alguém. – , tem gente amolando para falar com você.
A voz agradável deu lugar a uma que não queria recordar. Ela achava-a insuportavelmente nojenta.
- Meu amorzinho – aquele garoto novamente. Por que ele simplesmente não podia se tocar e partir para outra? Ser feliz...
- O que você quer? – ela foi extremamente seca. Não queria gastar sua saliva com aquele hipócrita.
- Nossa como você é delicada. Fica linda nervosinha, sabia? Eu ainda amo você e acho bom que seja recíproco.
- Deixe-me em paz. Pensei que tivesse deixado bem claro que ‘nós’ não existe mais.
- Certo, e quer que eu acredite que você gosta daquele estrelinha e não do dinheiro dele?
- Faça-me um favor?
- Todo e qualquer, meu anjo.
- Vá pro inferno.
- Não antes de levá-la ao paraíso. Você não perde por esperar.
O coração de parou. Ele sabia como ser intimidador. Ficou com tanto receio que sequer revidou. A voz de foi reconhecida por ela, assim que retomou o fôlego.
- Garoto idiota, hein? Ele ouviu quando falei seu nome, e não parou de me ameaçar enquanto não o deixei falar aqui. Desculpa mesmo, amiga.
- Ai, imagina se esse imbecil vê o Nick comigo. Não quero nem pensar no que ele é capaz de fazer...
- O que? – ela gritou histericamente, diversas vezes – Nick Jonas tá aí, na sua casa?
- Sim, e ele é todinho meu.
- Não quero mais mesmo. Sabe quem eu quero?
- Quem, safada?
- O Kevin.
Risos.
- Apresento-o a você qualquer dia.
- Obrigada. Amor, tenho que desligar. Até mais, se cuida viu?
- Tchau, flor. Amo você. Beijos.
- Beijinho.
Desligou o aparelho, destrancou a porta e colocou-o no gancho. Seu pai estava na cozinha, fazendo a janta. Ajudou-o e chamou Nicholas para acompanhá-los. Antes de dormir, rezou para que ele não a atormentasse. Apagou a luz e entregou-se na profundeza de suas fantasias.
Capítulo 12
Nicholas, ainda sem conseguir dormir, virou de lado. Já tinha feito o mesmo movimento por pelo menos dez vezes naquela noite. Olhou de esguelha para o relógio que apontava 2:15 da madrugada. Bufou frustrado. Ouviu passos no corredor que logo se distanciaram. Imaginou se poderia ser um gatuno e sacudiu a cabeça rindo, para afastar tais pensamentos absurdos. Levantou-se num pulo e, pé ante pé, tomou direção igual a da pessoa que também vagava pela casa. Na cozinha, enxergou , com um xícara de café na mão, fitando o nada através da janela. Suspirou aliviado.
- ? – chamou-a cautelosamente.
A garota tremeu pelo susto levado e deixou a pequena peça de vidro atingir o chão e despedaçar-se. Fechou os olhos e respirou fundo.
- Você me assustou – disse com uma mão no peito, como se isso fosse acalmar seus batimentos cardíacos.
- Desculpe-me – ele disse dando de ombros -, mas você parecia absorta em pensamentos.
- Ahn... coisas, sabe? Nada de importante – tentou desviar do assunto bruscamente, com a seguinte pergunta: - O que você faz acordado?
- Pergunto o mesmo – Nick rebateu, mas logo se esquecendo do que realmente queria saber.
- Não consigo dormir.
Ambos continuavam na mesma posição, estavam estáticos.
- Eu também não – Nicholas concordou e acrescentou: - Sabe onde tem algum remédio pra dormir?
- Sei, mas antes, me ajuda a limpar essa bagunça?
- Claro.
Enquanto Nick ia buscar a vassoura e a pá, resolveu juntar alguns cacos para adiantar o serviço.
- Sunshine... você vai se cortar – Nick alertou-a carinhosamente e revirou os olhos assim que a namorada soltou um gemido de dor.
- Isso dóói... – disse manhosa, levantando-se e sentando na cadeira.
- Eu tentei avisar! – Nick falou pegando a vassoura novamente. – Agora, por favor, fique quietinha aí enquanto eu termino de limpar.
concordou silenciosamente, sem pestanejar. Nicholas terminou de varrer os cacos.
- Kit de primeiros socorros? – perguntou abrindo todos os armários ali existentes.
- Foi só um corte de nada! Deixa de frescura.
Ele lançou um olhar de repreensão para a menina, rindo de sua expressão intimidada.
- Achei – fechou a portinha do armário e jogou um band-aid para ela. – Coloca isso e depois vamos subir. Se quiser, posso te fazer companhia até você dormir.
apenas sorriu. Não poderia haver alguém melhor que Nicholas no mundo, poderia?
Deram-se a mãos e Nick foi subindo as escadas na frente. Entraram no quarto dela e Nick sentou-se de um lado da cama, deixando espaço para deitar. Ela sentou do lado dele e ficaram um tempo em silêncio, admirando suas faces.
- Alguém já te disse que você fica linda com esse pijama da Hello Kitty? - Ele alisava o rosto da garota, vendo-a corar instantaneamente.
- Não... – riu, tentando esconder a vergonha repentina -, mas alguém já disse que você é o cara mais perfeito da galáxia? - Ela imitou-o.
Nick riu e tentou continuar a brincadeira.
- Chega!
interrompeu-o e puxou seu rosto para perto do dela, iniciando um beijo intenso. Terminaram-no com um selinho.
- Eu te amo, Nick.
- Eu amo mais - suspirou.
- Que lindo. Nunca me disseram isso antes.
- Nunca? Tem certeza disso?
- Não com tanta transparência e sinceridade.
- Pode ter certeza que isso é só o começo de muitas coisas que você irá ouvir de mim.
- Nick, canta pra mim?
Ele ajeitou a namorada de uma maneira que ela ficasse confortável. Com a voz rouca e, sussurrando, ele cantou a seguinte melodia em seu ouvido:
Capítulo 13
Como era burra! Deveria ter contado a Nicholas antes mesmo de aquele infortúnio acontecer. Bufou irritada consigo mesma e decidiu que a solução era conversar. E era melhor fazê-lo logo. Correu até a porta do quarto ofegando e franziu as sobrancelhas ao ouvir Nick conversando com o irmão no auto-falante.
- Cala a boca e chama o Kevin, Joseph. Você tá muito besta hoje – Nick parecia irritado e quando soltou tais palavras, Joe soltou um muxoxo decepcionado.
- Se cuida – Joe advertiu antes de largar o aparelho. Logo a voz dele foi substituída por uma mais matura e adulta. – Alô?
- Kevin?
- Não, a vovozinha! – ele riu debochado, do outro lado da linha.
- Se você for agir como Joe, avise-me, que me poupará tempo – Nick esbravejou, sem maiores paciências com os irmãos.
- Não, não desliga! Calma aí... – Kevin pediu baixando a guarda. Suspirou derrotado e, finalmente, perguntou – Como você está?
- Na verdade, nem eu mesmo sei.
- Como assim? Aconteceu algo? Me conta!
- Você parece mulherzinha, às vezes – Nick riu pela primeira vez, recebendo um sutil ‘Vá se foder’ do irmão. , do outro lado da porta, tentou segurar o riso. – Agora, falando sério, preciso conversar e você me parece a única pessoa sã da mente nessa casa de loucos varridos.
- Desabafa, então, querido, que a sua psicóloga aqui não cobra impostos! – Kevin soltou com a voz afetada e anasalada. Podia-se ouvir os passos de Nick pelo quarto, então, grudou o ouvido na porta.
Ela ouviu seu nome ser proferido diversas vezes e toda a história que Nick contava a Kevin ia sendo repassada na sua frente. Como um filme. De terror.
Não sabia quanto tempo havia ficado ali, nem queria. Ouviu o tom de voz dele, voz que estava rouca e amarga. Tudo culpa dela, como sempre.
- Não sei mais o que fazer, cara. Não sei de mais nada, também, porra! – O garoto socou com tanta força uma mesinha que o eco foi refletido no coração de , que acelerava a cada segundo.
- Tenta conversar com ela. Isso deve ser ilusão sua, eu garanto!
- Talvez eu esteja tirando conclusões precipitadas, talvez não... – ele refletiu e ela sentiu sua garganta queimar. Como ele ainda duvidava dela?
- Nicholas Jerry Jonas! – Kevin praticamente cuspiu todo o nome dele. – Você não confia na ?
- Fiquei meio em cima do muro, sabe? A confiança ficou ‘abalada’.
- Vê se não faz nenhuma burrice, por favor?
- Vou tentar, eu prometo.
- Obrigado, assim fico mais tranquilo. Feito cabeça de bagre, preciso desligar.
- Manda abraços e beijos pra todo mundo aí e diz que eu os amo, menos o Joe – os dois riram. – Ok, o Joe é lesado, mas é meu irmão, igual a você.
- Também te odeio. Tchau, cara de pau.
- Tchau.
Nicholas bateu o telefone no gancho e jogou-se na cama. , entretanto, não conteve um insistente soluço. Ele levantou-se a abriu a porta.
- Tá aí desde que horas? – perguntou de maneira estúpida e rápida.
A feição dele era horrível. Estava com olheiras e os cabelos visivelmente mal-tratados.
- Ouvi toda a conversa – admitiu. Pôs-se em pé e adentrou o quarto.
- O que você quer? – ele perguntou sem olhá-la.
- Podemos conversar?
- Não há o que falar.
- Claro que há – ela o pegou pelos ombros e virou seu corpo, para que pudesse encará-la. Tudo podia se resolver ali. Agora. Simplesmente precisavam deixar de serem orgulhosos e birrentos e se abraçarem. Pronto, tudo resolvido.
Mas nenhum daria o braço a torcer.
- Explique-se – ele olhou no fundo dos seus olhos e ela baixou a cabeça, temerosa.
- Não há o que explicar... – disse num sussurro e afastou-se.
- Como não?! – Ele pegou-a pelo braço e encarou a garota com raiva. – Eu quase quebro a cara daquele sujeitinho por SUA causa e você não tem nada a dizer? – ele gritava enquanto apontava o dedo em sinal de acusação.
- Você não confia mais em mim... – ela mordeu os lábios, totalmente nervosa e sensível. Sentiu seu coração apertar e achou que fosse cair.
- Confiar no que? Que aquela coisa mal-parida veio aqui à toa? – ele continuava a gritar, mas para ela eram apenas palavras perdidas ao vento, ao longe. Pensamentos rodeavam-na e ela sentia-se surda.
E enfim disse o que temia, mas era preciso.
- Talvez, mas se não existe confiança... – engoliu seco.
Sabia que ia doer mais nela do que em qualquer pessoa no mundo. Doeria mais do que se fosse mulher-bomba. Mas era o que deveria ser feito.
- Acho melhor darmos um tempo – disse caminhando para longe dele. Quase o deixando falar sozinho.
- Tudo bem. Agora, se me dá licença, preciso dormir.
- Boa... – não conseguiu terminar suas palavras, pois ele já tinha batido a porta – noite.
A única coisa que lhe restava fazer era chorar. Tomou seu banho gelado, colocou um pijama, escovou os dentes e deitou, sem cessar suas lágrimas. E ficou ali, com a cara enfiada no travesseiro, até pegar no sono.
Capítulo 14
E aí foi como se tivessem lhe cortado uma parte de si. sentiu seu chão sumir junto com sua lucidez. Em mente ela pensava que tudo de ruim acontecia somente com ela. Ninguém sofria tanto quanto ela. Ela, ela, ela. Talvez tenha sido esse o motivo pelo qual Nick resolveu agir com a razão pela primeira vez e criar algum amor próprio. Apertou os olhos, sentindo o maldito ego ser estourado como um balão inútil. Merecia ganhar um prêmio por tudo que já havia acontecido no decorrer de sua vida.
Ela ficou por um ano sem ver Nicholas;
Alguém invadiu sua casa e provocou a morte de sua mãe;
O ex-namorado reapareceu parar estragar tudo;
E ela perdeu amor por falta de confiança e coragem.
É... Por dentro ela se sentia perdida. Mais perdida do que filho de prostituta em dia dos pais.
Lembrou-se de uma música: “Aquele que você odeia amar foi feito para você”. E ela tinha que concordar que, naquele dia, odiava amar Nick. Respirou fundo. Ainda existia uma solução. Jogou longe todo remorso e orgulho que ainda a possuía, engoliu o choro e olhou firme para , que insistia em roer as unhas.
- Seu visto e passaporte estão em dia? – perguntou com a voz rouca, mas decidida. Ela correria atrás da felicidade.
- Por quê? – a amiga quis saber. Céus, como era lerda, às vezes!
- Você vai comigo para New Jersey. E sem discussão – levantou-se e foi em direção a mesinha do telefone. Ligou para seu pai, que estava fora da cidade. Explicou toda a emergência, e ele relutantemente deixou a filha seguir seu coração.
- VOCÊ ESTÁ DOIDA? – gritou. – MEUS PAIS VÃO ME MATAR E...
Ela já estava surtando sem motivos. Entretanto parou ao ver que a amiga mantinha a testa franzida.
