Eu tenho alguns problemas. Problemas esses que me fazem ter certeza que quando ainda estava no ventre da minha mãe, ela teve um tombo e atingiu em cheio minha cabeça.
Às vezes, isso é até bom, já que eu corro para resolver esses problemas habituais que me aparecem. Mas às vezes o problema é tão grande que é impossível de resolver.
Meu nome é , tenho dezessete anos, faço o terceiro ano do colegial, adoro ursos de pelúcia e sou uma ninfomaníaca.
Eu tenho aquele velho problema de me interessar por pessoas da família. Um primo, um tio, um velho tio do meu primo. Mas não me julgue, não é você que tem uma família de homens robustos, bonitos e pra lá de interessantes.
Mas confesso que sou anormal, por isso tenho a absoluta certeza que:
Tenho problemas psicológicos do tipo “Maníaco do parque”
Tenho problemas mais profundos que podem ser comparados a distúrbios de perverticidade. Perveticidade? Essa palavra existe?
Mas eu tenho certeza que o que eu sinto vai além da anormalidade. E que de todas as pessoas eu fui gostar logo dele. O mais impossível. Sim, eu estou apaixonada por , meu irmão.
Tudo bem, você deve estar me julgando uma coisa terrível. É sério, eu entendo. E sei que muitos de vocês fecharam este livro antes mesmo de ir para o primeiro capítulo. Mas se tem uma coisa que posso dizer, é que SIM, eu tenho culpa.
Na antiguidade, os irmãos casavam entre si para manterem os laços familiares. Mas não darei uma aula de história.
Lhe darei mais uma chance para fechar este livro AGORA, porque, sinceramente, eu não me responsabilizo se você se escandalizar ou começar a olhar diferente para o seu irmão que está jogando vídeo game lá na sala, que eu tenho certeza que é tão bonito quanto o meu.
Luan me empurrou na parede e me beijou descompassadamente. Puxei seus cabelos, aprofundando o beijo. Suas mãos caminharam até o zíper do meu vestido longo e vermelho, que comprara para a festa da família.
- Estamos ficando loucos. Todos estão lá fora! – ele falou, rindo, ao meu ouvido.
- Tenho certeza que estão se divertindo nas bodas de prata dos nossos tios – falei, rindo e tirando o seu paletó.
- Não mais que nós! – Ele me virou e desceu o zíper, descendo meu vestido. Então virei, olhando para ele, e desabotoei sua blusa.
- Você não tem medo mesmo, não é, ?
- Medo de quê? – Tirei sua blusa e ele me prensou na parede.
- De que eu tire sua pureza.
Soltei uma sonora gargalhada.
- Ela já foi tirada. - Desci minhas mãos para o botão de sua calça.
- Mesmo? – Ele riu ao meu ouvido e depois o lambeu. – E por que fez isso?
- Eu não precisava dela. – Me livrei de sua calça e olhei para baixo e depois para ele com uma cara de pervertida. – Ora, ora, o que temos aqui?
Passei minha mão por sua barriga e desci minhas mãos até a barra da sua boxer. Coloquei a mão dentro da mesma e peguei o seu conteúdo.
- Opa! Achei! – Sorri, mordendo o lábio inferior. Ele riu, mas agora estava mais tenso. – Vejamos como cuidar disto...
Cobri seu membro com minha mão e fiz um movimento bem leve.
- Pelo que vejo, você não é nem um pouco virgem, como eu pensava.
- Como você, meus pais e quase todo mundo lá fora. – Ri, aumentando a velocidade enquanto ele arfava.
- Quase todo mundo?
- Victor, Júnior e Pedro sabem bem o quanto eu NÃO sou virgem!
Continuava os movimentos, ele estava cada vez mais louco.
- Já deu! – Luan puxou minha mão e me prensou mais ainda na parede, desabotoando meu sutiã frontal. Ele enterrou o rosto entre meus seios. Levantei a mão, sentindo todo o prazer que me era devido. Levantei uma de minhas pernas e ele a segurou, pegando em minha coxa e chegando mais perto de mim, fazendo com que seu membro já rígido encostasse em minha pele. Soltei um gemido. Se nos pegassem ali, estaríamos ferrados, porém, eu gostava daquele perigo.
Desci sua boxer e ele me suspendeu do chão, me levando até um móvel perto de um sofazinho. Ao me sentar nele, ele tirou minha calcinha e eu abri minhas pernas, já pegando em meu clitóris. Foi aí que ele penetrou em mim com força incrível. Segurei o grito e ele começou a se movimentar, entrando e saindo em mim. Com uma mão, eu segurava seu ombro e, com a outra, eu estimulava meu prazer.
Cheguei ao orgasmo logo depois dele.
- Será que sentiram nossa falta? – Luan perguntou ao meu ouvido.
- Vamos sair... – Desci da mesinha e vacilei a perna. Ele me segurou, impedindo que eu caísse. – Obrigada...
Abri os olhos sentindo a claridade do sol em meu rosto. Bocejei e olhei o relógio que estava na mesinha e marcava meio dia e meia. Levantei da cama passando a mão pelo cabelo e fui ao espelho. A imagem que eu vi me deu medo. O cabelo todo bagunçado, olheiras e o lápis de olho ainda era visível. Fora que estava com um blusão um pouco acima do normal para dormir.
Escovei os dentes e desci correndo as escadas. De longe senti o cheiro bom que vinha da cozinha e minha barriga começou a reclamar.
- Hum... Que cheiro bom!– falei, entrando na cozinha e vendo meus pais e um rapaz.
- Ah, oi, querida... – Minha mãe levantou e veio ao me encontro, me abraçando. – Querida, seu irmão chegou hoje cedo de viagem. Ele veio de surpresa. Não é maravilhoso?
Irmão? Mas eu não via meu irmão desde... Os quatro anos... Ele tinha dez anos quando havia decidido morar com nossa tia.
Ele levantou sorrindo e veio me abraçar.
- Oi, ... Nossa... Como você está grande!
- Ah, é... Eu... Cresci. E vejo que você também – falei, recebendo o abraço.
- E está bonita...
- Nem fale – meu pai falou sorrindo. – Sorte que ela é uma boa garota e não se mete em confusões.
Sorri, imaginando quanto filha boa eu era. Eu não gostava de mentir para meus pais, mas vida sexual não é algo que se converse abertamente. Principalmente com pessoas como meus pais.
Meu irmão estava grande, e bonito, confesso. A sensação era que eu não o conhecia o bastante para chamá-lo de irmão.
- E o que te trouxe de volta depois de tanto tempo?
- Estou tentando fazer minha especialização em medicina – ele respondeu e levantou o cenho. – O que foi? Parece que não está feliz em me ver!
- Ah, eu estou. Me desculpa parecer que não. Mas é que... Tudo é muito novo para mim.
- Bom, o filho pródigo sempre retorna ao seu lar.
Sentei à mesa enquanto ele falava empolgado as novidades. Ele era alto, másculo, sarado, tinha um cabelo pouco grande e muito bonito. Se eu o visse em qualquer outra circunstância, eu não acharia que ele era meu irmão. E com certeza o acharia atraente.
- E minha namorada chega em alguns dias. Eu pretendo pedi-la em casamento – ele falou sorrindo.
- Ah, que bom, meu filho! – papai falou sorrindo.
- Oh, é mesmo? – mamãe falou entusiasmada. – Fico feliz por você!
- Eu também – falei sorrindo.
Foi só aí que percebi que estava com o blusão nada convencional. E o pior é que notei isso apenas pelo olhar de sobre mim.
- Er... Eu vou me trocar. Tomar um banho... – Levantei e subi as escadas. Fechei a porta do quarto e fiquei um tempo encostada nela.
Realmente havia belíssimos homens na família, e meu irmão não ficava para trás. Foi aí que lembrei da noite anterior. Na sala escura, com Luan, meu primo. De primeiro grau. Eu sempre fiquei com primos. E nunca tive peso na consciência. Pelo contrário, não via nada de errado naquilo.
Fui ao banheiro e tomei um banho rápido, lavando o cabelo. Coloquei um short curto e uma camisetinha branca e básica. Desci as escadas e vi todos à mesa.
O almoço foi agradável e meus pais estavam realmente felizes com o retorno de . Mas eu estava apreensiva com aquela volta. Será que ele pegaria no meu pé?
- Você ainda usa esse vestido, querida? – Minha mãe me mostrou um vestido que eu não usava há tempos. Neguei com a cabeça e ela o dobrou, colocando-o em uma pilha em cima da cama de roupas que iríamos doar. Todo ano fazíamos a mesma coisa. Era bom porque renovávamos o guarda-roupa e doávamos ao mesmo tempo. – Eu vou ver se o jantar já está pronto. – Ela saiu e deixou a porta entreaberta. Continuei separando as roupas que não usava ou não me serviam mais.
- Oi, oi... – Olhei para a porta e vi sorrindo. – Posso entrar?
- Claro... – Sorri e coloquei uma mecha de cabelo para trás da orelha. – Entra.
- Ah... – Ele olhou para as roupas. – Mamãe ainda faz isso?
- Todo ano. Doamos as roupas para algumas instituições.
- E então? Como você vai? Olha só, está tão bonita e crescida.
- Eu nem me lembro da última vez que eu te vi.
- Eu me lembro bem... Você chorou muito quando tive que ir embora.
- Então eu devia gostar muito de você.
- É estranho, né? Depois de tanto tempo...
- É como se eu descobrisse que tenho um irmão só agora.
- Ah... Mas eu sempre lembrei de você. Irmã mais nova, né? Aí já viu... Mas e você? Namorando?
- Não! – falei rindo. – Deus me livre, não!
- O que foi? Não gosta de namorar?
- Tenho pavor a compromissos. Prefiro assim.
- Você vai conhecer Monick, minha namorada, daqui a alguns dias.
- Boa sorte no casório. – Sorri e ele me abraçou. Travei imediatamente quando sua mão abraçou minha cintura. Era completamente estranho ter um irmão. Na verdade, eu não o via como um irmão de fato. Meus primos eram mais meus irmãos do que ele.
- Eu sei que não posso recuperar o tempo perdido, , mas eu quero ser seu amigo.
Não falei nada, apenas continuei abraçada a ele. Que sensação estranha era aquela?
- Então quer dizer que seu irmão chegou de viagem?
- É, chegou ontem – falei, jogando meus livros em cima da cama de , meu melhor amigo. Ele era um tipo de bissexual estranho. Tinha época que só pegava mulheres e outras que só pegava homens. Ultimamente ele havia dado um tempo com , minha prima, e só estava indo para as boates gays.
- Ele é bonito?
- Ele é meu irmão.
- Sim, mas você pode admirar um homem bonito, não pode? E já ouviu falar em incesto?
- Ah, você não pode estar falando isso...
- Meu bem, você vai pra cama com seus primos. O que é isso senão um incesto?
- É diferente. Todo mundo já pegou um primo.
- Primeiro: uma pessoa fica com UM primo. E não com todos!
- Que exagero. Eu não fiquei com todos os primos.
- Ah, é verdade. O Pedro escapou porque tem sete anos. Segundo: você mesma disse que tem seus primos mais como irmãos do que o seu próprio irmão. Então, tecnicamente, você está indo pra cama com seus irmãos.
- Ai, vai começar...
- Terceiro: tá vendo? Eu sempre consigo te pegar. Se você não estivesse perturbada, você não daria corda pra mim. Pra mim e pra você não pode mentir.
- Correção: você induz a minha resposta.
- Nada disso, eu sou a sua segunda consciência.
- Está insinuando que eu quero pegar meu irmão?
- Não, eu estou dizendo que você está com um puta de um tesão por ele só porque ele é gostoso.
- Eu não disse que ele é gostoso.
- Você não respondeu, então ele é. E sua família tem coleção de homens atraentes. E não há nenhum mal em pegar um irmão. Eu mesma já peguei minha irmã.
- Ah, meu filho, se duvidar, você pegou até a minha mãe.
- A Sra. não. Eu acho que ela não concordaria.
- Eu também acho. – Ri e joguei o travesseiro nele.
A conversa com me deixou pensando durante todo o percurso até em casa. Após chegar, falei rapidamente com meu pai, que estava na sala, e subi correndo as escadas. Entrei em meu quarto e fechei a porta. Joguei meus livros na poltrona e deitei de costas na cama. Fechei os olhos tentando não pensar em como me irritava às vezes.
Meu celular começou a tocar. Estiquei minhas mãos até a bolsa e o tirei de lá, lendo o nome no visor:
- O que é?
- Oi, , como vai?
- Vai pelo atalho, Luan, o que você quer?
- Você sabe bem.
- Olha, aconteceu naquele dia, tá? Talvez eu tenha te passado uma imagem ruim, mas eu sou mais que aquilo, tá? Agora não ligue mais pra mim.
Desliguei o telefone e o joguei longe. Fechei os olhos, imaginando que a qualquer momento iria enlouquecer.
- Filha? – Minha mãe bateu na porta. – Você tem visita.
- Quem é?
- A . Ela está lá embaixo.
- Pede pra ela subir, por favor?
- Tudo bem...
Segundos depois, bateu a porta na parede:
- Sua vadia! Por que não disse que seu irmão tinha chegado?
- Não quebre a porta, por favor! – falei rindo e ela riu, fechando a porta atrás de si.
- Que tipo de prima você é? Não me avisa que seu irmão gostosão chegou do exterior.
- Ele chegou ontem, tá? Não ia gastar meu tempo te ligando pra te avisar que tinha carne nova.
- Que bela prima você é! – Ela bufou.
- Então, você o viu?
- Claro, eu acabei entrando aqui com ele.
- , você tem namorado.
- Ah, o agora não quer mais mulher. Me pediu um tempo. Ele também está se escondendo de mim.
- Eu me esconderia!
- Vadia! – Ela me jogou o travesseiro e eu ri.
- Sim, eu fui hoje lá... Mas enfim, você não pode pegar .
- Por quê?
- Porque ele é seu primo.
- É. E Victor, Junior, Pedro, Luan também é seu primo.
- É “são seus primos”, sua burra. Nem parece que faz aula de jornalismo.
- Você entendeu. – Ela deu um riso amarelo. – Então, me tira um dúvida. O que você e Luan foram fazer nas bodas quando sumiram?
- Digamos que fomos nos divertir.
- Você tá tomando o anticoncepcional direitinho, né?
- Não se preocupe, não vou engravidar.
- É bom mesmo... Eu não quero ver você gorda, cheia de estrias, carregando um menino no colo e limpando cocô de neném.
- Cruzes... – falei rindo.
- Então, sábado vai ter uma festa da faculdade. Vamos?
- Pode ser.
- Pois meu carro vai sair do concerto amanhã e sábado eu venho te buscar.
- E veio a pé?
- Não. Vim de condução. Tenho um curso aqui perto. Mas me responde: seu irmão tá solteiro?
- Parece que vai casar. Eu não sei. A namorada dele chega daqui a alguns dias, eu acho. Espero que ela não seja um saco.
- Ora, estou sentindo uma presença de ciúmes?
- Claro que não! Ai, que droga! – Ouvi meu celular tocando. – Deve ser o Luan.
- Já sei, está correndo atrás de você? Coitado do garoto, , dá uma chance pra ele.
- Não, ... Deus me livre.
- Está fugindo dele?
- Sim.
- E por quê?
- Porque ele é um saco, só por isso.
- Nossa, ou foi muito ruim ou você não tá gostando de homem.
- Não é isso... Eu só não quero vê-lo. Você sabe que enjôo rápido.
- Que seja. Será que o tio pode me dar uma carona? Daí eu janto aqui.
- Claro que pode.
fechou a porta da sala. Ele havia ido deixar em casa e eu não conseguia dormir. Estava tomando um copo d'água quando ele entrou na cozinha.
- Ela também cresceu. – Ele riu.
- Ela é louca, isso sim – falei rindo.
- Como foi o dia?
- Foi bem normal, e o seu?
- Fui na faculdade confirmar. Depois dei uma volta pela cidade. Fazia tempo que não vinha por aqui.
- É, as coisas mudaram muito por aqui. – Coloquei o copo na pia. – Bem, eu vou dormir.
- Espera. Eu tenho uma coisa pra você. – Ele pegou na minha mão e me puxou escada acima. A medida que subíamos, meu coração acelerava.
- O que é? – perguntei quando chegamos em frente ao seu quarto.
- Espera. – Ele soltou minha mão e entrou. Permaneci parada e ele virou, olhando para mim. – Não vai entrar?
- Ah... – Entrei em seu quarto e ele pegou um pacote em cima da cama. – O que é?
- Abre.
Desembrulhei o presente e vi uma caixa. Abri-a e vi um urso de pelúcia.
- Ah, que lindo! – falei tirando o urso da caixa. – Eu amo ursos de pelúcia.
- Eu sei. Mamãe me disse. E eu achei esse hoje...
- Obrigada, – agradeci e ele sorriu, me abraçando. Travei novamente, mas relaxei e deixei minhas mãos passarem por sua cintura e costas. Foi quando eu senti o cheiro de sua colônia masculina. Era bom, era cheiroso. Ele beijou o topo da minha cabeça e eu fechei os olhos. Então eu quis que ele tivesse me beijado de verdade. Mas não na testa, e sim um beijo de verdade.
- Er... – Me afastei e olhei para ele. – Eu vou... dormir. Boa noite. – Saí do seu quarto sem esperar uma resposta. Fui para o meu quarto com o coração acelerado e fechei a porta, abraçando o ursinho de pelúcia. Fiquei encostada na porta tentando me acalmar. O que era aquilo? Por que sentia aquilo? Aquele rapaz era meu irmão. Meu irmão. Não podia senti nada por ele!
Ele me jogou na cama e tirou a camisa. Sentei na cama e levantei o cenho. Ele riu, voltando para mim e me beijando.
- Você não é virgem, é?
- Por que todo mundo me pergunta isso? – perguntei irritada.
Ele riu e tirou minha camiseta. Senti seus beijos em meu pescoço e colo. Ele tentou tirar minha saia, mas não deixei.
- A saia não. – Sorri maliciosa.
Ele usava uma bermuda e, com meus pés, eu a desci. Para minha surpresa, não havia nada por baixo.
- Surpresa? – ele perguntou, rindo de lado.
- Com o tamanho? – Levantei o cenho. – Sim, pensei que fosse maior.
- Você é inconveniente às vezes, sabia? – ele falou, baixando a minha meia calça.
- Já disse que sou sincera.
- E muito gostosa, eu confesso. – Ele tirou meu sutiã e por fim a meia calça.
- Eu só tenho uma pergunta – falei enquanto ele tirava a camisinha da carteira e colocava em seu membro já ereto.
- E o que é? – Ele abriu as minhas pernas.
- Por que veio sem cueca? Já planejava alguma coisa?
- Já! – Ele penetrou em mim com força. Eu tive que me conter para não gritar. - É pequeno?
- É... – falei olhando para ele, que fez um movimento rápido e me penetrou com mais força ainda.
- E agora?
- É pequeno e você vai me machucar!
Ele começou a se movimentar dentro de mim, porém eu me sentia desconfortável. Era estranho, era devagar, eu não sei...
- Mais rápido – falei e, ao invés de ir mais rápido, ele aumentou a pressão em cima de mim.
- Tá bom assim.
- Depois eu que sou virgem?
Empurrei ele e inverti os lugares.
- É assim que se faz...
Sentei vagarosamente nele, que gemeu. Sorri de lado. Comecei a descer e subir nele e um pouco depois eu já cavalgava. Ele chegou ao ápice em poucos minutos, mas eu não consegui. E nem queria. Eu tinha feito tudo e ele nada. Normalmente eu nunca parava antes de chegar ao prazer, mas, sinceramente, aquele cara era broxante.
Levantei da cama e catei pelo chão as minhas coisas.
- Ei, já vai? – ele perguntou, sentando na cama.
- Claro.
- Mas por quê? Foi bom!
- Bom pra quem? Pra você, logicamente. – Meu celular começou a tocar e vi o nome no visor. - O que é? - atendi.
- Eu quero te ver. – A voz de Luan estava séria.
- Quer mesmo?
- Quero.
- Mesmo que tivesse um preço? – Uma idéia maravilhosa veio à minha cabeça.
- Sim.
- Esteja em minha casa segunda, três da tarde.
- O QUÊ? NÃO, não, não, não, . Não mesmo. Me tire dessa, . Você está louca – falou quando voltávamos para casa.
- O que é que custa, ? Poxa, não tem nada de errado.
- Você está ouvindo o que está me pedindo?
- Claro, não sou surda!
- , você já participou de uma orgia?
- Não, mas tenho vontade.
- Você é completamente demente.
- E qual é o problema?
- O problema é que você não tem idéia de como é.
- Eu aprendo. Por favor!
- Numa orgia você é completamente violentada. Por mais de um. Nesse caso seriam dois. E quem você chamaria para ser o segundo?
- . Ele nunca me nega nada.
- Você é louca. E qual é o plano? Serem descobertos por seus pais?
- Eles trabalham?!
- E por seu irmão?
- Ele vai estar na faculdade. Anda. Aceita!
- Você é uma ninfomaníaca.
- Eu nunca disse que não era.
- E Luan? Vai topar isso?
- Claro que vai!
- Pare com isso. Arrume um namorado e transe muito com ele para acabar com esse seu fogo. Mas pare de ir pra cama com qualquer um.
- Eu não quero namorar. Você sabe bem disso. E você não é nenhuma santa.
- Não. Não sou nenhuma santa. Mas já tento vinte e dois anos na cara. Moro sozinha, trabalho, estudo e me sustento. E você tem dezessete anos e mora com seus pais. Tudo bem, transe com qualquer um, se é o que quer. Mas orgias não. E aprenda uma coisa: NUNCA faça em casa. As chances de serem pegos é quase certeza.
- Então me deixa morar contigo!
- Quando você tiver dezoito, a gente conversa. Mas orgias não.
- , eu acho legal você se preocupar comigo. Tudo bem, eu fico só olhando. Eu não participo.
- , eu já disse que não. E se fizer isso, eu não falo mais com você!
- Por favor, , é melhor que esteja lá. Você é como minha irmã ou mãe. Cuida de mim. Eu juro que se algo der errado, eu acabo com tudo.
- Eu já disse que não e fim de papo.
- O quê? Não.
- Você quer deitar comigo de novo?
Luan pensou um pouco, mas seu rosto continuava horrorizado.
- Você sabe que eu quero.
- Então precisa fazer o que eu quero. Nada mais justo, não?
- Mas isso já é demais.
- Então pode voltar pra casa. – Levantei e fui em direção à porta.
- Espera. – Luan fitou a parede. – Porra, por que está fazendo isso comigo?
- Não é justo?
- Não. Não é justo.
se movimentou na poltrona, assustando Luan, que inconscientemente se afastou um pouco mais dele.
- Eu faço se você namorar comigo.
- Namoro? – Bufei. – Ah não, por favor...
- Então eu não topo.
- Tudo bem. Eu e vamos nos divertir sem você. – Peguei na maçaneta da porta.
- Você vai... Vai mesmo... Com ele? – Luan apontou para , que virou os olhos.
- , esquece. Ele não vai topar fazer uma orgia.
- E nem eu vou deixar.
Assustada, olhei para o pé da escada e me apavorei. me olhava incrédulo.
Impossível! Eu havia revistado a casa toda e não tinha ninguém. De onde ele havia saído? Foi aí que me dei conta que não olhara o quarto dele. Mas ele havia confirmado que iria para a faculdade no dia anterior. Como se ele lesse minha mente, falou:
- Hoje eu fiquei em casa. Agora me responda: eu ouvi realmente o que acho ter ouvido?
- Não – Luan falou prontamente e olhei para ele, incrédula, colocando as mãos na cintura. Depois voltei meus olhos para :
- E o que você tem a ver com isso?
- Não, eu não devo ter ouvido direito.
- Ouviu, ouviu sim. Nós iríamos fazer uma orgia.
- O quê? , você está se ouvindo?
- Eu estou ouvindo perfeitamente.
- Pare com isso imediatamente.
- E quem é você para me dar ordens?
- Sou seu irmão!
- Eu que dei a idéia, ! – Luan falou e eu estreitei os olhos.
- Não preciso de ninguém para me acobertar. Eu dei a idéia. Não preciso mentir. Pelo menos meu querido irmão fica sabendo que irmã ele tem.
- Luan, caia fora daqui. E você também! – Ele olhou para , que levantou um pouco os braços em sinal de rendição.
- Está casa é minha e eu chamo quem eu quiser.
- E também é minha. Caiam fora!
Os dois saíram, deixando apenas eu e , sozinhos.
- Você não tem nenhum direito de mandá-los embora!
- E muito menos você de fazer esse tipo de coisa na nossa casa.
- Nossa? Espera aí! Você não direito sobre esse lugar! E muito menos sobre mim. Só porque chegou agora não quer dizer que essa casa é sua e que você tem autoridade de mandar aqui, e muito menos sobre mim!
- Essa casa é de meus pais. E, portanto, é minha.
- Ah, tá certo! – Soltei um riso sarcástico. – “Meus pais”. Que consideração a sua agora! Nunca apareceu aqui antes e a casa é sua. Não quero imaginar quando eles morrerem.
- Estou falando de respeito. De dignidade.
- Você fala como um santo. Fico até comovida. Será que sou digna de trocar palavras com você? – Levei uma de minhas mãos ao peito. – Não me diga que você é virgem! Ah, vai tomar no cu!
- Eu sou seu irmão!
- Ah, é mesmo? Então me diz: quando chorei por estar apaixonada por um cara que não me amava, você foi atrás de quebrar a cara dele? Você sabe que comida eu gosto ou detesto? Quem é minha melhor amiga ou minha música preferida? O que me faz feliz ou triste? Minhas manias? Não! Você não sabe. E sabe por quê? Porque você nunca foi meu irmão!
- Não me culpe por querer melhorar de vida.
- Uma carta! Um telefonema! Um email... Qualquer coisa, ! Não venha me falar sobre considerações com os meus pais. Eu os amo. Amo tanto que não quero que saibam o que eu faço. Eles não se queixam de mim. E eu tenho meus motivos para agir como ajo.
- Ah, ama mesmo! Fazendo coisas das quais eles nunca se orgulhariam.
- Eles não me entenderiam. E você muito menos.
- Você não é nada do que pensei.
- É porque você não me conhece.
- Não ache que eles não ficarão sabendo disso!
- Faça isso. Na verdade, faça o que você quiser! É só pra isso que você veio mesmo. Me tirar a paz!
- Que paz é essa? Isso não é paz, isso é falso.
- Não, não é! Você sabia que papai teve um infarto ano passado? Que ele esperou você telefonar e você NÃO ligou? Ah, ops... Esqueci. Você estava... Como é mesmo? “Tentando melhorar sua vida”. Desculpa.
- Eu não sabia.
- Sabia, sabia sim. Minha mãe falou com uma moça que disse que ia te avisar...
- Monick não me avisou.
- Ou ela disse e você não ouviu.
Eu o encarei um pouco e vi que ele não falaria nada, então continuei:
- Não me dê ordens, porque eu não vou cumpri-las.
- Veremos.
Ouvi o carro de meus pais estacionar na garagem. Senti que meu coração ia sair pela boca. contaria tudo e eu estaria morta. Apesar de parecer durona, a idéia de que meus pais ficassem sabendo de tudo me atingia como um soco no estômago. Eu me importava com eles. Não queria que eles soubessem a filha que tinham sem saber meus motivos reais para agir daquela forma. E uma crescente raiva de surgiu em meu peito. Ele era a realização de todos os pesadelos que eu tinha.
Levantei da cama e fiquei andando para lá e para cá. O que faria depois que falasse prontamente: “Pai, mãe, a sua filha é uma vadia!”? Estava com medo. Definitivamente com medo.
Sentei na cama e bufei de raiva. A vontade de enforcar aquele bastardo só aumentava, mas tentei me acalmar. Precisava pensar em algo que me tirasse daquela furada e um jeito de me vingar dele.
Porém, quanto mais eu pensava, mais eu tinha certeza de que ele contaria tudo para meus pais. Precisava agir rápido, antes que tudo estivesse arruinado.
Ouvi batidas na porta e meu coração acelerou:
- Filha, vamos jantar. Eu trouxe a comida – ouvi a voz calma e doce da minha mãe.
Um alívio percorreu meu corpo. Pelo menos até aquele momento não havia dito nada.
Ao sair do quarto, dei de cara com , que saia do seu. Lancei um olhar furtivo para ele, que riu divertido.
Desci as escadas e ele veio logo atrás de mim. Fomos para a cozinha e nos sentamos à mesa.
- Boa noite, papai – falei, beijando sua bochecha.
- Oi, querida. Oi, filho. Como foram de dia?
- Pergunte a . Ela teve um dia maravilhoso. – Apenas eu sentia o sarcasmo na voz.
- O dia foi ótimo, papai. Eu e nos conhecemos melhor – falei, sorrindo para ele.
- Isso é ótimo – mamãe falou por fim, sentando-se à mesa. – Família tem que permanecer unida.
- É, mamãe. – Sorri e olhei para . – Unida e em paz!
- Mamãe, eu estive pensando... – falou, servindo a comida em seu prato. – Por que não contrata uma empregada? fica tão sozinha aqui.
Olhei incrédula para ele. Então era esse o seu joguinho?
- Eu estou bem. Obrigada por se preocupar!
- Ah, maninha, mas eu me sinto mal vendo você passar o dia sozinha aqui. Quem sabe uma empregada não seja bom? Além de companhia, ela faz tudo para você.
- É uma boa idéia – meu pai soltou e olhei para ele. – Eu ficaria menos preocupado com você nessa casa na companhia de alguém.
- Eu não acho necessário. Seria gastar dinheiro à toa.
- Eu posso pagar – falou sorrindo. – Tudo para a segurança da minha querida irmã mais nova.
Bufei de ódio ao fechar a porta de meu quarto. Ele faria os joginhos dele? Se fosse assim, eu também faria os meus. Minha mãe me encarregara de procurar uma empregada. Foi aí que tive uma brilhante idéia. Peguei a lista telefônica e procurei o que queria. Peguei o celular e disquei alguns números.
- Agência de diaristas, boa noite.
- Boa noite, eu gostaria de contratar um de seus profissionais.
- Preferências?
- Sim, que seja homem, alto e bonito. Por favor.
Nada pagaria a cara que fez ao ver Bruce, o nosso novo empregado. Sentei no sofá, vendo o Bruce conversar com meus pais. fechou a cara a partir do momento em que olhei para ele e ri. Rapidamente Bruce foi contratado e meus pais saíram para o trabalho.
- Eu te deixo na escola – falou com sua voz grave.
Entrei no carro de , coloquei o cinto de segurança e cruzei os braços.
- O que você pensa que eu sou? Idiota?
- Sinceramente? – Levantei o cenho.
- Você está brincando com minha cara.
- Ora, por que faria isso? – ironizei e ri.
- Pára de enlouquecer!
- Ele é um empregado. Profissional no que faz – falei e minha voz saiu um pouco mais maliciosa. – Ah, e vá para sua aula, viu? Pode reprovar por atraso.
- Não insulte minha inteligência, . Eu sei por que contratou aquele homem.
- Sua mente é tão fértil, irmão.
- Não sou eu quem tem idéias loucas, irmã. – Ele enfatizou o “irmã”.
- Vire à esquerda – falei e virei os olhos.
- Tô de olho em você, . Abre o olho.
Tirei o cinto de segurança, bufando, e abri a porta.
- Tenha um bom dia! – ele falou rindo.
- MORRA!
Abri a porta da sala de casa e ouvi um barulho na cozinha. Andei vagarosamente até lá; cena bizarra. Bruce com um avental todo florido e lavando a louça.
- Boa tarde – falei e ele olhou para mim.
- Ah, boa tarde, senhora. Eu não a vi aí.
- Não me chame de senhora. Tenho dezessete anos.
- Desculpe. – Ele voltou a lavar a louça.
- E não peça desculpas direto. – Me encostei no umbral da porta e fiquei olhando ele lavar a louça. Era alto, não muito forte, mas tinha aquele porte de homem, sabe? E era bonito. Tinha cabelos pretos e olhos negros. Ele parecia não se incomodar comigo ali.
- Eu vou subir e tomar banho.
- Tudo bem. O almoço já está pronto.
- Ah, aproveita e pega as roupas sujas dos quartos.
- Tudo bem...
Subi as escadas correndo e entrei no quarto. Deixei a porta aberta, assim como a do banheiro. Tirei a roupa e entrei no box, ligando o chuveiro. Deixei a água escorrendo em minha cabeça. Ouvi um barulho no quarto e desliguei o chuveiro.
- Bruce?
- Desculpe, eu não sabia que...
- Não, tudo bem. Faça o que tem que fazer. Só me faz um favor?
- Diga.
- Pega minha toalha? Por favor, está em cima da cadeira do computador.
Esperei alguns segundo e ele respondeu:
- Onde eu coloco?
- Venha aqui...
- Mas, senhora, eu...
- Não me chame de senhora. Venha logo aqui.
Ele entrou no banheiro de olhos fechados. Comecei a rir.
- Abra os olhos, Bruce. – Abri a porta do box e ele abriu os olhos. – Nunca viu uma mulher nua?
- Se-senhora... – Seus olhos pousaram em meus seios.
- – falei bem perto de seu rosto. – Meu nome é .
Ele balançou a cabeça e saiu do banheiro. Me enxuguei e ri da cena.
Durante O resto da tarde, Bruce me evitou ao máximo. Falava o necessário e não olhava para mim.
Quando ia dar cinco da tarde, chegou em casa. Estava sentada no sofá, assistindo TV e comendo brigadeiro. Ele colocou as chaves em cima da TV e me olhou, levantando o cenho.
- Sai do meio – falei olhando pra ele.
- Oi pra você também.
- Boa tarde... – Bruce apareceu, colocando a mochila nas costas. – Eu já estou indo.
Ele não olhou para mim e, quando ia saindo, falei:
- Tchau, tchau, Bruce.
Ri de lado e olhou para mim.
- Como foi o dia? – perguntei.
- Não fale comigo.
- Opa, desculpa por me dirigir a você pessoalmente. Vou marcar horário.
- O que fez com o pobre rapaz?
- Nada – respondi fazendo aquela sugestão de que não era exatamente “nada”, mas continuei, enquanto levava a colher a boca. – Por que sempre pensa essas coisas de mim?
- Não tenho motivos?
- Não sei... – Coloquei a colher na panela e deixei-a de lado. – Vamos conversar sobre isso.
- Eu não vou conversar sobre isso com você.
- Okay, então conversaremos sobre você, o que acha?
- Ah, eu vou subir. – Ele ia andar quando soltei:
- O que é? Tem medo de conversar com a sua irmã mais nova?
- Você não fala muita coisa que se aproveite.
- É mesmo? Então tudo bem. – Levantei do sofá e fui em direção à cozinha.
- O que você quer saber sobre mim?
- Nada. Você tem cara de certinho...
- Você que é ridícula.
- Ora, por quê? Não é certinho então?
- Eu vou tomar banho.
- Você é... homem? Quero dizer... No verdadeiro sentido da palavra?
- O QUÊ?
- Sei lá... Pode ser que... Ai, ia ser tão legal ter um irmão gay!
- Eu não vou responder um absurdo desses!
Ele saiu com ódio e gargalhei. Consegui irritá-lo. Sentei no balcão da cozinha e bebi um gole de água. Lembrei de Bruce lavando a louça. Nossa... Que empregado!
Ouvi a batida na porta. Baixei o livro e falei:
- Pode entrar.
Bruce entrou no quarto todo errado.
- Eu vim pegar a... a roupa suja.
- Ah, sim... Pode pegar um balde lá no banheiro.
Bruce foi rapidamente ao banheiro e, quando ia saindo do quarto, falei:
- Espere... – Me movimente e saí da cama. Fui à mesa do computador e peguei uma calcinha que havia lá. Caminhei até ele e olhei em seus olhos.
- Você... esqueceu – falei sorrindo e colocando-a no cesto.
- Por que está fazendo isso comigo?
- Por que será?
- Eu vou...
