Caramba, nunca pensei que fosse um saco tão grande esse jantar do Sam. Encontrei com ele e os outros na frente do restaurante. Metade das pessoas eu nem conhecia. O Sam estava ocupado demais para me dar atenção, o Paul e o Quil estavam entretidos com umas gatinhas, a não havia chegado ainda e, quando chegasse, o mais provável era que não desgrudasse do Sam. Que saco. Para que eu fui arrumar um melhor amigo tão sociável?
Esperei mais alguns minutos até Paul e Quil virem finalmente me fazer alguma companhia.
- E aí, cara? Não está a fim de conhecer as gatas da festa? - Sempre muito pegadores esses dois.
- Nenhuma está me chamando a atenção até agora. – Respondi, meio sem interesse. Fazia tempo que estava sozinho e mais vale só do que com uma loira peituda e oca completamente. Vão por mim!
- Sem essa, , já está na hora de pegar alguém! Cadê o pegador de antes? - Quil zombou do meu passado. Pois é, as pessoas (leia-se algumas) crescem e evoluem. Cheguei aos 18 e tomei juízo, ao contrário de outras. Nem respondi, claro. Apenas fiz um sinal de negação com a cabeça.
- Aloha! - , minha querida amiga, namorada do Sam e sempre Zen no seu humor hippie me cumprimentou.
- Hey, girl! - Cumprimentei de volta. Rapidamente e tal como eu previa, ela foi dirematente para o Sam. Duas meninas estavam ao seu alcance e logo pude ver Paul e Quil sumirem mais uma vez. Tédio.
Entramos no restaurante e procurei pelo meu nome. “”, pude ler quase no final da mesa enorme com cerca de trinta lugares. Me sentei, meio longe das pessoas, mas aos poucos a mesa foi enchendo.
- Por que eu sempre tenho que ficar perto de homem? - Paul falava sozinho e indignado, se sentando entre mim e o Quil. Para a sua felicidade, três garotas sentaram à nossa frente. Na frente do Paul uma garota morena, na frente do Quil uma ruiva e, na minha frente, a . Sam estava do meu lado direito, na ponta da mesa. O seu nome estava escrito lá, mas ele continuava em pé, recebendo as pessoas.
Pendurei meu queixo na mão apoiado no cotovelo, olhando a atmosfera e pegando algumas conversas a meio.
- Sério? Legal! Eu também sou câncer, Ash! - Quil falou para a garota ruiva na sua frente. cutucou o meu braço.
- Perdoa ele. Só hoje, vai. - Ela estava se referindo ao Sam; e sim, eu perdoaria, mas só depois de ele me pagar todas as da noite. Foi o que eu acabei falando para ela.
Finalmente todos chegaram e a refeição começou. Terminou alegre para alguns e silenciosa para outros. Troquei algumas palavras com o Sam sobre para onde a gente iria depois e como eu voltaria para casa. O carro da estava lotado.
- Ah, sem problemas, a gente arruma solução, . - A sempre falava isso. Por que será que nunca resultava? Já estava me imaginando dormindo na porta do metrô até de manhã.
- Eu posso dar uma carona pra alguém se você precisar, Sam. - Antes que pudesse olhar para o lugar de onde veio a voz, a já estava aceitando.
- Ah, , você é um anjo! - ? Quem é ? Ah não, vou para casa com uma desconhecida... Que deve beber ainda por cima! Estou fora!
- ? - Devia ser a SEGUNDA vez que a me chamava.
- Oi?
- Aqui, o carro da está vazio e, pela sua cara, deve estar pensando que ela é uma bêbada que dirige. - Como ela sabia? Não precisava falar alto! Você me paga, !
- Ah, não, eu não bebo. - A voz da garota mais uma vez saiu da minha esquerda. Era a morena na frente do Paul.
- Sério? - Perguntei admirado. Caramba, coisa rara alguém não beber. Vai ver fuma maconha. Eu realmente sou desconfiado, me desculpem.
- Depois a gente vê. - Terminei falando e cortando a conversa.
Eu não sou mal educado nem antipático, só não estou nos meus dias e o Sam sabe que eu detesto ser colocado de lado. Eu sei que não é intencional, mas não gosto.
No fim do jantar terminamos indo para uma boate qualquer. Sentei minha bunda em um banco e não saí mais de lá. Fiquei observando o Quil quase engolindo a ruivinha, Ash, o nome dela; e Paul me arrancou uma gargalhada ao tomar um fora da morena, a . Ela não bebeu a noite inteira e também tenho certeza de que não fumou, porque ela estava bem do meu lado e o seu perfume era semelhante a morangos, e não a nicotina.
- Coitado do seu amigo. - Ela falou, penosa, sentando-se no banco ao lado do meu.
- Bem feito para ele, isso sim. - Eu ri e ela me lançou um olhar reprovador.
Uma música bem legal começou a tocar. “Sugar Rush” do Cash Cash. veio e puxou pelo braço, falando algumas coisas e rindo. As duas estavam dançando sozinhas, meio que na minha frente, a alguns metros. Eu conhecia há alguns anos antes de ela namorar o Sam. Ela é um ano mais velha que eu. Sempre gostei dela por ser assim, divertida; não é chata como a maioria das garotas, nem fútil. Não conhecia as amigas dela, aquele dia era realmente a primeira vez em que conhecia algumas, mas nenhuma parecia ser do jeito dela. A tal Ash era a total princesa das purpurinas, super pink com estrelinhas. Eca. E a parecia ser bem alternativa, um estilo mais pessoal, não sei descrever. Desde que terminei com a Liz, nunca mais consegui gostar de alguém. Foi bem feito pra mim. Sempre traindo as garotas, brincando com elas. Pois bem, estou pagando por isso. Deve ser maldição. Bebi mais um gole da minha vodka e fui me despedir dos conhecidos e amigos. Iria a pé para casa - demoraria uma hora, mas quem se importa? Eu estava sóbrio, juro.
- Eu estava pensando em sair de mansinho, mas você acabaria com a minha raça se eu fizesse isso, Rita, por isso divirta-se e não exagere na bebida, sua inconsequente! - Brinquei com ela, que já estava um pouco alterada. Saí então depois de um aceno rápido. Estava um pouco frio do lado de fora. Andei uns dez minutos sentido meus ossos gelarem com o vento cortante. As árvores quase levantavam vôo. Um carro verde alface parou um pouco mais a frente de mim e o vidro se abriu.
- Você realmente não confia em mim. - falou. Refleti sobre o que responder por um tempo.
- É que estava cedo, não queria estragar a noite de ninguém. - Era verdade, mas também estava mal humorado e não queria ser idiota com ninguém. Fiquei parado na frente da porta dela. Rápida, abriu a mesma, saiu do carro e foi me empurrando para o lado do carona.