-... eu tenho 18 anos – sorriu. – Sou livre. Não preciso dar satisfações. Só avisar e pronto. Beleza. Sou linda e adulta.
revirou os olhos e deixou o protótipo de ser humano retardado falando sozinho. Fizeram um lanche e logo depois ligou para os pais.
Capítulo 15
Sentados no sofá, Kevin conversava com e Nick com Joe. Denise dormia e Paul havia ido à delegacia saber se havia novas informações. Haveria mais vinte e quatro horas de tortura. Se não achassem Frankie, o caso seria fechado e a família teria de procurar o menino sem ajuda profissional. desfazia as malas e foi mais ou menos aí que seu celular vibrou, denunciando que havia chegado uma mensagem. Ela gelou. Era de avisando que a notícia tinha se espalhado e mandava força para a família, que se precisassem de algo era pra chamarem-na. sorriu e respondeu agradecendo e perguntando quando ela daria as caras. Ajeitou algumas blusas no canto do closet e quando passou para as calças, ouviu novamente o aparelho tocar.
Sorriu.
Mas seu sorriso se desmanchou como uma rosa morta quando se deparou com as seguintes palavras.
Capítulo 16
Mais uma semana de tortura se passou e tentava vários acordos com seu ex-namorado visto que ele somente aceitava negociar com ela.
Os Jonas Brothers tiveram shows cancelados e não saiam de casa para quase nada.
Muitos boatos, que em parte não eram boatos, começaram a surgir: “Onde está o Bônus Jonas?” era a manchete mais comum usada em revistas.
Almoçavam em silêncio; coisa que havia virado rotina. Nada se falava durante as refeições. Telefone tocou e, sem pestanejar, a garota levantou calmamente da mesa e tirou o aparelho do gancho. Pensou em atender de maneira grossa, mas poderia ser seu pai.
- Alô? – disse segundos depois de pensar. Estava suando frio e sua mão tremia de nervosismo.
- E aí, meu amor, sentiu minha falta?
Ela não conseguiu responder. A voz daquele cara lhe causava ânsias.
- Olha que quem cala, consente... – ele riu alto.
“Idiota”, ela pensou.
- Cansei de falar sozinho - ele suspirou e ela pode ouvi-lo socar a parede. – Vai falar comigo ou não?
Silêncio. Naquele momento, se ela abrisse a boca, o mandaria para um lugar feio. Feio, não. Ridículo.
- Ótimo, não o faça. Descontarei minha angústia amorosa no seu amiguinho...
- Não – ela finalmente falou -, por favor. Pelo amor de Deus! Frankie é apenas uma criança! Você não tem um pingo de compaixão?
- Assim que eu gosto, meu amor. – e mais uma vez ela quis vomitar nele. – Na verdade, até que estou me divertindo com meu novo brinquedinho – ele riu escandalosamente, de novo. – Tenho algo a lhe propor, zinha.
- Diga. Quanto quer?
- Não se trata do que eu quero, mas quem eu quero.
- Como é que é?
- Nossa, tanto tempo de convivência comigo e você continua lerda, né? – ele bufou e ela apertou a mão, sentindo que a qualquer momento suas unhas a cortariam. – Eu posso até devolvê-lo, mas com uma condição...
- Qualquer coisa – ela disse sem pensar. Arrependeu-se instantaneamente e desejou com todas as forças poder matar aquele animal.
- Ai, que lindo o que você disse. Acho que vou chorar... – “Psicopata!”, ela pensou em dizer, mas preferiu manter-se calada. – Bom, alguém tem que vir no lugar dele. E você sabe muito bem quem, não sabe?
- Sei – suspirou derrotada. Ela teria de obedecê-lo se quisesse prezar a vida do tão amado menino.
- Só mais uma coisa. Minha próxima ligação será para combinar o lugar da troca. Mas atenção, garota, sem Jonas Sisters ou polícia! Até mais minha querida.
E dito isso, bateu o telefone na cara de . No sentido figurado, é claro. jurou ter ouvido Frankie ao fundo, no final da ligação, falando com alguém. Voltou à mesa pensativa. E perdida nesses pensamentos, ela brincava com a comida.
- O que ele queria dessa vez? – uma Denise cheia de olheiras perguntou.
não queria magoá-la, muito menos preocupá-la. Ela resolveria toda essa situação sem ferir ninguém. Iria entregar-se para o ex em troca do Jonas mais novo. Sim, ela iria sacrificar seu amor com Nick. Sabia que deixaria o coração dele despedaçado, triturado, feito carne moída. Denise pigarreou. E a única coisa que ela se permitiu revelar foi:
- Não se preocupem – pediu olhando para cada rosto que a encarava. – Vocês o terão de volta.
Terminou seu almoço, lavou seu prato e copo, saiu dali e foi para o quarto. Suas amigas, e seguiram-na. Elas entraram no quarto de e viram-na atirada num canto, com os joelhos encolhidos e chorando, totalmente frágil.
- Ei! Conte-nos o que ele disse para deixá-la assim? – falou de um jeito maternal. Sentou-se ao lado da amiga.
- Sabe que com a gente você pode se abrir, né? – imitou a outra e abraçou-a.
- Melhor não, meninas... Desculpem-me, mas dessa vez irei agir sozinha. Por favor, não falem nada para os outros, muito menos para o Nick, tá?
sentiu seu peito apertar e a garganta doer quando citou o namorado.
- Tudo bem – prometeu suspirando.
- Não quero ser chata, mas preciso refletir...
- Claro, amiga. Qualquer coisa nos chama. A gente te ama – disse.
- Eu também amo muito vocês.
E elas saíram do quarto, deixando ali com seus pensamentos.
O resto do dia foi completamente cheio de rotinas, ou seja, triste. Imagine uma casa sem a presença da pessoa que mais proporcionava alegria a todos?
No outro dia, mais ou menos às três horas da tarde, o telefone toca e vai correndo atendê-lo. O que ela não imaginava era que tinha outra pessoa ouvindo na extensão. Nicholas segurava a respiração para que não houvesse suspeitas de ‘invasão de privacidade’. Mas, porra! Era o irmão dele.
- Fala – ela disse sem emoção alguma.
- Hey! – ele protestou indignado. E continuava se perguntando como fora se envolver com tão baixa pessoa. Fato é que ela sempre fora atraída pelo homem loiro, alto e de olhos cor-de-mel. Ele era muito sedutor. Porém, como um ovo de páscoa. Sabe, até que a casca era boa, mas por dentro, ela decepcionou-se ao encontrar nenhuma surpresa. Era vazio. Sem sentimentos. – Cadê a cordialidade?
- Vá direto ao ponto – ela pediu e seus olhos marejaram.
- Eu quem mando aqui! Encontre-me na casa abandonada que tem a cinco quarteirões da sua casa antiga. Na esquina do Burger King. Sabe aonde é?
- Sei, sei.
- Ótimo. Venha sozinha e você tem duas horas para chegar aqui.
E novamente ele a deixou sem chances de resposta. foi tomar banho antes de começar a traçar seu novo destino. Um destino ao lado do – metaforicamente – do demônio em pessoa. Enquanto massageava o couro cabeludo fazendo espuma com o shampoo, pensava que se Dean e Sam Winchester existissem, ela não precisaria passar por isso. Eles já teriam resgatado Frankie. Riu sozinha e resolveu apurar com aquilo e acabar de uma vez por todas com todo o sofrimento da família. Certo que o dela não sumiria de uma hora para outra, mas ela poderia se acostumar com a vida vigiada e possessiva que teria a partir do momento em que fizesse a troca.
Bem antes do combinado, ela saiu de casa, sem avisar a ninguém. Nicholas estava preocupado, desesperado, não perderia sua amada para alguém que nem ao menos merecia ter nascido. Ele faria aquele cara se arrepender por tê-lo feito. Se preciso, o mataria. Pegou um objeto que lhe seria de grande utilidade no cofre e seguiu a namorada, que diversas vezes atreveu-se a olhar e quase recuar, mas que por um milagre divino não percebeu a companhia.
- Tem alguém me seguindo... Eu sinto – ela repetia para si mesma, sozinha.
Parou na frente da temida casa e Nick escondeu-se atrás de um muro. Ela chamou por um nome até então desconhecido por ele: Roberto. Logo o homem que ele queria a cabeça apareceu e deixou a menina entrar. A porta bateu e Nick grudou o ouvido na mesma. Ele podia escutar tudo agora e, se precisasse de sua ajuda, ele não hesitaria em derrubar com um chute aquela coisa de madeira. Esperava o momento certo para agir.
- Pronto – falou procurando por Frankie. – Eu estou aqui. Cadê o Frankie? Deixe-o ir embora.
Frankie, em algum lugar bem escuro e úmido da casa ouvia a menina, mas não conseguia sequer falar, quanto menos gritar. Roberto havia colocado uma mordaça em sua boca e ele não tinha forças para mais nada. Fora maltratado enquanto em cárcere. Não comia, não bebia e dormia mal.
- Depois gostosa – disse ele chegando perto e tomando controle de seu corpo. – Agora vem aqui comigo – reuniu toda sua força e amor próprio e empurrou o homem.
- Tá maluca? – ele gritou. – O que pensa que está fazendo? Brincando com a vida do famosinho?
- Solta ele primeiro – pediu. Pegou um candelabro para caso precisasse se defender. Escondeu-o nas costas.
- E se eu não quiser?
- Esse não foi o combinado! Primeiro o Frankie, depois eu.
- Quem faz as regras sou eu!
Num momento de raiva, ela jogou o candelabro que possuía na cabeça de Roberto.
- Vadia – ele esbravejou. Vermelho de raiva pegou uma faca e cravou-a no seu braço. urrou de dor e ele jogou-a na parede. – Agora o moleque vai pagar, sua desgraçado.
- Não! – ela gritou.
Roberto espalhou gasolina pelo quarto em que Frankie estava e tacou fogo com um fósforo. Nick derrubou a porta e assim que viu o cara que tanto odiava, sacou a arma e apontou sem dó para ele.
- Ei, ei, ei, estrelinha, vai com calma – ele colocou as mãos para cima (n.a: que vai começar o rebolation \o>).
- Seu monstro! – Nicholas gritou, completamente fora de si. – É isso que uma criatura inútil feito você é. Se eu nunca mais ver a sua cara, eu vou ser a pessoa mais feliz do mundo.
- Você vai carregar esse peso na consciência, estrelinha? E a reputação dos Jonas Sisters? – ele ia rindo da cara de Nick e se aproximava, tentando intimidar.
- , pega o Frankie! – Nicholas ordenou e assim ela o fez. Procurou o garoto e o momento que o achou, no meio da fumaça, foi o mesmo em que ela ouviu um tiro. – Eu não me importo.
A bala acertou a testa de Roberto, que morreu na hora. Nick atirou mais duas vezes para garantir. Guardou a arma e chutou o corpo de seu inimigo – tanto amoroso quanto familiar – e gritou pela namorada.
- Nick – a voz dela ecoava pela casa antiga. Vinha de um quarto no fim do corredor. Ele saltou o fogo e resgatou o irmão que não tinha condições de andar. mancava apoiada nele.
Sentou-se no meio-fio da calçada com que estancava o sangue do braço com a manga do seu casaco, ficando apenas de regata. Nick alisava o irmão enquanto falava no telefone.
- Tá tudo bem, maninho. Eu acabei com tudo. Já chamei a ambulância. Ah, Frankie... – ele chorava enquanto assistia o irmão ficar a cada segundo mais debilitado. – Eu amo tanto você. Debruçou-se sobre o corpo do menino e o abraçou.
- Eu... também – Frankie disse com a voz rouca, tossindo, e com dificuldade retribuiu o carinho.
Ouviram barulho de sirenes e puseram-se em pé. Foram todos na ambulância. Nick ao lado de , ambos segurando a mão de Frankie, que estava deitado na maca. Ele ligou para a família e logo estavam no hospital. fez somente um curato e foi chamada para depor na polícia juntamente de Nick – que foi absolvido, é claro, por legítima defesa.
Foram noticiados de que o estado de Frankie não era nada fácil, era grave. O que aconteceria com a pobre criança, dessa vez?
Mas o inferno acabou. O mal foi cortado pela raiz. O que fariam por Frankie agora? A única coisa a fazer era rezar para que ele saísse dessa. Vivo.
Capítulo 17
Dois meses e Frankie continuava em estado vegetativo, pois os médicos acharam melhor induzi-lo ao coma. A sofreguidão tomava conta daquela família, apesar de ainda terem alguma esperança dentro de si. e Nicholas continuavam namorando, Joseph e estavam ‘ficando’ sério e Kevin e aproximaram-se de maneira que ela consolava e apoiava o garoto, fazendo papel de mãe/melhor amiga, então, para ela, não existiam chances naquele momento.
Na frente do hospital, seguranças protegiam a família dos repórteres e paparazzis – todos ali com um único objetivo: coletar informações sobre Frankie. Certo que alguns transpareciam certa “preocupação”, mas tudo o que eles precisavam era de paz e as pessoas só faziam cuidar da vida alheia. Grande novidade.
