- Ei, , não é possível que você esteja nervosa – ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo ficar completamente arrepiada da cabeça aos pés. Meu dedo mindinho começou a formigar, e a sensação foi se espalhando para todo o meu corpo. Sentia o sangue subindo ao rosto, o que significava que eu estava vermelha. Desviei meus olhos para ele, logo à minha frente, e percebi que ele estava sorrindo. Sabia que adorava me ver com vergonha, algo que eu não entendia por que o deixava tão satisfeito. Desgrudei meus olhos de seu sorriso: a timidez era maior do que eu poderia controlar.
- Você não tem por quê ficar nervosa – ele falou, as mãos fazendo carinho na minha cintura.
Sentir seu corpo por cima do meu era quase torturante: eu o queria e, ao mesmo tempo, temia estragar tudo. Ao olhar para seus ombros desnudos, fortes, tão próximos de mim, eu sentia que iria me entregar completamente sem nem ao menos me importar com qualquer tipo de consequência. Ao rolar meus olhos para seu rosto perfeito e seus olhos desejosos, sentia medo de fazer tudo errado. Eu queria fazê-lo feliz, e nunca fui muito segura de que teria essa capacidade. Sentia-me inferior a , não apenas pela posição que nos encontrávamos, mas porque, durante pouco mais de um ano de relacionamento, ele sempre foi o meu objeto de admiração. Não existia nada comparado à sua beleza, ao seu carinho, ao modo como ele via o mundo e como me tratava. E eu sempre fui a garota normal, a namorada de que não merecia aquela dádiva. Eu sempre tive medo de ser o encosto.
- Você sabe que não precisa fazer nada se não quiser – ele continuou, dessa vez chegando mais para longe de mim, com um ar de talvez decepção. Eu imediatamente segurei o braço dele, o impedindo de se afastar mais um milímetro sequer de mim, sentindo dores quase físicas pela falta de calor que seu corpo desencostado do meu causava.
- Eu quero – protestei, esperando que ele entendesse meu medo. – Só não quero decepcionar você. Não quero fazer tudo errado... , você sabe que eu sou virgem – completei, em voz baixa, sentindo mais uma vez o rosto esquentar em resposta à minha confidência.
segurou meu rosto com ambas as mãos e aproximou nossos rostos, encostando nossos narizes. As pernas dele grudadas às laterais de meu corpo pareciam maiores e mais fortes do que nunca; sua presença, incontestável. Algo frio descia pela minha espinha, e eu não sabia o que fazer com as mãos... Queria segurar o rosto dele, queria controlá-lo, mas minhas mãos pareciam muito mais atraídas por seus cabelos macios e cheirosos.
- Você nunca faria nada errado, ... – respondeu, e sua respiração batia na minha boca como uma provocação. Seu hálito quente pôde ser sentido por mim, e tudo o que eu queria era ficar daquele jeito para sempre. – Você é perfeita – ele disse, e eu desviei os olhos, me sentindo como uma enganadora, traidora. Afinal, eu nunca seria perfeita. Nunca poderia me comparar à perfeição que se encontrava à minha frente, procurando meus olhos com os próprios e sustentando meu olhar descrente. – Não importa o que qualquer um diz, , você é perfeita para mim.
Ele sorriu antes de beijar meu pescoço. E aquele sorriso ficou gravado na minha mente, assim como no primeiro dia que eu o conheci.
- Ei, caloura – algum estúpido me chamava enquanto eu adentrava os portões do novo colégio, no início de um novo ano letivo. Caloura. Odiava essa palavra, ela me remetia uma ideia de alguém inseguro e incompetente, e nada me irritava mais do que incompetência. Nada.
- O quê? – eu perguntei, tentando não ser rude. Quero dizer, eu não ia criar confusão com um veterano em menos de dois segundos dentro do território escolar. Não mesmo.
- Você já sabe onde é sua sala? – ele perguntou, parecendo simpático. Tudo bem, talvez eu tenha exagerado, ele podia ser uma pessoa legal. Inspirei fundo e tentei ser amigável também. A verdade é que estava com medo do novo colégio, medo das novas pessoas, e aquilo me irritava. Talvez insegurança me irritasse tanto quanto incompetência.
- Na verdade, não – respondi, tímida. Qualquer um que olhasse para mim poderia perceber minha ingenuidade, talvez o uniforme do colégio não ajudasse muito nesse quesito. Se estivesse com minha blusa do Oasis, aposto que ninguém me lançaria olhares de compaixão.
Talvez a compaixão me irritasse um pouco. Mas isso só acontecia porque a compaixão vinha como resposta à incapacidade.
O veterano sorriu e me entregou um papel, de aspecto oficial, informando as salas de cada turma do primeiro ano. Sorri em agradecimento a ele, que sorriu de volta e entregou o mesmo papel para uma menina que estava passando logo atrás de mim. Ela parecia muito menos inocente, talvez porque a saia de seu uniforme tivesse o cós dobrado, a fim de que ficasse mais curta. Olhei rapidamente para minha saia quase atingindo os joelhos e senti um espasmo de vergonha e inadequação.
A menina pegou o papel e sorriu em agradecimento. Nossos olhos se encontraram, e ela sorriu, simpática. Sorri de volta. Não custaria nada fazer algum amigo.
- Oi – ela cumprimentou, os olhos brilhando ao olhar em volta. O colégio era realmente grande e bonito: as árvores eram abundantes, as flores com cores vivas contrastavam com o novo prédio imponente pintado de branco com detalhes em vermelho. – Sou Elle, e você?
- – respondi, mas, visto que isso pareceu formal demais, acrescentei: - Pode chamar de , se quiser.
Elle sorriu com os dentes branquíssimos e um pouco grandes e ajeitou o cabelo olhando fixamente para um ponto atrás de mim. Fiquei curiosa e virei, encarando todos ao redor, até que finalmente meus olhos pousaram nele.
Ele não era apenas bonito; ele era lindo. Havia algo a mais nele, algo que fazia meus olhos permanecerem estáticos sobre seu rosto, esquecendo completamente todo o resto, os amigos veteranos que estavam em torno dele. Queria chamar a sua atenção de alguma maneira, mas as tentativas eram bobas e provavelmente não dariam certo. Elle, ao meu lado, chamaria muito mais atenção do que eu, e isso me deixava muito incomodada. Ela era mais bonita do que eu. Ela era menos ingênua que eu. Ela o merecia mais do que eu.