- Pronto, madame, pode entrar. - Ela falou rindo. Caramba, melhor eu não reagir. Ela é bem alta, e se me dá uma surra? Brincadeira, eu sou maior. Olhei para ela com alguma desconfiança. - , né? Bom, eu tenho 19 anos, não bebo, não fumo e não vou te raptar, porque eu realmente não estou procurando uma companhia masculina. - Ela sempre tinha resposta para tudo. Cedi, não queria parecer um garotinho da mamãe perante uma garota mais velha. Entrei no carro - que também tinha o perfume dela -, estava passando na rádio The Kooks - “Se Moves In Her On Way”. Ela deu a volta e entrou no carro, dando partida.
- Onde? - Perguntou.
- No centro, perto da biblioteca, sabe? - Apenas acenou rápido prestando atenção na estrada. O silêncio consumiu o carro, mas não um constrangedor. Reparei nas unhas vermelhas dela dando voltas no volante. Alguns minutos depois, acordei do meu transe com o freio do carro.
- É qual casa? - Apontei para uma amarela, a cor que a minha mãe escolheu, e ela avançou mais um pouco até à porta.
- Está entregue. - Monossilábica. Pelo menos não tão muda quanto eu.
- Valeu, não precisava. Até! - Ela acenou com a cabeça de novo, eu saí e entrei rápido em casa. Não queria olhar para trás. Dar trabalho era tudo o que eu não queria hoje. O melhor seria dormir, quem sabe meu humor melhoraria.
- ? Cara, acorda! - Pela terceira vez o Paul me cutucou, pela terceira vez eu cochilei na aula. Subitamente me enchi de uma boa disposição, contrária ao meu humor da semana passada. Eu não era uma pessoa volúvel, nem tenho fases femininas de tpm, longe de mim! O sinal bateu, recolhi minhas coisas e saí rápido com Paul no meu pé. Encontramos Sam e Quil na entrada do colégio.
- FIM DE AULAS! - Uma risada demoníaca saiu da boca de Sam.
- A gente podia matar aula e fazer alguma coisa! - Sugeri animado. O Quil (super) nerd torceu o nariz, mas eu sabia que ele sempre terminava cedendo.
- só sai da faculdade daqui a uma hora, a gente podia ir para o apê dela e fazer alguma coisa. - Eu acho engraçado o Sam se fazendo de convidado e nos fazendo de convidados para casa da minha querida e fofinha . Sorte a dele que ela nem liga. Falando nisso, uma mensagem no meu celular chegou; era dela. “Bom dia, flor do dia, o que vai aprontar hoje?”. O mais provável seria aprontar uma tarde de cinema na casa dela, mas isso o Sam diria pelo celular “Ainda preciso responder?” perguntei ironicamente e a resposta saiu pelo celular do Sam.
- ”Fala para o que ele é um retardado e que eu passei essa mensagem duas horas atrás”. - Sempre querida!
- Obrigado. - Pisquei.
Quando chegamos ao segundo andar, a porta já estava aberta e pudemos escutar risadas do lado de dentro do apartamento.
- Os meus queridos gordinhos chegaram! - se levantou do sofá, cumprimentando a todos e por último a mim, com um cascudo e um beijo.
- Também te amo, sua chata. - Respondi rindo.
- Gostei de semana passada, quando você estava de tpm! - Todos riram da minha cara, que legal! A ruiva da sexta feira passada estava num puff e rapidamente iniciou uma conversa alegre com o Quil. Mais uns minutos e estariam se engolindo de novo, certeza.
- , vem cá! - me chamou da cozinha. E dois segundos entrei lá.
- What's up? - Ela fechou um armário de onde tinha tirado alguns biscoitos e se virou pra mim.
- Amor, eu preciso te falar uma coisa, mas por favor não vai ficar de tpm de novo, tá? - Pela cara dela eu tinha certeza, era sobre a Liz. Elas eram amigas, ultimamente tinham evitado que a gente se cruzasse, mas era dificil. A Liz era uma garota legal, mas a gente brigava muito por ciúmes - também não era para menos, eu traía ela. Fazia um ano que a gente havia terminado, alguns meses que não a via, mas era meio estranho ainda.
- Manda ver. - Respirei fundo, absorvendo as palavras de em câmera lenta.
- A Liz está vindo aqui hoje... Com o Drew. - Pois é. Um promenor, a Liz tinha um novo namorado e o rídiculo aqui, sozinho. com certeza leu meus pensamentos.
- Você não tem de se sentir humilhado por estar sozinho, seu idiota! Aliás, só fica bem depois do que você fez. - Ela me repreendeu, com razão. De qualquer jeito, não me agradava ficar por baixo.
- 'Tá. - Respondi apenas, voltando à sala e me jogando em um sofá individual. Fui me perdendo em pensamentos. Como seria ver Liz? Como deveria cumprimentá-la? Será que ela ainda estava de relações cortadas comigo? Mil e uma perguntas circulavam pelo meu sistema nervoso e minhas mãos suavam. Algumas conversas paralelas ao meu lado, algumas risadas. Sam e Paul jogavam videogame e eu estava absorto em pensamentos. voltou à sala e se sentou ao meu lado com um pote enorme de biscoitos.
- Você tá legal, ? - Ela ficou preocupada, me conhecia muito bem e sabia que eu só pensava merda, claro.
- Está sim, você sabe... - Pelo menos eu teria o Paul para me fazer companhia. Sim, porque o Quil já estava ocupado demais provando as purpurinas da Ash de novo. A campainha tocou e eu estremeci ao som do seu toque. Antes de abrir, a minha melhor amiga me olhou, me passando algum conforto e segurança. Alguns risos, alguns passos e Liz estava entrando na sala de mão dada com Drew. Ela não mudou, continuava linda, com seus cabelos loiros cacheados. Ela sabia que eu iria estar ali.
- Tudo bem, ? - Espontânea, realmente ela tinha me ultrapassado.
- Legal e com você?
- Também.
- Senta, Drew; senta, Liz! - falou alegre. Alguém estava descendo as escadas que davam acesso aos quartos, não olhei para trás para ver quem seria. Em poucos segundos a sala estava cheia. Quil e Ash no puff, Sam e no sofá de solteiro, Liz e Drew no sofá grande com Paul do lado e eu terminei sentando no chão.
- Vamos, fiquem quietos, chega de bagunça! Vou colocar o filme. - Esqueci de falar, quem desceu as escadas foi a garota do outro dia, a . Ela colocou o filme; nem sei qual, não prestei atenção.
- Posso? - Acenei que sim, dando um pouco mais de espaço do meu lado para ela sentar. Cruzou as pernas com o pote de biscoitos em cima das mesmas. Ela vestia um short branco e uma blusa simples vermelha. Roupa de casa mesmo. As suas pantufas me chamaram a atenção por serem do sponge bob. Ri sozinho, mas ela percebeu o motivo.
- Gostou? - Acenei que sim em silêncio, ainda sorrindo. Peguei um biscoito e mordisquei, olhando a tela da tv, não prestando atenção.
- Que pedaço de mau caminho.