- Vai o quê? – sussurrei em seu ouvido.
Ele olhou para a minha boca.
- Vá em frente – falei sorrindo.
Ele soltou o cesto e me puxou, beijando meus lábios. Sua língua invadiu minha boca, me causando calafrios.
- Eu não quero tirar a sua...
- Eu não sou virgem! – falei, mordendo seu lábio inferior. – Então me trate com respeito.
- Com certeza.
Ele me suspendeu do chão e eu enlacei minhas pernas em sua cintura. Me levando para cama, ele não parava de beijar meus lábios e pescoço. Então me deitou na cama:
- Desde ontem... Você não sai da minha cabeça.
- Eu sei. – Segurei seus lábios.
- E seu irmão? Ele pode...
- Ele pode morrer.
Bruce riu e tirou sua camiseta. Mordi o lábio inferior e sentei, beijando todo seu peitoral, depois desci minhas mãos e desabotoei sua jeans.
- Como uma moça como você faz isso?
- Você já se olhou no espelho? – perguntei rindo. Ele tirou minha camiseta e me deitou, sugando meu seio e massageando o outro. Gemia feito uma louca.
- E VOCÊ? Já se olhou? – ele perguntou e sugou meu outro seio com mais força. Tive de me segurar pra não gritar. – Eu não tenho camisinha aqui comigo.
- Eu tenho – falei olhando para o móvel do lado da cama. Ele desceu os beijos, contornando meu ventre e chegando à barra do meu shortinho. Ele desabotoou e baixou o zíper, olhando para mim. Então ele tirou aquilo, me deixando apenas de calcinha. Puxei-o para cima e beijei sua boca novamente.
- Você tem certeza que quer continuar?
- Se você parar, eu te mato! – falei com dificuldade enquanto ele beijava meu pescoço. Com o comentário, ele riu e desceu os beijos.
A essa altura, sua jeans estava longe e pude ver o que ele escondia tão bem. Em um movimento, ele tirou minha calcinha e começou a beijar por entre minhas coxas, indo cada vez para o meu ponto, que já doía de tanta espera. Minha respiração se esvaiu quando senti o toque de sua língua dentro de mim. Era como se ele sugasse minha alma. Quando ele sugou com mais intensidade, soltei um grito. Sua língua encontrou a minha e, num movimento só, ele tirou sua cueca. Lhe dei a camisinha e, depois de colocá-la, ele me beijou, penetrando com força dentro de mim. Seu beijo abafou o grito.
Os movimentos iniciais eram lentos, porém começaram a ficar mais rápidos a medida que o tempo passava.
Me esquivei completamente e o ápice me atingiu violentamente. E logo depois veio o dele.
Então, olhando em meus olhos, ele sorriu. Ele ainda estava dentro de mim e estávamos ofegantes. Sorri um pouco e então ele saiu. Puxei minha cobertas e ele ficou procurando suas roupas pelo chão. Então ele parou e me olhou:
- Você tem mesmo dezessete anos?
- O que o vovô tem, papai?
- Ele só teve um mal estar hoje. Amanhã passarei lá e vou vê-lo.
sentou na mesa e me o olhou fixamente. Sorri involuntariamente.
- E como anda o novo empregado? Está se dando bem com ele?
- Ah sim, papai! Ele é ótimo. E faz tudo.
- É mesmo? – ironizou. – Eu vi que ele não recolheu a roupa suja do meu quarto.
- Ele fará isso amanhã.
quase me fuzilou com os olhos.
- Bem, eu acho que já podemos contar, não é, amor? – mamãe falou, olhando para meu pai.
- Contar o quê? – perguntei curiosa.
- Nós estávamos esperando um melhor tempo nas nossas finanças, nós já comentamos com você, querida. – Mamãe sorriu. – E bem... Acho que não tem tempo melhor.
- Nós vamos ter uma segunda lua de mel em Paris, minha filha. – Papai sorriu.
- Vocês vão viajar? – perguntei surpresa.
- Não, . Paris é aqui em casa. – virou os olhos.
- Sim, minha filha, vamos viajar. E achamos que, já que está aqui, seria o melhor momento. Você não ficaria sozinha.
- E quando vão? – o bastardo falou, ele estava animado.
- Domingo agora...
me olhou com aquela cara de psicopata e, juro, dessa vez eu estava com medo.
- E como vai ser?
- Eles vão viajar e eu vou ter que agüentar por uns dias.
- Será que ele mudou de idéia com relação à orgia?
- Ai, ... Claro que não! E ele é caretão. Acho que é virgem. Parece um santo.
- E o Luan?
- Sumiu. Menos mal...
- Já está subindo pelas paredes?
- Que nada!
- Ora, já tem alguém?
- Meu empregado. – Sorri maliciosa, imaginando quão BOM ele era.
- Empregado?
- É, o Bruce. Ai, ... Ele é a realização de todos os sonhos de uma mulher! Ele é tão... Gostoso... E... Homem... E... Duro.
- Meu amor, isso é um homem ou um pênis?
Comecei a rir, até que ouvi uma batida na porta.
- , tenho que desligar. Beijo.
- Tchau, meu amor...
Desliguei o celular e fui até a porta. Ao abrir, dei de cara com . Ele me empurrou e fechou a porta.
- O que é?
- Quero que deixe de ser ridícula. Temos que estabelecer regras aqui.
- Perca de tempo. – Sentei na cama e cruzei as pernas. – Eu não vou obedecê-lo.
- Isso é um aviso.
Ele saiu do quarto e eu fiquei sozinha de novo.
A aula de química demorava a passar. Aquela matéria era impossível de compreender. Buteno, metano...
Após o término da aula, falei com algumas colegas da sala sobre o PST e, enquanto conversava, tinha cada vez mais a certeza de que eu passaria em Direito.
Quando cheguei em frente à escola, vi o carro de , o que eu achei muito estranho.
- ? – perguntei, chegando perto, e ela abaixou o vidro.
- Ai, ainda bem que saiu.
- O que foi?
- Eu quero conversar contigo. Entra aí.
- Tudo bem. – Entrei no carro e coloquei o cinto de segurança. – O que aconteceu?
olhou pelo retrovisor, parecia assustada.
- Olha... – Ela ligou o carro e deu a partida. – Eu vou sumir por uns tempos.
- O quê? Por quê?
- Não posso te explicar agora, mas... Mas tenho que fazer isso. Queria que você desse uma olhada lá em casa, pode ser? É só por uns dias, até eu voltar.
- , eu...
- Por favor!
Respirei fundo e olhei para as mãos dela, então vi uma mancha estranha.
- O que foi...
- Eu não posso explicar, , por favor. Você não me respondeu se vai me ajudar ou não.
- Tá, , claro que vou te ajudar. Eu só quero entender... Mas pra onde você vai?
- Eu não posso dizer agora, eu prometo ligar.
- Mas como eu vou saber se está bem?
- Eu disse que ligo. Eu juro. Eu já menti pra você?
- Não...
- Por favor, , eu só tenho você pra contar. Você não pode dizer isso pra ninguém.
- Tudo bem. Sabe que pode contar comigo.
- Eu só tenho você pra contar.
Após ela me dar a chave de seu apartamento e me deixar em frente à minha casa, ela sumiu no final da rua. Fiquei parada olhando para o lugar vazio.
Entrei em casa e ouvi um barulho que vinha de dentro da cozinha. Joguei minha mochila no sofá, caminhei até a entrada da cozinha e parei no umbral da porta, vendo Bruce lavar a louça.
- Oi – ele disse animado, virando-se para mim.
- Oi. – Sorri desanimada, caminhando até a cadeira e sentando.
- Pelo seu “oi”, tem alguma coisa de errada. Tudo bem?
- Tudo –menti. – Não precisa se preocupar comigo.
Ele enxugou as mãos em um pano de prato e caminhou até mim.
- Nada que eu possa fazer por você?
- Tem. – Ele levantou o cenho. – Me fazer esquecer esse dia, consegue?
Ele sorriu e me beijou. Sua língua quente adentrou a minha boca, me causando calafrios. Quando suas mãos encostaram em minha cintura, a preocupação com se esvaiu na hora. Ele começou a sugar meu pescoço, deixei que o fizesse e levantei minha cabeça. Minhas unhas cravaram em suas costas, por debaixo de sua blusa. Ele tinha cheiro de homem. Homem másculo. Homem DE VERDADE!
Sua boca voltou para a minha e suas mãos desceram para minha coxa, gemi um pouco.
- Vamos para o...
- Não. Faremos aqui – ele disse ao meu ouvido e depois o lambeu. Senti um calafrio fora de série. Eu não sabia nada daquele homem. O que eu sabia era que ele era um dos caras mais... Ah cara, ele era gostoso.
Bruce tirou minha blusa e me levantou da cadeira em seguida, me apertando em seu corpo. Eu continuava beijando sua boca. Ele então me levantou e me colocou em cima da mesa, eu, por minha vez, comecei a afastar tudo de cima da mesa. Mas logo vi que ali não poderia, já que a mesa era de vidro.
As carícias continuavam a medida que o tempo passava. Bruce tirou meu sutiã e só então me tirou da mesa e eu pude fazer algo por ele. Desci sua jeans e cueca. Fiz ele sentar na cadeira e passei minha língua por todo seu membro ereto e duro. Então comecei a sugá-lo. Ele colocou a cabeça para trás, soltando gemidos. Fiquei ali por algum tempo.
-Já chega! – Ele me puxou para cima dele e me prensou contra o seu corpo. Senti seu membro entre minhas penas. O pano da minha jeans era insuportável. Ainda sentada nele, desabotoei minha calça e tirei-a com o tênis. Bruce afastou um pouco minha calcinha e apertou meu clitóris. Soltei um grito, que foi abafado pelo seu beijo. Então, por fim, na impaciência, ele rasgou minha calcinha e me sentou, me encaixando perfeitamente onde ele queria. Gemi alto. Ele estimulou meu clitóris novamente, mexendo em formas circulares. Comecei a subir e descer em cima dele, colocando a cabeça para trás e segurando seus ombros.
Não estávamos prevenidos, mas como eu tomava pílula anticoncepcional, eu não estava muito preocupada.
Ficamos ali por um bom tempo. Coloquei minha testa na dele e ficamos nos olhando. Já ofegava, meus cabelos estavam grudados em minhas costas.
Senti o líquido entrar em mim e na mesma hora estremeci. Chegamos ao ápice juntos. Fechei meus olhos com a respiração descompassada.
- ? – Sua voz estava rouca.
- Hum? – respondi sem olha para ele.
- Esquecemos o preservativo e...
- Eu tomo pílula, fique tranqüilo.
- Eu acho melhor você se lavar... – ele falou, passando a mão em meus cabelos. – Seu irmão pode chegar e... Não quero que ele nos pegue assim.
Senti uma raiva crescendo dentro de mim. Por que sempre a porra do meu irmão? Levantei, catei minhas roupas do chão e subi as escadas, sem ao menos olhar para Bruce. Entrei em meu quarto e tranquei a porta na chave. Corri para o banheiro e fui tomar banho. E enquanto estava debaixo da ducha, fiquei pensando em cada cena que havia vivido minutos antes. Era tão bom e ao mesmo tempo tão... sujo.
Então fechei os olhos e me veio à cabeça. Na briga que tivemos no dia que ele descobriu tudo, no quanto ele iria me prejudicar. Mas algo veio à minha mente. No dia em que ele chegou e eu o vi na cozinha... Ele me olhou e... Olhou meu corpo. Eu estava com uma camisolinha seminua e ele... Ele me olhou daquele jeito que... Um homem olha uma mulher e...
- Vamos, meu bem... Assim... Assim... – Estava por cima dele, e ele segurava meus cabelos. Desci minhas mãos até sua barriga e ele até minhas nádegas.
- , alguém pode nos ver...
- E daí? Eu não me importo. Eu...
Sentei na cama assustada. Respirei fundo e deitei novamente. Aquilo fora apenas um pesadelo ridículo. era insuportável e meu irmão. Ficar com primo, tudo bem. Mas com irmão... Com irmão, nem pensar. E com então... Nunca!
Tentei dormir, até que ouvi minha barriga roncar. Então me lembrei que não havia jantado naquela noite.
Levantei da cama e abri a porta do meu quarto em silêncio, para não acordar ninguém. Desci as escadas, a casa estava totalmente calma. Liguei a luz da cozinha e abri a geladeira. Achei um pedaço de torta e coloquei-a num prato. Depois coloquei-a no microondas, me escorei na mesa e fiquei olhando para o nada.
- Pensei que não ia comer nada.
Ouvi a voz de e senti um calafrio. Olhei para trás e o vi escorado no umbral da porta.
- E eu pensei que estava dormindo, não se preocupando com minha alimentação.
- Ora, pare de me atacar. Eu tenho insônias às vezes. E hoje eu tive. Tava lendo um livro e ouvi você saindo do quarto.
- Eu acordei com um pesadelo e senti fome – falei, voltando a me virar para o microondas.
- Você tá sabendo que a sumiu?
- Como assim sumiu? – Caminhei até o microondas e o abri, pegando a torta.
- Ela sumiu. Não sabe de nada?
- Não.
Me escorei no balcão e comecei a comer a torta.
- Ela tem disso, daqui a pouco tá aí.
- Bom, eu não sei...
Olhei para ele e quando nosso olhar se encontrou, lembrei do sonho. Desviei o olhar para baixo.
- Por que não quis jantar com a gente hoje?
- Estava cansada e sem fome.
- Espera mesmo que eu acredite nisso?
- Eu não espero nada de você. E desde quando se importa comigo?
- Eu estou querendo manter um diálogo entre nós dois, não tá vendo?
- Perca de tempo.
- O que aconteceu? Está grávida?
- Estou.
- Sério? – Ele levantou o cenho.
- Não. – Virei os olhos. – Qual o seu problema? Vai dormir.
- Estou com insônia.
- Então vai ler.
- Eu não vou a lugar nenhum...
- Mas eu vou... – falei caminhando e, quando passei do seu lado, ele segurou meu braço. – Me solta, .
- Me diz logo onde está.
- Olha, eu não sei, está bem?
- Eu sei que está mentindo.
- Que droga! Eu não sei!
- Porra, olha pra mim!
Então percebi que não olhava pra ele. Levantei a cabeça e olhei em seus olhos.
- O que é?
- Eu quero saber até quando vai continuar com isso.
- Com isso o que?
- Com essa sua birra infantil comigo.
Senti novamente aquele frio na espinha quando seu olhar se acalmou.
- Nunca! – falei num fio de voz. – Você é desprezível e eu te odeio MUITO!
Consegui me desvencilhar dele e corri escada a cima. Por que ele tinha de ser tão idiota?
- AI, ME LARGA, SEU IDIOTA! VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO!
me puxava pelos cabelos. Abriu a porta de seu quarto e me jogou lá. Eu usava apenas calcinha e sutiã. Naquele dia havia ele havia chegado mais cedo em casa e me pego com Bruce.
- É bom que machuque mesmo! Onde você quer chegar, hein? Feito uma vagabundinha de quinta categoria?
- Quem é você pra querer me dar lição de moral? Não seja ridículo!
- Eu sou seu irmão! E não quero ver você fazendo isso aqui na minha casa.
- Então feche os olhos, e essa casa é dos meus pais. Não desconte em mim a sua falta de sexo, seu imbecil!
- Você tem resposta pra tudo, não é? Você acha isso bonito, se diverte fazendo nossos pais de idiota, não é?
- Cala a boca, – falei entre os dentes.
- O que é? Não é verdade? Isso pra você é um joguinho perigoso. Você adora isso.
- Você não me conhece, não sabe os meus motivos.
- E qual seria o motivo pra você virar uma puta? Desilusão amorosa? “Oh, ele me deixou, vou dar até pro EMPREGADO!”?
- Cala a boca, ! – falei já com a voz embargada.
- Ande, ! Qual o motivo?
- Me deixa em paz! – falei num fio de voz e baixei minha cabeça. Ele não respondeu dessa vez. – Eu não preciso de você.
Minha voz vacilou e ele percebeu que queria chorar. Então tirou a camiseta e me deu.
- Tome. Vista isso...
- Eu não quero nada seu! – Joguei a camiseta para longe. – Eu quero que você morra!
Ele saiu do quarto sem dizer nada. Então tudo veio a tona e chorei. Ouvi alguns gritos lá debaixo e a porta sendo fechada com força.
Depois de um tempo a casa se acalmou e quando estava mais calma, limpei as lágrimas e vesti a camiseta de . Saí do quarto e desci as escadas vagarosamente. Ouvi um barulho de água na cozinha e, quando cheguei à porta, vi debruçado sobre a pia, molhando o rosto.
- ?
Ele virou para mim e vi uma parte do seu rosto vermelho. Quando fiz menção de ir até ele, ele falou:
- Não chega perto de mim!
Recuei. Confesso que fiquei com um pouco de medo que ele pudesse me machucar. E, naquele momento, fiquei com a consciência pesada.
- , eu...
- As coisas vão mudar a partir de hoje. Se você gosta de agir como uma piranha e vagabunda, tudo bem. Aja! Eu não me importo. Mas não espere de mim nenhum respeito!
- Tenho certeza de que posso sobreviver sem o teu respeito – falei seca. A culpa já tinha sumido e a raiva reaparecido.
- Mas tem uma coisa: aqui, nesta casa, você vai andar na linha. Porque, desta vez, eu juro que se pegar você com um homem aqui nossos pais ficarão sabendo de tudo. E eu terei como provar. E... – ele continuou quando ia protestar – não adianta dizer que não se importa, eu SEI que se importa. Não brinque comigo, . Porque eu acabo com essas sua imagem de santinha.
Ele passou por mim e subiu as escadas. Permaneci parada, imóvel na cozinha. Então resolvi subir para meu quarto. Nossos pais estavam chegando e não queria que eles me vissem nessa situação.
Os dois dias que se passaram até a viagem de meus pais foram de certa forma tranquilos. Eu e não nos falamos. Evitávamos até nos olhar.
Naquele domingo, também havia ligado para dizer que estava bem e que não me preocupasse com ela. Pediu também para que eu fosse à sua casa e ver se estava tudo certo por lá. Também lhe contei tudo que havia acontecido.
- Como assim? Agora?
- Agora ele que se dane. Não ligo pro que ele pensa.
Mas a notícia que me pegou de surpresa naquele dia só chegara quase à meia noite. Eu assistia a um filme em meu quarto quando ouvi o telefone tocando lá embaixo. Corri e atendi o telefone prontamente:
- Alô?
- ? – ouvi a voz de tia Vera. Mas tinha algo errado. A voz estava chorosa.
- Tia Vera? Oi, o que foi?
Vi descendo as escadas.
- Querida, seus pais já viajaram?
- Sim, tia, o que foi? – falei olhando para .
- Querida, eu estou aqui no hospital. Papai teve um infarto e acabou de falecer. Seu avô acabou de falecer, meu bem.
Fiquei paralisada com o fone no ouvido. Ela fala qualquer coisa do outro lado, mas eu não ouvia. Então senti as lágrimas descendo pelo meu rosto.
- ? , o que foi? – pegou o telefone e falou qualquer coisa.
Sentei no sofá e comecei a chorar desesperadamente. Abracei minhas pernas e encostei minha cabeça no joelho.
- ... – falou desligando telefone e sentando ao meu lado, me abraçando. – Calma...
Eu soluçava de tanto chorar, então cedi ao abraço e o abracei.
- Shiii... Calma. Vai dar tudo certo, você vai ver.
- Eu... eu quero ir ao... ao hos-hospital... – falei soluçando.
- Não adianta. Não é preciso. Eu falei com a tia Vera, ela disse que não há nada pra fazer no hospital. Vamos amanhã ao velório, está bem?
Não consegui protestar. Estava muito triste e desesperada. Eu tremia dos pés à cabeça. me levou até a cozinha e me sentou em uma cadeira. Ele preparou água com açúcar e me entregou. Peguei o copo tremendo. Minhas mãos não suportavam o peso do copo.
- Você tem que dormir...
- N-ão, eu na-não quero... quero dor-dormir... Eu quero meu... meu a-avô... – E desabei em choro, enquanto me abraçava.
Estava calma. Completamente sedada. Não chorava, gritava ou ao menos demonstrava toda aquela dor que sentia em meu peito. Não conseguia ao menos chorar.
Aquela manhã amanhecera com um sol lindo no céu, como de propósito. permaneceu ao meu lado durante todo o velório e sepultamento. Luan e alguns outros primos vieram me abraçar, assim como meus tios e minha vó, que também estava sedada como eu.
Meu avô era meu segundo pai, eu o amava muito e ele já havia cansado de dizer que eu era sua neta favorita por ser a mais nova.
Quando eu vi que o caixão estava sendo abaixado, escondi meu rosto no peito de e comecei a chorar. E ali foi o único momento que consegui chorar durante aquele dia.
- Eu gostaria de tê-lo conhecido melhor... – falou enquanto dirigia. Eu havia me enterrado na poltrona do carro e olhava para minhas mãos. – Você o amava muito, não era?
Não respondi. Não precisava de respostas. E eu também sabia que ele não esperava nenhuma resposta minha.
Chegamos em casa e fui para meu quarto. Dormi durante todo o dia e noite. Queria esquecer tudo aquilo. Queria acordar e sentir que tudo aquilo não passava de um pesadelo. Que quando acordasse teria minha vida. Teria minha vida de volta.
- Como se sente?
- Bem... – falei após tirar o termômetro da boca.
- É... – olhou para o aparelhinho e sorriu. – A febre passou. Agora você precisa se alimentar.
- Eu estou sem fome.
- Eu sei, mas você vai ter que comer alguma coisa. Não pode ficar doente. Não temos dinheiro para enterrá-la agora.
Ri um pouco.
- Vem, vamos descer e comer alguma coisa... – Ele estendeu a mão e sorriu maroto. Hesitei um pouco, mas acabei aceitando.
havia feito uma canja que cheirava da escada. Então finalmente senti minha barriga reclamar da fome. Fomos à cozinha e sentei. Coloquei um pouco de canja em meu prato e comecei a comer. Ele se sentou de frente para mim e ficou me observando comer.
- Eu falei com nossos pais. Eles estão tristes. Queriam até cancelar a viagem. Mas eu os convenci a não fazerem isso.
- É, eles tão certos de não cancelarem. Eles têm que se divertir. Fazia tempo que eles não tinham tempo para eles mesmos. Eles precisam descansar independente do que aconteceu aqui. Não podem ser fracos como eu.
- Ah, , não é fraqueza você amar quem é importante para você. Isso só mostra o quanto você é humana e o amava. E eles não voltam porque sabem que não podem fazer mais nada.
- Eu acho que tenho que te agradecer por esses últimos três dias... E te pedir desculpas...
- Não é o momento de agradecer ou pedir desculpas. Você sempre será minha irmã. Minha irmã mais nova.
Não disse nada. Não tinha nada pra dizer, na verdade. A trégua fora estabelecida naqueles dias. E por mais que quisesse odiá-lo, eu não conseguia.
Porém, cada vez que eu o olhava, ou ele simplesmente me tocava, eu sentia algo dentro de mim que não sabia explicar. E a única certeza que eu tinha era que não era um sentimento fraternal.
E ao final daquela noite eu me deitei, me virei sobre meu travesseiro e tive a plena certeza de que ele me olhava da mesma forma
A escola chegava a ser insuportável e as tardes sem o Bruce também. Porém, quando chegava em casa à noite, eu sentia aquela alegria estranha. Passamos a conversar mais e descobri muitas coisas sobre ele. Ele adorava a Europa - tinha costumes europeus, como ser pontual, seco feito uma madeira e super ligado à política.
- Qual o lugar mais lindo que conheceu?
- É difícil escolher um... – Ele pensou um pouco, passando o guardanapo pelos lábios. – Mas a Nova Zelândia é de tirar o fôlego. Quero que minha lua-de-mel seja lá.
- E sua namorada? Como é?
- A Monick é encantadora. Às vezes ela é meio empolgada demais com as coisas. Mas ela é ótima. Eu a conheci no curso de medicina.
- Ah, ela também é médica?
- Sim, sim... Ela também é recém-formada, como eu.
- Eu fico feliz por você. – Sorri e ele retribuiu o sorriso.
- Quer ver filme?
- Qual?
- Eu aluguei alguns, vou pegar lá em cima...
Estava deitada no sofá com a cabeça nas pernas de . O filme acabou e começou a passar os créditos finais. Fechei os olhos, estava com um pouco de sono. Mas não dormi. passou a mão pelo meu cabelo e depois pelo meu rosto. Abri os olhos e nos fitamos. Ficamos um bom tempo assim, ele olhando para dentro de meus olhos. Foi quando sua outra mão pegou em meu rosto.
Ele levantou bruscamente e acabei caindo e batendo forte meu braço na mesinha de centro.
- Ah, , me desculpa... – Ele se abaixou para me ajudar e nosso olhar se encontrou. E fiz algo que nunca pensei que faria: eu o beijei. A princípio, tinha certeza que ele ia corresponder, mas ele me afastou bruscamente. – O QUE ESTÁ FAZENDO?
Eu não sabia o que dizer. Eu o havia beijado. Meu irmão.
- Nunca mais faça isso! – wle falou levantando e saindo. Fiquei alguns segundos parada no chão. Então vi que meu cotovelo sangrava. Levantei e fui à cozinha. Liguei a torneira da pia e deixei a água escorrer em cima do machucado. Fiquei olhando a água abundante descer e pensando em como eu podia ser tão ridícula a ponto de beijá-lo.
Foi quando senti seu toque em meu braço. Ele fechou a torneira e colocou um kit de primeiros socorros em cima da mesa. Ele me sentou na cadeira e começou a fazer o curativo. Eu não o olhava e nem ele a mim.
- Isso logo vai ficar bom se você souber cuidar.
- Eu vou saber.
- É bom, porque não vou poder cuidar de você pra sempre.
Senti uma raiva fora do normal invadir meu corpo. Eu não havia pedido sua ajuda e ele estava jogando na minha cara tudo que tinha feito por mim. Puxei meu braço bruscamente.
- O que foi? Eu não terminei!
- Não precisa, eu sei me cuidar.
- Pára de ser infantil!
- Pare você de me aturar! – Levantei da cadeira e ia andar para meu quarto, só que ele foi mais rápido e pegou em meu braço forte. – Me solta!
- Deixa eu terminar de fazer esse curativo – ele falou entre os dentes
- Pra você me jogar na cara? Não, obrigada. Prefiro morrer!
- Parece que vai voltar tudo de novo!
- Não, , vai voltar tudo normal! Se está assim por causa do beijo, eu...
- , aquilo foi você! Você induziu.
- Ah, tá certo! E você ficar me olhando fixamente como se fosse me beijar não é nada, não é?
- Espera aí, você não está dizendo que a culpa é minha?
- É sim! Agora me solta!
- Eu sou seu irmão!
- Então, irmão, eu vou subir! – Me desvencilhei dele e saí da cozinha correndo escada acima. Fechei a porta do meu quarto e fui ao banheiro fazer o curativo. Voltei para o quarto e deitei na cama, abraçando meu macaco de pelúcia.
- Pra você – uma menina da minha sala sussurrou e me passou um papelzinho no meio da aula.
- Obrigada – agradeci sorrindo e virei, abrindo o papel com cuidado para o professor não ver.
Sábado vai ser meu aniversário e vai ter uma festinha.
Vamos?
Joss.
Olhei para ela e sorri fazendo um “joinha” com a mão.
Após a aula fui à casa de dar uma olhada no lugar e depois fui para casa de .
-Você está bem? Está com o rosto triste – ele falou me dando um copo com água. – Fiquei sabendo do seu avô. Eu sinto muito.
- Eu estou bem.
- E o irmão?
- Eu sei lá daquela peste. Quero distância.
- Opa! O que ele deve ter feito você deve ter gostado muito ou odiado muito.
- Ele voltou para NJ, só isso. Ele é insuportável, completamente impossível e totalmente retardado. É impossível ter paz com ele por perto.
- O que foi que aconteceu?
- Estávamos até nos suportando. Mas ele conseguiu estragar tudo, aquele filho de uma mãe!
- Deixa eu adivinhar: você o beijou e ele ficou com raiva.
- E ele ainda jogou na minha cara tudo que fez por mim.
- Típico.
- Mas tanto faz! Eu pensei que ele fosse diferente.
- Ele está morrendo de tesão por você, eu sei.
- Ele não tá nada por mim. E não inventa nada. Como ele pode estar envolvido?
- Ele não quer aceitar o que realmente quer.
- Então ele vai morrer seco, porque eu não quero mais.
- Ah, você queria?
- Pára! – Ri. – Idiota.
- Tem certeza que não quer?
- Tenho. Ele é um idiota.
- Isso não quer dizer nada.
- O que eu quero... – pensei um pouco – é me vingar dele.
- Se vingar?
- É, pra ele aprender a não brincar comigo.
- Eu tenho uma idéia infalível, mas requer de você um pequeno esforço.
Ouvi o barulho do carro de e olhei pela janela. Ele saiu do carro e olhou para a janela do meu quarto. Me afastei um pouco para ele não ver que eu estava olhando ele. Fechei a cortina e me olhei no espelho. A roupa era um short e uma blusinha super curta que tinha ganhado de . Eu nunca tinha usado aquilo por que não gostava de andar nua pela casa. Não sem um motivo de verdade.
Abri a porta do quarto e o ouvi subindo as escadas. Fechei novamente a porta e me escorei nela.
- Vamos lá, , calma.
Repassei mentalmente tudo que tinha que fazer. Então o ouvi fechando a porta de seu quarto.
Saí do meu e desci as escadas. Fui em direção à cozinha. Abri a geladeira e peguei a poupa de fruta e depois peguei o liquidificador no armário.
Comecei a fazer o suco e o senti entrando na cozinha. Sentia seu olhar em minhas costas. Olhei para trás e o vi parado. Voltei a olhar para frente e sorri de lado.
Abri o armário e tentei pegar o açúcar que havia colocado propositalmente em um lugar impossível para que eu pegasse sem uma cadeira.
- Vai ficar parado aí? Me ajuda aqui – falei e ele em silêncio e vagarosamente começou a caminhar até mim. E por trás de mim pegou o açúcar roçando em meu corpo. Agradeci sorrindo de lado.
Foi quando ouvimos a campainha.
- Eu atendo – falei e fui até a porta da sala e a abri. Era o entregador da pizza. Ele me olhou dos pés a cabeça e eu sorri. observava tudo.
- Boa noite. – O entregador sorriu ao me ouvir. – Quanto é a pizza?
- Não precisa pagar. Pra você é de graça. – Ele piscou.
- Ah, que meigo de sua parte. – Sorri.
- Não, mas eu faço questão de pagar! – falou com uma voz grave e passando a mão em sua calça, tirando sua carteira.
O entregador ficou todo errado e recebeu o pagamento, saindo logo em seguida.
- Ele havia me dado. Você pagou de idiota que é.
- É, né, ? A custa de quê? Aposto que ele teria ficado se eu não estivesse aqui. E teria ido pra cama com você.
- E qual o problema, hein? Eu que iria,não VOCÊ!
- Você não existe.
- Existo! – Soltei uma gargalhada de desdém e voltei para a cozinha.
Começamos a comer, mas existia algo estranho. Era como se algo me mandasse partir para cima dele e beijá-lo. Mas o que fiz apenas foi provocá-lo. E ele estava irritado com aquilo, mas não deu o braço a torcer. E foi dormir com ódio.
A primeira parte estava tendo êxito. Agora faltava a segunda parte. Que era muito, muito mais interessante que a primeira.
Abri a porta de casa e dei de cara com escorado na parede e olhando para mim.
– Credo, você parado assim me assusta.
– Onde você estava?
– Eu fui caminhar no parque.
– E desde quando você caminha no parque nesse horário?
– E desde quando você conhece minha rotina?
Ele bufou e virou os olhos, saindo da posição em que estava.
– Eu vou tomar banho – falei, passando por ele, e virei de uma vez: – Ei, você pode me ajudar com uma matéria de biologia?
– Qual?
– Bioenergética.
– Claro, claro. Depois do jantar eu te ajudo.
– Então é isso. Essa fermentação é realizada por bactérias. As acetobactérias que produzem o ácido acético. Na prática, ela é usada para a fabricação de vinagre.
– Ela também é usada para o azedamento de vinhos, né?
– E alguns sucos de fruta.
– Ah, então – fechei a apostila – obrigada.
Ia levantar quando ele falou:
– Não tem mais dúvidas?
– Não, obrigada.
Subi as escadas e guardei a apostila dentro da minha bolsa. Quando olhei para trás, vi que tinha deixado a porta entreaberta e já estava dentro do meu quarto.
– Perdeu alguma coisa aqui? – perguntei, colocando minhas mãos na cintura.
– Sim, minha sanidade.
Então ele deu dois passos e me puxou, fazendo com que nossos rostos ficassem muito próximo um do outro. Seu olhar, que estava em meus olhos, caiu sobre minha boca. Fechei os olhos e ele encostou seus lábios nos meus. Ficamos assim por alguns segundos, até que senti sua língua passar pelos meus lábios e de fato nos beijamos. Ele me apertava contra seu corpo e eu abri mais a boca para ele aprofundar o beijo. Passei minhas mãos pelos seus ombros e segurei sua nuca. Vi que ele queria recuar, mas o puxei mais para perto e a ideia de recuar sumiu completamente. Ele passou a boca pelo meu pescoço e fechei os olhos, levantando a cabeça.
Quando sua mão passou pela barra da minha blusa, encostando em minha pele, eu o empurrei. Ele estava ofegante e me olhou sem entender. Eu caminhei até ele e disse ao seu ouvido:
– Você não é meu irmão? Então dessa fruta aqui você nunca vai provar. É pecado.
E o empurrei para fora de meu quarto. Fechei a porta e comecei a gargalhar. Ouvi um palavrão e ri mais ainda. Deitei na cama e fiquei imaginando o que teria acontecido se tivéssemos continuado. Aquele pensamento me dava um frio na barriga.
Sua língua era quente e seu toque poderia me levar à loucura. Mas, para mim, vê-lo perder o controle era mais prazeroso ainda.
Eu o desejava, era verdade. Mas também queria que ele ficasse louco por mim, algo que não estava longe de acontecer.
– PUTA QUE PARIU! – Ele socou a parede e eu ri ainda mais.
– , pode ir me contando tudo que está acontecendo, porque, sério, eu não agüento mais você sumida.
– Eu vou contar, é que...
– Vamos, , você não confia em mim? Anda logo, conta.
Ela hesitou um pouco:
– Lembra do Denis?
– Sim, o doido.
– Ele me ameaçou.
– Ameaçou? Me conta isso direito. O que ele disse?
– Que se eu não voltar com ele, ele me mata.
– E você não o denunciou? Por Deus, , o que você está esperando, menina? Que ele te mate?
– Eu já denunciei, eu só não quero que complique pra mim.
– Nada vai complicar pra você, se você o denunciou, eu tenho certeza que já está tudo resolvido. Você não precisa se esconder a vida toda.
– Me dê umas duas semanas, ai eu volto ok? E você? Como está?
– Muito bem.
– Fez as pazes com seu irmão? Da última vez que falei com você, você queria matá-lo.
– Fiz não. Ele continua com raiva de mim, e eu dele.
– E isso é bom?
– É ótimo.
– O que você andou aprontando?
– Nada. – Ri e ouvi a campainha. – , vou ter que desligar, alguém chegou aqui.
Desliguei o celular e corri para atender a porta. Quando abri, dei de cara com Bruce sorrindo.
– Oi? – ele falou sorrindo de lado.
Minha respiração falhou. O que ele fazia ali?
– Oi... – respondi e sorri.
– Eu... vim me despedir.
– Se despedir? Por quê?
– Estou indo para Nova Orleans.
– Você vai embora?
– Vou.
Balancei a cabeça.
– E vai assim? Um “até logo” e pronto?
– Eu tenho que ir... – ele falou sorrindo e me puxou pela cintura me beijando logo em seguida.
Suas mãos percorreram minha cintura e passei as minhas pelo seu pescoço. E o beijo se estendeu até ele cortar, beijar minha mão e sair.