Rezavam todas as noites ao lado do menino à espera de alguma reação, de que ele acordasse e trouxesse de volta a alegria que tinha levado consigo. Para não haver confusões, umas vez que, ninguém queria ficar longe de Frankie, mas precisavam se alimentar e dormir adequadamente, combinaram estadias durante a semana. Ficou combinado que nas segundas e terças Joseph e assumiriam o posto. Quartas e quintas, os responsáveis eram Kevin e . Nas sextas e nos domingos, era vez de Nicholas e . Denise e Paul, obviamente, optaram pelos sábados, por questão profissional.
Sexta de manhã, Kevin e deixavam sua rotina hospitalar e deram lugar a Nicholas e . No estacionamento do local, entrevistadores atormentavam, sem descanso, e Nick.
- Nicholas Jonas, por favor, uma palavra para o American News – um homem trajado socialmente, segurava o microfone na frente do rosto do garoto que seguia caminhando com os braços entrelaçados na namorada. – Você sabia que o mundo inteiro está organizando uma passeata em homenagem ao seu irmão? – insistiu e Nicholas pareceu reagir. Fungou e, com os olhos inchados, mirou a câmera.
- Muito obrigado mesmo, eu... – a garganta ardeu dando sinais de que ele voltaria a derramar mais lágrimas. Então, simplesmente deixou a frase no ar, despediu-se, com um aceno, dos telespectadores.
Quando estava um pouco longe, olhou para trás e viu que agora estavam importunando o ‘casal’ que acabara de deixar o estabelecimento.
Desenganchou o braço do de e deslizou-a para sua cintura. Apertou a menina contra si em sinal de insegurança e ela beijou sua bochecha, sorrindo a seguir. Adentraram o hospital, cruzando pela recepção e subindo as escadas. Frankie fora internado num leito da área da maternidade, pois não havia outros mais disponíveis. Avistaram a porta com o número 192 trabalhado em cobre e seguiram seu rumo. Insistiam em ficar do lado de Frankie, mesmo sem necessidade, porque tinham fé.
Frankie costumava alegrar as tardes/noites de Nick. Os dois dividiam os mesmo quarto, o mesmo banheiro e até o mesmo vídeo-game. Foi sentado ali, no colchão que lhe foi posto, que Nick, contemplando o céu, lembrou-se de uma entrevista. Aquela que marcou e intensificou a relação entre eles.
Flashback
(...)
Em meio a tantas perguntas, porque ela foi logo fazer a mais importuna? Ora, tenha paciência! Franklin era apenas uma criança...
- Você tem algum irmão preferido? – A entrevistadora perguntou a Frankie que apertava freneticamente os botões de seu mini-game.
- Tenho – ele disse sem tirar os olhos do brinquedo.
- E qual deles? Você pode me dizer? – Ela insistiu e ajustou a câmera que segurava para focar melhor a imagem do menino.
Ele levantou a cabeça, olhou para a câmera e sorriu.
- Nick.
Foi aí que Nicholas prometeu a si mesmo que nunca mais deixaria de dar atenção a ele. Que jamais faltaria quando ele precisasse.
Mas ele não cumpriu. Afastou-se e simplesmente tudo virou de ponta cabeça. Já estava começando a pensar besteiras, culpando-se pelas tragédias acontecidas. No entanto, engoliu o choro. Sabia que se o pegasse mal, ficaria tal como ele. E a última coisa que pensava em suportar era vê-la sofrer.
Deitou-se, de modo a ficar de frente para ela. Nick encarava os olhos de a procura de alguma expressão de compaixão. Encontrou absolutamente nada. Ela pôs a mão no rosto dele e acariciou-o devagar. Explorou sua face como se tivesse redescobrindo-a. Nick, totalmente hipnotizado com o gesto, não esperou mais e avançou sua boca na dela. Um momento intenso, cheio de desejo e amor. Os corpos automaticamente grudaram-se.
Nick cessou e de olhos fechados disse as três palavras que ela queria ouvir.
- Eu te amo.
- Eu também – ela respondeu sorrindo. Então ele mordeu o lábio inferior e ela interpretou que ele estava prestes a chorar, pois o conhecia. Abraçou-o com todo o carinho e vontade, e entre soluços e lágrimas, Nick dizia coisas sem sentido. O sono venceu-os.
E mesmo em seu subconsciente, numa espécie de vida surreal, Frankie vivenciava um tipo de EQM, em outras palavras, experiência de quase morte.
“Ele caminhava perdido, sem rumo, atravessando um campo de flores. Olhou para si por um instante e verificou suas vestimentas brancas e leves. Desesperado, perguntou-se o que havia acontecido.
Onde estava sua família?
- Mamãe! Papai! – ele gritava aos ventos que dispersavam sua voz para longe, deixando apenas o eco repetindo tais.
Correu e o coração acelerou. Sentou-se debaixo de uma grande árvore. Enorme, diga-se de passagem. Fechou os olhos por um momento, quando uma luz afetou-o.
- Frankie – a mesma voz feminina chamava-o. Ele conhecia, ou melhor, queria reconhecer quem era a dona da voz tão maternal, que o confortava.
Abriu os olhos, encarando-a. E era dela que as luzes claras e violentas se dissipavam.
- Oi, eu conheço você, né? – perguntou, obtendo como respostas um aceno de cabeça. – E quem você é?
- Isso não vem ao caso agora, meu querido. Eu tenho um recado.
- Que recado? É alguma coisa boa? Eu vou melhorar logo? Por favor, diz que sim.
- Não é tão bom assim, meu querido. Amanhã, você e eu começaremos um longo passeio, tranquilo e sereno, na eternidade.
- O que? Como assim? Eu não posso deixar minha família! Eu tenho um cachorro e três peixinhos para cuidar.
- Calma, meu anjo, muita calma. Você só vai passear. Um dia você volta porque passeios consequentemente têm volta.
- Não entendi – o menino fez uma cara confusa. Aquilo era muita informação e ele não sabia decifrar as entrelinhas. Coçou a cabeça.
- Vou mostrar para você – e dito isso, a mulher até então desconhecida estalou os dedos e a imagem de um bebê apareceu mais a frente, meio desfocada.
- Esse sou eu? – Frankie questionou.
- Exatamente.
- E como vou saber que eu sou eu?
- Você não vai se lembrar de nada. Talvez tenha alguns sonhos ou hábitos comparáveis com os seus. Adeus e até logo.
- Não, espera! Eu quero saber...
- Amanhã, Frankie. Amanhã.
-... Quem serão meus pais.
Mas já era tarde. Ela já havia desaparecido.
Levantou dali e foi vagar por mais um tempo. Enquanto passeava, enxergou um precipício e no final, bem ao fundo, ele enxergava-se numa cama, debilitado. Num quarto de hospital. Sem pensar duas vezes atirou-se.”
Frankie pareceu voltar em si e uma série de acontecimentos lhe veio à memória. Lembrou-se do parque, em seguida Roberto, um apagão, o sequestro, a casa velha e abandonada, as necessidades passadas, as vozes, os telefonemas, o fogo, e Nicholas, hospital e a indução ao coma.
Verificou o relógio na parede: ainda eram sete horas da manhã. Será que ainda existia algum tempo para que ele pudesse aproveitar seu tempo restante? Com dificuldades, por causa dos aparelhos que o mantinham respirando, observou duas mochilas estacionadas num canto de parede. Ele sorriu ao ver e Nick dormindo ao seu lado. Desde quando estavam ali, cuidando dele? Ele não tinha culpa! Nunca quis preocupar ninguém. Uma lágrima solitária percorreu sua bochecha quando ele notou a cicatriz no braço da menina.
Queria gritar, mas não encontrava forças. Ele só tinha algumas horas e não poderia realizar todos seus desejos. Sabia que aquele sonho não fora bobagem, não era comum. No criado-mudo, um aparelho prático o aguardava. Apertou aquela campainha, acordando os dois adormecidos.
- O que? Quem... – esfregava os olhos por causa da claridade matinal – Frankie, meu anjinho! – ela pulou do colchão e não sabia se chorava ou se sorria. Uniu o útil ao agradável. Ok, foi só uma comparação.
- Meu irmão acordou! Meu irmão acordou! – Nick gritava nos corredores do hospital enquanto saltitava e soltava purpurinas rosa chiclete ligava para a família.
aproximou-se do menino, cheia de saudades. Abraçou-o e chorou copiosamente e antes que pudesse se pronunciar, Frankie pulou na frente.
- , eu não tenho muito tempo – ele sussurrava com dificuldades.
- Não diga isso, por favor. Ninguém suportaria perder você – a garota não queria acreditar em suas palavras. Elas causavam calafrios só de ouvir. Apertou mais ainda o abraço e tentou, em vão, segurar o choro.
Nicholas voltou para o quarto, propriamente vestido.
- Liguei e já estão todos vindo – exclamou feliz e ao ver a namorada debruçada no irmão sentiu um aperto no coração. – Meu amor, se veste que eu busco café e algumas coisas para comermos, tudo bem? – ela assentiu. – Já volto – disse isso e voltou a fechar a porta do quarto 192.
- Frankie, posso pedir um favor?
- Peça – ele disse com a voz rouca.
- Não fale mais bobagens, ok?
- Não é bobagem. Ela tá vindo me buscar.
- E-ela? Quem? – ergueu os olhos totalmente avermelhados e o nariz não muito diferente. Sua expressão era depreciativa.
- Eu não sei o nome dela – Frankie engoliu a saliva e lacrimejou apontando para a porta. A mesma abriu sozinha.
- Não vejo ninguém ali, mas sinto um aroma tão bom vindo com essa brisa – inspirou e fechou os olhos, colocando-se em pé.
- Mas ela pode te ver e... – Frankie concordou com sabe-se o que – disse que a cada dia que passa, ela tem mais orgulho de você.
sorriu.
- Ela me conhece, Frankie?
- Sim e muito, pelo que percebo. Mas ela insiste em não me dizer quem é.
- Fica aqui comigo, não me abandona? Pede para ela deixar-te aqui?
- Infelizmente, meu destino já foi traçado.
- Não – ela sibilou. Andou alguns passos para trás, sacudindo a cabeça em sinal de discórdia. O relógio marcava exatas oito horas. Nicholas adentrou o quarto com as refeições.
- Você não se vestiu meu amor? – E ao ver o estado dela, desesperou-se. – O que tá acontecendo aqui?
- Tá quase na hora – disse Frankie. Nicholas, que ao contrário de Joe, tinha o raciocínio apurado, entendeu.
- Frankie, isso é um adeus? – ele aproximou-se dos braços do menino, que o acolheu. – Te amo tanto, maninho. Eu não quero ter que viver sem você.
- Não é um adeus, Nick. Eu só vou fazer um passeio. E, sabe? Passeios têm volta – ouve-se um barulho de carro sendo estacionado. Supostamente, a família Jonas teria chegado ao hospital. fez uma cara confusa e juntou-se a Nick. – Eu amo muito vocês e é por isso que eu peço, imploro, para que não sofram por mim. O mesmo vai servir para todos. Queria poder me despedir da mamãe, do papai, do Joe e do Kevin. Ah, da e da também, mas acho que não conseguirei ficar muito tempo. Escutem e prestem bem atenção no que eu vou dizer, ok? – eles concordaram, mesmo que internamente quisessem contrariá-lo. – Nós somos uma família, mas mais que isso, somos amigos. E você, Nick, me ensinou que amigos nunca dizem adeus, mas até logo.
Com essas palavras finais, Frankie deu um longo suspiro. O último. Fechou seus olhos pretendendo finalmente descansar em paz. No correndo, a família que vinha sorridente, foi desiludida. A mesma brisa percorreu o quarto e o aparelho de batimentos cardíacos apitou.
Os médicos entraram correndo pela porta e tentaram fazer o possível, que se tornou impossível. Nicholas e se consolavam enquanto a mãe urrava de dor pelo filho perdido. Ninguém nunca entenderia o que se passava com ela naquele momento. Saíram do quarto ainda sem entender. Talvez nunca entendessem. A doce criança que lhes foi tirada de repente.
Capítulo 18
Nicholas assistia a chuva dissipar-se por entre as ruas. Mas ele nem sequer se importava com os carros buzinando loucamente. Na verdade, ele nem as ouvia. Não tinha se passado nem um dia e ele não aguentava mais bancar o forte, quando a única coisa que desejava era um ombro no qual pudesse derramar seu sofrimento. Ele não queria ter que chorar. Por que, seu irmão, então? Uma criança inocente, que tinha o mundo a descobrir. Lembrou-se de todos os momentos que compartilharam, as bagunças... Ah, as bagunças!
Flashback
- Alguém, por favor, acorda o Joe? – Denise pedia enquanto preparava a mesa.
Frankie e Nick, como telepatia, se entreolharam naquele instante. Tiveram o mesmo pensamento traquino e riram maliciosamente.
O menino empolgado roubou duas tampas de panelas e Nick achou um bastão de baseball no meio da baderna do porão. Se a mãe imaginasse o que eles iriam aprontar...
Subiram as escadas receosos e bateram as mãos ao conseguirem passar pela mãe com sucesso, sem que ela os visse. Porque, do contrário, não queria nem imaginar o tamanho do castigo. Invadiram o quarto de Joe sem fazer o menor barulho. Nick posicionou-se no lado esquerdo da cama. Frankie, no direito.