O bicho com certeza ia pegar. No escuro da sala consegui enxergar um Sam roxo de raiva.
- Desculpa, amor. - pediu com as bochechas vermelhas pelo comentário.
- Pois é, isso só a pode falar! - Liz comentou.
- Por que eu? - perguntou admirada com a boca cheia de biscoito. Hilário.
- Porque é a única solteira, oras!
- Eu também sou! - Ash se soltou da boca de Quil e falou.
- Por pouco tempo! - Ele falou, defendendo seu patrimônio. pareceu rendida à observação de Liz. Pude ver o pote vazio. Ela se levantou e foi até a cozinha, tomando alguns pedalas por ter passado na frente da tv.
- Gente, eu preciso ir, estão me esperando! - Paul falou após olhar o visor do seu celular. Perfeito, eu ia sobrar agora. Tem pior? Sobrar na frente da sua ex, a qual você chifrou? Não. Me levantei automaticamente para ir embora também.
- Onde você vai, ? - , caramba!
- Ué, eu vou estudar um pouco, já está tarde. - voltou da cozinha com um copo na mão.
- Ah, não, eu vou sobrar. - Falou triste. Olhei dela para , para os casais. Pobre ... Mas eu não estava me sentindo confortável ali.
- Você podia olhar o óleo do meu bebê lá na garagem, . A te leva lá embaixo. Vai, por favor? - Eu te amo, , eu te odeio, . Primeira parte perfeita, sair dali; segunda parte, companhia: eu sei muito bem onde fica a garagem.
- Ok. - Dei de ombros.
- Vou pegar um moletom, espera aí. - subiu as escadas rapidamente, da mesma forma que as desceu.
- Tem óleo aqui? - Perguntei para . O nível do óleo estava realmente em baixa.
- Eu acho que tem, espera aí... - Ela pegou um banquinho e subiu olhando alguns armários. Ela era alta, mas não o suficiente. Me perdi alguns segundos nas suas pernas e só acordei quando ela soltou um pequeno gritinho, se desequilibrando e caindo de bunda. Corri nela; que queda feia.
- Caraca, você está bem, ? - Ela estava de olhos fechados, respirou fundo após alguns segundos.
- Obrigado, papai e mamãe, por eu ter uma bunda enorme. - E começou a rir. Ela estava rindo? Não estava doendo?
- Não está doe... - Não pude terminar, seu riso me contagiou. Eu ri também ajudando-a a se levantar.
- Está doendo pra cacete sim, mas eu sobrevivo. - Ela falou ainda rindo. O copo que ela tinha na mão se entornou durante a queda e o short dela estava manchado de cola e de óleo.
- Eca. - Ela falou se olhando.
- Você precisa de um banho. – Falei, tirando onda. Ela me fuzilou com o olhar, virei costas e dei de ombros, voltando ao carro.
- ? - Ela me chamou com uma voz um tanto esquisita e, quando me virei, tomei um banho. Ela pegou a mangueira de emergência e abriu a água com tudo. Minha t-shirt branca passou a ser transparente e meu jeans escuro.
- Você me paga, garota! - Corri na direção dela e peguei a mangueira, tentando tirá-la de sua mão. No meio da luta reparei que o short branco dela ficou tão trasparente quanto a minha t-shirt, deixando aparecer uma calcinha branca com corações vermelhos. Fiquei me enchendo de pensamentos impuros; me concentrei na mangueira e a arranquei, jogando alguns jatos nela antes de desligar a água. Ela gargalhou alto e me olhou enquanto tirava a t-shirt ensopada.
- Perdeu alguma coisa? - Ela estava me secando, eu reparei.
- Perdi, meu calor humano, estou GELANDO. - Os seus lábios estavam roxos e os cabelos escuros pingando. Ela subiu para se trocar e eu terminei indo para casa me trocar também. Confesso que esqueci da Liz, felizmente.
Era a segunda garrafa de vodka que eu e o Sam entornávamos. Quando eu chegasse em casa com aquele fedor de álcool, minha mãe com certeza ia me encher o saco. Pois é, não sou mais menor de idade, mas ainda dependo financeiramente dos meus pais. Talvez quando eu terminar o colegial isso mude. Retornando ao assunto, dois caras e vodka, adivinhe... Mulheres, claro.
- Dois dias, . Ela não fala comigo tem dois dias! - Reparei que ele soluçou. Tamanha era a bebedeira. Os pais de Sam eram bastante liberais, a gente estava no quarto dele enchendo a cara. Ele e brigaram e eu, bom, estou enchendo a cara pelo mico que paguei na frente da Liz. E não me chame idiota. Foi mico sim!
- Relaxa, a é orgulhosa é assim mesmo. Você rasteja um pouco, ela cede. - Se ela me escutasse falar isso, nunca mais olhava na minha cara.
- Não, é pra valer! Ela falou que está em outra, dude! - Sam estava chorando? Eu estava rindo?
- Não ri da desgraça dos outros, seu desgraçado! - O pedala que ele me deu foi bem fraco. O senti como uma simples carícia, ou seria do álcool?
- A Liz está muito hot. - Falei abrindo meus olhos para o nada.
- A Liz é uma criança mimada. - Ele nunca gostou dela, fato.
- Não é verdade. – Retruquei, um pouco mais sério.
- Vejamos bem: você odeia futilidades e a Liz é bastante fútil e infantil. Você sabe da facilidade com que os pais dela cedem o cartão e como ela arrebenta com ele. - A gente discutia muitas vezes por causa disso. Eu sempre falava para ela que poderia precisar do dinheiro para outras coisas como a faculdade, mas em seus 16 anos, ela só pensava em ser mais velha, linda e gostosa como as garotas do terceiro ano. Eu sei que fiz besteira, mas nisso eu reconheço meu mérito. Não sou rico, não tenho tudo, me preocupo com o meu futuro.
- Eu acho melhor eu ir embora. - A conversa não estava me agradando.
- Você é muito idiota, .
- Olha quem fala. Sam chorando, que lindo. - Tirei onda com a cara dele, afinal, me chamou de idiota!
- Você tem a Ash e a . Experientes, simpáticas e fica enchendo a cara por uma garotinha.
- Sem essa, Sam, você que gosta de velha! - Hoje eu estou sendo muito mau com a , tomara que o Sam não se lembre e conte para ela sobre essa conversa quando eles fizerem as pazes.
- 'Tá, vai embora seu chato, não esquece que sábado tem praia! - Aquele dia definitivamente o Sam parecia uma garota falando. Pobre coitado, acho que era uma boa ligar para , para que ela não pegasse muito pesado com ele.
Não lembro de ter chegado em casa, mas acordei em minha cama.
A luz do meu celular acendeu, peguei a minha toalha e a bola de vôlei e saí de casa. O carro verde e inconfundivel já me esperava. Abri a porta traseira, Quil, Paul e Ash já enchiam o banco. Retornei para a frente.
- Bom dia, pessoas. Outch! - Bati a cabeça entrando no carro. Preciso falar que todos riram?