Foi longo e gostoso. Mas havia acabado. Ele foi embora e me deixou parada na porta. Minha vontade era gritar bem alto, mas não o fiz.
Não era apaixonada por ele, mas ele mexia comigo. E era a minha única esperança de suportar o . Era uma atração fora do normal...
Fechei a porta e fiquei imaginando como iria encarar agora, depois do beijo e da noite frustrada que ele teve.
– Vem jantar! – ouvi murros na porta do meu quarto e deixei o livro de lado. Realmente, agora estava receosa com o que tinha feito.
Saí do quarto silenciosamente e desci as escadas rezando para que ele já tivesse jantado. Mas não valeu de nada, lá estava ele sentado à mesa.
Sentei de frente para ele e não disse nada de imediato, ele colocou um pouco da macarronada no prato e comentou sem olhar para mim:
– Papai ligou e disse que eles vão passar primeiro por Kentucky antes de voltar para NJ. Então vai demorar no mínimo umas duas semanas até eles voltarem. Amanhã vamos ao supermercado à noite.
– Amanhã à noite eu tenho uma festa de aniversário pra ir.
– Mas não vai. Amanhã você vai ao supermercado comigo.
– Eu não quero brigar contigo, mas de jeito nenhum eu vou te obedecer. Então você pode...
Ele levantou e socou a mesa com as duas mãos e eu me encolhi na cadeira:
– CALA A BOCA! – ele falou com os olhos fechados e depois os abriu. – EU ESTOU CANSADO DESSAS SUAS CRIANCICES. JÁ DEU!
Permaneci parada e em silêncio. Mas cerrei os olhos e falei:
– Isso tudo é por que eu não fui pra cama com você ontem?
– Você está querendo me tirar do sério – ele falou entre os dentes.
– Te tirar do sério? Eu não preciso “te tirar do sério”. Você já está fora dele. Olhe para você! Você é meu irmão, e não meu pai! E não manda em mim. Eu já disse que vou para o aniversário e vou. – Levantei da cadeira e quando ia saindo ele pegou em meu braço. – Me solta, , não vou deixar que me machuque como fez naquele dia.
– Você quer me enlouquecer, não quer, ?
– Eu quero mesmo! – Tentei me soltar, mas ele me segurava forte. – Me solta – falei em tom de ameaça.
Ele me puxou para mais perto e disse ao meu ouvido:
– Ninguém brinca comigo, !
Não sabia mais como respondê-lo a altura, já que sua boca estava muito perto da minha. Sua boca encostou em meu ouvido e senti um arrepio.
– , eu...
Ele me segurou mais forte e me prensou na parede.
– Eu não vou deixar que insulte a minha masculinidade e muito menos que duvide dela.
Ele segurou minha mão na parede e colou sua boca a minha. passou a língua em meus lábios para que eu desse passagem para um beijo de verdade. Ele não deixava eu me movimentar e prendia quase todo meu corpo. Então cortou o beijo e me olhou nos olhos. Fiquei sem ação. Ele então voltou a beijar meu pescoço.
– Eu nunca duvidei – falei ofegante.
– Mas não quero que tenha dúvidas!
Ele tirou uma das mãos que segurava meu corpo e percorreu até meu quadril, me prensando e me encaixando mais no quadril dele. Passei minha mão por trás da sua nuca e o puxei para um beijo.
Estava completamente fora de mim. Estava disposta a ir até o fim. Mas algo que ele disse me fez acordar para a realidade:
– Que pena que somos irmãos...
Abri os olhos e o afastei bruscamente fazendo seu olhar se encontrar com o meu.
– O que foi? – ele perguntou sem entender.
– Eu não...
Saí correndo em direção à saída de casa. Corria como se minha vida dependesse daquilo. E ele corria atrás de mim e me chamando. Até que ele me alcançou:
– Me larga!
– ...
– Me larga, , por favor!
– Qual o seu problema? Você me atenta até não querer mais e quando quero dar o que você quer, você fica assim!
– Eu quero ficar sozinha. Por favor!
– Eu não vou deixar...
– POR FAVOR! – quase implorei, segurando as lágrimas.
Ele me olhou um pouco, colocou as mãos no bolso da bermuda e baixou a cabeça:
– Ao menos posso saber onde você vai estar?
– No . Não sei...
Ele balançou a cabeça:
– Quer que eu te leve?
– Não. É aqui perto e... Eu preciso pensar.
Saí deixando-o parado. A sensação era estranha. E pela primeira vez tinha uma idéia de perspectiva de vida, e a pessoa que incluí nesse pensamento foi . Enquanto ele me beijava, senti como se nada mais tivesse razão. Sair à noite ou outra coisa. Mas ele era o único proibido para mim.
– O que foi que aconteceu? – ?
– Tem, tem sim. Aquele...
– O que ele fez?
– Me beijou. Ele... Ele me beijou.
– E daí, meu anjo? O que tem de errado nisso?
– Ele me fez pensar em algumas coisas que... Eu pensei que nunca ia voltar a pensar.
– Ah, ... Você está apaixonada por ele...
– Não... – falei de imediato. –Não, .
– É... – falei para mim mesma e respirei fundo. – É. Eu estou cansada, é isso. Foi só um momento de loucura...
– Não minta para si mesmo. Isso não dá certo. Você e sentem atração um pelo outro, é verdade. Mas estou vendo que isso realmente mexeu com você.
– Não continua, por favor. Somos completamente diferentes um do outro. E somos irmãos. Amanhã vou para a festa do Stone e tudo vai ficar bem. Tudo vai voltar ao normal, é. É isso - falei mais para mim que para ele.
que, por sorte, estava na casa de deitado no sofá. Ele usava a mesma roupa do dia anterior e dormia profundamente.
Tirei o cachecol e coloquei em cima da TV. Fiquei observando ele dormir e caminhei vagarosamente até ele. Me abaixei para ver melhor seu rosto. Ele dormia tão calmamente que me perdi olhando-o. Lembrei-me de tudo que havia acontecido e senti algo estranho, comparado a uma angústia. Queria tê-lo. Queria beijá-lo. Queria fazer amor com ele mais que tudo. Eu não queria mais uma vingança, não queria uma simples noite e pronto. Ao pensar nisso, me veio um frio na barriga e um arrepio no corpo. Rapidamente levantei e derrubei algumas peças de xadrez do enfeite da mesa de centro. Com o barulho, acordou e me viu parada ali. A última coisa que eu queria era que ele pensasse que eu estava espionando ele. Seria completamente humilhante depois da cena do dia anterior.
Olhei assustada para ele. Não sabia o que dizer. Ele sentou no sofá, coçando a cabeça:
– Que horas são?
– Não são nem seis horas ainda – falei baixinho, mas minha voz não falhou.
– Eu vou... Fazer café... – Ele levantou e passou por mim, deixando-me sozinha ali. Senti um aperto no coração. Queria sua atenção. Queria sua total atenção.
Corri escada acima e me tranquei no quarto. Não queria comer, sair e nem ser incomodada. E não fui. Passei o dia trancada naquele quarto sem nenhum sinal de .
Passei uma base no rosto tentando esconder as olheiras e terminei de me arrumar. Usava um vestido preto e um salto alto verde de veludo. Havia combinado que Bruno, um rapaz da minha sala, me buscasse.
Desci as escadas e vi sentado no sofá e assistindo TV. Era um especial de do Enrique Iglesias
Percebi que estava com as chaves do carro nas mãos. Ele me olhou:
– Onde vai assim tão arrumada?
– Você sabe... Pro aniversário...
– Alguma chance pra te convencer a não ir?
– Nenhuma.
– Então vamos... – Ele levantou.
– Espera, “vamos”? Para onde você pensa que vai?
– Eu vou te deixar lá. E te busco às onze.
– Ah, sem chance! - falei virando os olhos. – Não mesmo.
– Qual o problema?
– Você! – falei com raiva e ele levantou e começou a caminhar até mim. – ...
– Eu posso te levar lá, sério. Faço questão.
– , eu não... Eu não quero que faça questão sobre nada com relação a mim.
– É mesmo? – Ele começou a se aproximar mais e mais de mim até ficar cara a cara comigo. Na TV começou a tocar uma música. (n/a: coloque a música para tocar)
– Vamos parar com essa brincadeira, ?
– Que brincadeira? – Ele chegou perto de mim.
I know you want me
I made it obvious that I want you too
So put it on me
Let's remove the space between me and you
Now rock your body (oooh)
Damn I like the way that you move
So give it to me (oooo oooh)
Cause I already know what you wanna do
– Essa, … - falei baixinho enquanto ele se aproximava de mim.
Here's the situation
Been to every nation
Nobody's ever made me feel the way that you do
You know my motivation
Given my reputation
Please excuse I don't mean to be rude
Então ele me beijou.
But tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Sua mão pegou em minha cintura com força e pressionou meu quadril. Devagar foi me levando até a parede. Deixei que ele me envolvesse completamente. Era aquilo que eu desejava. Era simplesmente aquilo.
You're so damn pretty
If I had a type than baby it'd be you
I know your ready
If I never lied, than baby you'd be the truth
– … - Sua mão percorreu pela minha pele embaixo da camisetinha.
Here's the situation
Been to every nation
Nobody's ever made me feel the way that you do
You know my motivation
Given my reputation
Please excuse I don't mean to be rude
– But tonight I'm fucking you… – ele cantou em meu ouvido.
But tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Tonight I'm gonna do
Everything that I want with you
Everythin that u need
Everything that u want I wanna honey
I wanna stunt with you
From the window
To the wall
Gotta give u, my all
Winter n summertime
When I get you on the springs
Imma make you fall
You got that body
That make me wanna get on the boat
Just to see you dance
And I love the way you shake that ass
Turn around and let me see them pants
You stuck with me
I'm stuck with you
Lets find something to do
(Please) excuse me
I dont mean to be rude
But tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Oh you know
That tonight I'm fucking you
Beijei toda a extremidade do seu ouvido e levantei as pernas, deixando que ele se aproximasse mais de mim. Então eu o empurrei para o sofá e fiquei em cima dele. Ele me puxou, dando um beijo caloroso em mim enquanto desci a minha mão pela sua blusa e começava a desabotoar os botões.
Ele sentou e permaneci sentada em cima dele tirando sua blusa. Ele abaixou o zíper do meu vestido e me livrei da sua maldita blusa. Ouvimos uma buzina lá fora, mas não nos importamos. Eu não iria a lugar nenhum mais.
desceu meu vestido até a cintura. Procurei sua boca e beijei com mais intensidade, provocando-o. Sua mão passou pelas minhas costas e rapidamente meu sutiã estava no chão e seus lábios em meus seios. Segurei sua cabeça e fechei os olhos, sentindo toda aquela sensação boa.
Foi quando a campainha tocou. Abri rapidamente os olhos e nos olhamos assustados. Foi quando cai em mim que estava prestes a cometer uma besteira.
Saí de cima dele e peguei meu sutiã do chão. Minhas mãos tremiam. Ele pegou nelas e eu o olhei. Então ele me ajudou a levantar o zíper do vestido e colocou sua camiseta.
Depois disso, abriu a porta.
– Amor!
Olhei imediatamente para a porta e vi uma moça parada. Ela era.
Loira.
Alta.
Bonita.
Magra.
– Monick? O que faz aqui?
Ok, eu poderia imaginar mil pessoas ali à porta, mas nunca iria imaginar a “namoradinha perfeita” do meu irmão. Era um pouco surreal.
Mas aí a idéia sinistra veio à minha cabeça: eu e éramos irmãos. E aquilo nunca deveria ter acontecido.
- Monick! – falou novamente assustado.
- O que foi, amor? Não está feliz em me ver?
- Claro, claro que estou. Só não esperava você aqui.
- Resolvi fazer uma surpresa. Você tinha me dado o endereço, lembra?
Ela entrou na sala e me viu. Olhou para um pouco confusa.
- Ah... Essa é... – ele baixou o olhar. – . Minha irmã.
- Ah, você tem uma irmã?
Eu, que até então estava em silêncio, pareci “acordar” com aquela afirmação.
- Oi. Ele tem irmã sim. – Sorri um pouco amarelo.
- Ah, por que não me disse que tinha uma irmã, ? – ela falou com voz divertida.
- Eu... – ele olhou para mim. – Eu disse...
- Enfim, não importa mais! – falei e desviei meu olhar dele.
- Vai sair? – ela perguntou depois de me cumprimentar com um abraço.
- Vou, vou sim. Eu vou a um aniversário.
Ouvi uma buzina lá fora.
- É, deve ser minha carona. – Peguei minha bolsa em algum lugar do sofá e dei um último olhar para . – Divirtam-se, ok?
A festa estava péssima. A bebida estava péssima. As pessoas estavam péssimas. Enfim... eu estava péssima.
Como podia ter deixado chegar a tanto? Eu e ... Aquilo me perturbava o tempo todo. Aquilo era doentio.
- ? – Olhei para o lado e vi Peter, um colega de classe. – Tudo bem?
- Tudo. – Sorri um pouco. – E você?
- Estou bem sim. Posso sentar aqui? – ele perguntou apontando para a cadeira.
- Claro – falei tirando minha bolsa de cima dela.
Ele sentou e sorriu, olhando para mim e depois para a festa.
- E você? Vai à festa da nossa formatura, não é?
- Acredito que não.
- Por que não?
- Ah... Acho que não tem muito sentido comemorar a saída de uma escola.
- Você tem um pensamento tão sério sobre a vida.
- É um pensamento maduro. – Tomei um gole da bebida e olhei para ele. Era até bonito. Eu nunca havia reparado isso nele.
- O que foi? – ele falou rindo.
- Nada. – Baixei o olhar.
- Você quer sair daqui? Pra um lugar mais tranquilo.
Olhei para ele. Era só mais um garoto igual.
Abri a porta de casa. Estava tudo escuro. Tirei meu sapato para não fazer barulho, mas nem me importava muito com isso, nem deveria estar em casa. Ele deveria estar com a namorada dele em algum lugar, abraçando-a depois de transarem feito loucos. É, acho que o fato dele estar longe da namorada pode ter sido o motivo para ele ficar tão “louco” por mim.
Caminhei até a escada em silêncio, quando me assustei com a voz:
- Tão cedo?
Olhei para trás e vi que estava deitado no sofá. Estava tudo tão escuro que nem o notei ali.
-Ah... – Desci o primeiro degrau e caminhei até ele, sentando ao seu lado no sofá. - A festa não estava muito boa.
- Sério? Você parecia tão empolgada para ir a essa festa.
- Sabemos que não... – Sorri um pouco e voltei a ficar séria. – Pensei que fosse aproveitar a casa com sua namorada.
- Ah, por isso chegou tão cedo, né?
- Não, se eu quisesse atrapalhar, eu nem teria ido. Simplesmente não gostei muito da festa.
- Por quê?
- Porque tudo é igual. Saí de lá antes mesmo dos parabéns.
- Fico surpreso com isso.
- O que realmente me surpreendeu foi você não ter falado sobre sua família abertamente para sua futura esposa. Ela também fará parte dessa família.
Levantei do sofá e caminhei para meu quarto. Ele não falou nada.
Os dias se passaram rapidamente. voltou do seu confinamento, meus pais voltaram de sua longa viagem, e eu? Bem, eu voltei a estudar. Reta final, queria passar de ano com boas notas para boas faculdades me aceitarem. Mas confesso que lutava por uma vaga na de NJ mesmo.
Consegui um trabalho também, precisavam de ajuda na biblioteca da cidade. Estava chateada com tanto tempo sem fazer nada em casa e a biblioteca era um lugar que costumava ir muito. Então receberia para ficar num dos lugares que tinha prazer em ficar.
Mamãe teve dificuldade de aceitar o meu emprego. Porém, disse a ela que era quase adulta e que queria ter meu próprio dinheiro. Foi preciso meia hora para que ela controlasse o seu choro.
Monick fazia parte do nosso dia a dia também. Ela vivia em casa. Quando não estava lá, também não estava. Ela estava hospedada na casa de sua tia, que era relativamente perto da nossa casa, mas ela deixara bem claro que depois do casamento eles se mudariam ou para Londres ou para Nova Iorque.
E foi em uma dessas conversas que tive a plena certeza de que não gostava de Monick.
- Eu e estamos pesando em passar a lua-de-mel na Europa mesmo.
- Tem algum país específico? – papai perguntou sorrindo.
Eu estava em silêncio. Comia calada. Não falava nada.
- Talvez Rússia, ou França... – Ela sorriu.
- Ou mesmo na América Latina – falou e recebeu um olhar de reprovação de Monick.
- Não vou passar minha lua-de-mel sentindo calor.
- Brasil é lindo – falei tomando um gole de suco.
- Como você sabe? Já foi lá? – Monick perguntou em tom de deboche, então nem precisei responder, já que meu pai falou:
- Fomos lá ano passado passar as férias. A minha irmã casou com um brasileiro. Passamos uns dias no Rio de Janeiro e em São Paulo.
- Ah... – ela falou com um sorriso amarelo.
- Mas é lindo – mamãe falou sorrindo. – tem razão, o lugar é lindo.
- Tá vendo? – falou animado.
- E você? Já foi aceita em alguma faculdade? – Monick falou e se virou para mim.
- Ah... – Mastiguei um pouco a comida. – Fui aceita em três. Mas quero a de NJ.
- Por que logo a daqui?
- Porque é perto da minha família. – Sorri e voltei a comer.
- Você quer fazer o quê?
- Direito.
Ela riu baixinho como se tivesse debochando.
-O que foi? – falei com uma voz mais firme.
- Nada. É que imaginei que como seu irmão é médico e seus pais são engenheiros, você ia ao menos escolher um curso, sei lá... Mais seguro.
- Mais seguro? – Cruzei as mãos como se estivesse interessada no que ela falava. – Explica.
- É, você sabe... Direito é um curso muito... passado, entende?
- Passado? Bem, eu não diria isso a todos os advogados que tem nos Estados Unidos. Ou menos o nosso advogado.
- Mesmo assim. Ainda acho que é um curso muito saturado.
- Acho que você deveria se preocupar com sua especialização, não acha? – falei levantando da mesa e indo à cozinha. Deixei o prato em cima da pia e fiquei escorada no balcão. Segundos depois entrou na cozinha e parou. Ficou me olhando sem falar nada por alguns segundos:
- Não precisava tratar Monick mal.
- Não a destratei. Só não gosto da forma como ela fala comigo.
- Ela fez um comentário. Um comentário expondo sua opinião. E se quer saber, essa é minha opinião também.
- Guarde pra você. Ou melhor, guardem para vocês!
- Ei, se controla. Eu só dei minha opinião – ele falou e ia começar a caminhar.
- Engula ela! – Saí da cozinha e corri escada acima sem olhar para a mesa onde meus pais estavam com a Monick. Entrei em meu quarto e tranquei a porta, ficando escorada nela.
- ... – A voz de ecoou do outro lado.
- Vai embora, .
- Precisamos conversar.
- Não temos nada que conversar.
- Claro que temos. Abre essa porta, vai.
- Me deixa em paz, , pelo amor de Deus.
- , eu não vou ficar mais um dia sem conversar contigo sobre aquela história.
- Esquece ela.
- Não, não vou esquecer. Abre essa porta logo.
Respirei fundo e, devagar, me desencostei da porta, abrindo-a em seguida. Deixei-o entrar e caminhei em direção à cama. Sentei lá enquanto ele fechava a porta atrás de si.
Ficamos uns segundos nos olhando até que ele começou:
- Foi um erro - ele disse e continuou me olhando. Fiquei observando seu rosto. Ele estava tenso e talvez tenha visto um pouco de tristeza naqueles olhos.
- Claro que foi um erro – falei finalmente e baixei o olhar.
- Um erro que eu não pretendo cometer mais. Ouviu?
- Eu não sou surda, . Não se preocupe. Você não precisa se preocupar com o que vou ou não fazer com você. Te deixarei em paz.
- Eu realmente espero isso... Quer dizer... Somos irmãos.
- Eu sei – falei e levantei, caminhando até a porta. – E você não é o homem ideal para mim.
- Eu imagino qual seja o homem ideal para você – ele debochou e eu olhei para ele.
- É, todos os homens são ideais para mim. Menos você! Porque você é um ser desprezível.
- Eu sou desprezível, não é? Eu ando transando com todas as garotas possíveis só pra levantar meu ego.
- Eu tenho meus motivos, . E você não tem nada a ver com eles!
- Que motivos, hein? Me diz!
- Não te diz respeito.
Ficamos um tempo encarando um ao outro até que ele cortou o silêncio:
- Vou sair daqui. Você é completamente doente.
- Fará um favor a mim. Um ENORME favor, não tenha dúvida disso.
Ele saiu do quarto batendo a porta. Sentei na cama novamente e comecei a chorar. Não sabia por que, mas chorava. De ódio, de raiva, de tristeza, não sei... Eu chorava de desgosto. Como o deixei encostar um dedo em mim? Como pude ter vontade de transar com meu próprio irmão? Era doentio. Sim, era doentio. Eu era doente.
Isso nunca mais aconteceria. Nunca mais deixaria me levar pela minha luxúria. Nunca mais.
Era bom trabalhar na biblioteca. Eu passava a maior parte do tempo catalogando livros e colocando-os nas prateleiras. E quando não tinha nada pra fazer, pegava um livro e lia. Ultimamente lia “As brumas de Avalon”. Havia conseguido os quatro livros na biblioteca.
Adorava trabalhar com o Smith. Ele um bom chefe e um amor de pessoa. Às vezes ficávamos horas a fio conversando sobre livros e suas histórias de vida, que não eram poucas, vai por mim.
Mas às vezes tinha certa dificuldade com livros estrangeiros. Principalmente quando era para colocar em ordem em seus devidos assuntos. O pior era quando eles eram colocados na última prateleira e tinha que subir com milhares de livros e organizá-los ali em cima.
Estava com no mínimo dez livros alemães em minhas mãos, todos da última prateleira. Tentei subir as escadas, mas previ que cairia logo quando tivesse que empilhá-los em cada lugar. Olhei ao redor e vi um rapaz sentado em uma poltrona e concentrado lendo um livro. Ele usava uma blusa de mangas longas em V de dor cinza. Era aparentemente alto e muito branco. Seus cabelos eram castanho claro. Não vi seus olhos, mas deveriam ser azuis ou verdes. Não era uma beleza americana. Ele era, no mínimo, do Canadá. Ou era Europeu.
- Por favor... – pedi e ele olhou para mim. Pude comprovar, seus olhos eram azuis. – Você poderia me ajudar aqui?
- Oh, claro. – Ele sorriu, deixando o seu livro de lado, e caminhou até mim.
- Segura só esses livros enquanto subo e você pode ir me dando enquanto vou organizando?
- Tudo bem. – Ele pegou os livros. – Nossa, isso é pesado.
- Literatura Alemã costuma pesar – falei divertida enquanto subia as escadas. Ele começou a rir. Olhei, seus dentes eram branquíssimos e lindos.
- Sim, nós estudamos bastante. – Ele foi me dando os livros à medida em que eu pedia. Após organizar todos lá em cima, desci.
- Então você é alemão?
- Pareço tão pouco com os americanos?
- Definitivamente – falei rindo.
- Meu sotaque?
- Tudo. Roupa, pele, cabelo e sotaque.
- Droga – ele fingiu desapontamento e riu. – Richard. Richard Finger. – Ele estendeu a mão.
- . – Aceitei a mão com um sorriso. – Muito prazer.
- O prazer é todo meu. – Ele fez algo que não era acostumada e beijou minha mão. Fiquei um pouco sem ação.
- Ah, realmente você não é daqui. – Sorri sem graça após ele soltar minha mão. – Está aqui fazendo faculdade.
- Sim, resolvi me transferir. Queria conhecer a América. Meu pai queria que fosse para Nova Iorque, mas quis fugir de grandes cidades. Aí vi que a de Nova Jersey é muito boa. É uma das melhores faculdades de Filosofia da América.
- Faz filosofia?
- Sim. E você? Faz o quê?
- Até o momento nada. – Sorri. – Mas já fui aceita na de NJ. Falta só dar o cheque, fazer a matrícula, essas coisas. Ainda tem um bendito baile de escola para ir – falei rindo. – Então Richard, preciso ir.
- Muito trabalho ainda?
- Um pouquinho. –Sorri. – A gente se vê.
- É, a gente se vê.Caminhei corredor acima e peguei os livros em cima das mesas. Por que as pessoas simplesmente não deixavam os livros em cima do balcão de entrega? Era tão mais fácil.
O problema era que era literatura alemã ainda. E tinha um pouco de dificuldade de decifrar.
- Sr. Smith... – falei vendo-o passar. – Que livro é esse?
Ele pegou o livro e tirou os óculos para tentar entender.
- Quer que eu ajude?
Olhei para frente e vi Richard. Ele estava com uma porção de livros nas mãos.
- Eu sou alemão. Fica mais fácil ler.
O Sr. Smith deu o livro para ele com um olhar de desconfiança.
- Ah! – Richard exclamou após pegar o livro. – Um dos melhores livros que já li em minha vida. É de Filosofia.
- Obrigada. – Agradeci com um sorriso e peguei o livro de suas mãos. O Sr. Smith pareceu dar os ombros e saiu do lugar.
- Sem problemas. Acho que acabei o que tinha de fazer. Vi você vindo para cá e tenho que te devolver esses livros, pra você organizar logo.
- Ah, obrigada! – falei pegando todos os livros.
- Você parece que tem dificuldade com alemão, certo?
- Um pouquinho.
- Quer ajuda?
- Ah, não quero lhe atrapalhar.
- Não atrapalhará, acredite. – Ele sorriu.
- Ok, me diga onde é cada qual desses livros. – Entreguei os livros para ele.
- Esse é de História. História da Alemanha. Alemanha Nazista. Filosofia completa...
Ele foi me indicando qual livro era enquanto organizava cada qual em seu lugar. No final, todos os livros estavam em seu devido lugar.
- Obrigada – falei sorrindo. – Você foi realmente maravilhoso em me ajudar. Acredite, ficariam todos em lugares errados.
Ele riu.
- Sem problema. É um prazer ajudar.
- Quer me ajudar daquele lado ali? – Apontei para outra ala. – Literatura Francesa.
- Claro que ajudo. – Ele sorriu. – Sei alguma coisa de Francês.
- Então me ajudará mesmo, porque não sei muito não – falei rindo e ele riu também.
- E você? Pretende fazer que curso? Na faculdade – ele perguntou enquanto andávamos lado a lado em direção à ala D de Francês.
- Ah. Eu vou fazer Direito.
- Profissão de família?
- Na verdade não. – Ri um pouco, me lembrando do quanto minha família me “apoiava”. – Meus pais são engenheiros e meu irmão é médico formado. A verdade é que serei “ovelha negra” disso tudo.
- Sei como se sente. – Ele sorriu um pouco triste. – Quando falei aos meus pais que queria Filosofia, eles quase me mataram. Quando meu avô soube que eu viria para a América então... Quase perco o meu pescoço.
- Não gosta da América? Seu avô?
- Ah, ele é meio excêntrico.
- Nazista?
- Não exatamente. Ele só viveu em uma época onde era obrigado a ser nazista, se me entende.
- Entendo sim.
- É, então às vezes nem é ele, entende? É mais... aquilo que colocaram na cabeça dele.
- Deve ter sido duro para ele.
- Acho que foi duro para todos. – Ele sorriu e olhou para frente. – Mas você me disse que seu irmão é médico?
- Ah, é, ele é médico sim – falei sentindo amargura em minha voz. Tentava não pensar muito nele. Era mais fácil ignorar o fato de que ele havia dito aquelas palavras para mim quando não pensava nele.
- Não gosta muito dele? – ele perguntou e olhei para ele. Será que minha voz tinha saído tão amarga assim? – Ah... – Ele riu. – Desculpa. É que eu observo muito, sabe? E percebi pelo tom da sua voz que não gosta de falar disso.
- Não. Não, tudo bem. – Sorri um pouco. – É que não fomos criados juntos, entende? Ele foi embora muito cedo para a Europa. E voltou tem pouco tempo. Então eu não o vejo muito como um irmão, é complicado.
- Ah, é completamente normal. Você o vê como um estranho dentro de sua casa, não é?
- É, é por aí.
- Eu tenho uma irmãzinha. Dois anos. Quando vim para cá, ela ficou aos prantos em casa. Fiquei com dó.
- Pretende voltar quando?
- Não sei ainda. Talvez no final do curso.
- Está gostando daqui?
- Estou adorando.
Ele tinha um sorriso lindo. Lindo era pouco. Dava vontade de sorrir junto quando ele sorria. Fiquei um tempo conversando com ele.
- Bem, agora eu tenho uma aula. – Ele sorriu meio triste e se desculpando.
- Não, tudo bem. – Sorri. – Vai lá. Boa aula.
- Amanhã apareço aqui pra gente conversar um pouco mais. – Ele sorriu e pegou minha mão, dando um beijo logo em seguida. – Foi um prazer, Srta. .
- Me chame apenas de . - Sorri. – E foi um prazer, Richard.
Entrei em casa e dei de cara com Monick e sentados no sofá. Eles estavam abraçados e assistiam algo na TV.
- Bom noite – falei seca e recebi um “Boa noite” com um sorrisinho falso de Monick. Passei direto para cozinha, onde minha mãe estava lavando a louça. – Oi, mãe.
- Oi, querida. Eu estou preparando o jantar, fiz aquela salada que você adora.
- Hum... – Fui até a panela, sentindo o aroma. – O cheiro está bom, hein Sra. ?
- me ajudou a preparar. Ele fez uma torta de frango, sua favorita.
Sorri um pouco.
- Eu vou subir e tomar um banho. O dia foi um pouco cansativo.
- Ah, filha... E sua formatura? Recebi um telefonema da sua escola hoje no escritório. Você não me disse que teria que enviar o cheque.
- Ah, é... Eu esqueci – menti. Não estava com muita vontade de ir àquela festa idiota. Mas pelo jeito eu teria que ir de qualquer forma.
- Sem problemas. Já enviei o cheque para a escola. Essa semana vamos ver um vestido pra você. Já tem companhia para ir?
- Não sei se vou acompanhada, mãe...
- Claro que vai, nem que seja com e...
- Não, mãe... Relaxa, eu vou arranjar uma companhia – falei prontamente. A última coisa que queria era que me acompanhasse em alguma formatura.
- Acho bom. Eu e seu pai sonhamos com esse dia desde que você entrou na escolinha.
Ri um pouco e beijei o seu rosto. Saí correndo da cozinha e subi as escadas. Agora mais essa, festa de formatura. Sinceramente, era uma das coisas que faria por amor a meus pais, eu particularmente detestava esse tipo de coisa.
Adorava essa proximidade do final do ano. Faltavam apenas dois meses para dezembro e todos já estavam no clima de natal. Devia ser pelo fato de que o clima tinha esfriado de forma considerável. Mas setembro seria especial. Era aniversário da minha avó Anna, a mãe de minha mãe. Todo ano era uma festança boa, mas esse ano ela completava oitenta anos e a festa seria toda especial. Seria na fazenda do meu avô, seu marido, que já havia falecido e que eu, particularmente, tinha conhecido apenas quando eu era pequena.
Todos lá em casa estávamos na expectativa. Claro, festa com família grande em um lugar que todos se sentem em casa. Todos, menos .
É, eu sei disso porque um dia eu cheguei em casa e o vi conversando com minha mãe.
- Eu prometi que iria sair com Monick.
- Filho, ao menos apareça lá. Leve ela com você. Ela vai adorar...
- Você não conhece a Monick, mãe. Ficamos de sair com seus pais. Se eu não for...
- Filho... É sua avó. É um aniversário importante para a família. Você esteve tanto tempo longe de nós... Seria justo passar um tempo mais conosco.
Não ouvi o resto. Me deu um ódio dele só de ouvir aquela conversa. Realmente ele não estava se importando muito com nossa família. E isso estava estampado para todos verem.
Entrei no quarto e me tranquei. Deitei na cama de barriga pra cima e tentei tirar todas as imagens de me beijando. Já fazia um mês e meio que tudo aquilo tinha acontecido e aquelas imagens teimavam em ficar em minha mente.
Ouvi alguém bater de leve na porta e a voz de minha mãe:
- Vamos jantar, filha.
- Tá pra nascer moça mais ocupada que você – Richard falou sorrindo enquanto chegava perto de mim. – Até de dia de sábado?
Desde o dia que nos conhecemos, ele ia praticamente todos os dias na biblioteca. Às vezes ficávamos a tarde inteira conversando sobre faculdade, livros e família enquanto ele me ajudava. O Sr. Smith não gostava muito dele, dizia que no final do mês ele exigiria apagamento por tanto me ajudar. Eu só ria. Não me importava muito. Richard era uma boa pessoa.
- É só até meio dia. – Sorri. – Me ajuda aqui. - Ele segurou uma pilha de livros e eu fui organizando em cada espaço. – Eu só faço você trabalhar, não é mesmo?
- Ah, sem problemas. Acredite em mim, não tenho nada pra fazer em meu pequeno apartamento. Só jogar um pouco de vídeo game ou estudar. Sair de casa e vim à biblioteca já é um alívio.
- Você é um amor de pessoa – falei sorrindo. – Pronto. – Coloquei as mãos na cintura. – Está feito!
- Hoje eu estava pensando... O clima anda tão frio... Não quer tomar um café comigo na Starbucks? Você sabe... É aqui perto.
- Ah... – Dei um sorriso sem graça e desanimado. – É que hoje fiquei de visitar minha avó. É que não a vejo desde a morte do meu avô, sabe?
- Ah, tudo bem... – Ele colocou as mãos no bolso da calça. – Eu entendo.
- Mas se você quiser ir comigo lá... Depois podemos ir à cafeteria, o que acha?
Ele abriu um largo sorriso.
- Eu acho maravilhoso.
Chegamos à casa de minha avó e fomos recepcionados pela minha tia com um abraço forte:
- Olá, ! Que saudades. Não te vejo desde...
- A morte do vovô... – falei com um sorriso triste no rosto e ela fez uma cara de solidária.
- Ele está em um lugar melhor agora. Não fique triste por isso, minha querida.
Ela me abraçou um pouco mais forte. Sentia falta dele. Sentia falta do meu avô, do meu querido segundo pai. Ele me entendia como ninguém. E isso fazia crescer uma grande tristeza dentro de mim.
- Ah... – falei após o abraço. – Tia, esse é Richard, meu amigo.
- Olá, Richard! É um prazer. Anita.
- O prazer é todo meu, senhora. – Ele sorriu e após oferecer a mão e ela aceitar, ele levou sua mão até seus lábios, beijando-a. Tenho certeza que minha tia ficou um pouco envergonhada; não éramos acostumados a esse tipo de gesto. Não que fosse feio, muito pelo contrário. Quem dera todos tivessem esses hábitos tão educados.
Entramos casa adentro e logo vi minha avó sentada no sofá assistindo a alguma programação na TV.
- Minha ! – ela exclamou sorridente. – Que bom que veio me ver, minha querida. Estava com saudades.
Ela levantou e veio me abraçar. No momento em que ela encostou sua pele em mim, pus-me a chorar.
- Oi, vó – falei controlando o choro. – Como você está?
- Estou bem melhor com essa sua visita inesperada. – Ela sorriu olhando para meu rosto e limpando um pouco das minhas lágrimas. – Ô meu amor... Não chore...
- Não dá... – falei um pouco, soluçando, mas me controlando. Recebi outro abraço.
- Ele faz falta a todos nós. E como faz! – Ela cortou o abraço com um sorriso. Sorri de volta, limpando as lágrimas. Ela olhou para trás de mim e viu Richard.
- Ah, vó... Esse é meu amigo Richard.
- Olá. – Ele sorriu, pegando em sua mão e fazendo o mesmo gesto de sempre. – É um prazer conhecer a senhora.
- O prazer é todo meu, mocinho. – Ela sorriu. – Você é educado demais e com um sotaque muito diferente para ser americano.
- De fato, eu não sou americano. – Ele sorriu e olhou para mim. – Sou alemão.