- No 3 – Nick sussurrou e Frankie sorriu sapeca.
- 1.
Frankie levantou as tampas na altura do ombros.
- 2.
Nick ergueu o bastão com finalidade de ‘amassar’ o colchão com ele.
- 3!
Frankie começou a bater o que tinha preso às mãos, freneticamente, e Nick agitava a cama, enquanto gritava:
- Acorda! Acorda! Acorda! Acorda!
- AH, CARALHO, É O APOCALIPSE! MULHERES, CRIANÇAS E JOE’S PRIMEIRO! – Joseph berrou e tratou de saltar da cama, agarrado em seu travesseiro. Ele enfureceu ao notar dois irmãos rolando de rir.
- Seus retardados mentais! Eu vou matar vocês – Joseph tacou com raiva o travesseiro no pobre Nicholas.
- Não vai nada – Nick revidou com desdém.
- É! Não vai nada – Frankie repetiu numa tentativa fracassada de imitar o irmão. Ele sempre fazia isso.
Joe bocejou.
- Banheiro preciso usar eu – e saiu andando.
Frankie e Nick se encararam confusos. Nick fez cara de nojo por causa das vestes de Joe.
- Eca! Se veste logo. Não mereço essa visão do inferno – tapou os olhos, como se os mesmo tivessem queimando, e fugiu para seu próprio quarto.
- Visão do inferno – é, claro. Frankie repetiu as palavras e gestos de Nick. Tão típico.
Realmente, fora um episódio engraçado. Ele sentiria falta daquilo. Também teve a outra vez que ele estava quebrado, sem dinheiro e Frankie reclamava de fome, na rua. Praticamente obrigou Nick a roubar aqueles chocolates. Nick lutou contra seu instinto marginal, só para frisar. Pegou-se chorando, novamente. Precisava de um banho gelado e era isso que faria quando chegasse em casa.
Tinham acabado de voltar do funeral. No carro, ninguém falava nada. Paul batucava no volante expressando seu nervosismo. De Denise ouviam-se apenas seus soluços. Kevin olhava pensativo pela janela, assim como Nick. Joe, com o rosto inchado, dormia no ombro de . E consolava , que estava tal qual a mãe dos garotos.
Talvez elas duas estivessem pior do que todos os outros juntos. Ela sempre fora a mais ligada com Frankie. Ninguém entendia por que.
Flashback
A família reunida assistia a um filme de comédia na sala. Inclusive Denise e Paul. Frankie, como qualquer criança, fazia perguntas hora inocentes, hora importunas.
- , quando você vai terminar com o Nick?
A menina engasgou-se com a água que bebia.
- Por que diz isso, meu anjinho? Você não gosta mais de mim? – perguntou assustada. Sabe como é... Crianças não mentem.
- Gosto, mas acho que você precisa terminar com esse traste – ele brincava com os dedos e mantinha um biquinho fofo.
- Franklin Nathaniel Jonas! – Denise repreendeu o filho, não pela pergunta a garota, e sim por ter ofendido Nick. Porém, ela parou de chamar-lhe a atenção já que Paul disse algo em seu ouvido.
- Mas por quê?
- Pra casar comigo, é claro! Ou você prefere esse bobão? – ele apontou para Nick.
- Frankie, entende uma coisa... Ela é muito velha pra você, que não tem nem estrutura para pensar em casar – Nicholas tentou explicar.
Joe, , Kevin e apenas contemplavam a cena e riam.
- Então eu acho que você deveria achar alguém da sua idade. Liga para aquela sua amiga que é bem bonita – piscou para Frankie que sorriu e concordou.
- A Izzie! Vou fazer isso agora.
Frankie correu e pegou o telefone.
- Crianças... – Nick suspirou e mordeu a bochecha da namorada. Todos riram.
Bons tempos que passaram e não voltariam. Infelizmente, nada é eterno e eles teriam que reaprender a viver.
Chegaram e a primeira coisa que Nick fez foi tomar o banho gelado. Ele não estava nada bem e achou melhor dormir.
Em outro aposento da casa, mais precisamente na cozinha, bebia leite, um pouco sem vontade. Ok, literalmente empurrando o líquido. Mas não pareceu adiantar e o frio não passou, além de que ela estava completamente sem sono. Lavou a caneca e rastejou-se até seu quarto. Deitou e cobriu-se com três edredons. A temperatura parecia ter piorado. Colocou a mão na testa e confirmou suas suspeita: febre. Fechou os olhos, devido a ardência nos olhos, e adormeceu.
caminhava por um campo florido com vestimentas brancas. Estava tão deslumbrada com o lugar e distraída que quase não percebeu que alguém se aproximava correndo, logo após agarrando-se em sua cintura.
- !
- Frankie! – abraçou-o com força, fechando os olhos em seguida. Ela tinha o menino nos braços e não queria mais largá-lo. Já chorando, ela continuou: - Que saudade...
- Vejo que já se encontraram – uma voz conhecida de ambos disse.
Levantou sua cabeça e abriu os olhos. Olhou melhor e não acreditou no que estava vendo.
- Mã-ãe? – gaguejou. A mãe da garota abriu os braços e ela, como uma criança indefesa, pulou nos braços da mesma. – Sinto tanto a sua falta...
- Eu também, querida, mas sabia que Frankie e eu vamos sempre proteger vocês, aqui de cima. Acho que você já notou, mas estive com ele esse tempo todo.
- Nós precisamos ir – Frankie puxava sua protetora.
- Tão rápido?
- , nós te amamos muito. Diz isso pros outros e que não quero que ninguém fique mal.
- Eu amo tanto vocês...
Despediram-se e antes de ir, ela ouviu Frankie gritar.
- Nick precisa de você, cuida dele.
Ela acenou e eles desapareceram.
Num impulso, a garota acordou. Estava suada, então tomou um banho para se livrar daquelas glândulas sudoríparas. No espelho, ainda podia ver seus olhos avermelhados. Sorriu ao perceber que a febre tinha passada. Não fora apenas um sonho.
Foi ao quarto de Nick e deparou-se com o namorado encolhido em um canto, com uma mão sobre o rosto e a outra fechada, chorando compulsivamente. Acolheu-o com todo o amor que tinha.
- Calma, eu tô aqui... – dizendo isso, ela beijou sua testa e acariciou o rosto.
- Queria tanto dizer poder dizer o que não tive tempo. Queria que ele estivesse aqui.
- Fale, Nick, pois onde quer que esteja, ele vai te escutar. Tenho certeza.
- Não consigo.
- Tudo bem. Pode fazer isso quando estiver sozinho, certo? – ele concordou. –
Vamos dormir. Posso deitar com você.
- Aham.
Deitaram e Nick apoiou-se nela.
- Por quê? Eu... – ele disse manhoso. Soluçou e continuou entre soluços: - não consigo entender.
- Nem eu, Nick. Nem eu...
Capítulo 19
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Dois anos passaram-se e as brigas de e Nicholas ficavam cada dia mais constantes. No início, como toda briga de casal, era normal, mas com o decorrer do tempo, discutiam por qualquer coisa idiota, por mais mínima que fosse. Fato que não era mais a mesma coisa, já que as conversas não duravam trinta segundos, e se duravam, terminariam aos berros.
não agüentava mais aquela rotina escandalosa. Não tinha mais certeza se ele continuava amando-a ainda. Da parte dela, o sentimento não havia mudado e a garota fazia de tudo para evitar as discussões, mas nunca obteve sucesso. Nicholas andava genioso ultimamente.
Sentia-se mal e ao mesmo tempo feliz ao ver como Joe, , Kevin e se davam tão bem. Não fazia muito que os últimos concretizaram a relação.
Tudo mudara desde que Frankie se fora. Ela percebera. E martirizava-se, sofrendo calada. Continuava com o pensamento de que a culpa era dela, de que ela deveria ter morrido no lugar dele – teria sido menos pior. Ah, se ela pudesse voltar ao passado...
Entendam-na. sentia falta do seu Nicholas. Ele não era mais aquele menino espontâneo que ela conhecera. Queria carinho e atenção e tudo o que conseguia não passava de palavras grosseiras. Isso porque ela não queria nem cogitar a possibilidade de uma traição. Com certeza seria o fim.
Tirou os fones do ouvido, sentindo o cansaço por causa da recém-caminhada de quase duas horas. Fechou a porta frontal da casa, jogou o IPod para cima do sofá e começou uma série de alongamentos. Após terminar, foi para seu quarto, onde no corredor cruzou por Joe e sorriu para ele. Chutou os tênis para um canto da parede, recolheu umas toalhas no armário e enfiou-se debaixo do chuveiro. Deixou suas costas relaxarem com a água quente.
Vestiu uma roupa agradável e foi checar seus e-mails. Nada de útil, a não ser por uma mensagem de seu pai. Respondeu, cheia de saudades. Mas algo ainda incomodava dentro de si. E só tinha uma maneira de resolver aquilo.
Queria tentar uma última conversa, que seria definitiva: ou eles se entendiam, ou acabam de vez.
Bateu na porta branca lindamente esculpida com escritos em dourado: Nicholas.
- Quem é? – a voz dele perguntou sem nenhum interesse ou curiosidade.
- Posso entrar? – pediu ansiosa. Ela tinha medo da resposta que Nick poderia dar.
- Entra – ele simplesmente disse.
Girou a maçaneta com certo receio. Entretanto, ela já estava ali e teria que ir até o fim. Encostou a porta com delicadeza e observou que o garoto lia algo. Aproximou-se da cama, onde puxou para si a cadeira do computador. Ele sequer desviou a atenção da leitura.
- Precisamos conversar.
Boom! A frase que Nicholas estava farto de ouvir.
- Não temos o que conversar. Você não entende que não é possível? Sempre acaba em discussões – rebateu com uma calma irritante, se é que dá para entender.
Não aguentando mais aquela situação banal e o jeito ‘tanto faz’ de Nicholas, a menina surtou.
- Acaba desse jeito porque você não mais o mesmo! Por Deus, Nicholas! Não consigo mais conversar civilizadamente com você. O que tá acontecendo, hein? – não escondia toda a frustração que sentia, quanto menos as lágrimas.
Nick bufou enraivecido e fechou o livro com certo ódio.
- Eu não sou mais o mesmo? – ele perguntou irônico com os olhos esbugalhados. – E quanto a você, senhora ‘eu nunca sou o problema’?
Se ele não fosse tão previsível, ela podia jurar que a seguir tacaria o objeto de capa preta à sua frente na porta – ou parede, tanto faz.
- Sinceramente, não dá mais. Não posso lutar por isso sozinha, já que eu vim aqui pra tentar uma reconciliação. Porém, vejo que não valeu tanto à pena meu esforço.
- Acho melhor ficarmos sozinhos – ele sugeriu pegando o livro de volta e desviando a atenção da menina. Ela congelou por alguns segundos, mas quis bancar a superior. Se fosse para alguém se humilhar, esse alguém seria ele.
- Ótimo – falou num tom firme e deixou o quarto. – Tenha uma boa noite.
Fora do quarto, ela respirou ao mesmo tempo em que ouviu o baque da madeira. Previsível demais...
Segurando o choro, sem sucesso, ela pegou a mala e colocou ali tudo o que precisaria. Finalmente caíra a ficha dela: Nicholas perdera o encanto e o amor que dizia sentir. Sendo isso, havia uma terceira, um pivô. Mas agora nada interessava.
- , Joe vai pedir pizza. Você quer a de sem... – Kevin adentrava o quarto e num ato maior do que de carência, virou e abraçou-o com força. Rendeu-se a dor. – Ei, ei, ei... Que isso, pequena? – ele encarou-a assustado e preocupado.
- Acabou - voltou a arrumar suas coisas e tentou parar de chorar. – E eu estou indo embora dentro de alguns minutos.
- Eu avisei aquele estúpido. Nicholas é um frouxo.
Dizendo isso, Kevin saiu furioso do quarto, entrou no de Nick e bateu a porta com tanta força que pareceu um terremoto. Que exagero.
Ela tentou não ouvir, mas ainda assim distinguia os gritos de Kevin. Ouviu novamente o barulho e deduziu que Kevin havia saído de lá.
- Ele vai se arrepender, pode ter certeza – ele beijou sua bochecha.
- Tarde demais para arrependimentos.
Fechei a mala, aliviada por tê-la feita de maneira rápida e sem enrolação. Pediu para que Kevin chamasse as amigas. Falou com e pediu para ficar alguns dias na casa dela que concordou. Pegou suas trouxas, despediu-se de todos e foi rumo a sua moradia nova. Chegando lá, ligou para seu pai. Desabafou revelando que se pudesse fugiria para seu país natal. Seu pai, no entanto, alertou-a que fugir dos problemas não ajudaria em nada.
Capítulo 20.
Enfim tudo voltou ao normal, ou pelo menos quase tudo. Paul e Kevin tentavam dominar a churrasqueira, Denise e preparavam o restante do almoço, Joe e agarravam-se indiscretamente na piscina – ninguém mais se importava de qualquer maneira – e e Nick estavam sentados, literalmente, em uma mesa que fica em frente à piscina. Eles não conversavam, o que fazia minhocas lotarem a cabeça da menina. Portanto, era um silêncio constrangedor, ou seja, havia algo de errado.
