“! ” Gritou ele, sorrindo e correndo na minha direção com os braços abertos.
Ele era tão lindo, com seus olhos brilhantes e seu sorriso super branco. Tremi.
“Oi” Murmurei, dando um passo para trás sem me preocupar em ser discreta. Não queria abraçá-lo, estava chateada. Ele abaixou os braços e parou de sorrir.
Não era como se ele tivesse culpa por eu me sentir assim. Quer dizer, ele não era meu nem nada do tipo. Eu só... O amava. Não existia nada que ele pudesse fazer a respeito.
“O que foi?” Ele perguntou, notando a estranheza em meu olhar.
“Nada” Dei de ombros, tentando parecer convincente.
Estava mentindo, é claro. A verdade era que algo tinha acontecido e meu coração estava em pedaços.
“Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é?” Ele perguntou, se aproximando de mim.
“Sei...” Meu murmuro foi quase inaudível.
Levantei a cabeça para ver seu rosto. Seu olhar e seu meio sorriso indicavam preocupação, mas ele parecia tranqüilo.
Sua paciência e compreensão me deixaram ainda mais chateada. Meu estômago embrulhou e me senti como se estivesse naquela velha montanha russa do parque que vinha uma vez em todos os verões para a cidade.
“Sou eu, não sou?” Agora sua expressão era de desespero, mas percebi que ele tentava não demonstrar isso.
Era meio meigo o jeito de ele se preocupar em disfarçar seus sentimentos para não me deixar ainda pior.
Mas, apesar disso – e de eu amá-lo muito, olhar para ele me fazia querer chorar. Abaixei a cabeça na esperança de que assim, as lágrimas que se formavam em meus olhos não escorressem pelo meu rosto.
“Ei, porque você não me responde? Sou mesmo eu?” Questionou ele.
Se eu abrisse a boca para responder, não conseguiria segurar as lágrimas. Então, mantive a boca fechada e, ainda sem olhar para ele, sentei na raiz torta e úmida da árvore meu lado.
Dei uma rápida olhada para cima e vi como as folhas das enormes árvores dos dois lados -que formavam um caminho- se uniam no topo, formando um tipo de cobertura sobre nossas cabeças e impedindo que a chuva fina nos atingisse.
Era um dia chuvoso, nublado e mórbido, mas havia alguma beleza naquilo. O clima sombrio combinava com a situação e, de alguma forma, fiquei feliz por não ouvir o canto dos pássaros.
“Eu nunca quis te magoar” Sussurrou ele, sinceramente.
Eu sabia que não e nunca o culparia pelo que aconteceu, mas era difícil. E, por mais que ele fosse tudo o que sempre sonhei para mim, não conseguia mais enxergá-lo com os mesmos olhos.
Lutei contra o nó formado em meu estômago que me impedia de falar. Precisava dizer algo, porque mesmo tendo me magoado profundamente, ele merecia isso.
Engoli a seco e fechei os olhos.
“Eu sei” Foi a única coisa que consegui dizer. Foi tão baixo que se o local não estivesse em completo silêncio, ele provavelmente não teria escutado. Mas o nó me impedia de falar mais alto.
“Ei, eu não gosto de te ver infeliz” Eu parecia estar tendo um forte dejavu.
As coisas que ele dizia, a curiosidade em sua voz, sua respiração inconstante... Era como em todas as outras vezes.
Não respondi. Não conseguia, nem queria.
Olhar para ele era duro demais, por isso me mantive concentrada nos meus tênis velhos. Costumavam ser vermelhos, mas por terem sido usados constantemente por vários anos, estavam meio rosados.
Não era exatamente emocionante encarar meus pés, mas aquela situação toda também não podia ser considerada empolgante.
“ ...” ele sussurrou no meu ouvido e sentou do meu lado.
Um arrepio percorreu toda a minha espinha. Era o que sempre acontecia quando ele sussurrava algo em meu ouvido.
Seu hálito era quente e eu sabia que precisava me afastar se não quisesse ceder aos seus encantos, mas simplesmente não conseguia. Era mais forte do que eu. Sua presença me hipnotizava.
Ele parecia saber o efeito que tinha sobre mim, pois deu uma risadinha sem graça e sussurrou novamente. Era como se ele pudesse sentir meu corpo tremer. E nem estávamos nos tocando.
“Amor...” Sua voz era doce, suave e exalava paixão. Era como se qualquer um pudesse se apaixonar por ele só de ouvir sua voz.
Ele raramente me chamava de amor e toda vez que essa palavra saia de sua boca direcionada à mim, eu sentia vontade de chorar de alegria.
Com todo esse contexto então... Não pude agüentar. As lágrimas que antes pairavam em meus olhos, agora escorriam livremente pelo meu rosto, trazendo um misto de alegria e tristeza, mas ainda não levantei meu olhar.
“Porque você fez iss...?” Não pude continuar. Senti o gosto das lágrimas salgadas em minha boca e me desmanchei em um soluço.
Ele me abraçou e nem tentei me esquivar, apesar de estar quebrada em mil pedaços. Porque, na verdade, não queria. E não valia a pena lutar contra isso.