- Oh, por isso das roupas e o jeito educado. – Vovó sorriu. – Sabia que antes os homens faziam isso? Com todas?
- Os homens eram mais simpáticos também – falei rindo.
- E como vai o nosso ? Ele nunca mais veio me visitar.
- Ele está trabalhando. Sem tempo para nada, principalmente com a chegada da noiva dele. Ele mal para em casa.
- Ah, adoraria que ele viesse mais aqui. Verdade.
- Eu cuido disso, vovó. – Sorri.
- E vocês? Vão ficar para o almoço?
- Não, vovó, eu combinei que iria tomar um café com o Richard. Não posso furar com ele, por isso que ele veio comigo.
- Ah, já estava animada que a casa teria mais gente para o almoço. Seu tio Brad vem aqui também, com o filho Josiah. Está com um ano, vê se pode?
- Um ano? Nossa... Não vejo tio Brad desde que ele foi embora para Flórida. E isso tem mais de um ano.
- Dois anos e sete meses – vovó falou piscando.
- É isso aí – falei rindo e olhei para Richard. – Poxa, Richard... Eu...
- Podemos almoçar aqui – ele disse prontamente e eu abri um sorriso em gratidão, com uma ponta de ansiedade.
- Ótimo! Vou mandar Melina colocar mais dois pratos à mesa.
Vovó saiu da sala e me virei para Richard.
- Obrigada, obrigada, obrigada! – falei correndo e o abraçando. – Prometo que depois daqui iremos a Starbucks e tomaremos um bom café.
- Irei cobrar. – Ele piscou. – Você adora muito sua família, não é?
- São os nossos melhores amigos. Sério, eu amo a relação que tenho com eles. São pessoas maravilhosas em todos os sentidos. Depois da morte do vovô, todos nós sentimos a necessidade de ficarmos mais juntos da vovó.
- Seu irmão é um pouco alheio a isso, não é?
- Meu irmão nem considera muito isso, sabe? Quer dizer... Na morte do vovô, ele quem segurou as pontas lá em casa. Meus pais estavam viajando e estávamos apenas nós dois. Mas como ele não cresceu muito nesse meio... Você sabe... Ele não dá tanto valor.
- E você tem raiva disso, não tem?
- Sim. Ele considera mais a família da noiva dele. E acredite, ela é uma pessoa detestável.
- Sério? – ele falou rindo. – Ela não gosta de você?
- Sentimento mútuo. – Bufei e depois ri. – Não vamos falar dela, vamos?
- Claro que não. – Ele pegou em minhas mãos. – É bom ter alguém pra conversar, sabe? Você é uma das garotas mais maravilhosas que conheço. Diferente de todas.
- Não exagera.
- É sério... Você é boa. Só pela forma como trata a família a gente vê isso. Pela forma como trata a vida.
- É sério - falei rindo sem graça –, você tá exagerando.
Como queria que aquelas palavras fosse realmente verdade. Eu sabia que não era diferente porcaria nenhuma. Eu era igual ou pior que as outras. Eu usava uma capa o tempo todo. Queria que tudo aquilo não fosse tão complicado.
- Não estou exagerando. – Ele olhou em meu rosto. – Você me encantou no momento em que pediu minha ajuda.
- Agradeça aos livros alemães por isso. – Sorri sem graça.
- Pelo resto da minha vida.
Richard era agradável. Um amor de pessoa. Eu sabia que talvez ele conseguisse mudar um pouco a idiota que havia dentro de mim, porém toda vez que olhava para ele eu me sentia suja. Por tudo. Por todos os garotos com quem me deitei ou menos por aqueles com quem pensei em deitar. Me sentia suja principalmente porque não saia de minha cabeça. E nenhum momento tinha parado de pensar o que teria acontecido se a intrometida da Monick não tivesse aparecido naquele dia.
- Você está tão pensativa – ele falou enquanto tomávamos um cappuccino na Starbucks perto da minha casa.
- Ah... Acho que é só... O Frio, o cansaço, etc...
- Você já quer ir?
- Não – falei imediatamente e sorri. – Adoro sua companhia.
- E eu a sua. – Ele sorriu e pegou em minhas mãos. – Verdade.
- Er... – Tirei minhas mãos. – E as aulas? Como estão?
- Ah... Tudo muito legal. E a escola?
- É, já passei de ano mesmo. – Sorri.
- Aqui não tem esses lances de baile de formandos?
- Ah, até que tem. Eu nem queria ir... Mas minha mãe meio que insistiu.
- Vai obrigada? – ele perguntou rindo.
- Mais ou menos. – Ri e tomei mais um gole de cappuccino. – Ah... Então, isso é meio estranho. E não ache que sou uma interesseira. Mas... quer ir ao baile comigo?
- Opa! – Ele quase se engasgou. – Sério?
- É. Quer dizer... Só se você quiser, ou se não tiver nada de interessante pra fazer...
- Claro que eu vou, ! – Ele sorriu. – Eu adoraria te acompanhar nesse baile.
- Sério? Ah, você não sabe como eu estou feliz com sua aceitação! Estava super precisando. Se você não aceitasse, eu estaria perdida.
-E por que não aceitaria? Sua companhia é maravilhosa, já disse isso.
Abri a porta de casa e tudo estava em silêncio. Todos deviam ter saído. Fechei a porta e levei um susto ao ouvir:
- Tão tarde? – Vi saindo da cozinha.
- Oi pra você também – falei virando os olhos.
- Onde você estava?
- Não te interessa.
- Estava em um lugar onde não pode me dizer?
- Estava no lugar de “não-te-interessa”.
Bufei e caminhei em direção a escada. Então senti a mão de em meu braço.
- Por favor, ... – pedi fechando os olhos.
- Onde você estava?
- Na nossa avó, ok?Almocei lá! Depois saí com um amigo. Pronto, satisfeito?
- Quer que eu acredite nisso?
- Ah é? – Puxei meu braço. – Não acredita em mim?
- Nem um pouco.
- Pois ok. Mas faça o favor de aparecer lá, porque ela reclamou comigo porque você não aparece lá.
Ele abriu a boca algumas vezes e não conseguiu falar.
- É, . Você nem aparece lá, não é.
- Você estava mesmo lá?
- Claro que estava – falei com uma voz de chateada e magoada.
- Eu... Eu ainda quis ir algumas vezes, mas...
- Mas nada, . Quando a gente quer fazer alguma coisa, a gente faz, tá?
- Não vem me criticar, !
- Critico. Critico sim. Sabe por quê? Porque você não tá nem aí pra nossa família. Eu escutei a conversa de você e da mamãe sobre o aniversário da vó Anna. E você não vai porque prometeu à sua querida namorada que iria sair com ela. Será que pelo amor de Deus, uma vez, você lembra que tem família?
- Ah, agora você me diz isso! Depois das besteiras que você fez!
- Não fui só eu, ! – falei com uma voz uma pouco mais chateada. –Não resolvemos deixar essa conversa de lado? Poxa... Eu estou exausta. Estou exausta da cabeça, exausta do corpo, exausta de brigar... Exausta, ok? Pára com isso, pelo amor de Deus.
Ele ficou em silêncio e colocou as mãos nos bolsos.
- Agora eu vou subir, tomar um banho e deitar um pouco.
Subi correndo as escadas e me tranquei no quarto. Por que tudo quando chegava em casa se transformava num inferno?
Fiz o que disse que ia fazer. Tomei um banho demorado e me deitei. Consegui dormir umas duas horas e acordei com fome. Quando acordei, olhei para o relógio que marcava nove e meia. Olhei o celular e tinha uma mensagem de perguntando como eu estava. Resolvi ligar para ela depois que comesse alguma coisa.
Quando desci as escadas, não vi nenhuma pista de que havia alguém além de mim em casa. Procurei algo para comer e achei um miojo. Fiz o macarrão rapidinho e comi. Sozinha.
De repente, senti um vazio. Me senti sozinha. Meus pais? Estavam felizes em algum lugar. ? Estava com a sua noiva ridícula. Mas estavam juntos.
E eu? Bem, eu estava sozinha.
Queria mudar. Sério. Queria parar de deitar com todos os garotos de todos os lugares. Bem que tinha razão... Eu era, de fato, uma vadia.
De repente, meu pensamento caiu sobre Richard. É. Ele era um bom rapaz. Fiquei um tempo pensando nele até ouvir um barulho na porta. As vozes alegres de meus pais entraram dentro de casa. Levei meu prato a pia e fui à sala.
- Oi, oi. Se divertiram?
- Muito, filha! Seu pai me levou pra ver um filme e depois jantamos.
- Que bom. – Sorri.
- Você já comeu? – papai perguntou.
- Acabei de comer uma besteira. Mas estou satisfeita. Mas ok, estou subindo, tá? Boa noite pra vocês.
Subi novamente as escadas.
- Bom dia... – falei coçando a cabeça e vendo à mesa. Ele também tomava café.
- Bom dia. – Ele sorriu. – Dormiu bem?
- Sim, dormi sim.
- Acordou cedo? Por quê?
- Esqueceu que hoje é o aniversário da avó Anna? – perguntei, colocando um pouco de café.
- Ah... É. Eu esqueci totalmente.
- Onde estão papai e mamãe?
- Eles saíram. Acho que foram comprar algumas coisas.
- Você não vai mesmo?
Ele fez uma cara meio chateada.
- Entendi. – Peguei um pedaço de pão e bebi o resto do café. – Vou me arrumar, tenha um bom dia.
O dia estava estranhamente ensolarado e calorento. O que era quase impossível naquela época, porém estava. A linda fazenda de nossa família estava em festa. Havia carros por todos os lados, crianças correndo, pessoas rindo... Deu-me uma boa sensação de que aquele era um dia incrivelmente feito para minha avó. Um dia em que era impossível não ser feliz.
Desci do carro e uma legião de crianças veio ao meu encontro.
- Oi, oi, oi, gente! – falei animada.
- , a gente estava com saudade de você. Ainda vai ensinar a gente a fazer bolinha de sabão? – Beth, minha prima de sete anos, falou animada.
- Mas hoje? – perguntei olhando para mamãe, que riu. – Estava pensando em algo melhor!
- O quê? – todos responderam curiosos.
Chamei meus dois priminhos maiores e pedir para que me acompanhassem até o outro lado da casa. Enchemos vários balões com água e depois voltamos.
- QUEM QUER BRINCAR DE GUERRA DE BALÃO DE ÁGUA? – gritei e todos responderam em um coro animado.
Começamos nossa guerra enquanto todos os adultos do local olhavam para nós. Adorava quando juntava todo mundo para uma festa boa porque eu brincava de tudo com as crianças. Acho que era por isso que elas me amavam de uma forma absurda.
Confesso que isso era um pouco de peso de consciência pela pessoa que eu era. Eu sabia que era detestável em alguns momentos. Com idéias malucas na cabeça. Mas eu sabia que não era uma pessoa completamente má.
Quando levantei a mão com o balão para atacar meu primo, eu levantei os olhos para o cercado e vi um ser extremamente lindo sorrindo para mim. Era Richard.
Como ele havia aparecido ali? Como sabia onde era a casa de minha avó?
Sam, meu primo, me jogou uma bexiga e me molhou completamente.
- , meu bem, já, já sua avó chega e seria bom que já estivesse arrumada. – Mamãe apareceu e, sorrindo, olhou para Richard. – Ele me ligou antes de sair e pediu o endereço.
- Ah... – Sorri para ela. – Que bom então que disse.
Enxugando meu cabelo, caminhei para dentro da casa enorme. Tomei um bom banho, coloquei minha roupa e sequei o cabelo.
Descendo as escadas, vi Richard sentado no sofá da sala.
- Hey – falei animada e ele levantou com aquele sorriso dele.
- Oi! – Ele veio me abraçar. – Espero que não se incomode de ter vindo assim, do nada.
- Não. Claro que não. Adorei a surpresa! Você vai adorar minha avó.
- Eu tenho certeza que sim. – Ele desfez o abraço. – Adorei ver você brincando com aquelas crianças.
- Eles não podem me ver. Sempre querem que eu brinque com eles.
Caminhamos lado a lado para o grande jardim onde todos estavam reunidos. Minha avó já havia chegado. Falei com ela, dando-lhe um grande abraço, e apresentei Richard. Como de costume, enturmei-o com um grupo de senhores, onde estava meu pai inclusive, e fui ajudar a servir a mesa do almoço.
- Então... Essa é a sua família?
- Sim. – Sorri enquanto estava deitada na barriga de Richard. Nós estávamos deitados de barriga pra cima na grama. – A parte da mamãe, é claro. A outra parte do papai também é enorme. Você conheceu minha avó naquele dia.
- Sim, sim. – Ele riu. – Almoçamos lá. Foi ótimo.
- Foi sim. – Sorri e virei olhando para ele. – Todos estão olhando para nós.
Ele olhou para os lados e sorriu:
- Inclusive as meninas adolescentes.
- Estão com inveja – falei rindo.
- Deveriam.
- Por quê? – Levantei o cenho.
- Porque eu estou te dando maior bola.
Comecei a rir e virei novamente para olhar o céu.
- Que bom que te conheci, sabe, Richard?
- Eu também acho. Mas me diz: por quê?
- Porque você me apareceu quando mais preciso.
- Explica.
- Então... É que você não sabe como é minha vida, Richard. O que eu faço, o que eu vivo, sabe? Você não faz idéia de quem eu sou.
- Não precisa de muita coisa, . É só olhar para você e sua família. Você é amorosa, ama crianças, é apaixonada pelos seus pais e família. E mais, tudo isso é recíproco. Você é querida. Como pode haver algo de tão ruim em você?
Fechei os olhos sorrindo.
- Obrigada.
- Pelo quê exatamente?
- Por tudo. – Virei novamente para ele e o vi sorrindo. – Tem um laguinho e uma cabana um pouco mais longe daqui. Ainda é dentro do rancho. Topa ir lá?
- Claro. Por que não?
Levantamos e começamos a caminhar por uma estradinha de terra que dava à cabana antiga. Mal íamos lá já que era um pouco longe.
- Eu acho bom que você pense tanta coisa boa de mim.
Ele sorriu e olhou para frente:
- E seu irmão? Você não me apresentou.
- Ah... – Minha voz deve ter saído amarga, porque ele olhou para mim imediatamente. – É porque ele não veio.
- Não veio?
- É. Ele tinha combinado com a noiva dele que iam sair com os pais dela, algo assim.
- Ah... – Ele colocou as mãos no bolso e não disse mais nada sobre o assunto. – O dia está quente, não é?
Olhei para ele e comecei a rir.
- Richard, tempo não é um assunto muito legal.
- Eu sei... – Ele riu e caminhamos em silêncio.
Era um bom caminho até o lago e a cabana. Fomos em silêncio metade do caminho. Uma hora ou outra ele comentava algo sobre a estradinha ou o lugar em si. Respondia de bom grado, mas o assunto parecia que havia sumido. Era estranho estar ali com Richard. Ele era uma boa pessoa, e no início não havia me interessado de uma forma mais presente. Só que agora estávamos ali, eu e ele, caminhando um do lado do outro em direção a um lugar completamente vazio.
- Chegamos! – falei sorrindo e olhando para o espelho d’água que tinha. Logo do outro lado estava a cabana.
- Ele é bem bonito – Richard falou e se abaixou para molhar seu rosto. Fiz o mesmo.
- Quer voltar? – perguntei um pouco apreensiva.
- Calma. Acabamos de chegar. – Ele sorriu e olhou para frente. – O que há naquela cabana?
- Quase nada. Quer ir lá ver?
- Vamos lá.
Contornamos o laguinho e chegamos em frente à cabana. Abri a porta e vi que tinha muita teia de aranha na porta e fechadura. Por dentro, a casa estava mais limpa. Alguém devia vir ali limpar sempre. Ele entrou logo atrás de mim e observamos o lugar em silêncio. Estava semi-escuro. Havia uma mesa, fogão, geladeira, tudo. Um quartinho minúsculo com uma cama de casal e uma cômoda.
- É até arrumadinho – ele falou com aquele sotaque alemão que pareceu carregar o lugar.
- É. – Minhas mãos tremiam. Não sabia o motivo daquilo.
- Está tudo bem, ? – Ele apareceu em minha frente e olhou para mim um pouco divertido. Estava completamente tensa. Não sabia o que falar ou fazer. – O que você tem, ?
- Nada – respondi quase que automaticamente e ele pegou em minhas mãos:
- Você está tremendo – ele disse com uma voz um pouco mais baixa. Aquele sotaque entrava em minha cabeça de uma forma completamente diferente agora. Seus olhos brilhavam de uma forma diferente também.
- Estou? – falei com uma voz um pouco mais baixa também.
- Está... – ele sussurrou, fazendo com que sentisse um frenesi complexo dentro de mim. – Está tremendo sim.
Ele continuava olhando dentro dos meus olhos. Era completamente diferente de tudo aquilo que já tinha vivido. Era até clichê. Porque eu sabia exatamente o que iria sair dali. No mínimo um beijo, é claro.
- ...
- Hum? – Queria sair dali. Me livrar daquilo, mas meu corpo simplesmente não me obedecia.
Ele aproximou seu rosto devagarzinho enquanto meus olhos ainda estavam nos seus.
- Não. – O afastei bruscamente. Nem eu esperava aquela atitude minha. Ele ficou me olhando, ofegante. Eu também estava ofegante e completamente confusa. Parecia que em minha cabeça tinha um nó.
- Desculpa, eu não queria...
- ... – Ele olhou para mim com aqueles olhos azuis dele e entendi o que estava acontecendo ali. Entendi que eu também queria aquilo tanto quanto ele. Ele começou a caminhar em minha direção e eu tentava me afastar de costas até que ele me puxou e colou seu corpo ao meu. Sem nenhuma atitude minha, e sinceramente não tomaria nenhuma, sua boca colou na minha. Gemi um pouco quando ele fez aquilo. Passei meus braços pelos seus ombros e minhas mãos chegaram até seu pescoço e nuca. Abri minha boca lentamente para dar passagem a sua língua e finalmente um beijo de verdade.
Ele caminhou um pouco comigo em seus braços, passando as suas mãos pela minha cintura, costas e bumbum. Apertou essa parte com força e me fez dar um longo suspiro enquanto ainda me beijava. Sua boca começou a beijar meu pescoço, dando leves chupões. Levantei minha cabeça rindo enquanto uma de minhas mãos caminhava pela sua barriga por cima de sua camisa. Passei ela pela barra de sua camisa e a encostei em sua pele. Ele imediatamente voltou a beijar minha boca. Ele então me suspendeu do chão e me colocou em cima da mesa. Abri as pernas e passei minhas mãos novamente pela barra de sua camisa, e dessa vez tirei-a e joguei em qualquer lugar. Ele ainda beijava meu pescoço e colo enquanto passava minhas mãos pela sua barriga até chegar um pouco abaixo do umbigo e pegar no pano da sua bermuda.
- ... – ele falou com voz rouca.
- Hum? – perguntei enquanto massageava sua barriga bem abaixo do umbigo.
Ele não respondeu e tirou minha blusa de uma forma brusca. Então olhou surpreso para mim. Eu estava sem sutiã. Sorri maliciosamente para ele e depois mordi o lábio inferior:
- Ops, acho que esqueci algo – falei com relação ao sutiã. Ele riu e beijou entre meus seios com uma mão em cada seio.
Levantei a cabeça e passei meus braços ao redor de seu pescoço enquanto ele começou a passar sua língua no bico de meu seio direito enquanto apertava o seio esquerdo. Ele começou a chupá-lo de uma forma absurdamente intensa, fazendo-me gemer cada vez mais alto. Enquanto ele passava para o outro seio, desci minha mão pela sua barriga até alcançar novamente a barra de sua bermuda e dessa vez eu a abaixei com meus pés.
Me afastei um pouco para o centro da mesa e ele passou a mão pela minha barriga enquanto ainda chupava um de meus seios. Ele passou a boca novamente por entre meus seios e desceu para minha barriga. Desceu até o umbigo e rapidamente desabotoou meu short e se livrou dele em seguida. Deitei todo meu corpo na mesa e fechei os olhos. Aquilo seria bom. Ele passou a mão por cima de minha calcinha e depois afastou um pouco ela. Massageou toda aquela parte. Ele voltou a beijar meus lábios e então baixou seus beijos novamente pela minha barriga, baixando cada vez mais. Se livrou de minha calcinha e então abriu minhas pernas e começou a lamber minha virilha. Levantei um pouco a cabeça para olhá-lo. Ele movimentou sua língua para o lado e começou a chupar os lábios de minha vagina. Gemi alto quando ele fez isso. Comecei a mexer um pouco o quadril e ele segurou firme para que eu não fizesse aquilo. Coloquei a cabeça novamente para trás e ele continuava ali, mordiscando e chupando, alternando entre si. Finalmente ele passou sua língua pelo meu clitóris e começou a passar a língua em movimentos circulares. Meus olhos reviravam enquanto meu quadril tentava se movimentar. Ele soltou meu quadril e comecei a me movimentar freneticamente. Sua língua dançando em meu clitóris saiu dali e voltou para os lábios da vagina novamente, porém dessa vez ele penetrou sua língua dentro de mim. Senti uma corrente de prazer me invadindo enquanto ele movimentava a língua para dentro e fora de mim de forma rápida e finalmente não agüentei mais e entrei em orgasmo.
Sua boca voltou a beijar meus lábios novamente e com um sorriso em meu rosto sussurrei em seu ouvido:
- Agora é minha vez.
Desci lentamente da mesa ainda de pernas bambas, me ajoelhei perante ele, que olhava para mim com os olhos brilhantes.
Desci vagarosamente sua boxer e logo seu pênis ficou à mostra. Segurei ele ainda olhando para Richard e passei a língua bem na pontinha do seu membro já ereto. Ouvi ele gemendo bem baixinho e passei minha língua mais uma vez pela pontinha. Em seguida passei ela por todo seu pênis enquanto ainda olhava para ele. Comecei a masturbá-lo e olhar sua expressão. Ele colocou a cabeça para trás e novamente passei minha língua e depois encaixei seu pênis em minha boca tomando cuidado para não machucá-lo. Lentamente comecei a movimentar minha cabeça para frente e trás chupando vagarosamente, tentando lhe dar todo prazer do mundo. Ele já gemia um pouco alto enquanto tentava dar todo o prazer que ele precisava.
- Já chega! – ele falou puxando meu cabelo e me virando. Fiquei de costas para ele com meus cotovelos em cima da mesa e ele penetrou em mim tão rápido que eu quase gritei. Ele já arfava bem alto e começou a se movimentar dentro de mim. Entrava e saia em uma velocidade absurda. Suas mãos desceram até meus seios e o apertaram. Quando ele fez isso senti todo meu corpo descarregar e veio o orgasmo novamente. Logo em seguida ele também gozou. Deitou por cima de mim ainda suspirando bem alto enquanto eu fiquei naquela posição por um tempo.
- Richard... – falei meio sorrindo.
- Oi, meu anjo... – Ele beijou meu cabelo.
- Isso foi incrível.
- Também acho.
Ele saiu de dentro de mim e olhei para ele.
- Está tarde. Já devem ter dado por falta de nós.
- É, é verdade.
Saí pela casa procurando minha roupa enquanto ele colocava a sua. Senti seu olhar em mim, algo que me incomodou um pouco.
- , eu... Eu não queria que você achasse que...
- Ei. - Virei para ele, sorrindo. – Não se preocupe. Adorei o que aconteceu aqui. Ambos queríamos a mesma coisa e... aconteceu.
Ele sorriu um pouco e me deu minha blusa, que estava ao lado dele.
- Obrigada.
- Então... Nada muda entre a gente, não é?
- Claro que não. – Sorri. – Mas agora realmente precisamos ir.
– Onde vocês estavam? –Mamãe perguntou alegre. Realmente ela estava perguntando por perguntar já que ninguém realmente havia dado falta por nós ali.
–Fui mostrar a Rich a cabana e o laguinho. – Falei sorrindo e olhei para ele que sorriu para mim.
– Ah, você viu como é bonitinho lá? – Minha tia Falou de longe.
– É. Realmente é bem aconchegante. – Richard passou a mão pela minha cintura e me puxou um pouco para ele. Gostei de sua atitude que não passou despercebida pela minha tia e mãe.
–Ah filha, olha quem chegou!
Olhei para a entrada do rancho e vi o carro de estacionado. Mal meus olhos passaram pelo lugar quando ouvi:
–Eu não deixaria de vir para o aniversário de minha avó.
Lá estava ele: . Bem a minha frente com aquele sorriso bem no rosto. Ele olhou para mim e depois para Richard.
–Olá, maninha.
–Oi... – Respondi e forcei um sorriso. – Que bom que apareceu.
–Não deixaria de aparecer no aniversário da nossa avó.
Olhei para os lados procurando Monick, ele pareceu perceber já que falou:
– Monick não veio. Tivemos um pequeno problema e...
– Imagino qual seja. – Falei sarcástica e olhei para mamãe. – Mãe, eu e Richard queríamos dar uma volta pela cidade aqui perto. Queria comprar umas coisas. Daqui a pouco voltamos.
– Ok, meu bem.
Olhei para Richard quase que me desculpando e o puxei pela mão.
– Tchau, gente... – Ela falou e depois virou para mim. – O que foi isso?
– Não estava a fim de ficar ali.
– Seu irmão? – Ele coçou a nuca.
– É, mais ou menos...
Ele riu divertido e continuou coçando a cabeça.
–Você não entenderia...
– Não quero entender. – Ele parou e olhou para mim. Fiz o mesmo e sorrir. – Eu não quero que o que aconteceu hoje interfira em alguma coisa entre a gente.
– Não vai, juro que não vai. – Me aproximei um pouco dele e beijei seus lábios de forma carinhosa. Sim, toda a família ainda podia nos ver. E tenho certeza que viram. Mas não estava me importando muito. Então finalmente ele passou suas mãos ao redor de minha cintura e me deu um beijo de verdade, mais ávido e cheio de segundas intenções. Cortei o beijo com um sorriso. – Eu adoro você. Adorei o que aconteceu agora a pouco.
–Eu também, mas... – Ele sussurrou ao meu ouvido. – Não usamos camisinha.
–Tudo bem. – Sorri – Eu me cuido. Não se preocupe.
Ele respirou aliviado:
–Acho que devemos ir à cidade já que você disse a todos que iríamos para lá.
–Sim... Vamos lá.
Chegamos em casa quando ia dar sete horas da noite. Enquanto tomava um bom banho, fiquei pensando na tarde com Richard. Por que não? Por que ele não seria bom para mim? Ele era uma pessoa maravilhosa. Em todos os sentidos. Sorri ao pensar nisso. Ainda podia sentir seu toque em meu corpo, sua língua em meus seios, barriga e lá. Eu podia ainda sentir sua língua dentro de mim e em todo meu corpo...
–? – Ouvi a batida na porta e a voz doce de minha mãe.
–Oi, mãe. – Desliguei o chuveiro.
–Filha, eu e seu pai vamos sair pra jantar, quer ir conosco?
–Não, mãe, eu estou um pouco cansada e sem fome, podem ir.
– Tudo bem, qualquer coisa estamos no celular.
Voltei a ligar o chuveiro e rapidamente terminei meu banho. Havia passado tempo demais pensando nos acontecimentos daquela tarde. Rapidamente me enxuguei e enrolei a toalha em meu corpo e quando saí do banheiro dei de cara com parado em frente à porta do banheiro do meu quarto.
– O que você está fazendo aqui?
– Sou seu irmão. Não posso entrar em seu quarto?
Levantei o cenho e andei até a cama para pegar meu pijama.
– Então... O rapaz de hoje à tarde...
– Se chama Richard, é Alemão e faz filosofia.
– Namorado?
Olhei para ele e vi um rosto um pouco tenso. Ele realmente estava querendo saber se eu estava namorando o Richard.
–Não sei... – Baixei o olhar. – A gente ta se conhecendo.
–Se conhecendo? – Olhei para ele e seu olhar estava um pouco mais confuso que antes. - O que é “se conhecendo”?
–Você sabe... Se conhecendo.
Ele balançou a cabeça e apertou os lábios.
–Bem, então espero que dê certo pras vocês e...
–Sério?
Estávamos pertos demais um do outro, e tinha consciência disso.
– O que é sério?
– Que você quer que... Eu e Richard...
– Claro. Claro que quero. Eu sou seu irmão. Eu quero que você seja feliz...
– Eu sei que quer. – Estremeci só com o olhar dele que estava pousado sobre meus seios. – ... Acho melhor você ir embora.
– Eu também. – Ele virou e quando ia saindo, voltou olhando para mim. – Eu quero que seja feliz
E saiu do quarto. Fiquei parada olhando para onde ele estava poucos segundos atrás. Minha cabeça rodava de uma forma que me dava enjôo. Precisava ficar só e pensar. Richard era... Mais que um amigo, eu sabia. Principalmente depois daquela tarde maluca e maravilhosa. Mas ... mexia comigo. E não sabia o que fazer.
–ATCHIM! – Eu parecendo uma hiena maconheira em processo de parto no inverno. Aquela brincadeira com os balões realmente havia me deixado péssima.
–Filha, você precisa se cuidar. – Papai falou entrando em meu quarto. Ele estava passando pelo corredor quando soltei o meu estridente espirro.
– Eu estou... ATCHIM... bem... ATCHIM... papai. – Falei e não me sentia nada bem.
– Não, não está. , dá uma corrida aqui! – Ele gritou e estremeci novamente. mal ficava em casa, poucas vezes eu o via. Os preparativos para o noivado dele e de Monick deixava-o sem tempo para nós.
–Sim, papai? – Ele pareceu na porta do meu quarto.
–Pode examinar ? Como precaução. Se ela não estiver bem nós a levamos para o médico.
–Claro, vou pegar minha maleta.
–Não... AAA, AAATCHIM... precisa. – Falei quase sem forças.
–Claro que precisa. – falou rindo e foi buscar a tal maleta. Voltou menos de um minuto e começou a me examinar. Papai, que estava mais tranqüilo, saiu do quarto.
–Abre a boca.
–Não precisa...
–Abre! – Ele mandou e abri imediatamente. – Você está com uma gripe violenta.
–Eu percebi.
–O que andou fazendo para pegá-la?
–Fiquei no vento, no frio, descalça só pra pegá-la. – Falei e fechou a cara. – Foi da brincadeira com as crianças no aniversário da vovó.
–Ah, com os balões, não é?
–Sim e... Espera. – Olhei para ele que parece um pouco desconfortável. – Como sabe?
–Eu cheguei um pouco mais cedo e vi.
–Ah...
Ele terminou de me examinar e me passou um remédio. Passei à tarde de cama e quando foi à noite, ele mesmo me trouxe uma sopa.
– Não está envenenada, está? – Perguntei brincando e ele sorriu.
– Não, não está. Mas bem que poderia.
Dei a língua para ele e comecei a tomar a sopa. Ele me observava.
– Imaginei que estivesse com fome e sem forças para descer.
– Imaginou certo.
– É a segunda vez, não é?
– Segunda o quê?
– Que eu cuido de você...
Fiquei em silêncio. Era, era sim. A primeira havia sido quando vovô morreu. Então senti minha barriga rodar e dar um solavanco. Sempre quando falava do vovô, ou pensava nele, me dava vontade de chorar.
– O que aconteceu, ? – Ele perguntou preocupado.
– Nada, ... Estou bem...
– Certeza?
– Sim...
– Bom, estou vou descer que Monick está lá embaixo me esperando para jantarmos.
– Não vai jantar em casa?
– Não. – Ele nada mais disse e saiu pela porta. Parecia que meu coração ia junto quando vi outra pessoa entrando pela porta.
– Hey. – Era Richard. Eu não havia o visto fazia três dias. – Posso entrar?
– Oi! Richard, nossa. Claro. Pode, claro que pode entrar. – Falei mais surpresa que animada.
– Sua mãe disse que estava de cama. – Ele sorriu mostrando os dentes. –Pelo que vejo...
–P ois é... – Sorri e coloquei a sopa de lado. – Vem, pode sentar em qualquer canto.
– Aqui... Posso? – Ele sentou na beirada da minha cama sorrindo. Que sorriso, meu Deus.
– Claro.
– Como se sente?
– É como se um caminhão tivesse passado por cima de mim.
Ele soltou uma gargalhada e veio para perto.
– Senti sua falta.
– Eu também senti a sua.
Ele então beijou minha testa e depois me deu um selinho. Não deixei que me beijasse, pois estava doente.
–Me deixa ficar um pouco com você aqui?
–Eu que te peço. Fica.
A casa dos pais de Monick era linda. Uma coisa de outro mundo. E tudo estava perfeito para nos receber. Havia algumas pessoas lá. Eram ricos, sem sombra de dúvidas. Richard, que definitivamente já havia entrado para família como meu rolo, já havia conquistado meus pais. Segurando uma de minhas mãos, ele apertou forte e entramos casa adentro.
– Que passe rápido... – Ele falou e beijou minhas mãos.
– Que passe muito rápido.
Escolhemos uma mesa para sentar junto com meus pais e ficamos conversando sobre qualquer coisa. Seria um noivado daqueles que sairiam nos jornais. Haviam fotógrafos por todo lugar. Imaginei que Monick era do tipo de pessoa que adorava aparecer.
– Oi! – apareceu com um sorriso nervoso no rosto.
– Como está meu filho? – Papai perguntou se levantando e cumprimentando-o.
– Um pouco ansioso. – Olhou para mim e para minhas mãos que estavam sobre a de Richard. – Que bom te ver, Richard.
–Parabéns, meu caro.
– Não por isso. – Ele sorriu e percebi quão falso era aquele sorriso. – Espero que se divirtam.
Ele me lançou um último olhar e saiu.
– Quer que eu te leve para casa? – Richard perguntou ao perceber que eu estava em um tédio total ali. A noite havia sido com prevista. pediu a mão da insuportável.
– Você pode? Eu estou um pouco indisposta.
– Claro que posso.
Nos despedimos de todos e quando íamos sair, apareceu bem em nossa frente:
– Mas já vão?
– Vamos. – Falei prontamente e sentindo força em minha voz. – Foi tudo muito lindo, obrigada.
– Não por isso. – Ele sorriu e pegou em minha cintura e beijando minhas bochechas. Senti-me desconfortável na mesma hora. – Mas queria muito fazer o favor de levá-la em casa, Richard. Você se incomoda?
Richard olhou para mim meio sem entender. Fiquei desesperada. O que queria comigo?
–Claro que não, . – Ele olhou para mim e beijou minhas mãos – Amanhã te pego para almoçarmos. – Então me deu um selinho. Cumprimentou e saiu. Quase gritei para que ele voltasse.
Minhas mãos estavam geladas. Olhava para fora do carro enquanto dirigia a caminho de casa. Não trocamos uma palavra durante um tempo.
– Deve estar se perguntando por que me ofereci para te deixar.
– Na verdade estava pensando se vai nevar nesse natal.
Ele riu um pouco e pegou em minha mão. Olhei para a cena e quase tirei minha mão, mas não o fiz.
– Quero me desculpar por ser muitas vezes babaca com você.
– Ora, alguém aqui pensou?
Ele riu novamente e parou em sinal vermelho. Me olhou nos olhos e, ainda sorrindo, falou algo que me deixou surpresa:
–Eu queria poder te beijar.
Fiquei surpresa e um pouco indignada.
–Você só pode estar louco.
–Não, nós estamos loucos. , você sabe...
–Eu não sei de nada , olha o sinal. - Falei apontando para frente e tirei sua mão da minha. Ele respirou fundo e, frustrado, seguiu o caminho de casa.
Desci do carro e ele desceu atrás indo atrás de mim. Procurei as chaves e minha bolsa e quando dei por mim, ele me prensou na parede:
– , para!
– O que você quer transando com aquele moleque? Me deixar louco?
– Louco você já é! Me solta!
– Não sou louco, não fui eu quem começou com essa brincadeira.
– , me solta!!
– Solto se você disser que não me quer. – Ele me virou, deixando-me de cara a cara com ele.
– Me larga!
– Diz que não me quer, !