- Nick – ela chamou baixinho.
- Sim – ele respondeu vagamente.
- Aconteceu alguma coisa? – Baixou a cabeça com medo da resposta.
- Sim.
Ela já sabia, só não queria admitir para si mesma.
- Quer conversar sobre isso, amor? – Focou seus olhos nele, que continuava a mirar o longe.
- Sim.
bufou inconscientemente.
- Só sabe falar “Sim”?
- Sim.
- Nicholas! – Bateu com as duas mãos na mesa, estressada, indignada com tamanha irrelevância que aquela conversa representava ao namorado.
- Sim?
- Chega! – esbravejou. – Desembucha.
Como se pesasse muito, ele suspirou.
- Sabe que Jonas Brothers é uma banda conhecida internacionalmente e...
- Direto ao ponto, por favor – pediu ela, cortando-o, uma vez que odiava ser enrolada.
- A turnê começa amanhã.
Seu coração parou subitamente. E depois acelerou...
- E você pretendia me comunicar quando? – indagou com aquele conhecido tom ríspido, mas Nick sabia como amolecê-la.
- Me perdoa, por favor, mas eu não suporto conviver com a ideia de ficar longe de você.
Em seus olhos não se via nada mais que tristeza. Real e sincera tristeza. Ela não segurou o aperto no peito e por alguns segundos gaguejou.
- Ni-ck, eu entendo. É a sua carreira e dos seus irmãos. Vocês têm que ir. Todos estão querendo os Jonas Brothers de volta à ativa. Além do mais, vocês amam o que fazem. E não vai ser por causa de namorada que vão desistir, certo?
Poderia soar egoísta, mas lá no fundo ela desejava que aquilo acabasse. Só queria estar junto, para sempre, do amado.
- Certo...
Ele pegou em suas mãos e acariciou-as. Doía saber que Nick concordava com todas aquelas palavras e que em breve estaria no vácuo, sem ninguém que fizesse carinho em suas mãos como ele fazia. Respirou fundo antes de perguntar sua sentença.
- Quanto tempo dura a turnê?
- Como cancelamos muitos shows, deve durar em média seis meses, senão mais.
E como sobreviver sem o seu perfume, ela pensou, mas tudo o que conseguiu soltar foi um sorriso amarelo. Nick percebeu o que acontecia e sentia-se da mesma maneira.
- Pois então, aproveitemos.
Saltou da mesa e parou na frente da garota, que ficou confusa. Pegou-a no colo.
- Nicholas, é sério, me põe no chão.
- Por que docinho? A água deve estar uma delícia...
E cada vez mais se aproximava da borda da piscina.
- Você sabe: se eu for, irá junto.
- Mas e qual é o propósito?
Foi aí que Nicholas resolveu correr sobre protestos.
- Desgraçado! – ela praguejou assim que pode respirar. Começou a socar de leve seu braço, mas logo desistiu.
- Ah, cansou? – perguntou num tom irônico e logo depois piscou para a namorada. Ela somente concordou. - Eu sei, sou irresistível.
- Ih, se achou – rebateu.
- Vai dizer que eu não sou? – Nick fez pose de Gogo Boy.
- Hum... – ela fez cara de pensativa enquanto ele mudava a pose para uma expressão de “gatinho do Shrek”.
- Não faz essa cara! Já me vacinei...
- Qual cara? Essa? - E ele fez de novo.
- Assim não vale! Sabe que não resisto.
Aproximou-se lentamente e colocou seus braços em volta do pescoço dele. Nick riu declarando-se vencedor. Encarou-a na tentativa de um beijo.
- Vai ter que me pegar primeiro.
mergulhou e foi nadando até a outra ponta da piscina, que era longe, e quando Nick chegava perto de seu prêmio, os chamaram. Denise gritava que o almoço estava pronto. De mãos dadas, deixaram a piscina. Nick encarava seu corpo enquanto pensava como ela conseguia deixá-lo louco. Na cabeça dele, não era tão diferente assim...
Almoçaram, lavaram a louça, arrumaram a casa e, por fim, atiraram-se no sofá por causa do cansaço.
- O que faremos agora? – Nick escorou-se no braço do sofá.
- Você, eu não sei, mas eu vou tomar banho.
levantou-se e foi em direção a seu quarto. Ligou o chuveiro no gelado mesmo, já que fazia um calor dos infernos, e ficou desfrutando daquela água por uns lindos e demorados quarenta minutos. Por fim, escovou os dentes e desligou o chuveiro. Abriu a porta, saindo dali somente de calcinha e soutien. Encarou a porta perguntando-se se tinha a trancado. Certa disso, e de que ninguém tentaria entrar, foi até o guardarroupa procurar uma roupa.
- Andou malhando, hein?!
Foi tudo o que Nicholas disse ao vê-la seminua. Ela era simplesmente linda.
- Ah que isso Nick... – ela fez manha ainda de costas, mas quando se deu conta, tratou de gritar aos ventos. – Nicholas, saia daqui agora! Não era para você estar aqui, no meu quarto.
Ela tentava se esconder atrás da porta do guardarroupa.
- E eu sou gorda.
- Para com isso - Nick riu e levantou-se. Foi se aproximando devagarinho, como quem não quer nada. – Não é gorda – encarou seus olhos, passou a mão na cintura dela, sentido a garota se arrepiar por inteira. Terminou sussurrando em seu ouvido: - Você, para mim, é perfeita.
Ao sentir o aroma que ela exalava, não resistiu e começou a beijar seu pescoço. Aproveitando cada pedaço, foi chegando até a boca, com algumas mordidas intercaladas. Ambos ofegavam e suas peles ardentes imploravam por mais contato. Quando Nick ameaçou tirar seu soutien, a menina voltou a si.
- Nós não podemos – ela disse baixinho.
- Por favor, eu não aguento mais – Nick pediu com sofrimento na voz, mas quando viu que ela já se cobria novamente entendeu. – Vou esperar lá fora.
Nicholas saiu do quarto com um enorme peso na consciência. Encarou aquele anel com repugnância e o amaldiçoou. Porém, ele não tinha ideia do que acabara de fazer e o que despertara.
Esperou uns cinco minutos e apareceu. Decidiram, por fim, ir ao parque de diversões. A tarde acabou sendo ótima e nada transparecia entre os dois. Kevin e Joe, como dois legítimos bestas, apostaram quem aguentaria ir mais vezes na montanha russa. Ninguém ganhou, já que ambos eram tão frouxos a ponto de na segunda volta correrem até o banheiro. O restante se acabava de tanto rir.
O dia passara tão rápido que quando deram por si, era hora de voltar.
No dia seguinte, às nove horas da manhã, começaram a se despedir do lado de fora.
- Boa viagem meus anjinhos e se cuidem - Denise despediu-se deles e Paul.
- Boa viagem garotos – não largava Joe.
- Vê se não me troca, Kevin – segurava as lágrimas.
- Nunca! – Kevin tentava acalmá-la.
- Ahn, eu esqueci minha carteira – Nick inventou essa desculpa e voltou pra sala.
- Vai lá, lerda. – Joe deu um pedala na cabeça da e ela se ligou.
Quando ela colocou os pés dentro da casa, não segurou as lágrimas. Havia aguentado tanto que nem sequer acreditava em sua capacidade de tal. Suspirou e abraçou apertado Nick, que fechou os olhos. Não disseram nada, nem precisava. Ele largou-a e fez menção de atravessar a porta. clamou por seu nome e, correndo, encontraram-se e deram o último beijo.
- Eu te amo mais que tudo e não importa o que acontecer, sempre vou amar – ela prometeu enquanto ele limpava suas lágrimas.
- Não diga isso. Nós temos muito tempo para ficarmos juntos ainda – a segurança no olhar de Nick com certeza a deixava mais tranquila.
- Promete que vai me ligar?
- De 5 em 5 minutos. - ele deu aquele sorriso.
- Se cuida, por favor – era mais implorado do que pedido. Ele apertou-a em seu corpo e disse que a amava incondicionalmente.
Capítulo 21.
3 meses depois...
Capítulo 22.
- Surpresa! – Ele gritou sorrindo enquanto ainda tirava a máscara.
- Mas... você não estava... como? – Ela gaguejava sem entender o que estava acontecendo. Era tudo muito inusitado.
- Não estava, estou. Arrumei um intervalo, afinal, acha que eu deixaria a melhor namorada do mundo passar seu aniversário sozinha?
ficara encantada. Ela sequer ouvia as palavras de Nicholas, só se perguntava se ele realmente deixava de lado o trabalho para fazer companhia a ela. Era ele, uma vez, quem tinha dito que o trabalho ficava acima de tudo. Nick ao seu lado e ela, simplesmente, não acreditava. Como pôde achar que ele se esqueceria? Na verdade, quem se esqueceu, foi ela. Esqueceu-se de que Nicholas tangenciava a linha da perfeição.
- Você não existe – ela disse passando os braços pela cintura dele, trazendo-o para um caloroso e saudoso abraço.
Estava radiante, mas não sabia bem como demonstrar essa felicidade, ou até mesmo como retribuir aquilo. Então, o melhor jeito que encontrou foi de se expressar com a boca, mas não falando. Beijou milhares de vezes a bochecha de Nick até que ele não se aguentou e puxou-a para o melhor beijo de suas vidas. O problema foi que nenhum queria parar. Somente quando ambos estavam sem fôlego é que se desgrudaram. Um carro cheio de bêbados passou por eles.
- Arranjem um quarto! – Ouviu-se gritar. Ela abaixou a cabeça com vergonha, de modo a cobrir seu rosto enquanto Nick apenas ria.
Como assim apenas ria?
- Não sabe o quão difícil foi ficar esses três meses sem vê-la...
- Desculpa, Nick.
- O quê?
- Pensei que você tivesse esquecido.
- Mas agora estou aqui e eu causei isso – ele retrucou se explicando. Encarou-a nos olhos por um segundo e viu que a menina estava prestes a se banhar em lágrimas. – Não chore, por favor.
- Eu te amo – ela declarou antes de se entregar aos braços de Nick.
- Desejei a cada segundo estar do seu lado – Nick falou baixinho para que somente os dois pudessem ouvir.
- E eu, sentir seu perfume – respirou fundo a fim de inalar o aroma alucinante do namorado.
- Prometo ficar com você para sempre.
Essa frase mexeu com a garota. Ela imaginou-se casada com Nicholas, com um menino ao lado. Esse menino encarou-a e veio a imagem de Frankie. Sacudiu os pensamentos mandando-o para longe e logo se pegou sorrindo.
Era exatamente aquilo que desejava.
Ficaram ali por mais um tempo, até que as amigas chegaram. Ainda não era meia-noite, mas resolveram abandonar a festa. Então, como Nick estava cansado da viagem, foram para casa. abriu a porta e Nick pediu para que ela acendesse a luz.
- Parabéns! – Um coro feito por Joe, Kevin e Paul completou seu dia. Só eles mesmo!
Não conteve suas lágrimas, estava muito emotiva naquele dia e, quando encarou as amigas, percebeu que elas sabiam de tudo.
Restava colocar os assuntos em dia. E foi o que fizeram, até que Joe resolveu tocar no assunto ‘volta à turnê’. Anunciou que deveriam partir no dia seguinte e que contavam com mais três meses de turnê. As meninas murcharam suas caras.
- O quê? Mais três meses... – sussurrou para .
- Três meses vegetando... – esbravejou para .
- Sem vocês? – encarou os três com extrema tristeza no olhar.
- Vocês aguentam – Kevin falou, mas logo se arrependeu, pois soara muito rude.
- Nosso amor supera qualquer barreira, inclusive a distância – Nick piscou para elas, que sorriram em sincronia.
Já amanhecia e eles, novamente, tiveram que partir.
Passam-se três meses.
conversava no celular com Nicholas há mais de quinze minutos.
- Quando você chega? – perguntou ansiosa.
- Talvez no sábado, se não arrumarem mais algum show.
- Nick, não dá mais... – dizia calmamente até ser interrompida por um Nick alterado.
- Não dá mais o quê?
- Para viver sem você.
Ouviu-se um suspiro de alívio e Nick voltou a seu tom normal.
- Linda, vou ter que desligar. Sinto muito.
- É, eu também.
- Eu te amo e aguenta mais um pouco, ok?
- Vou tentar. Também te amo, meu amor.
Cinco segundos depois...
- Nick?
- Oi.
- Não ia desligar?
- É... Desligue você.
- Não, desligue você.
- Você.
¬
- Você.
Ambos caíram na gargalhada.
- No 3?
- No 3.
Então, contaram até três e desligaram. Só mais um pouco, ela pedia a si mesma na falsa tentativa de se acalmar.
Por fim, os dias passaram, mesmo que lentamente, e, domingo à noite, ela encontrava-se no quarto de Nicholas. Estava sentada na cama dele, apenas admirando os pôsteres colados na parede. Nick parecia estranho desde que chegara.
- Preciso falar sério com você – disse ele tomando coragem finalmente.
- Fale.
Virou-se para Nick que mantinha os olhos apreensivos, como se o que viesse a seguir fosse delicado demais para ser dito. Assim, ela juntou suas mãos e manteve esse contato como uma forma de passar segurança.