- Olha o corno ! - Eu juro que arrebento o Paul.
- Desculpe-me, meu caro amigo nanico, se meus hormônios me permitiram ser maior que você. Nos dois sentidos. - Estou me achando, ôh ôh.
- Muito engraçado. - deu partida no carro com o rosto um pouco vermelho, talvez do sol que entrava pela sua janela ou talvez pela conversa.
Trânsito.
- Que saco. - Ela falou do meu lado esquerdo, dando um soquinho no volante. Estava completamente parado e já faltava pouco. Aparentemente um acidente de carro mais à frente.
- Aí, gente, vamos a pé? Vinte minutos e a gente chega. A e a Liz já estão lá! - Eu escutei bem? Liz?
- Gente, vão vocês. Eu fico aqui na fila. - falou, abrindo a porta do carro para circular algum ar. Algumas gostas de suor escorriam pelo meu rosto. Eu não estava a fim de ver a Liz. Os três saíram do carro, mas permaneci dentro dele.
- Eu...
- Sem problemas, , entendi. - Santo Paul. Saí do carro para tomar um ar. Muitas pessoas estavam sentadas na beira da estrada e outras no chão. O metal dos carros estava realmente quente e arrancaria a pele da bunda de qualquer um. Tirei a minha t-shirt ficando só com o short de praia. Sentia meu corpo diluindo em água. Me senti observado.
- Perdeu alguma coisa? - Ela socou o volante mais uma vez.
- Essa frase está se tornando repetitiva, . - Será que eu não iria envergonhá-la nunca? Eu costumava fazer isso com o sexo feminino. Perdi meus poderes, estou vendo.
- Desculpa te desiludir, mas na verdade me importa muito mais quem você é do que o seu físico. - Aquela frase me surpreendeu. Eu esperava algo como “Caraca, você é muito gostoso!”. Surpreendente, muito surpreendente. Avistei alguns carros andando e entrei no carro, contrariado e bufando.
- Quer ir para outro lugar? - A olhei, confuso.
- Como...? Estão nos esperando. - Olhei em frente mais uma vez, encarando algumas buzinadas.
- Pela sua cara de bunda e pelo fato de Liz estar presente, calculei. - falou de Liz, caramba, que bando de fofoqueiras.
- Não me importa a Liz. - Menti. me olhou, séria.
- Sabe, eu gosto de brincar e rir bastante, mas eu sei perfeitamente que você tem problemas como todo o mundo e tenta esconde-los como todo mundo faz também. Mas não minta pra mim, eu sei mais do que você pensa. - Quem ela pensava que era falando daquele jeito? Que moral, hein. Eu ia retrucar, mas a resposta dela calou minha boca. - Não vá me falar de moral ou me chamar de intrometida. Eu posso não ter nada a ver com sua vida, mas sei realmente o que é ter problemas e o que eu te aconselho é olhar para as coisas que realmente são importantes. Você é maduro o suficiente para aceitar o que eu estou falando. - Isso estava me irritanto muito. Agora estava me chamando de criança indiretamente. Se eu batesse em mulher ela já tinha virado picadinho.
- Você não sabe nada sobre problemas. - Eu sei que a minha resposta não foi tão inteligente quanto a dela, acho que não estive à altura.
- É, não sei mesmo. - Ela sorriu forçado e deu partida no carro.
Ignorei e evitei conversar com ela pelo resto do dia, assim também com Liz. percebeu meu gesto. Entendeu com Liz, mas não com .
Aproveitou que eu estava sozinho na beirada e começou.
- Chuta.
- Quê?
- Essa não cola, , o que há?
- Você sabe...
- Não estou falando da Liz, estou falando da . Você não está nem olhando na cara dela. Tudo bem que você não esta procurando namorada, mas ela tem sido bem legal com você. - Ah não, a também com lição de moral. Foda-se o mundo.
- Essa garota é muito metida a adulta e vem com lição de moral pra mim. A culpa é sua que falou da Liz pra ela! - Consegui perceber o rosto da Rita tomando uma tonalidade vermelha de raiva.
- Eu não falei nada, .
- Claro, foi o papai noel.
- Se ela te deu lição de moral, ela tem razão. Você deveria dar ouvidos a ela, pois é uma pessoa muito matura. É uma mulher, não uma garotinha como aquelas com as quais você sai.
- Foda-se as lições de moral! Ela não passa de uma adolescente também. Qual é?
- Você não a conhece para falar assim dela.
- E ela me conhece para me dar lição de moral? - Estava me alterando e de longe os nossos amigos perceberam, principalmente .
- Se ela percebeu da Liz sem ninguém falar, é porque sim, ela te conhece melhor do que você pensa. - Ela levantou, me deixando sozinho. Me virei para o mar e ignorei os comentários.
Uma semana se passou desde a discussão com a . Não falei mais com . Estava jogado em um sofá da casa da jogando videogame com Sam. Ela entrou na sala, falando no celular com um ar preocupado; Sam deu pause no jogo e bufei em desaprovação.
- O que foi, amor? – Sim, eles haviam feito as pazes, como sempre.
- É a , o carro morreu e ela está embaixo dessa chuva a pé, vindo aqui para casa. - Estava caindo um temporal tinha uns três dias, em algumas ruas a água batia nos calcanhares. Mas espera aí, eram duas da madrugada, o que estava ela fazendo na rua e vindo para casa da minha melhor amiga?
- , a gente já volta, vamos ajudar a coitada, levar uma sombrinha.
- Ela vai dormir aqui? - A curiosidade falou mais alto. Eu sabia que a ainda estava ressentida com a nossa conversa.
- A mora aqui, você que ainda não percebeu, seu lesado. - Levantei minha sobrancelha. Engoli o restante da minha curiosidade e aguardei-os voltarem. Uma meia hora depois a porta se abriu e os três entraram, pingando. olhou pra mim e falou um "boa noite" baixo. Seu vestido vermelho estava completamente colado no corpo e os cabelos pingando. Respondi com um meio sorriso, tímido pelas grosserias que eu havia falado com ela. Alguns minutos depois estavam todos na sala, secos. Eu dormiria no sofá, estava chovendo muito pra voltar pra casa.
- Vamos, Sam? - puxou Sam escada acima.
- Boa noite, gente. - Os dois falaram. O silêncio se instalou na sala. (boca) grande, você é um idiota.
- Posso perguntar o que estava fazendo na rua essas horas? - Admirada, ela desviou a atenção da TV e do Dr.House, pensou alguns segundos e falou calmamente.
- Trabalhando. - Permaneci deitado no sofá a observando no puff, olhando a TV de novo.
- Quem é você, ? - Soou meio estranho, mas ela entendeu minha pergunta. Sem desviar os olhos da TV, foi falando de si, e me arrependi de tudo o que eu falei antes.
- Já te falei uma vez. , dezenove anos, não bebo e não fumo.
- Me conta mais.