– Eu não te quero. – Falei sussurrando. Sabia que era mentira.
– Eu não vi força nessa sua voz. – Ele encostou sua testa na minha e falou com os lábios quase nos meus. – Fala, . Fala que não me quer.
– O que você quer com isso?
– Quero provar que eu sou melhor que aquele moleque.
– Não, você não é.
– Então diz que não me quer. Que não quer transar comigo!
– Você está louco! Estamos na porta de casa, podem nos ver.
–Anda, ! Diz que não me quer.
–Eu... – Os lábios dele estavam muito perto dos meus e então quando me dei conta já o beijava avidamente. Ele pegou as chaves nos bolsos e abriu a porta de casa. Fechou a porta atrás de si e me colocou no colo. – Isso é errado, .
–Cala a boca, , você quer mais que eu.
–Não quero.
–Quer. – Ele riu e mordeu meus lábios. – E eu vou pro inferno por isso, mas hoje eu vou te ter.
–Não vai ter.
–Eu juro por Deus, , se você complicar minha vida hoje eu nunca mais olho em tua cara.
Parei de beijá-lo e olhei em seus olhos. Uma vez. Uma única vez e nunca mais transaríamos. Nunca mais nos beijaríamos, nunca mais. E ninguém saberia.
–Uma vez, . Uma apenas.
– Uma que valerá a pena. – Ele falou rindo e voltou a me beijar.
Subiu comigo em seu colo pelas escadas e me carregou para o meu quarto. Ainda beijando-o, certifiquei que a porta estava fechada.
– , deixa de ser perfeccionista.
– Não queremos ser pegos. – Falei e saí de seu colo. – Quer dizer que você me quer, é? – Falei mordendo sua orelha.
– Quero. – Ele falou em um sussurro.
– Não sente vergonha de sentir isso pela sua irmã?
– Não mandei você ser gostosa. –Ele disse mordendo os lábios e me empurrando para a cama.
– O que fez você mudar de idéia?
– Saber que você transa com um idiota perfeito.
– Eu transei uma vez.
– Eu juro! – Ele veio para cima de mim, pegou em meu rosto e sua mão desceu pela minha barriga. – Eu juro que farei melhor, e você vai querer mais.
– Vou? – Levantei o cenho e rindo.
– Vai, vai querer bem mais. – Ele passou a língua pela minha orelha e sussurrou. – Vai andar pelos cantos e desejar que eu te toque desse jeito.
Sua mão desceu e levantou o vestido. Sua mão passou por cima da minha calcinha e apertou. Me contorci e gemi baixinho. Ele, rindo, movimentou a mão em cima de minha calcinha e a afastou um pouco. Seus dedos chegaram a minha vagina.
– E você sentirá falta de muitas coisas que ele não te dará.
– Isso é despeito porque ele pode me comer a vontade e você não?
– Não, isso é porque eu sou melhor a ponto de fazer você se excitar apenas com um beijo. Você está molhadinha. – Ele riu e ri também.
– Então é isso? Molhadinha? – Ele pressionou os dedos e gemi baixinho.
– Cala a boca. – Ele disse do nada e me beijou.
– Calo se eu quiser.
– Cala. – Ele pressionou de novo e começou a me masturbar devagar. – Ou não te dou prazer.
– Se você não me der, eu me dou sozinha.
– Não, não dará. – Ele me deu outro beijo.
Senti seus dedos ávidos me dando prazer cada vez mais rápido.
–Ele faz isso, ?
Não respondi, movimentava meu corpo pela cama.
– Faz? – Ele parou e gritei:
– NÃO PARA!
– Faz ou não?
– Não, seu cretino!
Ele voltou a me beijar e enfiar seus dedos novamente dentro de mim.
– Cretino, é? – Ele perguntou e riu.
– Sim, um vagabundo.
– Gosto disso.
– Do quê?
Ele movimentou mais forte me fazendo gemer mais alto.
– Não mandei você falar.
– Mas eu falo porque não manda em mim.
– Mando! – Ele então desceu sua língua até minha vagina e me olhou sorrindo. Segurei meus seios e ele foi beijando entre as minhas coxas, virilha e depois passou a língua pelos grandes lábios até chegar ao clitóris.
Gemia cada vez mais alto e tive que me controlar.
Sua língua, que até então estava movimentando só em algumas partes, resolveu descer e então senti-a dentro de mim. Com ajuda de um dedo ele começou a me chupar e me masturbar.
– .
– Cala a boca.
–Pensei que não soubesse fazer.
Ele então enfiou outro dedo dentro de mim e riu enquanto gemia.
– Então está surpresa.
– Não estou decepcionada.
Com minhas pernas em suas costas, fazia massagem nelas enquanto me contorcia por completo sobre a cama.
– Então pede. – Ele subiu e falou em meu ouvido.
– Não para, , por favor. – Pedi desesperada.
– Não parar com o quê?
– Não para de me chupar.
Ele voltou a fazer o que pedira.
Senti toda uma corrente de prazer correr pelo meu corpo. Suas mãos estavam em meus quadris e puxavam minha perna para perto dele.
– ...
Estava chegando ao clímax. Meu coração ia a mil. Nunca imaginei que ele fosse daquele jeito.
Enquanto suas mãos passaram pelo meu corpo, cheguei ao orgasmo de uma forma fulminante.
Sabia que não deveria gritar e nem ao menos fazer algum barulho semelhante já que a vizinhança toda poderia ouvir.
Enquanto ainda estava curtindo meu orgasmo, uma voz veio em minha mente: “É errado”. No mesmo instante deixei ela de lado e sentei na cama. Beijei seus lábios com muita vontade e depois sussurrei ao seu ouvido:
–Minha vez.
Minhas mãos desceram até o zíper de sua calça.
– Que feio, acabou de noivar e ta traindo a mulher?
– Cala a boca.
– Não calo – Falei e levantei o cenho. – Ou...
– Ou o quê, ? Pelo amor de Deus...
–Deus não tem nada a ver com isso.
Fiz com que ele deitasse e comecei a tirar seu paletó e blusa. Beijando sua barriga fui descendo até o cós da calça. Desabotoei e a baixei. Apertei seu pênis que já estava rígido. Tirei sua cueca e comecei a beijar naquele local.
Depois que explorei sua virilha e coxas, comecei a beijar seu membro. Passei minhas mãos massageando-o calmamente até encostar minha língua na ponta dele. respirou fundo e alto. Passei minha língua por todo ele e então comecei a chupá-lo.
não tinha noção de quanto desejava aquilo. Sua voz pedindo pra que fosse mais rápido, dizendo que me desejava, me dava mais vontade de fazer com gosto e diferente de tudo que havia feito. Eu queria ele. Queria ele dentro de mim, queria poder fazer amor com ele.
– , se você continuar eu vou gozar! – Ele falou sussurrando.
–Eu sei.
Massageei novamente e então sorri para ele. Sentei em sua barriga e ele se livrou do resto do meu vestido. Pegou em minha cintura me deitou em cima dele. Beijou meus lábios ternamente e falou com calma:
– Agora não tem mais volta.
– Não quero voltar.
Sua mão caminhou até o meu quadril e lentamente levantei para me encaixar nele. Nos olhamos uma última vez e desci lentamente. Gememos juntos quando senti seu pênis entrando em mim. Subi um pouco e depois desci. Faria direito.
Ele fez menção de se movimentar e com meu dedo em seu peito eu o proibi.
–Eu quem faço.
Subi e desci devagar no começo. Desci meu corpo no seu e beijei seus lábios. Subindo e descendo o quadril, comecei a cavalgar em . Adorava aquela sensação dos deuses de que aquilo era possível.
Levantei meu corpo e suas mãos tocaram meus seios. Continuamos naquela dança maluca até atingirmos o clímax.
Caí por cima dele e rimos. Então ele ficou sério e me olhou:
–Esquecemos a camisinha.
–Ei, eu me cuido ok? Não se preocupe com isso.
Então ele riu novamente.
–Você é louca.
–Nós somos. – Rir e olhei para ele. Ainda estava em cima. Sua mão acariciou meu rosto e cabelo.
–Você é tão linda.
– É de família.
– É, é sim. – Ele riu um pouco. – Agora preciso ir. A monick...
–A Monick... – Rir sarcástica e saí de cima dele. Peguei um lençol e me enrolei indo ao banheiro. Sentei no vaso e enquanto fazia xixi, ele apareceu na porta já vestindo a calça.
– Me desculpe deixar você nessa situação.
– Vai na fé. Que ela te dê prazer pelo resto da vida.
– Vai continuar com as piadinhas?
– Não, desculpe. – Falei suspirando. – Vai lá, podem notar o nosso sumiço.
Ele saiu e minutos depois ouvir a porta batendo, o carro dando partida e o silêncio novamente. Santo Deus, o que havíamos feito?
Baile de formatura. Eu estava naquele vestido enorme com um grande coque no cabelo. Ninguém, exceto minha mãe, estava feliz com aquilo. Eu iria com Richard para a festa, mas já planejava sair bem antes de todos.
Odiava ser o centro das atenções. Odiava mesmo.
– Filha, não é emocionante?
– Sim, mamãe... – Falei tentando parecer empolgada. – É muito interessante.
– Eu falei emocionante, filha...
– Isso que eu quis dizer mamãe... É que estou nervosa.
– Ah, querida, não é pra menos... Estou tão nervosa que parece que sou eu quem está se formando.
Ri um pouco. Fazia aquilo por ela.
Bem, estávamos quase no fim do ano. havia se mudado de casa. Aliás eu não entendi muito bem as razões que o fizeram mudar de idéia. O interessante era que ele estava morando em um apartamento perto do centro de NJ. Tudo bem que ele e a enjoada da Monick não morariam em NJ, já que ela detesta “caipiras”. Depois daquele dia fatídico, ele também evitou ao máximo chegar perto de mim, o que levanta a questão de que ele se mudara para me evitar. É justo que para que aquilo não voltasse acontecer, não poderíamos ficar juntos e sozinhos por muito tempo.
Mas confesso que ele não invadia os meus pensamentos diariamente. Não.
Me odeiem ou me amem por isso, mas eu estava envolvida com Richard. Sei que é meio inconstante que a melhor noite da minha vida tenha sido com o gostoso do meu irmão, porém nada superava o tempo bom que passava com Rich. Podia ser tomando um sorvete, comendo pipoca no cinema ou simplesmente conversar sobre a vida. Ele me fazia um bem danado. E resolvi que tentaria o máximo concentrar meus pensamentos em como torná-lo feliz mesmo não sendo sua namorada (ainda).
Não transamos mais desde o dia da cabana. Queria fazer diferente. Não queria ser igual para ele, uma puta desgarrada que vivia a vida dando a torto e a direito. Eu simplesmente não queria que ele conhecesse essa “”.
–Filha, eu e sua mãe estamos indo porque ainda vamos pegar mamãe em casa. Ela disse que queria ver você em sua formatura. - Papai apareceu todo de terno enquanto terminava de passar o batom.
– Ok, papai. Richard deve está chegando.
Enquanto ele saia, peguei o celular e disquei o número de Rich.
–Estou chegando, estou chegando. – Ele atendeu rindo.
–Sem pressa. – Falei rindo.
Toda a apresentação de alunos fora feita em uma igreja bem bonita no centro. E eu tive que usar uma roupa estranha enquanto recebia o diploma de término do Colegial. A noite estava bonita, tudo iluminado.
Enquanto estava sentada lá na frente, parada e com tédio, pude vê no fim da igreja uma imagem conhecida. Era .
Meu coração acelerou. Ele, obviamente, sabia que eu estaria ali. Mas eu nunca imaginei que ele passaria lá.
Olhei para Richard que sorriu para mim. Sorri de volta. Eu tinha Richard, eu tinha alguém e não iria me preocupar com .
Então ele sumiu. sumiu do lugar. Imaginei que havia divagado e visto algo que não estava lá.
A festa, porém, era apenas para os alunos. E convidados, é claro. e estavam lá.
–Hey! – me abraçou. – Estava com saudades! Parabéns!
–Obrigada! – Sorri e cochichei em seu ouvido. – Precisamos conversar.
–Claro. Mas hoje não. Hoje a noite é sua. – Ela piscou e olhou para Richard.
–Parabéns, minha linda! – me abraçou. – Eu vou ser muito grato em te ter como advogada.
–Serei com vigor! –Brinquei e abracei mais forte. – Te amo, obrigada!
–Não por isso. Eu te amo mais. Agora vamos dançar!
Richard me puxou para a pista.
–Você está especialmente linda hoje.
–Nem conversamos hoje. Obrigada. – Falei sorrindo e ele pegou em minha cintura. Pegou minha mão e como uma valsa dançamos.
–Por nada. – Ele sorriu. Como seu sorriso era bonito. – Ta vendo? Não foi tão aterrorizante.
–É... – Ri um pouco. – Não foi mesmo.
– Obrigada por ter me convidado.
– Quem mais eu convidaria?
– Quer dizer que só me convidou porque era a única opção? – Ele brincou mostrando estar indignado.
–Exatamente! – Ri um pouco.
–Ainda bem! – Ele então riu um pouco e colou seus lábios nos meus.
Passei a mão pelo seu pescoço e então eu o beijei de forma carinhosa.
–Tudo se torna mais bonito quando estou com você. – Falei instantaneamente sem perceber o quanto meloso aquilo saia de minha boca.
–Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu estou apaixonado, .
Sorri e voltei a beijar sua boca.
A música era frenética e os corpos estavam dançantes naquele lugar. Eu e Rich éramos os únicos dançando lentamente.
Após algum tempo resolvemos sair. A noite estava bonita, realmente bonita.
– Sabe o que combinava agora? – Ele falou quando sentamos em uma grama perto do ginásio. Algumas pessoas fumavam lá perto, outros casais e pegavam.
– O quê?
– Um vinho e violão.
– É. – Ri um pouco e olhei para ele.
– , você sabe que faço tudo por você.
– Você já faz muito.
– Não. Você merece, você é doce, é linda...
– Você não existe.
– Namora comigo.
Aquela pergunta me pegara de surpresa.
Ali, naquele clima, naquela noite daquele dia, aquele sorriso. Sorri de volta. Por que não? Por que não namorar o Rich? Ele era todo o sonho que uma garota podia desejar. Ele era a companhia que desejara durante anos de procura incessante por alguém novo, diferente.
– É claro que eu namoro. Eu estou apaixonada.
Seus olhos azuis lindos sorriram para mim. Então nos beijamos como tantos casais ali. Mas só eu sabia como aquilo era único para mim. Eu queria ele assim como ele me queria. E por mas que as coisas e tudo da minha vida dissesse que eu não o merecia, eu sabia que era mentira. Eu queria ser feliz.
– Eu juro que não quero que se ache obrigada a nada.
– Não, Rich, eu quero.
Estávamos em seu apartamento. Nunca me sentira daquela forma. Seus beijos me deixavam extasiada, adorava o seu sorriso, a forma como falava ao meu ouvido. A proposta de algo a mais surgiu quando ele passou suas mãos pelo zíper de meu vestido.
–Eu também quero. Mas não aqui, dessa forma. – Ele me deu um beijo carinhoso e então levantou do sofá pegando a chave do carro:
–Quer dar uma volta?
–Onde?
–É surpresa.
Onde estávamos era um local bem longe de Nova Jersey. Já estávamos no porto de Nova Jérsia.
– Por que me trouxe em um porto?
– Você verá.
Ele pegou em minha mão e caminhamos até a plataforma.
– Meu pai tem uns amigos aqui que devem algumas coisas pra ele. Alguns pagaram em dinheiro e outro... Em bens.
Ele caminhava me levando por entre a plataforma que dava acesso aos barcos e lanchas.
– Um dos melhores que ele recebeu foi uma lancha.
Ele apontou para uma lancha.
Era linda, branca, bem aconchegante, parecia ser nova.
– É linda... – Falei enquanto ele me ajudava a entrar na lancha.
– É sim. Foi uma das coisas que ele pode me presentear.
– Você é um rapaz de muita sorte.
– É... – Ele pegou em minha cintura e me virou para ele. – Eu tenho muita sorte mesmo.
– Rich... Eu quero conversar com você.
– Conversar? Sobre o quê?
Passei minhas mãos ao redor de sua cabeça e dei um selinho.
– Sobre mim, sobre quem eu sou.
– Eu não preciso saber nada. Você é perfeita, única...
– Eu não sou perfeita. Eu não sou tudo isso...
– Por que está me dizendo isso?
Ele me olhou inquieto. Seus olhos estavam confusos, não havia um sinal de felicidade e sim de preocupação.
– Conta, , o que está acontecendo?
–Antes de te conhecer... Eu tinha uma vida diferente.
– Diferente como?
Respirei fundo, eu contaria. Eu acabaria com tudo aquilo.
– Eu transava com todo mundo, ia a festas a noite, eu... Fazia tudo o que não devia.
Ele piscou algumas vezes para mim:
– Era isso?
– É mais ou menos isso.
– Não sei o que é “mais ou menos isso”.
– Eu fui muito errada em minha vida.
– Eu também já errei muito, mas não estou aqui me lamentando por algum erro.
Ele então sorriu e me abraçou.
Nele eu sabia que podia confiar.
– Eu te quero, , mais do que quis uma pessoa. – Ele sussurrou em meu ouvido. Senti sua respiração forte.
–Eu também te quero, meu amor. Eu sei que te quero...
Fechei meus olhos e me deixei ser levada por aquela dança que não havia conhecido ainda.
E deixei que meu coração falasse por si só. Ali seria o começo de uma nova época, uma nova estava ressurgindo, só que dessa vez não era das trevas.
Richard me empurrou para dentro da lancha e me deitou em um pequeno sofá.
– Você será minha, minha .
– Eu já sou sua. – Falei sorrindo e recebendo seus beijos envolta de meu pescoço.
– Então me prove...
– Ela não vai provar nada.
Ouvimos a voz de um terceiro e quando olhei vi que era . Meu coração disparou.
– ?
– Sou eu, , não se preocupe.
– O que faz aqui? – Richard perguntou um pouco perplexo.
– Vim buscar minha irmã para levá-la para casa.
– Casa? Você está louco? Desde quando você faz isso?
– Pare de reclamar, anda, saí.
– Eu não vou sair .
– Ah, mas vai... – Ele tentou me puxar e me desvencilhei.
– Quem você pensa que é? Que manda em mim? Na minha vida? Sério?
– Não torne as coisas mais difíceis.
– Não! Você não torne a MINHA vida difícil. Anda, me diz, pra quê vim aqui me impor isso?
– Eu sou eu irmão!
– Ah... – Gargalhei. – Essa é nova para mim. É realmente nova, meu irmãozinho. Por que não ler historinhas para que eu possa dormir agora?
– Você está louca, .
– Louco está você!
– ... – Richard tentou falar, mas continuei falando com .
– É o seu prazerk não é? Estragar tudo aquilo que me faz feliz!
– Você sabe que não.
– Vai pra puta que pariu! A sua mania de se meter no que não deve, de fazer o que não pode fazer, de iludir e depois ir emora!
Senti que nessa hora ele ficara desconfortável. Rich já não entendia nada.
– Gente, vamos nos acalmar...
– Não, Rich... – Olhei para ele e percebi que lágrimas já saiam de meus olhos. – Não quero mais me acalmar.
Saí da lancha e percebi que era seguida por .
– ...
– Me deixa em paz, seu desgraçado.
– Espera...
– Por que você sempre faz isso?
Ele conseguiu me puxar:
–Isso o quê?
– Estragar tudo e vir atrás de mim. Vai embora, me deixa. Eu estava feliz, estava realmente feliz. Eu realmente estava me entendo com o Richard. Você sabe o que é isso? Por que... Diabos você apareceu? Qual o seu...
Ele então me beijou a força. Tentei me desvencilhar, porém ele era forte e cedi.
– Porque eu não posso ... Eu não posso ver você com outra pessoa.
– Você é doente, já se olhou no espelho? Porra, você vai se casar com a Monick, você é meu irmão, olhe para nós. Me diz qual a chance disso dar certo?
– Certo? Então você pensa em nós?
– Claro que não! – Senti que iria desmaiar a qualquer hora. – Eu não penso mais em você. Richard é meu namorado e você entenda que nada do que fizer vai mudar isso.
Percebi que Richard corria em nossa direção. Ele não havia visto o beijo.
– Vai embora, , eu não quero nada com você.
Ele me olhou algumas vezes e falou:
–Germano Idiota.
E saiu, me deixando apenas as moscas. Richard me alcançou e me deu um beijo. Então apaguei.
Era natal. O tempo frio, as ruas coloridas com aqueles brilhozinhos da época. Todos estavam animados para a festa do natal na casa da vovó. Eu, que até então estava me recuperando da noite triste da formatura, não queria ver e nem havia visto. Porém naquele dia ele estaria ali. Richard era, como sempre, atencioso. Fiz as honras de fingir que nada havia acontecido. Mas não havíamos tentado nada desde o dia fatídico.
–Boa noite! – Falei entrando na sala da vovó com mamãe e papai, haviam algumas pessoas já. Todos me cumprimentaram e fui à cozinha ajudar o restante as mulheres – Cheguei, ladys!
–, linda! – Minha tia sorriu ao me ver. – Estávamos pensando na sua salada deliciosa!
–Ah, pois eu também! – Levantei a salada. – Aqui estão os ingredientes. Mãos a obra?
Passei um bom tempo rindo e conversando com as mulheres. A festa rolava lá fora. Enquanto ainda cozinhava, senti uma mão em minha cintura.
– Então é aqui que está a mais linda de todo mundo? – Ouvi a voz rouca e baixinha de Richard em meu ouvido e sorri involuntariamente.
– Eu não sei. Peça informação para outra pessoa. – Virei e lhe dei um selinho. – Demorou.
– Eu tinha chegado mais cedo, porém seu pai me alugou pedindo para que fosse comprar isso. – Ele levantou uma sacola onde havia algumas bebidas.
– Ah, tia... – Pedi para uma das tias que nos olhava sorrindo. – Apresente para ele a geladeira?
–Claro...
Ele colocou a bebida lá e depois me olhou sorrindo.
– Vou esperar você lá com os machos.
– Boa sorte! – Falei rindo e lhe dando outro selinho.
Quando ele saiu, todas as mulheres ali, inclusive minha mãe, começaram a rir.
– Bonitão ele, não é? – Mamãe falou rindo.
– Engraçadinhas vocês, vão cozinhar!
– Mas, ... – Minha tia Lucy se pronunciou. – É a primeira vez que te vejo de namorado sério.
– Não se preocupe, tia, ele é um bom rapaz. É da Alemanha.
– Já contei tudo para elas, filha!
– Fofoqueira!!!
Finalmente conseguimos ficar a sós um pouco para conversar. Richard me puxava para o jardim da casa enquanto ríamos de qualquer besteira.
não havia aparecido até àquela hora. Já era quase meia noite e meus pais estavam começando a se preocupar.
– Me diz o que foi. – Falei sentando na grama e fez o mesmo.
– Eu decidi que ia passar o réveillon na Alemanha... – Ele me olhou um pouco apreensivo.
– Tudo bem... Eu pensei que iria mesmo querer fazer isso.
– Mas não é só isso... – Ele me olhou e comecei a ficar realmente preocupada. – ... Meu pai está com câncer.
Pisquei os olhos algumas vezes antes de conciliar tudo.
–Cân-câncer?
– Sim, câncer na garganta. Ele está muito mal, toda família está. Eu nem sei como te falar... – Ele coçou a cabeça. – Eu não queria deixá-lo assim, sem mim... Sabe... Ele já pediu para que voltasse, mas como prometi passar o natal com você...
– Meu Deus... Não... Tudo bem, eu entendo...
– Eu não sei se vou voltar depois do réveillon.
Ele falou aquilo e senti um soco no estômago. Ele era uma das poucas coisas boas que haviam me acontecido, talvez a melhor.
– Não... vai voltar?
Ele então baixou a cabeça e percebi que queria chorar. Uma enorme vontade de chorar também veio em meu peito. Todas as pessoas que eu amava, acabaram me deixando de alguma forma. Mas Richard era o único que parecia que iria permanecer.
–Não me odeie por isso...
– Eu não te odeio.
– Ora, uma conversa de casal! Que lindo! – Levantei o olhar e vi Monick sorrindo, caminhando ao lado de . Os dois haviam chegado. Ela sempre com aquele rosto de estúpida. estava lindo com sua camiseta branca de mangas longas. Ele olhou para nós dois e virou o rosto.
–Obrigada... – Senti minha voz embargar e ela percebeu. Um riso de satisfação apareceu no canto de sua boca e me olhou um pouco preocupado.
–Vamos entrar, amor. Não queremos atrapalhar o casal... – Ela disse puxando-o. Ele permaneceu nos olhando. Não tive nem forças para rebater o olhar arrogante
–... –Richard falou e olhei para ele.
– Você está terminando comigo?
– Não... Quer dizer... Não quero terminar.
Ficamos algum tempo em silêncio e ele disparou:
– Eu te amo.
Comecei a chorar em silêncio. Richard nada fez. Senti que queria me abraçar, mas sabia que me machucaria mais ainda se o fizesse:
– Só me diz... Acabou? – Perguntei olhando em seus olhos e ele baixou o olhar.
– Eu não posso privar você de uma vida. Um namoro a distância seria doloroso para nós dois. E casamento... Eu nunca te privaria de uma vida inteira.
– Mas você pensou.
– Pensei nos dois. Mas não sou burro, . E nem egoísta. Eu não vou fazer isso com você.
Balancei a cabeça e então levantei limpando as lágrimas.
– Então é um adeus?
Ele levantou e, me olhando, falou aquelas quatro palavras que me doeram no fundo da alma:
– Isto é um adeus.
E então me abraçou forte. Senti que ia chorar e aninhei meu rosto em seu peito.
– Nunca vou te esquecer, .
– E eu nunca vou me esquecer de você, Rich.
Beijei sua boca em forma de despedida. O beijo mais longo que já havia dado em alguém. Me deixei levar por tudo. Ele ia embora, ele iria levar uma parte de mim com ele. Ele era a única coisa boa que havia me feito pensar em melhorar.
–Será que pode sair desse quarto para jantar, ?
–To sem fome, mãe...
Dois dias haviam se passado. Os preparativos para o Réveillon estavam insuportáveis. Seria em nossa casa. Mas não queria sair do quarto. Richard havia ido embora. E doía mais do que devia. Eu chorava por nada, estava cheia de olheiras, não queria comer, a vida não estava muito boa.
– Mas você vai comer, filha. Não pode ficar assim. Anda, levanta.
Ela me puxou pelos braços e desci as escadas quase que apoiada completamente nela. Quando desci todos os degraus, dei de cara com Monick e que me olhavam. Monick, como sempre, com aquele olhar de deboche. já me olhara preocupado.
– O que aconteceu? Veio de uma guerra?
– Não aperreie a hoje, Monick. – Mamãe ralhou em tom de desaprovação.
Nunca havia visto minha mãe tratar mal a Monick, então um sorriso tímido apareceu em meu rosto. Ela só bufou e foi atrás de mamãe cozinha adentro. permaneceu me observando.
– O que aconteceu?
– Acho que não te interessa.
– Por que você me trata tão mal, ?
– Você ainda pergunta? – Bufei e não disse mais nada. Não queria discutir.
– ...
Andei até a sala e sentei no sofá. Ele foi atrás de mim.
– Quer fazer o favor de me escutar?
– Não temos nada em comum, . Que teimosia é essa em falar comigo?
– Você ainda pergunta? – Ele me olhou e eu então baixei o olhar.
– Eu o amo, . O Richard. Eu o amo. E ele foi embora, e eu não sei o que fazer... – Me vi aos prantos e me abraçou forte.
– Calma, , calma... Isso vai passar...
Ele me carregou para a varanda e então deixou que eu chorasse tudo. Descarregasse.
– Eu não sabia que você o amava assim.
– Sabe quando você ama e não tem como controlar? Eu não queria que ele fosse...
– Eu sei, . Eu sei. – Senti tristeza em sua voz e olhei para ele, que me olhava com tristeza. –Eu sei o que é amar e não poder dizer ao mundo.
– ...
– Eu sei o que é isso. E não suporto te ver sofrendo assim, chorando por causa de um cara que eu sabia que iria te magoar. Eu sabia que...
– Para! – supliquei. – Não torne tudo mais difícil. Já fomos longe demais com tudo isso.
– Eu sei que dentro de você há uma pessoa que me ama tanto quanto eu te...
– Foi uma brincadeira estúpida que juramos nunca mais repetir. – Me larguei de seus braços e o encarei. – Não seja tolo, . Eu não te amo. Eu não desejo passar o resto da minha vida contigo. Foi carnal, desejo que passou...
me olhou algumas vezes e então entrou em casa. Sentei em uma cadeira perto da porta e tentei não desmaiar. Nem eu mesma sabia o que fazer a partir dali.
’s P.O.V
Eu não sou uma má pessoa. Eu sempre tentei ser um bom estudante, filho, sobrinho e namorado. Mas se tem algo que eu nunca treinei foi ser um bom irmão. Eu não sabia o que era ser irmão até aquele ano. Eu não sabia como lidar com uma adolescente em crise. E agora a estava entrando na faculdade, virando adulta, prestes a morar sozinha em Nova Iorque e eu estava aqui em um noivado sem fim com uma mulher que eu já não amava. Pelo menos não como antes. Ela havia decidido ir para uma faculdade maior em NY e morar no alojamento de estudantes.
E Sabe o mais frustrante disso tudo? É que eu estava apaixonado por uma pessoa que era proibida para mim, pela minha irmã. Pela minha teimosa e louca irmã. E, claro, ela não sentia isso por mim, ou fingia. Mas fingia tão bem que, no final das contas, havia desistido de acreditar nisso.
Depois da ida do alemão para a sua terra natal, confesso que pensei que nossa relação ia mudar. O que não aconteceu.
Eu, um homem de vinte e cinco anos, estava fodido. Literamente fodido.
- Filho? – A voz surpresa de minha mãe a me ver na porta de sua casa me confortou.
- Oi, mãe, pensei em jantar hoje aqui. Tem algum problema?
- Nenhum! – Ela disse animada. – está terminando de arrumar sua mala.
- Ah, ela vai mesmo?
- Para nossa tristeza... – Ela deu espaço para que eu entrasse em casa. – A ida de Richard para a Alemanha a abalou muito, tenho que confessar.
- Eu nunca gostei dele... – Confessei e sentei no sofá. – De qualquer forma acho que ela se dará bem em NY.
- Eu já não sei. Mas confio nela, acho que ela pode passar por isso como experiência. – Ela sorriu e pegou em minhas mãos. – E você, hein? Está animado para o casamento?
- Ah, digamos que sim...
- E você conseguiu tirar a idéia de maluca da Monick de voltar para a Inglaterra?
- Não, infelizmente não. E isso me deixa frustrado.
- Você devia tentar um pouco mais. Podia morar em NY, perto da sua irmã.
- Acho que não é uma boa idéia. – Sorri para mim mesmo, já com uma voz de tristeza.
- Eu acho uma ótima idéia. A ainda é menina, apesar de tudo. Ela vai deixar a e o aqui e vai encarar uma vida lá.
Nada falei a respeito. Mamãe falou qualquer coisa e voltou para a cozinha. Ouvi passos vindos das escadas e descendo logo em seguida. Ela me olhou e sorriu:
- Ei, ...
- Oi, . Como estão os preparativos?
- Tranqüilo.
- Quando você vai?
- O ônibus sai às três de amanhã. A primeira viagem ao campus, no final da semana eu volto.
- Você vai de ônibus?
- É, mais ou menos... – Ela andou até mim. Estava tranqüila, mais corada. Mas estava relativamente mais magra e com um rosto um pouco cansado. – É que amanhã mamãe vai ter uma reunião e papai vai fechar um contrato.
- Se isso for o impedimento, eu posso te levar.
- Não, imagina, ... Não se preocupe. – Ela sorriu e depois levantou indo para a cozinha. Quando ia fazer o mesmo, meu celular tocou. Era Monick.
- Alô, Monick?
- Onde você está? Estou bem na porta da sua casa e...
-Eu vim almoçar em casa, Monick.
- Ah... Tudo bem, eu estou indo praí.
- Não... – Falei quase que instantaneamente. – É que eu mesmo não tinha avisado pra mamãe que ia vim e ela não fez muita comida. Você se importa? Depois posso ir te pegar a tarde.
Ela bufou um pouco. Era típico de Monick fazer aquilo quando não conseguia o que queria.
- Eu compro mais comida, amor...
- Não, Monick. – E isso me irritou mesmo. – Não é não! Hoje estamos reunidos para despedida da também. E não quero você trocando farpas com ela no almoço.
- Eu não tenho culpa se ela me odeia.
- O sentimento aí é mútuo. Olha só, preciso desligar. Mais tarde te ligo. Tchau.
Desliguei antes que ela protestasse. Eu estava começando a me irritar com ela. Fui a cozinha e encontrei rindo e conversando qualquer coisa com a mamãe.
- Eu vou para Nova Iorque amanhã fazer uma transferência, inclusive. – Falei e me olhou. – Quer ir comigo?
- Tanto faz... – Ela deu os ombros.
Ela havia crescido tanto assim que nem uma insinuação de dar carona à ela não fazia mais nenhum efeito?
- Mas vou bem cedo... Então você teria que dormir lá em casa.
- Tudo bem... - Ela continuou enxugando os pratos e pondo-os em cima da mesa. -Onde está papai? – Ela perguntou mudando de assunto.
Mudar o canal da TV estava cansativo. Minha mãe havia saindo com o pai para comprar algumas coisas para a viagem de . Ela, por sua vez, estava entocada em seu quarto havia bem uma hora. Resolvi ver se ela queria algo, queria ajuda ou qualquer outra coisa.
Desliguei a TV e subi as escadas. Andei pelo corredor e encontrei a porta de seu quarto entreaberta. Observei um pouco ela que lia algo.
- Toc, toc – Falei e bati na porta, algo que a assustou. – Posso entrar?
- Claro. – Ela sorriu e eu o fiz.
- O que está lendo?
- Na verdade, é um livro que o nosso avô me deu quando eu era menor... – Ela voltou a olhar para o livro e sorriu. – Eu era pequena e ele falou que eu deveria aprender a ler isso aqui.
- O que diz o livro? – Sentei pedindo espaço e ela cedeu.
-“Ele bateu a porta, ele bateu. Ele foi o único que teve a coragem de bater, de adentrar aquele lugar triste e sombrio. Ele fora a única pessoa que não teve medo do seu coração, pois ele sabia que o seu coração era a porta do mundo. Ele sabia que seu coração era a porta da vida. Ele sabia que o seu coração era a única fonte que poderia matá-lo, mas também poderia revivê-lo...”
Ela leu e depois caiu em lágrimas. Fechei o livro que estava em suas mãos e a abracei. Não disse nada, ela não precisava que eu dissesse nada. Ela estava triste e eu podia vê em seu olhar a tamanha tristeza. E isso me cortava o coração e a alma. Ela era a . A minha irmã caçula que, apesar de tudo, eu nutria um sentimento de proteção. Ela estava acabada. Seu coração estava estraçalhado. Sua vida estava triste.
- Sabe, ... Eu queria estudar em NJ, eu queria ficar aqui perto da família, perto de todos. Mas eu não consigo. Eu não tenho forças para continuar aqui.
- Por causa do Rich... Richard? – Minha garganta deu um nó e um ódio me sobreveio de uma forma brusca.
- Por causa de tudo, por tudo... Por toda minha vida e... – Ela então me olhou. – Por tudo que já fiz de errado. Por tudo...
- ...
- Ele disse que me perdoava, . O Richard havia me dito que não se importava com o meu passado.
- Mas ele foi embora...
- Por causa do pai dele.
- Ele foi embora, . De que adianta ele ter dito que não se importava?
Ela me olhou um pouco e limpou as lágrimas.
- Eu estou cansado, sabe? – Falei por fim quando ela voltou a uma de suas malas.
- De quê?
- Disso. Disso tudo... – Desabei. – , eu estou cansado de Monick, de fingir que quero me casar com ela, que naquele dia do meu noivado, aqui... Eu estou cansado de fingir que não me importo.
