Imoral, vivendo no pecado.


Eu ainda lembro bem daqueles dias ensolarados, o sol da manhã tocando a minha pele quente, quando meu maior sonho era apenas me casar e ser amada. Eu ainda lembro, era tão mimada para perceber que tinha mais do que poderia querer e quando percebi tudo havia mudado. Eu já não fazia mais parte daquela família, daquela vida.

Prazer, Rosalie Lillian Hale, ou eu era. Não tenho mais tanta certeza de quem sou, agora me chamam de Rosalie Cullen. Minha família, bem, não é como se fossemos realmente uma família, isto é, um bando de vampiros juntos brincando de casinha, pelo menos é assim que me sinto, ainda mais agora... Já se sentiu assim alguma vez? Tendo que deixar todos seus sonhos, tudo, se esvair, sabendo que jamais teria outra chance? Às vezes me pergunto se não seria melhor ter morrido naquela noite.
Era estranho ter irmãos, de certa forma estava feliz por ter eles por perto, talvez sejam as únicas pessoas, ou seres, que poderiam me entender... Mas então, como sempre, há algo para estragar tudo, por mais que eu queira que essa história de “família” desse certo, eu não consigo parar de pensar nele, e não da forma que eu deveria, afinal, mesmo que não sejamos irmãos de verdade, eu ainda era nova nesse mundo, e na minha concepção de humana isso ainda era imoral.
Edward Cullen, meu mais novo irmão, loiro, alto, olhos profundamente tristes, mas mesmo assim, ele era diferente, era maravilhoso. E o mais irritante de tudo, ele sabia disso, ele conseguia ler meu pensamentos, inclusive aqueles que uma moça nunca deveria dizer em voz alta, ele sabia.
Depois de um tempo eu parei de negar, era impossível. Mesmo ele sendo assim irritante, arrogante, um idiota, educada e perfeitamente idiota, não era capaz nem de zombar de mim ou dizer não, me tratava tão bem que me fazia odiá-lo com todas minhas forças, mas mesmo assim, e eu não sabia explicar o porquê, toda vez que estávamos perto, toda vez que o via, meu corpo estremecia, sentia um arrepio correr pelo meu corpo e meus pensamentos... Por mais que tentasse controlar era impossível, uma parte de mim, aliás, uma parte incontrolável de mim, o desejava, queria sentir o seu toque e eu não era forte o suficiente para repelir meus desejos, não mais, ainda mais agora, ele sabe.
- Rosalie, Carlisle está te chamando. – Aquela voz que me fez perder os sentidos por um instante, Edward.
Carlisle Cullen, meu novo pai, ele era tão gentil que fazia todas as histórias de vampiro que ouvi até hoje tornassem piada, era como se os verdadeiros monstros fossem os humanos e não ao contrário... Tive de rir de mim mesma por essa minha última colocação, ainda não tinha percebido, monstro... É, agora eu sou um monstro.
Divagava em meus pensamentos concentrada no som suave quase nulo dos passos de Edward em seu quarto imaginando o desperdício de não se ter uma cama em um quarto, tudo bem que não dormimos mais, mas, camas têm outras utilidades que, aparentemente, Edward não percebia.
Ouvi um riso espontâneo, mas que me fez ter vontade de arrancar aqueles dentes da boca do Edward, ele estava me ouvindo de novo. Irritante.