- Como você pode ver, trabalho até tarde para poder manter minha faculdade, meu carro e para poder ajudar a com a casa também. Meus pais são divorciados e não se suportam. Eu, muito menos, suporto viver com o meu pai, que nunca deu a mínima pra mim, e sou incapaz de pedir um centavo à coitada da minha mãe que já é reformada por uma doença. - Eu fui muito idiota. A tinha razão, eu não conhecia . Ela me parecia ser uma garota de vida facilitada, pais ricos que bancam a sua independência. Eu a julguei mal e estava me sentindo um lixo. Ela soltou um sorriso sincero e me olhou. - Mas sou feliz. - Caramba. Foi muita informação para eu digerir. Sentei no sofá e pousei a cabeça em minhas mãos. Encarei a tv e tomei coragem. Deixa de ser covarde, .
- Me desculpa. - Ela acenou que não e isso me assustou por momentos.
- Pelo quê?
- Eu te julguei sem saber. Eu fui infantil. - Estava ficando mais fácil falar. Ela me deixava bastante a vontade.
- Não diria infantil, mas precipitado. Sem ressentimentos, . - Foi esquisito escutar o diminutivo que só a me chamava vindo da voz dela.
- Bom saber. - Sorri inconscientemente. Eu estava feliz, me sentia leve. Não era capaz de a encarar. Senti meu rosto aquecer por ela ter percebido o meu estado de espírito. O silêncio fez o seu rosto e o seu corpo cansados tombarem no puff.
- ? - Ela não se mexeu.
- ...
- Hm? – Respondeu, sonolenta.
- Seu pescoço vai doer se você dormir no puff. - Falei baixo, delicadamente.
- Está bom aqui. - Teimosa. Passei um braço por baixo do seu pescoço e o outro envolvendo suas pernas descobertas. Ela encostou o rosto no meu peitoral e pude sentir sua respiração.
- Não precisava. - Ela falou baixinho, se aninhando em meu colo. Me dirigi ao antigo quarto de hóspedes, que calculei ser o seu, e a deitei na cama. Ela se cobriu, voltando ao sono profundo e cansado de um dia cheio. Voltei à sala, onde adormeci facilmente e satisfeito também.
Eu estava descontrolado. Pude sentir a minha cabeça girar e escutar o meu riso sem motivo. Sam estava de boxer, enchendo seus mamilos de algo parecido com chantily e desafiando a lamber aquilo. Acho que ri daquilo. Em uma situação normal, eu acharia nojento. A sala do Paul me parecia grande demais para arriscar ir até o banheiro. Permaneci sentado no chão, observando agora o Paul e a Nicole se amassarem. Essa era a nova amiga do Paul. Uma loira peituda de 17 anos. A Ash ligou o rádio no último volume e estava passando “Sexy Bitch”, do Akon. Ofuscado, consegui ver algumas roupas voarem, roupas femininas. Senti um vento passando ao meu lado e subindo no sofá.
- Desce daí, ! - A voz do Paul pediu, entre risos. Mais roupa voando, era quem havia se juntado a ela. As duas estavam de short e sutiã, dançando que nem loucas e deixando ainda mais loucos os que as rodeavam. Serei eu falando ou será o álcool? Não acreditei quando vi meia garrafa de vodka nas mãos da . Era muito para quem não bebia.
- Damn, girl! It's a sexy bitch! RAWR - Cantavam as duas de forma sexy. Cambaleando, Sam pegou a e a jogou em suas costas.
- Até amanhã, guris. - E a carregou escadas acima. Ash e o Quil desmaiaram no tapete ao meu lado. O Paul e a Nicole retomaram a pegação e eu fiquei olhando a , rindo que nem um retardado. Meu subconsciente queria parar de olhar, mas eu não parava de rir. De súbito, ela pulou do sofá e correu pra cozinha. Fui atrás? Fui. Ela saiu pelas portas do fundo e se deitou no gramado. Não me lembro de mais nada a não ser ter acordado, no dia seguinte, ao lado dela no gramado também.
- Bom dia. – Falei, esfregando os olhos, percebendo que ela já estava acordada há algum tempo. Os seus braços estavam cobrindo o que o sutiã não cobria. Me espreguiçei, tirei minha t-shirt e lhe dei.
- Obrigado. - Disse. Ela inspirou após a vestir e sorriu. - Tommy, Hilfiguer. - Acenei que sim. Já tinha me acostumado com ela me secando. Eu era um garoto bastante desenvolvido fisicamente para 18 anos. Eu sabia disso - mas também, o ginásio era meu melhor amigo.
deitou-se de novo no gramado e fechou os olhos. Estava quente o dia, e o sol batendo em nós relaxava. Agradeci mentalmente por não estar com dor de cabeça. Senti um braço quente passar por cima da minha barriga, me puxando para mais perto inutilmente. O meu peso e força eram superiores aos dela, mas atendi ao seu recado e me deitei de novo do seu lado, curtos segundos. Os regadores da grama eram automáticos e ligaram.
- Ah! - Ela soltou um gritinho, rindo. Não nos mexemos. - Estou me sentindo uma esponja. - Ela confessou espremendo o cabelo.
- Olha só, estão tomando banho de piscina e nem convidam! - O Quil apareceu nas escadas. Nos afastamos automaticamente e estupidamente.
- Eu preciso ir para casa. – Falei, desviando o assunto e me levantando.
- Quer carona? - Ela perguntou.
- Não, eu vou a pé, obrigado. - Senti uma súbita necessidade de ficar sozinho. Uma reação muito emo, eu sei, mas... Apenas precisava. Desliguei meu celular, entrei em casa e caí embaixo do chuveiro por uma hora.
Duas da madrugada, tem aula amanha e eu não durmo, merda! Eu mereço. Quando eu estou quase dormindo, sabe aquele cochilo? Pois é, a Liz vem na minha mente de calcinha e sutiã. Isso que dá estar sem sexo tanto tempo.
“Eu sentei na traseira do carro e ela me seguiu. Tinhamos terminado de sair de uma boate e ela me daria uma carona. Paramos no caminho perto da praia, aí vim para trás para ficar mais a vontade.
- Hey. - Ela me chamou, sorrindo. O seu corpo atravessou o meu. sentou em meu colo com uma perna de cada lado do meu corpo e mordiscou meu pescoço. Estremeci. A minha calça ficou muito apertada e eu não aguentei mais. Agarrei-a e rasguei a sua blusa. Ela riu em aprovação, me beijando. Um sutiã rendado branco apareceu na minha frente e eu enlouqueci, beijando o que tinha dentro dele. A mão dela estava indo em direção à minha calça...”
RIIIIIING!
- PUTA MERDA! – Acordei, quebrando o despertador no chão e batendo a cabeça no criado.
- Por que eu acordei, papai do céu? - Não sou nenhum tarado. Mas estava realmente bom, o meu melhor sonho, sem dúvida. Melhor até do que aquele em que a Liz estava usando suas mãos... Chega.