“Oh” Fez ele, naquele tom compreensivo de pai que costumava usar comigo.
Por causa da nossa diferença de idade de dois anos, ele gostava de pensar que era sua obrigação me proteger. E eu gostava de ser protegida. Mas era uma pena ele não conseguir me proteger dele próprio.
Esse pensamento me fez chorar ainda mais. Agora estava soluçando alto, as lágrimas escorriam rápidas e esguias peles minhas bochechas, mas eu não tentava disfarçar.
Não importava. Eu estava sofrendo e ele só tornava tudo pior, sendo compreensivo daquele jeito, e eu não podia mais esconder isso.
Nem dele, nem de mim. Era óbvio para qualquer um o que estava acontecendo. Não que tivesse alguém ali, além de nós dois.
A trilha estava vazia. O que não era estranho, considerando como era cedo. Sete horas da manhã, marcava o meu relógio de pulso. Além do mais, aquela era a trilha mais abandonada de todo o acampamento, não importava o horário.
“Porque eu sou estúpido” Continuou ele, acariciando meus cabelos com delicadeza.
Ele ainda me abraçava. Meus braços envolviam sua cintura, enquanto minha cabeça continuava apoiada em seu peito.
Com o silêncio naquele lugar, eu podia ouvir o som de seu coração. Era irregular, mas não parecia alarmado. Aparentava tranqüilidade e paciência, assim como ele.
“Mas você...” Novamente, fui interrompida por um soluço cheio de mágoa e decepção.
“Eu sei” Exclamou ele, decepcionado consigo mesmo, suspirando forte “Mas nunca quis te magoar. Eu juro”.
É claro que não. Mas, mais uma vez, ele tinha amassado meu coração, como se fosse de papel, e arremessado para bem longe.
“Você nunca quer” Bati ritmadamente os pés um no outro, nervosa e respirei fundo.
Sua camiseta larga - e tão preta quanto seus olhos aparentavam ser naquele momento, apesar de não serem - estava encharcada com as minhas lágrimas. Pensei em pedir desculpas, mas achei melhor não lhe dar um motivo para sentir raiva de mim. Pelo menos, por enquanto.
“Porque eu te amo” Ele falou devagar, como se estivesse explicando algo a uma criança.
Não respondi. Não que não conseguisse ou não o amasse. Porque eu amava. Só não queria admitir isso em voz alta enquanto meu coração ainda estava perdido em algum canto sujo. Só fiquei lá, envolvida em seu abraço, pensativa.
“Desculpa” Delicadamente, ele encostou seu polegar em meu queixo.
O toque de seu dedo era frio e tive medo de que apenas isso fosse suficiente para me congelar para sempre.
Fui forçada a levantar o rosto. Ao olhar no fundo de seus olhos, percebi todo o longo futuro juntos que tínhamos pele frente.
Ficamos nos olhando por um tempo. As lágrimas ainda embaçavam minha visão, mas eu sabia que apesar disso, ele conseguia enxergar em meus olhos tudo o que eu via nos seus.
Que ainda não era o fim. Havia uma longa jornada pele frente, cheia de falhas que só seriam corrigidas se estivéssemos unidos. Era só o fim de outra briga. E depois disso, nos apaixonaríamos um pelo outro. Mais uma vez.
Involuntariamente, eu sorri. Foi um sorriso pequeno, daqueles nos quais os dentes não são vistos, mas estava repleto de desculpas e perdão.
Ao ver meu sorriso, ele sorriu também. Percebi, então, que tudo ficaria bem. Só bem. Como sempre foi. Como deveria ser.
Ele deslizou seu polegar até a minha bochecha e segurou meu rosto em suas mãos. E, ainda sorrindo, me puxou para mais perto e colou seus lábios nos meus.
Nesse momento, achei meu coração. Batia forte e saudável, como se nem tivesse acabado de ser massacrado. Estava dentro do meu peito, de onde pareceu nunca ter saído.
Nos beijamos apaixonadamente. O ar ficou mais quente e, mesmo de olhos fechados, pude sentir a neblina ir embora e o dia clarear.
Depois de um tempo, separei nossos lábios e sorri mostrando todos os dentes, feliz.
“Também te amo, ”.
End.
nota da autora: Hei, eu preciso agradecer a Pin, porque sem ela essa fic nem seria feita, já que ela protagonizou o sonho comigo. Amo você, cookie! Quero agradecer também a minha querida mãezinha que me deixa faltar aula quando vou dormir seis horas da manhã -por passar a madrugada escrevendo. E ao McFLY por bem, ser o McFLY e tornar minha vida mais feliz. E ao My Chemical Romance por me dar a idéia do nome da fic em uma noite solitária de sexta feira *drama* Ah, e a minha imaginação por me permitir ter os sonhos mais legais do mundo e me permitir ficar perto da Pin de alguma forma que seja *romântica -n* E, óbvio, quem leu -e principalmente, quem gostou- dessa fic super dramática. É isso.
nota da beta: Heey, gente!
Erros? Me avisem por aqui e eu corrijo, ok?
Beijinhos, Paah Souza.