- Você me ama? – ele perguntou esporadicamente. Ela riu indignada, nervosa... Não sabia como reagir. Ele duvidava de seu amor?
- Por que essa pergunta agora?
- Apenas responda.
- Claro que amo, mais que a mim mesma até. Você sabe disso.
Ele levantou-se e sorriu para ela no mesmo instante que o examinou de baixo a cima. Ajoelhou-se.
- É exatamente por isso, e sem dúvida alguma, que eu faço a mesma pergunta que fiz há seis meses – Nicholas tirou uma caixa do bolso e abriu-a, exibindo o anel. O anel de pureza. – Por favor, seja minha.
- Eu sou sua.
- Isso pertence a você a partir de agora – disse sorrindo exageradamente e colocou o anel em seu dedo.
Pensou que Nick fosse esperar mais, mas ele não se aguentava. Precisava dela. Ela, dele.
Avançou, jogando-a contra o colchão e beijaram-se vorazmente. Uma vontade adormecida crescia dentro dela. Aquela sensação jamais presenciada antes pela menina. Arrancou a camiseta de Nick e passou a mão por seus braços. Ele, sentindo-se provocado, partiu para o ataque ao pescoço. Enquanto explorava ali, ia subindo a blusa dela, como uma revanche. Se ela tirava a dele, ele tirava a dela. Baixou do pescoço para o colo e ela raspou as unhas nas suas costas. Nick riu, pois se arrepiara.
Inexperientes. Era essa a palavra certa para designá-los. Havia tanta coisa a aprender e a explorar que eles não perderiam um momento sequer. Seria uma noite que marcaria a vida dos dois.
Capítulo 23.
Nicholas acordou mais alegre do que o normal. Ele a viu ali, recostada em seu peito nu, dormindo como um anjo e levemente sorrindo. Não fora um sonho. Aquilo realmente acontecera. Queria gritar, pular, dançar, fazer qualquer coisa para soltar aquela euforia que vinha dentro de si. Mas como para tudo havia uma consequência, agora não era diferente. Ele deveria contar aos pais antes que os mesmos descobrissem sozinhos.
Levantou e vestiu-se. Fez o necessário, saiu do quarto e trancou a porta. Que ninguém ousasse acordá-la! Desceu rapidamente as escadas, pois queria acabar com aquilo logo. Bufou ao ver que teria que deixar a conversa para depois, já que toda a família tomava café-da-manhã na cozinha. Desejou bom dia para todos e sentou-se.
As coisas corriam nos conformes, ninguém havia perguntado nada que pudesse entregá-lo. Abocanhou uma panqueca e em seguida já havia pegado mais duas. Deu uma tragada de suco.
- Alguém sabe onde está a ? Ligaram do Brasil mais cedo e eu fui chama-la, mas não estava em seu quarto.
Com essa inocente frase/comentário, Denise fez com que Nicholas se engasgasse numa cachoeira de suco. Começou a tossir compulsivamente. Joe tentou ajuda-lo, mas esse fez sinal para que parasse. A tosse passou.
- Nicholas... – Quando Paul começava frases com seu nome, aí vinha bomba. – Você, por algum acaso, sabe onde ela está?
Claro que sabia! Ela estava na cama dele e tiveram uma noite de amor.
- Não – ele respondeu enfiando mais uma panqueca inteira na boca.
- Onde mesmo? Acho que não ouvi direito – insistiu Paul.
Olhou para os irmãos curiosos que o encaravam e decidiu que era melhor fugir dali antes que confessasse na frente deles.
- Vou tomar banho – anunciou e assim fez.
Em passos rápidos, de elefante, caminhou em direção à escada, mas ainda em tempo de escutar seu pai gritar:
- No escritório em dez minutos.
Começou a suar frio. São nesses momentos que dá vontade de se afogar no chuveiro ou simplesmente desejar que a porta do banheiro emperrasse, pelo menos até o resto do... Ano.
Não queria acordá-la, então foi pé por pé pegar suas coisas no quarto e retornou ao banheiro onde uma água gelada o aguardava. Como a sensação era boa! Queria ficar ali pelo resto da vida, mas ainda teria que encarar a fera. Saiu do banho só de boxer e procurou o desodorante para colocar a camisa. Não achou...
- Droga – resmungou. Teria de voltar ao quarto. Espantou-se ao vê-la acordada e olhando fixamente para baixo. – Dormiu bem, meu anjo?
Não obteve respostas. Foi até o closet e pegou o desodorante. Ela continuava a encarar o chão. Vestiu-se e sentou ao lado dela, beijando-a na testa.
- Nick... – falou num tom quase inaudível. – O que a gente fez?
- Quer mesmo que eu explique?
- Não é isso, é só que... Você tem o anel e... – sua voz estava embargada.
- Calma, vai dar tudo certo. Eu juro – abraçou-a ternamente e ela sorriu de leve. – Arrume-se e vá comer alguma coisa. Preciso conversar com meus pais – ele alertou enquanto alisava aqueles sedosos cabelos.
- Você vai contar?
- Não adianta esconder, eles descobririam.
- Ai meu Deus! Como vou encará-los depois? – disse ficando corada.
- Com os olhos? – com essa frase Nick ganhou um tapa no braço. – Não resisti, desculpa.
- Vai que eu quero me vestir – ela mandou.
- , amor. Não há nada aí que eu já não tenha visto.
Com uma almofadada, ele vazou do quarto.
Respirou fundo. Era agora ou nunca.
- Papai está te esperando. O que foi que você andou aprontando, hein, Senhor Nick? – disse Kevin sem tirar a concentração do jogo que ele e Joe disputavam na sala. Nick, em resposta, mandou-o rachar uma lenha.
Bateu, finalmente, na enorme porta marrom do escritório.
- Entre – disse serenamente sua mãe.
Nicholas atirou-se no sofá.
- Acho que podemos começar, não é? – disse Paul. Nicholas assentiu. – Voltando à pergunta: onde está a ?
- Na cozinha.
- Acho que não me fiz entender. Onde estava a ?
- Dormindo – Nick disparou.
Denise somente escutava. Não pretendia intrometer-se tão cedo.
- Impossível! Ela não estava em seu quarto...
Paul provocava Nick, que estava prestes a explodir.
- E quem falou que para dormir precisa ser no seu próprio quarto?! – Nick desafiou o pai, já que encarava seus olhos.
- Ou seja... – Paul temia a resposta e isto estava expresso em seu rosto.
- Comigo.
Nicholas havia decidido que ser direto era o melhor caminho. Denise arregalou os olhos e Paul passou a mão nos cabelos.
- Só dormiram?
E agora vinha a bomba.
- Não.
Quanta enrolação. O próprio Nicholas já havia se estressado, então soltou o verbo e falou com todas as letras tudo o que haviam feito. Paul surtou e, no mesmo instante, Denise manifestou-se, pedindo ao marido que se acalmasse. Mas como não havia como desfazer o acontecido, os dois apenas relembraram a Nick o que deveria fazer a seguir. E ele já sabia.
- Preciso sair. A propósito, quem ligou do Brasil? – Nick perguntou já se encaminhando para sair.
- O pai dela avisando que vem passar uns dias conosco – Denise respondeu ainda abalada.
- Perfeito. Quando ele chega?
- Como ligou antes de embarcar, acho que no final da tarde.
- Preciso correr para que tudo dê certo. Volto à noite e jantaremos em um restaurante.
Eles assentiram. Pelo menos os gritos acabaram e tudo dera certo. Caminhou até a garagem e pegou seu carro para ir ao centro da cidade. Quanto mais rápido fosse, melhor. Queria tudo pronto para aquela noite. Que nada saísse errado.
Depois que Nicholas saiu do quarto, ficou mais um pouco deitada. Abraçou o travesseiro e sentiu aquele perfume entorpecente. A barriga começou a roncar, avisando que precisava de comida. Tomou um banho enquanto se lembrava de cada palavra dita, cada toque. Tudo tão bom e ao mesmo tempo quase que proibido. Agora, precisava unir forças para enfrentar Denise e Paul, se necessário. Porém, tinha certeza de que Nick não havia dito uma palavra sequer aos irmãos. E para sua sorte, ninguém estava na cozinha. Então, preparou uma xícara de café bem forte e sentou-se. O estômago gelou só em pensar que poderia ser expulsa daquela casa. Passos foram ouvidos.
- Bom dia, querida.
Ao ouvir a voz de Denise, ela paralisou.
- Bom dia.
- Vou ao supermercado, precisa de algo?
- Não, obrigada.
- Os meninos estão na sala, chame-os, se precisar. Até mais.
Denise acabou por sumir rapidamente e foi para a sala. Sentou no sofá ao lado de Joe e Kevin.
- Bom dia – falou, com medo, apreensiva.
- E aí? – Joe e seus cumprimentos de mano.
Kevin fez um sinal com a mão, respondendo de qualquer maneira.
Estavam tão concentrados que nem sequer olharam para a amiga. Parecia algo como hipnose.
- ... – Kevin falou seu nome e ela tremeu. E se Nick tivesse contado? – Ligaram do Brasil.
Ufa! Uma preocupação a menos para ela.
- Quem? – perguntou enquanto ajeitava as pernas de modo a ficar confortável.
- Seu pai.
- Sério?! O que ele queria?
- Chega hoje à tarde, mais para noite – Joe completou.
Sorriu. O pai fazia muita falta numa hora dessas. E contar os acontecimentos recentes por telefone não era nada legal. Não ousou em algum momento perguntar sobre o paradeiro de Nicholas, tinha certeza de que começariam a tirar com sua cara.
- Aê! Ganhei de novo! – Joe fazia uma dancinha ridiculamente engraçada em frente à televisão, enquanto Kevin o xingava e ela simplesmente ria.
- Vou ligar para as meninas. Hoje elas são minhas e nem pensem em sequestrá-las! – Anunciou antes mesmo que eles ousassem correr na sua frente.
posara na casa de , então o que fez foi ligar e chamá-las para passar o dia na casa dos Jonas. Afinal, não haveria ninguém melhor para conversar do que elas. Logo estavam sentadas no chão do quarto de , que por estupidez da mesma, ficara com a porta aberta. Pior que isso, só o fato de que ela estava de costas para a mesma. Contou os mínimos detalhes para elas.
Certo, nem todos. E mesmo assim, elas gritaram.
- Calem a boca! Vai que os meninos escutam.
bem tentou essa façanha, mas já era tarde.
- Ih, tarde demais... – apontou para trás dela. Ela virou lentamente o pescoço e deu de cara com dois curiosos.
- O que fazem aqui? – perguntou espantada e nervosa.
- Escutando?! – Kevin reproduziu uma expressão óbvia.
- Desde quando? – Agora sim, ferrou tudo, ela pensou.
- Desde: “Ontem eu estava no quarto do Nick” – Joe imitou a voz da amiga e fechou a cara.
- Já era – cochichou para .
- Pronto, agora podem jogar todas as verdades, comecem a lição de moral – ela jogou verde, olhando para baixo, meio tristonha. Como se se sentisse culpada...
- Não vamos falar nada. Isso é problema de vocês, então, que resolvam por conta própria.
E com essas palavras de Kevin, seus dedos foram cortados e foram parar na China... Força de expressão.
Ninguém falava nada, até que algum ser sugeriu um jogo para quebrar aquele momento constrangedor. Twist. Desceram e ficaram jogando até tarde. Depois buscaram o pai de no aeroporto. Ele ficou conversando com Denise e Paul, enquanto as crianças continuavam o jogo. E Nick havia tomado chá de sumiço. Denise mandou-os se arrumarem, pois jantariam em um restaurante. Segundo ela, boas-vindas ao hóspede recém-chegado. Saíram às nove horas da noite, mas Nicholas ainda não aparecera. já estava preocupada.
Não era um restaurante chique, mas era bonito. Sentaram-se ao fundo, para evitar maiores incômodos. Quando já estavam acomodados, Nicholas chegou.
- Chegou a flor do dia – disse Joe, visivelmente debochado, recebendo um olhar de Denise.
- Por onde anda, posso sabe? – perguntou discretamente.
Nicholas respondeu em seu ouvido, baixinho, apenas deixando um ar de mistério:
- Minha resposta é você.
arrepiou-se por inteira.
- Vamos pedir? – Sugeriu Paul. Chamou o garçom e fez o pedido.
Esperavam a comida e conversavam animadamente. Num ato de controle, ela segurou a mão de Nick por debaixo da mesa. Joe parecia muito desbocado naquele dia e ela tinha receio de que ele falasse algo, já que normalmente dá com a língua nos dentes. Porém, ele não faria isso, não daria vexame num restaurante. Se fosse em casa, aí mudava a bolachinha. O jantar chegou e naquela mesa pairava um clima de suspense. Comeram, beberam e conversaram mais um pouco.
De repente, Nicholas levanta.
- Atenção de todos, por favor – pediu com sorriso nos lábios.
O que ele está fazendo?, ela se perguntava constantemente. Assim que teve a atenção desejada, pronunciou-se.
- Talvez seja cedo, ou tarde demais para alguns. Pois para mim, é o momento certo, já que tenho a pessoa certa. Passa-se por tantas coisas e o destino nos prova que, sim, devemos ficar juntos. Quero levar essa história adiante, para o resto de minha vida.