Ela nada disse.
- Eu estou cansado de estar aqui. Sempre aqui. Eu sempre estive aqui. Na morte do nosso avô, nas suas dores, nas suas frustrações... Eu estive e estou aqui. E agora eu não vou mais estar.
- Eu amo o Richard. – Ela disse com a voz firme.
- Tudo bem, eu me contento em não ser amado por você... Eu me contento que ainda que não sinta amor por mim, sente algo. Mesmo que seja ódio. Mas não vai embora.
- Já está feito, !
- Desfaça! – Levantei da cama e olhei em seus olhos. – ...
- Será que não percebe que já me machucou muito? Será que não percebe que já me quebrou? Que já passamos do limite?
-Eu sei... Eu sei. Eu sei que nada do que eu fizer vai fazer voltar atrás. Mas eu te am...
- Pare por aí, ...
- Por quê? – Perguntei olhando em seus olhos, mas não me movi um centímetro. –Por que tem medo que eu fale “eu te amo”?
- Porque quando você poderia ter dito isso para mim, você não disse. Porque quando transamos nessa cama... – Ela então apontou e eu olhei para a cama. – você simplesmente foi embora, me deixando sozinha como sempre. Me deixando. Porque é isso que as pessoas fazem, . As pessoas me deixam! Mas sabe que eu estou até acostumada com isso? Eu não culpo vocês, não! Eu não culpo Deus. Eu me culpo. Eu sou burra, eu sou...
Eu não deixei que ela terminasse a beijei. A princípio ela relutou muito para não retribuir, mas no final, abriu um pouco a boca e dei passagem para minha língua adentrar pela sua e então me beijou de volta.
- Não diz isso... – Falei fechando os olhos depois de cortar o beijo e continuei dando alguns selinhos. Ela se pôs a chorar.
- E depois daqui? Você vai correr para sua noiva. Você vai fingir que somos irmãos porque isso é mais fácil de lidar.
- Se você me quiser... – Falei com toda sinceridade do mundo. – Eu largo a Monick.
- Não, não larga... – Ela virou os olhos e a beijei novamente. Seu gosto era salgado, de lágrimas, de tristeza, de mágoa e sentimento acumulado. Existia nela alguém que ainda me queria e tinha medo de assumir isso.
- Eu largo... Eu juro que eu largo. – Fechei os olhos e sorri.
- E depois? Me diz... E depois?
- Eu não sei... - Continuei olhando em seus olhos e segurando sua cabeça nas mãos.
- Isso é tão errado.
- Isso é amor, .
- Não... Isso não é amor. Isso é autodestruição.
Beijei-a novamente.
- Fica.
- Não posso.
- Não pode ou não quer?
- Os dois.
- Fica, . Fica. Fica comigo.
-De que você está falando? – Pude ver um riso tímido se fazendo em seu rosto.
- De ficar comigo, de fugir. Eu não sei...
- Você só pode ser louco.
Eu amava . Era verdade. Eu a amava. E simplesmente não podia ignorar o fato de que a queria comigo.
- Eu sou, . Eu sou sim. E sou louco por você.
Ouvindo o barulho da porta lá debaixo e nos afastamos drasticamente. , por sua vez, pareceu recobrir o juízo e voltou a arrumar a mala.
Aí de seu quarto e peguei o celular, disquei o número e quando atenderam do outro lado da linha.
- Alô? Por favor, queria saber como faço para transferir a minha pós-graduação para qualquer faculdade de NY?
estava em silêncio em meu carro. Estávamos indo para o meu apartamento, já que ela iria comigo para NY no dia seguinte. Não havíamos nos falado mais depois do episódio no carro. A despedida com meus pais que havia sido dolorosa. Tinha a impressão que agora chorava por qualquer coisa.
- Você volta final de semana que vem?
- Sim, sim...
- Posso ir te buscar?
- Não se incomode.
- Eu juro, não me incomodo.
Ela me olhou com aquele olhar de derrotada que me dava nos nervos.
- , supere. Esse cara não merece nem um pouco da sua compaixão.
- Eu até tento esquecer, mas você só fala dele...
- Não coloque a culpa em mim, menina.
Ela sorriu um pouco e percebi que o clima havia amenizado no carro.
- Então, eu te pego na sexta à noite.
- Ok, ok... – Ela falou vencida.
- Eu pensei que você fosse um pouquinho mais insistente.
- Quer que eu seja?
- Não, não... – Sorri um pouco. – A e o vão aparecer amanhã cedo pra se despedir.
- Ah, é... A falou.
- Você se importa de mudar um pouco de rota antes de irmos para a minha casa?
- Não...
Peguei um caminho que tanto conhecia e chegamos até o destino que eu queria. Era uma praça que bem ao meio dela tinha uma enorme lagoa. Haviam poucas pessoas lá. Estacionei e tirei o cinto. fez o mesmo e desceu,
- Eu nunca vim aqui.
-É que não é muito fácil de encontrar. Vamos? – Pedi para ela caminhar por entre as muretas.
Ela fez e eu fui caminhando logo atrás.
- Você quer comer algo?
- Não, não. Obrigada.
- Então vem cá... – Puxei-a pela mão e paguei um homem para deixar que entrássemos naqueles barquinhos que pilotávamos com nossos pés.
- O que é isso?
- Diversão. – Sorri e ela sorriu de volta.
Eu nunca iria perder para a tristeza que ela sentia ao perder o Richard. Eu estava ali e não ia sair.
Entramos no barquinho, que eu não sabia o nome, e começamos a pedalar. A noite estava bonita, havia poucas nuvens e muitas estrelas. A lua era Nova. A estava linda com aquele vestido vermelho e o laço na cabeça.
Ficamos um bom tempo em silêncio até que eu cortasse:
-Você está linda.
Ela me olhou e depois baixou a cabeça. Nada mais disse.
-Quem é você, ?
-O quê?
-Pelo amor de Deus... Ninguém pode entrar em sua vida e tirar tudo dessa forma! Sua felicidade, sua forma de vê a vida, sua birra com tudo e todos, sua auto-estima, até o seu abuso. Eu não te conheci assim. Eu não estou te reconhecendo.
-Não é bem assim, ...
-É assim sim, menina! Você acha justo alguém chegar em sua vida e ir embora assim? Ir embora e ainda deixar toda essa dor?
Eu sabia que não era o exemplo de melhor pessoa. Eu mesmo havia machucado muito e isso me aborrecia fortemente.
- Eu sei... Eu não sou a melhor pessoa, a pessoa que mais te amou...
- Não mesmo...
- Mas eu estou aqui...
- Eu não vou voltar atrás.
- Eu não estou mais te pedindo isso.
-E o que você está pedindo?
- Que consiga me amar.
- Eu não sei se consigo isso. Não é algo que se peça...
- Eu estou te pedindo. Uma única chance.
- Chance de quê?
- De provar que eu te amo...
- De onde surgiu tanto amor, ? Tão repentino assim?
- Sempre existiu.
Eu a beijei. Eu a beijei da forma como ela merecia e como eu nunca havia beijado-a. Aliás, como nunca havia beijado alguém na vida.
Eu estava completamente apaixonado por , é claro. E ela não estava por mim. Mas estava ali. E eu poderia tentar.
’s P.O.V
-Aqui está uma toalha nova... – me deu uma toalha para que tomasse banho em seu banheiro. O apartamento era bem bonito e organizado. Ainda estava um pouco abalada com aquilo tudo. A viagem, a faculdade, o Richard, o ... Os beijos de ...
Existia algo em mim que estava adormecido. Algo que me fazia sentir melhor e pior. É claro que isso não fazia nenhum sentido, mas era assim que me sentia.
Durante várias semanas eu estava ignorando , chorando e lamentando em meu mundinho particular sobre uma perda que eu pensava que não ia superar. Ainda dói, obviamente dói. Dói a ponto de às vezes corroer todos os meus ossos por dentro. Do meu coração clamar por caridade: “Por favor, , me destrua”, é o que o coração diz toda noite antes de dormir. Não quis me matar, mas quis tirar o meu coração fora para deixar de sentir. E nem ao menos pensava em naquele momento. Em nenhum momentos cheguei a pensar em , exceto naquela manhã de sábado quando ele veio tentar destruir um pouco da minha sanidade. E olha só, estou aqui. Em seu banheiro, recebendo sua toalha, eu havia correspondido cada beijo dado. Eu tinha esse prazer auto-destrutivo. E isso iria acabar comigo qualquer dia.
Tomei um banho quente bem demorado. Era a última noite em NJ antes de ir morar definitivamente em Nova Iorque. A idéia de morar longe veio logo após perceber que ficar naquele lugar só ia piorar a minha situação. Queria mudar. Queria ser uma que era diferente daquela das festas, bebedeiras, do Richard, do ... Aquela que era só uma garota comum com uma vida comum. E Nova Iorque seria o melhor lugar para aquela mudança. Sei que parece piada depois de tudo que aconteceu, mas eu queria ser uma nova . E eu seria.
- Eu comprei uma pizza pra gente, se importa? – falou ao me vê saindo do banheiro com uma calça larga e uma blusa de manga longa com uma toalha no cabelo.
- Não, não...
- Você quer alguma coisa? Pode dormir em meu quarto.
- Não, ... Não se incomode. Eu durmo na sala sem problemas.
- De forma alguma. – Ele então sorriu.
O sorriso de era lindo. O seu olhar também. Ele era todo bonito, na verdade. Mas quando sorria, dava vontade de sorrir junto. E é estranho pensar que o seu sorriso era mais bonito que o meu, e que aquele olhar também era diferente do meu. Era estranho pensar que eu, antes, adorava brigar com ele por qualquer coisa.
Sentamos a mesa e começamos a comer. Não falava nada. Nem eu e nem ele. Parecia que o silêncio era mais reconfortante. Eu sequer tirava os olhos do prato.
Eu queria falar. Eu queria, de alguma forma, tentar livrar minha barra com . Ele merecia minhas desculpas também. Ele não havia errado sozinho. Grande parcela da culpa era inteiramente minha. A maior, talvez. Mas da minha boca não saia nada.
-Você gosta de Dr. House, não é? Quer assistir? Tenho todas as temporadas aí...
Ele cortou o silêncio com um assunto banal.
- Ah, ... Eu até adoraria, mas vou acordar bem cedo amanhã e...
-Ah, é... Por um momento eu achei que você só ia ficar aqui e não que já ia embora...
O silêncio prevaleceu entre nós dois novamente. Depois do jantar, lavei as coisas e fui dar olhada em minha mala. apareceu no quarto perguntando se eu queria alguma coisa a mais porque ele ia sair. Disse que não, agradeci e então ele saiu. Não perguntei onde ele poderia ter ido, já que achei inconveniente de minha parte.
Após confirmar tudo, me enfiei embaixo das cobertas e esperei o tempo passar. Ou seria o chegar? Já era tarde e ele ainda não havia chegado. Olhei algumas vezes para o relógio e nada dele chegar.
Desci da cama e fui andar pela casa. Ela era bonita, realmente. Era um por andar e era espaçosa. A cozinha também era arrumada. Na sala havia uma TV enorme, um sofá grande também. Sentei lá e liguei a TV.
-... ... Acorda... – Ouvi a voz de e abri os olhos.
-Já é a hora?
-Não... Eu cheguei agora e vi você aqui. Dormiu vendo TV?
Percebi que havia mesmo cochilado e que estava sem cobertor e morrendo de frio.
-Vem, vamos. Eu te levo para o quarto...
Ele pegou e, eu que ainda estava sonolenta, me ajudou a chegar ao quarto. Deitei na cama e puxei as cobertas. Quando ele ia saindo, falei:
-Não... Fica.
Ele me olhou e depois sorriu.
-Eu vou tomar um banho e volto.
Eu ainda estava com sono, mas vi a hora que ele deitou ao meu lado na cama. Estava cheiroso e bem quentinho. Me aninhei em seu corpo e fechei os olhos, sentindo aquele cheiro, deixando que ele entrasse em minhas narinas e me embriagasse.
- Pensei que estava dormindo... – Ouvi sua voz um pouco rouca e baixinha.
- Eu estava...
- E por que está falando? – Ele riu
- Não sei... – Olhei para ele e beijei seus lábios.
- Você não se decide se me ama ou me odeia.
- Posso ficar no meio termo?
- Claro que pode. Eu adoro o meio termo.
Ri um pouco e recebi um selinho em meus lábios. Ainda estava com sono, porém bem menos.
- Que horas são?
- Tarde...
- Tarde que horas?
- Devem ser umas três. Você devia ir dormir.
- Devia mesmo... – Falei e olhei para ele. – Onde você foi?
- Resolver algumas coisas... Por que você não dorme?
- Porque eu não quero.
- Claro que quer, olha essa sua cara de sono.
- Não... – Falei e depois fechei os olhos. Mas não queria dormir. – É sério o que me disse?
- Depende... O quê exatamente?
- Sobre... Terminar com a Monick, fugir e me amar?
Ele sorriu um pouco e beijou minha testa.
- E eu mentiria para você?
- Eu não sei...
- Não, eu não mentiria. E sim, é sério mesmo.
Fiquei em silêncio um pouco.
- O que está pensando, menina?
- Sobre tudo isso... E você?
- Sobre como você está tremendo. Está com frio? Eu posso... – Ele fez menção que ia sair e eu o segurei.
- Não, não sai daqui. Eu estou bem. Não estou com frio.
- E porque está tremen...
Ele não terminou a frase e me olhou.
-O que foi? – Perguntei e recebi um beijo longo como resposta.
Uma de suas mãos percorreu toda extensão do meu braço e depois barriga, ainda por cima da blusa. A outra ficou quieta. Retribuí o beijo passando minha mão pelo seu pescoço e depois nuca.
Sua língua brincava com a minha e, quando menos percebi, sua mão já estava levantando minha blusa. Ele fez isso tão rápido que quando percebi, estava sem blusa e sem nada por baixo dela. Enquanto me beijava, ele massageava meus seios.
Depois os beijos passaram para o pescoço e descendo pelo meu colo até receber beijos em meus seios. Depois de lambê-lo com muita maestria, ele entrou começou a chupá-los, alternando entre chupar e apertar. Meu sexo já estava molhado.
Havia esquecido como exercia um poder sobrenatural sobre mim. Seus beijos desceram pela barriga, umbigo e chegaram a barra da calça que ele logo se livrou e eu estava apenas de calcinha.
Olhei para ele e ele para mim, que sorriu pedindo permissão. Balancei a cabeça e, então, com a língua, ele tirou minha calcinha e então abriu minhas pernas, e como um bom especialista, analisou se eu estava molhada de verdade. Passou seus dedos por todo meu sexo, clitóris, grandes lábios e então enfiou um dedo dentro de mim. Gemi baixinho e ele então passou sua língua, me chupando como uma criança pequena chupa um sorvete, se lambuzando toda. Enquanto dois dedos estavam dentro de mim, entrando e saindo, ele passava sua língua em meu clitóris e eu já gemia um pouco mais alto.
Sentia um frio imenso na barriga a cada vez que ele me chupava com mais intensidade. Após tirar os dois dedos de lá, ele enfiou sua língua que ficou em um “vai-e-vem” excitante. E ficou alternando, demorando em me dar prazer com os dedos e a língua. Cheguei a gozar só com aquele artifício.
Queria retribuir. Saí da posição e ele ficou em pé, fora da cama. Desci como um cachorrinho, e como uma pessoa no deserto, fui com muita sede à fonte de . Me ajoelhei e desci a bermuda dele. Vi sua ereção bem dura, rígida e ereta.
Beijei toda a extensão de seu pênis antes de começar a chupá-lo, como ele esperava. Passei a língua por cada parte, inclusive no escroto. Fiz questão de chupar tudo e então enfiei o seu pau dentro de minha boca lentamente. Ouvi um gemido forte de . Fui com mais calma no início, até perceber que ele estava ficando cada vez mais excitado. Aumentei o ritmo e ele segurou meu cabelo para que impusesse o ritmo que ele queria.
Não demorei muito ali, pois sabia que se o fizesse, ele gozaria rápido demais. Chamei-o para cama, e ele rapidamente veio. Colocou a camisinha rápido e me puxou para cima dele, que estava sentado. E então, lentamente, sentei em cima do seu membro. Gemi em seu ouvido e quando estava terminando de descer, rebolei e ele gemeu um pouco mais alto. Subi novamente e ele segurou em meu quadril enquanto chupava meus seios com perfeição. Desci novamente e rebolei.
-Vadia. – Ele disse com dificuldade.
-Sou sim. – Ri um pouco e aumentei a velocidade. Mesmo sentindo um pouco de câimbra, continuei a dança doida em cima dele, que ao cansar daquela posição, me empurrou para cama e penetrou em mim com força. Abracei seu quadril com as pernas e ele começou a falar coisas indecentes em meu ouvido.
-Quero de quatro. – Ele falou ao meu ouvido.
-Quatro?
-É.
Mal terminou de falar e me posicionou no maior estilo “cachorrinha” e meteu com tudo. Confesso que adorava aquela posição. Mas não sabia que tinha uma tara por isso. Ele penetrava com tanta rapidez que, naquela posição, logo eu cheguei ao clímax. Deitamos um ao lado do outro e rimos um pouco.
Transamos. Transamos muito. Até o dia raiar. E quando os primeiros raios de sol entraram pelo quarto, fechei os olhos e senti o perfume de . Apaguei.
Acordei. O sol estava quente batendo na parede branca. Tive dificuldades para abrir os olhos. Mas quando abri, vi o rosto de . Ele dormia tranquilamente, cansado, bonito. Parecia que havia saído de um filme qualquer desses de Hollywood. Fiquei observando-o por um tempo. Devia ser tarde, mas não me importava. Não tinha hora para chegar ao alojamento. De repente uma música qualquer do coldplay começa a ecoar pelo quarto. Era o celular de . Olhei do outro lado da cabeceira e vi o nome: “Monick”. Havia algumas ligações dela, mensagens, caixa de mensagens. Mas nem me importava muito. Deixei tocando. Gostava da música. Gostava de tê-lo ali, vulnerável.
Ele era lindo, era... Ele era ele. E eu, de alguma forma sabia que havia algo dentro de mim que intercedia por ele. E, depois de muito tempo, Richard não era, naquele momento, o primeiro pensamento do dia.
Estava com o corpo dolorido, mas estava disposta. Tinha certeza que havíamos dormido depois das seis da manhã, e eram nove. Levantei da cama, procurei minha calcinha pelo chão e o restante das roupas. Fui à cozinha e fiz café. tinha tudo, era prevenido. Fiz torradas e panquecas, suco, tinha até açaí. Decidi que levaríamos um pouco para a viagem.
- Hum... Senti o cheio de café do quarto...
Ouvi a voz de atrás de mim e, involuntariamente, sorri como uma boba.
- Eu fiz umas panquecas, e tem torradas.
Ele me abraçou por trás e beijou minha cabeça.
- Por que não me acordou?
-Você estava dormindo tão bem, não quis acordar.
Ele começou a rir e fiz o mesmo.
Tomamos café, arrumamos o restante das tralhas e seguimos viagem até NY.
- Como estão as coisas aí? – Perguntei para enquanto comentávamos sobre minha nova vida.
Estava em Nova Iorque havia quatro meses, longe de tudo e de todos. Sim, era difícil. Longe da família dos amigos, de e . Mas longe principalmente do que havia sumido, literalmente.
- A chatice de sempre. O TCC está me matando, o também sumiu. A tia e o tio estão trabalhando.
- E o ? – Perguntei mordendo o lábio inferior. Ela ficou um pouco em silencio, respirou fundo e finalmente falou:
- Ele se casa próxima semana.
Engoli seco. Não esperava aquela notícia. Sabia, de fato, que o casamento estava relativamente perto. Mas ainda acreditava naquilo que tinha dito. Que ia largar Monick e ficar comigo, porém no fundo eu tinha certeza que aquilo nunca aconteceria.
- ? – perguntou depois que eu me calei por algum tempo.
- Ah, oi, ... Desculpe.
- Você ficou surpresa, não é?
- Não exatamente. É que da última vez... Bem, esquece. Obviamente as chances de que eu apareça nesse casamento são mínimas mesmo.
- Eu te entendo. Bem, ... Preciso ir. Qualquer coisa é só me ligar.
- Tudo bem. Eu ligo. – Sorri involuntariamente.
Aquela notícia caíra como uma bomba, era verdade. Mas resolvi não me preocupar. não era idiota, ele sabia muito bem o que fazer. E casar com a Monick era o certo a se fazer. Não o melhor, mas o certo. Eu estava um pouco decepcionada, pois ele não ligou se quer para avisar que não voltaria.
Olhei para o relógio. Era quase dez da noite e não havia comido nada até aquela hora. A minha colega de quarto, Anabelle, não havia voltado da casa dos pais ainda. Resolvi que sairia para comer qualquer coisa pelo campus.
Durante todo o tempo que estive estudando e só isso, eu fiz poucas amizades. Anabelle era minha colega de quarto, mas não era lá a minha amiga. Não contávamos nada pessoal uma para a outra. Ela fazia Direito também, mas não se esforçava como eu, e acabava levando sempre bomba.
Saí do quarto e percebi que na ala masculina estava tendo uma festa bem animada. Pude ouvir risos e música de longe. Sorri pensando o quanto eu havia mudado. Antes eu nunca dispensaria uma festa, mesmo que não tivesse sido convidada. E isso me deixava intrigada. Uma pessoa mudar como eu mudei era quase um milagre. E eu gostava dessa mudança. Eu queria essa mudança.
Saí dos alojamentos e vi que todo o campus estava silencioso. Decidi que comeria na lanchonete do outro lado da pista. A mulher lá era muito simpática, tinha pra mim que ela colocava feitiços nos lanches dali. Fora que sempre era bem recebida.
- Oi, , como vai?
- Tudo bem, Beth? Eu estou indo. Me traz aí um x- tudo com tudo que você tiver?
- É pra já! É pra comer aqui ou levar?
- Não, eu vou comer aqui mesmo.
- Certo! – Ela entrou para a cozinha e fiquei sentada no balcão mexendo com o meu chaveirinho que havia ganhado de . Lembrei das palhaçadas dele e sorri um pouco.
- Gosta de maionese temperada?
Olhei para o lado e vi um rapaz sorrindo. Ele fazia Introdução ao Direito comigo. Era bem alto, usava óculos, tinha umas sardinhas, carinha de CDF, mas nunca havíamos nos falado de fato.
- Ah, eu nunca provei. – Comentei e voltei minha atenção para o chaveirinho.
- Deveria. Aqui que tem a melhor maionese temperada de toda NY. – Ele riu e eu sorri um pouco. – Você faz Introdução comigo, não faz?
- Faço, faço sim.
- Ah, eu sabia que te conhecia. – Ele falou animado.
- Aqui está o seu x- tudo! – Beth me trouxe o lanche e falou para o rapaz que estava ao meu lado: - E você? O que está fazendo sentado aí, Antony?
- Ah, mãe, não tem ninguém pra atender!
- Você é um preguiçoso! – Ela falou rindo e saiu. Olhei para ele:
- É filho dela?
- Sim, minha querida e doce mãe. – Ele sorriu baixando a cabeça.
- Sua mãe é ótima! – Sorri e mordi o sanduíche.
- Eu sei. Ela se mata aqui pra dá uma vida digna para mim e meu irmão.
- Ah, eu entendo.
- Às vezes eu ajudo. Quando não estou estudando, claro.
- Não deve ser fácil.
- Não é muito. Mas a gente leva. E você, mora no alojamento?
- Sim, - Sorri um pouco. – Sou de NJ, na verdade. Ainda não pensei em me mudar.
- Mas em NJ não tem universidade?
- Ter, tem. Mas eu preferi vim pra cá.
- Eu entendo... Acho que NY é um lugar de oportunidades e de visão.
- É um lugar caro. – Falei rindo e olhando para o sanduíche. Ele também riu.
- Ah, não é tão caro, não. Só saber os lugares certos.
- De qualquer forma esse x- tudo está maravilhoso! – Falei com toda sinceridade do mundo. –Maionese temperada?
- Com toda certeza! – Ele piscou.
Meu celular começou a vibrar e quando vi o nome no visor, quase caí para trás. Era . Pensei um pouco e resolvi desligar. Acho que estava na hora de me livrar do meu passado. Acho que estava na hora de apagar tudo que me deixava triste e me fazia lembrar o lixo que eu um dia fui.
- Não vai atender? – Antony sorriu.
- Hoje não! – Sorri e guardei o celular no bolso. – E você? Já está ansioso?
- Um pouco...
Quando cheguei ao alojamento percebi que Anabelle não havia chegado. Ela então não iria chegar mesmo naquele dia, achei melhor ir dormir. O alojamento era um lugar relativamente perigoso para aqueles que se aventuravam em conhecê- lo mais. Não fiz amizade durante esses meses. Na verdade, não quis fazer amizade.
Meu celular tocou novamente, era bem a décima vez que tocava só naquele dia. Mas era a mamãe.
- Oi, mãe. – Atendi com a voz mais cansada do que queria mostrar.
- Só assim para me atender.
Paralisei. Era . Claro que era ele, aquela voz inconfundível.
- Diga. – Falei com a voz séria e tensa. Eu não queria parecer fraca, mesmo que por telefone. Era tão difícil não ser fraca quando eu estava com .
- Você não quer me atender, e isso está claro. Mas eu ainda não entendi o motivo.
- Porque eu não quero? – Ri para mim mesma.
- Você não existe.
- O que é, ? Qual o seu problema? Você vai se casar semana que vem, não avisa e liga do nada, assim, como se nada tivesse acontecido.
- Eu te mandei uma mensagem no celular dizendo que queria falar com você. Você simplesmente ignorou, eu disse que queria encontrar você e...
- Mensagem? Você só pode estar louco.
- Eu mandei!
- Só se for para o celular da sua noiva.
- Eu mandei!
Respirei fundo e me vi com o celular no ouvido. Mas não havia ninguém do outro lado da linha. Então me assustei. Me vi parada no meio do quarto, sem ninguém, com roupa de dormir e toda suada. Olhei para o celular e não o vi ligado, olhei as últimas ligações e nenhuma estava atendida.
Voltei para a cama e fiquei olhando o teto. Eu era sonâmbula e nem sequer sabia. Isso era a pior descoberta da vida, tinha medo de tudo relacionado a isso. A hora ia longe quando levantei da cama novamente e saí do alojamento. Não ficaria ali naquele breu. Subiria na laje e veria o sol nascer. Os babacas do outro alojamento já estavam dormindo de tão bêbados. Subi pela lateral da casa e sentei no chão olhando o céu estrelado.
NY realmente era uma cidade que não dormia. As luzes de toda a cidade estavam acesas. Senti uma pontada no coração. Queria que Richard tivesse ficado comigo, queria que não fosse meu irmão, queria que minha vida melhorasse. Estudar não estava mais dando conta, a vida não estava mais valendo a pena.
’s POV
O cabelo extremamente loiro de Monick estava em meu rosto. Ela me abraçava pela cintura e estava deitada em meu peito. Desejei não ter ido para a cama com ela. Desejei nem ter um dia conhecido- a.
Levantei devagar para não acordá- la e fui até a varanda. Olhei para o celular. Nenhuma chamada retornada. não me queria, isso era verdade. Ela com certeza estava em alguma festa, provavelmente deitada com algum idiota qualquer. Senti ódio dela. Senti um ódio estarrecedor que me fez perceber que estava perdendo tempo esperando alguém que nunca iria me querer.
- O que faz aí? – Monick perguntou vindo me abraçar. – Tá frio...
Olhei para ela e sorri. Eu poderia amá- la novamente.
- Nada, só sendo burro. Deveria está com você, minha noiva. – Beijei seus lábios e voltamos para o quarto.
– Fiz merda, fiz merda, fiz merda. - Murmurava para mim mesma enquanto tentava limpar o sorvete que caíra em meu vestido.
– Como você conseguiu derrubar isso? - perguntou enquanto sentava à mesa e me dava um guardanapo.
– Loucura. - Bufei e então voltei para minha amiga. - Estou tão feliz por você está aqui. Não tenho muitos amigos aqui.
– Eu quem estou feliz. Mas muito me admira você, uma pessoa sociável, sem amigo nenhum em NY. Em outras épocas você conheceria todos.
– E pegaria todos. - Ri um pouco. - Acho que mudei, não é?
– Ainda não decidi se isso é exatamente bom. - Ela sorriu e então mexeu na bolsa, tirando um convite de dentro. - mandou te entregar.
– Ah, foi? - peguei o convite do casamento e passei os olhos por todo ele até então abri-lo.
– É semana que vem. - murmurou e então percebi que nada mudaria o que estava prestes a acontecer. se casaria. E se casaria logo. Senti falta de Richard.
– Eu não me importo mais.
– Então fico feliz. - Ela disse sincera. Odiava ter que ver você chorando pelo seu irmão.
– Na verdade, acho que essa é uma página virada em minha vida, sabe? - Sorri um pouco e senti que algumas lágrimas queriam cair.
Estava escuro. Uma fina neblina caía por cima de meus ombros. Estava em um lugar desconhecido, bem a frente havia uma ribanceira que me chamava: ", pule." E eu obedecia, caindo de encontro com as árvores.
Senti todo meu corpo doer ao acordar rispidamente. Novamente pesadelo. Aqueles dias estavam sendo terríveis para mim. Toda aquela pressão de faculdade, casamento, solidão estava me deixando louca. Precisava de um ar. Precisava de algo novo.
A minha colega de quarto já estava dormindo. Resolvi então me vestir e sair para qualquer lugar.
O tempo estava relativamente frio e então coloquei algo para me agasalhar. Saí do alojamento e caminhei pelo campus até a saída. Haviam alguns bares por ali, algum devia estar aberto. Precisava beber, precisava de algo forte para beber. Precisava esquecer minha vida, o que sentia. A falta que eu sentia de mim.
Entrei em uma rua deserta e vi duas pessoas vindo em minha direção. Tremi. Fiquei com medo. Eram dois homens. Àquela altura, eu já não poderia mais voltar e me esconder embaixo do meu cobertor. Teria que passar por eles e fingir que não tinha medo, eles eram ninguém para mim.
Mas infelizmente eles não quiseram passar por mim sem fingir que não me via.
– Oi, gatinha, quer provar uma coisa boa?
– Onde vai com tanta pressa?
Continuei andando, não queria virar para ele. Rezei para que eles desistissem e fossem embora. Mas ele não foram. Pelo contrário, voltaram e apareceram em minha frente.
– Falamos com você, vagabunda. - Um que estava com o olho vermelhíssimo falou pegando em meu braço.
– Tão bonita mas tão mal educada. -Um falou fingindo reprovar.
– Por favor, me larga... - Pedi tentando tirar a mão de um do meu braço.
– Não assim tão rápido. Ainda nem nos divertimos.
– Por favor... - implorei. - Me solta.
– Calma, gatinha. Não precisa ficar com medo. Somos seus amigos.
– Eu não tenho amigos como vocês. - Soltei e percebi que um deles fechou a cara de forma estranha e então apertou mais o meu braço.
– Vamos logo com isso, Mathew. Come logo essa desgraçada e deixa ela aí.
–Não... - Implorei.
Ele então segurou meu braço mais forte e me encostou na parede suja.
– Vamos, vagabunda. Quero vê você ser espertinha com meu pau dentro de você.
– Me larga! - Tentava me desvencilhar dele mas ele segurava com muita força.
Ele então tirou o meu agasalho e tentou beijar minha boca. Mordi seu lábio fazendo com que ele gritasse e me largasse. Saí em disparada rumo a qualquer lugar. Tive a impressão que eles vinham atrás de mim. Corria de uma forma absurdamente rápida e sem respirar direito. Não sentia mais minhas pernas. Encontrei algumas pessoas e quando ia pedir ajuda, apaguei.
Abri os olhos e vi um grupo de pessoas. Estava em um quarto de hospital
– Como você está? - Uma garota perguntou parecendo preocupada
– Eu estou... - Tentei levantar e senti dor nas pernas, gritei.
– Você quebrou um osso da perna. -Um rapaz falou sorrindo. - O médico queria engessar, mas achou melhor só quando você acordasse.
– Você estava desesperada, correndo. Pensamos que tinha levado um tiro ou coisa assim. - Uma outra garota falou.
– Eu estava fugindo de um... Estupro. - Falei sentindo uma dor na cabeça.
– Tentamos ligar pra alguém da sua família. Conseguimos falar com uma das suas últimas ligações. - Uma outra garota disse. - Olha. O nome dele é... .
Não queria acreditar que até ali ele estaria.
– Onde ela está?
Eu o vi ali parado na porta do quarto. Agradeci o grupo que me deram um número para ligar para eles a qualquer hora. permaneceu parado. Em silêncio. Olhando para a janela que tinha do outro lado da sala.
Ficamos assim por uns quinze minutos até o outro médico vim e engessar minha perna. Quando voltei para o quarto, ele estava sentado em uma poltrona reclinável.
Deitei na cama com a ajuda de uma enfermeira e comecei a mexer em meu celular. E assim ficamos toda a noite: Sem dizer uma só palavra.
Era quase dia. Olhei para o lado e ainda estava sentado na cadeira ao lado. Acordado. Alerta. Olhando para frente.
– , eu...
– Você se sente melhor? - Ele perguntou grosso, mas sua voz era calma.
– Acho que sim.
–Pois eu vou embora. - Ele então levantou e saiu.
Fiquei ali, parada. Queria entender tudo aquilo. Ele só podia ter um sério problema.
Horas depois, mamãe apareceu nervosa, tagarelando sobre o que eu estava fazendo na rua de noite, o casamento que seria naquela noite e eu que havia atrapalhado seus planos. Senti-me enjoada.
Ela então decidiu que iria para casa com ela. E fim. Passaria o final de semana em casa, em um clima de festa que odiava.
Eu fiquei um pouco sem jeito durante todo o casamento. O tempo inteiro eu queria cair, desmaiar. Ver o padre ali, a Monick vestida de noiva, o com cara de apaixonado... Eu não tinha estruturas.
Quando a cerimônia na igreja terminou, consegui fugir para uma pequena capela que ficava atrás da igreja. Bem à minha frente havia uma imagem de Jesus Cristo na cruz. Fitei-a um pouco e percebi que estava suja. Há quanto tempo eu não me confessava? Eu não sabia. A última vez que me lembrava era quando tinha uns doze anos. Sorri um pouco. Lembro-me que adorava acompanhar vovô em suas preces me faziam bem. Até o último minuto eu ficava com ele na igreja, olhando para a imagem de nossa senhora, rezando para que um dia meus sonhos se realizassem. Engraçado que hoje não lembro mais quais eram eles. Nunca fui muito católica em minha adolescência. Sempre acreditei em um ser superior, mas nunca acreditei que ele pudesse interferir em nossas vidas. Triste saber que não guardei nenhum sonho pra mim. E isso me faz sentir culpada por não ter preservado nenhum amor, nenhum prazer, nenhuma benção para mim mesma. E, naquele momento, me senti suja como um lixo que jogamos depois de uma obra de uma casa, ou de algo podre que todos se afastam por causa do mau cheiro.
Deus havia se afastado de mim por causa do meu mau cheiro, era triste esse sentimento, todo essa tristeza impregnada em mim, esses pecados.
Sei que parece um pouco tarde, sabe? Eu só queria ter paz, ser feliz, não sentir o amor que achava que sentia. Todos iam embora. Vovô, o cozinheiro, Richard e . E só eu fiquei. Sozinha, sem guardar nenhuma esperança para mim.
- Minha filha, você quer se confessar? – Vi o padre ao meu lado. Ele sorria. Parecia que me compreendia de verdade, parecia que olhava a verdade em mim.
- Já faz tanto tempo, padre.
- Nunca é tarde demais para reaver seus erros.
Sorri um pouco e ele me encaminhou para o lugar adequado. Foi para o outro lado e ficou quieto, esperando que eu falasse. Sentia minha garganta presa, minhas mãos frias, suadas, olhos lacrimejantes. Então, depois de muitos anos, pus-me a falar:
- Padre, me perdoe, pois eu pequei.