Mas o que eu estava pensando? Eu não o conhecia. Apenas o tinha visto e inexplicavelmente alguma coisa me atraiu nele.
Até que nossos olhos se encontraram e ele sorriu. Sorriu para mim, e não para Elle, que ainda estava tentando chamar a atenção dele de qualquer maneira. Sorriu para mim, a caloura inocente que não dobrou o cós da saia.
E eu, mais vermelha do que jamais pensei que seria capaz de ficar, sorri de volta.
Não um sorriso largo e provocativo, não um sorriso atraente e convidativo, apenas um sorriso meio torto e tímido. Mas suficiente para que ele viesse falar comigo.
Ele andou com passos fortes até mim, sem parecer hesitar em nenhum momento. Não chegou sequer a olhar para Elle, e foi o que eu também não fiz. Na verdade, quem realmente era Elle?
O sorriso dele não desapareceu do rosto com traços nem sempre retos, nem sempre iguais. O sorriso dele, a coisa mais linda que eu já tinha visto em toda minha vida. Minhas mãos começaram a ficar inquietas a partir do momento em que a distância entre nós diminuía. Comecei a estalar meus dedos, um sinal de nervosismo. Uma fraqueza.
- Eu sou – ele falou, sem ao menos dar um ‘oi’ prévio.
- – eu respondi, sem nem ao menos me dar ao trabalho de me apresentar pelo nome. Eu queria que ele me chamasse pelo apelido. Queria que ele se sentisse íntimo, porque eu o sentia assim.
Os olhos de brilhavam na minha direção, e eu me sentia alguém diferente. Talvez eu estivesse me sentindo do jeito que ele me via. Eu realmente esperava e desejava que esse fosse o caso.
- – a voz dele ao falar meu apelido era a coisa mais suave que eu poderia imaginar. Parecia que cada fonema tinha sido criado com o propósito de ser emitido por aquela voz, rouca e sensual -, você é nova aqui. – ele disse. Não era uma pergunta. Não era uma exposição de hipótese. Era uma afirmação.
- Sou – eu assenti, mesmo sabendo que ele não precisava de qualquer tipo de confirmação.
- Já sabe onde é sua sala? – ele perguntou, parecendo desconfiado. Algo que eu não esperava entender: em menos de três minutos de contato, eu já tinha certeza de que não era o tipo de pessoa que eu iria compreender tão facilmente. Só a atração enorme que eu instantaneamente senti por ele e por seu sorriso comprovavam minha ignorância.
- Na verdade, eu acabei de receber um papel dizendo o número da sala – retruquei, tentando parecer um pouco mais confiante e menos perdida do que realmente estava. Não queria que ele pensasse que eu era uma fraca.
Ele riu, jogando a cabeça para trás, e eu, um pouco perdida com o movimento que o deixava mais lindo que o normal, perguntei, um pouco irritada:
- O que foi? Qual o problema?
- Por acaso no papel dizia que sua sala era a L-209?
Eu baixei os olhos para o papel e confirmei: era a mesma sala que tinha mencionado.
- Sim, é essa a sala. Algo errado? – desafiei, tentando sempre parecer mais forte e inteligente.
- Essa é a sala que os veteranos vão dar trote nas calouras – ele respondeu, dando de ombros, ainda rindo. – Sua sala na verdade é a C-504.
Estreitei os olhos para ele. Ele parecia dividido entre a diversão e uma meia-preocupação. E eu não precisava que ninguém se preocupasse comigo. Sabia me virar sozinha.
Mas depois parei para pensar em cuidando de mim. E eu, novamente sem entender, achei que a idéia era atrativa.
- E por que eu deveria confiar em você e não no papel que parece oficial?
Ele deu de ombros, ainda me encarando com os olhos que brilhavam muito mais do que o sol ou a lua. Eu podia me ver refletida naqueles olhos. Eu não podia parar de olhar para aquela íris.
- Não sei. Mas gostaria que você confiasse em mim. – Olhos impassíveis.
E, não sabendo o porquê, eu confiava.
Estática, abobalhada, sem-reação. Iludida, hipnotizada, esperançosa.
- Posso te levar até sua sala?
Sorri e concordei com a cabeça, prestando atenção na sua reação.
E que viesse o sorriso mais lindo que eu jamais encontraria igual.
Minhas mãos pareciam ter achado o lugar certo enquanto me beijava a clavícula e a orelha esquerda. Os lugares mais propícios eram seu ombro, sempre forte e protetor, e sua nuca, onde eu o incentiva a me beijar mais e mais. Sentia o corpo todo formigando. Estava jogada na minha cama, com a porta do quarto trancada e as luzes apagadas. A lua fazia questão de nos tornar visíveis – sua luz branca e fantasmagórica não parecia assustadora quando era quem estava sendo iluminado por ela. Na verdade, sua pele branca brilhava cada vez mais por efeito da claridade, e eu sentia quase como se aquela fosse uma benção dos astros.
Cada vez era mais difícil manter os olhos abertos; no meu êxtase crescente, enquanto tentava controlar os suspiros causados pelos beijos e mordiscadas de , eu fechava os olhos, parecendo estar em outro mundo.
Minhas unhas queriam percorrer a extensão das costas dele, e foi o que fizeram. Eu mal me importava se estava machucando-o com meus arranhões, tinha certeza que ele não se importava ao ponto de me fazer parar. Ao contrário, ele me apertou mais ao corpo dele, eliminando todos os possíveis e impossíveis espaços entre nós.
As mãos deles não eram gentis; seus toques não eram leves. Tudo estava muito intenso enquanto levantava minha blusa com voracidade e beijava minha barriga. Minhas mãos puxavam seus cabelos com força e eu novamente não estava ligando se o deixaria careca de tantos fios arrancados. Eu só queria que ele continuasse com as carícias, eu só queria que ele me amasse.
Estava sentindo um calor absurdo. O sangue parecia correr com mais velocidade pelas minhas veias, minha respiração ofegante denunciava a falta de ar que sentia por estar junto de . Quando ele encaixou as duas pernas entre as minhas, pensei que ia enlouquecer.
Tirei minha blusa, não sabendo ao certo aonde a tinha jogado. foi subindo os beijos pela minha barriga, mas eu o puxei pelos cabelos até que nossos rostos ficassem na mesma altura. Aproximei nossas bocas, porém sem encostá-las. Ele fez isso por mim, me beijando como nunca tinha me beijado antes. Era uma sensação nova, talvez porque os objetivos tinham mudado. A malícia era impossível de ser escondida; o desejo, impossível de ser controlado por ambas as partes. Algo muito mais forte se apoderava de nós dois. Por outro lado, a ansiedade e o nervosismo eram quase idênticos ao daquele primeiro beijo, também esperado com impaciência por nós dois.