- Preciso de uma namorada. - Ri de mim mesmo e de meu desespero. Me vesti rápido e saí para o colégio.
Percorri a entrada rapidamente, até encontrar meus amigos reunidos como em todas as manhãs.
- E aí? – Falei, cumprimentando todos. A conversa não passava da típica conversa de pessoas sonolentas e sem vontade de ter aulas. Pensei em falar do meu sonho ao Sam, mas tinha certeza de que ele me zoaria, e provavelmente contaria para , que contaria para . No way.
Copiei metade da lousa para o meu caderno e o restante eu fiz de conta que não vi. Olhei pela janela, esperando o tempo passar. Fui juntando uma coleção de desenhos sem forma na capa do mesmo caderno até o sinal tocar finalmente, indicando a última aula. Hoje meu dia seria calmo, em casa, assistindo alguma coisa na tv ou simplesmente vagueando pela internet.
Perto da saída avistei três rostos; um deles fez com que meus olhos saíssem das órbitas.
- Mãe? - O que ela estava fazendo na porta do colégio? Que mico!
- Oi, ! - Os outros dois rostos eram a e a .
- Não vai cumprimentar as suas amigas, seu mal educado? - A minha mãe era um doce de pessoa, sério.
- Oi, meninas. - Falei e me virei de novo pra ela, esperando uma justificativa.
- Ora essa, você esquece as chaves de casa e ainda faz essa cara de choque se eu venho trazê-las aqui? - Bati na minha própria testa. Por que eu sempre saio às pressas? e a riram discretamente.
- Obrigado, mãe! - Dei um beijo estalado em seu rosto, sabendo que só voltaria a vê-la no final do dia. Ela se despediu das meninas e foi para o trabalho.
- Veio pegar o Sam? - Perguntei para . Era comum ela ir encontrá-lo ali. Já ...
- Vim sim, e a veio me fazer companhia! - Sempre alegre essa minha amiga.
- Mentira, eu vim te ver. - Como? A veio me ver? Sem essa, não tirem onda com a minha cara, meninas.
- Muito engraçada. Bom, eu já vou indo! - Saí andando, fugindo do assunto antes que alguma delas falasse alguma coisa. Escutei a risada das duas e também sorri. Seria verdade?
Mais uma santa sexta-feira chegou, meu santo descanso.
- Mãe, vou sair!
- Juízo!
- me dá uma carona, não se preocupe. - Me aproximei dela e depositei um beijo em seu rosto.
- Assim fico mais descansada. - A minha mãe conheceu a na porta do colégio aquele dia. A apresentou as duas e, ao que parece, a minha mãe gostou dela.
Saí de casa em direção à casa das meninas, pois a boate nos aguardava. Não precisei subir, todos me aguardavam na porta do prédio.
Quando entramos na boate, estava passando uma música de reggaeton. Ash, , e Nicole saíram pelo meio da multidão, quase saindo da nossa vista, mas apenas por segundos. Eu e os rapazes fomos até o bar, no qual nos sentamos, observando as meninas.
- Olha só aquela morena ali. - Paul falou para a gente, apontando na direção de uma garota baixinha e bonitinha.
- Vai lá, !
- Não estou interessado. - E realmente não estava. Para eu gostar de uma garota, tem que ser aquele baque, sabe?
- Então fique olhando que eu vou aproveitar a minha garota. - Ele nos deixou indo até Nicole e a puxando para fora da nossa vista. Restavam três. A mulher de branco, Ash, com um vestido curto tomara que caia. A mulher de preto, , com um short jeans e uma blusa sem costas preta, com decote em V. E por fim a mulher de azul escuro, , com um vestido liso e simples até meio das coxas. A música se alterou para a “replay” do Yiaz. Uma das minhas músicas preferidas. Cantei baixo os versos dela e fiquei observando a . Ela dança de olhos fechados, parece livre.
That girl like somethin off a poster
That girl is a dime they say
That girl is a gun to my holster
She´s runnin through my mind all day ay
Sam dançava com a e Quil tinha sumido com a Ash. Ela ficou sozinha na pista. Vulnerável a qualquer cara, balançando o seu corpo livre.
See you been all around the globe
Not once did you leave my mind
We talk on the phone from night til the morn
Girl you really change my life
Doin things I never do
I´m in the kitchen cookin things she likes
Eu previ. Um cara se aproximou dela por trás. Automaticamente fui em sua direção, lançando um olhar mortífero a ele. Ela abriu os olhos e me encontrou na sua frente. O cara recuou e ela não percebeu, felizmente.
- O que foi, ? - Eu devia estar com um ar irritado. Me recompus.
- Nada, não vou te deixar aqui sozinha. - Me movimentei um pouco, acompanhando a música.
I can be your melody
A girl that could write you a symphony
The one that could fill your fantasies
So come baby girl let´s sing with me
Ay I can be your melody
A girl that could write you a symphony
The one that could fill your fantasies
So come baby girl let´s sing with me
Ela fechou os olhos mais uma vez, se libertando do dia ruim, do barulho da cidade, do stresse, dos problemas. Eu conseguia ver uma diferente, criança, livre. Ela voltou a abrir os olhos.
- Vamos sair daqui. - Ela falou e apenas concordei, seguindo-a até o estacionamento.
- Quer ir para casa? - Eu estava cansado.
- Para onde mais? - Ela concordou, dando partida no carro. Poucos minutos seriam até a minha casa, em silêncio, apenas observando a estrada. Pude reparar que ambos carregávamos um sorriso leve no rosto. Ela parou e desligou o carro em frente à minha casa. Relaxei no banco e coloquei os braços atrás da cabeça, sorri um pouco mais. Ela estava sorrindo também, eu tinha certeza. A olhei.
- Vem cá. - Pedi, tentando não falar besteira ou ofendê-la. Ela acenou que não com a cabeça e continuou sorrindo, com a testa encostada no volante. A peguei pelos quadris, impulsionando-a para o meu colo, e ela me ajudou, facilitando. Estava sentada de lado para mim e de costas para a porta. As suas pernas estavam por cima do freio de mão e do banco do motorista. Encostou a sua cabeça no meu ombro e pude senti-la inspirar.
- É o seu preferido. – Falei, arrancando-lhe um sorriso. Permanecemos assim uns longos 30 minutos. Fui mexendo em algumas mechas do seu cabelo.
- Melhor você ir, não me agrada que você dirija tão tarde. - Falei pra ela, que estava quase adormecendo. Concordou com a cabeça e saiu do meu colo, voltando ao seu lugar.
- Boa noite, . - Falei dando um beijo na sua face.
- Boa noite, .
Estava virando a esquina da faculdade da para encontrar com Sam e esperá-la. A gente iria olhar apartamentos para o Sam e para o Paul, estavam querendo sair da casa dos pais. O que eu vou fazer? Nada, só companhia mesmo. Escutei alguns gritos e palavrões e na porta da faculdade estava o maior babado!