Cinco anos depois
- Mãe, pode deixar, eu posso carregar as malas.
- Não, querida, eu peço para o seu pai levar. Pegue querido.
Papai pegou as malas e me deu um abraço apertado.
- É tão bom te ver, querida.
-Também é bom vê-lo, papai. – Sorri sinceramente.
- Olhe para você, querida. Está tão bonita.
- Você quem está linda, mamãe. – Sorri sinceramente.
Estava voltando para Nova Jersey para uma temporada depois de cinco anos estudando na Austrália. Eu havia desistido de Nova Iorque porque ficava perto demais de casa. Eu precisava ir para longe de tudo. Terminei meu curso na Austrália. Terminei com honras e títulos.
Era até estranho encontrar meus pais de novo. Parecia que nada havia mudado. Eles estavam realmente um pouco mais velhos, mas não tanto. Eu os via em todos os natais que se seguiram nesses anos. Estava com os meus vinte e três anos, formada e estudando para o exame da ordem que eu faria nos EUA mesmo. A legislação não era tão diferente, porém isso tomava um pouco do meu tempo.
Eu também mudei um pouco. Decidi me dedicar aos estudos, fazer as coisas de outra forma. Mas não deixei de sair para as minhas festas, mesmo que elas não fossem as mesmas do tempo passado. e também me visitavam constantemente, e nossa amizade ainda era a mesma. Eles iam casar, pode? E eu era uma das madrinhas. E seria também nessa temporada que eu estava em NJ.
Nossa casa grande continuava da mesma forma, mas meus pais a reformaram por dentro, construíram um escritório para atender seus clientes em casa. Agora eles tinham uma construtora muito bem sucedida, fazendo com seus frutos fossem colhidos.
- Filha, eu te disse que e a esposa vêm passar duas semanas conosco no casamento de e ? E que eles vão trazer o Joah. Finalmente eu vou conhecê-lo! – Mamãe falou animada e eu sorri.
morava na Inglaterra. Em uma cidade que eu não sabia o nome, pois nunca havia visitado sua família nesses cinco anos. Mas a minha relação com ele era boa. Dos natais que passei casa, eu o vi uma ou duas vezes. Mas não cheguei a ver seu filho com Monick que já tinha seus dois aninhos. Claro, só em foto. Mas Monick continuava a mesma pessoa irritante e nojenta de sempre, e isso não mudaria.
O meu quarto também era quase a mesma coisa, com exceção do meu guarda-roupa que agora era novo. O computador também sumira. Mas fora isso eu me senti em casa novamente. Era bom poder passar um tempo com meus pais, provar a comida da mamãe de novo, poder sair com para falar bobagem.
A prova da Ordem era em duas semanas e o casamento de e era um dia antes, teria que correr contra o tempo para conseguir fazer as duas coisas ao mesmo tempo: estudar e ser madrinha da minha melhor amiga. Que agora era âncora de um jornal local, trabalhava em um hospital local como psicólogo.
O que eu havia lido na internet e visto na TV era que também estava sendo reconhecido como um cirurgião competente e uma grande revelação ao mundo da medicina. As coisas estavam tomando algum jeito. Ao menos eu podia dormir em paz com minha consciência.
- Eu tenho duas horas para estar na costureira para os últimos retoques e em três horas eu tenho que estar no buffet. – estava nervosa de uma forma que eu nunca havia visto. Havíamos tirado o dia antes da prova para bater perna pela cidade. Tínhamos que escolher as lembrancinhas, arrumar os pratos e talheres e procurar um antigo cantor da turma, pois queria que ele fosse o cantor da festa.
Eu também havia estudado muito e precisava de um descanso da cabeça. O que eu tinha que aprender, eu já devia ter aprendido.
- Eu queria saber como vamos encontrar o Stuart para cantar em sua festa, pois ele sumiu desde a época que eu morava aqui. – Perguntei enquanto brincava com um retalho do vestido de .
- Não faz isso, é parte do véu. – Ela falou tirando o retalho das minhas mãos e olhando para o espelho. – Tudo a gente dá um jeito. Eu pensei que fosse fácil, mas não está sendo. E agora não é o tempo para pedir outra banda.
- É verdade. – Murmurei qualquer coisa e peguei o celular para olhar qualquer coisa. – chega às duas e vinte da tarde com Monick. Eles não vão ficar hospedados lá em casa porque ela disse que o espaço é muito pequeno para o Joah.
- Que besteira! O espaço é enorme. O jardim da frente deixaria qualquer criança feliz. – Ela falou e depois voltou a conversar com a costureira.
Aproveitei que ela estava um pouco ocupada e decidi sair da loja um pouco para fumar. É, apesar de tudo estar correndo bem, havia adquirido um novo vício que era fumar. Eu me sentia melhor e calma. Tirava as irritações do meu peito. Eu preferia fumar a ter que ficar estressada com qualquer coisa.
Mamãe ficaria triste com o Joah longe de casa, ela já estava preparando um quarto para ele. Só para ele. e Monick ficariam no meu que era maior e eu ficaria no antigo quarto de , estava tudo combinado.
Eram quase duas horas. Queria tomar um café e parecia que ia demorar. Terminei de dar a última tragada, joguei o cigarro no chão e pisei em cima. Avisei a que iria procurar uma cafeteria ali perto e que ela me ligasse quando terminasse.
Andei pela calçada procurando uma Starbucks e finalmente achei uma no final da rua. Sentei, pedi um cappuccino gelado e peguei um livro que estava em minha bolsa. Era um livrinho que lia quando queria ter estudos rápidos, leis básicas que sempre caiam no exame. Mas depois de uns dez minutos o livro havia perdido a graça. Olhei ao redor e vi as pessoas entrando e saindo, conversando com as outras, rindo, outras sozinhas lendo algum livro. Tinha um casal no final, quase que escondidos, eles se olhavam de forma apaixonada, única. Sorriam um para o outro, fazendo carinho em seus rostos e depois se beijando, acariciando um ao outro. Senti inveja, baixei minha cabeça.
Cinco anos sem me envolver com ninguém. Não de verdade.
Nem ninguém pra chegar do nada pra movimentar a minha vida.
Estava na casa dos trinta e começando a me transformar em uma rabugenta. Ri um pouco me imaginando com trinta e poucos anos, solteira, advogada e reclamando de tudo.
Pedi a conta, paguei e voltei para o ateliê.
Cheguei em casa por volta de sete e meia da noite. Vi todas as luzes ligadas, uma música animada que vinha de dentro de casa. Risadas e gente falando alto. Haviam alguns carros estacionados na garagem e rua. Respirei fundo e caminhei em direção à porta. Quando eu a abri dei de cara com minha avó.
- ! Estou tão feliz de poder vê-la! – Ela falou me abraçando. – Olhe para você, tão bonita!
Sorri com sinceridade e fiquei um tempo abraçando ela. Depois me pus a falar com todos.
Então vi uma criança sentada no sofá. Tive certeza que era filho de , pois era bem parecido com ele. Caminhei até ele e sentei ao seu lado.
- Oi, menininho.
- Meu nome é Joah e não meninininininho. – Ele falou com dificuldade.
- Ah é? E o Joah, adulto, quer sorvete?
Os olhos dele brilharam e ele sorriu acenando a cabeça para mim.
- Quero vete de chocoooate.
- Hum, então vamos comer um sorvetão!
Quando ia levantar e pegar ele pela mão, ouvi uma voz que conhecia bem, atrás de mim.
-Meu filho não come porcarias. Sabia que sorvete é gordura pura?
Ri e virei, dando de cara com um sorridente.
- Sabia que você não conhece as coisas boas da vida, como um bom sorvete? Só porque é médico não precisa ser rabugento.
- Simpática como sempre.
- Velho como sempre.
Nos abraçamos forte e senti o cheiro do seu perfume. Era o mesmo, não havia mudado.
- Você está bem maior e chata que antes. – Ele falou sorrindo.
- Obrigada. E você? Tudo bem?
- Tudo sim, ainda cansado da viagem. – Ele olhou para trás e viu Joah nos olhando. – Ele quem tá animado pra conhecer a família. Conquistou todos.
- E a Monick, eu ainda não a vi. Senão estaria aqui me atormentando porque estou levando o filho de vocês pelo mau caminho.
- Ah, ela está cansada da viagem. Queria até que o Joah ficasse com ela na casa dos tios. Mas ele estava elétrico e achei justo trazê-lo para conhecer os avós.
- Mamãe deu escândalo? – perguntei mordendo o lábio.
- “Por que diabos vocês não ficam aqui?” – Ele imitou mamãe e rimos. – Queria ficar aqui, mas será melhor para Monick ficar ao lado da tia. Ela perdeu um bebê tem alguns meses. Nem sabíamos que ela estava esperando, nem ela. Mas aí ela acabou perdendo porque caiu da escada.
- Nossa, eu realmente lamento.
- Quero vete. – Joah falou do nada e rimos.
Pedi licença e fui à cozinha preparar um sorvete para ele e outro para mim. Voltei e entreguei a ele que ficou tão feliz que nos esqueceu.
-Então... – Voltei ao assunto. – Eu realmente fico triste. Não sabia.
- Nem contei a ninguém. Decidimos não contar. Estamos tentando ter outro filho desde que Joah completou dois anos. Mas parece que não é mais possível.
- Bem, se continuarem tentando, quem sabe? – Sorri um pouco e percebi que mamãe estava rindo um pouco mais alto. –Acho que mamãe exagerou no vinho.
- É. – Ele olhou para ela e riu. – Mas e você? Exame da ordem amanhã?
- Isso. Estou nervosa, mas uma hora ia ter que enfrentar isso. Melhor que seja agora, quando as coisas estão quentes em minha mente. Acho que foi mais isso que me fez escolher não ter formatura. Quer dizer, a festa. É tudo tão caro e fora dos padrões.
- Eu também não fiz. – Ele sorriu. – Nunca fez tanta diferença em minha vida.
Balancei a cabeça e olhei para Joah que comia olhando para os lados.
- .
- Hum?
- Podemos conversar? – Olhei para ele. – A sós?
- Claro... Acho que o jardim de trás está iluminado. Papai colocou uma piscina lá.
- Eu vi.
Ele deixou Joah com papai e fomos ao deck que ficava atrás da casa. Sentamos em uma cadeira reclinável e de início ficamos falando sobre como a casa estava diferente.
- A Europa é um continente bom de se viver.
- Eu imagino...
- A gente nunca conversou sobre aquela época.
Balancei a cabeça e ele continuou:
- Nós fomos inconsequentes, imaturos e infantis. Eu queria te pedir desculpas se tudo isso que aconteceu te fez ter raiva de mim.
- Não tenho raiva de você. Sabe, nem um pouco. Foi bom você ter reconstruído sua vida, mesmo. Acho que realmente agimos de forma errada. Você é meu irmão. Sangue igual ao meu. Agimos de forma errada.
Ele sorriu e me abraçou. E senti uma paz. Estávamos resolvidos.
Saí da prova com dor de cabeça parecida com as de quando fazia provas na faculdade. Agora era esperar duas semanas e torcer para que eu passasse para a segunda fase que era a mais difícil. Voltei para casa de ônibus. Era bem tarde já, mas não quis incomodar meu pai.
Cheguei em casa e percebi que haviam outras visitas. Era , porém ele estava sozinho. Mamãe e papai estavam sentados no sofá. Todos estavam com uma cara séria.
- O que aconteceu? –Perguntei realmente preocupada.
- Precisamos conversar. – Mamãe falou de forma séria. – Sente-se, por favor.
Sentei e olhei para que também parecia não ter entendido nada.
- Eu e a mãe de vocês precisamos contar algo a vocês. Entendemos que erramos com vocês durante todos esses anos, mas essa é a hora.
- O que foi, digam logo! – falou impaciente.
- Filho, filha... – Mamãe parecia que ia chorar. – Vocês não são irmãos de verdade.
Pisquei os olhos algumas vezes e não senti o chão em meus pés. Eu sabia nem qual reação tomar logo naquele momento. Tudo estava tão confuso que não fui eu quem perguntei:
- Que porra é essa?
Era . Sua voz estava baixa, muito baixa. O Olhar de minha mãe estava assustado e papai tentava manter a calma.
- Filho... Precisamos explicar.
- Agora? Vocês precisam explicar SÓ agora?
- , você tem que ouvir o seu pai!
- OUVIR O QUÊ? – Ele se levantou descontrolado. – VAI, FALA!
- Você tem que se acalmar. – Papai falou com uma calma absurda que, por um momento, me deixou revoltada.
- ACALMAR? VOCÊS TÊM... – Ele não conseguia nem falar com a raiva que ele estava. –VOCÊS TÊM A IDEIA DO QUE VOCÊS ESTÃO DIZENDO?
- ! Cala a boca! – Pedi sem paciência. – Vamos ouvir o que eles têm a dizer.
ficou em silêncio.
- Quando nos casamos... – mamãe começou a falar. – tentamos ter um filho. Tentamos durante anos e anos. Mas daí nunca veio nada. Nem a esperança. Então eu... – Ela tentava não chorar – procurei um médico e ele disse que eu estava bem.
- Então eu também procurei um médico. – Papai começou a falar. Seu olhar fitava o nosso. Senti meu estômago revirar. – E ele disse que não era possível para nós, pois eu... Eu tinha poucas chances.
- Foi aí que pensamos em... Em adotar. E decidimos que faríamos isso em segredo. O bebê da nossa empregada estava prestes a nascer e... E ela não tinha como cuidar do menininho e...
- POR QUE NÃO ME DISSERAM????? – chorava. – A VIDA INTEIRA EU ME SENTI CULPADO POR NÃO TER DADO AMOR A VOCÊS, POR NÃO TER ESTADO PRESENTE NA VIDA DE VOCÊS!
- VOCÊ ACHA QUE FOI FÁCIL PRA NÓS, SIMON? – Meu pai gritou e depois tentou se acalmar. – Nós te demos tudo, todo amor, compreensão. Só tínhamos medo de você... Agir dessa forma.
- EU TINHA O DIREITO.
Senti que a qualquer momento eu poderia desmaiar. Não queria estar ali.
- Você tem todo o direito do mundo. – Mamãe falou firme, mas havia mágoa em sua voz. – De procurar a mãe que te deu sem nem reclamar!
- Eu tinha o direito mesmo assim! – Ele falou e depois sumiu da sala. Saiu da casa e ficamos só eu e os dois na sala.
- Filha, eu... – minha mãe ia começar a falar, mas um silêncio permaneceu por alguns minutos. Então finalmente tive coragem de perguntar em uma voz que eu mesma mal ouvi.
- E eu? Sou filha de outra empregada?
- Quando chegou, ele alegrou a casa. Todos os dias ele chegava com uma coisa nova e então... Eu engravidei. – Mamãe resolveu ir ao ponto. Ela estava com a cabeça baixa, certamente inconformada com a forma que reagiu.
Balancei a cabeça afirmativamente algumas vezes e me vi na obrigação de sair dali. Não conseguia sequer olhar nos olhos dos meus pais. Eu sabia que aquele segredo devia ter sido revelado bem antes. E eu sinceramente não entendia porque só naquele momento eles haviam revelado. Eu nem sequer entendia muito sobre tudo, mas o fato do meu irmão ser adotado não teria um impacto tão grande em nós se não fosse pelo nosso passado feio e sem pé e nem cabeça. Eu realmente queria que tudo aquilo fosse um sonho, ou um pesadelo. Durante os cinco anos de faculdade que estive fora de casa, pude perceber que eu e fizemos tudo errado, e continuava sendo errado, pois na época nem sabíamos que não éramos irmãos, então fizemos conscientes.
Então saí de casa, deprimida, sem pensar no que poderia acontecer daqui pra frente, então vi sentado na calçada, sentado com a cabeça baixa.
Caminhei até lá e sentei ao seu lado. Ficamos em silêncio por muitos minutos. Peguei o maço de cigarros e acendi um. Traguei e ofereci a ele que aceitou.
- Essa merda mata, mas ultimamente eu tenho fumado pra aguentar a pressão das coisas. – Falei olhando para o cigarro.
- De que adianta sabermos? Isso torna o cigarro mais atraente. – Ele falou indiferente.
- Não vou perguntar como você está, pois a resposta é óbvia. Mas o que você pretende?
- Eu não sei... – Ele falou e percebi que sua voz falhou. – É como se nada do que eu tivesse vivido fosse verdade.
- Não é bem assim. Você não os ouviu.
- , não é assim tão fácil. Tudo. Todo o peso na consciência que eu tive quando... Você sabe. – Ele então ficou chutando qualquer coisa no chão.
- , dê um crédito a eles. Eles não sabem de nada. E, mesmo assim, ainda me sinto mal por isso.
- E você? É filha de quem?
- Deles... – Falei e ele balançou a cabeça. – Isso não faz diferença. Também me sinto traída.
- Por que será que eles contaram só agora?
- Não sei... – ri um pouco e ele continuou sério. – Anda, você tem que conversar com eles. Entender toda essa história,
- Eu não quero conversar, eu realmente não quero conversar com eles. Eu quero...
- Ir pra casa?
- Também não. – Ele então suspirou. – Eu não ia aguentar ter que responder mil perguntas de Monick.
- Como ela está? – Ele me olhou um pouco sem entender. –Ah, eu voltei agora e... Bem, eu não sinto raiva dela mais. Tudo bem que se ela vir com aqueles abusos eu...
- Ela está bem. – Ele falou rindo um pouco, mas parou logo em seguida. – Eu vou dirigir, andar por aí. Eu não sei.
- Posso ir com você?
Ele me olhou de novo e voltou a olhar para frente.
- Eu não sei, ... Eu acho que quero ficar sozinho um pouco. Eu preciso.
- Tudo bem... – Mexi em minhas mãos. – Então eu vou indo. Preciso colocar minha cabeça no lugar.
Saí de lá deixando-o sozinho. Um nó na garganta me deixava com uma angustia fora do normal. Acendi outro cigarro e andei pela rua, a caminho da casa do meu amigo.
~
- ! Minha linda, o que aconteceu? – que abriu a porta e sorriu ao me vê, quando viu minha situação ficou assustado.
- Posso entrar?
- Claro, claro.
Entrei em sua casa. Vi que estava tudo embalado nas caixas. Ele e logo se mudariam e aquela casa agora estava a venda.
- Então, aceita alguma casa?
- Você tem algo alcóolico?
- Não, eu lamento. Mas tenho suco de laranja, serve?
- Serve qualquer coisa que me faça engolir o nó na garganta.
Ele foi a cozinha e voltou com um copo cheio de um líquido amarelo.
- Então, o que aconteceu? – Ele sentou bem a minha frente e percebi que senti falta daquele olhar, daquele amigo e ombro. Então desabei a chorar. – Ah, meu Deus... Parece ser sério.
Eu meio que vomitei as palavras, simplesmente vomitei todas para que ele entendesse o meu desespero. Ao terminar, ele então me deu um abraço apertado e nada disse, só deixou que eu chorasse.
Fiquei assim um bom tempo até que me controlei e, finalmente, falou:
- Eu não sabia que mesmo depois de todos esses anos, a história sua com o ainda estava tão acesa.
- Não está. Eu só não entendo porque meus pais fizeram questão de esconder.
- , tem algo aí. Sua mãe e seu pai são pessoas maravilhosas. Se eles escondessem isso como um segredo de família tão forte, o fato deles contarem a vocês tem um motivo forte, certamente.
- E que motivo seria esse?
- Eu não sei... – Ele pensou um pouco e depois me olhou nos olhos. – Você está acabada.
Eu rir um pouco. Realmente estava. Eu havia passado a tarde inteira fazendo o exame da ordem, estava cansada. Havia até esquecido o quanto estava com fome quando cheguei em casa. E tudo isso era uma maratona. Já eram por volta de meia noite.
insistiu para que eu dormisse em sua casa, mas não queria. Queria minha cama, meu cobertor, queria chorar sem ninguém pra me consolar naquele momento. Então ele me deixou em casa e eu estava tão cansada que dormir quase que imediatamente. Tive sonhos estranhos com , meus pais, Joah e Monick. Também sonhei que não havia sido aprovada no exame da Ordem, isso me deixava transtornada. Mas algo me fez despertar repentinamente:
O celular começou a tocar no meio da noite. Passei minha mão pela cômoda e o peguei atendendo sem nem mesmo olhar para a tela.
- Alô... ?
- Oi, quem é?
- , é o . Desculpa te acordar. Eu sei que está no meio da noite... É que eu queria conversar com você.
- , tudo bem. – Sentei na cama e liguei o abajur. – Você está onde?
- Aqui em frente mesmo, estou dentro do carro. Será que pode descer aqui?
- Eu estou descendo...
Levantei, acendi a luz e coloquei um roupão quentinho. Desci as escadas e saí de casa. estava encostado no carro.
- Oi... – Ele falou um pouco sem graça – Desculpa.
- Tudo bem...
- É que... Eu não sei. Parece que as coisas estão clareando agora.
- Nada muda, . Você é meu irmão. Entenda que isso não pode influenciar tanto.
-Você sabe que isso influencia, querendo ou não.
- Não, não pode e não deve. Você tem sua família, tem sua vida. E eu tenho minhas preocupações.
- , eu não vou largar minha família por você. – Ele falou de uma forma dura que me fez estremecer. – E eu espero que você entenda isso.
- E o que eu estou dizendo?
- Eu quis ser bem claro.
- Eu percebi. Mas além de claro, você foi incrivelmente grosso. Não estou atrás de você, se é o que está pensando. Estou tentando te ajudar. – Comecei a me sentir mal e irritada, mas sabia me controlar. Porém acho que a chateação não passou despercebida por que mudou o semblante.
- ... Me desculpe, eu...
- Não, . Toda vez é a mesma coisa, a mesma história, as mesmas desculpas. Quando você vai perceber que... – Parei a frase no meio e olhei pra ele. Senti que as lágrimas iam descer. – Quando vamos apagar esse passado? Quando você vai perceber que EU também quero apagar isso?
- ...
- Não. Não quero que fale nada. Desculpa, ok?
Virei as costas para ele e então caminhei em direção a minha casa, chorando. E prometi a mim mesma que seria a última vez que choraria por causa daquela estória feia, ruim, vergonhosa. parecia não ter mudado.
~
- Eu quero ouvir tudo. – Eu havia aparecido para o café da manhã enquanto meus pais tomavam em silêncio.
- Tudo o quê? – Papai perguntou limpando a boca com um guardanapo.
- Por que vocês esconderam isso, por que foram contar agora, por que fizeram tudo isso?
Eles hesitaram um pouco, mas mamãe falou:
- Eu estou com câncer. Descobri há uma semana. O estado é crítico.
Perdi o chão em meus pés. Não sabia o que dizer. Toda a mágoa parecia que tinha sumido.
- O tratamento é muito caro e pode custar nossa casa, carro e empresa. – Papai falou, vi sua feição de preocupação. – E o tratamento é na Alemanha.
- Eu não... Eu não imaginava. – Falei então caminhando até minha mãe e lhe dando um abraço apertado. Senti como se nada fizesse mais sentido. Nem casamento da , nem vida, nem , nem adoção...
- Ah, mamãe... Eu não vivo sem você, vamos fazer o possível!
- Não temos onde ficar em outro país. – Ela falou enquanto ainda me abraçava.
- Ah mãe, daremos um jeito. – Falei, mas em minha mente eu já tinha pensado em uma solução.
A noite estava estrelada. A igreja que e iam casar era a mesma que Monick e casaram cinco anos antes. Mas o local estava incrivelmente diferente. As cores que prevaleciam eram alegres, diferente do casamento de .
Havia passado o dia com ela, depois de deixar meus pais em casa. Eu já tinha algo em mente e faria logo mais no dia seguinte, mas aquele também era o dia de , minha prima e melhor amiga. E neste dia ela estava incrivelmente sorridente e brilhante. Radiante é a palavra. Estava fez que sua vida estava tomando jeito. era um bom rapaz, e eles descobriram que se amavam, eles sabiam que se amavam.
As madrinhas e os padrinhos entraram e logo em seguida entrou, com o seu sorriso inconfundível. E foi tudo lindo, tudo perfeito.
Nas últimas fileiras estava , Monick e Joah. Ele parecia não estar ali. Simplesmente o seu pensamento estava em outro lugar.
~
A recepção foi na fazenda da nossa avó. Todos estavam no acontecimento. Em todo o momento sorri, fiz o papel de boa dama que quer ver a amiga feliz. E acho que no fundo eu também estava feliz pela sua felicidade. Fiz questão de não contar a ela o que havia acontecido naqueles dias. E eu fiz certo. Era o seu casamento, era o seu dia. Tentei ficar o máximo de tempo que conseguia e quando ela e saíram, resolvi que era a hora de ir para casa também. Perguntei ao papai e mamãe se eles queriam ir e eles disseram que iriam dormir na fazenda. Pegaria a estrada sozinha.
Mas ultimamente eu até preferia dirigir sozinha por aí. Então caminhei até o carro, fumei um cigarro antes de entrar e depois peguei o caminho rumo a minha casa. O casamento fora lindo, mas eu não estava em clima de festa. Queria que minha mãe se curasse, e logo. E era a única coisa que pensava no momento.
~
- Oi?
Meu coração pulou dentro do meu peito. Achei que a qualquer hora teria um infarto ali mesmo, sentada em minha cama. Sabia que fazia tempo que não falava com Richard. Na verdade eu nem tinha tanta certeza de como a vida dele estava. Ele poderia estar casado, viajando, namorando, talvez nem lembrasse de mim.
- Richard?
Ouvi apenas o silêncio do outro lado da linha. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Eu estava fazendo aquilo pela minha mãe, pelo que ela representava em minha vida. Não queria, de forma alguma, que meus pais perdessem tudo que haviam construído durante todos aqueles anos. Estava desesperada. Então tive uma ideia de ligar para Richard e pedir sua ajuda.
- ? , é você?
- Oi. – Percebi um sorriso se fazendo em meus lábios. – Sou eu sim.
- Nossa... – Ele parecia contente e eufórico. – Eu não acredito que depois de tanto tempo você ligou!
- Mas você reconheceu minha voz.
- Eu nunca esqueci sua voz...
Senti meu estômago revirar. Não havia esquecido o quanto havia gostado de Rich.
- Fico feliz que se lembre de mim.
- Eu sempre esperei que você me ligasse. Nunca liguei porque você poderia...
- Richard, infelizmente gostaria de conversar com você, saber de sua vida. Mas eu lamento dizer que eu liguei porque estou um pouco desesperada.
Como eu esperava, Rich ouviu tudo com atenção e depois disse que poderíamos contar com ele e sua família.
Minha mãe viajaria para a Alemanha o mais rápido possível e ele os receberia no aeroporto e depois deixaria os dois em sua própria casa, como hóspedes. Eu não iria, não de imediato. Ainda tinha o resultado das provas e a segunda fase. Mas estava combinado que logo eu iria ao encontro deles.
- Eu não tenho palavras para te agradecer, Rich. Você é maravilhoso como sempre.
-, por favor. Não precisa agradecer. Você ainda é muito importante pra mim. Tudo que vivemos, a forma como os seus pais me trataram aí é de uma forma que nunca esquecerei.
- E eles nunca esquecerão de que você está fazendo, e nem eu.
Percebi que ele riu do outro lado da linha. Pensei em seus lábios.
- Eu sei que você está preocupada com seus pais, mas como você está? Sua vida?
- Bem, eu te contei que tenho minhas provas da Ordem. Mas eu não contei que morei na Austrália.
- Sério? – Ele pareceu surpreso e feliz. – Me conta.
- Bem, foi interessante. – Então vi que aquela vontade de contar o que havia acontecido comigo era maior do que eu poderia imaginar. – É diferente muitas coisas, mas a minha prova é uma especial. Eu me sinto lisonjeada por ter tido tamanha oportunidade de viver em outro país, com pessoas diferentes de mim, com pensamentos um pouco antiquados as vezes.
- Visitou a maior igreja de lá?
- Hillsong Church?
- Isso! Uma igreja protestante.
- Visitei sim, me encantei. Pra ser sincera eu até frequentava sempre.
- Ah, aqui nós prevalecemos no protecionismo, você sabe.
- Eu sei...
Então um silêncio se refez e estava se tornando um pouco incomodo.
- Eu não te liguei porque queria que você refizesse sua vida. Meu pai morreu tem um ano. Até pensei em entrar em contato com você. Te liguei algumas vezes mas sempre desistia antes de chamar. E da vez que tive bastante coragem, o seu celular estava desligado.
- É, eu mudei de número. – Falei um pouco apreensiva. Não sabia nada daquilo. – Mas salvei seu número. Eu vou ser sincera, eu queria mudar, esquecer. Mas o seu número nunca saiu da minha agenda. E hoje eu percebi que seria um desastre se isso tivesse acontecido.
- Eu fico feliz que tenha me procurado. Feliz que tenha me dado tamanha credibilidade.
- Rich... – hesitei um pouco antes de falar. – Eu vou ter que ir. Apesar do resultado não ter saído, preciso estudar.
- Ah... - Tudo bem. –Então só me avise os horários do voo que eu vou me organizar.
- Tá bem. Beijo e obrigada por tudo.
- Eu quem agradeço. – Ele deu aquela risada inconfundível e senti meu coração falar “muda de ideia, pede pra ficar, pede pra voltar”. – Bem, então até mais.
Os dias foram de preparativos. Avisei aos meus pais que a única coisa que eles deveriam se preocupar era com a passagem e com todo o tratamento. Por enquanto eu poderia ficar a frente da empresa deles. Mesmo que só para administrar. Minha mãe ainda estava triste por causa de , e o encontro que eu promovi dos três foi tenso. parecia não querer perdoá-la, e isso a deixava mal, pior. Mas ele ainda não sabia do câncer. Conversei com meus pais e pedi para que eu contar quando ambos tivessem viajado. logo voltaria para Inglaterra e nada iria fazer tanto sentido.
O dia que mamãe e papai viajaram estava estranhamente cinza e chuvoso. O voo deles atrasou duas horas e pedi para que eles me ligassem assim que chegar lá. Liguei para Rich para avisar o horário que eles chegariam.
- Como o voo atrasou, provavelmente eles vão demorar umas duas a três horas a mais para chegar.
- Tudo bem, eu estarei lá.
- O que sua família falou? – Perguntei apreensiva.
- Eles gostam de receber gente. E quando falei que eles haviam me recebido bem e que eram os seus pais, então eles quiseram recebê-los. Ora, , nossa casa é grande. Tem espaço até para você.
Ri um pouco e percebi que ele havia falado aquilo para me alfinetar.
- Agora eu preciso ir. Tenho muita coisa pra fazer.
- Ainda a mesma apressada.
- Mudei muita coisa, Rich. Mas na essência sou a mesma.
Ele suspirou do outro lado da linha. Senti que sua respiração estava bem próxima ao meu pescoço.
- É sério, tenho que ir.
- Tudo bem. – Ele riu um pouco. – Eu ligo quando encontrá-los, tudo bem?
- Ah, obrigada.
Dei o número do voo e então desliguei.
~
- Oi, , podemos conversar? – Liguei para ele e fui logo ao assunto.
- Ah, , não é um bom momento.
- É urgente.
Ele hesitou um pouco mas concordou em ir almoçar comigo em um restaurante perto da nossa casa. Quando cheguei ao local, ele ainda não havia chegado. Mas não demorou muito e ele apareceu. Estava com um rosto estressado e percebi que estava ali contra sua vontade.
- Eu espero que seja sério.
- E será, e não vou demorar. Eu sei que você está com raiva dos nossos pais, mas eles estão passando por um problema sério.
- Eu imagino.
- Não seja um cético idiota. Será que dá pra me ouvir sem me interromper, porra?
- Ok, ok.
- Nossa mãe está com câncer.
Ele olhou para mim e não piscou o olho. Não demonstrou emoção, não demonstrou tristeza ou preocupação.
- Não vai dizer nada?
- Não, o que eu posso dizer? Lamento?
- Você é um imbecil?
- Não sei, acho que você responder isso pra mim.
- Vai se danar! Nossa mãe...
- SUA mãe. Apenas sua!
- Não seja ingrato. Ela te vê como filho. Ela te criou como um.
- Ela não me criou como um filho! Você esqueceu que ela me mandou para Inglaterra??
- Será que você não percebe que ela te ama? Ela fez isso porque te ama e te quer bem!
- Ela simplesmente me jogou lá, como um filho adotado e você diz que ela me ama? Ela teve você e se livrou de mim!
- Como você pode ser capaz de ser tão imbecil, ? Por que você virou uma pessoa tão mesquinha?
- Eu andei pensando e realmente não me encaixo nessa família.
- Você é um babaca.
O garçom veio perguntar se queríamos alguma coisa e eu, sorrindo para ele, falei que não. Que iria me retirar. Levantei da mesa e andei em direção a rua.
Era fato. Eu e não servíamos nem para sermos irmãos mais. Então chorei. Chorei mais do que imaginava poder chorar. Eu estava bem na Austrália. Era só voltar para NJ que tudo voltava a ser como antes.
- , espera! – Ouvi a voz de e olhei para trás. Ele estava correndo e atravessando a rua. – ...
- O que você quer? Hum? Eu estou cansada de você, do quanto você consegue ser mesquinho.
- Eu quero conversar com você.
- Eu acho que eu não tenho nada pra conversar com você. Mamãe e papai estão a caminho da Alemanha agora. Se você quiser o contato deles... – Eu mal conseguia falar. – Você não parece médico. Você não tem humanidade, não pensa nos outros, você vive a vida toda pensando em si mesmo. Nem um filho fez você mudar isso! Tomara que vá embora para o seu país, a sua esposa e o seu filho. Você só é feliz longe da gente e...
Como num impasse, ele segurou meus braços e então aproximou o seu rosto do meu.
- , cala a boca. Por favor.
- Eu estou tão cansada de você, tão cansada dessa estória. Eu pensei que estávamos resolvidos. Eu pensei que, finalmente, poderíamos conviver. E você simplesmente estraga tudo. Tudo. – Senti as lágrimas caindo facilmente de meus olhos.
Ele então fez algo impensável que me pegou de surpresa. Me deu um beijo. Eu não sabia como reagir, então o empurrei de forma brusca.
- QUAL É O SEU PROBLEMA?! – Limpei a boca e saí andando, sentindo o frio em meu rosto. Eu estava cansada dele, de tudo que vinha dele.
O amor que sentia por se transformou.
E eu o odiava.
Eu peguei o jornal. Procurei meu nome nos aprovados da Ordem, mas não estava lá. Eu sabia que não tinha passado, eu não estava com a cabeça para prova nenhuma. A única coisa que queria era estar junto dos meus pais.
Peguei outro cigarro, acendi e fumei todo antes que pegasse o telefone e digitasse o número de Richard.
– Oi, , como vai?
– Não passei no exame. – Desabafei. – Mas não estava com a mínima vontade de passar mais um dia aqui para esperar a segunda prova.
– Quando você vem?
– Vou dar uma olhada nos preços das passagens agora e vejo se já posso embarcar hoje mesmo.
– Não, tudo bem. Eu posso cuidar disso pra você. Faça suas malas.
– De forma alguma, Richard... Não vou deixar você comprar passagem para mim.
– Olha, seus pais estão aqui, estão sentindo sua falta. Eu compro e depois acertamos, ok?
Respirei fundo.
– Vou fazer minhas malas. Procura a mais barata aí pra mim.
– Certo. – Ele ficou em silêncio por uns poucos minutos. – Olha, tem uma para duas da tarde no horário de NJ.
– Quanto tá?
– É a mais próxima. Seu passaporte está tudo em dia, não é?
– Richard...
– Tá ou não tá?
– Tá sim.
–Então pronto. Esteja no aeroporto ao meio dia.
Comecei a rir.
– Você sabe que eu sou uma desempregada, nem sequer passei no exame da ordem.
– Você vai passar.
– Como eles estão? – Perguntei me referindo aos meus pais.
– Estão bem. Sua mãe começou o tratamento, você sabe. Tomou a primeira Quimioterapia ontem. Ela está sentindo todos os efeitos.