Lutei contra o cadeado enquanto tentava fechar a porta do meu armário escolar. Não sabia se me faltava força ou jeito, mas não conseguia fechar o cadeado de jeito nenhum. Coloquei minha mochila no chão, procurando ter maior liberdade de movimentos para forçar o cadeado. E eu ainda não conseguia.
- Quer ajuda aí, ?
Eu sabia quem era. Só ele tinha aquele perfume, e só ele causava aquele efeito em mim. O único que deixava minhas bochechas rosadas.
- Claro que quero, – falei, cansada, me afastando do armário para deixar passar. Ele sorriu quando nossos olhares se encontraram, e meu rosto ficou mais quente ainda. Mais de um mês de amizade e eu ainda não podia me acostumar com aquele sorriso.
Em poucos segundos travou o cadeado por mim, sorrindo vitorioso em seguida.
- O que seria de você sem mim, uh? – ele perguntou de brincadeira, algo que eu levei a sério.
- Provavelmente já teria sido roubada mil vezes, considerando que você sempre fecha o cadeado – respondi, tentando fazer piada enquanto ainda considerava a pergunta dele.
chegou mais perto de mim, e eu senti os cabelos da nuca arrepiando.
- Espero que você esteja sempre aqui para fechar o cadeado – eu murmurei, engolindo em seco, assustada e desejosa da proximidade de .
Sempre assim. Assustada e desejosa.
Ele foi chegando mais perto ainda, e minha parte assustada me obrigou a recuar. Ele não se deixou intimidar e continuou avançando na minha direção, até que senti minhas costas bloqueadas por algo sólido.
- , o que você tá fazendo? – eu perguntei, não sabendo qual era a resposta que eu preferia ouvir.
- Nada que eu não devesse ter feito bem antes – ele respondeu, segurando meu rosto com as mãos. Fechei os olhos.
A próxima coisa que senti foram os lábios macios de e sua língua quente explorando minha boca, deixando minha parte assustada morrer e a desejosa reinar por todo meu corpo.
Minha calça jeans começava a me incomodar. A calça jeans de começava a me incomodar. As peças de roupa me incomodavam em demasia.
Aquele cinto estava pedindo para ser aberto. Minhas mãos travavam uma batalha contra a fivela, que parecia não querer obedecer minhas vontades. Não liguei para isso e a forcei a se abrir.
Comecei a empurrar sua calça para baixo, e me ajudou com as próprias pernas. Encarei a boxer vermelha que ele usava. Tentador. Muito tentador.
As mãos dele deslizaram para minha própria calça e, segundos depois, os botões já estavam abertos. se afastou um pouco de mim para poder puxar a calça que, skinny, saiu com dificuldade. Ele xingou um palavrão enquanto tentava arrancar uma das pernas do jeans, o que me fez rir. Ele não resistiu à minha risada e gargalhou junto, pouco antes de mergulhar para me beijar novamente.
Quatro dos meus sentidos estavam mais do que aguçados. O olfato não me permitiria confundir quem era a pessoa comigo; apenas ele teria aquele delicioso cheiro inebriante. Audição – seus fracos e irreprimíveis gemidos tomavam conta da minha mente e, considerando meu estado de queimação geral, todo meu corpo também. No meu paladar, o único sabor que eu detectava era o de sua língua, sempre quente e reconfortante, sempre me causando fortes choques elétricos – como se eu tivesse acabado de enfiar meu dedo numa tomada. Os choques causados, porém, tinham uma voltagem muito superior do que qualquer tomada conhecida. Tato – suas mãos percorriam meu corpo sem pudor algum, parando em certos lugares que me faziam quase sofrer de tanto prazer que me causavam. Eu passava meus dedos por sua pele suada, apesar de seu corpo sempre parecer maior do que minhas mãos pequenas podiam alcançar.
A visão me parecia inútil: eu não precisava ver para saber o que estava fazendo. Deixei meus outros sentidos me guiarem e fechei os olhos. O tato prevaleceu quando eu senti a excitação de fazendo pressão sobre meu corpo, lá embaixo. Sorri internamente ao perceber o efeito que causava nele.
parou de me beijar por um momento, o que quase me fez protestar e puxá-lo de novo para mim. Chegou perto do meu ouvido e sussurrou com a voz rouca, que sempre me enlouquecia:
- Eu quero que seja perfeito – ao ouvir usar essa palavra, senti um tremor passando desde a hipófise até o tornozelo. Talvez além do tornozelo. Eu o amava. Deus, como eu o amava! – Você vai confiar em mim? – ele fez a pergunta, que soou mais como ou pedido ou até mesmo uma súplica. Olhei dentro de seus olhos, a visão parecendo mais útil.
É claro que eu confiava nele. Desde que eu o conheci, o maior objetivo de era me fazer feliz. Ou talvez não fosse seu objetivo, apenas uma mera consequência de seus atos.
Não. Era sim o seu objetivo. Não era à toa que ele abria mão de muitas coisas a meu favor. Era sempre eu em primeiro lugar.
Concordei fervorosamente com a cabeça, e pedi para que ele chegasse mais perto. E foi o que ele fez, espalhando beijos pelo meu rosto e segurando minha cintura e quadril com firmeza. Me fazendo feliz.
Fechei os olhos e não pude reprimir um sorriso, que escapou dos meus lábios ao que eu me lembrei da primeira vez que percebi que, para , era tudo sobre mim.
Olhei em volta, maravilhada. Aquela noite ia ser perfeita para mim, tinha certeza.
Não apenas para mim. Podia ver vários fãs se aglomerando e cantando na fila.
Faltavam apenas dez minutos para que as portas da casa de show se abrissem, e estava muito entediado.
Eu ainda não estava o namorando, mas sabia que seria uma questão de tempo. Tinha certeza que toda aquela atração tinha se transformado em paixão: eu estava completamente caída por ele.
Eu sabia que ele gostava de mim. Só o fato de ele estar lá comigo era uma das maiores provas disso.
- Ai, meu Deus, será que não vai começar logo? – eu perguntei para , ansiosa. Ele forçou um sorriso para mim.
Estávamos no show da minha banda favorita, graças a . Ele tinha me preparado uma surpresa, e tinha conseguido contatos para eu conhecer os integrantes no camarim, logo após o show.