Ela não acreditava no que ouvia. Segurou sua mão, fazendo com que levantasse da cadeira.
- Portanto, em nome do que sinto, de nosso amor, de tudo, eu quero pedir: - Nicholas ajoelhou-se, tremia – , aceita se casar comigo?
Na mão, ele segurava duas alianças lindas.
- Claro que aceito!
Assim que respondeu, beijaram-se ao som de aplausos. O restaurante inteiro estava voltado àquela celebração. Era tudo tão incrível. Tão desejado.
Capítulo 24.
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achava viver um sonho e, se fosse isso, que não a acordassem. Marcaram o casamento para daqui a três meses, pois, segundo Nick, quanto mais rápido, melhor. Sabia que eram novos demais para oficializar uma união, uma vez que ambos possuíam míseros vinte anos. Jovens, mas adultos o suficiente para saber o que decidir. Sendo assim, aproveitaram o resto da noite para conversar com o pai da menina e sentiram a obrigação de contar os acontecimentos anteriores, mesmo parecendo um pouco arriscado.
Passado um mês e meio, as garotas decidiram fazer um dia somente delas, ou seja, sem Joseph, Kevin e, muito menos, Nicholas. Almoçariam no Burger King. Nada melhor que fast-food acompanhado de muita fofoca.
fora dormir muito tarde, já passara das três da manhã. Acordou cedo, tomou um banho demorado, vestiu-se, comeu qualquer coisa, escovou seus dentes, borrifou perfume e pegou a bolsa. Caminhou até a casa de , onde já se encontrava, e foram às compras. Pareciam três riquinhas fúteis, mas na verdade, o que apenas queriam, era diversão. Até confessariam que enriqueceram as lojas. Lotadas de sacolas, optaram por deixá-las em casa antes do almoço, assim, poderiam continuar com suas compras. Entraram no Burger King e logo avistaram uma mesa isolada. E ainda assim não foi fácil: vários jornalistas tiravam fotos delas, algumas pessoas aproximavam-se e pediam autógrafos. Se duas namoradas chamavam atenção, imaginem a noiva.
- Oi – uma menina de mais ou menos oito anos estava parada em frente a elas. Seus olhos brilhavam. As meninas sorriram encantadas. – Posso tirar uma foto com vocês?
- Claro! – respondeu que era fissurada por crianças. – Sente-se aqui conosco.
A foto foi tirada por sua mãe, que pediu inúmeras desculpas pelo incômodo da filha.
- Ah, deixa disso. Ela é uma graça! – falou com extrema simpatia. concordou.
- Eu amo vocês – a garotinha disse e seus olhos ainda brilhavam. Para terminar, ela disse que seria muito feliz com Nick, que casaria com Joe e , com Kevin.
- Obrigada, anjinho – beijou carinhosamente suas bochechas rosadas. A pequena, de certa forma, lembrava-lhe Frankie.
Abanaram-se de longe quando ela foi embora.
- Vamos comer ou não? – , a esfomeada, perguntou.
Chamaram a garçonete, fizeram seus pedidos. , tonta por causa do cheiro de fritura, pediu apenas um refrigerante. Demorou uns vinte minutos e a comida chegou. Passado alguns segundos, não aguentava mais olhar aqueles hambúrgueres e batatas-fritas.
- Já volto – anunciou e levantou-se rapidamente. As amigas fizeram menção de segui-la, mas impediu-as alertando que não era coisa boa.
Caminhou, com passos longos e rápidos, em direção ao banheiro, desejando chegar o mais depressa possível lá. Entrou em uma cabine qualquer e, sem hesitar, despejou todo café-da-manhã na privada. Sentou-se no piso de tão fraca e quase desmaiou. Sim, estava faminta, mas nem morta comeria fast-food. Bastou pensar neles e todo o enjoo voltou. Só o que faltava era ficar doente! Por fim, conseguiu ficar em pé, uniu forças e lavou o rosto com água em abundância. Enxaguou a boca diversas vezes antes de ter certeza de que estava bem. Voltou à mesa.
As amigas espantaram-se.
- Você está totalmente pálida! Precisa comer alguma coisa. Está doente? – falava sem parar, preocupada, e aquilo poderia até agradá-la, mas irritava também.
- Vamos para casa, venha – pegou-a pela mão e chamou um táxi enquanto pagava a conta. Segundo elas, não conseguiria caminhar até em casa.
Agradeceu por somente Denise estar lá. Deitou em sua cama, cansada e esperou por um chá que Denise prometera. Não conseguiu bebê-lo.
- Meu anjo, você não está nada bem... – Denise falava apreensiva, passando as mãos pelos cabelos da menina.
- Acho que estou doente – explicou rouca.
- O que você comeu hoje? – perguntou num tom desconfiado.
- Só pela manhã engoli meia maçã. Depois passei mal no Burger King.
- O que mais? – Ela ouvia atentamente cada palavra que a menina proferia.
- As meninas disseram que eu estava pálida, no banheiro senti tonturas e quase desmaiei.
Denise, de repente, levantou-se.
- Vou fazer uma sopa, acha que consegue?
Ela assentiu que sim e Denise aconselhou-lhe a tomar um banho e colocar uma roupa mais confortável. Beijou sua testa e agradeceu pelo carinho. Denise saiu do quarto direto para a cozinha e, como recomendou, a menina tomou seu banho e colocou a roupa mais velha que tinha. Estava bem melhor, com certeza. Esperou ser chamada e quando foi, desceu calmamente as escadas, pois ainda se sentia vulnerável.
Surpreendentemente tomou dois pratos de sopa.
- Essa sua doença é meio esquisita, não acha? – indagou Denise enquanto recolhia as coisas.
- O que você quer dizer com isso? – Denise olhou-a ternamente. – Não! Isso é impossível.
Pelo menos ela achava que era.
- De qualquer maneira, sua consulta já está marcada para hoje às seis horas. Vá dormir, quando der a hora, chamo-lhe.
A garota somente concordou, e após pensar muito a respeito, conseguiu pregar os olhos. Quando deu por si, já estava dentro do consultório.
- Você não precisa de remédios – disse o médico tirando os óculos para limpar.
- Como assim? – perguntou Denise extremamente ansiosa. Então, ela sorriu.
- Seja mais claro, por favor – implorou a menina, impaciente por estar sob pressão.
- Parabéns! Você vai ser mãe.
Não puderam conter a emoção e as lágrimas vieram à tona, tanto da parte da menina, que passaria a ser mulher, quanto de Denise. Esta a abraçou.
- Parabéns, meu anjo.
Não conseguia pronunciar uma palavra, só lhe restavam pensamentos. Como contaria a Nicholas? O que ele dirá? Será que aceitaria? E seu pai... Meu Deus, que confusão! Tantas responsabilidades... Casamento, filho, mas o importante era que ela sentia-se completa e feliz, mesmo com suas dúvidas.
Quando voltaram a casa estavam todos as esperando. puxou Nick para um canto e disse que tinha algo a lhe contar. Ele, por sua vez, disse que queria dar uma volta, já que escurecia e dali a algum tempo as estrelas tomariam conta do céu. Andaram por uns minutos e sentaram-se em um banco da praça já conhecida. Mas, como ficara um pouco tarde, ela estava quase vazia.
- Então, o que você tem para falar? – Nick falou docemente e tirou uma mecha do seu cabelo para trás. – Mas sem enrolações.
Curta e grossa, ela respondeu.
- Estou grávida.
Os olhos de Nick arregalaram-se e ele paralisou. Reformulou a ideia durante um tempo e logo pulava de felicidade. Ele seria pai e mal acreditava naquilo. Disse inúmeras vezes que a amava e afagava seu rosto, beijava sua barriga. Decididos a contar para todos a notícia, voltaram. Todos ficaram felizes, apesar de controvérsias.
No dia seguinte, Denise, , e terminavam os preparativos para o casamento, que seria ao ar livre. O vestido de noiva estava pronto e magnífico.
Os dias passaram voando e o grande dia chegou. Nicholas faria uma surpresa para a amada: cantaria uma de suas músicas preferidas. Os homens arrumavam-se juntos, e o mesmo acontecia com as mulheres.
E, como um clichê cinematográfico, a noiva estava atrasada. Joe pedia a Nick para acalmar-se.
saiu apressada de casa e entrou na limusine preta. Depois de uns oito minutos, chegou. Seu pai a esperava para a entrada. Quando os enamorados se viram, não puderam evitar o sorriso. Ele, deslumbrante. Ela, perfeita.
Ambos sorriam sem cessar porque, para eles, não havia ninguém ali. Simplesmente ignoraram as pessoas presentes e curtiram cada passo, movimento e palavra como se houvesse somente os dois.
- Cuida dela – recomendou o pai antes de entregar a filha para uma nova vida.
Na festa, Nicholas subiu num palco improvisado e pediu para que parassem a música. estranhou, ainda mais pelo fato de ele estar sozinho. O DJ parou o som e Nicholas tomou posse do microfone.
- Hoje é o dia mais importante da minha vida. Casei com a mulher perfeito e em breve teremos um filho. , suba aqui, tenho uma surpresa para você.
Ele pediu, ela o fez. Nick pegou em uma de suas mãos e olhava dentro de seus olhos. Não havia sentimento mais eufórico.
- Como sei que gosta dessa música, cantarei para você. A música chama-se “Angel” e pertence a Jack Johnson.
(n.a.: solta o som!)
A melodia entoou e quem a conhecia, logo se sentiu arrepiar.
Capítulo 26.
Sem discussão, coloca para carregar: How did I fall in love with you? – Backstreet Boys ‘Mals’ a pressão, mas vale a pena!
Após alguns milésimos de segundos, totalmente transtornado, Nicholas deixou uma lágrima solitária rolar. Desligou seu celular e Joe perguntava ansioso o que havia acontecido. As câmeras foram desligadas a pedido de Kevin. E, como se caísse na realidade, Nick riu intensamente e abraçou os irmãos.
- Meu filho vai nascer! – gritava emocionado.
Saíram do estúdio e foram pegar o carro, onde o segurança e chofer, Big Rob, aguardava-os.
- Cara, direto para o hospital – Nick ordenou dando um tapinha em seu ombro.
No caminho, não conseguia esconder seu nervosismo de pai de primeira viagem. Aguardara tanto por esse momento que agora não conseguia pensar em outras coisas, mesmo com Kevin e Joe tentando distraí-lo. Sem perceber, já havia detonado as unhas.
- Mantenha a calma, vai dar tudo certo – aconselhava Joe, apreensivo.
- Sei que vai, mas não consigo. É inevitável – Nick sorriu pela milésima vez naquele dia.
- Vai ficar com câimbra nas bochechas – Kevin debochou do irmão que no mesmo instante fechou a cara.
- Ah... Não fique emburrado pa-pai – Joe juntou-se na brincadeira, mas ganhou um pedala na cabeça em resposta.
Nicholas suspirou e perguntou se alguém, por ajuda do destino, carregava uma câmera. Kevin, que sempre tinha uma consigo, entregou-a ao irmão que piscou em agradecimento.
O tempo parecia não colaborar e o trânsito, menos ainda. Finalmente, conseguiram chegar ao hospital.
- Corre na frente que nós vamos procurar estacionamento – Big Rob falou parando o carro no meio da rua.
- Eu amo vocês – Nick falou antes de sair sob buzinadas.
- Nós também. Agora vai, lerdeza – Joe respondeu ordenando.
Nicholas saiu do carro tropeçando no próprio pé, mas entrou vivo no hospital. Correu até a recepção e perguntou o número do quarto.
- – ele disse sem fôlego.
- Não tem ninguém com esse nome aqui.
- Como não, porra?! – gritou perdendo a paciência.
- Senhor, faça silêncio, por favor. Isso aqui é um hospital, não hospício.
Paciência é o caralho, ele pensou. Mulher incompetente! Como ela não estaria ali? Raciocinou um pouco e descobriu como era idiota.
- Jonas.
- Ah, sim. Quarto 192, Senhor.
- Obrigado – avistou os irmãos antes de ir. – 192 – gritou e a mulher o encarou, enfurecida. Não deu bola e seguiu adiante.
- 192? – indagou-se Joe.
- É, por quê?
- Nada... Só que é meio familiar esse número, Kevin. Você não acha?
- Paranoia sua, mano. Esquece isso e vamos.
Seguiram seu caminho.
A cada passo que Nicholas dava, parecia reconhecer aquele corredor, as paredes, até a porta. Hesitou. Ouvia as vozes ali dentro, mas algo não o deixava abrir aquela porta. Ele não sabia o que era.
- Abre essa porta, seu frouxo – Joe, delicadamente, incentivou-o.
- Não fala assim com ele. Não agora – Kevin cochichou para que o irmão cessasse suas patadas.
- Não falo mais em respeito a meu sobrinho – Joe arrumou essa desculpa para não alfinetar Nick. Ele percebeu que exagerava.
- Tio coruja é foda – Kevin ironizou.