- VADIA! - Uma garota, que estava sendo arrastada pelos cabelos por a chingou. Caraca eu tenho medo da , sabem? Ela é bem calma, mas quando mexem com ela, melhor fugir. Corri um pouco para me aproximar e perceber o por quê de ninguém tê-las separado.
- AGORA VOCÊ VAI PEDIR DESCULPA PARA ELA, RACHEL.- Observei a terminar de arrastar a menina até onde a estava, não percebi por quê.
- NUNCA! ESSA PUTA ROUBOU MEU NAMORADO! - Ela está chamando a de puta! Sem essa. Entrei no meio da multidão e fiquei entre a e a tal Rachel.
- Você por algum acaso conhece a para xingá-la? - Perguntei calmo, fazendo sinal para se acalmar e Sam segurá-la. Eu tinha o dobro do tamanho das garotas, claro - tirando . Ela era bem alta, mas a Rachel não.
- Não me diga, você é amante. Está vendo, Travis? Está sendo chifrado! - Ela falou de forma irônica para um garoto ruivo de cabelos compridos que estava do lado de . Fiquei meio confuso, mas mantive minha posição.
- Eu sou amigo da . Poderia ser até o peguete ou o amante e você não teria nada com isso. Agora caia fora. - A minha voz estava um pouco alterada, confesso. Quem era o Travis mesmo?
- Amanhã te pego, baranga. - Ela se desviou e lançou um olhar furtivo a . Finalmente a voz do dito Travis falou.
- Se você encostar um dedo nela eu me esqueço de que somos de sexos diferentes, Rachel. Vem aqui, sua idiota. - O garoto a puxou pelo braço e os dois saíram da multidão. bufou e já tinha perdido o tom vermelho de raiva. A multidão se dispersou.
- O que foi isso, ?! - Parece que o Sam também não tinha assistido desde o inicio.
-Aquela vadia idiota... - ia começar xingando a garota, mas interrompeu.
- O Travis terminou com a Rachel por minha causa. E agora está como você viu. – Ela contou para o Sam. Não estou gostando dessa historia de Travis.
- É, ela saiu pelo pátio xingando a e eu não reajo bem a essas merdas, amor. - se defendeu e soltou uma risada.
- Foi LINDO. - Eu acho que emburrei a cara, preferi não falar nada. Afinal, o que seria Travis para ?
- Mas por que a culpa do fim do namoro deles é sua? Ainda não entendi. – Obrigado, querida !
- Ano passado, quando entrei para faculdade, eu e o Travis namoramos 8 meses. Lembra de te falar que o meu namorado tinha uma banda? Pois é, é ele, e eu terminei porque a gente se via pouco, ele é um ano mais novo e estava no colegial. Esse ano ele entrou para faculdade, namorando a Rachel, e aí deu problema, porque ele falou que não vai ficar com ela pensando em mim. - Não sei se a história me agradou ou desagradou. Será que ela ainda pensava nele? Talvez fosse por isso aquela “negação” de 3 noites atrás.
- Vixi, confusão. Mas ele é gatinho, ! - Sam deu uma pedala na , foi bem engraçado. Esboçei um sorriso, embora triste e confuso. deu de ombros. Fomos andando até o carro e bem na hora de dar partida, um “tok tok” se escutou no vidro.
- Fala, Trav. - respondeu, já adivinhando.
- Pode ser aqui fora? - Ela acenou que sim e eu não estava me sentido bem com essa história. Olhei pelo canto do olho os dois do lado de fora.
- Desculpa, , eu dei um jeito nela.
- Sem problemas. - Ela respondeu calma e de braços cruzados, segurando as chaves do carro.
- Será que posso passar na sua casa mais tarde? - Percebi que ela hesitou um pouco, dava para ver que tinha dúvidas sobre ele. Afinal, eles terminaram se gostando.
- Tá, tudo bem. - Ele deu um beijo no rosto dela, que entrou no carro, dando partida. Não quero me comparar a ele, porque somos completamente diferentes. Ele é ruivo, de olhos claros, branco como a parede, um estilo bem alternativo, cabelos bagunçados compridos. Típico de bandas. Já eu sou moreno, cabelos e olhos escuros; cabelo mais curto mas bagunçado, meu estilo é descontraido, mas arrumado. Opostos. Percebi que a estava preocupada com a , pelo olhar que as duas trocaram pelo retrovisor.
Olhamos alguns apartamentos, nenhum do agrado de Sam, e terminamos indo cada um para sua casa.
- Passa lá em casa mais tarde, amor? - A me perguntou, carinhosa.
- Tá bom, mas quero a janta feita. - Pisquei para as duas e entrei em casa. Já eram quatro da tarde e não teria muito tempo. Queria garantir a minha presença quando o Travis chegasse. Tomei um banho rápido, coloquei uma blusa justa branca que evidenciava o meu fisico e um jeans claro. Não poderia deixar para trás meu Tommy Hilfiguer. Os meus pais não estavam em casa, nem sei por quê, então apenas saí, uma hora e meia depois de ter entrado. Bati a campainha e abriu. Subi rápido, encontrando a porta aberta, escutando o silêncio.
- Cadê o povo? - Perguntei para , que estava entrando na sala. Ela me secou, inspirou o meu perfume, fechando os olhos, e depois me respondeu.
- e o Sam estão lá no quarto, só tem eu aqui.
- E o seu amigo? - Olhei em volta, ainda confirmando a ausência de pessoas além de nós dois.
- Está vindo. Chamei o Paul, o Quil e a Ash também. - Por momentos me senti constrangido por ter de ficar com os dois, mas aquela notícia me agradou de imediato. Eu estaria no meu melhor, no meu território, com os meus amigos, e ele seria um estranho. Aos poucos a sala foi se enchendo de gente, de pipoca e de refrigerante. Gente no sofá, no chão, no colo uns dos outros. O Travis chegou e ficou realmente meio deslocado. Mas, para azar dos meus azares...
- E aí, cara? Tudo bom? - Veio falar justo comigo.
- Beleza e você? - Ele acenou que sim.
- Eu estou meio deslocado aqui, desculpa estar te enchendo o saco.
- Sem problemas. - Estava tentando não prestar atenção nele.
- Então, você conhece a tem muito tempo? - Lá vêm as perguntas.
- Não muito, dois meses talvez.- Ele bagunçou os cabelos. Reparei que a nos olhava, desconfiada.
- Ela é demais. - Ele falou, olhando o chão. Essa conversa estava me irritando. Não respondi e, para a minha sorte, ela veio até nós.
- O que estão falando de bom? - Sentou no chão à nossa frente, comendo pipoca.
- Estávamos falando de coisas aleatórias. - O Travis falou naturalmente.
- Sei. - Ela comeu algumas pipocas. O silêncio estava me incomodando, então me levantei e fui ao banheiro. Quando voltei não vi nem o Travis, nem ela. Olhei em todas as direções e percebi que ela tinha o levado à porta e estavam conversando baixinho. Ele tentou beijá-la, mas ela virou o rosto e falou algo como “até amanhã”. Respirei aliviado.