O fato era: odiava a banda. Mas estava lá ao meu lado, só para me fazer bem.
- Calma, . Daqui a pouco o show vai começar – ele respondeu, me puxando pela cintura e me beijando nos lábios.
Concordei com a cabeça, confiando no que ele me falava. Não me arrependi disso; como viria a aprender depois, confiar em era sempre algo aconselhável. Ele nunca faria nada para me prejudicar.
Logo, como havia previsto, o show começou. Tive uma das melhores noites da minha vida, e, apesar das piadas que fazia durante algumas performances do meu integrante favorito, ele até parecia estar feliz em estar lá. Não pela banda, mas por estar comigo.
Por mais estranho que isso possa parecer, o momento em que o show acabou foi o que eu mais ansiei. Talvez porque eu finalmente poderia dar aquele abraço tão esperado no meu querido favorito, eu dei pulinhos mais altos dos que os normais quando o último acorde da última música foi tocado. olhou para mim e gargalhou, me puxando pela mão para que eu não me perdesse dele.
me conduziu até o camarim, enquanto eu sentia meu coração batendo forte. Apertei a mão dele em busca de conforto, que rapidamente foi me dado quando ele passou o braço por volta dos meus ombros e sorriu. Aquele sorriso.
Com algumas burocracias e uma pequena discussão de com um dos controladores da casa de show, conseguimos entrar no camarim, onde a banda aguardava mais alguns fãs. Entrei na sala, maravilhada. Meus olhos se arregalaram ao ver aquele integrante tirando fotos com mais uma menina. Ele parecia a tratar tão bem, e eu fiquei com um pouco de inveja dela. Queria que ele me tratasse com aquela paciência e atenção.
Por um segundo, hesitei. O medo da decepção tomou conta de mim, e eu fiquei sem fala.
- O que foi, ? – perguntou com a testa franzida, parecendo preocupado.
- Não sei se sou capaz – respondi, num sussurro urgente.
gargalhou e todos olharam para ele. A risada dele realmente chama atenção. Quando uma das fãs demorou mais seu olhar sobre o meu garoto, estreitei meus olhos. Estava com ciúmes, e nem era meu de verdade. Talvez só na minha imaginação.
Ele me incentivou a andar até o meu integrante favorito. Minhas pernas tremeram.
Tudo saiu melhor do que eu esperava. Não houve desapontamento, e eu pude dar todos os abraços e beijos que queria, tirar todas as fotos, conseguir todos os papéis assinados. Seria ótimo ficar ali com meus ídolos durante mais tempo, porém tudo o que vem fácil, volta fácil também. A mim, tudo passou muito rápido e, quando eu voltei a realidade, já era hora de ir embora.
estava quieto, e aquilo me incomodava. Eu estava completamente feliz e achava que ele devia estar também. Essa foi também a primeira vez que eu duvidei que era tudo sobre mim.
- Anjinho – eu o chamei, enquanto ele girava a chave na ignição.
Ele olhou para mim e forçou um sorriso, mas soava muito falso. Comecei a entrar em desespero. Nada que fizesse deixar de sorrir verdadeiramente poderia ser algo bom.
Fiquei encarando durante um bom tempo enquanto ele dirigia de volta para minha casa. Ele estava sério e talvez levemente preocupado – mantinha a sobrancelha erguida e parecia estar travando uma batalha interna.
- Anjinho – chamei de novo, quando ele parou o carro para obedecer ao semáforo. Ele me olhou, dessa vez sem sorrir. – , o que tá acontecendo?
Ele não respondeu nada de imediato, apenas olhou para frente novamente.
- ...
- Ok, eu admito, certo? – ele falou um pouco alto, talvez até mesmo se controlando para não explodir comigo. – Estou com ciúmes de você.
Ao escutar aquilo, fiquei totalmente dividida. Uma parte de mim estava satisfeita por ter causado ciúmes em , porque isso poderia significar que ele gostava um pouco de mim. Aquilo deixou meu coração levemente aquecido, e eu quase sorri.
Mas não sorri. Pelo fato de que os ciúmes dele não tinham fundamento nenhum. Aliás, de que mesmo ele estava com ciúmes?
- Ei, príncipe – comecei de mansinho e cautelosamente, esperando uma rejeição ao apelido carinhoso, que felizmente não ocorreu -, o que te fez ficar com ciúmes?
Ele me olhou com um pouco de raiva.
- Aquele idiota que acha que sabe fazer música! , você podia ser mais discreta e babar um pouco menos por ele, não?!
Naquela hora eu realmente tive vontade de rir. Porque, obviamente, aquilo era tão fofo.
- Eu não estava babando por ele – respondi, competindo contra meus músculos faciais para decidir quem era mais forte.
Ele rolou os olhos para mim e contra-atacou:
- Ah, não? Então, o que era aquele resquício de saliva que eu vi caindo do canto da sua boca?
Resquício que, obviamente, nunca existiu. Mas em vez de brigar com ele e cair em contradições, resolvi fazer piada:
- Era só porque você estava ao meu lado, .
Não pude deixar de notar que ele segurou um sorriso, e me inclinei para beijá-lo. De início, ele resistiu, mantendo a boca bem fechada. Aos poucos, foi cedendo levemente e só fomos perceber por quanto tempo estávamos nos beijando quando ouvimos as buzinas e os xingamentos dos carros atrás de nós.
- Eu não resisto a você – ele comentou enquanto trocava a marcha, sorrindo de lado.
O meu sorriso.
Não pude evitar sorrir junto, encantada com a beleza do garoto por quem eu estava totalmente apaixonada.
Se seus movimentos não eram calculados, como poderiam ser tão perfeitos? Apesar de sempre tê-la procurado, nunca acreditei realmente que a verdadeira perfeição pudesse existir. Mas aquilo era a perfeição – eu nunca tinha me sentido tão desejada antes. Me senti mulher, me senti poderosa e madura, exceto pelo fato de que não estava tão controlada quanto gostaria. me levava à loucura; os beijos aleatórios no meu pescoço não me permitiriam pensar em coisas aleatórias; os beijos ardentes próximos aos meus seios me levavam a pensar em coisas ardentes. Cada ínfimo da minha pele que se encostava na dele era motivo para arrepios e pensamentos libidinosos. Não me envergonharia disso, porém; aquele sentimento, aquela ligação, talvez espiritual, talvez energética ou elétrica, muito provavelmente magnética, seria motivo de orgulho para qualquer um que a tivesse. Eu poderia espalhar para o mundo o quanto me sentia dependente de sem a menor vergonha, se não quisesse manter nossa privacidade elevada. Faria amor com em público, se não quisesse que outras pessoas o vissem nu.
se desgrudou de mim, fazendo com que eu soltasse um muxoxo alto e impaciente. Quero dizer, por que ele me soltava? Que tipo de tortura ele queria que eu sofresse, ficando a mais de um milímetro de distância de mim?