– Eu imagino. Não deve ser fácil. Estou louca para vê-la, abraçá-la. Ficar ao lado dela.
– Você vai, e logo.
Conversamos mais um pouco e desliguei.
Ainda eram sete da manhã e resolvi então ligar para para avisar da viagem. Depois liguei para meus avós e em seguida fui arrumar minha mala. Eram quase dez quando deixei tudo pronto e chamei o taxi quando minha campainha tocou. Desci as escadas imaginando ser o táxi que se adiantou.
– Oi. – Ao abrir a porta vi . – Você tem um tempo?
– Pra falar a verdade, não. – Falei com minha cara de poucos amigos.
– , eu quero...
– O que diabos você quer?
– Conversar com você.
– Olha, , eu não estou nem um pouco com cabeça pra conversar, vou viajar e estou muito ocupada.
– Viajar?
– Sim, eu vou viajar daqui a pouco e estou ocupada.
– Você vai pra onde?
– Pra Alemanha.
– Você vai ver a nossa... – Ele parou de falar.
– Eu vou ver minha mãe e ficar com ela até o fim do tratamento. Meu pai vai poder voltar.
– Eu fui tão... – Ele baixou a cabeça e parecia querer chorar. Aquilo me irritou de uma forma que não conseguia vê-lo ali, de forma tão patética. Saí e o deixei ali na porta. Fui a cozinha e bebi uma água. Ele veio logo atrás. – Olha, eu tenho sido tão...
– Esquece , eu não quero ouvir mais nada que vem de você. Você é... Louco. Vai se tratar. Eu não vou ficar mais me preocupando com o que você pensa ou não. O fato de você ser ou não ser meu irmão não me importa mais. O que eu mais quero é estar ao lado da minha mãe.
– Eu não a odeio. Nem ela, nem o pai, nem ninguém. Muito menos você.
– Você não tem agido como se nos amasse, convenhamos, né?
– Eu sei, eu estou arrependido.
– Olha, eu cansei de você. Agora se puder fazer o favor de ir embora eu agradeceria.
– Eu vou. Não se preocupe. Estou voltando para Inglaterra amanhã e...
– Boa viagem. – Sorri como se realmente desejasse aquilo.
– ... – ele ia se aproximar.
– Fica longe de mim.
– Será que dava pra você me ouvir? – Fiquei em silêncio e ele colocou a mão no bolso. De lá tirou um papel e colocou em cima da mesa. – Leia a caminho da Alemanha. Tenha uma boa viagem e... – Ele então hesitou. – mande notícias de mamãe.
Então ele saiu me deixando sozinha na cozinha. Peguei outro cigarro e fumei inteiro. Deixei a carta em cima da mesa e comecei a me arrumar para a viagem.
Liguei para pedindo o localizador e então despachei a mala, e fiquei lendo qualquer livro enquanto esperava o meu vôo. A carta que havia me dado estava em minha bolsa, mas estava com tanta raiva que não a leria logo. Algum tempo depois entrei na sala de embarque.
~
Estava muito frio quando saí do avião. Ao pegar minha mala e ir ao salão de desembarque, senti um frio na barriga. Veria minha mãe depois de uma quimioterapia, teria que ser corajosa. E também veria Richard, pois ele quem iria me buscar no aeroporto. Passei pela porta de saída e olhei para os lados procurando Rich.
– Hey. – Eu ouvi alguém falando e meu rosto se virou para a pessoa. Lá estava ele. Senti meu coração pular. Era o mesmo Richard. Com o mesmo olhar, com o mesmo sorriso que achei que nunca mais veria. Caminhei até ele que me abraçou assim que nos encontramos. – Você está linda, como sempre.
Sorri bobamente e aceitei seu abraço que estava quentinho e gostoso.
– Oi, Rich, senti sua falta. – Falei ao olhar para ele. – Está tão frio.
– Pega. – Ele tirou o seu casaco e colocou em mim. – Assim está melhor? Eu confesso que imaginei que sentiria frio então vim com este casaco só para você usasse.
– Eu agradeço.
– Vamos? – Ele então colocou seu braço em meus ombros e caminhamos porta a fora do aeroporto.
Richard pagou o estacionamento e fomos para o carro. E como no carro estava quentinho, tirei o casaco.
– Como foi a viagem?
– Cansativa. Não gosto de avião.
– Sério? – Ele me olhou sorrindo e senti minhas pernas ficarem bambas.
– Sério. Eu tive que dopar para ir e voltar da Austrália. Sou uma medrosa. Sempre acho que vai acontecer uma tragédia comigo.
– Eu gosto tanto de viajar de avião, acredite.
– Então, como é sua família?
– Sou eu, minha mãe e minhas duas irmãs. Elas estão apaixonadíssimas pelos seus pais. Minha mãe está até aprendendo a falar inglês só para conversar com sua mãe.
– Ah... Minha mãe é tão encantadora. – Falei bobamente lembrando que estava morrendo de saudades dela. – E ela?
– Ela está passando pela fase difícil, não é? Mas ela tem todo o apoio em casa. Minha irmã mais veja, por sorte, é enfermeira e sempre está com ela.
– Eu nem tenho como agradecer, Richard.
– O fato de você estar aqui conversando comigo já é maravilhoso. – Ele me olhou sorrindo. – Eu senti tanto sua falta. Você é tão... Maravilhosa.
Queria um buraco para me enterrar naquele momento.
– E o seu irmão? – Ele mudou de assunto naquela mesma hora.
– Eu... Eu prefiro não comentar. A gente não está se falando.
– Sério? Nossa, tudo bem... Eu até pensei que ele quisesse vim.
– O não é meu irmão biológico. Descobrimos recentemente, sabe? Mas ele reagiu de uma forma grossa, não quis saber da minha mãe. Enfim, eu não quero ficar com raiva logo agora.
– Tudo bem. – Ele sorriu novamente e sentir corar.
– Se você continuar fazendo isso eu vou voar em você. – Falei sinceramente.
– Eu? Fazer o quê? – Ele riu mais ainda.
– Ficar sorrindo assim. Eu não tenho estruturas.
Ele deu uma gargalhada e eu rir com ele. Então ele estacionou em frente a uma Starbucks.
– É rápido, eu prometi a todo mundo lá de casa um cappuccino, inclusive ao seu pai. Você quer?
– Quero. – Desci do carro com ele e entramos na cafeteria.
~
– Chegamos! – Ele falou animado ao entramos na garagem de sua mansão.
– Nossa... – Falei ao descer do carro. – Sua casa é enorme.
– É mesmo, né? – Ele riu um pouco. – Quando meu pai morreu pensamos em nos mudar. Mas como ninguém aqui ainda casou, achamos melhor continuar aqui. Podemos receber visitas. E eu sou muito caseiro, trabalho aqui e na sala de aula.
– Você é professor?
– Sim - ele riu. – Eu sei, mas tudo que eu mais amo é dar aula.
– Nossa, eu te admiro então.
– Vamos entrar. Está frio e você está com meu casaco.
– Tudo bem.
Entramos em sua casa e todos estavam na sala esperando o cappuccino. A mãe de Richard era um doce de pessoa, me recebeu tentando falar em inglês. As irmãs dele também eram muito simpáticas e falavam em inglês. Meu pai quase chorou quando me viu. Minha mãe então chorou muito. Eu acabei chorando também. Nos abraçamos por um bom tempo.
– Como você está, mamãe? – Falei limpando suas lágrimas.
– Estou tão bem agora. Eu tenho você comigo.
– Eu te amo. – Falei e a abracei novamente.
– Como está ?
– Bem, volta pra Inglaterra amanhã e mandou um beijo grande. Quando você estiver melhor vamos visitá-lo em sua casa, tudo bem?
– Ele me perdoou? – Ela chorava muito.
– Ele não precisa te perdoar de nada. Ele precisa entender que vocês dois o amaram muito, isso sim.
Ficamos ali conversando um pouco quando Richard resolveu que iria mostrar qual o quarto que eu iria dormir. Era no segundo andar. O quarto era duas vezes maior que o meu. Haviam flores espalhadas pelos cômodos e a cama parecia bem confortável. Havia uma janela com uma varanda pequena e uma porta para o banheiro. Eles realmente queriam que eu me sentisse em casa.
– Espero que seja confortável. – Ele falou colocando minha mala em um canto. – Tem toalhas novas no banheiro, a colcha compramos só pra te receber.
– Está perfeito, Richard! Perfeito! – falei amando o lugar. – Muito obrigada, de novo.
– Não tem nada a agradecer. – Ele sorriu e caminhou até mim. Seu rosto ficou perto do meu e suas mãos passaram pela minha cintura. – Eu senti tanto sua falta.
– Eu não sei como dizer o tanto que senti sua falta. – Falei fechando os olhos, sentindo sua respiração perto da minha. – Rich...
Ele não deixou que eu falasse e me beijou. Sua língua passou pela minha, suas mãos apertaram minha cintura, seus braços me abraçaram forte e eu passei meus braços por seus ombros e me entreguei ao beijo. Era tão bom ter Richard ali novamente, me abraçando, me beijando, me causando calafrios de uma forma que eu não sentia há tanto tempo.
– Eu senti falta disso também. - Cortamos o beijo e ele sorriu. – , eu nunca te esqueci.
– Ainda bem. – Rir um pouco. – Estou me sentindo aquela adolescente, sabia?
– Ainda bem. Pois eu me sinto aquele calouro que te conheceu.
– Dorme aqui essa noite. – Sussurrei em seu ouvido.
– Com maior prazer. – Ele sussurrou de volta.
- Como está ? – Meu pai perguntou ao me chamar para o canto.
- Pai, você sabe como ele é teimoso. A gente brigou muito. Mas agora acho que ele se arrependeu das coisas horríveis que disse. Sabe, eu realmente o acho um babaca por causa disso tudo.
- Eu o entendo, apesar de tudo, eu o entendo.
- Por que você nunca disse?
- Eu acho que sempre achei que a vida toda ele não ia precisar saber. Mas com sua mãe com câncer achei que fosse o melhor a se fazer mesmo. Ela mesma queria.
- De qualquer forma... Como minha mãe está? Sinceramente?
- Filha, os médicos dizem que ela está com o câncer em um estágio muito avançado, mas ainda tem como tentar reverter.
- Olha, pai, eu vim justamente para que você pudesse voltar para NJ. Pode voltar mesmo. Eu vou ficar aqui cuidando dela.
- Eu não sei como vou conseguir continuar sem ela, filha... – Ele então começou a chorar. Eu o abracei. Ele também estava sofrendo. Mamãe era seu braço direito em tudo. Ele não suportava a idéia de que teria que deixá-la ali, mesmo que comigo.
- Pai, estaremos aqui. Eu vou te informar tudo. Vai ficar tudo bem. Ela vai sair dessa com nossa ajuda.
- deveria estar aqui. Ela anda tão preocupada com ele.
- Ele vai ter o que merece. Não se preocupe que eu vou falar com ele. Enquanto isso fique o tempo que puder com a mamãe.
Ele sorriu e me abraçou.
- Você sabia que o Richard não parava de falar de você? Acho que ele ainda gosta de você.
- Ah, pai... – Rir um pouco. – Você acha?
- Eu tenho certeza. Eles nos trataram tão bem. E toda vez que ele tocava em seu nome era de uma forma tão carinhosa e bonita.
- Eu gosto muito dele. – Falei sinceramente. – Mas eu não sei...
- Sabe sim. – Ele piscou. – Eu sei que a vida não foi muito boa com vocês dois. Mas agora vocês têm uma chance.
Sorri um pouco. Meu pai tinha razão.
~
Era bem tarde quando ouvi uma pancadinha em minha porta. Fui abrir e era Richard. Ele então me beijou e fechou a porta atrás de si. Me entreguei ao seu beijo, passei minhas mãos pelo seu peito e cintura quanto ele passava uma de suas mãos em meu pescoço até a nuca e a outra pelas minhas costas. Cortei o beijo passando meus lábios pelo seu pescoço enquanto ele apertava minha cintura e minha bunda. Voltamos a nos beijar e ele me encaminhou as cegas até a cama. Deitei e puxei-o para mim novamente. Sua respiração estava ofegante, seu beijo era ansioso e rápido, sua língua quente. Sentei por cima dele, que por sua vez também sentou também. Tirei a sua blusa e ele acabou tirando meu vestido em um impulso só. Ele beijou meu pescoço e passou seus lábios para o meu colo. Inclinei a cabeça segurando a sua enquanto ele passava sua língua pelos meus seios.
- Você continua tão gostosa quanto antes.
- Ah, é? Pois faça jus a minha beleza hoje e fode bem gostoso. – Falei em seu ouvido e depois passei minha língua por ele que lhe causou um arrepio.
- Ah, mas eu vou sim. Fazia tempo que esperava por isso. – Ele continuou beijando meus seios e então me deitou. Passou seus lábios pela minha barriga e desceu até o umbigo. Deixei que ele fizesse o que queria comigo. E o que ele queria comigo era o que eu também queria.
Lentamente Richard tirou minha calcinha e abriu minhas pernas. Então senti seus lábios quentes dentro de mim. Gemi baixinho assim que seu lábio tocou minha pele. Adorei o fato de que ele continuou por um bom tempo. Então senti seus dois dedos dentro de mim. Gemi um pouco mais alto quando ele começou a me chupar e masturbar ao mesmo tempo. Peguei em sua cabeça e abrir minhas pernas para que ele penetrasse seus dedos cada vez mais fundo. Estava tão bom, tão gostoso que não agüentei e cheguei no clímax alguns minutos depois que ele começou a me masturbar.
Ele me olhou bem nos olhos e sorriu de forma maliciosa. Sorri e saí da posição.
- Deita. – Pedi e ele o fez logo. Tirei a calça que ele estava usando e me surpreendi ao ver que ele não usava cueca nenhuma. Beijei sua boca e senti meu gosto. Sorrir ao imaginar que minutos antes ele estava de boca em mim e tinha adorado aquilo. Desci meus beijos até sua barriga, descendo até suas coxas. Beijei aquele lugar, subi para a virilha e então peguei em seu pênis que já estava duro. Passei minha língua na “cabecinha” do seu pênis e passei toda minha língua nele. Ouvi seu gemido e então comecei a chupá-lo. Ele então passou sua mão pelo meu cabelo e começou a me pedir para que eu fosse mais rápido.
Estava sentindo que ele não estava mais aguentando e então ele sentou novamente e eu sentei por cima dele fazendo-o penetrar imediatamente. Gemi alto quando o senti em minha pele. Subia e descia enquanto gemíamos alto. Beijei seu pescoço enquanto ele penetrava com a minha ajuda. Ainda com ele dentro de mim, ele me deitou e começou a me penetrar. Enrolei minhas pernas em suas costas e ele então começou a rebolar enquanto entrava e saia do meu corpo. Gemia um pouco mais alto. Senti que íamos chegar ao clímax e ele baixou seu corpo. Segurei forte seu pescoço enquanto ainda estávamos em nossa dança louca e frenética. Gozamos juntos. Senti o líquido quente dentro de mim e então estremeci. Ficamos assim por um tempo.
- Eu tinha esquecido como é bom com você. – Ele falou beijando minha boca. Sorri um pouco e então ele saiu de cima de mim. Passei minha perna por cima da sua barriga e fiquei fitando seu rosto enquanto ele olhava para o teto.
- Eu amei. Você não? – Falei beijando sua bochecha.
Ele olhou para mim e então beijou minha boca. Ficamos um tempo namorando como um casal de namorados apaixonados.
- Eu adorei, meu bem. Eu adorei. – Ele voltou a me beijar e depois colocou sua cabeça em meu peito. Fiquei fazendo carinho em seu cabelo.
- Olha, eu nem sei mais o que vai ser daqui pra frente.
- Como assim?
- Com a mamãe, sabe? É que parece que esse tratamento vai deixá-la mais fraca. Eu tenho tanto medo dela não sair bem disso.
- Ela vai sair, . Não se preocupe. Eu convivi com meu pai que teve câncer. Sua mãe tem boas perspectivas.
- Eles gostam tanto de você... – Sorri boba.
- E eu gosto muito deles. – Ele olhou pra mim. – E de você também.
- Ah é? – Beijei sua boca. – Gosta, é?
- Eu adoro. – Ele então voltou a me beijar mais forte ficou por cima de mim. – Eu adoro outras coisas também, sabia?
- Hum... Não, me explica.
- Melhor, eu te mostro! – Ele então começou a me beijar novamente.
~
- Bom dia... – Falamos eu e o Richard ao encontrarmos todos na mesa do café.
- Bom dia... – Minha mãe falou e me olhou toda maliciosa. – Vocês estão bem.
- Sim... – Falei um pouco corada de vergonha. Então Richard puxou uma cadeira para que eu sentasse. – Obrigada. Então, quando vamos ao hospital?
- Ah... Acho que mais tarde – A mãe de Richard falou com um inglês bem forçado. – O médico que está tratando sua mãe é o mesmo que tratou o meu Klaus. – Senti um doce em sua voz ao falar do falecido marido.
- Ah, que bom então. E o Senhor, pai?
- Eu vou embarcar mais tarde. Inclusive quero ver com você a passagem da , Rich.
- Imagina. Eu comprei com o maior prazer, não se preocupe.
- De forma alguma... – Falei pegando em sua mão só que ele pegou de volta e fez um carinho.
- Me deixa pelo menos pagar a sua passagem. Não foi caro.
Respirei fundo e sorri comigo mesma.
- Então mais tarde vamos ao hospital, não é? Eu vou aproveitar para desarrumar minha mala.
- Eu arrumo a sua. – Mamãe falou para meu pai. – Ah, filha... me ligou.
Senti um chute no estômago. Havia ligado para quê?
- Ah, foi?
- Sim, ele me pediu desculpas. Fiquei tão feliz.
- Que bom, mamãe. Que bom que ele ligou. Eu espero que ele faça isso mais vezes.
~
- Oi... – Eu olhei para trás e vi Richard. Tinha acabado de voltar da consulta com minha mãe e depois fui tomar banho. Quando estava no quarto Terminando de colocar as roupas no armário.
- Oi... – Falei sorrindo e ele veio até mim.
- O que foi? Você parece triste.
- É que eu não imaginei que ficaria tão triste ao ir ao hospital, sabe? – Falei sentando na cama. – É tanta gente doente...
- Eu sei. – Ele sentou ao meu lado. – Eu me senti assim quando fui a primeira vez ver meu pai tomando a quimioterapia. Mas não se preocupa. – Ele me abraçou. Sua mãe vai ficar bem. Eu fui deixar seu pai no aeroporto agora.
- Ah... Quem bom. Eu tinha até esquecido.
- Ei... – Ele me olhou e sorriu. – Vem cá.
Então me beijou de uma forma carinhosa.
’s POV
(N/A.: Gente, eu fiz esse capítulo ouvindo uma música e gostaria que vocês colocassem ela para carregar: That’s The Truth - MCFLY)
- , você pode levar minha mala? Vou pagar o táxi. – Monick pediu após descermos do táxi. Eu confirmei com a cabeça. Peguei as malas e entrei no condomínio, Monick tinha ficado com Joah e então chamei o elevador e fiquei segurando enquanto esperava-a. Ela estava demorando e então deixei uma mala segurando a porta do elevador. Voltei para a portaria e a vi no celular.
- Monick, você não vem?
- Ah... – Ela se assustou. – Eu estou resolvendo um problema. Pode ir na frente?
- E vai deixar Joah nesse frio? – Caminhei até ela e peguei meu filho. – Vou subir com ele e você leva o restante das malas.
- Tá bem.
Subi para o apartamento que estava muito arrumado, pois deixamos uma moça para cuidar enquanto estávamos fora. Coloquei Joah no chão e peguei o telefone para pedir uma pizza, pois estava quase na hora do jantar. Liguei a TV e então comecei a brincar com Joah no chão. Monick estava demorando muito para subir, estranhei e então levantei para a portaria. O porteiro disse que ela não estava lá. Estranhei bastante mas deixei pra lá. Depois ela me diria onde estava.
Depois de quase uma hora e da pizza ter chegado, Monick apareceu com um sorriso sem graça:
- Desculpa a demora, era importante.
- Muito importante, não é? – Joguei e levantei. – Você estava lá embaixo mesmo?
- Estava sim, eu me sentei no hall de entrada. – Ela desconversou. – Então, vamos dar banho nesse rapaz? – Ela pegou Joah no colo e sumiu. Fiquei parado, sentado no chão. Monick estava extremamente estranha naqueles dias. Primeiro foi não ter reagido com meu afastamento naquelas semanas, depois não ter dito nada após o descobrimento do meu sangue.
No jantar, Monick comia em silêncio:
- Você sabia que vão lançar um novo filme do Piratas do Caribe? – Falei despretensioso.
- Hum, sério?
- Sim, muito sério. A gente podia ir ver, não é?
- É, pode ser...
- Nunca mais fomos ao cinema e...
O celular tocou novamente. Ela atendeu e saiu da mesa e foi para o quarto. Tirei a mesa toda e fiquei vendo qualquer coisa na TV. Era bem tarde quando resolvi ir para o quarto. Para minha surpresa Monick ainda estava acordada:
- Ainda acordada?
- Pois é, insônia.
- Ah, - Deitei na cama e fiquei olhando para o teto. – Monick, eu...
- Eu quero me separar.
Olhei para ela assustado. Aquilo era a única coisa que não esperava ouvir dela.
- O quê? Separar?
- Sim, . Eu quero me separar. – Ela não olhava para mim.
- Eu posso saber ao menos o motivo?
- Eu não te amo mais.
- O quê?
- Você está surpreso? – Ela me olhou incrédula. – Pelo amor de Deus, ! Não somos um casal. Não transamos faz quanto tempo? Sequer nos falamos aqui dentro de casa. Eu estava esperando que você melhorasse com essa viagem, uma segunda lua de mel, eu sei lá... Acontece que você é uma pedra. Uma pedra.
- O que você quer? Que eu sozinho melhore a nossa relação? Você simplesmente mudou nesses anos!
- Mudei. Eu mudei sim. E você não fez nada! Você não quer estar comigo, todas as vezes que eu te chamo pra fazer alguma coisa você prefere ficar sozinho, em seu mundo! Eu cansei!
- Se é assim acho que não tenho mais nada o que fazer aqui, tenho? – Falei me levantando da cama.
- Eu acho que não. – Ela voltou a olhar para o livro.
Peguei a mala que eu ainda não tinha desfeito e saí do quarto. Passei no quarto de Joah, beijei sua testa. Ele era ainda a única coisa que me fazia ficar ali. Mas agora eu teria que vê-lo em outro lugar. Saí de casa e peguei meu carro. Iria para algum hotel, faria qualquer coisa.
’s POV
(Coloque a música That’s The truth para tocar)
Acordei no meio da noite. Richard estava dormindo em meu peito e então levantei. Lembrei da carta de . Fui a minha bolsa e peguei a carta. Olhei para Richard que dormia um sono profundo e fui ao banheiro. Liguei a luz, sentei no vaso sanitário. Abri a carta e me vi com as mãos tremendo. Era a grafia de escrita:
Oi, ,
Eu sei que está com muita raiva de mim. Eu não tiro sua razão. Na verdade você tem razão de estar com raiva de mim. Eu estou com raiva de mim. Eu estou desabando, sabe? Você não faz idéia de como é difícil todos os dias acordar e estar ao lado de alguém que você não ama, de alguém que não te dar carinho e amor e, pior, quando você é o causador disso tudo. Eu não amo Monick, eu nem sei o motivo de ter dito “sim” naquele dia, nem sei porque eu não desistir de ter casado com Monick e ter corrido para você, mesmo com todos os erros que cometemos, mesmo com as minhas burradas, com as minhas escolhas que te magoaram, que te fizeram ir para longe de mim. Eu sei que se passaram muitos anos. O fato de eu não ser seu irmão biológico tirou um fardo de cima de mim. Me perdoe se todas as vezes que eu te fiz chorar foram por motivos egoístas. Eu me lembro da primeira vez que eu te fiz chorar, eu me lembro quando te vi desesperada em meu quarto com minha blusa, eu me lembro quando você tentou cuidar do meu olho roxo e eu simplesmente te recusei. Eu me lembro bem do dia em que eu te tive só pra mim, eu me lembro do dia em que te abracei quando nosso avô morreu. , eu me lembro de cada momento contigo. Eu tenho agido da forma mais imbecil que eu poderia imaginar que eu fosse, porém eu não posso mais imaginar um futuro para mim de felicidade. Quando olho para frente eu vejo um casamento que desmorona cada dia mais. Eu afastei as pessoas ao meu redor por causa do meu egoísmo. Eu machuquei meus pais, eu decepciono meu filho, eu te faço chorar todas as vezes que nos encontramos. Eu não queria ser seu fardo, mas você é o meu, pois cada vez que fecho os olhos eu te vejo, cada vez que abraço Monick ou a beijo, eu lembro de você. Cada vez que eu mais quero te ter, menos eu te tenho. Eu não sou irmão, eu queria ao menos que você não me odiasse, mas se você me odeia é por culpa exclusiva minha. Então eu realmente espero que entenda que, apesar de tudo, eu te amo. E que se você quiser eu largo tudo, absolutamente tudo por você, pois você merece tudo de mim, eu não sei mais como deixar mais claro que eu te amo. Eu nem sei mais se você acredita em mim. Eu espero que acredite e possa me ligar qualquer dia desses que eu largo absolutamente tudo.
Eu ainda espero ansiosamente pelo seu telefonema.
, xx.
Eu não podia acreditar que havia escrito aquilo. Senti meu coração na mão. Eu queria poder ter queimado aquela carta antes de lê-la. Queria sumir, queria nunca ter a escolha da vida de . Apesar de tudo eu sentia muito por ele, por toda sua vida ter sido destruída com um casamento.
Voltei ao quarto e, silenciosamente, peguei meu celular e saí do lugar. Desci as escadas e fui até a cozinha. Disquei o número de e depois da primeira chamada ele atendeu:
- Alô?
- Oi, . Como você está?
- Eu estou bem, e você? – Ele falou seco, sem nenhuma surpresa por falar comigo.
- , eu... Eu acabei de ler a carta.
- Sério? Eu pensei que já tinha lido e ignorado. – Ele então falou de forma grossa.
- O que foi, ? Finalmente estou te ligando. Queria conversar.
- , minha vida está um inferno. Eu não acho que esse seja o melhor momento para você me ligar.
- E qual vai ser o momento, ? Nunca? – Desabei. Eu amava . Mesmo com Richard, mesmo com todos aqueles empecilhos, mesmo depois de anos longe, mesmo depois do casamento e até mesmo depois de ter falado com o padre naquele dia. Eu o amava. Eu não queria amá-lo. – , eu te amo.
Ele então ficou em silêncio. Eu apenas chorava do outro lado da linha. Não podia mais segurar. Não tinha mais estruturas para aguentar isso.
- Eu também te amo, . – Ele parecia desesperado. – Não chora, por favor.
- Eu não aguento mais, . A gente não tem cura. Mas a gente também não tem jeito. Ficar com você seria desastroso. Principalmente agora que minha mãe iniciou o tratamento. Eu não suportaria todos os olhares para cima de mim. – Ele ficou em silêncio e eu então continuei. – , você sabe o que isso quer dizer, não sabe?
- Sei sim. Eu não vou mais insistir. Eu vou sumir por uns tempos. Eu e a Monick não estamos mais juntos faz algumas semanas. Eu não sei ainda o que farei com tudo. Mas antes de tudo eu vou passar para ver nossa mãe. Preciso me desculpar.
- Tudo bem...
- ? – Olhei para trás e vi Richard com cara de sono. – O que está fazendo aí? Vem pra cama.
- Eu já vou, meu amor. Estou falando com . Pode voltar, já volto.
Esperei que ele saísse e voltei ao telefone.
- Quando você vem?
chegou em uma terça feira. Richard fez questão de hospedá-lo em sua casa. Ele parecia mais magro, com o rosto abatido. Estava bem calado e eu resolvi que iria falar pouco com ele. Aquele era um bom plano. Aliás, era o plano perfeito. Evitava ficar nos mesmos locais que ele. Richard sempre estava por perto. Era sempre uma ótima companhia, me fazia rir. Não sei bem o que sentia por ele, mas era forte. Porém, quando via , meu coração acelerava e eu não sabia o que falar. A garganta fechava. Nossos olhares se encontravam bem pouco. Quem estava completa e feliz era a minha mãe que sorria o tempo todo. Ele era atencioso com ela, conversava horas a fio, saía sem hora pra voltar. Fazia tempo que eu não vi minha mãe tão alegre.
Um dia, porém, estava deitada com Richard na cama e conversávamos sobre qualquer coisa, quando ele perguntou:
- O que houve entre você e ?
- Como assim?
- Vocês não conversam, não interagem. Vocês nem se olham.
- Ah... É que... É complicado. – Falei por fim. – Quer saber, Rich? Eu e tivemos uma coisa... Uma coisa muito turbulenta.
- Como assim? – Ele sentou na cama e me olhou.
- Ah... Eu não sei explicar o que aconteceu. Mas eu percebi que não era meu irmão desde nossa primeira conversa. Não pode haver esse interesse, esse... Sentimento quando se é irmão.
- Você teve um... Caso com ele?
- Não foi um caso. Foi um... Eu não sei dizer. Nunca estivemos juntos, mas também nunca estivemos separados.
- , você e tiveram algo e você ainda sente algo por ele?
- Richard, eu seria muito filha da puta com você se eu dissesse que não, pois sim. Tivemos algo, transamos uma ou duas vezes. E eu... Eu sinto algo por ele.
Ele ainda sem acreditar balançou a cabeça e perguntou olhando para o outro lado:
- Há quanto tempo, ?
- Richard...
- Há quanto tempo? – Ele então me olhou. Havia algo em seu rosto. Eu ainda não sabia se era raiva.
- Desde sempre. – Senti as lágrimas caírem em meu rosto. – Mas eu não posso. Eu não posso, Rich. Isso é tão errado. É tão feio admitir e falar em voz alta. – Senti que ele ia se afastar e então chorei mais. Porém ele então me abraçou forte.
- Ah, minha ... Minha querida. – Ele então aninhou seu rosto em meu cabelo. Chorava muito. – Como você deve ter sofrido. Vem cá... – Então senti seu beijo em minha testa. Ninguém devia passar por isso.
- Você não sabe como é horrível.
- Sei... – Ele então começou a sorrir. – Meu primeiro amor foi minha irmã. Não, não aconteceu nada. Mas eu tenho certeza de que mais algum tempo, teríamos feito. Não... Não fale nada. Eu não vou te julgar. Mas eu quero só saber o que você vai fazer com relação a tudo isso?
- Acabou, Richard. Eu não vou mais continuar com isso. Minha mãe está doente, meu pai longe. Eu preciso me ajeitar. Isso vai passar.
-V ai sim. – Ele então me beijou. - E eu vou te ajudar.
- Eu nem te mereço. – Falei sentindo todo amor por Richard.
- Merece. Pois eu te mereço.
Ele então me beijou e senti que poderia amá-lo de todo o coração.
O dia clareou, acordei com ele e não pude mais dormir. Desci as escadas e fui até o jardim. Estava um pouco frio. Vi perto da piscina. Ele lia alguma coisa. Um livro. Caminhei até ele.
- Olá. – Falei sorrindo e ele se virou, sorrindo.
- Bom dia. O que faz tão cedo acordada?
- Sem sono.
- Eu também. – Ele voltou a olhar para o livro e depois o fechou. – Como você está aqui? Nossa mãe está sendo tão bem tratada. Queria poder dar todo esse luxo para ela.
- Aqui todos são uns amores com ela. Acho que ela não poderia estar em um lugar melhor.
- ... – Ele então pegou em minhas mãos. – Eu não sei como me sentir depois disso tudo. Você sabe que eu a amo. E nunca deixarei de te amar.
- Eu também, . – Falei sinceramente. – Mas esse seria o erro de nossa vida. Talvez não seja nessa vida.
- Talvez não seja nessa vida... – Ele repetiu e sorriu. – Eu vou embora hoje.
- Você vai pra onde?
- América latina. Estão precisando de médicos por lá. Finalmente vou fazer o que mais queria. Era o que mais queria quando me formei.
- E você viveu todo esse tempo como? – Falei e ele riu.
- Faz tempo que não vivo, . Então preciso procurar por algo para viver. E então quem sabe um dia eu te diga como é viver.
- E sua casa? Seu filho?
- Eu sempre estarei em contato. Monick não é fácil, provavelmente fará meu filho me odiar.
- Não, isso não. – Falei. – Eu darei um jeito de sempre encontrá-lo. Não deixaria meu sobrinho nas mãos daquela bruxa.
- Me promete? – Ele pegou em minhas mãos.
- Sim. – Sorri.
- Richard é um bom rapaz, tenho certeza que te fará uma mulher feliz.
- Eu também tenho. – Falei então soltei sua mão.
- ... Posso te pedir uma última coisa?
- Sim, pode.
Então ele aproximou seu rosto do meu, como se estivesse pedindo permissão. Deixei que me beijasse. E era o último. Ele colocou seus lábios nos meus e me deu um beijo maravilhoso. Senti que iria chorar, mas não o fiz. Passei minhas mãos pelos seus ombros e então ele me afastou devagar. Saiu dali e me deixou sozinha. Chorei um pouco, porém depois voltei para Richard. Era o fim de tudo.
foi embora depois de duas semanas com minha mãe. Ele iria para a América Latina trabalhar com médicos em áreas afastadas e de risco. Minha mãe faleceu no verão seguinte, em casa, ao lado de mim, Richard e meu pai. Foi triste, mas ela estava feliz por ter quem amava perto de si, apesar de não estar conosco, pois perdemos seu contato. Logo depois cumpri a promessa de estar sempre em contato com Joah. Monick teve de me aguentar sempre, pois eu iria sempre estar em contato com meu sobrinho. Meses depois passei no exame da ordem, e no verão seguinte me casei com Richard. Muitos anos se passaram até que eu visse novamente. Mas disso eu não falarei agora.
Fim.
Nota da autora (20/01/15): Oi, gente. Antes de falar qualquer coisa, queria dizer que escrevi por CINCO anos essa fic (comecei em 2010) e estar terminando ela não tem sido fácil. Foi o final mais honesto que fiz. Mas não se preocupem. O final dessa história não quer dizer o final dos meus personagens (no meu caso é Simon e Simone). Ainda tenho muitas coisas para falar sobre eles. São tantas que apenas outra história seria possível. Então... Sim, terá Incesto II. Eu já fiz alguma coisa. E dessa vez espero não demorar Cinco anos, hauhsausa. Essa fic já parou nos TOP 8, também já foi indicada, já foi plagiada... Enfim, eu só tenho a agradecer pelo sucesso não merecido e despretensioso, pois sinceramente não me acho uma boa escritora. Ela começou com uma folha de caderno no meio de uma aula de matemática. E cresceu junto comigo. Comecei aos dezessete, e agora estou prestes há completar 22 anos. Esse ano estou retomando muitas coisa, inclusive a continuação de outra fiction minha. (Bom dia, senhor. O que vai pedir?), mas por hora só queria agradecer minha querida beta que carrega o nome mais lindo do mundo, Flávia. Sem ela não seria possível que vocês lessem tão rápido. Sim, eu quem escrevo devagar, ela sempre beta e posta rapidinho. Agradecer a todas que acompanharam durante todos esses anos, que me procuraram no twitter, no facebook, nas outras reder sociais que nem eu mesma sei. Vocês são demais! Obrigada pela paciência, por indicarem, por serem melhor pra mim do que eu sou pra vocês. Agradeço as novas e as futuras. Sem vocês eu também não teria como escrever algo. Obrigada de coração. Eu farei um grupo no facebook em breve. Então lá vocês terão notícias novas de fics e vamos poder interagir. Até lá eu peço que mandem o facebook de vocês para o meu e-mail (flavia.ncavalcante@gmail.com) No mais, só agradeço mesmo. E até logo, pois logo voltarei com coisas novas e felizes. Um beijo! Facebook - Twitter