Joe sabia, mas não quis contar que aquele era o mesmo quarto em que Frankie ficara. Ali, onde a família perdeu o caçula. Para encorajar Nick, Kevin e Joe decidiram ambos depositar suas mãos nos ombros dele. Nicholas sorriu, então, e abriu a porta. Depararam-se com a cena mais ridícula do universo: e tentavam fazer a criança rir. Obviamente, não aconteceria. No sofá estavam seus pais, ambos emocionados. Mas ninguém se sentia tão especial e abençoado quanto Nicholas e . Ele viu sua mulher tão linda e frágil ao mesmo tempo, ali, com seu filho nos braços. Não poderia ser melhor. Chegou perto e selou seus lábios dizendo que a amava logo em seguida. Ela abraçou-o forte com o braço que tinha livre.
- Ele não é lindo? – Denise comentou toda abobalhada.
- Tem alguma coisa que me lembra o... – Joe parou sua frase por medo de estragar aquele momento.
- Frankie? – perguntou . Joe concordou e ela sorriu ternamente. – Já havia reparado nisso também.
- Mas os olhos são do Nick – Kevin opinou. – E a boca é da .
- Que lindo – os olhos de brilhavam -, todo mundo feliz e babando no Bay... – foi bruscamente interrompida por um beliscão de . Só elas sabiam o nome. – Baby – corrigiu e sorriu. Como se não fosse o esperado, perguntou se alguém mais tinha fome.
- Oh, milagre! está com fome – Joe entoou sarcástico e a menina mostrou a língua.
Todos deixaram o quarto, menos Denise e Paul. Ela mostrou-se curiosa.
- Quando vão registrar o meu anjinho?
- Logo que sairmos daqui – respondeu Nick. – Acho que amanhã à tarde.
Paul suspirou e todos olharam para ele.
- Esse quarto traz tantas lembranças, mas dessa vez estamos aqui por um motivo feliz.
Foi nesse momento que Nicholas se ligou que aquele era o quarto que Frankie ficara. O silêncio instalou-se e sentiu a necessidade de se manifestar.
- Nada de tristeza porque hoje é o dia mais importante de nossas vidas.
- Isso mesmo, meu amor – Nick concordou, fazendo carinho nela.
Baylee dormia.
- Esse realmente é o filho de Nicholas Jerry Jonas: só dorme – Paul comentou e arrancou risos de todos.
Passadas três horas, Denise e Paul ainda se faziam presentes. Não por obrigação, mas por companhia.
- Vão descansar, está tarde e eu fico aqui com ela – Nick dizia aos pais pela centésima vez.
- Tem certeza meu filho? – Paul indagou para ter certeza.
- Claro, vocês já ajudaram bastante. Muito obrigada – agradeceu sorrindo sem mostrar os dentes. Ela amamentava o filho.
- Se precisaram de qualquer coisa, por favor, não hesitem e liguem – Denise recomendou apreensiva.
- Pode deixar - Nick disse ao abrir a porta e despedir-se dos pais.
- Você não comeu nada desde que cheguei. Vou comprar algo, você quer o quê? – Nick perguntou à esposa enquanto pegava dinheiro na carteira.
- Traz umas frutas.
- Fica bem, tá? – Nick pediu, aproximou-se de e beijaram-se intensamente. No meio do beijo, Baylee começou a chorar.
- Vai lá, meu amor – piscou para Nick, que desenhou um coração no ar, e voltou a amamentar seu bebê.
Não demorou muito e Nick voltou com um hambúrguer vegetariano e algumas frutas, tais como maçã, banana e morango. Comeram e, depois de muito sacrifício, dormiram.
Eles teriam de acordar mais umas três vezes, pelo menos, naquela noite.
Como dito, pela tarde foram ao cartório registrar Baylee e saíram de lá, é claro, estonteados de flashes. Nicholas quase batera em um fotógrafo, pois não queria expor seu filho a tanta luz. Chegaram em casa, colocou Baylee no berço e desceu para ajudar Nick com o jantar. Revelariam o nome do menino para a família, ou melhor, para parte dela já que não conseguira manter segredo para as amigas, mas as fez jurarem não contar a absolutamente ninguém.
Ouviram buzinas e assim constataram que todos haviam chegado. Ela foi abrir a porta e ele foi dar uma conferida no quarto do filho, checar se estava tudo certo. Ligou a babá eletrônica, caso o menino acordasse. Todos estavam sentados no lado de fora, mais precisamente no jardim, onde apreciavam uma vista espetacular, que constava uma paisagem tranquilizadora. Várias flores a árvores, desde lírios a palmeiras, e, bem no centro, uma piscina. Nicholas sentou-se e intrometeu-se na conversa.
- Meu filho, estamos todos curiosos! Quero saber o nome do meu neto – Denise pressionava Nick há dias, mas agora, finalmente, escutaria o que tanto almejava.
- Baylee.
- Ótima escolha, Nick – Joe parabenizou-o.
- Na verdade, quem escolheu foi a – Nick revelou abraçando-a de lado.
Kevin e Joe bateram palmas para a cunhada. Sentiram cheiro de queimado e Nicholas correu para salvar a janta. Por sorte, nada acontecera, por isso, a comida foi servida e todos se satisfizeram. Entre vinhos, águas, refrigerantes escutou-se a babá eletrônica, digo, Baylee berrar.
levantou-se e junto dela, e . Ela preparou o banho do filho e assim que ele estava limpinho e cheirosinho, amamentou e colocou-o para dormir, novamente.
Não havia como negar. Era indiscutível. Ele deveria se chamar Nicholas Jr.
Com três meses, Baylee exibiu seu primeiro sorriso. Os pais pareciam estar drogados. Com sete meses, nascia seu primeiro dente. Nicholas e quase tiveram um infarto achando que o filho ficara doente. Saíram em revistas como People, apareceram diversas vezes na televisão, fotos na internet, etc. Mas foi com oito meses que Baylee conquistou de vez o prêmio de encantador: disse suas primeiras palavras. O ano passou-se tão depressa, que três meses depois da festa de aniversário de Baylee, o celular de toca. E ela não esperava o que viria a seguir.
- Fala, Nick – ela atendeu com o celular no ombro.
- Você tá ocupada?
- Trocando Baylee, por quê? – respondeu e terminou de fechar a fralda. Baylee disse “pa-pa”, que para ele seria “papai”.
- Nós estamos nos estúdios da Disney e o nosso produtor quer falar com você e as meninas. Acha que consegue vir para cá?
- Claro, mas do que se trata?
Baylee engatinhava sobre uma camisa branca de Nicholas e , apavorada, não podia falar nada, uma vez que o marido ficaria numa fúria do cão.
- Nem eu sei ainda – mentira! Era óbvio que ele sabia. – Deixe o Bay na casa da minha mãe.
- Certo, beijos. Amo você.
- Também amo você, até mais.
Desligou o celular e na mesma hora ligou para as amigas. Levou Baylee, que agora quase caminhava, para a casa de Denise e dirigiu até os estúdios da Disney. Chegou lá e só faltava ela. Cumprimentou todos e o diretor chamou-os para um pequeno falatório.
- Chamei-os aqui porque, devido ao sucesso da banda, dos seriados, do sobrenome Jonas, a Disney, com enorme orgulho, decidiu convidá-los a estrelar um filme – disse o diretor sentado em sua enorme cadeira, quatro vezes maior que ele. – Aceitam?
As meninas tremiam, os meninos sorriam, mas foi decidido, por unanimidade, que aceitariam seus papéis. O diretor explicou a história do filme, depois entregou umas folhas com os scripts de cada um. Ordenou que estivessem prontos até a próxima semana, quando começariam as filmagens.
O filme foi gravado e tudo estava pronto para sua pré-estreia. Todos estavam incrivelmente ansiosos e bem arrumados. No tapete vermelho, tiraram diversas fotos, deram entrevistas. Baylee era o centro das atenções jornalísticas. Sentaram-se na primeira fila e, como combinado, logo o diretor chamou-os para anunciar o filme.
- Senhoras e senhores, boa noite – começou . – Agradeço, em nome da Disney e de todo elenco, por estarem aqui, prestigiando mais uma excelente produção.
- Foi um imenso prazer fazer esse filme – Nick tomou o microfone em suas mãos e, mesmo tremendo, continuou suas palavras: - Esperamos, de coração, que vocês gostem.
Nicholas passou o microfone a Joe que sorriu e disse:
- Declaramos, então, oficialmente aberta, a première.
- Com vocês, uma nova produção da Disney – Kevin anunciou passando o microfone a .
- How did I fall in love with you? – essa passou, por último, o objeto a , que simplesmente falou:
- Divirtam-se!
Assim, eles voltaram aos seus assentos, presenteados por uma chuva de palmas. O filme era inegavelmente lindo, cada um atuara e cumprira seu papel com perfeição. Eram exímios atores e ninguém ousaria discordar. Cheio de comédia e romance, a sessão chegou ao fim e os créditos finais apareceram. Baylee foi o primeiro a gritar e a aplaudir. Nick e beijaram seu filho na bochecha e depois se abraçaram. Denise e Paul estavam tão emocionados quanto o resto da família, mas de qualquer maneira, optaram por não participar da festa de comemoração do sucesso da pré-estreia. Levaram Baylee e foram para sua casa.
Descendo as escadas, a caminho da festa – que seria no primeiro andar daquele enorme teatro -, Nick assoviava a trilha sonora do filme. Mas parou, de repente, ao ouvir gritos do lado de fora. Mirou a esposa e esta deu de ombros. Afinal, não custava nada checar o que soava tão eufórico. Nicholas fez sinal para Kevin e Joe, que se encontravam atrás deles, para que os seguissem. Qual não foi a surpresa, tanto dos meninos, mas mais ainda das meninas, ao terem uma visão ampla do hall de entrada.
- Eu não acredito – sibilou apavorada. Ela simplesmente não conseguia piscar.
- São eles mesmo? – cochichou para .
As três se encararam e, como se fosse por telepatia, gritaram. Seus berros foram tão indiscretos que os maridos taparam suas bocas e pediram, com sutileza, que adquirissem classe. Então, elas respiraram fundo e, sendo verdadeiras damas, encaminharam-se ao salão de festas. Quando adentraram o local, todos ali presente levantaram-se e aplaudiram calorosamente, mais uma vez, os astros daquele dia. Foram informados que havia mesas especiais na dianteira do salão. Dirigiram-se até lá e, no momento em que se acomodaram, um garçom apareceu. Resolveram começar a festa brindando seu sucesso. Entre bebidas e comidas, risadas e brincadeiras, mais uma vez, o diretor do filme subiu ao palco.
- O que ele tá fazendo? E cadê a por... – falava até receber um olhar fulminante de Kevin. Ali não era local para se falar palavrões - ...caria do DJ?
- Boa noite a todos. Sem delongas, é com muito orgulho e prazer que os recebo aqui. Com uma salva de palmas, demos boas-vindas a banda que compôs a trilha sonora do filme: - os olhos das meninas brilhavam e elas nem acreditavam que eles iriam tocar ali, em carne e osso! – Backstreet Boys.
- Primeiramente, parabéns aos nossos queridos companheiros pelos seus trabalhos magníficos – Brian Littrell começou pronunciando-se. era louca por ele e já estava se derretendo toda.
- Vamos começar com estilo e paixão essa linda festa – A.J. McLean completou a fala de Brian.
Eles sentaram-se em seus respectivos bancos e encaixaram seus microfones nos pedestais. Howie Dorough sorriu para os seis e os cumprimentou. Ele era, de longe, o mais simpático. E isso era um fato que atiçava o coração das meninas. Elas sorriram abobalhadas. Os outros três da mesa continham-se para não bufar.
- Essa música vou dedicar a meu xará, Nick Jonas, e a sua esposa – lembrou-se de certos fatos e sentiu a necessidade de cavar um buraco e morar dentro dele pelo resto da vida. – Não somente a eles, não somente às seis estrelas que ali estão, mas a todos os casais apaixonados – Nickolas, então, propôs o seguinte: que cada um escolhesse seu par. A música começaria e ninguém deveria ficar sentado.
- Casais apaixonados... – Howie disse sorrindo. – Essa música vai tanto para aqueles que estão juntos quanto para aqueles, que nem sonham, mas um dia estarão. Esse é o momento para você, rapaz tímido, declarar-se a seu amor.
Os acordes iniciais começaram a tocar e, sem pestanejar, Nick estendeu a mão a que a aceitou. Kevin o imitou, Joe também e, sucessivamente, em pouco tempo, todos, ou pelo menos a maioria, dançava.
n.a 10/03/11: Capítulo final, fanfic finalizada. Até demorei para enviar a última atualização, pois a sensação do fim é menos empolgante e alegre que a do início. Espero, sinceramente, que tenha agradado a gregos e troianos (o que às vezes não é fácil), já que tentei dar o máximo de mim para uma fanfic de qualidade. Não direi que foi pouco valorizada - por causa de poucos comentários - porque estaria sendo um tanto quanto infarosa. Quem leu e deixou seu comentário, valorizou-a, sim, a seu modo. O importante não é quantidade... Não para mim. "How did I fall in love with you?" acaba aqui, mas a saga continua. Juntarei as três partes finais em uma só (3 em 1), uma vez que são todas shorts. Enfim, obrigada pela paciência e carinho. Mil beijos e abraços e até a próxima vez.
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