Ele se ajoelhou à minha frente e puxou meu pé para si. Ao sentir minhas pernas abertas, senti um tremor involuntário e uma sensação de júbilo passou por mim. começou a morder meu dedão. Normalmente, eu sentiria cócegas, mas aquela não era uma situação normal. Era a minha situação. Era a nossa situação, e o nosso momento. As cócegas foram substituídas por mais tremores e arrepios. Queria que tudo fosse mais rápido, mas que fosse devagar. Não podia acabar.
Ele subiu os beijos junto com as mãos. Tornozelos, beijos no peito do pé. Mãos subindo pelas minhas canelas, corpo se movimentando em direção ao meu. Beijos nas minhas coxas, minha completa insanidade. Mãos fortes e grandes apertando a parte interna das minhas coxas, delírio. Beijos na minha barriga, então a mão subia e chegava à minha virilha. Gemidos.
começou a brincar com o elástico da minha calcinha: seu dedo indicador e o polegar me tocavam suavemente, mas sua presença já era suficiente para os choques termelétricos. O carinho na minha virilha cessou e ele afastou a mão. Eu segurei seu pulso com força, o que talvez justifique seu olhar confuso e momentâneo para mim. Não precisei dizer nada a favor de seu esclarecimento; como nossos corpos e mentes estavam em sintonia, ele sabia que deveria voltar a me acariciar.
Seu polegar longo faria um carinho absolutamente delicioso na minha intimidade, e eu sentia um prazer absurdo. Eu segurava seus cabelos com força, enquanto ele me beijava com mais força ainda. Eu podia perceber que ele estava arrepiado.
Tratei de tirar meu sutiã o mais rápido e habilmente que pude. Assim como as outras peças de roupa, ele sumiu entre e eu. Afinal, por que a localização de um sutiã não-desejado importaria quando eu estava ali, nos braços de ?
Ele beijou meus seios com tanta vontade que tive vontade de gritar. Consegui me refrear, deixando apenas um baixo gemido escapar. Ele gemeu em meio aos beijos e afastou as mãos de mim, eu novamente pirei. Por que ele não deixava as drogas das mãos que eram tão necessárias a mim no lugar onde elas deveriam ficar? Em mim.
Mas estava mais interessado em passar suas mãos pelos meus seios, segurando-os com firmeza. A cada apertão, dois gemidos: um meu e um dele, logo seguido do meu, quase em resposta a ele.
Queria passar o resto dos meus dias assim, nas mãos de . Nossa, como eu estava amando aquilo! Se pudesse parar o tempo e sentir o que sentia naquele momento, viver o que vivia naquele momento, ter a pessoa que tinha naquele momento para sempre, eu o faria. Não existiriam preocupações nesse mundo em que a única coisa que importava era o corpo de sobre o meu.
Eu sabia que ele sentia o mesmo. O suor que escorria de sua testa era uma evidência. Outra evidência eram seus toques, carinhosos e empíricos, nada efêmeros, muito desejosos. Mais uma evidência era o quanto seus olhos brilhavam: podia ser apenas efeito da luz da lua, mas eu duvidava que aquele olhar de paixão pudesse ser pela lua também.
A prova conclusiva foram os sussurros ao meu ouvido. Entre suspiros e beijos, a frase gravada na minha memória foi dita.
- Você é minha – ele disse, possessiva e desafiadoramente, como se eu fosse contradizê-lo.
Como se isso fosse possível. Eu sabia que era dele e de mais ninguém. Afinal, que outro ser vivo poderia me fazer sentir assim? Sempre fui de , desde o primeiro momento, desde o primeiro toque, até mesmo antes do primeiro olhar. Bem antes dele saber disso, antes do pedido que havia mudado minha vida.
O vento batia no meu rosto com força, e eu sentia minhas bochechas endurecidas pelo frio. Não estava ligando. Era muito mais divertido ficar me balançando naquele brinquedo, apesar disso parecer meio infantil. Em contraposição, eu e já tínhamos afugentado todas as crianças que brincavam no parquinho onde estávamos. me empurrando no balanço e contando alguma piada idiota e repetida, que eu riria. O achava engraçado de qualquer maneira, inclusive contando alguma piada sobre a Cinderela e a Fada Madrinha que na verdade era um rato. Não me lembro muito bem. O sorriso dele e o som da sua gargalhada eram mais importantes.
Eu queria beijá-lo, mas não sabia se esse era o momento certo. Uma das maiores desvantagens de não ter como namorado: eu era apaixonada por ele e suspeitava que ele sentia o mesmo por mim, mas não sabia o que fazer em muitas situações. Quando eu o levei para minha casa pela primeira vez, não soube o que responder à pergunta da minha mãe: “Ele é seu namorado, ?” Não sabia se podia beijá-lo na hora que quisesse. Não sabia se podia chamá-lo de meu.
Coloquei os pés no chão, parando o balanço. me olhou, intrigado, e perguntou:
- Tá tudo bem, ?
Queria ter coragem de falar para ele tudo o que estava sentindo. Queria dizer que pensava nele durante todo o tempo que estava acordada, e que eu frequentemente sonhava com seus olhos. Queria que ele soubesse que eu era dele, e que eu queria que ele fosse meu em retribuição.
Mas eu não teria essa coragem. Sempre achei que a chave para as coisas darem certo era a honestidade, sinceridade. Mas tudo se tornava muito mais difícil quando eu me encontrava na frente do garoto que eu amava, apenas querendo chamá-lo de meu, apenas querendo andar de mãos dadas com ele na frente de todos, para que meninas como Elle soubessem que ele já estava tomado. Por mim.
- É claro, – eu menti, rolando os olhos como se a preocupação dele fosse bobagem. Não era.
- Você está estranha – ele comentou, me abraçando por trás e depositando um beijo suave no meu cabelo. Beijo esse que, claramente, me fez ficar arrepiada.
- Não estou – protestei, mesmo sabendo que seria em vão. era o único que tinha o poder de ler meus pensamentos. E isso, apesar de ser irritante, poderia ser um sinal. Um sinal de que ele era Aquele.