- Que foi? - Por segundos fechei os olhos e ela apareceu à minha frente.
- Nada não, acho que eu estou com fome. Cadê meu jantar? - Ela sorriu e me guiou para cozinha onde estava uma panela com macarronada. Colocou dois pratos e a gente se serviu.
- Ele mentiu, não foi? - Eu me engasguei com a macarronada.
- Quem?
- O Travis. Vocês não estavam falando coisas aleatórias. - Acenei que sim com a cabeça.
- Estávamos falando de você, nada relevante. - Ela continuou comendo. Eu queria perguntar se ela gosta dele, mas não queria me mostrar interessado nesse assunto. Permaneci calado, desfrutando da comida e da sua companhia. Parecia que ela queria falar algo, estava meio estranha e calada, mais do que o costume. E assim ficou o resto da noite até eu ir embora.
Alguns dias tinham passado. Eu só estava vendo os meus amigos no colégio, precisava estudar para as provas de fim de ano. Três dias que não via a , mas ontem eu vi a saindo do Starbucks com o Travis. Não pareciam felizes, nem um casal, mas estavam juntos. Cada vez me sentia pior com essa situação, mas não ia falar nada absolutamente. A campainha da minha casa tocou e minha mãe foi abrir.
- Pode subir, ele está lá em cima. - Escutei a doce voz da minha criadora e aguardei a porta do meu quarto se abrir. Esperava o Sam ou o Paul, então não me preocupei em colocar roupa, mas claro, vocês já devem estar adivinhando quem me pegou de boxer.
- Epa, errei de quarto, isso aqui está mais para clube de strip. - Ela brincou, se virando, esperando que eu colocasse um short ou algo. Fui rápido.
- Pronto. - Ela se voltou e pousou a bolsa na cadeira do meu quarto, sentando-se em seguida na cama.
- O que te trás ao meu doce refúgio? - Ela estava olhando alguns posters do meu quarto, era a primeira vez que tinha entrado na minha casa.
- Desculpa vir sem te avisar. - Ela fixou finalmente em mim.
- Sem problemas!
- Eu vim à toa, faz tempo que você não aparecia. - Reparei que ela olhou para o lado falando aquilo. Quer dizer, no dia anterior estava lá com Travis e hoje vem à minha casa. Ela precisa parar de brincar comigo. Onde está a responsável e adulta?
- Como vai o Travis? - Perguntei irônico e pude ver o seu olhar se apagar.
- Por que a pergunta?
- Eu perguntei primeiro. - Bem jogado da minha parte.
- Não sei como ele vai. - Mentirosa. Ontem mesmo estava lá com ele.
- Você está mentindo, . - Ela abriu a boca, indignada, olhou o chão, mas terminou não falando nada. Se levantou e ia pegar sua bolsa para ir embora. A impedi segurando-a pelo braço.
- Por que você está mentido? – Insisti; eu estava tentando não machucá-la.
- Não estou mentindo, você que é um perfeito idiota, lerdo e cego! - Como assim? Ela mente e vem botar as culpas em mim?
- Ah, sim, claro. Eu nem te vi com o Travis ontem porque eu sou cego! - Ri ironicamente. Ela parou de forçar o braço e me olhou por alguns segundos.
- Isso só comprova o que eu falei de você. - Ela ainda insiste. Foda-se ela. São todas iguais, mentirosas e infantis! Parei de segurar o braço dela, dando sinal para ela ir embora, mas fui surpreendido com a sua proximidade. Num ato brusco, ela jogou a bolsa no chão e me empurrou para trás, me fazendo quase deitar na cama. Me beijou com urgência, por cima de mim, mas sem encostar o seu corpo, apenas bagunçando os meus cabelos.
- Você... É um... Idiota... Lerdo... Mas... - Ela não terminou a frase que estava falando entre o beijo. No fim, pegou sua bolsa e saiu, me deixando completamente estúpido, com raiva.
- QUE ÓDIO! - Me xinga, fica com outro e depois faz isso? Vai ter volta, quem ela julga que é para brincar comigo assim? Nunca pensei que ela fosse uma garota vulgar, se revelou! Soquei a minha cama, sentindo as minhas veias pulsarem de raiva.
De hoje não passaria. O meu ódio estava me encorajando a fazer essa loucura. Respirei fundo e andei até a porta da faculdade dela. Uma pequena multidão de alunos saía. Vi , Sam e a , finalmente. Era agora. Passei pelos meus amigos.
- Bom dia para você também! - A Rita falou, mas só pude ouvir ao longe. Andei rápido até ela. Ela era o meu alvo e, antes que pudesse perceber a minha presença, eu a agarrei ali mesmo. Seus olhos estavam abertos em surpresa, mas foram se rendendo aos poucos. Tive certeza do olhar do Travis sobre nós e não estava nem aí; se eu apanhasse, ele também apanharia, com certeza. O beijo estava sufocando ambos, me esqueci de que estávamos sendo observados, me esqueci do tempo, me esqueci do ódio, principalmente quando senti as suas mãos no meu pescoço. Quebrei o beijo e ela respirou fundo, se recompondo.
- Se você me chamar idiota de novo, eu... - Ela me beijou, calando a minha boca.
- Idiota. - Quebrei o beijo e a olhei, chateado. Eu ia virar as costas, não tinha solução, mas ela me segurou e segredou ao meu ouvido.
- Naquele dia no starbucks, eu falei para o Travis que não dava mais. - Aguardei o resto da frase, estava me surpreendendo. - Porque eu estou gostando de outro cara, que é um perfeito idiota e lerdo. - Sorri automaticamente, olhando o céu e bagunçando os meus cabelos, envergonhado. Ela me deixou mais uma vez plantado e saiu correndo na direção do carro. Não queria nem saber o que os outros estavam pensando. A alcancei e entrei no carro com ela.
- Para onde, gatinho? - Ela perguntou brincando, piscando para mim.
- Para a sua casa. - Eu falei rindo e beijando o seu pescoço enquanto ela dava partida no carro.
nota da autora: Hey ! Curtinha, né? (: espero que tenha agradado!
nota da pupila: Meu nome é Pammy e estou ajudando a Paah. Adorei o Taylor lerdinho. Pena que meu Paul não teve muito destaque *calei.
beijos!
nota da beta: Ooooi, galera!
Viram a minhap upilazinha aqui em cima? O FFOBS inventou uma coisa nova, dificil demais de explicar por aqui :)
Enfim, ela me ajudou a corrigir essa fic. E que linda ela é! Gente, babei no Taylor, nunca tinha lido uma fic com ele.
Fic muito bem escrita e bem feita, hahah. Claro. Adorei!
Mas enfim, estou aqui para perguntar se viram algum erro. Se tiverem visto, gente, me avisem por aqui ou pelo @paahsouza e eu corrijo rapidinho, ok?
Enjoy, everyone !
Beijocas, Paah Souza.