Assim que Carlisle me liberou (acho que ele percebeu que estava totalmente Distante), eu corri furiosa pro quarto dele, desejando sangue. Quando entrei, ele estava sentado no sofá de frente pra porta me encarando com aquele sorriso de canto que instantaneamente esqueci o que eu estava fazendo ali.
- Eu não preciso de nenhuma cama, Rose. Eu não durmo e ainda sou virgem. – Ele sorria debochado e glorioso.
- Como se eu fosse acreditar. – Grunhi.
-Não precisa. – Edward deu de ombros e voltou a ler um livro estúpido, “O Morro Dos Ventos Uivantes”, como se nossa vida já não fosse melancólica o bastante. - É um bom livro.
- Dá pra sair de dentro da minha cabeça? Assim, se não for pedir muito.
- Hm. – Ele continuava concentrado no livro, como se não se importasse com a minha presença ali, isso me fez lembrar o porquê de eu estar parada na porta do quarto dele. – Poderia começar pelos caninos? São a parte que eu mais odeio. – Disse sorrindo.
- Argh! – Protestei, bati a porta com tanta força que acho que a quebrei, mas não olhei pra trás para ter certeza, depois disso fiquei enfiada no meu quarto até minha sede ficar insuportável.
- Toc, toc. – Batida dupla, era Esme, minha mãe adotiva, ela se preocupava comigo sempre e me tratava como se realmente fosse sua filha, aliás, tratava a todos assim, Alice, Edward e eu. O que me fazia sentir mais estranha por desejar Edward dessa forma.
- Rose, posso entrar? – Disse suavemente.
- Uhum. – Assenti.
- Gostaria de conversar? Eu sei que não tem sido nada fácil pra ti, mas o primeiro ano já passou, o pior já passou, acredito que agora as coisas irão melhorar, mas eu sinto de alguma forma que... Bem, não é apenas isso que está te incomodando... – Ela me olhava como se pudesse ver minha alma, não meus pensamentos como Edward, mas minha essência, o que me deixava atordoada.
- Nunca me perguntaram se eu desejava essa vida. E se perguntassem, eu diria que não. – Dei de ombros, como se ela fosse entender.
- Minha criança, nenhum de nós desejou, mas com o tempo, quando encontrar algo que valha a pena a eternidade, vai esquecer esses sentimentos ruins, no meu caso, Carlisle que me encontrou e acredite, o amor faz valer a pena. – Sorriu docemente.
- Temo que nunca saberei o que significa amar. Nem mesmo como mortal soube o que era e agora que meu coração não passa de um pedaço de gelo, não sinto como se isso fosse real. – Desviei meu olhar, os olhos de Esme não paravam de me fitar, como se quisessem curar minha ferida.
- Talvez não saiba apenas o que é, mas já sentiu ou já foi amada, tenho certeza. Eu te amo como minha própria filha, existem vários tipos de amor. E essa família te ama. – Senti a mão delicada de Esme acariciando a minha e por mais estranho que isso pareça, me senti amada.
- Obrigada. – Sorri, Esme saiu relusente por ter conseguido me arrancar um sorriso. Mas sem saber que tornara mais difícil minha guerra interna sobre Edward, eu não o amava, o sentia por ele era apenas físico, mas não deixava de ser forte o bastante pra me fazer ficar confusa. Afinal, de alguma forma, nessa minha nova vida, nesse mundo, éramos irmãos.
- Não somos irmãos de verdade, Rose. Não precisa se sentir culpada. – Pulei em um sobressalto. Não havia percebi que Edward estava na porta me encarando.
- O que você está fazendo? – Dessa vez ele me deixou com muita raiva.
- Fiquei preocupado. – Disse me olhando sério. Grunhi, virando meu rosto pra parede.
Senti o peso do corpo de Edward sentando na ponta da minha cama, o que me fez estremecer.
- Me perdoe. – Podia sentir seus olhos me fitando quase como se me fuzilassem. Não consegui falar ou me mexer.
- Rose? – Indagou em um tom confuso, o que não era típico dele. Me virei para mandá-lo embora, mas quando percebi nossos rostos estavam a milímetros de distancia, senti um calafrio percorrendo meu corpo e um desejo que, por mais que eu tentasse repelir, já tomava conta de mim... Todos estão em casa... Foi a última coisa que pensei antes de sentir os lábios de Edward tocando os meus.
Puxei ele para mais perto sem pensar se era certo ou não, mordi seu lábio e então com apenas uma mão Edward arrancou meu vestido e eu fiz o mesmo com a camisa dele. Nós beijávamos vorazmente, Edward me levantou encaixando minhas pernas em seu quadril, me jogando contra a parede. Arrancou meu sutiã, e desceu seus lábios, beijando-me, até meus peitos, meus mamilos.
Não conseguia mais esperar, empurrei Edward para cima da cama, tirei as calças dele e o beijei repetidas vezes, Edward gemeu, o que me fez sentir ainda mais prazer. Ele me puxou pra baixo, colocando seu corpo nu sobre o meu, nos movíamos em sincronia, eu gemia alto, o prazer que sentia não se comparava a nada que eu havia sentido antes. Edward puxou meu cabelo e mordiscou meu mamilo, arranhei as costas dele, tudo fluía como se fosse o certo. Edward me virou contra a parede, e penetrou em mim por trás com mais força. Não conseguíamos parar, ouvir Edward gemendo me deixava mais excitada.
Virei por cima dele e me movia com mais força, Edward me puxou e beijou minha parte, onde sentia mais prazer e eu o beijava também, estávamos em um 69, então ele subiu em cima de mim novamente, estávamos a ponto de explodir, e ele penetrou em mim mais uma vez até que, por fim, gozamos juntos.
Edward se deitou do meu lado, havíamos destruído o quarto, a cama estava no chão, paredes quebradas, móveis destruídos, cobertas rasgadas. Eu não conseguia acreditar que já estava amanhecendo, passamos a noite inteira juntos. E eu me sentia bem.
- Edward... – Respirei fundo.
- Hm?
- Bem, o que fizemos hoje, o que significou pra ti? – Perguntei esperando uma resposta vaga.
- Rose, me desculpe, eu não deveria... Eu não consegui me controlar mais, mas foram apenas meus instintos, eu não te amo dessa forma... Pode me matar agora se quiser, perdão. – Eu não consegui me controlar, comecei a rir de maneira incontrolável, que até mesmo Edward não conseguiu deixar de rir, quando leu meus pensamentos.
- Bem, Ed, não é como se eu te amasse. Podemos deixar as coisas como estão? Não irá se repetir e ninguém deve saber... Bem, eles sabem, mas não vamos comentar sobre isso nunca mais, tá bem? Isso não significou nada. – Edward me examinava pra ter certeza, mesmo sabendo que falava a verdade, ele ainda assim estava atônito.
- Tudo bem. Isso é uma promessa. – Assentiu. Levantei da cama e fui direto tomar banho.
- Pode vir junto se quiser, será a última vez. –Sorri
- Engraçadinha. – Edward foi direto pro quarto, senti uma pequena decepção por isso, mas foi melhor assim.

Os outros dias seguiram como se nada tivesse acontecido, mesmo assim, toda vez que via aquelas garotas fúteis olhando para Edward, o desejando, sentia vontade de sugar seu sangue até a última gota. Humanas.
Foi assim até eu encontrar Emmett, mas isso é outra história. No final, Esme estava certa, Emmett é a razão de valer minha eternidade. E ninguém mais comentou sobre aquela noite, ninguém mais irá saber sobre o pequeno passado meu e de Edward, nosso pequeno passado sujo.

Fim.


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