Sim, Aquele. Aquele que toda menininha sonha enquanto brinca de boneca. Aquele, que toda pré-adolescente planeja beijar ao princípio da época dos filmes de romance. Aquele, que adolescentes e mulheres almejam. Aquele, que as senhoras se amarguram em caso de nunca terem tido.
Feliz ou infelizmente, Aquele não insistiu no assunto que eu tentava evitar. Felizmente porque eu não estava com cabeça para discutir aquilo, mas infelizmente porque talvez houvesse uma parte de mim que queria terminar logo com aquela agonia toda. Talvez eu pudesse discutir com ele, gritar e esbravejar, talvez agredí-lo, em busca de alguma resposta. Tudo o que eu não aguentava era aquela indecisão, aquela sensação de falta.
Mas, por outro lado, ao me imaginar como uma histérica que tentava machucá-lo, correndo o risco de perder tudo o que tinha, desistia da minha posição de rebeldia.
- Ei, , acho que eu quero ir para casa – murmurei, encarando os pés. Era extremamente difícil para eu olhá-lo nos olhos, principalmente pelo fato de que eu não tinha ideia do que encontraria lá.
Arrisquei-me, contudo, virando minha cabeça para trás. Aqueles olhos, brilhantes e quase severos, contrastando com um pouco de infantilidade, me radiografavam, e eu, novamente demonstrando minha fraqueza e imaturidade, voltei a baixar o olhar. Argh, insuportável a sensação de ser avaliada sem saber se a avaliação era boa ou ruim.
deu a volta, parando na minha frente e se ajoelhando, segurando com as mãos fortes as correntes que sustentavam o banco onde eu estava sentada. Ao mesmo tempo que me senti aprisionada, estava segura.
Nossos rostos estavam tão próximos que era quase impossível não beijá-lo. Tentei reavaliar seus olhos, sem sucesso. Enquanto tinha a capacidade de ler meus pensamentos, também tinha a habilidade de esconder os próprios de mim.
É, eu definitivamente saía em prejuízo.
Segurei seu rosto com ambas as minhas mãos, desejando com mais intensidade que nunca que aquele rosto pudesse ser meu. Com o polegar, fiz carinho por seu queixo e bochechas, e ele fechou os olhos. Como sempre, dualidade de sentimentos e indecisão: eu não sabia se estava feliz pelo ato involuntário e que eu sabia demonstrar sentimento, ou triste, por perder o contato do brilho dos seus olhos, que eram uma das coisas mais importantes pra mim desde que eu o conheci. Desde que minha vida começou a ter mais sentido.
Sempre achei um grande exagero quando lia nos romances expressões como “amor eterno” ou “a razão do meu viver”. Achava que era um clichê ridículo, além de, é claro, fraqueza. Quero dizer, que tipo de pessoa sujeita sua vivência à outra?
As coisas realmente mudaram quando eu percebi que minha vida era um tédio total antes da chegada de . Na verdade, eu mal conseguia me lembrar dela: era como um emaranhado confuso de cores sem formas, que eram gradativamente substituídas pelo formato claro e bem delimitado do sorriso do meu Aquele.
E eu queria ser sua Aquela, apesar de saber que garotos não tinham esse tipo de visão piegas.
O vento subitamente se tornou mais forte e mais gelado do que nunca, e o cheiro de sabonete de se tornou mais evidente ao meu olfato. Inspirei profundamente, ignorando o ar gélido que entrava pelas minhas narinas e que provavelmente me daria dor de cabeça mais tarde.
Encostei a ponta do meu nariz gelado no nariz igualmente frio de . Ele suspirou, e seu hálito quente aqueceu minha boca, que provavelmente já estava roxa de frio. Arrepiei-me inteira, tanto de frio quanto pela proximidade da boca de .
- Quer que eu te leve para casa agora? – murmurou, com um meio-sorriso. Aquilo não era justo. Ele parecia ter a completa noção que era Aquele para mim. E tinha certeza que se utilizava desse conhecimento a meu desfavor.
Ou favor.
- Não – sussurrei de volta, esquecendo já da minha ideia de rebeldia. Mais do que nunca eu sabia que não era capaz de exigir qualquer coisa dele, por medo de perdê-lo. Fechei os olhos.
Ele reprimiu uma risadinha, que para mim tinha sido perfeitamente clara. Talvez esse fosse meu talento em relação a – não podia ler seus pensamentos, mas sabia cada movimento que ele fazia até de olhos fechados. Tinha me tornado a melhor observadora.
Por isso eu sabia quando ele estava se aproximando mais ainda de mim. Sua respiração cada vez mais quente no meu rosto, seus movimentos cada vez mais audíveis. Um calor passou meu corpo, e o vento poderia ter parado de correr naquele momento.
Não era o nosso primeiro beijo, mas era tão bom quanto todos os outros. Depois de algum tempo, eu já conhecia o suficiente para saber que ele gostava quando eu mordia de leve seu lábio inferior; ele sabia encontrar minha língua da forma mais precisa, e os movimentos eram sincronizados, como talvez numa dança - uma dança por dentro de nós.
Eu podia sentir se movendo mais na minha direção, ficando na minha altura e um pouco mais alto, agora apoiando as mãos no banco onde eu estava sentada. Sentia o calor de seus dedos compridos nos lados das minhas coxas; e essa percepção só fazia minha pele formigar.
Até que o banco onde eu estava sentada não aguentou a soma de nossos pesos sobre ele e a corrente que o sustentava caiu, assim como nós dois.
Comecei a rir desesperadamente, assim como , que jogava a cabeça para trás e gargalhava no estilo que eu mais adorava. Ele segurou minha mão enquanto nós ainda estávamos no chão, se recuperando da cena divertida.
- Eu não posso acreditar que nós quebramos o balanço, ! – Eu falava, entre minhas tentativas de recuperar o fôlego. concordou com a cabeça, mas não estava gargalhando mais. Estava de novo me analisando, como uma máquina de radiografia, mas sorria.
- , quer ser minha namorada?
Eu parei de rir, assustada com o súbito pedido. Quero dizer, não tinha sido realmente aquilo o que eu tinha ouvido, tinha? Eu estava apenas surda, ou talvez tendo alucinações, não é mesmo?
Eu encarei , na esperança de que ele respondesse a algumas das minhas perguntas internas. Afinal, ele tinha a habilidade de ler meus pensamentos, não tinha?
Ele permaneceu calado, apenas me olhando nos olhos. Dessa vez, consegui decodificar seu olhar: parecia um misto de excitação e preocupação, ansiedade e medo, nervosismo e decepção.
E foi assim que eu percebi que realmente tinha falado o que eu havia escutado; e ele estava ali, esperando uma resposta.
Resposta essa que eu preferi ignorar, apenas chegando mais perto dele com um sorriso e o beijando, enquanto a única palavra que pairava na minha mente era: “meu”.
Ele deslizou por cima de mim, alcançando meu pescoço, onde começou a dar pequenas mordidas. Eu tateei todo seu corpo com a mão, à procura das boxers: quando as encontrei, as empurrei para baixo com a maior agilidade que pude, embora meio atrapalhada pela pressa. Ele me ajudou, e, ao sentí-lo completamente nu, um espasmo de prazer passou por mim. Eu logo estava ofegante. Como eu não podia controlar minha própria respiração?
Ele desceu as mãos pelas laterais do meu corpo, me lançando um olhar de pura luxúria. Pecado este que estava me consumindo completamente, como eu nunca pensei que aconteceria.
Segurou as alças da minha calcinha e as abaixou com destreza. O frio que eu imaginei sentir pelo fato de estar nua em pêlo não veio; em seu lugar, um calor insuportável tomou conta de todo o meu corpo.
Na verdade, devido às circunstâncias, o calor se tornava bastante suportável.
Não sabia se ansiava ou temia a parte em que o sexo finalmente se consumaria e ele me penetrasse. Não tive muito tempo para pensar: quando percebi, já estava dentro de mim, se movimentando de um jeito que me enlouquecia. O movimento inicial foi rápido e me encheu de prazer; céus, como aquilo podia ser tão delicioso?
Sempre me perguntei o quanto de prazer eu conseguiria atingir sem explodir, nunca pensei que ele pudesse ser tão infindável. As ondas de júbilo me atingiam mais fortemente do que ondas do mar ou rajadas de vento, e eu apertei o lençol abaixo de mim com força, tentando canalizar toda aquela energia. Rangi os dentes, mas não foi o suficiente para reprimir um grito de prazer.
Em resposta ao meu grito, um urro abafado de ao pé do meu ouvido. Ele investiu em mim mais uma vez, e eu achei que fosse desmaiar. Estava em um estado de quase latência, como se meu interior estivesse em coma. Talvez minha alma simplesmente não se encontrasse ali, talvez eu estivesse no paraíso e não soubesse. Agora me diga, como poderia ser pecado uma coisa que te leva ao paraíso?
O prazer foi se intensificando. Mas, peraí, aquilo já não era o prazer máximo? Para minha surpresa, havia mais. Mais e mais prazer e felicidade, que eu tinha certeza que só podia me proporcionar.
Mais uma vez, e eu não sabia mais o que fazer. Me agarrei mais ainda a , e ele gemeu baixo. Eu tinha a impressão de que ele nunca estava perto o suficiente, e eu sempre o queria mais e mais fundo em mim.
Até que eu cheguei a um ponto de prazer máximo, que já era bem maior do que eu imaginaria. Segurei-me em como se minha vida dependesse disso, e nada mais importava. Meu suor escorrendo, minhas marcas roxas no pescoço, minhas unhas cravadas nos braços dele. Nada importava.
Depois, todo o cansaço bateu em mim, e eu me desprendi de tudo, me largando na cama de qualquer maneira. Todas as alucinações foram embora e eu finalmente me dei conta do amor absurdo que eu sentia por .
Que, por sinal, logo depois se jogou em cima de mim. O peso dele me sufocava, de uma maneira impressionantemente boa. Eu o abracei com muita força e menos luxúria, e beijei o topo de sua cabeça. Ele respondeu com selinhos consecutivos em meu pescoço e um carinho gostoso na minha barriga.
Ele tentou rolar para o lado, para me livrar de seu peso, mas eu não deixei, o prendendo com os braços e pernas.
- Eu vou te esmagar, amor – ele comentou, tentando a todo o custo não largar o corpo em cima do meu, se apoiando com os braços.
- Tanto faz – eu respondi baixinho, o puxando para perto. Ele deu uma risadinha e mudou sua posição na cama para que pudesse deitar com a cabeça apoiada no meu peito. E como era bom tê-lo ali.
- Eu te amo – ele falou, simples e claramente. Quase pude sentir os olhos marejarem, mas era mais forte do que aquilo. – Demais – ele completou, como se eu não tivesse a capacidade de entender ou algo do gênero.
Sim, ele me amava. Assim como eu o amava, sabia disso. Mas nunca me cansaria de ouvir. Nunca me senti tão protegida quanto no dia em que ele me declarou seus sentimentos pela primeira vez.
- Anjinho, deixa de ser fraco e sobe logo isso! – eu gritei, puxando-o pela mão escada acima.
- , não é possível, você quer matar minhas pernas – ele respondeu, parando e apoiando as mãos nos joelhos.
Eu ri da frase estranha que ele havia dito, e complementei:
- Você não tem fôlego para nada, – disse, maliciosamente.
Ele sorriu para mim um sorriso safado, do jeito que eu adorava, e me puxou para mais perto dele.
Estávamos na escada de incêndio do colégio, um lugar vazio onde ninguém se incomodava em passar. O cheiro ali não era muito bom e a vista era horrível, mas tudo o que nós queríamos era privacidade, que o lugar podia totalmente fornecer. Nem queria pensar no que aconteceria se algum inspetor nos pegasse ali – seria suspensão na certa, considerando que os alunos não tinham acesso à escada, a não ser em caso de real incêndio.
E não apenas o incêndio interior que acontecia em nós dois.
- Prefiro guardar meu fôlego para coisas melhores – ele sussurrou no pé do meu ouvido, me fazendo rir novamente. Me deu um daqueles beijos sufocantes e deliciosos, enquanto suas mãos varavam para dentro da minha blusa e acariciavam minha barriga.
Era mais um dia típico na escola: eu e matando aula para nos agarrarmos na escada de incêndio. Não que deixasse de ser especial a cada vez que nós íamos para lá.
Soltei-me de por um momento, procurando ar. Dessa vez, eu era quem não tinha fôlego suficiente.
Enquanto sorria para , o vendo retribuir meu sorriso, ofeguei buscando ar. Ele não se intimidou e começou a beijar meu pescoço, subindo as mãos pela minha blusa.
Adorava quando ele beijava meu pescoço, e ele parecia saber disso. Afinal, o que ele não sabia sobre mim?
Chegou perto do meu ouvido e começou a sussurrar:
- , eu tenho que te contar uma coisa.
Fiquei imediatamente alarmada. Que tipo de coisa isso poderia ser? Será que ele ia ter que viajar? Será que ele ia ter que me abandonar, como sempre acontece nos romances e dramas? Será que ele tinha me traído? Será que ele não me queria mais?
Comecei a ficar tonta com os pensamentos e me segurei firmemente no braço dele para não cair.
Ele não pareceu ter percebido meu surto, algo que agradeci intimamente. Ele geralmente era muito sensitivo, sensitivo demais para meu gosto.
- Fa-fa-la, – eu pedi, amedrontada, curiosa e tonta pelo seu nariz na minha orelha.
- Eu não sei como dizer isso... Eu te amo, é isso.
Ele nunca tinha me dito isso antes. Na verdade, nenhum garoto já tinha me dito isso antes. E, mesmo se alguém já tivesse dito, duvido que teria feito meu coração disparar daquele jeito ridículo, descompassado, irregular.
Porque, além de ser meu, me amava. E isso era TUDO o que eu podia querer. Bem ali na minha frente.
Enterrei meu rosto no cabelo dele, dando um beijo de leve. E falei, com a voz abafada pelas mechas de cabelo:
- E eu com toda a certeza te amo também, .
Ele riu baixinho e voltou a beijar meu pescoço, me fazendo sentir completa. Muito completa.
Ele soltou seu corpo do meu, contra a minha vontade, e se apoiou na cama com as mãos. Me olhou dentro dos olhos e, como sempre, eu estremeci.
Ele começou a passar os olhos pelo meu corpo, parando nos seios e nas minhas coxas. Eu fiquei vermelha pelo fato dele parecer hipnotizado por um momento. Eu tinha vergonha.
- , pode parar de me olhar desse jeito? – eu perguntei, constrangida.
Ele deu uma risadinha baixa e encostou a boca na minha barriga.
- E por que eu pararia? – ele falou, ainda encostado na minha barriga, me fazendo cócegas, consequentemente.
- Porque eu tenho vergonha – disse baixinho, desviando meu olhar do dele.
Ele foi me beijando pela barriga e subindo os beijos até chegar ao meu rosto.
- Não precisa. Você é linda.
Eu corei com o elogio, mas ainda me sentia incomodada com os olhos dele sobre meu corpo.
- , fecha os olhos! – eu pedi, meio urgentemente. Ele não entendeu muito bem e eu, mesmo que levemente, o empurrei para o lado, e saí procurando pela minha calcinha e sutiã.
- , não acredito nisso! – ele exclamou, mal podendo segurar o riso.
Ótimo. Ele estava rindo da minha cara.
Depois de revirar os lençóis e não encontrar nada, me abaixei e verifiquei embaixo nada cama. Encontrei minha calcinha e, aliviada, a vesti o mais rápido que pude. estava rindo histericamente.
- Pára de rir, – eu pedi, embaraçada, indo para o outro lado da cama e tentando achar meu sutiã. Encontrei a peça azul e quase tropecei na minha ânsia para pegá-la no chão. Ao lado do meu sutiã, jazia a boxer vermelha de . Peguei-a e a joguei para ele, que ainda ria, me observando de cima da cama. – Aproveita e veste isso – completei, acertando o ombro de com a cueca.
Parei por um momento para observar vestindo a boxer. Mordi o lábio inferior, só para depois sacudir a cabeça, tentando me livrar de pensamentos libidinosos. Vesti rapidamente o sutiã, e, quando olhei de novo para , ele já estava devidamente vestido.
Ok, ele estava apenas de boxers. Mas que seja, estava vestido.
- Vem pra cá – ele me chamou, fazendo uma expressão de abandono irresistível. Estendeu a mão para mim e eu não pude evitar de a segurar com força, desabando no peito de quando ele me puxou com força para perto dele. - Será que você pode parar quieta agora aqui comigo? – ele completou, sussurrando no meu ouvido.
Não pude deixar de sorrir e concordar levemente com a cabeça, beijando seu peito nu.
Aos poucos, meus olhos começaram a ficar pesados. Eu tentei resistir ao sono de início, mas a pele de estava tão quente, e seu perfume, tão bom... Ele me abraçou por completo e beijou o topo da minha cabeça.
- Boa noite, amor.
Foi quando meus olhos se fecharam completamente, e foi ali que eu passei a noite, com . Nos seus braços.
Fim
N/A: Bom, houve um dia no qual eu simplesmente não queria escrever nada que envolvesse comédia ou romances leves. Então, me veio à cabeça a ideia de escrever uma fic restrita.
Mas, na verdade, eu não fazia a menos ideia de como COMEÇAR a escrevê-la. Eu queria algo romântico, porém nenhum romance bobo, mas sim algo maduro. Foi aí que eu pensei em escrever sobre a primeira vez de uma menina - há algo mais romântico e maduro?
Eu sabi aque não conseguiria escrever mais que uma short fic, mas também não queria escrever apenas a cena da primeira transa e ponto final. Queria que as leitoras encontrassem um amor muito forte e incondicional por trás de tudo, e por isso escrevi flashbacks de momentos que eu, Mari, considerei etapas importantes no relacionamento.
Espero que tenham gostado do resultado. Comentem, de qualquer forma - se tiverem gostado, vou amar cada elogio; se não gostarem, me digam os defeitos e no quê a fic poderia melhorar. Tudo pra mim é um grande aprendizado, e desde já agradeco por cada comentário.
Para finalizar, gostaria de dizer que foi uma honra escrever Into Your Arms. E eu realmente gostaria de agradecer à Tamy, minha fiel beta, que aceitou revisar IYA, apesar de estar completamente ocupada. E às minhas amigas: Vivica, Miin, Vicky, Jess Damas (por terem lido e me incentivado em relação à fic IYA), Carol e Juuh (porque eu não vivo sem vocês, anyway).
N/B: é sempre uma surpresa quando uma autora que você jurava ser inocente escreve uma fic restrita [mas nem teve nada de mais, né? XD]
Essas garotas de 15 anos de hoje em dia, só pensam em sexo =o *falou _A_ velha [tenho 18, ok?]*
e a criatividade pra uma n/b legal, cadê?
a Marii sabe o quanto eu me diverti betando pq tava falando com ela no msn ao mesmo tempo XD Então fico por aqui, espero q tenham se divertido tanto quanto eu enquanto liam e torturem a Marii pra ela escrver maaaais e não desistir de AAG!